história do design

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Os Primórdios da Teoria do Design Letícia Lopes de Souza Núcleo D

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Os Primórdios da Teoria do Design

Letícia Lopes de Souza

Núcleo D

MOBILIÁRIO THONET

Michael Thonet

THONET

Michael Thonet viveu entre 1796 e 1871 e foi um carpinteiro

entalhador. Sua história ficou conhecida quando resolveu dar início as

experiências com madeira laminada, e a partir disso, desenvolveu um

processo de arquear madeira a vapor e produzir cadeiras inovadoras e com

alto padrão estético, em série. Thonet também foi o criador da cadeira

mais fabricada da história (60 mil exemplares) , o que evidencia que seu

trabalho é muito valorizado pelo design.

THONET

Em 1859 Michael Thonet revoluciona a indústria imobiliária e

apresenta o modelo mais marcante de todas as suas obras, uma cadeira de

madeira com apenas 6 peças, e ainda seguindo o princípio de arqueação e

produção em série, a Cadeira nº 14. Na época do seu lançamento foi um

sucesso, e até os dias atuais é considerada inspiração para o

desenvolvimento de outros modelos.

THONET

Através da Cadeira nº14 Thonet conseguiu, sem perder a linguagem

simples e a qualidade estética, que em um espaço de apenas um metro

cúbico coubessem 36 cadeiras. Estes fatores fizeram com que houvesse um

crescimento em larga escala no setor de vendas , e devido a produção em

série, a cadeira fosse vendida por um preço acessível .

ARTS AND CRAFTS

1860-1880

ARTS AND CRAFTS

Arts and Crafts foi um movimento inglês , social e estético que

tinha como principal teoria o artesanato criativo em sucessão ao mecanismo

e a produção em massa. Suas inspirações buscavam formas mais simples e

orgânicas encontradas na natureza.

Foi considerado um movimento reformista em razão de ter

gerado uma reforma social, que, recorrendo ao valores medievais, aonde o

artesanato a arte e a beleza obtinham uma certa valorização, lutava para que

a produção industrial fosse majoritariamente rejeitada. Estes fatores fizeram

com que o artesanato, junto da sua qualidade, tivessem uma importante

relevância neste movimento, e que, consequentemente a indústria e o

historicismo fossem altamente rejeitados.

Embora “Arts and Crafts” ter surgido na Inglaterra, o movimento

também teve grande relevância na Alemanha e na França. Seu expoente

mais ressaltado foi William Morris, designer inglês, escritor e socialista. Outra

figura importante do movimento foi John Ruskin (1819-1900), escritor

inglês e crítico da arte.

ARTS AND CRAFTS

WILLIAM MORRIS

William Morris (1834-1896) viveu na Inglaterra durante a Era

Vitoriana. Em meados do século XIX, a paz e a prosperidade

invadiram o país em decorrência da expansão do Império Britânico e

sua consolidação com a Revolução Industrial. Porém, Morris, era um

crítico da indústria, opunha-se a produção em massa e lamentava a

perda da qualidade dos objetos. Por este motivo, foi um ícone

importante no design. Desenvolveu, ao lado de John Ruskin, a

primeira teoria social do Design, que defendia a compreensão da arte.

MORRIS & CO.

Morris & CO. foi lançada em 1861 por William Morris. A empresa

fabricava móveis, produzidos artesanalmente, tecidos estampados,

tapetes tecidos manualmente, azulejos coloridos e vitrais. Junto da

qualidade artesanal a empresa apostava em matérias primas

diferenciadas e apostava em elementos da natureza. A figura acima

mostra um dos móveis fabricados por Morris & CO. de madeira e

inspirado na arte medieval e nas plantas.

Arts and Crafts, Educação e Indústria

No movimento Arts and Crafts, nem todos os seus representantes

eram contra a indústria, conforme ditava a teoria central do movimento.

William H. Cole, O. Jones e Christopher Dresser tinham ideias favoráveis a

produção industrial.

Gottfried Semper foi um dos arquitetos alemães mais influentes do

século XIX. Em suas teorias não descartava a produção da indústria, porém

defendia a necessidade de melhorar a qualidade dos produtos. Em seus estudos,

ocupou-se de promover uma Reforma Educacional, aonde a ideia era defender

uma “arte elevada e industrial” sem desprezar o lado artístico. Deste modo

Semper ficou conhecido na história da arte e do design por antecipar as ideias

e conceitos das escolas de artes e ofícios do século XX, nomeada de Bauhaus.

JUGENDSTIL, ART NOUVEAU

1890-1914

ART NOUVEAU

Art Nouveau foi um movimento artístico que perdurou entre 1890

e 1914. Ocorreu em vários países e recebeu diferentes nomes; na França

ficou conhecido por Art Nouveau, na Inglaterra recebeu o nome de Modern

Style, na Aústria de Secessionsstil, na Alemanha de Judendstil e na Espanha de

Modernismo. Como uma resposta a produção industrial o movimento tinha

como objetivo reconstituir todos os espaços vitais, deste modo, utilizar o

conceito de “obra de arte integral”, aonde ocorre todos os tipos de arte e uma

corrrelação entre artes e artesanato.

O artesanato, com sua ênfase na qualidade, muito citado no tempo

de Morris foi uma condição prévia para que o Art Nouveau fosse conhecido no

mundo inteiro. Também se posicionava contra o historicismo e a indústria,

porém buscou inspirações na decoração do período historicista, diferenciando-

se de que os objetos tinham traços orgânicos com características da natureza.

Henry Van de Velde, através da sua intervenção teórica tornou-se o

principal representante do Art Nouveau. Outra figura importante foi Herman

Obrist (1863-1927). Foi na área do Design Gráfico, através da sua

preferência por ornamentos lineares de origem floral ou geométrica, que o

movimento se concretizou. Mais tarde ele também teve espeço no Design de

Interiores, na decoração de residências burguesas.

ART NOUVEAU

A linha simples, dentro do Art Nouveau era rejeitada pela maioria.

Os objetos eram criados com forte atuação nas questões funcionais, fazendo

com que as superfícies fossem lisas, sem excesso de ornamentos. A principal

corrente foi um movimento artístico. E a estética dos objetos prevalece os

aspectos funcionais

Cartaz para o papel de cigarros

JOB, 1898

HENRY VAN DE VELDE

Henry Van de Velde, nascido em 1863, na cidade de Antuérpia, foi um

arquiteto, pintor e designer belga. Viveu na Alemanha e dedicou parte de sua

vida ao ensino da Arquitetura e das artes decorativas. Foi também muito

importante para os estudos do Design devido a sua forte influência teórica a

respeito do movimento Art Nouveau. Em suas teorias, determinava a existência

da arte na criação, denominado de “obra de arte integral” e juntava com

fundamentos ornamentais orgânicos, mais intensamente que outros, com o

conceito de função.

HENRY VAN DE VELDE

A respeito do Design Industrial, Van de Velde diferenciava-se de Morris,

dizendo o seguinte “... éramos da opinião de que a criação de modelos e a

escolha de materiais nos processos industriais deveriam ser confiadas a

artistas...”

Van de Velde com a família

na frente da casa Hohe

Pappeln

Arts and Crafts, Art Nouveau e Século XX

O Movimento Reformista Art Nouveau, teve em sua estrutura uma

arte privada, constituída de mecenas e artistas, aonde parte da aristocracia

possuía uma vantagem cultural própria. Porém, na virada do século XIX para o

século XX, com o surgimento da Primeira Guerra Mundial, a decoração

refinada do cotidiano do Art Nouveau, junto da sua arte nobre, chegou ao fim.

No século XIX, os movimentos reformistas, entre eles, Art Nouveau,

deixaram como dilema fundamental a seguinte afirmação: Como o design deve

se posicionar diante da indústria e do processo industrial? É permitido

desconsiderá-lo ou deve se assumir contra ele? A maioria dos representantes

do Art Nouveau e do Arts and Crafts soube resolver essa questão de forma a

rejeitar a processo industrial e a produção em massa, optando por recorrer ao

artesanato pré-industrial, aonde teve breve aceitação, pelo mercado rebuscado.

Art Nouveau e o Pré Modernismo

O Art Nouveau Severo foi caracterizado por superfícies lisas, sem

excesso de ornamentos, havendo uma minoria que desse prioridade para linhas

mais simples, desta forma, a criação de artigos teve forte influência do

funcionalismo. Faziam parte deste conjunto, o grupo escocês de Mackintosh ou

as Wierner Werkstätten (Oficinas Vienenses), e algumas figuras da Colônia de

Artistas de Darmstadt. Os objetos desenvolvidos por eles eram compostos por

um artesanato de alta categoria, com características funcionalistas.

CHICAGO, GLASGOW, VIENA

Pré-Modernismo

PRÉ-MODERNISMO: CHICAGO

No Pré-Modernismo, a fase inicial do surgimento do Design foi

essencial para estabelecer a relação entre seus membros e a produção em

massa. Os movimentos Arts and Crafts e Art Nouveau promoveram o fim da

crítica a produção industrial, desta forma elegeram elementos do passado e

criaram uma sensibilidade ao cultivo do artesanato.

Henry Van de Velde, importante figura do movimento Art Nouveau,

seguiu para um caminho com um estilo de linguagem mais formal e objetiva.

Já Peter Behrens, protagonista do Pré-Modernismo, se ocupou com os novos

deveres da indústria, de modo a criar produtos em massa, propriamente ditos.

ESCOLA DE CHICAGO: EUA

A Escola de Chicago surgiu nos Estados Unidos, na década de

1910 e foi um movimento artístico no campo da arquitetura. Sullivan,

Burnham, Coolidge, Le Baron Jenney, Hollaburd, F. L. Wright, entre outros,

foram algumas figuras que faziam parte da Escola de Chicago. A inciativa deste

grupo em se unir foi dada após a missão de reconstruir a cidade de Chicago,

devido ao incêndio, ocorrido em 1871. Nas construções, foram utilizados

principalmente, esqueletos de aço, posicionados nos sentidos vertical e

horizontal, desta forma, manteve uma estética com características construtivas.

Luis H. Sullivan, foi um dos primeiros teóricos do funcionalismo, sua

frase mais famosa foi: “Form follows function” (A forma decorre da função),

esta serviu como base para a arquitetura moderna, para o design e para o

modernismo em geral do século XX. O movimento Escola de Chicago, com a

sua teoria de que a “a forma estética decorre das tarefas funcionais”, teve

influência no Modernismo Vienense e na Escola de Bauhaus, além disso,

funcionalistas, de diversas fases do Modernismo recorreram a esta ideia para

formar a sua teoria.

FRANK LLOYD WRIGHT

Frank Lloyd Wright (1867- 1959) foi um arquiteto, escritor e educador

estadunidense, nascido na cidade de Richland Center, nos EUA. Wright, depois

de ter sido um engenheiro colaborador de Louis H. Sullivan, tornou-se um dos

principais arquitetos do século XX. Materiais simples, junto de mais sofisticados,

como vidro, pedra natural e concreto eram os responsáveis por compor as

obras de Frank. Seu principal tema era a natureza, para o arquiteto quanto

mais perto o homem estivesse do meio natural, melhor ficaria seu estado físico

e espiritual.

FRANK LLOYD WRIGHT

Em suas obras, Frank, concentrava-se na exploração de materiais e sua

integração com a paisagem natural – uma ligação entre o interior e o exterior

da edificação. Também antecipou e utilizou alguns aspectos como: expressão

dos materiais, relevância da tecnologia, traços horizontais e espaços interiores

livres, que seriam vistos na contemporaneidade.

LOUIS H. SULLIVAN

Louis H. Sullivan (1856-1924) nasceu em Boston, e é considerado o pai da

arquitetura moderna, também foi um dos primeiros a falar sobre funcionalismo.

Suas obras foram marcadas pelo início do arranha-céus na história da

arquitetura e do design.

LOUIS H. SULLIVAN

A disponibilidade de materiais como o aço, ferro, e vidro, conduziu a

invenção de novas técnicas construtivas. O melhor exemplo dessas é o

desenvolvimento do arranha-céus, utilizando o aço, em Chicago, por volta de

1890 por William Le Baron Jenney e Louis Sullivan.

PRÉ MODERNISMO: GLASGOW

A Escola de Glasgow, criada em 1890, foi uma instituição de importante

utilidade para divulgação da arquitetura moderna. Charles R. Mackintosh,é

considerado o principal representante do movimento, que através de suas linhas

predominantemente horizontais e verticais, com formas geométricas e

construtivas, contribuiu para o impulso do design moderno.

O trabalho do movimento que merece destaque é o primeiro sistema

de metrô elétrico de Londres, chamado de “Underground Electric Railway”,

inaugurado em 1890. Para a publicidade do metrô utilizava-se de um design

com uma linguagem corporativa e de fácil entendimento.

Locomotiva Elétrica no Metrô de Londres

CHARLES R. MACKINTOSH

Charles R. Mackintosh foi arquiteto, pintor e designer, nasceu em 1868, em

Glasgow. Na área do design recebeu destaque por conceder originalidade em

móveis, vidros e outros aspectos decorativos. Já na arquitetura, seus trabalhos

para a Escola de Artes de Glasgow foram considerados os primeiros modelos

de Arte Nova no Reino Unido. Mackinstosh contribuiu para a teoria do design,

em uma carta enviada para Fritz Waerndorfer, em 1903, que dizia “Todo

objeto (...) deve apresentar uma marca acentuada de individualidade, beleza e

exato feitio.”

CHARLES R. MACKINTOSH

A imagem acima mostra uma das obras de Mackintosh, a “Glasgow School of

Art”. Nela percebe-se que a arquitetura do artista possui características da

corrente Neogótica, junto de uma abordagem artesanal. Foi construída com

granito e tijolo rebocado, mas o vidro e o ferro estiveram muito presentes nos

estúdios da Escola.

EDWARD JOHNSTON

Edward Johnston junto de Rudolf Koch é visto como o pai da

caligrafia moderna. Teve uma grande influência no projeto do metrô elétrico de

Londres, o “Underground Electric Railway”, onde a marca e o sistema de

sinalização do local foram de sua responsabilidade. Um logotipo simples, mas

que atendia as necessidades da época, foi utilizado nos cartazes publicitários e

nos corredores de acesso do metrô londrino.

Logotipo do Metrô de Londres,1908

MODERNISMO VIENENSE

O grupo de artistas vienenses, conhecido por Secession, assim como

o Modernismo Vienense, tinham uma posição contra as academias de arte

tradicionais e ao historicismo. O Modernismo Vienense também buscou

inspirações na reforma de artes e ofícios. As figuras mais conhecidas do

movimento foram Gustav Klimt e Otto Wagner.

Das raízes do Secession, surgiu, em 1903, a Wierner Werstätte

(Oficina Vienense), o principal objetivo da oficina era fazer com que o

artesanato e o design aparecesse da forma mais bonita nos campos de atuação

da arte, por exemplo, na cerâmica, nos mobiliários e nas artes gráficas. A

Wierner Werkstätte, em contraste com o ornamento floral que restou do Art

Nouveau, criou uma linguagem formal clara, marcada por ângulos retos e por

linhas de traçado bem definido.

E assim como o Arts and Crafts, a Oficina Vienense adotou uma

posição contrária a produção em massa, o design para produtos de consumo

em massa nunca os interessou. Por este motivo, a Oficina foi fortemente

criticada pelo arquiteto Adolf Loos, que em uma conferência disse as seguintes

palavras: “... Os objetos modernos não existem para uma camada superior, mas

para todos.” Esta afirmação e o assunto produção em massa trouxe para o

design pré-modernismo uma nova estética industrial.

ADOLF LOOS

Adolf Loos foi um arquiteto e teórico austríaco, nasceu na cidade de Brno, na

República Checa. Uma de suas principais características era o desprezo pelo

ornamento. Para ele, as formas teriam que ser funcionais, tanto na arquitetura

quanto no design. Também era contrário ao grupo Secession, e expressou isto

através da obra “Ornamento e Crime” lançada em 1908.

PRÉ-MODERNISMO DARMSTADT

A Colônia de Artistas de Darmstadt refere-se a um grupo de artistas

de Mathildenhöhe e foi fundada por Joseph Maria Olbrich e por Peter Behrens,

através de um convite do Grão-Duque Ernst Ludwig von Hessen, na virada do

século XIX para o século XX.

O Grão-Duque gostaria, através da criação do movimento, construir

moradias por valores acessíveis à classe média. O arquiteto Olbrich ficou

responsável pela construção de edificações da Colônia, como o ateliê, hall de

exposições e moradias, enquanto Behrens elaborou uma linguagem puramente

objetiva, que abordava desde a planta de uma casa até os objetos domésticos.

Em 1904 a Colônia de Artistas de Darmstadt mostrou suas

criações; cômodos confortáveis e produtos fabricados em série, através de uma

exposição.

PETER BEHRENS

Peter Behrens foi um arquiteto alemão, nasceu em Berlim, na cidade de

Hamburgo, em 1868. Além de ser um dos fundadores da Colônia dos

Artistas de Darmstadt, entre os anos de 1899 e 1903 lecionou na Colônia,

junto com outros seis artistas, a convite do grão-duque Ernst Ludwig von

Hessen. Behrens recebeu o título de primeiro designer industrial, e foi também

o primeiro a criar uma cultura de identidade corporativa.

PETER BEHRENS

A imagem mostra uma das obras de Behrens, sua própria casa em Darmstadt.

Percebe-se a ausência de ornamentos, a presença marcante de traços verticais

e materiais mais comuns, como o vidro e o tijolo.

DEUSTSCHER WERKBUND

Século XX

SÉCULO XX: DEUTSCHER WERKBUND

Por volta de 1876, a Alemanha passava por algumas

consequências, pelo fato da falta de qualidade em seus produtos, esta situação

teria que ser corrigida urgentemente para que o país pudesse concorrer com o

mercado interno e internacional. O local que ficou responsável para resolver

este problema foi a Deutscher Werkbund (Liga Alemã do Trabalho), criada em

1907.

A Werkbund Alemã foi fundada por Hermann Muthesius, Peter

Behrens, Henry Van de Velde e Joseph Olbrich, como uma associação de

empresários, arquitetos, artistas e profissionais de artes e ofícios. O objetivo da

Liga era, através das artes, da indústria e do artesanato, levar qualidade aos

produtos alemães, cuja realidade era bem diferente nos produtos da época. Em

seus projetos, o foco eram as diferentes funções do Design.

Ao contrário do Arts and Crafts, movimento que a Werkbund

procurava parecer-se, a indústria era aceita pela maioria de seus integrantes.

Porém, existiam dois pontos controversos dentro da Liga Alemã, um deles era

defendido por Hermann Muthesius, que dizia: “A arquitetura e, com ela, todo o

campo criativo da Werkbund, clama por tipificação (...)”, enquanto Henry Van

de Velde contrapunha-se e argumentava o seguinte: “Enquanto ainda houver

artistas na Werkbund e enquanto estes ainda tiverem alguma influência sobre

sua história, eles protestarão contra toda proposta de cânone ou de

tipificação.”

PETER BEHRENS & AEG

Em 1906, a AEG encarregou Peter Behrens de criar seu material

publicitário, para mais tarde contratá-lo como “assessor artístico”. Feito este

trabalho, de 1907 a 1914 , Behrens foi responsável por vários itens da

empresa, tais como: projetar edifícios de usinas, espaços para exposições,

moradia para trabalhadores, a mídia publicitária da empresa, eletrodomésticos,

e por fim a identidade corporativa. Tudo isso deveria se encaixar com os

desejos dos consumidores e possuir características objetivas e funcionais.

Marca registrada da AEG,

1907

PETER BEHRENS & AEG

Além de ter sido um dos fundadores da Werkbund Alemã e uma

figura importante para as teorias do movimento, Behrens também foi uma das

peças chaves para o Design, sendo o pioneiro em identidade corporativa e o

reformista da caligrafia sem serifas.

A AEG é uma empresa alemã de eletrodomésticos, que logo no

início século XX recebeu o título de uma das maiores empresas mundiais da

área elétrica, acompanhada da General Electric Company , a Westinghouse e a

Simens. O trabalho de Behrens para a empresa transformou o então pintor,

designer gráfico e designer industrial no pioneiro da cultura moderna industrial.

A AEG também ganhou seu reconhecimento por utilizar métodos norte-

americanos, onde o maquinário da empresa era o mai moderno, e seu método

de trabalho possuía um alto nível de organização.

BAUHAUS

Século XX

BAUHAUS

A Bauhaus (Casa Estatal de Construção), foi fundada em 1919,

por Walter A. Gropius, como uma reação a situação em que a Alemanha se

encontrava na época. A Primeira Guerra Mundial tinha chego ao fim, e o país

estava destruído, a economia estava em crise, e a pobreza, junto do

desemprego devastavam a Alemanha. O princípio de Gropius e seus seguidores

era unir a arte e o artesanato, com uma herança medieval, junto de um ideal de

sociedade democrática, na ausência de hierarquias, ou seja, sem distinção de

classes.

A Escola de Bauhaus foi dividida em 3 fases, a primeira ocorreu de

1919 a 1923, em Weimar. Pretendia-se nesta fase um trabalho criativo, cujo

objetivo era tornar a Bauhaus uma instituição educacional, que atendia ao

comércio e a indústria, e tivesse influência no design e no mundo. O ensino era

fundamento próprio da Escola, onde os estudantes eram libertos de qualquer

pré-conceito sobre o belo e à estética. Também valoriza-se a produção

artesanal. A segunda fase ocorreu de 1923 a 1928, sendo que no ano de

1926, a Escola mudou-se para Dessau. Neste período o construtivismo do

húngaro Lazlo Maholy-Nagy domina a escola. A Bauhaus criou uma linguagem

formal, que reduzia todos os objetos a elementos geométricos, desta forma,

construiu-se uma ponte entre o design e a produção industrial.

BAUHAUS

A terceira fase, conhecida como a Era Meyer, compreendida entre

1929 e 1933, os conflitos pela arte e pela indústria se acenderam

novamente, fato que levou a demissão de Walter Gropius, em 1928. Quem o

substituiu foi Hannes Meyer, que deu ênfase para o “funcionalismo social”,

onde exigia produtos padronizados, fabricados em série, mas que satisfizessem

as necessidades básicas dos trabalhadores.

O Funcionalismo do ano de 1920, junto da sua finalidade e da sua

beleza foi entendido para a Bauhaus, como uma expressão social da

racionalidade industrial.

Com inspirações nas ideias do movimento Arts and Crafs (Escola de

Artes e Ofícios), na Deutscher Werkbund (Liga Alemã do Trabalho) e outras

correntes reformistas, a Escola de Bauhaus é considerada a Escola mais

importante de desenho industrial, arte e arquitetura do século XX.

BAUHAUS E WALTER GROPIUS

Walter Gropius é considerado um dos principais nomes da

arquitetura do século XX. Estudou arquitetura de 1903 a 1907 no

Technische Hochschule de Berlim e Munique. Depois de obter a licenciatura fez

as habituais viagens ao exterior, visitando vários países europeus. Trouxe uma

grande contribuição para o movimento modernista, em 1919, quando fundou

a Escola Vanguardista, Bauhaus, em Weimar. Seu objetivo era combinar o

ensino artístico e técnico em apenas um lugar.

BAUHAUS E WALTER GROPIUS

A imagem acima mostra a primeira obra de Walter Gropius, a

Fábrica Fagus, em 1911. Influenciado por Peter Behrens, Gropius evidenciou

alguns elementos que iriam caracterizar o restante das suas obras, são eles:

estrutura independente, fechamento em vidro e volumetria pura.

BAUHAUS E MARCEL BREUER

Marcel Breuer, arquiteto e designer húngaro-americano, nasceu em

Pécs, na Hungria, no dia 21 de maio de 1902. Foi um dos principais

discípulos da escola artística alemã Bauhaus, e também, um dos principais

professores. Iniciou sua carreira profissional em 1928, mas foi perseguido pelos

soldados de Hitler e obrigado a refugiar-se na Inglaterra. Desta parte inicial de

sua carreira, o que recebeu maior destaque foi o desenho de mobiliário,

sobretudo as cadeiras de metal, cuja estas foi de sua invenção.

BAUHAUS E MARCEL BREUER

Marcel Breuer foi responsável por vários projetos mobiliários, um

deles, até hoje vendido, é a Cadeira Wassily, desenhada em 1925/26. Através

desta revolucionou o design do século XX, utilizando em sua estrutura o aço

tubular.

BAUHAUS E LAZLO MOHOLY NAGY

Lazlo Moholy Nagy, pintor, escultor e artista experimental, nasceu na Hungria.

Entre 1923 e 1928 foi professor da Bauhaus coeditor de publicações desta

escola. Junto à docência, desenvolvia filmes experimentais, teatro, desenho

industrial e publicitário, fotografia e tipografia, além da pintura e da escultura.

No ano de 1935 mudou-se para Londres onde formou o grupo construtivista

responsável pela publicação do periódico Circle. Em 1937 foi para Chicago,

onde tornou-se diretor da New Bauhaus e fundou o Instituto de Design.

BAUHAUS E LAZLO MOHOLY NAGY

Moholy-Nagy fez uma ótima e vigorosa Tipografia e Design Gráfico.

Praticou uma técnica humorística de foto colagem e reinventou o Fotograma,

usando interferências artísticas na impressão das fotografias elementares. Um

exemplo de fotograma é a obra da imagem acima, de 1922.

A METÁFORA DAS MÁQUINAS E LE CORBUSIER

Le Corbusier é considerado a figura mais importante da arquitetura moderna.

Estudou artes e ofícios em sua cidade natal, na Suíça, e depois estagiou por dois

anos no estúdio parisiense de Auguste Perret, na França. Uma de suas principais

contribuições, foi o conhecimento da casa como uma máquina de habitar

(machine à habiter), em concordância com as evoluções industriais. Seu foco era

a funcionalidade. As edificações eram projetadas para serem usadas. Interpretou

a arquitetura como o jogo correto e magnífico dos volumes sob a luz,

fundamentada na utilização dos novos materiais: concreto armado, vidro plano

em grandes dimensões e outros produtos artificiais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

http://pt.slideshare.net/SaraPlcido/a-bauhaus

http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo368/bauhaus

http://arcdesigners.blogspot.com.br/2009/11/nasceu-na-alemanha-em-

weimar-apos.html

http://www.macamp.com.br/variedades/walterGropius.htm

http://casavogue.globo.com/MostrasExpos/noticia/2013/02/marcel-breuer-

arquiteto-e-designer.html

http://educacao.uol.com.br/biografias/le-corbusier.jhtm

http://www.tipografos.net/bauhaus/moholy-nagy.html

SCHNEIDER, B.; SPEARBER, G. B.; BERTUOL, S.; Design – Uma Introdução:

O design no contexto social, cultural e econômico.