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Alessandra Bizerra Suzana Ursi LICENCIATURA EM CIÊNCIAS · USP/ UNIVESP 2.1 Introdução 2.2 O que é pedagogia, afinal? 2.3 A Educação da Grécia Antiga à Idade Média 2.4 A Educação no Renascimento 2.5 O Nascimento da Pedagogia 2.6 O século das Luzes e Rousseau 2.7 Da Pedagogia Tradicional à Pedagogia Nova 2.8 Uma breve história da Pedagogia no Brasil 2.9 Making Off Referências Introdução aos Estudos da Educação I 2 HISTÓRIA DAS IDEIAS PEDAGÓGICAS: DESTAQUES DO PANORAMA MUNDIAL E BRASILEIRO

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Alessandra Bizerra Suzana Ursi

Licenciatura em ciências · USP/ Univesp

2.1 Introdução 2.2 O que é pedagogia, afinal? 2.3 A Educação da Grécia Antiga à Idade Média 2.4 A Educação no Renascimento 2.5 O Nascimento da Pedagogia 2.6 O século das Luzes e Rousseau 2.7 Da Pedagogia Tradicional à Pedagogia Nova2.8 Uma breve história da Pedagogia no Brasil 2.9 Making Off Referências

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23Licenciatura em Ciências · USP/Univesp · Módulo 3

Introdução aos Estudos da Educação I

2.1 Introdução Com frequência, questionamos o motivo de estudar

determinados assuntos. Isso ocorre durante toda nossa vida,

não é mesmo?

Iniciamos a presente aula justamente com alguns questio-

namentos relacionados a essa reflexão mais geral:

1. Será que todos os professores que entram em sala de

aula possuem conhecimento sobre a história das ideias

pedagógicas?

2. As ideias sobre pedagogia mantiveram-se constantes

no decorrer da história?

3. Realmente é importante estudar essa temática?

Quanto às questões 1 e 2, podemos afirmar que não. Nem

todo professor que entra em uma sala de aula está ciente da

história da pedagogia, nem as ideias pedagógicas foram constantes ao longo do tempo.

Se mesmo sem ter conhecimento sobre as variações das ideias pedagógicas os professores são capazes

de exercer seu ofício, faz-se necessário refletir sobre a terceira questão: por que estudar esse assunto?

Vamos retomar nosso raciocínio tentando justificar nosso posicionamento a favor do

conhecimento da história da pedagogia. O modelo de nosso sistema educacional faz parte

de um extenso processo histórico de mais de dois mil anos. Nesse processo histórico, muitas

ideias foram desenvolvidas e defendidas pelos mais distintos pensadores e, mesmo sem saber, o

professor e as características de sua atuação são produtos de todo esse processo.

Figura 2.1: Qual o motivo de estudar determinados assuntos?

ReflexãoAntes de prosseguir, veja o famoso vídeo “Brick in the wall” de 1978 mas, que ainda continua muito atual. Tente estabelecer uma relação entre este vídeo e o poema “The little boy (O menininho)” de Hellen Buck.

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24 Licenciatura em Ciências · USP/Univesp · Módulo 3

2 História das ideias pedagógicas: destaques do panorama mundial e brasileiro

Em sua profissão, o professor se depara com inúmeros desafios que, muitas vezes, parecem

obstáculos quase instransponíveis. Uma das importantes motivações para o estudo da história é

compreender como problemas similares aos enfrentados hoje em dia foram encarados no passado.

O estudo em uma perspectiva histórica nos permite elucidar quais foram as estratégias utilizadas

e quais os resultados que nossos antepassados obtiveram ao tentar resolver seus problemas. Para

Augusto Comte, por exemplo, um processo só pode ser compreendido por meio de sua

história, e é o que nos permite, inclusive, compreender o contexto do qual fazemos parte, o modo

como chegamos ao modelo que hoje vivenciamos. Esse tipo de conhecimento é fundamental

para conseguirmos desenvolver ações efetivas nos mais diferentes campos de atuação.

No caso da atividade docente, compreender as influências históricas que definem o modelo

que seguimos pode nos ajudar a incrementá-lo ou até mesmo combatê-lo com maior eficiência,

seja qual for a nossa intenção.

Nesta aula, estudaremos, primeiramente, a definição do termo “pedagogia” para, em seguida,

darmos início ao estudo do surgimento das primeiras ideias pedagógicas das quais possuímos

registro histórico, chegando até as mais recentes. Daremos ênfase ao desenvolvimento dos

pensamentos ocidentais, que influenciaram mais significativamente a formação dos sistemas

educacionais vigentes no Brasil e em outros países.

Antes de prosseguirmos, dê sua opinião sobre a importância (ou não) de estudar as principais

ideias pedagógicas ao longo do tempo para a formação inicial de um professor.

Agora é a sua vez...Antes de prosseguirmos, dê sua opinião sobre a importância (ou não) de estudar as principais ideias pedagógicas ao longo do tempo para a formação inicial de um professor, realizando a atividade 2.1.

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25Licenciatura em Ciências · USP/Univesp · Módulo 3

Introdução aos Estudos da Educação I

2.2 O que é pedagogia, afinal? A palavra “pedagogia” tem raiz grega: paidós (criança)

e agogé (condução). Então, em termos literais, podemos

dizer que a palavra significa “a condução da criança”.

Entretanto, dizer que a pedagogia é a condução da

criança seria vago, pois a “condução” não acontece

de forma semelhante em todos os lugares, e podemos,

inclusive, dizer que em um mesmo lugar ela se modifica

no decorrer do tempo. Concluímos, dessa forma, que o

momento histórico define o significado dessa palavra e

suas implicações educacionais.

Em cada autor que estudarmos poderemos encontrar uma interpretação diferente dada ao

termo. Entretanto, podemos afirmar que através da própria definição a palavra remete a uma

metodologia, ou seja, a um modo de operar ou um modo de realizar o ato educativo.

Para Durkheim (1858-1917), sociólogo, pedagogo e filósofo, pai do realismo sociológico,

a pedagogia é a “teoria prática da educação”. Ele enxergava a educação como um esforço

contínuo de preparação das crianças para a vida em comum. Durkheim tinha a intenção de

estabelecer a pedagogia como uma teoria que se estrutura em função da ação, ou seja, que

é construída a partir de exigências práticas, reais, e que, por consequência, se interessa pela

execução de ações e seus resultados.

Por toda esta variedade de sentido, alguns autores têm dado preferência a utilizar o termo

“Ciência da Educação”. Contudo, esse termo já compreende uma maior extensão de significados

que não estão, necessariamente, restritos à prática e à metodologia educativa, mas englobam

uma diversidade de vertentes.

No decorrer da história da pedagogia, trataremos o termo sob o ponto de vista metodoló-

gico, daremos ênfase às práticas utilizadas e ao significado das mesmas para os pensadores que as

utilizavam ou defendiam. É interessante verificar, também, que a mudança de paradigmas de uma

sociedade tem influência direta sobre seu modo de conduzir a educação dos jovens. O processo de

construção do conhecimento pedagógico é, portanto, longo e complexo, além de ser, ao mesmo

tempo, muito revelador.

Figura 2.2: Pedagogia é a condução da criança.

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2 História das ideias pedagógicas: destaques do panorama mundial e brasileiro

2.3 A Educação da Grécia Antiga à Idade Média Cerca de 2.500 anos atrás, os primeiros esboços de uma reflexão

sobre educação começaram a aparecer. Nesse período, uma intensa crise

começou a se perpetuar na Grécia, resultando em uma lenta dissolução

de modelos tradicionais gregos, abarcando também a religião e a política.

Diante de tal crise, houve a instauração de um novo modelo

cultural, por meio do qual a formação seria baseada no racionalismo

e no humanismo. Esse novo modelo foi contemporâneo ao nasci-

mento da democracia, que permitiu ao povo grego a descoberta do

pluralismo e do relativismo.

Foi nesse contexto de intensa reforma social que novos modelos

educacionais foram propostos., principalmente, pelos sofistas e

também por Sócrates e por Platão (embora outros nomes

importantes tenham contribuído para a formação deste cenário).

Os novos modelos educacionais fundaram as raízes da cultura clássica, com a valorização de

elementos como a retórica, a filosofia e o discurso racional, entre outros. Entretanto é impor-

tante ressaltar que os principais fundamentos faziam parte de um ideal educativo, uma vez que

a educação era privilégio da elite.

Apesar de, entre os gregos, ter havido grandes educadores, eles não são considerados os

criadores da escola (mesmo tendo criado valores e pressupostos que se tornariam coerentes

com esta instituição). A civilização romana também introduziu diversos elementos importantes

para o contexto educacional, como a noção de justiça e a noção utilitarista dos conhecimentos.

Entretanto, para os estudiosos da área, o nascimento da escola só teria sido possível a partir

de um conjunto de pré-requisitos que apenas o cristianismo seria capaz de proporcionar.

O cristianismo, resultado da reunião de três grandes culturas (grega, romana e judaica), deu

origem à igreja que, com o apoio do império, teve função importante no fortalecimento da

coesão política. O crescimento do papel da igreja na sociedade pode ser responsabilizado pelo

nascimento da escola na Idade Média.

Figura 2.3: Há 2.500 anos começaram a aparecer os primeiros esboços de uma reflexão sobre educação.

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27Licenciatura em Ciências · USP/Univesp · Módulo 3

Introdução aos Estudos da Educação I

Afirma-se que o nascimento da escola só se deu na

Idade Média porque a escola cristã uniu a instrução

literária com a formação religiosa, o que fez dela um meio

moral organizado. Entretanto, não podemos afirmar que,

assim como gregos e romanos, a escola na Idade Média não

possuía uma preocupação verdadeiramente pedagógica. Tal

afirmação se sustenta pelas características necessárias a um

professor, relacionadas, basicamente, à retidão moral.

Com Carlos Magno, podemos dizer que a Idade

Média começou a delinear um sistema escolar que tinha

ênfase na razão e nos estudos formais. Esta construção do

sistema escolar anunciava o início do renascimento, porém,

sem uma preocupação pedagógica aprofundada.

2.4 A Educação no Renascimento O nome “renascimento” vem da vontade de buscar

novos valores com o intuito de alterar a sociedade a partir

de novas condutas para fundar uma nova era. A fonte de

valores e condutas passa a ser a cultura greco-romana

apresentada no item anterior.

Com grande valorização dada à cultura, a educação tor-

nou-se prioridade para os mais esclarecidos.

A crise, que orientou a mudança de paradigma da Idade

Média para o Renascimento, gerou profundos questiona-

mentos sobre quase todos os aspectos da educação, o que

resultou em diversas doutrinas das quais destacamos duas

grandes correntes: a enciclopédica e a humanista.

Com a chegada dessas novas doutrinas educacionais, a

educação escolástica foi deixada de lado. A doutrina enci-

clopédica foi representada por Rabelais, e tinha um ideal

erudito; o estudante deveria aprender tudo e a disciplina

não era bem vista por limitar e oprimir o ser.

Figura 2.4: Carlos Magno.

Figura 2.5: A fonde de valores e condutas passa a ser a cultura greco-romana com o surgimento do renascimento.

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2 História das ideias pedagógicas: destaques do panorama mundial e brasileiro

A doutrina humanista, por sua vez, foi representada por Erasmo e tinha por característica a

busca de um refinamento de espírito, por meio do qual se deve ter domínio das boas maneiras;

o mestre deveria ter um vasto conhecimento para poupar seu aluno de ter que aprender tudo.

Em suma, podemos dizer que o renascimento marcou a valorização de um discurso pedagó-

gico pautado, principalmente, na crítica à escolástica (movimento intelectual dos séculos XII ao

XIV centrado no raciocínio - e apenas nele). A crítica ao formalismo exagerado é tão intensa

que o discurso educacional renascentista apresenta, prioritariamente, reflexões sobre a educação,

com poucas acepções realmente metodológicas. No que se refere à organização dos estudos, à

“educação das massas”, às práticas pedagógicas, os ideais renascentistas não podem ser creditados

como grandes contribuintes. Entretanto, a educação humanista tem grande importância para a

construção de valores e pressupostos das ideias e práticas educativas.

Devido a este caráter altamente não utilitarista do discurso renascentista, podemos dizer que

a pedagogia de fato só surgiu posteriormente.

2.5 O Nascimento da Pedagogia No século XVII, a educação ganhou uma nova perspectiva ao inserir em sua discussão o

método, ou seja, a pedagogia. Entendemos a pedagogia por um conjunto de metodologias e saberes

docentes que não se referem a conteúdos específicos, mas que são formulados pelo educador a fim

de aumentar a eficácia do ensino e, consequentemente, a aprendizagem do aluno.

Entre os fatores que influenciaram o aparecimento da pedagogia podemos citar a reforma

protestante que, liderada por Lutero, enfatizou a necessidade de educar a população e ampliar

o acesso da mesma às instituições de ensino.

Figura 2.6: A reforma protestante liderada por Lutero foi um dos fatores que influenciaram o aparecimento da pedagogia.

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Introdução aos Estudos da Educação I

Citamos aqui também a Contrarreforma católica, que surgiu como uma resposta à

Reforma protestante. A Igreja viu-se obrigada a fundar escolas para doutrinar um maior

número de fiéis. O exemplo mais conhecido da resposta da igreja é a formação da instituição

jesuítica, que também faz parte da história da pedagogia brasileira.

Outros dois fatores que contribuíram para o aparecimento da pedagogia foram uma

nova visão da infância e o problema da delinquência nos centros urbanos. Considerava-se

que a infância seria uma época de leviandade, e isso deveria ser curado, o que justifica por si

só a existência de um método corretivo. Para corroborar com isso, a delinquência intercede

pelo argumento anterior.

Os fatores citados acima tiveram como

consequência um aumento do número de

alunos nas escolas, o que exigiu a criação de

uma metodologia específica para que os mestres

fossem capazes de lidar com a nova realidade. Por

esse motivo, no século XVII surgiram diversos

tratados sobre pedagogia, e o que os diferencia

das obras dos períodos anteriores é o nível de

detalhamento alcançado pelos pedagogos já

experientes, o que necessariamente afasta esses

tratados da nobreza.

Os Jesuítas, tão conhecidos entre os

brasileiros, surgiram nesse contexto, pela

necessidade de consolidar o poder católico, com

a nítida missão de catequizar. O objetivo claro

da doutrina cristã influencia estas obras, pois,

para serem realmente eficazes, elas necessitam

de clareza e detalhamento de métodos.

Assim ocorre a construção da pedagogia

como um “saber-fazer” do professor em relação

ao aluno, para conseguir atingir o seu objetivo.Figura 2.7: A contrarreforma católica surgiu como uma resposta à Reforma protestante e a Igreja viu-se obrigada a fundar escolas para doutrinar um maior número de fiéis.

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2 História das ideias pedagógicas: destaques do panorama mundial e brasileiro

2.6 O século das Luzes e Rousseau O século XVIII apresentou inúmeras mudanças políticas, sociais e

culturais realmente significativas. Houve nesse século uma radicalização

das mudanças que começaram no Renascimento e continuaram até

então. Conhecido como o “Século das Luzes”, o século XVIII possui

inúmeros filósofos de renome, como Montesquieu, Voltaire,

Newton, Locke, Kant etc.

Nesse período houve também um grande desenvolvimento de

diversos domínios do saber. Entre eles podemos destacar a ciência, as

artes e a tecnologia. E nesse novo contexto a crença geral é a de que

a felicidade e o progresso podem ser construídos pelos homens se guiados pela razão.

Entre todos os pensadores, Rousseau se destaca por ser um crítico extremamente original

e severo, cujo pensamento parece influenciar ainda hoje a pedagogia. A visão de Rousseau sobre

a educação é fundamentada em alguns princípios:

1. A prática pedagógica deve ser baseada na observação das crianças e ligada a uma teoria

que se aplique a toda a natureza humana.

2. É preciso distinguir quais as etapas existentes no desenvolvimento.

3. A educação pelas palavras deve dar lugar à educação pelas coisas, portanto, tudo aquilo

que for sensitivo, intuitivo e ativo deve ser priorizado.

4. A aprendizagem só é válida se despertar o interesse da criança.

5. Existe uma natureza própria à alma da criança.

6. Não é possível realizar qualquer revolução de costumes e

instituições sem que seja feita uma revolução da educação.

A obra Émile, de Rousseau, é revolucionária, pois inverte

significativamente a ideia da infância e a educação que deve ser dada

à criança. Contudo, a teoria de Rousseau não explicita como seria

a aplicação dos conhecimentos por ele delineados em uma escola

urbana, ao contrário, apenas explica a relação entre um mestre e seu

discípulo (o preceptorado).

Figura 2.8: Filósofo do século XVIII, conhecido como o “Século das Luzes”.

Figura 2.9: Rousseau.

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Introdução aos Estudos da Educação I

Por este motivo, mesmo sendo de suma importância, o pensamento de Rousseau não teve

grande impacto nas práticas pedagógicas dos séculos seguintes (XVIII e XIX).

Podemos dizer que apenas no século XX as ideias de Rousseau foram realmente retomadas,

no século XIX as preocupações foram mais voltadas para o âmbito legal.

2.7 Da Pedagogia Tradicional à Pedagogia NovaEstudamos resumidamente as mudanças

ocorridas em relação às ideias pedagógicas

no decorrer de muitos séculos. Agora,

entraremos nas questões relacionadas ao

século XX, marcadamente caracterizado

pela passagem de uma pedagogia tradicional

para uma pedagogia nova.

Esse século se diferencia dos demais

pela conscientização da existência de

uma história pedagógica pelos edu-

cadores; a importância da psicologia

aflora como principal componente do discurso pedagógico. Temos, neste momento, o

início da escola nova.

A Pedagogia Nova se opõe drasticamente à Pedagogia Tradicional, com o objetivo de fazer

com que todos os dons inatos das crianças frutifiquem a partir do estímulo correto. A escola

passa a se ocupar com a totalidade dos aspectos que constituem os seres humanos, e não mais

apenas com o que diz respeito ao seu intelecto.

Os educadores passam a ter uma postura que inspire a confiança da criança para que, assim,

consigam fazer-lhe desabrochar.

Diversos autores têm sua importância reconhecida nesse momento histórico, entre eles

podemos destacar Montessori, Freinet e Freire, sem deixar de citar Vygosky e Piaget,

que podem ser considerados os responsáveis pelas abordagens construtivistas.

Figura 2.10: Século XX - caracterizado pela passagem de uma pedagogia tradicional para uma pedagogia nova.

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2 História das ideias pedagógicas: destaques do panorama mundial e brasileiro

2.8 Uma breve história da Pedagogia no Brasil A pedagogia em nosso país só teve início em 1549

com a chegada do primeiro governador geral, Tomé de

Souza, trazendo consigo os jesuítas, que vieram com a

missão de converter os gentios, como vimos no item

2.5. No contexto da Contrarreforma, a Igreja se viu per-

dendo um número vertiginoso de fiéis e logo precisou

tomar medidas para isso evitar.

Podemos dizer que o processo de ocidentalização

do Brasil dependeu de três aspectos muito fortes: a

colonização, a educação e a catequização.

Com o advento do nepotismo esclarecido,

Marquês de Pombal ordenou o fechamento das

escolas jesuítas, fase que ficou conhecida como

pombalina e foi marcada por um ideário iluminista.

Com a vinda da família real para o Brasil, uma

nova ruptura do sistema educativo aconteceu, no entanto, a educação brasileira continuou

tendo importância secundária.

Mais tardiamente, com a declaração da independência do país, houve a necessidade de se delinear

um tratado que cuidasse das questões educacionais brasileiras. E em meio a essa discussão mostrou-se

urgente a necessidade de organizar um sistema público de escolas a ser implantado em todo o novo

Estado. Nesse contexto uma versão laica de escola começou a ser apropriada pela elite do país.

Acreditava-se na necessidade da instrução para que o povo pudesse atingir uma real

independência, pois aquele que é ignorante sempre se encontra em um estado de dependência.

Com a promulgação da constituição brasileira em 1824, tornou-se oficial o intuito de

fornecer uma educação básica e gratuita para todos. Contudo, até a proclamação da república

em 1889 nada de concreto se fez pela educação brasileira.

A adoção de um sistema presidencialista trouxe ao Brasil uma influência nitidamente positivista.

Na escola brasileira começou a nascer uma tendência cientificista. E não muito tempo depois, com

a capitalização do país e os novos investimentos em seu crescimento industrial, uma demanda para

mão de obra foi criada, o que gerou, por consequência, uma demanda educacional profissionalizante.

Figura 2.11: Processo de ocidentalização do Brasil: colonização, educação e catequização.

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Introdução aos Estudos da Educação I

No período do Estado Novo, uma nova constituição foi outorgada (1937), desta vez

refletindo claramente as tendências fascistas e dando uma maior valorização ao ensino pré-

vocacional e vocacional, que fica oficializado no documento constitucional. Tal fato torna

nítida a transferência da preocupação de um ensino colegial propedêutico e preparatório para

o ensino superior, para um ensino voltado para uma formação geral, preparatória, para um

ensino profissionalizante.

Com o fim do Estado Novo, entre as décadas de 40 e 60, ocorreu a adoção de uma nova

constituição, por sua vez, mais democrática e liberal, fato que gerou uma enorme gama de

discussões em torno do cenário educacional, resultando na promulgação da primeira Lei de

Diretrizes e Bases para a Educação Nacional (LDB).

Contudo, o impulso de mudança do cenário educacional brasileiro foi abortado pelo golpe

militar em 1964, com o pretexto de que a proposta educacional seria subversiva e teria um

caráter comunista. Nesse período houve a expansão universitária e a criação de um vestibular

classificatório para o ingresso nas instituições de ensino superior.

Ao fim do período militar, a discussão educacional já havia perdido seu enfoque pedagógico

para dar lugar ao enfoque político. Uma nova LDB, no entanto, só foi aprovada em 1996.

Atualmente, o ensino nacional tem como diretriz principal os Parâmetros Curriculares

Nacionais. Infelizmente, mesmo após mais de 10 anos de seu lançamento, ainda enfrentamos

graves problemas educacionais.

Figura 2.12: Adoção de uma nova constituiçãomais democrática e liberal gerou uma enorme gama de discussões em torno do cenário educacional.

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2 História das ideias pedagógicas: destaques do panorama mundial e brasileiro

2.9 Making Off Elaboramos as diversas aulas dessa disciplina, procurando auxiliar você, professor em formação,

na ampliação de seus conhecimentos e, consequentemente, em sua futura atuação profissional.

Já na próxima aula, focamos nosso estudo mais diretamente no Ensino de Ciências da Natureza.

Para tanto, teremos os Parâmetros Curriculares Nacionais de Ciências Naturais como um dos

documentos de referência.

ReferênciasGauthier, C.; tardif, M. A Pedagogia: Teorias e Práticas da antiguidade aos Nossos Dias.

Petrópolis: Vozes, 2010.

Saviani, d. A pedagogia no Brasil: história e teoria. Campinas: Autores Associados, 2008.

Agora é a sua vez...Você já teve contato com esses documento? O que conhece sobre ele? Responda uma pequena enquete no ambiente virtual. Realize também as atividades propostas.

Após responder a enquete, você já pode começar a se familiarizar com o material, acessando o endereço: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ciencias.pdf.

Para saber maisEmbora tenhamos realizado um apanhado global que julgamos conter o conteúdo essencial para uma compreensão introdutória sobre as transformações das ideias pedagógicas ao longo do tempo, é importante ressaltar que abordamos a temática de forma bastante simplificada na presente aula.Dessa maneira, é interessante ampliar ainda mais seus conhecimentos. Para tanto, recomendamos o conteúdos dos links abaixo, que trazem materiais bastante interessantes. 1. Material organizado pelo Centro de Referência em Educação - C R E (Secretaria

de Estado da Educação de São Paulo) sobre alguns “Mestres do pensamento pedagógico” <http://www.crmariocovas.sp.gov.br/grp_l.php?t=033>.

2. Edição especial da Revista Nova Escola sobre os “Grandes pensadores” da educação. Vale a pena conferir o interessante esquema de uma árvore evolutiva das ideias pedagógicas. <http://revistaescola.abril.com.br/edicoes-especiais/022.shtml>.

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Introdução aos Estudos da Educação I

Informações Complementares

Carlos Magno: Carlos Magno foi rei dos francos e depois imperador do ocidente. Era filho de Pepino, o Breve (dinástica carolíngia). Foi conhecido por sua arte de guerrear, além de suas habilidades políticas. Ambicionava a reunificação do ocidente europeu sob sua autoridade. Em seus últimos anos de vida, houve a consolidação do Estado.

Comte: Augusto Comte é o filósofo francês considerado fundador da Sociologia e do Positivismo. Ele nasceu em Paris e lá estudou enquanto desenvolvia sua teoria. Seus pensamentos ganharam grande importância no cenário mundial e chegaram a influenciar também o Brasil, durante a República.

Durkheim: Émile Durkheim pode ser considerado um dos fundadores da sociologia moderna. Sua pesquisa de doutorado foi sobre a divisão do trabalho social. Para ele a existência de uma sociedade só é possível quando existe um acordo entre os indivíduos que a compõem. Entretanto, este consenso se apoia na solidariedade, que pode ser mecânica ou orgânica.

Erasmo: Nascido em uma pequena família burguesa na Holanda, provavelmente em 1466. Ficou órfão com 17 anos e entrou para um mosteiro poucos anos depois. Após ser ordenado sacerdote, iniciou uma vida errante cosmopolita e humanista. Escreveu “Apologia contra os Bárbaros”, obra na qual considera bárbaros aqueles incultos e deformados, resultantes de uma formação escolástica tradicio-nalista. Para Erasmo, o sistema educativo deveria ter um mestre onisciente para poder poupar o aluno de ter que aprender tudo.

Freinet: Celestine Freinet foi um pedagogo anarquista francês. Em sua infância, sua estada na escola foi extremamente desagradável e tal experiência influenciou seu pensamento. Freinet afirmava a existência de uma dependência entre a escola e o meio social de forma a concluir que não existe educação ideal, mas uma educação de classes. Em seu livro, “Educação para o Trabalho”, apresentou um confronto entre a escola tradicional e a escola proposta por ele, onde o trabalho tinha a posição central como metodologia.

Freire: Paulo Reglus Neves Freire destacou-se por seus estudos na área da educação. Educador e filósofo brasileiro, nascido em 1921, é considerado um dos pensadores mais notáveis da história da pedago-gia mundial. Autor de “A Pedagogia do Oprimido”, um método de alfabetização dialético, sempre defendeu o diálogo com as pessoas simples como um método realmente democrático, destacando-se dos métodos propostos pela vanguarda esquerdista de sua época.

Kant: Immanuel Kant foi um filósofo influente e considerado um dos últimos grandes filósofos do princípio da era moderna. Nasceu em 1724, na Prússia, e durante sua vida lecionou geografia e ciências naturais. Por muito tempo lecionou em universidade, tendo uma vida tranquila. Sua fama advém principalmente do idealismo transcendental, e também é conhecido por sua filosofia moral. Para Kant, o conhecimento permitiria ao homem atingir a “maioridade”, ou seja, emancipar-se; e a menoridade seria a incapacidade de fazer uso do seu próprio entendimento.

Locke: John Locke, considerado artesão do pensamento político liberal, fundou a moderna educação inglesa, cuja influência ultrapassou as barreiras geográficas de sua pátria. A maior parte de sua obra se caracteriza por ter uma forte oposição ao autoritarismo. Locke, com suas obras, é considerado o precursor do pensamento iluminista. E, sem dúvida alguma, influenciou os pensadores de seu tempo, além de ser referência teórica para as reformas que surgiriam mais tarde.

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36 Licenciatura em Ciências · USP/Univesp · Módulo 3

2 História das ideias pedagógicas: destaques do panorama mundial e brasileiro

Lutero: Martinho Lutero teve extrema importância no cenário histórico por ter dado início à Reforma protestante. Foi ordenado sacerdote, porém, rompeu com a Igreja quando testemunhou a venda de indulgências. Nesse momento, Lutero negou a autoridade papal e foi excomungado, queimando a bula papal em praça pública, em 1520. Posteriormente, Lutero traduziu a bíblia para o Alemão, colocando-a ao alcance dos menos letrados.

Montesquieu: O Barão de Montesquieu, Charles-Louis de Secondat, foi considerado um dos grandes filósofos do período iluminista. Escreveu um relatório no qual discorria sobre as formas de poder e explicava como os governos poderiam ser preservados da corrupção. Montesquieu também idealizou um Estado regido por três poderes: o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Esta divisão do poder influenciou drasticamente a política moderna. A Igreja católica colocou seu livro “Espírito das Leis” entre os livros proibidos, mas mesmo com essa medida o sucesso da obra não foi impedido.

Montessori: Maria Montessori nasceu italiana, em 1870. Foi a primeira mulher a se formar em medicina na Itália. Após sua formatura iniciou um trabalho com crianças portadoras de necessidades especiais e depois utilizou os métodos experimentados nessas crianças em crianças sem qualquer comprome-timento de aprendizagem. Sua metodologia propunha despertar a atividade infantil a partir do estí-mulo, e promover uma autoeducação da criança, por meios adequados de trabalho a sua disposição. O educador, nesta visão, não atuaria diretamente sobre a criança, mas ofereceria a possibilidade de autoformação. Seu trabalho exigia um abundante material que possuía caráter autocorretivo.

Newton: Nascido em 1642, na Inglaterra, Newton destacou-se no cenário mundial por suas contri-buições em cálculo e física. Sua obra é considerada uma das mais influentes da história da ciência. Suas descobertas culminaram numa revolução científica que influenciou o período em que vivia de forma intensa.

Piaget: Jean Piaget, suíço, foi um dos expoentes do estudo do desenvolvimento cognitivo. Estudou os processos de construção do pensamento das crianças e dividiu os períodos de desenvolvimento humano de acordo com o aparecimento de novas qualidades de pensamento. A divisão das faixas etárias propostas por Piaget é uma referência, mas não uma norma rígida. A crítica de Piaget à escola tradicional é acida, pois, segundo ele, os sistemas educacionais objetivavam mais acomodar a criança aos conhecimentos tradicionais do que formar inteligências inventivas e críticas.

Platão: Platão foi um filósofo grego de extrema importância na história. Discípulo de Sócrates, com ele muito aprendeu. Para Platão a educação substitui a política, e teria o poder de refazer a história. No plano político, entretanto, pode ser considerado um reacionário, se comparado com os sofistas. Sua maior obra, “A República”, possui múltiplos significados que são suscetíveis também a múltiplas interpretações.

Rabelais: François Rabelais, nascido na França, provavelmente em 1484. Começou seus estudos para a vida religiosa, porém, os interrompeu para se dedicar à medicina. Viveu em um período conturbado pelas reformas protestantes e escreveu diversos livros que refletiam sua vida inapreensível, misteriosa e desconcertante. Fervoroso iluminista, era contra e educação escolástica e lançou seu ataque contra os métodos e o formalismo da mesma.

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Introdução aos Estudos da Educação I

Rousseau: Jean-Jaques Rousseau nasceu na Suíça em 1712, foi um importante filósofo, teórico político, escritor e compositor autodidata. Pode ser considerado o Copérnico da educação, pois suas ideias modificaram a história da educação de uma forma muito intensa. Sua pedagogia representou a primeira tentativa radical e apaixonada de oposição fundamental à pedagogia da essência e de criação de perspectivas para uma pedagogia da existência. A educação, segundo Rousseau, não deveria ter por objetivo a modelação da criança com vista ao futuro nem para fins pré-determinados. Ele se mostrava contrário à educação precoce.

Sócrates: Sócrates pode ser considerado o primeiro mestre que defendeu sua própria ignorância. Grego, era considerado pelos demais gregos uma espécie de sofista, porém, não considerava que dava lições, e procurava mais aprender do que ensinar através de suas discussões. Uma de suas frases mais famosas é: “Conhece a ti mesmo”. Teve Platão como discípulo, outro filósofo grego extremamente importante.

Sofistas: A palavra “sofista” significa “erudito”. Os sofistas eram homens cultos que, alfabetizados, brilhavam por seu espírito e por saber usar a palavra. Geralmente, eram estrangeiros que viajavam entre as cidades para vender seu talento. Atenas era o local predileto dos sofistas, e lá eram conhe-cidos como mestres do “saber-falar”.

Voltaire: O nome Voltaire era apenas pseudônimo de François-Marie Arouet. Ele nasceu em Paris, em 1694, e dentre outras atividades que exerceu foi poeta, ensaísta, dramaturgo, filósofo e historiador iluminista. Voltaire defendia a liberdade de pensar diferente. Uma célebre frase de Voltaire era: “Devemos julgar um homem mais pelas suas perguntas do que pelas suas respostas”.

Vygotsky: Lev Semenovitch Vygostky, russo, nascido em 1896, foi pioneiro na noção de que o desenvol-vimento intelectual das crianças ocorria em função das interações sociais, as quais estavam submeti-das às condições de vida. Seus estudos só ficaram conhecidos no ocidente depois de muitos anos de sua morte, que ocorreu em 1934, aos 37 anos, por advento de uma tuberculose.