história de joão pessoa
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História urbana de João PessoaTRANSCRIPT
Universidade Federal da Paraíba 12/03/2009Centro de TecnologiaDepartamento de Arquitetura e Urbanismo
Disciplina: História da Arquitetura e Urbanismo no Brasil I Aluno: Andrei de Ferrer e Arruda Cavalcanti
Relatório de Aula de Campo II
- Ruas Direita, Nova, da Areia e do Comércio
A fundação de João Pessoa estava prevista desde primórdios da efetiva
colonização do Brasil, em 1530; somente a partir de 1574 começaram as sucessivas
tentativas de implantação de um povoado na várzea do Rio Paraíba. Várias
expedições falharam ao tentar submeter os índios Potiguares à coroa Portuguesa, só
quando aliados aos índios Tabajara, 1858, conseguiram estabelecer-se na margem
direita do Rio Sanhauá.
O sítio da cidade foi estabelecido, a partir costumes portugueses, no alto de um
platô, para questões de melhor visualização de entorno, ventilação e abundância de
água e matéria prima para construções.
O plano de ocupação da cidade foi estabelecido por Martim Leitão, considerado
peculiar por historiadores, por mesclar influências do traçado implantado nas duas
maiores cidades do Brasil à época: as antagônicas Salvador e Olinda.
O acesso à cidade
propriamente dita, vindo do
ancoradouro, era feito por um
caminho natural que subia a
encosta do platô na direção
sudeste até alcançar a malha
urbana idealizada por Martim
Leitão.
O traçado do princípio da
cidade contava com duas ruas e
três travessas, ligando-as; estas
eram: a Rua Direita (azul), a
Rua Nova (verde) (atuais Duque
de Caxias e General Osório) e
as três travessas (amarelo) que as conectavam, hoje as ruas Peregrino de Carvalho,
Braz Florentino e Conselheiro Henriques.
As ruas Direita e Nova eram paralelas e cortadas transversalmente pelas três
travessas, formando um traçado reticular. Algo incomum para o tipo de urbanização
feito na época é a largura destas ruas que medem respectivamente 12 e 20 metros,
muito maiores que as ruas da capital Salvador. Devido à amplitude destas ruas, que
mostravam certa modernidade, não houve necessidade de alargá-las, mesmo depois
do início da utilização de automóveis, como foi feito em outras ruas de tempos
posteriores na cidade. Mesmo as travessas, geralmente ruas estreitas, variavam entre
6 e 14 metros de largura.
A Rua Direita tinha 700 metros de extensão, desde o adro do conjunto
franciscano até uma aldeia indígena, onde se instalaram os jesuítas para prestar apoio
à tribo. Praticamente plana, exceto por um trecho onde há uma descida, onde ficava a
Igreja e Santa Casa da Misericórdia, por onde se dava o acesso à cidade pelo
caminho natural vindo do ancoradouro que desembocava no cruzamento da Rua Nova
com o Beco da Misericórdia.
A criação de perspectivas urbanas ainda não era valorizada na época da
criação deste traçado, mas é perceptível a intenção de se criar estas perspectivas na
cidade: a chegada à cidade é anunciada pelo frontão da Igreja da Misericórdia e a
Igreja Matriz é emoldurada pela larga Rua Nova.
A ocupação dessas ruas foi dada lentamente, as residências espaçadas em
meio à vegetação nativa; a cidade foi descrita por alguns visitantes como uma
concentração de residências de aspecto rural.
A maior parte dos registros de arquitetura colonial presentes nestas ruas foram
modificados na época imperial ou da república, adicionando platibandas às casas que
anteriormente mostravam seus beirais, além de detalhes em gesso ao gosto eclético.
Rua Nova
Rua Direita
Sobre este traçado foram dispostas as edificações religiosas, administrativas e
civis. As ordens religiosas se instalaram nos extremos desse traçado: Franciscanos ao
norte da Rua Direita, Jesuítas ao sul da mesma, Carmelitas à leste de uma das
travessas e ao oeste os Beneditinos, na Rua Nova, próximo ao Largo da Matriz que
também abrigou inicialmente a Casa de Câmara e Cadeia
O antigo caminho utilizado para chegar à cidade foi convertido na Rua da Areia,
foi edificado também aos poucos, mas ao final do séc. XIX formava um corredor
maciço de construções das mais luxuosas da cidade, era considerado o centro cultural
da cidade, nele esteve localizado o Theatro Coliseu Parahybano, primeiro teatro da
cidade, a decadência do local inicia quando começaram a haver modificações em seu
traçado, no séc. XX para ampliação da extensão de ruas como a da Viração (atual
Gama e Melo), para a construção da Praça Antenor Navarro, a transformação de
pousadas e teatros e cafés em bordéis e, mais posteriormente, para o viaduto da Via
Expressa Miguel Couto na década de 70.
A Rua do Comércio, atual Maciel Pinheiro, desde o início de sua história esteve
dedicada ao comércio, primordialmente associados à atividade portuária, depois
comércio e serviços voltados para a alta sociedade paraibana como lojas de chapéus,
roupas e sapatos, atualmente voltada ao comércio específico, principalmente de
materiais de construção e eletrônicos. Por um período de tempo ela foi chamada de
Rua das Convertidas por nela existir uma casa em que religiosas acolhiam ex-
prostitutas para encaminhar-lhes na vida.