história pv jud ii final

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    Professor: Pb. Jailson Marinho

    Histria do Povo Judeu II

    SUMRIO

    INTRODUO ........................................ 2

    1. RESUMO DO MDULO I ..................... 2

    1.1 - Governo dos Patriarcas .................... 2

    1.2 - Governo dos Juzes .......................... 2

    1.3 - Decadncia e Disperso dos Hebreus ............................................................... 2

    2- DOMINAO ROMANA ..................... 2

    2.1 Quadro poltico e administrativo ....... 3

    2.2 Procuradores romanos....................... 3

    2.3 O Sindrio ......................................... 3

    2.4 A Organizao Social Na Palestina ... 3

    2.5 Instituies Religiosas ...................... 3

    2.6 Os partidos judaicos ......................... 4 2.6.1. Os Fariseus............................................. 4 2.6.2. Saduceus ................................................ 4 2.6.3. Essnios ................................................. 4 2.6.4 Herodianos ............................................ 4 2.6.5. Zelotes ................................................... 4 2.6.6 Outros grupos ......................................... 5

    3. AS REVOLTAS JUDAICAS ..................... 5

    3.1 A revolta dos macabeus .................. 5

    3.2 - A Grande Revolta ............................ 5

    3.3 - A ltima Revolta ............................. 6

    3.4 - O Judaismo Sobrevive ..................... 6

    3.5 A Disperso Completa ....................... 6

    4 - A LITERATURA JUDAICA .................... 7

    4.5.1 O Talmude ...................................... 7

    4.5.2 Targum ................................................... 8 4.5.3 A Halach ............................................... 8

    5. DOMINAO PS-ROMANA .............. 9

    5.1 O Domnio Bizantino (313-636) ........... 9

    5.2 O Domnio rabe (636-1099) ............... 9

    5.3 Os Cruzados (1099-1291) ..................... 9

    5.4 O Domnio Mameluco (1291-1516) ....... 9

    5.5 O Domnio Otomano (1517-1917) ....... 10

    5.6 O Domnio Britnico (1918-1948) ........ 11

    6. A RECONSTRUO DO ESTADO DE ISRAEL ................................................. 11

    6.1 Imigrao ........................................ 11

    6.2 Administrao ................................. 11

    6.3 Desenvolvimento Econmico .......... 11

    6.4 Cultura ............................................ 11

    6.5 O hebraico ....................................... 11

    6.6 Oposio rabe e Restries Britnicas.............................................. 12

    6.7 Os movimentos clandestinos ........... 12

    6.8 Voluntrios judeus na 2a Guerra Mundial ................................................ 12

    6.9 O Holocausto .................................. 12

    7 - O MOVIMENTO SIONISTA ................ 13

    8. CRIAO DO ESTADO DE ISRAEL ....... 14

    8.1 O Caminho Para a Independncia ... 14

    8.2 O Estado de Israel ........................... 14 8.2.1 O texto da Declarao: .......................... 14 8.2.2 A Bandeira do Estado de Israel ............. 14 8.2.3 A Menor .............................................. 14 8.2.4 Hatikv - O Hino Nacional ................... 15

    9. AS GUERRAS ISRAELENSES ................ 15

    9.1 A Guerra De Independncia............. 15

    9.2 Guerras rabes - Israelenses ............ 15

    Guerra do Yom Kippur 1973 ............... 16

    As perspectivas de paz no Oriente Mdio ............................................................. 16

    O Fundamentalismo ............................. 17

    Organizao pela Libertao da Palestina - OLP .................................................... 17

    Entenda a crise atual ............................. 18

    10. ISRAEL ATUAL ................................. 18

    BIBLIOGRAFIA ...................................... 20

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    Histria do Povo Judeu II

    INTRODUO

    Dando continuidade ao nosso curso, estudaremos neste mdulo a disciplina Histria do Povo Judeu II. Trata-se de uma disciplina um tanto quanto peculiar, uma vez que o estudo no partir explicitamente dos textos bblicos. Isto ocorre porque cronologicamente a narrativa bblica j estava encerrada enquanto a Histria do povo Judeu continuava sendo construda baseada nas profecias bblicas que atualmente j vimos cumpridas e outras tantas que aindaesto por acontecer. Quero dizer com isto que, apesar de no usarmos os textos bblicos como ponto de partida, com grande frequncia veremos o cumprimento de profecias relacionadas ao povo judeu. O curso tem ainda a inteno de dar aos alunos as ferramentas necessrias para o entendimento das controvrsias relacionadas criao e manuteno do estado de Israel, bem como dar os subsdios necessrios para o estudo da Doutrina das ltimas Coisas que est intimamente ligada Histria do povo Judeu.

    1. RESUMO DO MDULO I

    1.1 - Governo dos Patriarcas Vimos no primeiro mdulo que a princpio os hebreus formavam uma pequena comunidade de pastores nmades. Chefiados por Abrao. Vieram da cidade de Ur, na Mesopotmia e estabeleceram-se na Palestina. Organizados em comunidades tribais, os hebreus eram comandados por chefes denominados patriarcas. Entre os principais patriarcas hebreus, destacam-se Abrao, Isaac, Jac e Moiss. Por volta de 1750 a.C., boa parte dos hebreus foram obrigados a emigrar para o Egito em decorrncia de uma terrvel seca que assolou a Palestina e l permaneceram por cerca de 400 anos. Em 1.250 a.C., conduzidos por Moiss, regressaram Palestina. Foi durante essa viagem que Moiss recebeu de Deus a tbua dos Dez Mandamentos, firmando a aliana entre Deus e os hebreus. Ofuscamento essencial dessa aliana era o culto monotesta e a proibio idolatria.

    1.2 - Governo dos Juzes

    De 1.200 a 1.010 A.C. os hebreus foram governados por juzes, que eram chefes polticos, militares e religiosos. Foi um perodo em que o povo Hebreu afastava-se com muita frequncia dos caminhos do

    Senhor. No difcil lembrar-se do que a Bblia diz com muita frequncia no livro de Juzes: E os filhos de Israel fizeram o que era mal aos olhos do Senhor.... Os grandes personagens deste perodo so levantados em tempos de crise ou diante da necessidade de resolver questes de ordem poltica entre as tribos, que gozavam poca de grande autonomia. Entre os mais famosos juzes, destacam-se Gideo, Dbora, Sanso e Samuel.

    1.3 - Decadncia e Disperso dos Hebreus

    Em 722 a.C., o reino de Israel foi conquistado pelos Assrios, comandados por Sargo II. Grande parte da populao foi escravizada, dispersando-se pelo Imprio Assrio. Em 587 a.C., o reino de Jud foi conquistado por Nabucodonosor, que destruiu Jerusalm e aprisionou os Hebreus. Esse episdio ficou conhecido como Cativeiro da Babilnia. No difcil identificar tais narrativas nos escritos dos profetas O cativeiro durou at 538 a.C. quando o rei Persa Ciro II conquistou a Babilnia e permitiu que os Hebreus retornassem Palestina, que se tornara provncia do Imprio Persa. Nos livros de Esdras e Neemias tais eventos so detalhados. Apesar dos esforos, os Hebreus no conseguiram conquistar a autonomia poltica da Palestina, que permaneceu como provncia dos grandes imprios da antiguidade. Em 322 a.C., a regio foi conquistada por Alexandre Magno, da Macednia, e, em 63 a.C., foi anexada aos domnios do Imprio Romano. Durante a dominao Romana na Palestina, o nacionalismo dos Hebreus fortaleceu-se, levando o povo a organizar revoltas contra Roma. Em 70 d.C., o imperador Tito sufocou violentamente uma rebelio dos Hebreus, provocando a disperso desse povo pelo mundo (Dispora). Espalhados pelo mundo, o povo Hebreu passou a viver em pequenas comunidades. Preservaram, entretanto, os elementos bsicos de sua cultura como a lngua (hebraico), a religio e alguns objetivos comuns, entre eles, voltar um dia Palestina. Assim os Hebreus se mantiveram com nao, embora no constitussem um Estado, por no ter territrio.

    2- DOMINAO ROMANA

    Os romanos, que desde o V sculo a.C. vinham constituindo-se numa grande potncia, sob o comando do general Pompeu tomam a cidade de Jerusalm no ano 63 a.C. Permitiram inicialmente que os Macabeus continuassem no trono at o ano 40

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    a.C., quando Herodes o Grande foi nomeado rei da Judia.

    2.1 Quadro poltico e administrativo

    A Palestina, durante as vidas de Jesus e de Paulo, foi governada, principalmente, pela Dinastia Herodiana. Contudo, este quadro no to simples, j que esta regio estava subdividida em outras que, neste perodo, possuram formas de governo e administrao distintas. Como sabemos, em 63 a.C. Roma conquistou a Palestina, aproveitando a fragilidade da dinastia hasmonia em crises internas. Hircano, um dos descendentes de Simo Macabeu, foi recolocado ao trono por Jlio Csar, que institui a Antpatro, ou Antpater, natural da Indumia, como seu procurador. Foi um dos filhos de Antpatro, Herodes, que acabou por fundar a nova dinastia judaica, a dos herodianos, e manter a regio independente por mais algum tempo. Herodes governou entre 37 a 4 a.C. os territrios da Judia, Samaria, Indumia, Galilia e Peria. Estas reas foram divididas entre seus filhos aps a sua morte: Herodes Arquelau herdou a Judia, Samaria e a Indumia, que governou at 4 d.C. e Herodes Antipas, as regies da Galilia e Peria, de 4 a.C. - 39 d.C.. Este ltimo , dentre os soberanos herodianos, o mais citado no Novo Testamento (Cf. Lc. 3:1; 9:7-9; 13: 31-32; 23: 7-12; Mt. 14: 1-12). De 6 at 41 d.C, a Judia, Samaria e a Indumia passaram a ser administradas diretamente por procuradores romanos. Agripa I, neto de Herodes, governou esta regio entre 41 a 44 d.C. Aps este perodo, a administrao voltou para as mos dos procuradores romanos.

    2.2 Procuradores romanos Os procuradores eram funcionrios diretamente ligados ao imperador. Sob este ttulo eram denominados diversos funcionrios que possuam atribuies diferentes. Eles provinham da ordem equestre, ou dos cavaleiros, e eram remunerados. Os procuradores palestinos estavam subordinados ao governador da Sria. Entretanto, como representantes diretos do Imperador, detinham poderes civis, militares e jurdicos. Eles residiam em Cesaria, mas em pocas de festa religiosas se transferiram para Jerusalm, j que, nestas ocasies, esta ficava lotada de fiis.

    2.3 O Sindrio Faz-se importante ressaltar que as questes internas da comunidade judaica, contudo, mesmo sob a administrao romana, eram resolvidas pelo Sindrio, tribunal presidido pelo sumo-sacerdote e formado

    por 71 membros (ancies, sumo-sacerdotes depostos, sacerdotes do partido dos saduceus e escribas fariseus), com sede em Jerusalm. Provavelmente institudo ainda no sculo III a.C, no sculo I dC possuam atribuies jurdicas: julgavam os crimes contra a Lei Mosaica, fixavam a doutrina e controlavam todos os aspectos da vida religiosa. Em todas as cidades e vilas da Palestina tambm existiam pequenos sindrios formados por trs membros que cuidavam de questes locais (Mt. 5:25).

    2.4 A Organizao Social Na Palestina

    A sociedade palestinense pode ser dividida em quatro grandes grupos socioeconmicos: os ricos, grandes proprietrios, comerciantes ou elementos provenientes do alto clero; os grupos mdios, sacerdotes, pequenos e mdios proprietrios rurais ou comerciantes; os pobres, trabalhadores em geral, seja no campo ou nas cidades; e os miserveis, mendigos, escravos ou excludos sociais, como ladres. Contudo, as diferenas sociais na palestina no se pautavam somente na riqueza ou pobreza do indivduo, mas em diversos outros critrios, como sexo, funo religiosa, conhecimento, pureza tnica, etc. Ou seja, uma mulher, ainda que proveniente de uma famlia rica estava numa situao social inferior a de um levita; um samaritano, apesar de ser descendente dos israelitas, devido miscigenao, era considerado impuro e, socialmente, inferior a uma mulher judia, para citar s dois exemplos.

    2.5 Instituies Religiosas O Templo foi, at 70 dC, o mais importante centro religioso judaico. Destrudo duas vezes, estava sendo reconstrudo neste perodo. As mulheres e os no circuncidados no podiam entrar no interior do Templo. Neste edifcio eram realizados os sacrifcios; o sindrio se reunia; eram armazenadas as riquezas e impostos dirigidos ao Templo, bem como os objetos de culto. Ou seja, o Templo era muito mais do que um local de culto. Sobretudo, era o centro de toda a vida religiosa, econmica e poltica judaica. Suas atividades e organizao revelam os valores e as divises desta sociedade, onde os sacerdotes e conhecedores da Lei possuem privilgios, s os homens circuncidados so levados em conta e mulheres e gentios so colocados margem. Organizando a vida religiosa e os cultos no templo existiam um amplo clero chefiado pelo sumo-sacerdote, que provinham das famlias mais ricas judaicas da palestina. Os sacerdotes, tanto sob o governo dos herodianos quanto dos procuradores, eram escolhidos e destitudos pelos governadores civis. Logo, este posto possua um marcado carter poltico. O sumo-sacerdote era auxiliado por diversos funcionrios, todos provenientes das famlias mais

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    importantes: o comandante do Templo; os chefes das 24 equipes semanais, os sete vigilantes, trs tesoureiros. Alm do sacerdote supremo, existiam cerca de 7 mil outros sacerdotes divididos em 24 equipes que se revezavam nos servios do Templo. Em mdia, cada sacerdote atuava cinco vezes por ano. Recebiam salrio, que provinha dos sacrifcios e do dzimo. A funo sacerdotal era hereditria. Ao lado dos sacerdotes, havia 10 mil levitas, tambm organizados e 24 equipes. Atuavam como msicos ou porteiros, tambm cinco vezes ao ano. No recebiam salrios. A sinagoga - As sinagogas tambm eram centros religiosos, j que nelas se cultuava a Deus e era estudada a Lei, tal como ocorre ainda hoje. Nelas, qualquer judeu poderia ler e fazer comentrios Lei, o que no ocorria na prtica, funo que acabava controlada pelos especialistas nas escrituras, os escribas e rabis farisaicos.

    2.6 Os partidos judaicos Muitas pessoas pensam no judasmo do sculo I dC como um bloco monoltico, uma religio solidamente unificada que o cristianismo dividiu, formando uma religio nova. Josefo, historiador judeu do primeiro-sculo, descreve trs grupos principais com suas filosofias ou modos de vida: os fariseus, Saduceus, e Essnios. Ele tambm menciona vrios outros grupos polticos e revolucionrios judeus ativos no primeiro sculo d.C., especialmente durante a primeira Guerra contra Roma (66-70 d. C.). O Novo Testamento menciona os Fariseus e Saduceus, alm de vrios outros grupos identificveis a partir das pequenas menes. So estas informaes que nos permitem reconstruir tais partidos poltico-religiosos. A seguir, vamos apresentar os principais grupos e suas caractersticas:

    2.6.1. Os Fariseus Os fariseus eram os descendentes espirituais dos judeus piedosos que haviam lutado contra os helenistas no tempo dos Macabeus. O nome fariseu, separatista, foi provavelmente dado a eles por seus inimigos, para indicar que eram no conformistas. Pode, todavia, ter sido usado com escrnio porque sua severidade os separava de seus compatriotas judeus, tanto quanto de seus vizinhos pagos. A lealdade verdade s vezes produz orgulho e ate mesmo hipocrisia, e foram essas perverses do antigo ideal farisaico que Jesus denunciou. Paulo se considerava um membro deste grupo ortodoxo do judasmo de sua poca. (Fp 3.5).

    2.6.2. Saduceus O partido dos saduceus, provavelmente denominado assim por causa de Zadoque, o sumo sacerdote escolhido por Salomo (1Rs 2.35), negava autoridade tradio e olhava com suspeita para qualquer revelao posterior Lei de Moiss. Eles negavam a doutrina da ressurreio, e no criam na existncia de

    anjos ou espritos (At 23.3). Eram, em sua maioria, gente de posses e posio, e cooperavam de bom grado com os helenistas da poca. Ao tempo do N.T. controlavam o sacerdcio e o ritual do templo. A sinagoga, por outro lado, era a cidadela dos fariseus.

    2.6.3. Essnios O essenismo foi uma reao asctica ao externalismo dos fariseus e ao mundanismo dos saduceus. Os essnios se retiravam da sociedade e viviam em ascetismo e celibato. Davam ateno leitura e estudo das Escrituras, orao e s lavagens cerimoniais. Suas posses eram comuns e eram conhecidos por sua laboriosidade e piedade. Tanto a guerra quanto a escravido era contrrias a seus princpios. O mosteiro em Qumran, prximo s cavernas em que os Manuscrito do Mar Morto foram encontrados, considerado por muitos estudiosos como um centro essnio de estudo no deserto da Judia. Os rolos indicam que os membros da comunidade haviam abandonado as influncias corruptas das cidades judaicas para prepararem, no deserto, o caminho do Senhor. Tinham f no Messias que viria e consideravam-se o verdadeiro Israel para quem Ele viria.

    2.6.4 Herodianos Os herodianos criam que os melhores interesses do judasmo estavam na cooperao com os romanos. Seu nome foi tirado de Herodes, o Grande, que procurou romanizar a Palestina em sua poca. Os herodianos eram mais um partido poltico que uma seita religiosa. A opresso poltica romana, simbolizada por Herodes, e as reaes religiosas expressas nas reaes sectrias dentro do judasmo pr-cristo forneceram o referencial histrico no qual Jesus veio ao mundo. Frustraes e conflitos prepararam Israel para o advento do Messias de Deus, que veio na plenitude do tempo (Gl 4.4).

    2.6.5. Zelotes Os zelotes eram um grupo religioso com marcado carter militarista e revolucionrio que se organizou no I sculo d.C. opondo-se a ocupao romana de Israel. Tambm foram conhecidos como sicrios, devido ao punhal que levavam escondidos e com o qual atacavam aos inimigos. Seus adeptos provinham das camadas mais pobres da sociedade. A princpio, foram confundidos com ladres. Atuaram primeiro na Galilia, mas durante a Guerra Judaica tiveram um papel ativo na Judia. Os zelotes se recusavam a reconhecer o domnio romano. Respeitavam o Templo e a Lei. Opunham-se ao helenismo. Professavam um messianismo radical e s acreditavam em um governo teocrtico, ocupado por judeus. Viam na luta armada o nico caminho

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    para enfrentar aos inimigos e acelerar a instaurao do Reino de Deus. Um de discpulos de Jesus chamado de Simo, o Zelote em Lucas 6:15 e Atos 1:13. Alguns autores apontam que ele poderia ter pertencido a um grupo revolucionrio antes de se unir a Jesus, mas o sentido mais provvel era de zeloso na sua acepo mais antiga.

    2.6.6 Outros grupos Alm dos grupos poltico-religiosos aqui representados, no podemos deixar de mencionar os outros segmentos que participavam do cenrio religiosos judaico no I sculo: os levitas, como vimos no estudo anterior, que formavam o clero do Templo de Jerusalm e que eram os responsveis pelos sacrifcios e pelos cultos; os escribas, hbeis conhecedores e comentadores da Lei; os movimentos batistas, seitas populares que mantinham as prticas de batismo de Joo Batista, dentre outros. Obs.: Quando Jesus Cristo iniciou sua pregao foi visto como mais um dentre os diversos grupos que j possuam interpretaes prprias da lei. Contudo, a mensagem de Cristo mostrou-se revolucionria, chegando a formar uma nova religio. Jesus soube colocar o homem acima da Lei e das tradies e proclamou que qualquer mudana s poderia se iniciar a partir do corao do homem que, pela f em seu sacrifcio salvador, era restaurado.

    3. AS REVOLTAS JUDAICAS

    Por mais de um sculo, o povo judeu vinha sofrendo a humilhao de estar sob a dominao romana. Ao entrar triunfante em Jerusalm, em 63 a.C., o general Pompeu teve o atrevimento de penetrar no Templo, iniciando um perodo de profanao que acentuou ainda mais a perda de independncia da nao judaica. Entretanto, enquanto o Templo permanecesse de p e houvesse um rei judeu no trono (Agripa), haveria a esperana de uma independncia futura. Por isso, medida que o sculo se aproximava do fim, a crescente expectativa messinica combinava-se com as aspiraes nacionalistas judaicas e os conflitos provocados pela ambio poltica de grupos rivais. Do ponto de vista de Roma, o judasmo era uma autonomia insuportvel, s tolerada para manter o nacionalismo judaico sob controle. Entretanto, se os ideais religiosos desencadeassem os sentimentos nacionalistas, Roma estaria pronta para intervir. Em 44 d.C., a morte do rei Agripa colocou todo o pas sob a administrao direta de Roma, acabando com a iluso da independncia judaica. A crescente opresso romana, o alinhamento das autoridades romanas ao lado dos gentios que habitavam a terra, e as repetidas violaes da santidade do Templo criou

    uma atmosfera propcia revolta. Em abril do ano 66 de nossa era, quando o governador romano confiscou dezessete talentos do tesouro do Templo, os nacionalistas judeus se rebelaram. Eles se apoderaram do Templo, interromperam os sacrifcios dirios em honra ao imperador romano e capturaram a fortaleza de Massada.

    3.1 A revolta dos macabeus No demorou muito para que os judeus oprimidos encontrassem um lder para sua causa. Quando os emissrios de Antoco chegaram vila de Modina, cerca de 24 quilmetros a oeste de Jerusalm, esperavam que o velho sacerdote, Matatias, desse bom exemplo perante o seu povo, oferecendo um sacrifcio pago. Ele, porm, alm de recusar-se a faz-lo, matou um judeu apstata junto ao altar e o oficial srio que presidia a cerimnia. Matatias fugiu para a regio montanhosa da Judia e, com a ajuda de seus filhos, empreendeu uma luta de guerrilhas contra os srios. Embora o velho sacerdote no tenha vivido para ver seu povo liberto do jugo srio, deixou a seus filhos o trmino da tarefa. Judas, cognominado o Macabeu, assumiu a liderana depois da morte do pai. Por volta de 164 a.C. Judas havia reconquistado Jerusalm, purificado o templo e reinstitudo os sacrifcios dirios. Pouco depois das vitrias de Judas, Antoco morreu na Prsia. Entretanto, as lutas entre os Macabeus e os reis selucidas continuaram por quase vinte anos. Nesta luta os judeus foram liderados por: Matatias, Judas Macabeu, Jonas (houve trgua com os srios, foi apoiado por Alexandre Bala Selucida), Simo (quando foi conquistada a independncia total) e Joo Hircano. No perodo de Simo Macabeu, acontece o declnio dos srios. Foi no perodo Joo Hircano que ficou mais definido os partidos religiosos na palestina: Fariseus e saduceus.

    3.2 - A Grande Revolta Grande Revolta Judaica ou Primeira guerra judaico-romana foi guerra travada pelos judeus contra o Imprio romano de 66 a 73 d.C. Teve incio em 66, como reao a ataques contra locais de culto judaicos. Os rebeldes em sua grande maioria eram zelotes, e tinham como lder Eleazar, filho do sumo-sacerdote. Em resposta insurreio judaica, concentrada principalmente em Jerusalm, Vespasiano, principal comandante romano, foi enviado para sufocar o levante com cerca de cinquenta mil soldados, na primavera de 62. O ataque de Vespasiano comeou no norte de Israel que, ao contrrio de Jerusalm, ofereceu pouca resistncia. Por exemplo, as famlias judias que ocupavam a fortaleza galilia de Jotapata, defendida por Josefo, preferiram cometer suicdio a se renderem ao inimigo. Quanto a Josefo, ele passou para o lado dos romanos.

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    O Cerco a Jerusalm - No vero do ano 70 de nossa era, a Dcima Legio de Vespasiano chegou s portas de Jerusalm e sitiou a cidade. Vespasiano tornou-se imperador e retornou a Roma para assumir seus deveres e entregou a seu filho Tito, comandante da Dcima Legio, a tarefa de completar a tomada de Jerusalm. Apesar da fome que tomava conta da cidade, os judeus celebraram a ltima Pscoa em seu Templo e se prepararam para a ofensiva romana. O ataque comeou dias depois, com um bombardeio de catapultas que durou dois meses, at que, finalmente, os romanos romperam o muro. Indo de casa em casa, os conquistadores incendiaram a cidade, massacrando todos os judeus que encontravam pela frente. Um testemunho arqueolgico da ferocidade dos combates a "Casa Queimada", localizada dentro do atual Bairro Judeu [da Cidade Antiga]. Ali esto as runas de uma das casas destrudas pelos romanos em 70 d.C., com os restos de uma mulher que foi morta com uma lana na mo e tombou na soleira da porta. O Segundo Templo foi ento saqueado e incendiado pelos romanos. Uma grande parte da populao judaica foi ento massacrada ou escravizada. Este acontecimento um evento central na histria da Dispora Judaica, a expulso dos judeus da Terra Santa. O Cerco e queda de Massada - A nica fonte histrica para o episdio a obra do judeu romanizado Flavius Josephus, "Guerra dos Judeus". Entretanto, os historiadores modernos concordam que realmente um grupo de Zelotes matou a si e s prprias famlias e incendiou algumas construes em Massada. Na Primavera de 73, a fortaleza encontrava-se ocupada por 960 zelotes, incluindo mulheres e crianas, sob o comando de Eleazar Ben Yair. Outro comandante zelote, um dos envolvidos na defesa de Jerusalm, era Judas, que havia retirado para Massada aps a queda de Jerusalm. A guarnio vinha resistindo por dois anos a um assdio das legies romanas, constituindo-se no ltimo foco de resistncia judaica. O general Flavius Silva era que liderava as tropas romanas para aquela conquista. Eles cercaram o monte de Massada e construram uma rampa, e foram pacientes invadindo aquela fortaleza. Ao destrurem a primeira muralha, perceberem que havia outra muralha mais resistente, essa s pode ser vencida com fogo. Enquanto isso, na fortaleza, os zelotes acompanhavam os preparativos romanos, constatando a iminncia do assalto romano. Durante a noite, decidiram que preferiam morrer a ser escravizados ou mortos pelos romanos. Sacrificaram assim as mulheres e crianas, e depois os prprios defensores, at que restaram apenas dez e o comandante Eleazar Ben Yair. Tiraram sortes para ver qual deles sacrificaria os demais. Aps cumprir a sua tarefa, o ltimo homem ateou fogo ao palcio, e

    lanou-se sobre a prpria espada, ao lado da famlia morta. Na manh do dia 3 de maio do ano 73 e.C, os legionrios ultrapassaram a brecha aberta na muralha interna, encontrando a fortaleza em silncio. Chamando os rebeldes luta, apresentou-se uma anci seguida por uma mulher jovem, parente de Eleazar, e cinco crianas pequenas, que haviam se escondido em um dos condutos de gua subterrneos. Estava encerrada assim a Primeira Revolta dos Judeus.

    3.3 - A ltima Revolta Um ltimo breve perodo de soberania judaica na era antiga foi o que se seguiu revolta de Shimon Bar Kochb (132 a.D.), quando Jerusalm e a Judia foram reconquistadas. No entanto, dado o poder massivo dos romanos, o resultado era inevitvel. Trs anos depois, segundo o costume romano, Jerusalm foi "sulcada por uma junta de bois"; a Judia foi rebatizada de Palaestina e a Jerusalm foi dado o novo nome de Aelia Capitolina.

    3.4 - O Judaismo Sobrevive Embora o Templo tivesse sido destrudo e Jerusalm completamente queimada, os judeus e o judasmo sobreviveram a seu fatdico encontro com Roma. O organismo legislativo e judicirio supremo, o Sanhedrin (sucessor da Knesset Haguedol) reuniu-se em Iavne (70 E.C.) e, mais tarde, em Tiberades. Sem a estrutura unificadora do estado e do Templo, a pequena comunidade judaica remanescente recuperou-se gradualmente, reforada de vez em quando pela volta de exilados. A vida institucional e comunal se renovou, os sacerdotes foram substitudos por rabinos e a sinagoga tornou-se o centro das comunidades judaicas, conforme se evidencia pelos remanescentes de sinagogas encontradas em Cafarnaum, Korazin, Baram, Gamla e outros locais. A Halach (lei religiosa judaica) tornou-se o elo comum entre os judeus e foi transmitida de gerao a gerao.

    3.5 A Disperso Completa Ocorreu, assim, a chamada dispora ou disperso dos judeus por todo o mundo antigo. Tornaram-se a partir dali uma nao sem ptria ou territrio. Vale dizer que a populao de judeus existentes naqueles dias era de cerca de 6,5 milhes, e, destes, dois/teros j viviam fora da Palestina, desde o cativeiro Babilnico ocorrido em 587 a.C. Os judeus s puderam retornar Palestina novamente agora no ano de 1948, quando a ONU (Organizao das Naes Unidas) devolveu-lhes parte do seu territrio, uma vez que boa parte dele estava e

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    ainda continua sendo ocupada por muulmanos, os quais, no lugar do antigo templo de Jerusalm construram uma mesquita (templo islmico) para o culto a Al. Da, um dos atuais motivos dos permanentes conflitos entre judeus e muulmanos na disputa por territrios na chamada Terra Santa.

    4 - A LITERATURA JUDAICA

    4.5.1 O Talmude

    No hebraico, lomed, ou "estudar", "aprender". O substantivo tem o sentido de "discpulo". Os mestres estudam e transmitem o que sabem, e os estudantes tornam-se seus discpulos. O Grande Mestre foi Moiss, sendo que o Talmude e baseado principalmente no Pentateuco. O Talmude e um tipo de enciclopdia da tradio judaica, que age como um suplemento a Bblia. A obra resume mais de sete sculos de crescimento cultural e ideias. Suas origens orais remontam a poca do Canon bblico, e a obra no chegou a sua fase final ate o final do sculo V. Embora lide principalmente com a lei, particularmente interpretando e suplementando o Criador da Lei (Moiss), tambm trata de religio geral, tica, instituies sociais, histria, folclore e cincia. Foram desenvolvidos dois Talmudes, um em Israel, por volta de 400 d.C., e o outro na Babilnia, entre 500 d.C. e 600 d.C. O Talmude compilado na Palestina comenta as divises do Mishna, que se relaciona a uma variedade de assuntos como agricultura, pocas de apontamento, mulheres e famlia, lei e assuntos pessoais. O Talmude da Babilnia cobre as pocas de apontamento, mulheres e famlia, coisas sagradas e lei, mas omite a agricultura. Cerca de 90% do Talmude da Palestina enfatizam a exegese do Mishna (Mishnah). O Talmude da Babilnia compartilha muito desse material, mas auxiliam de uma forma considervel comentrios da Bblia. Ambos incluem comentrios especiais sobre palavras e frases, os histricos bblicos do Mishna e contradies nos casos das questes bblicas que exigem explicao e harmonia. O palestino trata quase por inteiro de questes do Mishna, enquanto o babilnico adiciona muitas passagens da Escritura com comentrios. Ambos os Talmudes aceitam, sem questionamento, a autoridade da Tor como a palavra revelada de Deus atravs de Moiss, mas, medida que as ideias e a cultura avanam, novas interpretaes so necessrias para tornar vivo a Tor para cada gerao. Por exemplo: Dt. 24.1 falam da possibilidade de dissolver

    os laos do casamento, mas no entra em detalhes. Os Talmudes entram e detalhes com suas interpretaes e comentrios. medida que a sociedade judaica se desenvolvia, havia necessidade de fornecer regulamentaes para o comrcio, trabalho, Indstria, coisas com as quais a Tor no lidara o suficiente para estabelecer regras adequadas. Os Talmudes tentam compensar tais deficincias, sempre, presumivelmente aplicando a sabedoria de Moiss ao mximo possvel. Historicamente, a literatura do Talmude foi desenvolvia; em duas camadas, a mais antiga do Mishna, e a segundo Gemara. Havia visitas frequentes dos rabinos que representavam ambos: Talmudes, de forma que ha grande nvel de harmonia entre. As duas tradies. O Talmude, juntamente com outras criaes literrias da poca, frequentemente tem sido chamado de Tor Oral, pois houve um perodo de tempo considervel em que os materiais que existiam eram contidos apenas em tradio oral. At o final do sculo quinto D.C., as sociedades judaicas estavam em declnio tanto na Palestina como na Babilnia, e como resultado que a atividade de redao criativa do Talmude cessou. O Desenvolvimento em Duas Camadas a) O Misna (Mishnah) O Talmude teve um desenvolvimento histrico que envolveu duas camadas ou estgios distintos. O estagio mais antigo foi o Mishnah, que significa "repetir" ou "estudar". Primariamente, o Mishna foi produto da edio acadmica do rabino de Jud e de seus discpulos que estavam ativos no terceiro sculo D.C. na Palestina. 0 hebraico do texto era claro e lcido, e o prprio texto era organizado em seis sees principais que depois foram. Subdivididas em 63 tratados. Os tratados (ensaios) eram ento divididos em captulos e pargrafos. As Seis Sees. As sees so chamadas de Sedarim, isto , "ordens", pelo fato de que cada uma representa uma organizao ordenada de opinies, leis e comentrios sobre um assunto especifico: Zeraim, isto e, "sementes", que trata de agricultura. Anexado a ela esta um importante tratado (ensaio) sobre a orao, chamado de Beracote. Moed, isto e, "festivais", que trata de muitos festivais e dias sagrados judaicos, dos sbados e das celebraes e banquetes do calendrio judeu. Nashim, isto e, "mulheres", que trata do casamento, do divorcio e da vida familiar. Neziquim, isto e, "ferimentos", que trata da lei civil e criminal. Kodashim, ou "coisas sagradas", que discute os sacrifcios e os cultos do templo. Taharote, isto e, "limpeza", que trata de questes de pureza ritual. Os tratamentos so um tanto breves, o que exigiu, por fim, revises e adies. Assim, foi criado um

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    suplemento, ou segunda camada, chamado de Gemara. B) O Gemara Esta palavra deriva do termo aramaico gemar, que significa "estudar", "ensinar". O Gemara existe em duas verses, ambas escritas nos vernculos correntes. Respectivamente, entre os judeus da Palestina e da Babilnia, resultando, assim, nas designaes de Talmude Palestino e Talmude Babilnico. A comunidade de estudiosos judeus da Palestina, a longo prazo, foi desafiada, mas no ultrapassada pela sua contraparte da Babilnia, e ambas se tornaram importantes centros do aprendizado e produo literria dos judeus. A Babilnia, finalmente, ultrapassou a sua "me" (Palestina). De qualquer modo, houve contato continuo entre os dois lados para harmonizar o trabalho que estava sendo realizado. Nem todos os 63 tratados (ensaios) tem tratamento com suplementos no Gemara. O Gemara palestino, tambm chamado de Yerushalmi (Jerusalm) suplementa 39 dos tratados. O Gemara da Babilnia, embora lidando apenas com 36,5 dos tratados, e o trabalho mais volumoso, sendo cerca de trs vezes maior do que o palestino. Unindo-se o Mishna e o Gemara originais, obtm o Talmude.

    4.5.2 Targum Targum e a palavra hebraica que significa traduo, mas na pratica tradues, parfrases e comentrios do Antigo Testamento tm sido assim chamados. Aplicando o sentido amplo do termo, o mais importante dos Targuns foi a Septuaginta ou a verso grega da Bblia hebraica. Os Targuns tinham o objetivo de beneficiar no exlio os judeus que haviam esquecido o hebraico ou que tinham pouca habilidade com ele. Este foi certamente o caso da Septuaginta que serviu aos judeus da Dispora. Mas essas tradues tambm eram muitas vezes parfrases e comentrios daquele texto iluminado, no meramente tradues. Os primeiros Targuns estavam em aramaico. Ento veio a poderosa Septuaginta, (traduo dos Setenta que era assim chamada, pois, presumivelmente, era o trabalho de setenta estudiosos judeus da Alexandria). Outro Targum grego foi o de quila do segundo sculo A.C. Ele foi um proslito da f hebraica que nutria grande interesse na Bblia hebraica e queria compartilhar dela com o povo que falava grego. Em um momento posterior, sua traduo foi vertida para o aramaico e tornou-se, por um perodo, o texto oficial na Babilnia. Mais tarde o trabalho dele tambm foi empregado na Palestina para ajudar aqueles que conheciam pouco hebraico clssico para compreender sua prpria Bblia. Essa traduo foi o Targum Onkelos. Targuns e Varias pores das Escrituras

    Do Pentateuco. O Targum de Onkelos era o mais conhecido dos Targuns daquela parte das Escrituras. Originrio da Palestina copia dele foram levadas a Babilnia. E mais literal (mais prximo ao hebraico) do que os Targuns que o seguiram. O trabalho contm, contudo, algumas ideias distintas e comentrios que promovem a interpretao messinica de Gen. 49.10 e Num. 24.17 e existe em numero relativamente grande de cpias. Dos Profetas. O melhor desses e aquele atribudo a Jonatas Ben Uziel, estudante do famoso rabino Hilel. Depois houve aquele chamado de Pseudo-Jonatas, que tambm continha o Pentateuco. Esse trabalho posterior fornece uma interpretao messinica das passagens do Servo do Senhor de Isa. 52.13 - 53.12, mas declaraes que se referem a seu sofrimento so excludas, ou se faz com que elas se relacionem a Israel, no a seu Messias (o prprio Servo). Da Hagiografia. O termo Hagiografia (do grego, para escritos sagrados) aplica-se a terceira seo do Antigo Testamento, sendo a primeira a lei, e a segunda os profetas. A terceira seo inclui o seguinte: Salmos, Provrbios, J, Cantares, Rute, Lamentaes, Eclesiastes, Ester, Daniel, Esdras, Neemias e I e II Crnicas, totalizando 13 livros. Os Targuns que tratam desses livros so um tanto recentes, mas alguns deles, ou partes deles, podem remeter a outros mais antigos que agora esto perdidos. O Talmude refere- se a um Targum sobre J que no existe hoje. Parece ter surgido durante o primeiro sculo A.C. Um fragmento de tal Targum (no necessariamente aquele mencionado pelo Talmude) estava entre os manuscritos descobertos em Qumran. Usos dos Os textos dos Targuns muitas vezes so livres demais para ser de uso para critica textual. Isto e, eles no podem ser usados com muita frequncia para ajudar a determinar as leituras originais da Bblia hebraica. So uteis, contudo, para compreender a interpretao da Bblia hebraica pelos rabinos que, atravs do sculo, ensinavam isso, embora contenham alguns erros histricos e anacronismos, s vezes os Targuns do informaes valiosas sobre os significados de antigas palavras hebraicas que de outra forma poderiam ter continuado desconhecidas a ns.

    4.5.3 A Halach A Halach o corpo de leis que tem guiado a vida judaica em todo o mundo desde os tempos ps-bblicos. Ela trata das obrigaes religiosas dos judeus, tanto em suas relaes interpessoais quanto em suas observncias rituais, abrangendo praticamente todos os aspectos do comportamento humano - nascimento e casamento, alegria e tristeza, agricultura e comrcio, tica e teologia. Enraizada na Bblia, a autoridade da Halach baseada no Talmud, o corpo de leis e saber judaicos (completado c.400 E.C.), que compreende a Mishn, primeira compilao escrita da Lei Oral (codificada c.210 E.C.) e a Guemar, uma elaborao da Mishn. A fim de oferecer orientao na observncia da Halach, compilaes concisas e sistematicamente

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    ordenadas foram redigidas por eruditos religiosos, a partir dos sculos I e II. Uma das mais autorizadas destas codificaes o Shulchan Aruch, escrito por Joseph Caro em Safed (Tzfat) no sculo XVI.

    5. DOMINAO PS-ROMANA

    5.1 O Domnio Bizantino (313-636)

    No final do sculo IV, aps a converso do imperador Constantino ao cristianismo (313) e a fundao do Imprio Bizantino, a Terra de Israel se tornara um pas predominantemente cristo. Foram construdas igrejas nos lugares santos cristos de Jerusalm, Belm e da Galilia, e fundaram-se mosteiros em vrias partes do pas. Os judeus estavam privados de sua relativa autonomia anterior, assim como do direito de ocupar postos pblicos; tambm lhes era proibida a entrada em Jerusalm, com exceo de um dia por ano (Tish beAv - dia 9 de Av), quando podiam prantear a destruio do Templo. A invaso persa de 614 contou com o auxlio dos judeus, animados pela esperana messinica da libertao. Em gratido por sua ajuda, eles receberam o governo de Jerusalm; esse interldio, porm, durou apenas trs anos. Subsequentemente, o exrcito bizantino recuperou o domnio da cidade (629), e os habitantes judeus foram novamente expulsos.

    5.2 O Domnio rabe (636-1099)

    A conquista do pas pelos rabes ocorreu quatro anos aps a morte do profeta Maom (632) e durou mais de quatro sculos, sob o governo de califas estabelecidos primeiramente em Damasco, depois em Bagd e no Egito. No incio do domnio muulmano, os judeus novamente se instalaram em Jerusalm, e a comunidade judaica recebeu o costumeiro status de proteo concedido aos no muulmanos sob domnio islmico, que lhes garantia a vida, as propriedades e a liberdade de culto, em troca do pagamento de taxas especiais e impostos territoriais. Contudo, a introduo subsequente de restries contra os no muulmanos (717) afetou a vida pblica dos judeus, assim como sua observncia religiosa e seu status legal. A imposio de pesados impostos sobre as terras agrcolas levou muitos judeus a mudar-se das reas rurais para as cidades, onde sua situao pouco melhorou; a crescente discriminao social e econmica forou muitos

    outros a abandonar o pas. Pelo final do sculo XI, a comunidade judaica da Terra de Israel havia diminudo consideravelmente, tendo perdido tambm parte de sua coeso organizacional e religiosa.

    5.3 Os Cruzados (1099-1291)

    Nos 200 anos seguintes, o pas foi dominado pelos cruzados que, atendendo a um apelo do Papa Urbano II, partiram da Europa para recuperar a Terra Santa das mos dos "infiis". Em julho de 1099, aps um cerco de cinco semanas, os cavaleiros da Primeira Cruzada e seu exrcito de plebeus capturaram Jerusalm, massacrando a maioria de seus habitantes no cristos. Entrincheirados em suas sinagogas, os judeus defenderam seu quarteiro, mas foram queimados vivos ou vendidos como escravos. Nas poucas dcadas que se sucederam, os cruzados estenderam seu poder sobre o restante do pas, em parte atravs de tratados e acordos, mas, sobretudo em consequncia de sangrentas conquistas militares. O Reino Latino dos Cruzados constitua-se de uma minoria conquistadora, confinada em cidades e castelos fortificados. Quando os cruzados abriram as rotas de transporte da Europa, a peregrinao Terra Santa tornou-se popular; ao mesmo tempo, um crescente nmero de judeus procurava retornar sua ptria. Documentos da poca revelam que um grupo de 300 rabinos da Frana e Inglaterra chegou ao pas, instalando-se em Acre (Aco) e em Jerusalm. Aps a derrota dos cruzados pelo exrcito muulmano de Saladino (1187), os judeus passaram a gozar novamente de uma certa dose de liberdade, inclusive o direito de viver em Jerusalm. Embora os cruzados conseguissem ainda manter sua presena no pas aps a morte de Saladino (1193), ela se limitava a uma rede de castelos fortificados. O domnio cruzado sobre o pas chegou ao fim com a derrota final frente aos mamelucos (1291), uma casta militar muulmana que conquistara o poder no Egito.

    5.4 O Domnio Mameluco (1291-1516)

    Sob o domnio mameluco, o pas tornou-se uma provncia atrasada, cuja sede de governo era em Damasco. Acre, Jafa (Iafo) e outros portos foram destrudos por temor a novas cruzadas, e o comrcio, tanto martimo quanto terrestre, foi interrompido. No final da Idade Mdia, os centros urbanos do pas estavam virtualmente em runas, a maior parte de Jerusalm estava abandonada e a pequena comunidade judaica vivia mngua. O perodo de decadncia sob os mamelucos foi obscurecido ainda

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    por revoltas polticas e econmicas, epidemias, devastao por gafanhotos e terrveis terremotos. O Exlio e as perseguies anti-judaicas sob o domnio de diversos povos, culturas e religies, os judeus exilados no encontraram jamais um clima de liberdade plena. Ora aceitos, ora hostilizados sob as mais diversas acusaes e pretextos, os judeus sobreviveram s perseguies morais e violentas em torno de sua religio e de sua cultura particular. Na Pennsula Arbica do sculo VII onde provavelmente chegaram aps a destruio do Segundo Templo, os judeus viram-se envolvidos nas lutas entre Maom e os habitantes de Meca. Em 1066 ocorre o Massacre de Granada e entre os sculos XII e XV os judeus so expulsos do Norte da Europa, dominada pelos cristos. Os grandes massacres de judeus se sucederam em diversos pases: Alemanha, Inglaterra (1290), Frana (1306 e 1394) e Espanha (1391), culminando na expulso de 1492 e no grande massacre de Lisboa em 1506. Os judeus passam a habitar a Europa Oriental. Com o fim da Idade Mdia e o Iluminismo as perseguies diminuem, embora prossigam. Durante a Era Moderna, os judeus da Rssia e de toda a regio Leste da Europa so constantemente perseguidos e massacrados sob os mais diversos pretextos e acusaes. Em meados do sculo XIX os pogroms foram as ondas de imigrao judaica para a Amrica e fomentam o surgimento dos primeiros movimentos sionistas.

    5.5 O Domnio Otomano (1517-1917)

    Aps a conquista otomana, em 1517, o pas foi divididos em quatro distritos, ligados administrativamente provncia de Damasco, sede do governo era em Istambul. No comeo da era otomana, cerca de 1000 famlias judias viviam na Terra de Israel, em Jerusalm, Nablus (Sichem), Hebron, Gaza, Safed (Tzfat) e algumas aldeias da Galilia. A comunidade se compunha de descendentes de judeus que nunca haviam deixado o pas, e de imigrantes da frica do Norte e da Europa. Um governo eficiente, at a morte do sulto Suleiman, o Magnfico (1566), trouxe melhorias e estimulou a imigrao judaica. Alguns dos recm-chegados se estabeleceram em Jerusalm, mas a maioria se dirigiu a Safed onde, nos meados do sculo XVI, a populao judaica chegava a 10.000 pessoas; a cidade se tornara um prspero centro txtil, e foco de intensa atividade intelectual. O estudo da Cabala (o misticismo judaico) floresceu durante este perodo, e novos esclarecimentos da lei judaica, codificados no Shulchan Aruch, espalharam-se por toda a Dispora, desde as casas de estudo de Safed. proporo que o governo otomano declinava e perdia sua eficincia, o pas foi caindo de novo em

    estado de abandono geral. No final do sculo XVIII, a maior parte das terras pertencia a proprietrios ausentes, que as arrendavam a agricultores empobrecidos pelos impostos, elevados e arbitrrios. As grandes florestas da Galilia e do monte Carmelo estavam desnudas; pntanos e desertos invadiam as terras produtivas. O sculo XIX testemunhou os primeiros sinais de que o atraso medieval cedia lugar ao progresso. Vrias potncias ocidentais procuravam alcanar posies na regio, frequentemente atravs de atividades missionrias. Eruditos ingleses, franceses e americanos iniciavam estudos de arqueologia bblica; a Inglaterra, a Frana, a Rssia, a ustria e os Estados Unidos abriram consulados em Jerusalm. Foram inauguradas rotas martimas regulares entre a Terra de Israel e a Europa, instaladas conexes postais e telegrficas e construda a primeira estrada, entre Jerusalm e Iafo. O renascimento do pas como a encruzilhada comercial de trs continentes acelerou-se com a abertura do Canal de Suez. Consequentemente, a situao dos judeus do pas foi melhorando, e a populao judaica aumentou consideravelmente. Em meados do sculo, a superpopulao dentro das muralhas de Jerusalm levou os judeus a construir o primeiro bairro fora dos muros (1860) e, durante os vinte e cinco anos seguintes, mais outros sete, formando o ncleo da Cidade Nova. Por volta de 1880, os judeus j constituam a maioria da populao de Jerusalm. Terras agrcolas eram compradas em todo o pas; novas colnias rurais se estabeleciam; e o hebraico, durante muitos sculos restritos liturgia e literatura, era revivido. O cenrio estava pronto para a criao do movimento sionista. Sionismo - o movimento de libertao nacional do povo judeu - uma palavra derivada de 'Sion', o sinnimo tradicional de Jerusalm e da Terra de Israel. O ideal do sionismo - a redeno do povo judeu em sua ptria ancestral - est enraizado na contnua espera pelo retorno e na profunda ligao Terra de Israel, que foi sempre parte inerente da existncia judaica na Dispora atravs dos sculos. O sionismo poltico surgiu em consequncia da contnua opresso e perseguio dos judeus na Europa Oriental e da desiluso com a emancipao na Europa Ocidental, que no pusera fim discriminao nem levara integrao dos judeus nas sociedades locais. Sua expresso formal foi o estabelecimento da Organizao Sionista (1897), durante o Primeiro Congresso Sionista, reunido por Teodoro Herzl em Basilia, na Sua. O programa do movimento sionista continha elementos ideolgicos e prticos para a promoo do retorno dos judeus sua terra, do renascimento social, cultural, econmico e poltico da vida nacional judaica, procurando tambm alcanar o reconhecimento internacional para o lar nacional do povo judeu em sua ptria histrica, onde os judeus no fossem perseguidos e pudessem desenvolver suas vidas e identidade.

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    5.6 O Domnio Britnico (1918-1948)

    Em julho de 1922, a Liga das Naes confiou Gr-Bretanha o Mandato sobre a Palestina (nome pelo qual o pas era designado na poca). Reconhecendo "a ligao histrica do povo judeu com a Palestina", recomendava que a Gr-Bretanha facilitasse o estabelecimento de um lar nacional judaico na Palestina-Eretz Israel (Terra de Israel). Dois meses depois, em setembro de 1922, o Conselho da Liga das Naes e a Gr-Bretanha decidiram que as estipulaes destinadas ao estabelecimento deste lar nacional judaico no seriam aplicadas regio situada a leste do Rio Jordo, cuja rea constitua os trs quartos do territrio do Mandato - e que mais tarde tornou-se o Reino Hashemita da Jordnia.

    6. A RECONSTRUO DO ESTADO DE

    ISRAEL

    6.1 Imigrao Motivadas pelo sionismo e encorajadas pela "simpatia para com as aspiraes sionistas dos judeus", expressas pela Inglaterra, atravs do Ministro de Relaes Exteriores Lord Balfour (1917), chegaram ao pas, entre 1919 e 1939, sucessivas levas de imigrantes, cada uma das quais trouxe sua contribuio especfica ao desenvolvimento da comunidade judaica. Cerca de 35.000 judeus chegaram entre 1919 e 1923, sobretudo da Rssia, e tiveram influncia marcante sobre o carter e a organizao da sociedade nos anos seguintes. Estes pioneiros lanaram os fundamentos de uma infraestrutura social e econmica abrangente, desenvolveram a agricultura, estabeleceram formas de assentamento rural comunal singulares - o kibutz e o moshav - e forneceram a mo de obra para a construo de moradias e estradas. A onda seguinte, entre 1924 e 1932, trouxe uns 60.000 judeus, sobretudo da Polnia, e contribuiu para o desenvolvimento e enriquecimento da vida urbana. Estes imigrantes se estabeleceram principalmente em Tel Aviv, Haifa e Jerusalm, onde criaram pequenos negcios, firmas de construo e indstrias leves. A ltima grande onda imigratria anterior 2a Guerra Mundial ocorreu na dcada de 30, aps a ascenso de Hitler ao poder, e comps-se de cerca de 165.000 pessoas. Estes recm-chegados, muitos dos quais eram profissionais e acadmicos, representaram o primeiro grande influxo proveniente da Europa Central e Ocidental. Por sua educao, habilidades e

    experincia, eles elevaram os padres comerciais, refinaram as condies urbanas e rurais e ampliaram a vida cultural da comunidade.

    6.2 Administrao As autoridades mandatrias britnicas concederam s comunidades judaica e rabe o direito de gerirem seus prprios assuntos internos. Utilizando-se deste direito, a comunidade judaica, conhecida como o ishuv, elegeu em 1920 um rgo governamental autnomo, baseado em representao partidria, que se reunia anualmente para avaliao das atividades e a eleio do Conselho Nacional (Vaad Leumi), responsvel pela implementao de sua poltica e programas. Este conselho desenvolveu e manteve uma rede nacional de servios educacionais, religiosos, sociais e de sade, financiada por recursos locais e por fundos angariados pelo judasmo mundial. Em 1922, conforme estipulado pelo Mandato, foi constituda a "Agncia Judaica", para representar o povo judeu diante das autoridades britnicas, governos estrangeiros e organizaes internacionais.

    6.3 Desenvolvimento Econmico Durante as trs dcadas do mandato, a agricultura expandiu-se, foram criadas fbricas e construram-se estradas; as guas do Rio Jordo foram represadas para a produo de energia eltrica; e o potencial mineral do Mar Morto passou a ser explorado. Em 1920 foi fundada a Histadrut (Federao Geral de Trabalhadores), para promover o bem-estar dos trabalhadores e criar empregos, atravs do estabelecimento de empresas de propriedade cooperativa no setor industrial, assim como de servios de comercializao para as colnias agrcolas comunais.

    6.4 Cultura Aos poucos, ia surgindo uma vida cultural especfica da comunidade judaica na Terra de Israel. A arte, a msica e a dana desenvolveram-se gradualmente, com o estabelecimento de escolas profissionais e estdios. Criaram-se galerias e salas de espetculos onde se apresentavam exposies e espetculos, frequentadas por um pblico exigente. A estreia de uma nova pea, o lanamento de um novo livro ou a retrospectiva de um pintor local eram comentados pela imprensa e tornavam-se o tema de animadas discusses nos cafs e reunies sociais.

    6.5 O hebraico Foi reconhecido como uma das trs lnguas oficiais do pas, ao lado do ingls e rabe, e era usado em documentos, moedas e selos, assim como nas

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    transmisses radiofnicas. A atividade editorial proliferou, e o pas tornou-se o centro mundial da atividade literria em hebraico. Teatros de vrios gneros abriam suas portas a audincias entusisticas, e apareceram as primeiras peas originais hebraicas.

    6.6 Oposio rabe e Restries Britnicas

    O renascimento nacional judaico e os esforos da comunidade por reconstruir o pas encontraram forte oposio por parte dos nacionalistas rabes. Seu ressentimento explodiu em perodos de intensa violncia (1920, 1921, 1929, 1936-39), quando os transportes judeus eram molestados, campos e florestas incendiadas e a populao judaica era atacada sem motivo. As tentativas do movimento sionista de chegar a um dilogo com os rabes foram infrutferas, e o nacionalismo rabe e judeu se polarizaram em situao explosiva. Reconhecendo os objetivos opostos dos dois movimentos nacionais, a Gr-Bretanha recomendou (1937) que o pas fosse dividido em dois estados, um rabe e um judeu. A liderana judaica aceitou a ideia da partilha e encarregou a Agncia Judaica de negociar com o governo britnico, num esforo de reformular alguns aspectos da proposta. Os rabes eram absolutamente contra qualquer plano de partilha.

    6.7 Os movimentos clandestinos Trs movimentos clandestinos judeus operaram durante o perodo do Mandato Britnico. O maior era a Hagan, fundado em 1920 pela comunidade judaica como milcia de autodefesa para garantir a segurana da populao judaica. A partir dos meados da dcada de 30, ela tambm passou a retaliar os ataques rabes e a responder s restries britnicas contra a imigrao judaica com demonstraes de massa e atos de sabotagem. O Etzel, criado em 1931, rejeitou as restries auto-impostas pela Hagan e iniciou aes independentes contra objetivos rabes e ingleses. O menor e mais militante dos grupos, o Lechi, surgiu em 1940, e sua linha era, sobretudo anti-britnica. Os trs grupos foram dissolvidos em maio de 1948, com a criao das Foras de Defesa de Israel. Atos de violncia contnuos e em grande escala levaram a Gr-Bretanha a publicar o Livro Branco (maio de 1939), que impunha drsticas restries imigrao judaica, embora tal restrio significasse negar ao judasmo europeu um refgio perseguio nazista. O incio da 2a Guerra Mundial, pouco depois, levou David Ben-Gurion, mais tarde o primeiro chefe de governo israelense, a declarar: "Lutaremos na guerra como se no houvera o Livro Branco, e combateremos o Livro Branco como se no houvesse guerra..

    6.8 Voluntrios judeus na 2a Guerra Mundial

    - Mais de 26.000 homens e mulheres da comunidade judaica do pas uniram-se s foras britnicas como voluntrios no combate Alemanha nazista e seus aliados do Eixo, servindo no exrcito, marinha e aeronutica. Em setembro de 1944, depois de prolongados esforos da Agncia Judaica no pas e do movimento sionista no exterior pelo reconhecimento da participao dos judeus da Palestina no esforo de guerra, foi constituda a Brigada Judaica, unidade militar independente das foras britnicas, com bandeira e emblema prprios. Formada por cerca de 5.000 homens, a Brigada atuou no Egito, no norte da Itlia e no noroeste da Europa. Aps a vitria dos aliados na Europa (1945), muitos de seus membros uniram-se ao movimento de "imigrao ilegal", para trazer sobreviventes do Holocausto Terra de Israel.

    6.9 O Holocausto Durante a 2a Guerra Mundial (1939-1945), o regime nazista executou, deliberada e sistematicamente, seu plano-mestre de liquidao da comunidade judaica da Europa; durante este perodo foram assassinados 6 milhes de judeus, entre os quais 1,5 milho de crianas. proporo que as tropas nazistas varriam a Europa, os judeus eram perseguidos selvagemente, submetidos a torturas e humilhaes inconcebveis e fechados em guetos, onde tentativas de resistncia armada trouxeram em consequncia medidas ainda mais drsticas. Dos guetos eles eram transportados aos campos de concentrao onde alguns afortunados eram submetidos a trabalhos forados, e a maioria era assassinada em fuzilamentos em massa ou nas cmaras de gs. Somente uns poucos escaparam. Alguns fugiram para outros pases, outros se uniram aos partisanos e alguns foram escondidos por no judeus, que o fizeram arriscando suas prprias vidas. Em consequncia, de uma populao de quase 9 milhes, que constitura no passado a maior e mais vibrante comunidade judaica do mundo, sobreviveu apenas um tero, incluindo aqueles que haviam deixado a Europa antes da guerra. Aps a guerra, os britnicos intensificaram suas restries ao nmero de judeus que tinham permisso de entrar e se estabelecer no pas. A comunidade judaica reagiu, instituindo uma ampla rede de atividades de "imigrao ilegal", para salvar os sobreviventes do Holocausto. Entre 1945 e 1948, cerca de 85.000 judeus ingressaram no pas, atravs de rotas secretas e muitas vezes perigosas, apesar do bloqueio naval britnico e do patrulhamento nas fronteiras para interceptar os refugiados antes que eles chegassem ao pas. Os que eram capturados eram internados em campos de deteno na ilha de Chipre. O Exlio e as perseguies anti-judaicas Sob o domnio de diversos povos, culturas e religies, os judeus exilados no encontraram jamais um clima de liberdade plena. Ora aceitos, ora hostilizados sob

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    as mais diversas acusaes e pretextos, os judeus sobreviveram s perseguies morais e violentas em torno de sua religio e de sua cultura particular. Em 1066 ocorre o Massacre de Granada e entre os sculos XII e XV os judeus so expulsos do Norte da Europa, dominada pelos cristos. Os grandes massacres de judeus se sucederam em diversos pases: Alemanha, Inglaterra (1290), Frana (1306 e 1394) e Espanha (1391), culminando na expulso de 1492 e no grande massacre de Lisboa em 1506. Os judeus passam a habitar a Europa Oriental. Com o fim da Idade Mdia e o Iluminismo as perseguies diminuem, embora prossigam. Durante a Era Moderna, os judeus da Rssia e de toda a regio Leste da Europa so constantemente perseguidos e massacrados sob os mais diversos pretextos e acusaes. Em meados do sculo XIX os pogroms foram as ondas de imigrao judaica para a Amrica e fomentam o surgimento dos primeiros movimentos sionistas.

    7 - O MOVIMENTO

    SIONISTA O sionismo (de Sion, colina da antiga Jerusalm), surgiu na Europa em meados do sculo XIX. Inicialmente de carter religioso, o sionismo pregava a volta dos judeus Terra de Israel, como forma de estreitar os laos culturais do povo judeu em torno de sua religio e da cultura de seus ancestrais. Precedentes Sionistas Entre os sculos XIII e XIX o nmero de judeus que fizeram ali (literalmente ascenso - o ato de um judeu imigrar para a Terra Santa) foi constante e crescente, estimulado por peridicos surgimentos de crenas messinicas e de perseguies anti-judaicas. Estas perseguies tinham quase sempre um carter religioso. Vrios estados atacaram e expulsaram os judeus de seus territrios, sob acusaes que variavam entre o deicdio (a suposta culpa dos judeus pela morte de Jesus) e lendas sobre envenenamento de poos, uso de sangue. de crianas crists em rituais judaicos (Libelo de Sangue) e de heresia. Os judeus da Inglaterra foram expulsos em 1290, da Frana em 1391, da ustria (1421) e da Espanha (Decreto de Alhambra), em 1492. Os judeus que retornaram Palestina estabeleceram-se principalmente em Jerusalm, mas tambm desenvolveram significativos centros religiosos em cidades mais distantes. A partir do sculo XV a cidade de Safed se tornaria o mais importante local de reunio de cabalistas. Mas foi durante a primeira metade do sculo XIX que a migrao judaica para a Palestina sofreu o seu

    maior incremento em quase vinte sculos. Os judeus j eram a maioria da populao de Jerusalm no ano de 1844, convivendo com muulmanos, cristos, armnios, gregos e outras minorias, sob o domnio turco-otomano. A estes migrantes religiosos vieram se juntar os primeiros migrantes seculares a partir da segunda metade do sculo. Eram em geral judeus da Europa Central e adeptos de ideologias socialistas. O primeiro kibutz estabelecido na Palestina foi a colnia de Mikveh Israel Esperana de Israel em hebraico), fundado em 1870 pela Alliance Israelite Universelle, seguido pela colnia de Petah Tikva (1878), Rishon LeTzion (1882), e outras comunidades agrnomas fundadas por organizaes como a Bilu e Hovevei Zion. O Sionismo Poltico Em 1895, na Frana, um militar judeu foi acusado de fornecer informaes secretas para os alemes. O capito Alfred Dreyfus foi julgado e condenado aps um julgamento que se tornou clebre e mobilizou a opinio pblica mundial, j que a ausncia de provas que comprovassem seu suposto crime evidenciavam o carter anti-judaico do processo. Um jornalista hngaro de origem judaica, Theodor Herzl, estava em Paris cobrindo o Caso Dreyfuss para o jornal Neue Freie Presse, quando percebeu que as perseguies contra judeus s teriam fim quando estes reconquistassem sua autonomia nacional. No mesmo ano, Herzl publica em Viena o livro "O Estado Judeu", onde expunha a sua concepo de uma nao judaica. O sionismo moderno aos poucos arrebatou e convenceu a maioria dos judeus de todo o mundo. Comearam as imigraes judaicas para a provncia palestina, onde estes pioneiros adquiriam terras dos rabes e estabeleciam colnias e fazendas coletivas (Kibutzim). A escolha da causa sionista pelo territrio da ento provncia palestina derivava de todo o significado cultural e histrico que a antiga Israel bblica possua para o povo judeu. Herzl e os sionistas defendiam a criao de um estado judaico em todo o territrio original de Israel, o que incluiria hoje a atual Jordnia, embora propostas de cesso de territrios na Patagnia, no Chipre e em Uganda tenham sido estudadas. Nascimento do moderno Estado de Israel Aps o trmino da Primeira Guerra Mundial e a queda do Imprio Turco-Otomano, a antiga provncia da Palestina passou a ser administrada pela Gr-Bretanha. Atendendo s solicitaes dos sionistas, os ingleses promulgaram em 1917 a Declarao Balfour, onde a Gr-Bretanha se comprometia a ajudar a construir um "lar judaico" na Palestina, com a garantia de que este no colocasse em causa os direitos polticos e religiosos das populaes no judaicas. Com a reao violenta dos rabes a partir da dcada de 1920, os ingleses tentaram regredir na sua promessa, implementando polticas de restrio imigrao de judeus.

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    A ascenso do Nazismo inicia uma perseguio anti-judaica sem precedentes. Os judeus da Europa comeam a ser perseguidos e por fim aprisionados e massacrados, na grande tragdia humana a que se denominou Holocausto. Na Palestina, nacionalistas rabes foram insuflados a no aceitar a migrao de judeus. Muhammad Amin al-Husayni, Gro-Mufti de Jerusalm (mxima autoridade religiosa muulmana) se alia aos nazistas e promove perseguies anti-judaicas.

    8. CRIAO DO

    ESTADO DE ISRAEL

    8.1 O Caminho Para a Independncia

    A inabilidade da Gr-Bretanha em conciliar as exigncias opostas das comunidades judaica e rabe levou o governo ingls a requerer que a "Questo da Palestina" fosse inscrita na agenda da Assembleia Geral das Naes Unidas (abril de 1947). Em consequncia, foi constitudo um comit especial para preparar propostas relativas ao futuro do pas. Em 29 de novembro de 1947, a Assembleia votou pela adoo da recomendao do comit propondo a partilha do pas em dois estados, um judeu e outro rabe. A comunidade judaica aceitou o plano; os rabes o rejeitaram. Aps a deciso da ONU, os militantes rabes locais, ajudados por foras voluntrias irregulares dos pases rabes, desfecharam violentos ataques contra a comunidade judaica, num esforo por frustrar a resoluo da partilha e impedir o estabelecimento do estado judeu. Aps vrios revezes, as organizaes de defesa judaicas expulsaram a maior parte das foras atacantes, tomando posse de toda a rea que tinha sido destinada ao estado judeu. Em 14 de maio de 1948, data em que o Mandato Britnico terminou, a populao judaica na Terra de Israel era de 650.000 pessoas, formando uma comunidade organizada, com instituies polticas, sociais e econmicas bem desenvolvidas - de fato, uma nao em todos os sentidos, e um estado ao qual s faltava o nome.

    8.2 O Estado de Israel ...E a salvao [est] no grande nmero de conselheiros. (Provrbios 11:14) A Declarao do Estabelecimento do Estado de Israel, assinada em 14 de maio de 1948 pelos membros do Conselho Nacional, representantes da comunidade judaica no pas e do movimento sionista mundial, constitui o credo da nao. Ela inclui referncias aos imperativos histricos do

    renascimento de Israel; as diretrizes de um estado judeu democrtico, baseado em liberdade, justia e paz, conforme a viso dos profetas bblicos; e um apelo por relaes pacficas com os estados rabes vizinhos, para o benefcio de toda a regio.

    8.2.1 O texto da Declarao:

    Eretz Israel (a Terra de Israel) foi terra natal do povo judeu. Aqui tomou forma sua identidade espiritual, religiosa e poltica. Foi aqui que, pela primeira vez, os judeus se constituram em estado, criaram valores culturais de significao nacional e universal e deram ao mundo o eterno Livro dos Livros. ....os judeus se empenharam, de gerao em gerao, no ideal de se restabelecerem em sua antiga ptria... fizeram florescer os desertos, reviveram a lngua hebraica, construram cidades e povoados e criaram uma comunidade prspera, controlando sua prpria economia e cultura, procurando a paz, mas sabendo como se defender... O Estado de Israel estar aberto imigrao judaica fomentar o desenvolvimento do pas em benefcio de todos os seus habitantes; basear-se- nos princpios de liberdade, justia e paz, conforme concebido pelos profetas de Israel; assegurar completa igualdade de direitos sociais e polticos a todos os seus habitantes, sem distino de religio, raa ou sexo; garantir a liberdade de culto, conscincia, lngua, educao e cultura, proteger os Lugares Santos de todas as religies; e se manter fiel aos princpios da Carta das Naes Unidas. Estendemos nossa mo a todos os estados vizinhos e a seus povos, com o propsito de paz e boa vizinhana, na esperana do estabelecimento de laos de cooperao e ajuda mtua com o povo judeu soberano estabelecido em sua prpria terra.

    8.2.2 A Bandeira do Estado de Israel

    A bandeira do Estado de Israel inspirada no desenho do xale de oraes judaico (talit), com uma Estrela de David (Maguen David) azul.

    8.2.3 A Menor O emblema oficial do Estado de Israel um candelabro (Menor), cuja forma teria sua origem na planta de sete galhos mori, conhecida desde a antiguidade. Os ramos de oliveira dos dois lados representam o anseio de Israel por paz. A Menor de ouro era um dos principais objetos de culto no Templo do Rei Salomo, em Jerusalm. Atravs dos tempos, ela tornou-se um smbolo da herana e tradio judaica, em sem nmero de lugares e com grande variedade de formas.

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    8.2.4 Hatikv - O Hino Nacional

    Enquanto no fundo do corao Palpitar uma alma judaica, E em direo ao Oriente O olhar voltar-se a Sion, Nossa esperana ainda no estar perdida, Esperana de dois mil anos: De ser um povo livre em nossa terra, A terra de Sion e Jerusalm.

    9. AS GUERRAS ISRAELENSES

    9.1 A Guerra De Independncia Com o fim da Primeira Guerra Mundial e a vitria sobre o imprio Otomano, os britnicos passaram a controlar a regio da Palestina ou Terra Santa. Na mesma poca, o movimento sionista ganha fora e, em 1917, divulgada a Declarao de Balfour, que defende a criao de um Estado judeu na regio. Aps uma srie de conflitos entre rabes, judeus e ingleses, as Naes Unidas aprovam -com forte apoio norte-americano- a criao de um Estado judeu e o fim do mandato dos britnicos na regio marcado para 14 de maio de 1948. No mesmo dia, os dois principais lderes judeus, Chaim Weizmann (principal figura da Organizao Sionista Mundial) e David Ben-Gurion anunciam a Declarao de Independncia do Estado de Israel. Os regimes rabes no aceitaram a criao de Israel como proposto pela ONU os judeus, que eram minoria da populao da regio, controlavam praticamente todo o territrio. Os principais lderes da regio se uniram em uma guerra contra o novo pas com o objetivo de destru-lo. A Guerra de 1948-49 foi a primeira de muitas que Israel viria a enfrentar. Mas os rabes, que comearam a guerra com certa vantagem, no atingiram seu objetivo. Com apoio norte-americano, os israelenses conseguiram conter a invaso de seus vizinhos e ainda conquistaram territrios ao norte e, principalmente, ao sul. Esta primeira guerra criou um dos mais complicados problemas para a paz na regio: um imenso nmero de palestinos refugiados. J na poca eles eram mais de 300 mil. Os palestinos, rabes que viviam na regio antes da criao do Estado de Israel, ficaram sem uma nao. Muitos fugiram para o Lbano, ao norte, para Gaza, ao sul, ou para a Jordnia, a leste, regio hoje conhecida como Margem Ocidental. Em 14 de maio de 1948, uma resoluo da ONU dividiu o territrio da Palestina entre rabes e judeus,

    criando o Estado de Israel. Todos os regimes rabes da poca rejeitaram a criao de Israel, e prometeram destruir o novo Estado judeu. Era o comeo do conflito que j dura mais de 50 anos. Aps vrios anos de guerra, em 1967, Israel invadiu e tomou a Margem Ocidental (controlado pela Jordnia), incluindo a cidade de Jerusalm, as colinas de Gol (que pertenciam Sria), e a Faixa de Gaza (Egito). A bem-sucedida invaso, que durou apenas seis dias, criou uma enorme quantidade de refugiados palestinos, que viviam nas reas invadidas. A partir da dcada de 70 comearam a surgir importantes grupos terroristas, como o Hamas e o Hizbollah, que, segundo Israel, tm o financiamento e a colaborao de pases como Lbano, Ir e Sria. Com a finalidade de se proteger de ataques terroristas contra o norte de seu territrio, Israel invadiu o Lbano, para onde os grupos terroristas fugiram depois de terem sido expulsos pela Jordnia. Desde ento, as tropas israelenses ocupam uma faixa de 15 km no sul do pas. Em 1993, o ento primeiro-ministro israelense Yitzak Rabin (assassinado em 1995 por um extremista judeu) e o lder palestino, Iasser Arafat, fecharam o primeiro acordo que daria o controle da Margem Ocidental e da Faixa de Gaza aos palestinos. Conhecido como o Acordo de Oslo, a base para o processo de paz discutido entre Israel e a Autoridade Palestina. As conversas sobre o processo de paz foram interrompidas por Israel em 1997, aps a exploso de uma bomba em um mercado de Jerusalm que matou vrias pessoas. Em janeiro de 1998, o presidente norte-americano, Bill Clinton, recebeu na Casa Branca Iasser Arafat e Benjamim Netanyahu. Era o recomeo das conversas sobre o processo de paz entre palestinos e israelenses, que foram retomadas nesta semana em Camp David.

    9.2 Guerras rabes - Israelenses Crise de Suez 1956 - Em 1956, o presidente egpcio Gamal Abdel Nasser nacionaliza o canal e impede a passagem de navios israelenses, originando um conflito internacional. Com o apoio da Frana e do Reino Unido, tropas israelenses invadem o Egito em outubro de 1956. Apesar da derrota militar egpcia, a interveno da ONU e as presses dos EUA e da Unio Sovitica garantem o controle do Egito sobre o canal, com a obrigatoriedade de mant-lo aberto navegao mundial. Guerra dos Seis Dias 1967 - Conflito armado entre Israel e a frente rabe, formada por Egito, Jordnia e Sria, e apoiada pelo Iraque, Kuwait, Arbia Saudita, Arglia e Sudo. O crescimento das tenses rabe-israelenses, em meados de 1967, leva ambos os lados a mobiliza suas tropas. Sem esperar que a guerra chegue s suas fronteiras, os israelenses, fortemente armados pelos EUA, tomam a iniciativa do ataque. O pretexto a intensificao do terrorismo palestino no

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    pas e o bloqueio do Golfo de caba pelo Egito passagem vital para os navios de Israel. O plano traado pelo Estado-Maior israelense, chefiado pelo general Moshe Dayan (1915-1981), comea a ser posto em prtica s 8 horas da manh do dia 5 de junho de 1967, quando os caas israelenses atacam nove campos de pouso e aniquilam a fora area egpcia no cho. Ao mesmo tempo, foras blindadas israelenses investem contra a Faixa de Gaza e o norte do Sinai. A Jordnia abre fogo em Jerusalm e a Sria intervm no conflito. Mas, no terceiro dia de luta, o Sinai inteiro j est sob o controle de Israel. Nas prximas 72 horas, os israelenses impem uma derrota devastadora aos adversrios, controlando tambm a Cisjordnia, o setor oriental de Jerusalm e as Colinas de Gol, na Sria. A resoluo da ONU de devolver os territrios ocupados rejeitada por Israel. Como resultado da guerra, aumenta o nmero de refugiados palestinos na Jordnia e no Egito. Sria e Egito estreitam ainda mais as relaes com a URSS, renovam seu arsenal de blindados e avies, e conseguem a instalao de novos msseis perto do Canal de Suez. Em 1964 fundada no Cairo a Organizao para a Libertao da Palestina (OLP). Ao longo das duas dcadas anteriores houve ataques terroristas esparsos contra Israel apoiados por pases vizinhos. Com o acirramento das hostilidades e ante a iminncia de um ataque militar conjunto rabe, Israel ataca Egito, Sria e Jordnia em 5 de junho de 1962. O episdio, conhecido como Guerra dos Seis Dias, termina em 10 de junho com a vitria de Israel e a conquista do Sinai, da Faixa de Gaza, da Cisjordnia e das Colinas de Gol Jerusalm reunificada e Israel passa a ter acesso ao Muro das Lamentaes, local mais sagrado da religio judaica.

    Guerra do Yom Kippur 1973 Quarto conflito armado entre Israel e os pases rabes vizinhos. Tem incio com o ataque da Sria e do Egito s posies israelenses no Sinai e nas Colinas de Gol , em 6 de outubro de 1973, dia em que os judeus comemoram o Yom Kippur (Dia do Perdo), feriado religioso. Os rabes tentam recuperar as reas perdidas para Israel na Guerra dos Seis Dias (1967), alm de responder aos bombardeios israelenses na Sria e no Lbano, em busca das bases militares da Organizao para a Libertao da Palestina (OLP). A guerra dura 19 dias e concluda sob interveno das potncias mundiais. Os srios, ajudados por tropas jordanianas e iraquianas, avanam ao norte em direo a Gol, enquanto as foras egpcias invadem pelo sudoeste, a partir do Canal de Suez. Obrigam os israelenses a abandonar as suas linhas de defesa em Bar-Lev e os campos petrolferos de Balayim, ocupando toda a rea do Canal, de Port Said a Suez. Mas o contra-ataque de Israel fora o recuo dos egpcios e srios. Damasco bombardeada e os blindados israelenses obrigam as foras srias a retroceder at as linhas

    demarcadas pela guerra de 1962. No Sinai, cerca de 200 tanques e 10 mil soldados de Israel cruzam o Canal, destruindo instalaes de artilharia e bases de lanamento egpcias na margem oeste. Essa manobra militar de Israel isola o Exrcito adversrio na margem leste do deserto. Presses diplomticas dos Estados Unidos e da Unio Sovitica impedem o massacre das foras egpcias cercadas no Canal. O cessar-fogo assinado em 24 de outubro. As posies vigentes ao final da Guerra dos Seis Dias so praticamente restabelecidas com os acordos assinados entre Israel e Sria, em 1974, e entre israelenses e egpcios, em 1975.

    As perspectivas de paz no Oriente Mdio

    Egito - Foi o primeiro pas da regio a desafiar o boicote do mundo rabe e assinar, em 1978, um acordo de paz com Israel. Em troca da normalizao de relaes, recebeu de volta a pennsula do Sinai e passou a ser aliado estratgico dos EUA. Atualmente, mantm uma paz fria com Israel: a cooperao econmica e cultural entre os dois pases bastante limitada. Lbano - Diz que aguarda retirada israelense sem condies do sul do pas, onde h uma faixa territorial ocupada pelo Exrcito de Israel, para negociar um acordo de paz. O governo atual se diz ctico em relao ao reincio das negociaes Sria - Damasco aceitou retomar negociaes com Israel esta semana, em Washington. Os dois pases, que j se enfrentaram em trs guerras tm disputa territorial nas colinas do Gol, ponto chave no dilogo de paz. Arbia Saudita - Critica o governo israelense pela ocupao de terras rabes. O pas, que forte aliado dos EUA, poderia assinar acordo com Israel aps a resoluo das negociaes com os palestinos e a Sria. Turquia - Aliada estratgia dos EUA e de Israel no Oriente Mdio (os trs pases fizeram recentemente manobras militares conjuntas). Mantm relaes diplomticas e comerciais com Jerusalm e um dos principais destinos tursticos entre os israelenses. Iraque - , ao lado do Ir, um dos piores inimigos histricos de Israel. Durante a Guerra do Golfo (1991), o ditador Saddam Hussein lanou msseis contra territrio israelense. Enquanto permanecer no poder, as chances de um acordo de paz so pequenas. Ir - um dos maiores inimigos de Israel. Teer financia os principais grupos terroristas que combatem Israel (Hamas e Hizbollah). O processo de paz, que costuma trazer uma abertura em relao ao

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    Ocidente, visto como uma ameaa pelo clero conservador iraniano, que adota discurso anti-sionista e anti-EUA para justificar uma ameaa externa e se manter no poder. Jordnia - Em 1994, o rei Hussein firmou um tratado de paz com Israel, o que possibilitou o fim da tenso e a abertura de pontos de passagem na mais extensa fronteira israelense. Seu filho, rei Abdallah, assumiu aps sua morte, no incio do ano, e mostra estar comprometido com a paz. Autoridade Nacional Palestina - Desde 1993, com os Acordos de Oslo, os palestinos vm recebendo autonomia de governo nos territrios da faixa de Gaza e da Cisjordnia. Israel e ANP trabalham agora num acordo definitivo, que seria concludo at setembro de 2000.

    O Fundamentalismo Fundamentalismo Islmico - Manifesta-se em movimentos empenhados na criao de sociedades regidas pelo Coro, o livro sagrado do islamismo, e contrrios aos modelos polticos e filosficos ocidentais (como a separao entre Estado e religio, a democracia e o individualismo). O fundamentalismo propaga-se entre os muulmanos especialmente aps a Revoluo Iraniana de 1979, que instala no pas um Estado teocrtico, conduzido pelo lder xiita Ruhollah Khomeini. Tambm possvel destacar a atuao, no Egito, do grupo extremista Gammaat-i-Islamia, responsvel por atentados terroristas no pas; da Frente Islmica de Salvao (FIS), na Arglia, que reivindica um pas regido pelas leis do Coro; da milcia xiita libanesa Hezbollah (Partido de Deus), diretamente envolvida no combate com tropas israelenses instaladas no sul do Lbano; do Hamas, nos territrios ocupados por Israel, contrrio aos acordos de paz entre palestinos e israelenses; e da milcia Talib, que luta, no Afeganisto, pela criao de um Estado islmico "puro". Fundamentalismo Judaico - Atualmente, est associado a faces religiosas radicais em Israel, como o Eyal (Fora Judaica Combatente) e o Kahane Vive. Esses movimentos condenam o acordo de paz entre palestinos e israelenses, que prev a devoluo dos territrios conquistados por Israel na Guerra dos Seis Dias (1967). Para eles, a entrega de terras bblicas como Hebron, Jeric e Nablus, na Cisjordnia, uma afronta vontade de Deus. Ela contraria a aspirao judaica do retorno a uma Grande Israel, similar aos tempos do Rei Davi, que por volta de 1.000 a.C. pacifica a regio e transforma Jerusalm em centro religioso. A efervescncia dessas ideias leva ao assassinato, em 1995, do primeiro-ministro de Israel, Yitzhak Rabin, mentor dos acordos de paz, ao lado de Yasser Arafat. O assassino, Yigal Amir, um

    fundamentalista pertencente ao Eyal, justifica a sua atitude afirmando que Rabin era um "traidor do ideal judaico", por devolver terras ocupadas aos palestinos.

    Organizao pela Libertao da Palestina - OLP

    A Organizao pela Libertao da Palestina (OLP) um "governo no exlio" dedicado ao objetivo de estabelecer um Estado palestino independente no territrio hoje ocupado por Israel. Formada em 1964, a OLP props-se coordenar e comandar o movimento nacionalista palestino. Politicamente, obteve muitas vitrias - desde 1964, mais de cem pases passaram a reconhec-la como representante legtima do povo palestino. Um dos principais problemas da OLP tem sido uma consistente falta de consenso com relao ao uso da fora militar. O primeiro lder da organizao, Ahmad Chukeiry, era favorvel a criao de um "exrcito no exlio" para destruir Israel com auxlio dos exrcitos de outros Estados rabes. Mas, como a guerra de 1948-49 havia demonstrado, essa era uma posio discutvel, pois emplacava uma dependncia de foras no palestinas e a subordinao da OLP em termos militares. J em 1965 a organizao Al Fatah (Luta), de Yasser Arafat, executara pequenas aes-relmpagos contra Israel, indicando o potencial da guerra de guerrilhas. Aps o esmagador fracasso da Guerra dos Seis Dias, em junho de 1967, a guerrilha passou a ser a estratgia preferida dos palestinos. Arafat acabaria eleito presidente da OLP em fevereiro de 1969, mas no foi capaz de unificar o movimento em torno de uma diretriz nica. Georges Habache, outro lder palestino, havia preferido adotar o terrorismo e fundara a Frente Popular para a Libertao da Palestina (FPLP) em 1968. A partir da, surgiram vrios grupos dissidentes, cada um mais extremista que o anterior e todos teoricamente subordinados OLP. o caso, entre outros, do Saiqa (Vanguardas de Guerra de Libertao Popular, fundado em 1968 e apoiado pela Sria) e da Frente de Libertao rabe (FLA, criada em 1969 por Abd al-Wahhab al-Kayyali, sob orientao do governo do Iraque). Apesar da existncia de uma grande massa de refugiados predominantemente pr-OLP, entre os quais poderiam ser arregimentados guerrilheiros, os palestinos no tinham as vantagens de contar com bases seguras e inexpurgveis. No incio dos anos 60, esse problema ainda no era muito srio - campos de refugiados na faixa de Gaza, na margem ocidental (esquerda) do Jordo e no Lbano ofereciam bases prximas s fronteiras israelenses - mas a partir de 1967 os palestinos foram gradativamente rechaados. Na Guerra dos Seis Dias, os israelenses capturaram o Sinai, a margem ocidental do Jordo e as colinas de Gol, obrigando a OLP a se retirar para o interior do Egito, Jordnia e Sria. Isso reduziu o impacto de suas

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    aes, pois eles precisavam percorrer vrias distncias em terreno hostil para atingir alvos preferenciais em pleno territrio de Israel. Momentos de grande tenso foram criados entre os palestinos e os territrios que os abrigavam. medida que os Estados rabes hospedeiros sofriam os efeitos das retaliaes israelenses em resposta a ataques dos palestinos e enfrentavam o surgimento de enclaves controlados pela OLP dentro de seu prprio territrio, o movimento foi perdendo apoio. Em 1970, o rei Hussein expulsou a OLP de suas bases a leste do rio Jordo, enquanto o Egito e a Sria comearam a impor um rigoroso controle sobre as populaes palestinas abrigadas em suas fronteiras. Uma mudana da OLP para bases no sul do Lbano permitiu aos guerrilheiros reconquistar certo grau de eficincia, mas a subsequente guerra civil naquele pas (1975-76), seguida por uma invaso israelense (1982), veio a enfraquec-los ainda mais. Em fins de 1983, uma verdadeira guerra foi travada no norte do Lbano entre os partidrios de Arafat e de outras organizaes palestinas filiadas OLP (principalmente o Saiqa, controlado pelos srios). Arafat sobreviveu, explorando a fora poltica da OLP, mas os srios assumiram a estratgia palestina. Com isso destruram a iniciativa militar da OLP e subordinaram suas aspiraes quelas de um mundo rabe mais amplo. Hoje, a OLP controla vrias reas administradas pela Autoridade Nacional Palestina, da qual Arafat presidente, eleito pela maioria dos palestinos. Principais obstculos para acordo de paz Jerusalm - Israel conquistou Jerusalm Oriental e a Cisjordnia na Guerra dos Seis Dias, em 1962. Tradicionalmente afirma que Jerusalm sua capital eterna e indivisvel. Na cpula de Camp David, pela primeira vez, um governante seu aceitou negociar alguma forma de soberania compartilhada na cidade. Os palestinos reivindicam a parte oriental da cidade como capital de seu futuro Estado. Os assentamentos - Mais de 170 mil judeus vivem em assentamentos nos territrios ocupados por Israel na Cisjordnia e na faixa de Gaza. O premi Ehud Barak diz querer manter os assentamentos sob soberania israelense. Os palestinos afirmam que os assentamentos devem deixar os territrios. gua - Israel reivindica controle total dos recursos hdricos, incluindo os lenis subterrneos na Cisjordnia, cuja administrao reivindicada pelos palestinos. Refugiados palestinos - H mais de 3,5 milhes de refugiados palestinos em pases da regio. Israel rechaa a ideia de permitir a volta de todos eles a seu territrio. Nas negociaes, discute-se a autorizao do retorno de pequena parte deles, em casos de

    reunificao familiar, e o pagamento de indenizao aos outros refugiados. Fronteiras e segurana - A Autoridade Nacional Palestina quer uma Palestina independente, com poderes soberanos na Cisjordnia, incluindo Jerusalm Oriental e faixa de Gaza. Diz que as fronteiras em relao a Israel devem voltar ao que eram antes de junho de 62. Israel diz que no voltar s fronteiras de 62.

    Entenda a crise atual O estopim - Em 28 de setembro de 2000, Ariel Sharon, lder da oposio israelense, fez uma visita Esplanada das Mesquitas, local mais sagrado de Jerusalm para palestinos e judeus (que o chamam de Monte do Templo), provocando protestos palestinos. A escalada - No dia seguinte visita, foras israelenses reprimiram violentamente protestos palestinos na esplanada, deixando pelo menos quatro mortos Desde ento, novos protestos de palestinos em Gaza e Cisjordnia e de rabes israelenses dentro de Israel j fizeram cerca de cem mortes, a quase totalidade palestina ou rabe israelense. Na quinta-feira, helicpteros de Israel bombardearam centros palestinos aps o linchamento de soldados israelenses. Foi o maior ataque Autoridade Nacional Palestina. Os antecedentes - Aps dcadas de disputa, Israel e palestinos iniciam um processo de paz em 1993, com os acordos de Oslo (Noruega). Israel retirou-se de boa parte dos centros urbanos palestinos em Gaza e Cisjordnia, dando autonomia administrativa aos palestinos, mas mantendo encraves protegidos em cidades como Hebron, Gaza e Nablus. Oslo previa um acordo final at maio de 99, prazo adiado devido falta de avano nos temas mais polmicos: soberania sobre Jerusalm e retorno de ou compensao a refugiados palestinos que deixaram ou foram expulsos de suas casas desde a criao do Estado de Israel (1948). Em julho, reuniram-se em Camp David para tentar chegar a um acordo final. Israel ofereceu pela primeira vez soberania aos palestinos em certas reas de Jerusalm Oriental, mas Arafat afirmou que no poderia abrir mo de soberania plena nos locais sagrados de Jerusalm.

    10. ISRAEL ATUAL Geografia Estrutura Geolgica e Relevo Rochas sedimentares secundrias e tercirias formam a maior parte do embasamento do territrio, sendo

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    recobertas por aluvies quaternrias. Falhas e dobramentos do Tercirio formaram a notvel depresso ocupada pelo Lago Tiberades, Rio Jordo, Mar Morto e Golfo de Akaba, e elevaram as montanhas no sentido geral.O pas apresenta trs regies geogrficas bem definidas: a plancie costeira, as montanhas da Galilia e o Deserto de Neve, ao Sul de Berseba Populao A populao cresceu muito desde s criao de Israel em 1948, passando de 650.000 hab. Para 3.100.000 hab. Na data do censo de 1972. Esse aumento deveu-se, sobretudo imigrao. No perodo 1948-79, o nmero de imigrantes foi