história do desenho em portugal

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História do ensino do Desenho em Portugal Introdução A história do ensino do desenho em Portugal começa nas ideias de Ribeiro Sanches (1760) publicadas nas suas "cartas sobre a educação da mocidade", no Real Colégio dos Nobres (1766), e no discurso do escultor Machado de Castro recitado na Corte em 24/12/1787. O primeiro criou as bases do ensino predominantemente geométrico. O segundo falou do desenho como disciplina essencial da aprendizagem. "Das duas grandes correntes pedagógicas: uma racionalista, tendo por base o desenho geométrico, primeiramente exposta por Pestalozzi, continuada por Froebel (1782-1852) e por J. Guillaume em França no final do séc. XIX e outra de inspiração mais naturalista, anunciada por J.J.Rousseau b(1712-1778), defendida por H. Spencer (1820- 1903) e precursora das correntes modernas da didáctica do desenho que se fundamentam na psicologia nas novas teorias do conhecimento" (Betamio, 1967), é a corrente racionalista, do método Guillaume que os portugueses vão importar. Durante mais de um século o desenho foi leccionado e confundido com a disciplina de geometria. "Tanto na Europa como em Portugal o Desenho tornou-se uma disciplina importante não pelo lado educativo e formativo como é hoje visto, mas sim pelo aspecto prático e utilitário, particularmente por contribuir para o aperfeiçoamento da indústria, por ser um meio prático de ligar a ciência à técnica." (Betâmio, 1967) Leonardo da Vinci - Santa Ana, a Virgem o Menino e S. João Batista http://odesenho.no.sapo.pt/

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Breve História do Desenho em Portugal

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Page 1: História do Desenho em Portugal

História do ensino do Desenho em Portugal

Introdução

A história do ensino do desenho em Portugal começa nas ideias de Ribeiro Sanches

(1760) publicadas nas suas "cartas sobre a educação da mocidade", no Real Colégio dos

Nobres (1766), e no discurso do escultor Machado de Castro recitado na Corte em

24/12/1787. O primeiro criou as bases do ensino predominantemente geométrico. O

segundo falou do desenho como disciplina essencial da aprendizagem.

"Das duas grandes correntes pedagógicas: uma racionalista, tendo por base o desenho

geométrico, primeiramente exposta por Pestalozzi, continuada por Froebel (1782-1852)

e por J. Guillaume em França no final do séc. XIX e outra de inspiração mais

naturalista, anunciada por J.J.Rousseau b(1712-1778), defendida por H. Spencer (1820-

1903) e precursora das correntes modernas da didáctica do desenho que se

fundamentam na psicologia nas novas teorias do conhecimento" (Betamio, 1967), é a

corrente racionalista, do método Guillaume que os portugueses vão importar. Durante

mais de um século o desenho foi leccionado e confundido com a disciplina de

geometria.

"Tanto na Europa como em Portugal o Desenho tornou-se uma disciplina importante

não pelo lado educativo e formativo como é hoje visto, mas sim pelo aspecto prático e

utilitário, particularmente por contribuir para o aperfeiçoamento da indústria, por ser um

meio prático de ligar a ciência à técnica." (Betâmio, 1967)

Leonardo da Vinci - Santa Ana, a Virgem o Menino e S. João Batista

http://odesenho.no.sapo.pt/

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Portugal além de possuir uma das maiores taxas de analfabetismo da Europa, tinha

poucas indústrias, a sua economia era ainda ligada ao artesanato em pleno séc. XIX.

(Oliveira Marques, 1976), Uma educação virada para a sociedade industrial era irreal,

portanto os modelos ingleses e franceses demoraram a instalar-se em Portugal. A

corrente ligada ao treino vocacional foi defendida por Vasconcelos no final do século

dezanove.

Vasconcelos no seu livro A reforma das Belas Artes(1867) descreve

pormenorizadamente o sistema inglês , South Kensington e as ideias de Henri Cole . No

entanto as suas preferências vão para o sistema austríaco, também virado para o ensino

da arte com fins económicos. Vasconcelos apresenta no seu texto uma estruturação do

ensino artístico desde a escola primária até ao ensino técnico e superior, passando pela

fundação de um museu de reproduções de obras de arte já que as condições económicas

do país não permitiam comprar originais.

Vasconcelos é muito crítico em relação ao ensino das artes no país, caracteriza-o de

medíocre e refere a má qualidade das amostras portuguesas nas exposições universais.

Pretende que o ensino artístico se deve desligar dos artistas e que se formem professores

de arte aplicada à indústria qualificados. Elogia os manuais e métodos utilizados em

Inglaterra e acredita que o desenho ornamental e de cópia deveria ser incentivado nas

escolas para que os nossos produtos sejam de boa qualidade e para que o país possa ter

um maior desenvolvimento industrial. As opiniões de Vasconcelos são partilhadas por

vários republicanos e liberais mas outros temiam a educação do povo porque isso iria

alterar o tipo de distribuição social vigente.

Figura 1 Leonardo

In http://sepia.no.sapo.pt/