histórias de araduca

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FICHA TÉCNICA Coordenação e Redacção António Sampaio Domingos Salgado Emília Fernanda Alves Fernanda Martins Fernanda Ferreira Francisco Martinho Alves Francisco Oliveira Isaura Silva Joana Ferreira Júlio veiga Manuel B. Ferreira Manuel Carlos Fernandes Miguel Moreira Olga Gomes Profª. Daniela Fernandes Profª. Manuela Peixoto Histórias de Araduca Nesta edição: Tributo a Martins Sarmento 2 Guimarães 2012 3 D. Afonso Henriques 4/5 Monumentos de Guimarães 6/8 Festas Nicolinas 9 Actividade Integradora 10/11 Visitas de Estudo 12/14 História de Moreira de Cónegos 14/19 Ptolomeu, matemático, astrónomo e geógrafo grego do século II d.C., situou, na sua obra “Geografia”, Araduca no actual local onde se ergue a urbe de Guimarães. Este topónimo fundado pelos Turdetanos, tribo nobre dos galo-celtas, refere-se a uma cidade de letras e do saber. Muitos outros nomes lhe sucederam: Leobriga - cidade forte Latita - cidade escondida Aradiva - lugar de sacrifícios aos deuses Apolónia, cidade de Apólo Celiobriga, cidade de Santa Maria Vimaranes e Vimarães No entanto, o sapientíssimo título de Araduca suscitou grande interesse por parte dos formandos e foi escolhido para dar voz a este jornal. ESCOLA EB 2,3 VIRGÍNIA MOURA

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Publicação do curso EFA da Escola EB2,3 Virgínia Moura

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Page 1: Histórias de Araduca

FICHA TÉCNICA

Coordenação e Redacção

António Sampaio

Domingos Salgado

Emília Fernanda Alves

Fernanda Martins

Fernanda Ferreira

Francisco Martinho Alves

Francisco Oliveira

Isaura Silva

Joana Ferreira

Júlio veiga

Manuel B. Ferreira

Manuel Carlos Fernandes

Miguel Moreira

Olga Gomes

Profª. Daniela Fernandes

Profª. Manuela Peixoto

Histórias de Araduca

Nesta edição: Tributo a Martins Sarmento 2

Guimarães 2012 3

D. Afonso Henriques 4/5

Monumentos de Guimarães 6/8

Festas Nicolinas 9

Actividade Integradora 10/11

Visitas de Estudo 12/14

História de Moreira de Cónegos 14/19

Ptolomeu, matemático, astrónomo e geógrafo grego do século II d.C., situou, na sua obra “Geografia”, Araduca no actual local onde se ergue a urbe de Guimarães. Este topónimo fundado pelos Turdetanos, tribo nobre dos galo-celtas, refere-se a uma cidade de letras e do saber. Muitos outros nomes lhe sucederam: Leobriga - cidade forte Latita - cidade escondida Aradiva - lugar de sacrifícios aos deuses Apolónia, cidade de Apólo Celiobriga, cidade de Santa Maria Vimaranes e Vimarães No entanto, o sapientíssimo título de Araduca suscitou grande interesse por parte dos formandos e foi escolhido para dar voz a este jornal.

ESCOLA EB 2,3 VIRGÍNIA MOURA

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Teremos de recuar até à época da expansão do Império Romano para conhecermos a nossa língua-mãe: o latim. Dele deri-vam o português e as chamadas línguas românicas (o galego, o francês, o espanhol, o italiano e o romeno) que surgiram da mistu-ra entre o latim e os idiomas falados nas diferentes regiões conquistadas pelos romanos.

No século IX, paralelamente com a língua latina, nasce, ao nível oral, o galaico-português, falado na Galiza e no Norte de Portugal. Só no século XIII, com o rei D. Dinis, a língua portuguesa passou a ser a língua oficial do reino.

Com a empresa dos Descobrimentos (séculos XV e XVI), a língua de Camões abriu as fronteiras terrestres, viajou pelos mis-teriosos “mares nunca antes navegados” e fixou-se em muitas regiões de África, Ásia e América. Hoje, mais de trezentos milhões de pessoas no mundo estão unidos pela Língua Portuguesa.

Esta união linguística está no centro da polémica, com o Novo Acordo Ortográfico que pretende unificar a ortografia da Língua Portuguesa, nos vários países lusófonos. De facto, este contrato, assinado em 1990, está a gerar discórdias no seio dos intelec-tuais e dos linguistas.

Há quem defenda que esta união aumentará a força da Língua no panorama mundial (o português é o 5º idioma mais falada no mundo e é a 2ª língua mais utilizada na Internet), que unificará todos os países lusófonos, que aproximará a oralidade da escrita e que, desta forma, simplificará o ensino e a aprendizagem da língua de Camões.

Esta visão positiva não é partilhada por muitos “Velhos do Restelo”, que nutrem um afecto pela grafia actual e que consideram que este acordo desrespeita a etimologia das palavras. Os seus argumentos não se cingem apenas ao plano da afectividade, estes vão mais além e criticam a falta de consulta de linguistas e a ausência de um estudo do impacto dessas mesmas alterações. Destacam também a não correspondência da escrita à oralidade, nomeadamente nas palavras cujas consoantes mudas preten-dem ser banidas e cuja sua função é abrir a vogal que lhe antecede.

Em meu entender, a comunicação numa mesma língua possibilita a comunhão cultural com os que partilham connosco a nos-sa História, independentemente do país, dos costumes, das tradições e da posição económica no mundo actual.

Profª Manuela Peixoto

“A minha pátria é a Língua Por tuguesa”

09/03/1833 A 09/08/1899 Destacamos o Dr. Francisco Martins Sarmento, homem superiormente notável no contexto cultural por-tuguês da segunda metade do século XIX.. Martins Sarmento iniciou o seu percurso escolar aos oito anos numa escola da sua cidade Guimarães, terminado o ensino primário, foi para colégio da Lapa no Porto aprender Latim. Daí seguiu para Coimbra onde estudou até aos quinze anos, matriculando-se então na universidade de Coimbra formando-se em Direito de onde saiu em 1853, com apenas, 20 anos. Regressa à sua terra natal onde passa o seu tempo dividido entre Guimarães e S. Salvador de Briteiros, apesar de formado nunca exerceu o seu curso preferindo dedicar-se à leitura, caça e como grande parte dos jovens da época à poesia. Apesar de ter publicado algumas poemas, não foi assim que atingiu a notoriedade. Essa chega com a Citânia de Briteiros, onde foi o iniciador da sua escavação, essa obra tirou-o do anonimato e projectou o nome por Portugal e além fronteiras.

Para além de arqueólogo, foi autor de uma importante obra etnográfica, abrangendo em particular o terri-tório de Entre douro e Minho. Martins Sarmento interessou-se pelas lendas e pelas tradições populares. Transmitidas por via oral, estas histórias eram objecto de encantamento de pessoas de todas as idades, mas em especial crianças e de jovens que nelas procuravam o divertimento e, em simultâneo, se enri-queciam de saberes que lhes iam moldando as personalidades. São memórias vivas de um tempo e de uma identidade cultural que, apesar das aceleradas mudanças dos dias que correm, importa que se não deixem perder. Foi com este objectivo que a turma revisitou o conto popular “Frei João sem cui-dados” e que apresenta juntamente com esta publicação.

Tributo ao Dr. Francisco Martins Sarmento

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Depois de Lisboa (1994) e do Porto (2001), cabe agora a Guimarães o título de Capital Europeia da Cultura e, assim, valorizar o seu património histórico-cultural.

A tarefa não nos parece árdua, pois se flanar ao longo das ruas, ruelas e avenidas da urbe, poderá respirar a história. Assim, descendo a rua de santa Maria, que na sua origem era o principal elo de ligação entre a zona alta do burgo (Castelo) e a zona baixa (Colegiada/ Igreja de Nossa Senhora da Oliveira), desembocará na praça de Santiago, ladeada de casa antigas, de sacadas rematadas pelo tradicional alpendre, e na praça da Oliveira, onde se ergue, à vista de todos, a Igreja de Nossa Senhora da Oliveira e o Padrão do Salado. Continuando o percurso pelas ruelas do centro histórico, deparar-se-á com o Largo do Toural, outrora construído para acolher uma feira de venda de gado, con-tornado por edifícios antigos com telhados de águas furtadas, janelas enormes que ocupam toda a fachada.

A beleza arquitectónica da cidade não fica por aqui, sobressai também o Paço dos Duques de Bra-gança, o palácio Vila Flor, o Castelo altaneiro, entre outros monumentos. Na encosta da cidade ascende o Mosteiro de Santa Marinha da Costa que, embevecida, observa a cidade museu que se ergue aos seus pés.

Muito ficou por dizer acerca de Guimarães…nada melhor que um passeio pela cidade e assim conhe-cer, ao vivo, os monumentos e os museus, deliciar-se com os doces conventuais e valorizar o artesanato local.

GUIMARÃES 2012 CAPITAL EUROPEIA DA CULTURA

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O ilustre D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, aceitou o convite da turma EFA B3, deslocou-se a Moreira de Cónegos e amavelmente respondeu a várias questões que lhe colocámos. EFA - Antes de mais, gostaríamos de lhe agradecer a sua presença. Sabemos que tem uma agen-da muito preenchida , mas que raramente recusa os convites que têm com o objectivo enaltecer a nossa história e os heróis nacionais. D. Afonso Henriques (D.A.H.) – Estimo muito o contacto com o povo português, em especial, com os vimaranenses. É do conhecimento de todos que eu nasci em Guimarães…pois o meu pai, D. Henrique, era o senhor do Condado Portucalense e por isso tenho um apreço muito especial por vocês. EFA - D. Afonso Henriques em que ano nasceu? D.A.H- Terei nascido no ano 1109… EFA- O que se lembra da sua infância? D.A.H. - Do meu pai pouco me lembro, pois ele morreu tinha eu três anos. A partir de então fui entregue a um aio de nome Egas Moniz, o qual me educou em todas as artes da época, como seja, escrever, ler e toda a arte guerreira. EFA- Porque enfrentou a sua própria mãe? D.A.H. - É uma história muito complicada. Após a morte do meu pai, a minha mãe, D. Teresa, aliou-se aos Peres de Trava, fidalgos galegos muito poderosos, virando assim as costas à sua meia-irmã D. Urraca que tinha sido coroada rainha de Leão à morte do meu avô Afonso VI. Essa união ganhou força e a minha mãe, cega talvez por amor, não via que os Trava queriam apoderar-se do condado. Aos 14 anos, armei-me cavaleiro na sé de Zamora, contra a vontade de muitos… lutei pelo legado de meu pai contra tudo e contra todos, até da minha mãe. EFA – Ficou resolvida a situação? D.A.H. – Claro que não… Meu primo Afonso VII, então rei de Castela, pôs-se a caminho do conda-do e cercou-me em Guimarães. EFA – Momento complicado!!! D.A.H. – De facto, não foi fácil…o meu aio, Egas Moniz, coma a sua argúcia, decidiu falar com o rei e convenceu-o a retirar-se, prometendo-lhe que eu lhe iria prestar vassalagem quando subisse ao poder do condado.

EFA – Cumpriu a promessa?

D.A.H. – Claro que não, mas o que é facto é que o meu primo levantou o cerco e partiu com as suas hostes. As minhas investidas enfureceram a minha mãe que logo decidiu regressar às terras vimaranenses e, no campo de S. Mamede, deu-se a famosa batalha entre mãe e filho. Foi a 24 de Junho de 1128, data para sempre relembrada em Guimarães, tornando-se feriado municipal. O desfecho da batalha, toda a gente o conhece, e ainda hoje me condenam por ter lutado contra a minha mãe e de a ter aprisionado.

Entrevista a D. Afonso Henriques

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EFA – Essa batalha teve grande importância. Porquê? D.A.H. – Foi um marco na história da nossa independência…o condado ficou finalmente desanexado do Rei-no de Leão e Castela. EFA- Como alargou o Condado Portucalense dando origem ao nascimento de Portugal? D.A.H. - A partir desse momento, começou o Condado a ser alargado a norte até terras de Limianos e pelo litoral até Tui, passando assim o Rio Minho. Depois de várias batalhas, tivemos de recuar para a margem sul do rio, o qual ficou a fazer fronteira. EFA- Como foi o alargamento do Condado a sul? D.A.H. - O condado Portucalense prolongava-se já até às terras de Coimbra e sempre as defendi dos mou-ros… deixei para trás as lutas contras os espanhóis, numerosos e poderosos, e decidi varrer os mouros da Península Ibérica. Tenho que lembrar a batalha de Ourique da qual saí vitorioso, tomando terreno ao inimigo. Os meus camaradas de luta, nobres e homens de armas, aclamaram-me Rei. Relembro que este título não tinha grande valor, pois nessa época só o Papa tinha o poder de o fazer. EFA – Entrando um bocado na sua vida privada, em que ano se casou e quantos filhos teve? D.A.H. - Casei-me em 1146 com a minha mulher Mafalda, filha de Amadeu II, Conde de Sabóia Mauriana, deste casamento tive o meu filho Sancho , Urraca, Mafalda, Teresa, Henrique, João e Sancha. Fora do matrimónio tive mais quatro filhos bastardos, Fernando Afonso, Pedro Afonso, Teresa Afonso e Urraca Afon-so. EFA - Que família tão numerosa!!! De volta ao campo militar, quando se deu a independência do Condado Portucalense? D.A.H - Em 1143 tenho um encontro pacífico com o meu primo Afonso VII no qual ele reconhece a indepen-dência de Portugal. Nesse mesmo momento, ficaram definidas as fronteiras de Portugal a norte. A sul, as fronteiras não estavam tão estáveis, pois estas avançavam e recuavam, ao sabor das lutas entre muçulma-nos e cristãos. EFA- Em que ano conquistou Lisboa? D.A.H. -A 15 de Março de 1147 faço a conquista de Santarém e desde logo preparo o assalto a Lisboa, con-quista realizada em Outubro. Também conquistei Sintra, Almada e Palmela. Tenho de realçar o papel impor-tante dos Cruzados, povos que vinham do Norte da Europa para atacar os árabes, sem eles não teriam con-seguido este grande feito.

EFA- Para terminar, encurtando um pouco o relato das suas conquistas, uma vez que a conquista/reconquista das terras a sul fizeram-se de avanços e recuos, de vitórias e derrotas… quando é que finalmen-te pensou em reformar-se? D.A.H. - Reforma? O que é isso? Só a morte me possibilitará o descanso eterno. Depois de Lisboa, desci até Alcácer do Sal, cidade difícil de conquistar aos mouros, pois só em 1158 é que a conquistei. Daí reagrupei as tropas e parti à conquista de Évora e Beja que praticamente tinham sido abandonadas. De 1159 até 1165 faço uma pequena paragem. Em 1166 recomeço as minhas grandes batalhas, conquistando Moura, Alco-chete, Serpa e outras terras. Em 1173 faço tréguas com os muçulmanos. EFA – Nestas aventuras todas, quando foi finalmente reconhecido rei aos olhos de Deus? D.A.H. - Já com o meu filho Sancho no comando das tropas, decidi pagar os tributos ao Papa para que a Santa Sé me reconhecesse como Rei de Portugal e também aos meus descendentes. A 23 de Maio de 1179, a bula papal, documento oficial da época, atribuía-me o título de Primeiro Rei de Portugal. EFA - Pela sua longa experiência como primeiro governador de Portugal, o que pensa da actual governação deste País? D.A.H. - Penso que este País continua com muita falta de regras e justiça. Vejamos só o que se passa com todos os subsídios vindos da EU…onde param?! É um País de corruptos que procuram os caminhos mais fáceis para atingirem os seus objectivos. Ao longo da nossa História, mostrámos aos mais poderosos a nos-sa força guerreira, o nosso empreendedorismo, o nosso espírito aventureiro… por isso peço-vos que conti-nuem este precioso legado.

Entrevista Realizada por: António Sampaio; Francisco Alves; Júlio veiga; Manuel Ferreira; Manuel Fernan-des; Olga Gomes

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Igreja da nossa Senhora da Oliveira Em Guimarães, no largo da Oliveira, ergue-se o templo de Nossa Senhora da Oliveira, nome atribuído pela existência de uma antiga oliveira. O edifício actual veio substituir-se a dois anteriores monumentos. O primeiro, o mosteiro de Santa Maria, edifi-cado pela Condessa Mumadona em 950. O segundo sacrificou o primeiro e assim ergueu-se um edifício de estilo românico. Desta época, resta-nos a fachada da casa do capítulo da colegiada e os claustros. O templo, tal como nós o encontramos hoje, deve-se à reforma levada a cabo por D.João I, grande devoto de Nossa Senhora da Oliveira. Dois anos após a vitória de Aljubarrota (1387), D. João I mandara edificar o tem-plo. Em 1401 deu-se a bênção do templo em presença de D. João I, que cumpriu a promessa. Frente à fachada principal da Igreja, eleva-se o chamado “Padrão do Salado”, monumento comemorativo da batalha do Salado, que opôs cristãos (Afonso XI, rei de Castela, e D.Afonso IV, rei de Portugal) e muçulma-nos. O padrão acolhe um cruzeiro que representa nas suas faces o Calvário e a Mãe de Cristo.

Emília Fernanda Alves e Fernanda Martins

O largo da Oliveira O coração urbano de Guimarães é, ainda hoje, a antiga zona amuralhada, aquela que encerrava

a burguesa e mesteiral «vila de baixo» (só amuralhada no século XIII), e mais conhecido por Largo da Oliveira ou Praça Maior.

O espaço, não de todo regular, correspondendo de facto, a um vasto adro, o adro propriamente dito da igreja da Sra. da Oliveira, o mais antigo e prestigiado templo da cidade.

Se, por um lado, o terreiro alberga a máxima expressão do poder religioso vimaranense, por outro lado, também o mesmo espaço constituía o «átrio» ou «adro» que servia e dignificava o centro do poder civil local, expresso nas praças do concelho medievais.

Mas o largo da Oliveira era igualmente o centro donde irradiavam os principais eixos viários que recortam o burgo. Antes de mais, é aqui que nasce o mais importante desses eixos, aquele que pro-longando-se depois pela rua da Infesta e pela rua do Castelo, unia o centro do poder religioso e civil do aglomerado com a sede do poder aristocrático e militar, o castelo e o paço então nele integrado, bem antes que tivesse começado edificar-se o actual Paço dos Duques de Bragança.

Deste mesmo largo da Oliveira, saem ainda duas outras ruas principais de Guimarães: a rua da Rainha D. Maria II e a rua Egas Moniz.

Francisco Martinho Alves e Domingos Salgado.

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Paços dos Duques O Paços dos Duques de Bragança encontra-se construído na encosta do castelo. Foi mandado construir pelo fundador da casa de Bragança, por D. Afonso conde de Barcelos, e concluído por seu Filho, o Duque D. Fernando I. O responsável pela obra foi Anton, de origem Francesa, que se inspirou em casas senhoriais de França e Itália, que tinham sido visitadas por D. Afonso, em 1410. Esta construção corresponde a um período de intensa actividade cultural em Guimarães, terra pró-diga em artistas, Homens da ciências, Poetas, Teólogos, Jurisconsultos e historiadores, que foi douta opinião de Carolina Michaelis, «O primeiro centro de arte dentro dos limites Portugueses». Por volta de 1422 terão começado as obras do Palácio. Esta moradia senhorial foi essencialmente habitada durante o século XV. A partir do século XVI, dá-se início ao abandono progressivo e à consequente ruína do paço. Como isso não bastasse, em 1966 os frades Capuchos obtiveram licença para demolir a ala poente, com o objectivo de utilizar a pedra na construção do seu conven-to. Em 1807, o paço foi transformado em quartel militar, passando a sofrer sucessivas adaptações que ainda o danificaram. Entre 1937 e 1959, este Monumento foi restaurado sobre a orientação do arquitecto Rogério de Azevedo, por ordem do então Primeiro-ministro António de Oliveira Salazar, a sua inauguração teve lugar a 24 Junho de 1959. Em 1910, o edifício passou a ser classificado Monumento Nacional. Depois de recuperado, foi o arquitecto Francisco Carlos de Azevedo o responsável pela sua deco-ração e recheio, tendo adquirido peças valiosas de mobiliário dos séculos XVII e XVIII, bem como uma colecção de armas do Visconde de Pindela. Actualmente alberga um Museu aberto ao público (1º piso), um dos mais vistos do País, uma ala destinada à Presidência da República (fachada principal, 2º piso) e uma vasta área vocacionada para diversas iniciativas culturais.

Manuel Ferreira e Manuel Fernandes

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Castelo deGuimarães

Durante mais de um século, os descendentes de Hermenegildo Mendes e da Con-dessa Mumadona Dias governaram o condado portucalense que viria a integrar, mais tar-de, o território português. É provável que o castelo tenha sido construído para proteger o mosteiro fundado pela Condessa Mumadona, assim como toda a população que ali próxi-mo habitava.

Nos fins do século XI, o castelo de Guimarães estaria mais danificado e sem condi-ções defensivas quando o conde D. Henrique, príncipe de Borgonha, ao serviço do rei Leão nas lutas da Reconquista, tomou posse do condado portucalense, depois de ter casado com Teresa, a sua filha bastarda.

É mesmo provável que D. Henrique e D. Teresa tenham residido no Paço, que exis-tiu dentro do castelo, que o primeiro rei de Portugal tenha lá nascido e baptizado na cape-la de S. Miguel.

No ano 1096, D.Henrique e D.Teresa concedem à povoação de Guimarães a sua primeira Carta Foral.

A Batalha de S.Mamede, travada a 24 de Junho de 1128, tornou-se um marco histó-rico para Guimarães e para Portugal, pois marca o início da independência do Condado. Por sua vez, o castelo, como edifício arquitectónico militar, está carregado de simbolismo, por um lado, invocando a independência de Portugal e, por outro lado, o seu primeiro rei, D. Afonso Henriques.

Olga Gomes e Francisco Oliveira

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As festas Nicolinas Na noite fria de 29 de Novembro, o rufar estridente de milhares de bombos e caixas marca o iní-

cio das Nicolinas. Pelas ruas da urbe, a multidão acompanha alegremente o enorme pinheiro enfeitado para ser erigido junto à Igreja de São Gualter. Este evento celebra o início dos festejos.

Teremos de recuar muito atrás no tempo para encontrar as suas raízes. Alguns estudiosos vima-ranenses atribuem aos peregrinos a entrada das tradições de S. Nicolau em Guimarães, quando estes se deslocavam à cidade para venerarem Nossa Senhora de Guimarães, padroeira de Portugal até ao século XVII, e também através da passagem de romeiros de/e para Santiago de Compostela que terão deixado como marca a sua devoção a S. Nicolau.

São Nicolau, que viveu nos séculos III e IV, foi Bispo de Mira (na Turquia) e tem o seu dia reser-vado na Igreja a 6 de Dezembro de cada ano (dia das Maçãzinhas).

O seu culto remonta ao século VI e, devido à sua popularidade, tornou-se protector dos famintos, raparigas pobres, perseguidos, comerciantes, marinheiros e navegantes e crianças.

São Nicolau é o glorioso Patrono dos Estudantes, em homenagem a ter ressuscitado três estu-dantes que haviam sido esquartejados por um estalajadeiro e também pelo saber manifestado contra os inimigos da fé.

As celebrações em honra de São Nicolau, em Guimarães, inicialmente eram de cariz exclusiva-mente religioso. No entanto, com o passar do tempo vão sendo incluídas nessas celebrações manifes-tações de carácter profano, tais como cantares, danças, etc., representavam uma forma de quebrar com a dureza do dia-a-dia. Este culto, desenvolvido entre o povo, foi mais tarde apropriado pelos estudantes que constituíram uma capela em honra de São Nicolau (entre 1661 e 1663) na Igreja Nossa Senhora da Oliveira, e aí sedia-ram a sua irmandade.

Tradicionalmente, apenas os homens integravam o cortejo e, neste contexto, o pinheiro simboli-camente representaria a virilidade masculina.

Actualmente, as Nicolinas são organizadas pelos estudantes, de sexo masculino, do ensino secundário do liceu de Guimarães . Foram também alargadas a outras escolas do ensino secundário de Guimarães como seja a escola Francisco de Holanda e Santo Simões.

De 29 de Novembro a 7 de Dezembro, a cidade de Guimarães recebe a urbe estudantil que cele-bra os variadíssimos eventos que acontecem ao longo desse período festivo: - as Novenas; - as Ceias Nicolinas; - o Pinheiro; - as Posses - o Magusto; - as Roubalheiras; - o Pregão; - as Maçãzinhas; - as Danças de S. Nicolau; - o Baile Nicolino

Estas festas ganharam, ao lon- go dos tempos, uma grande dimen-são, levando assim a Câmara Municipal de Guimarães e todas as associações ligadas ao evento a candidatarem as Nicolinas a Património Oral e Imaterial da Humanidade.

Isaura Silva e Júlio Veiga

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Mais uma vez, a escola esteve aberta à noite na expectativa de receber a Comunidade Educativa

e todos os que quisessem participar neste evento. Assim, os formandos dos cursos EFA de nível básico e secundário organizaram uma exposição à

volta da temática “Guimarães: passado, presente e futuro”. Esta actividade integradora, que decorreu nos dias 25 e 26 de Fevereiro, enquadra-se, para o nível secundário, no Núcleo Gerador “Urbanismo e Mobilidade” e, para o nível básico, no tema de vida “Cultura”. Todos os formandos, formadores e mediadoras aliaram-se neste projecto, contribuindo com o seu trabalho.

Destaca-se a participação dos artesãos de Moreira de Cónegos que amavelmente disponibiliza-ram as suas peças de artesanato e alfaias agrícolas para que se erguesse a riquíssima exposição “À Descoberta dos artesãos locais”, visitada e apreciada por todos.

Na quinta-feira, depois do discurso de abertura, o público assistiu à exibição de um PowerPoint retratando, com imagens, a cidade de Guimarães no passado, no presente e anunciando cinco novos projectos.

Contamos também com a presença do Professor Capela Miguel, estudioso e amante do concelho de Guimarães, que, ao longo de duas horas, soube prender a atenção dos presentes com o relato elo-quente de tradições, mitos e histórias da urbe.

Na sexta-feira, abrimos novamente a exposição dos artesãos locais e recebemos duas artesãs da Oficina de Guimarães que mobilizaram uma oficina de olaria e de bordados. No encerramento, a presença do rancho folclore de Moreira de Cónegos animou o espaço, levando o público a mexer-se ao som dos cantares e dançares populares e, alguns mais corajosos, lançaram-se na pista improvisa-da e bailaram graciosamente. A actividade encerrou com um pequeno lanche convívio.

Emília Fernanda Alves e Fernanda Martins

“Guimarães: passado, presente e futuro”

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O Museu da Agricultura fica localizado na aldeia de Fermentões, aproximadamente a cinco

quilómetros de Guimarães. O edifício onde está sediado o museu foi construído na década de quarenta para uma Escola Primária. O seu patrono foi o pároco João Fernandes Machado. A Escola Primária na década de oitenta deixa de funcionar e é adquirida pela Câmara Municipal de Guimarães. Esta instituição cede o edifício à Casa do Povo de Fermentões para a instalação do Museu de Agricultura.

Para comemorar o dia do Agricultor, um grupo de homens da terra, destacando-se Manuel Ferreira e Jerónimo Ferreira, tomaram a iniciativa de recolher pela aldeia uma variedade de instru-mentos agrícolas e realizar uma exposição de Alfaias Agrícolas, em Setembro de 1977, nas salas da Escola Primária. Em Setembro de 1978, realiza-se a segunda exposição com a mesma temáti-ca, e no mesmo espaço. A partir dessa data começou-se a delinear a ideia de criar um museu para albergar o espólio adquirido através de doações ou compra de peças em leilão.

O espólio do museu é de grande diversidade e abrange vários sectores da agricultura, expostas em várias salas: a sala do Pão, do Vinho e do Linho e também de outras artes a ela associada, a carpintaria no fabrico de ferramentas mais antigas e ligeiras, mais tarde com o apare-cimento do ferro, nas ferragens e utensílios agrícolas. Podemos também observar várias ferra-mentas desse tempo, tais como, tornos, prensas, reladores, enxadas, arados, semeadores, gra-des, engaços, forquilhas e todos os utensílios ligados à agricultura de diferentes épocas.

Júlio veiga e Miguel Moreira

Grade de dentes de madeira

Forja

Instrumentos utilizados no trabalho do linho Sala c/ exposição de ferramentas

Visita dos cursos EFA ao Museu da Agricultura de Fermentões

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A professora Rosa Maria Saavedra, responsável pelas visitas guiadas ao museu, teve a ama-bilidade de abrir as portas do museu, no dia 15 de Dezembro, pelas 21 horas, para receber as turmas dos cursos nocturnos EFA e conduzi-las às várias salas de exposições. Teve o mérito de cativar os formandos e os formadores que os acompanhavam, partilhando, com todos, as histórias e algumas curiosidades referentes a peças de arte.

Alberto Sampaio nasceu a 15 de Novembro de 1841, em Guimarães, e dedicou a sua vida à

História e à cidade de Guimarães. Além desta grande paixão, também tinha apreço pela viti-

cultura, a agricultura e a floricultura.

Recuando no um pouco no tempo, no mesmo espaço onde está instalado o museu, existia, no século X, um mosteiro fundado pela Condessa Mumadona Dias. À volta do mosteiro cresceu o burgo de Guimarães. No século XII passou a ser uma colegiada onde coabitavam vários cónegos. Ainda hoje pode-se admirar os claustros no interior do museu, espaço onde os cóne-gos passeavam, rezavam e enterravam os mortos.

Ao longo desta visita, a guia deu ênfase a várias salas. Destacam-se as seguintes:

Sala da santa Clara – encontra-se exposta uma talha doirada que provem do antigo con-vento de Santa Clara, assim como outras peças de valor.

Sala de Aljubarrota – estão expostas algumas peças oferecidas, em honra de Santa Maria da Oliveira, pelo rei D. João I após a sua vitória na batalha de Aljubarrota. Des-taca-se o presépio tríptico em prata doirada e o seu loudel.

Sala dos frescos

Sala do Tesouro – exibe objectos de prata doirada ( cálices, cruzes, arcas,… ) que foram oferecidos a Nossa Senhora da Oliveira. É de lembrar que, em algumas ocasiões, os reis lançavam mão das pratas das igrejas e conventos para custear guerras e resolver problemas do reino.

Domingos salgado; Emília Alves; Fernanda Martins; Isaura Silva; Joana Ferreira

Museu Alberto Sampaio

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Moreira de Cónegos é uma terra mais antiga que Portugal. A freguesia terá a sua origem entre 925-950, altura em que a memória de São Paio e o seu culto se começaram a alastrar na faixa norte da Península Ibérica.

As informações sobre as origens de Moreira de cónegos são escassas. Sabe-se que existe docu-mentos datados de 961 onde refere “Morávia” ou “ Moraria”como sendo nomes referentes a Vila de Moreira. Faz também referência a uma igreja em honra de S. Juliano, “forma antiga de S. Gião “, implantada no actual lugar de S. Gião.

Outro documento datado de 960 refere a vontade do Rei de Leão e Castela de oferecer as terras de “Moraria” a D. Adosinda Guterres, nora de D. Mumadona Dias. Em troca esta deveria cultivar e povoar estas terras.

Três anos depois, D. Adosinda Guterres entrega as terras a D. Gonçalo Mendes, pois este já pos-suía as terras vizinhas. Em 968, acabou por doar as suas terras a D. Mumadona Dias, contribuindo assim para a construção da Colegiada e do respectivo Mosteiro de Santa Maria de Oliveira. Nesta doação ficou expresso que Moreira abasteceria a Colegiada e esta comprometia-se em defendê-la.

Moreira aparecia dividido em 4 lugares, dirigido por um responsável:

- Moraria de baixo.

- Vila Cova.

- Vilar ou Villacini (Referente a vilarinho, Freguesia que hoje pertence a Santo Tirso )

O acréscimo de “Cónegos” ao topónimo inicial baseia-se em 3 hipóte-ses não fundamentadas:

-Existência do Mosteiro de Cónegos regrantes de S. Agostinho.

-Existência de um provável mosteiro nas terras .

-Ligação com a Colegiada ( devido a doação). Esta última seria a hipótese mais válida.

HISTÓRIA DE MOREIRA DE CÓNEGOS

D. Mumadona Dias

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ARQUITECTURA RELIGIOSO

Capela Nossa Senhora da Ajuda As informações sobre esta capela são muito

escassas, tudo aponta para que a sua constru-

ção tenha sido nos princípios do ano 1770, no

lugar de Pereiras onde se encontra hoje a cape-

la de Santo Ovídio.

No período da decadência da Monarquia, há

relatos que apontam para perseguições às práti-

cas religiosas, obrigando assim o proprietário da

capela a proibir qualquer manifestação religiosa

na capela. Perante este facto, o povo de Moreira

de Cónego, acérrimo adepto da Nossa Senhora

da Ajuda, resolveu construir uma nova capela.

Esta foi edificada junto à antiga estrada nacio-

nal, no lugar do Cruzeiro. Há informações que

quando os Reis passavam nas proximidades iam

à capela rezar.

A capela era muito visitada pelos populares e

freguesias vizinhas, era grande a devoção a

Nossa Senhora da Ajuda.

Com a queda da Monarquia e com a colabora-

ção de Portugal na 1ªGuerra Mundial, o país

ficou um caos, com novas perseguições a actos

religiosos. Assim, a capela ficou votada pratica-

mente ao abandono, chegando a um estado

degradante.

Em 1920, o Sr. Belmiro Dias Correa, emigrante

bem sucedido no Brasil, mandou transferir a

capela para o Lugar da Estrada Nova.

Antiga igreja agora Capela de Santa Marta

Esta capela de Santa Marta, de estilo

românico, foi mandada construir pela Colegia-da de Guimarães em 1260, por cumprimento da palavra dada por D. Mumadona Dias, quan-do Moreira de Cónegos foi doado à Colegiada. D. Mumadona tinha dito que restauraria a igre-ja existente em honra de S. Juliano (S. Gião) ou mandaria construir uma nova. Então optou pela construção de uma nova igreja.

Havia no adro uns bancos em pedra e um pelourinho onde os senhores desta terra faziam julgamentos ou se reuniam para tratar de assuntos relacionados com Moreira de Cónegos.

Não se sabe ao certo em que data foi deitada a baixo, aproveitando-se a pedra para construir a capela Mortuária.

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Capela Santo Ovídio No arquivo da Biblioteca de Braga, há

referências a uma capela que foi edifica-da em 1709, no lugar de Pereiras, na fre-guesia de Moreira de Cónegos. Tudo leva a crer que se trata da capela de Santo Ovídio. No entanto, no arquivo da diocese também existe um documento no qual menciona a data de 1721 para a constru-ção desta capela. O documento refere também que a sua construção se deve ao Sr. Manuel Machado D’Almeida. Este teria mandado edificar o edifício pelo res-tabelecimento da sua esposa, D. Cathari-na Francisca, que mantinha uma forte devoção à Nossa Senhora.

Esta capela foi restaurada em 1894 pelo proprietário, tendo este doado as imagens à Igreja Paroquial.

PATRIMÓNIO RURAL

Alfaias agrícolas

(da esquerda para a direita: engaço; forquilha; catana; serra; malho; foices;

forquilha; engaços; gadanho)

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Arquitectura civil A Ponte Romana de Negrelos sobre o rio Vizela, ligando Moreira de Cónegos a S. Martinho do

Campo foi requalificada numa obra que respeitou o mais importante vestígio viário de origem romana

da região. Apesar de estar classificada como Monumento Nacional e de permanecer aberta ao tráfego

automóvel, a ponte encontrava-se numa situação de pré-ruína. Apesar de ter sofrido diversas recons-

truções posteriores, a ponte ainda apresenta uma feição romana com arcos de volta perfeita e tabulei-

ro plano, mas os mais evidentes sinais de romanidade estão nas pedras empregues na sua reconstru-

ção, com diversos blocos almofadados e revelando a utilização de maquinaria romana na sua constru-

ção original

História da Ponte de Negrelos

A ponte terá sido palco de uma batalha na época das invasões francesas, pois era um local estra-

tégico que facilitava o acesso à cidade do Porto. Assim, no dia 23 de Março de 1809, a ponte foi con-

quistada pelas tropas francesas, comandadas pelo Major Nicolas. Os portugueses contra-atacaram e

reconquistaram-na.

Page 18: Histórias de Araduca

P á g i n a 1 8 H i s t ó r i a s d e A r a d u c a Moinhos Pela excelente rede hidrográfica que envolve a freguesia de Moreira de Cónegos, junto da qual

correm o rio Vizela e a ribeira do Arquinho, a freguesia teve no passado uma forte ligação à nobre

arte de bem saber enfarinhar o grão, através da força motriz das suas águas.

Vários moinhos espalhados pela freguesia laboravam de sol a sol, para sustento das famílias.

Eram símbolos de uma pré-industrialização, infelizmente em fase de perda total se não forem

tomadas medidas para a sua recuperação.

Esta imagem é de um aproveitamento de água que fazia mover uma grande turbina dupla com estrutura em madeira, fazendo mover vários moinhos da antiga fábrica que começou com a moagem de milho e depois alargou-se à moagem de goma. Depois de moída, era encaminhada para a estação para ser transportada de comboio para outros locais.

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TRADIÇÕES E FESTIVIDADES

As feiras de Guimarães: 1886 – Sociedade Bovina de Santo António Moreira de Cónegos: No lugar conhecido por portal da cancela (entroncamento) realiza-

se a chamada feira bovina de santo António. (Nesta freguesia ainda existe a Sociedade bovina de Santo António) que promove a feira. É uma benemérita instituição de mutualismo, onde os lavradores das freguesias de Moreira de Cónegos, Lordelo, Conde, Caldas, Guar-dizela e Serzedelo, têm o seu gado assegurado, mediante uma reduzida quota.

A Festa em honra de Santo António já foi de longe a maior festa em Moreira

de Cónegos, pois fazia-se a grande feira do gado e a sempre apetecida corri-

da de cavalos. O dia principal da festa arrastava grandes multidões de pes-

soas, hoje não é a maior festa de Moreira de Cónegos.

E eis que chega o mês de Agosto, em que as festas/romarias não acabam

mais. Moreira de Cónegos também tem a sua, a de Nossa Senhora da Ajuda.

Este culto terá nascido nas povoações costeiras, há mais de 500 anos e

daqui irradiou para o interior, a sua festa teve várias datas diferentes ao longo

dos tempos, fixando-se periodicamente na primeira metade de Agosto.

Santa Luzia em Dezembro traz sempre imensa população nas cultas procissões.

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Nós, formandos do curso EFA – nível básico, por vontade do Rei, apresenta-mos, para a gente de Moreira de Cónegos, um teatro de sombras, procla-mado “Lenda das Rosas de Guimarães”. Ficarão a saber como uma jovem don-zela, apaixonada pelo Rei D. Fernando, salva Gui-marães.

Lenda das rosas de Guimarães

16 de Abril 2010

Às 21 horas, no recinto da Feira Medieval

Chegámos ao fim de mais um tema de vida. Este projecto, em torno do tema da cultura,

sintetiza todo o trabalho que foi levado a cabo pelos formandos e formadores da turma

EFA-NB.

Assim, quisemos fazer um apanhado do património de Guimarães e de Moreira de Cóne-

gos, para que todos se orgulhem das nossas raízes. Encerramos as actividades com a

apresentação de um teatro de sombras intitulado “Lenda das rosas de Guimarães”, que

decorrerá no dia 26 de Março, no recinto da Feira Medieval. O património oral também

não foi esquecido e esperamos que o público presente fique encantado com esta bela

história.