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Nádia João Estante
Universidade Politécnica Maputo, 2009
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO: Estudo de Caso sobre Conhecimentos, Atitudes e Práticas (CAP) em relação ao HIV/SIDA no Hotel Southern Sun de Maputo
Nádia João Estante
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO
TURISMO: Estudo de Caso sobre Conhecimentos, Atitudes e
Práticas em relação ao HIV/SIDA no Hotel Southern Sun Maputo
Monografia apresentada à Escola Superior de
Gestão, Ciências e Tecnologias da Universidade
Politécnica, como parte dos requisitos para a
obtenção do grau de Licenciada em Turismo e
Gestão de Empresas Turísticas.
Tutora: Dra. Andrea Folgado Serra
MAPUTO
2009
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
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Parecer do tutor:
Eu, Andrea Folgado Serra, Tutora da Monografia de Licenciatura da estudante Nádia
João Estante, intitulada “HIV/SIDA no Local de Trabalho no Sector do Turismo:
Estudo de Caso sobre Conhecimentos, Atitudes e Práticas em relação ao HIV/SIDA
no Hotel Southern Sun Maputo”, outorgo à mesma a minha apreciação favorável.
Por estes motivos, considero o presente trabalho de Licenciatura da candidata, apto
para ser submetido à avaliação e defesa pública perante o Júri nomeado para o efeito.
Maputo, 10 de Agosto de 2009
________________________
Andrea Folgado Serra
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
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Declaração de Autoria
Eu, Nádia João Estante, declaro por minha honra, que este trabalho nunca foi
apresentado, na sua essência para a obtenção de qualquer grau académico, e que ele
constitui o resultado da minha investigação, estando indicadas no texto e na
bibliografia, as fontes por mim utilizadas para o efeito.
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Em memória ao trabalhador do Hotel Southern
Sun Maputo, Alexandre José Cossa, que faleceu
vítima da Sida. Que Deus lhe dê um eterno
descanso.
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“O HIV/SIDA tornou-se numa terrível ameaça para o mundo do trabalho: atinge o
segmento mais produtivo da mão-de-obra, reduz os seus lucros, aumenta
consideravelmente as despesas das empresas de todos os sectores de actividade
porque reduz a produção, aumenta os custos do trabalho, conduz a uma perda de
competências e de experiência. Representa, por outro lado, uma ameaça para os
direitos fundamentais no trabalho, nomeadamente com a discriminação e a
estigmatizarão de que são vítimas os trabalhadores e as pessoas que vivem com o
HIV/SIDA ou que por ele são afectadas.”
Organização Internacional do Trabalho (2001)
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
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AGRADECIMENTOS
A realização deste trabalho simboliza um período de grande esforço e empenho no
intuito de aprimorar os meus conhecimentos. Contudo, apenas pude concluir a minha
caminhada, pois obtive o apoio, a compreensão e a colaboração de diversas pessoas
especiais.
Agradeço primeiramente a Deus por abençoar-me, dar-me forças e proteger-me a cada
minuto da minha vida. Em seguida, presto o meu agradecimento à minha mãe, Sra.
Felezelina Massingue, pois só foi possível a realização deste trabalho graças à melhor
educação, para ela vai o meu agradecimento por tudo que sempre me transmitiu.
O meu agradecimento estende-se também à minha tutora, Mestre Andrea Folgado
Serra, por compartilhar comigo o seu conhecimento. Seu auxílio, paciência e atenção
foram elementos fundamentais para a conclusão deste trabalho.
Impossível de esquecer do meu marido Dinis, que durante longas horas discutiu
comigo assuntos relevantes para este trabalho. Seus conselhos e percepções em muito
me ajudaram a organizar as minhas ideias. Sua paciência e carinho para comigo foram
a fonte de energia e de motivação para que este trabalho pudesse ser concluído. A ele
deixo aqui o meu especial agradecimento.
Não poderia de deixar de agradecer aos funcionários do Hotel Souther Sun, em
destaque à Sra. Anastácia Mucavele, pela abertura e sugestões que muito serviram
para a recolha de informação.
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
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Agradeço, ao Ricardo Xavier que sempre esteve disposto para qualquer que fosse a
necessidade relacionada ao trabalho.
De forma especial, agradeço a todos os meus docentes do primeiro ao quarto ano que
tiveram a dura missão de transmitir os seus conhecimentos para que eu pudesse
desenvolver-me intelectualmente.
Por fim, agradecer a todos os meus colegas de grupo, os famosos “Guis” foram e são
todos tão importantes para o meu crescimento pessoal, em especial ao Marino, Íris
Vanessa e ao Vasco Manhiça.
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RESUMO
Este trabalho de investigação científica, teve como objectivo analisar o HIV/SIDA no
local de trabalho, tomando o Hotel Southern Sun Maputo como estudo de caso. O
estudo visou identificar e analisar o nível de conhecimentos, atitudes e práticas em
relação ao HIV/SIDA junto ao universo de trabalhadores do referido Hotel através de
uma abordagem quantitativa e pesquisa do tipo exploratória e descritiva. Por outro
lado, o estudo propõe algumas medidas que a direcção podia tomar em consideração
na fase de implementação da sua política do HIV/SIDA no local de trabalho. Os
resultados do estudo mostram que todos os trabalhadores do hotel têm um nível
considerável de conhecimentos sobre o HIV/SIDA, uma parte notável têm atitudes
discriminatórias a pessoas vivendo com HIV/SIDA, quase todos praticam sexo
desprotegido e têm parceiros múltiplos e concorrentes independentemente do seu sexo,
idade, estado civil, nível académico e cargo que ocupam na organização. Por outro
lado, o estudo revelou que, em relação ao uso do preservativo, nem sempre a decisão é
tomada de forma conjunta. Na implementação da política do HIV/SIDA no local de
trabalho em desenvolvimento até à altura da realização deste estudo, propõe-se o
seguinte: Para a redução do estigma e discriminação contra os trabalhadores vivendo
com o HIV, a acção deve incidir mais sobre os que discriminam, têm poder e não
estão infectados, pois estes é que podem evitar a discriminação, encorajar os
trabalhadores a manterem a sua atitude solidária para com os seus colegas vivendo
com o HIV, e incluir tanto os trabalhadores como os cônjuges na educação e
sensibilização. Por outro lado, para a redução do risco de infecção pelo vírus causador
do SIDA, as acções de sensibilização e educação devem incidir na mudança de
comportamento, particularmente na redução do número de parceiros sexuais e uso
consistente do preservativo no seio de todos os trabalhadores da instituição, incluindo
os seus parceiros sexuais regulares.
Palavras-chave: Estudo CAP, HIV/SIDA, Local de Trabalho, Comportamentos de
Risco, Hotel Southern Sun, Maputo
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Desafios para o Desenvolvimento do Turismo em Moçambique ........................................ 38
Quadro 2. Análise SWOT do Turismo em Moçambique ................................................................... 39
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Fluxo Turístico Receptivo Internacional (2000 – 2005) em milhões .................................... 20
Tabela 2. Indicador de Referência por Motivo de Visita .................................................................... 23
Tabela 3. Receitas do Turismo Internacional em Moçambique ........................................................... 23
Tabela 4. Total de Dormidas (nacionais+estrangeiros) ...................................................................... 24
Tabela 5. Taxa de Ocupação (%) ....................................................................................................... 24
Tabela 6. Receitas nos Estabelecimentos Hoteleiros e Similares (MT)................................................ 25
Tabela 7. Receitas nos Estabelecimentos Hoteleiros por Categoria ..................................................... 26
Tabela 8. Volume de Investimentos em Projectos de Turismo ............................................................ 26
Tabela 9. Contribuição do Turismo para o PIB .................................................................................. 27
Tabela 10. Estatísticas Mundias sobre o HIV em 2007 ...................................................................... 29
Tabela 11. Taxas Estimadas de Prevalência do HIV em Adultos (15-49 anos) por Província, Região e
Nacional em Moçambique 2007 ................................................................................................ 31
Tabela 12. Reanálises das Taxas Históricas de HIV (Regionais e Nacionais) ...................................... 31
Tabela 13. Reanálises das Taxas Históricas de HIV (Provinciais) ....................................................... 32
Tabela 14. Existência de Política de combate ao HIV/SIDA em oito empresas Moçambicanas ........... 44
Tabela 15. Opinião de trabalhadores de oito empresas sediadas em Moçambique sobre a Política de
HIV-SIDA ................................................................................................................................ 45
Tabela 16. Áreas de cobertura do programa na opinião de gestores e de trabalhadores ........................ 47
Tabela 17. Serviços Oferecidos pelo Hotel Southern Sun Maputo ...................................................... 56
Tabela 18. Indicadores e Sub-indicadores da Pesquisa ....................................................................... 61
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LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1. Evolução do HIV a nível Mundial (1990-2007) ................................................................ 30
Gráfico 2. Tendência da Prevalência do HIV a nível nacional ............................................................ 33
Gráfico 3. Tendência da Prevalência do HIV a nível regional ............................................................. 33
Gráfico 4. Distribuição dos participantes por Sexo ............................................................................. 57
Gráfico 5. Distribuição dos participantes por Faixa Etária .................................................................. 58
Gráfico 6. Distribuição dos participantes por Estado Civil ................................................................. 58
Gráfico 7. Distribuição dos participantes por Nível de Formação ....................................................... 59
Gráfico 8. Distribuição dos participantes por Cargo ........................................................................... 60
Gráfico 9. Atitudes de Estigma e Discriminação a PVHS segundo o Sexo .......................................... 73
Gráfico 10. Atitudes de Estigma e Discriminação a PVHS segundo o Cargo ...................................... 74
Gráfico 11. Comportamento Sexual de Risco dos Trabalhadores segundo o Sexo .............................. 75
Gráfico 12. Comportamento Sexual de Risco dos Trabalhadores segundo a Idade .............................. 77
Gráfico 13. Comportamento Sexual de Risco dos Trabalhadores segundo Estado Civil ...................... 78
Gráfico 14. Comportamento Sexual de Risco dos Trabalhadores segundo o Nível Académico ............ 79
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LISTA DE ABREVIATURAS
ACP Trabalhadores que não aceitam acolher em sua casa e cuidar dum parente vivendo
com o HIV
AED Academia para o Desenvolvimento Educacional
BAT British American Tabaco
BM Banco de Moçambique
CAP Conhecimentos, Atitudes e Práticas
DINATUR Direcção Nacional do Turismo
DTS Doença de Transmissão Sexual
ECOSIDA Associação de Empresários contra a Sida
FDC Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade
CPI Centro de Promoção e Investimentos
ILO International Labor Organization
INE Instituto Nacional de Estatística
HIV Vírus de Imunodeficiência Humana
OIT Organização Internacional do Trabalho
OMS Organização Mundial da Saúde
OMT Organização Mundial do Turismo
ONUSIDA Programa das Nações Unidas para a SIDA
PIB Produto Interno Bruto
PNCS Programa Nacional de Controlo do SIDA
PVHS Pessoas Vivendo com o HIV
PRP Trabalhadores que não aceitam partilhar uma refeição com uma pessoa vivendo com
o HIV
RETOSA Organização Regional de Turismo da África Austral
SADC Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral
SIDA Sindroma de Imunodeficiência Adquirida
SPSS Statistical Package for Social Sciences
TSCT Trabalhadores que não aceitam que um trabalhador manifestando sintomas de
HIV/SIDA continue a trabalhar
UIP Uso Inconsistente do Preservativo
UNAIDS United States Agency for Internacional Development
WTTC Conselho Mundial de Viagens e Turismo
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 1
1.1 ENQUADRAMENTO ....................................................................................... 1 1.2 PROBLEMA DE INVESTIGAÇÃO ...................................................................... 2
1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 6 1.4 OBJECTIVOS ................................................................................................. 8
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO .......................................................................... 9
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................. 11
2.1 O TURISMO NO MUNDO E EM MOÇAMBIQUE ............................................... 11 2.2 HIV/SIDA NO MUNDO E EM MOÇAMBIQUE ................................................ 27
2.2.1 Evolução do HIV/SIDA .......................................................................... 27 2.2.2 Estimativas do HIV/SIDA a Nível Global............................................... 28
2.2.3 Situação actual da Epidemia em Moçambique ....................................... 30 2.2.4 Impacto do HIV/SIDA............................................................................ 34
2.2.5 Legislação sobre o HIV/SIDA nas organizações .................................... 40 2.2.6 Estratégias de Resposta ao HIV/SIDA nas Organizações....................... 42
3 METODOLOGIA ........................................................................................... 51
3.1 DESENHO DA PESQUISA .............................................................................. 51
3.2 TÉCNICAS DA PESQUISA ............................................................................. 53 3.3 POPULAÇÃO ............................................................................................... 55
3.4 INSTRUMENTO DE PESQUISA ....................................................................... 60 3.5 PROCEDIMENTOS........................................................................................ 62
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ........................... 64
4.1 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ............................................................. 64
4.2 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .................................................................... 80
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ...................................................... 83
5.1 CONCLUSÕES ............................................................................................. 83 5.2 RECOMENDAÇÕES ...................................................................................... 84
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 86
ANEXOS ................................................................................................................. 90
ANEXO 1: INSTRUMENTO DE PESQUISA ................................................................... 90
ANEXO 2: TABELAS DE ANÁLISE ESTATÍSTICA ....................................................... 93
1 INTRODUÇÃO
1.1 Enquadramento
O SIDA é uma questão moral; é uma questão empresarial sã que todos nós devemos tomar nos
nossos locais de trabalho... quanto mais cedo tornaremos acessíveis os nossos recursos para
lutar contra ela, melhor será para as empresas de amanhã1.
O HIV/SIDA afecta particularmente as faixas etárias mais produtivas (15-49 anos de idade)2,
onde a epidemia é mais grave. Afecta também a economia nacional, a produtividade e a
produção, incluindo a segurança alimentar dos agregados familiares das comunidades.
Nove em cada dez pessoas vivem com HIV/SIDA e são adultos que se encontram na fase mais
produtiva das suas vidas. A força de trabalho mundial já perdeu 28 milhões de pessoas por
causa do SIDA, um número que pode crescer substancialmente se não houver uma resposta
mais forte de todos os sectores da sociedade. (OIT, 2006; ONUSIDA e Empresas, 2007)
Segundo a ONUSIDA e Empresas (2007) a epidemia reduz a disponibilidade da mão-de-obra,
especialmente a especializada, aumenta os custos de operação, reduz a produtividade,
desacelera o crescimento económico, ameaça vidas de trabalhadores e empregadores e põe em
perigo os direitos humanos.
Simultaneamente, o local de trabalho é um dos locais mais importantes e mais efectivos para
responder à epidemia, mesmo em países onde a prevalência do HIV/SIDA é baixa. Duas em
cada três pessoas vivendo com o HIV/SIDA deslocam-se diariamente ao seu local de trabalho,
fazendo com que o seu local de trabalho, seja ideal para a promoção da prevenção do HIV,
tratamento, assistência e apoio. A capacidade única do local de trabalho juntar indivíduos que
1 Olusina Falana, Secretário Executivo da Coligação Empresarial da Nigéria Contra a SIDA 2 Instituto Nacional de Estatística (INE), Ronda 2007.
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
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se encontram nos grupos etários de maior risco, constitui uma situação inigualável para a
consciencialização, educação, acesso ao tratamento e promoção da não discriminação contra
pessoas vivendo ou em risco de adquirir o vírus. (ONUSIDA e Empresas, 2007)
A demonstração visível de liderança do HIV/SIDA pelas empresas, pode influenciar o
comportamento do trabalhador e do cliente, e desta forma, ajudar a conter o estigma e a
discriminação relacionada com a epidemia. Políticas de trabalho bem informadas sobre a
doença, tais como, as que asseguram práticas de não discriminação e acesso equitativo aos
benefícios legais, médicos, de invalidez entre outros serviços; podem ter um impacto
significativo no processo da epidemia na comunidade, a nível nacional e regional. Daí fazer
parte duma resposta efectiva contra o HIV/SIDA no local de trabalho gera boa vontade e
demonstra o empenho das empresas para com uma forte cidadania institucional e o bem-estar
dos seus trabalhadores. (ONUSIDA e Empresas, 2007)
1.2 Problema de Investigação
Há 25 anos desde que a Sindroma da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) surgiu como a maior
emergência de saúde, a epidemia tem tido um sério efeito devastador no desenvolvimento
humano. Em muitos países a epidemia tem minado o progresso nos objectivos do
desenvolvimento do milénio, particularmente, em áreas como redução da pobreza, promoção
da igualdade de género, redução da mortalidade infantil e aumento da qualidade de vida das
mães. (UNAIDS, 2006)
De acordo com o relatório da UNAIDS (1999), o vírus da Imunodeficiência Humana (HIV)
continua a disseminar-se por todo o mundo, atingindo comunidades que eram pouco
vulneráveis a epidemia, e a sua virulência está a aumentar em áreas nas quais a SIDA já é a
principal causa de morte em adultos (15-49 anos de idade).
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
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Não existem explicações simples para o facto de alguns países serem mais afectados pelo vírus
HIV. Supõe-se que a pobreza, o analfabetismo, o comportamento de risco são alguns factores
importantes para a epidemia. (UNAIDS, 1999)
O HIV repercute-se directamente nas empresas, ao atingir a sua força de trabalho. Os elevados
custos da SIDA no mundo do trabalho: perda de produtividade, contratação e formação de
novos empregados, prémios de seguros e assistência médica mais caros reforçam a
argumentação a favor do investimento em programas de prevenção do HIV para homens e
mulheres no seu local de trabalho. (ONUSIDA, 2000)
O HIV/SIDA está concentrado entre adultos em idade produtiva: estima-se que dos 40 milhões
de pessoas que actualmente vivem com o HIV, 80% são adultos, e pelo menos, 26 milhões são
trabalhadores com idade entre 15-49 anos de idade. (OIT, 2003)
O estabelecimento de um programa e de uma política relativa ao HIV/SIDA no local de
trabalho é uma solução eficiente e reduzirá o alastramento e o impacto futuro da doença.
(ONUSIDA, 1998)
Segundo um estudo da capacidade de resposta das empresas à SIDA (Fórum Económico
Mundial, 2005-2006) aproximadamente 11 mil líderes de empresas em 117 países revela que
poucas empresas se tem esforçado em responder ao HIV/SIDA no local de trabalho, apesar do
impacto que este tem sobre as suas actividades.
Enquanto que a preocupação [súbida dos índices do HIV/SIDA e seu impacto sobre as
actividades das empresas] continua a crescer, muitas empresas ainda não tomaram medidas
apropriadas para fazer face a esta situação. Menos de 10% de empresas afirmaram ter
realizado uma avaliação quantitativa de risco de HIV/SIDA, e menos de uma em cada cinco
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empresas desenvolveram políticas que lidam com questões de discriminação na promoção,
pagamento ou benefícios sociais sobre o estado de HIV/SIDA. (ONUSIDA e Empresas, 2007)
O agravamento da pobreza absoluta e das condições de saúde da população torna-se uma
questão mundial que afecta directamente o sector empresarial. Na África Subsahariana,
particularmente na África Austral de que Moçambique é parte, o HIV/SIDA tornou-se uma
epidemia que desafia não só o desenvolvimento económico e social do país como também gera
repercussões na produtividade e nos custos com os trabalhadores, pois, à medida que a
epidemia do HIV/SIDA progride, maiores são os problemas que as organizações enfrentam
com a mão-de-obra devido ao absentismo, às faltas por doença, à degradação da saúde do
pessoal e à reforma antecipada. Esta situação resulta na baixa produtividade e fraca qualidade
de mão-de-obra.
As empresas são cada vez mais chamadas a encontrar respostas responsáveis e eficazes para
lidarem com o crescente índice de seroprevalência na população no geral e nos seus
trabalhadores para reduzir o impacto negativo desta epidemia nos seus negócios. (ONUSIDA e
Empresas, 2007)
Apesar do desenvolvimento tecnológico, a mão-de-obra continua sendo o recurso mais
precioso das organizações. Por isso, a aposta das empresas na motivação da sua mão-de-obra
constitui uma das estratégias chave para um bom desempenho, provisão de serviços de
qualidade e aumento da produtividade.
Actualmente, o sector do turismo em Moçambique apresenta-se em franco desenvolvimentoe
continuará a sê-lo nos próximos anos. (MITUR, 2004) Contudo, este desenvolvimento enfrenta
entre outros, dois grandes desafios: o HIV/SIDA e a integração regional.
Sem uma força de trabalho estável e saudável que assegure serviços padronizados e constantes,
o turismo não registará o desenvolvimento desejado nem poderá competir ao nível dos países
da região a despeito da sua localização estratégica e privilegiada para a prática do turismo.
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
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Por outro lado, sabe-se que entre os anos 1999/2000, a Associação Empresários contra a Sida
(EcoSida), vários actores sociais, e o Conselho Nacional de Combate ao SIDA (CNCS)
desenvolveram um levantamento na linha de base das percepções do HIV/SIDA junto de 1000
empresas sediadas em Moçambique. Conforme indica a ILO (2003), do total das 1000
empresas contactadas apenas 64 responderam ao referido estudo, tendo o mesmo concluído
que:
Nenhuma das empresas tinha um ponto focal de HIV/SIDA.
Nenhuma das empresas tinha realizado alguma avaliação das questões de HIV/SIDA na
empresa.
Nenhum programa de HIV/SIDA no local de trabalho tinha sido desenvolvido por
alguma empresa respondente.
Nenhuma tinha jamais realizado actividades para promover a conscientização entre a
força de trabalho com relação a HIV/SIDA.
Nenhuma tinha algum programa de distribuição de preservativos entre os trabalhadores.
Face aos resultados do estudo acima, e tendo em conta que pouco se sabe sobre as práticas e
políticas de combate ao HIV/SIDA pelas empresas em Moçambique, particularmente nos
últimos anos, dado não existirem dados estatísticos e estudos científicos a respeito, urge
diagnosticar a situação no interior das empresas, particularmente no sector turístico, com
elevado impacto económico no país e, apartir daí sustentar, de forma consistente, potenciais
políticas e programas de intervenção relativamente ao HIV nas organizações.
O Hotel Southern Sun, instituição do sector de Turismo objecto do presente estudo está em
processo de desenvolvimento da sua política de HIV no Local de Trabalho. Contudo, esta
política está a ser desenvolvida, em conjunto com uma estratégia de programas de intervenção,
sem qualquer estudo de base junto dos seus trabalhadores que possa sustentar alternativas ou
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
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opções de se adoptar determinados programas ou ainda acções de redução da pandemia no seio
da organização.
Sabe-se que a operacionalização de qualquer política sobre o HIV no Local de Trabalho deve
preceder estudos que possibilitem, entre outros aspectos, diagnosticar conhecimentos, atitudes,
crenças e comportamentos individuais e de grupo no seio dos trabalhadores de uma
organização. Só a partir destes estudos, designados por estudos CAP – Conhecimentos,
Atitudes e Práticas, se torna possível direccionar acções concretas e viáveis aos diversos sub-
grupos alvo nas organizações que sustentem mudanças efectivas de comportamentos em
relação ao HIV/SIDA com impacto na saúde dos indivíduos, das organizações, das
comunidades que as circundam e, por último, da sociedade em geral.
É precisamente neste contexto que se coloca a seguinte questão que norteará a presente
investigação: que nível de conhecimentos, atitudes e práticas em relação ao HIV/SIDA
possuem actualmente os trabalhadores do Hotel Southern Sun da cidade de Maputo?
1.3 Justificativa
O HIV/SIDA constitui uma ameaça de grande magnitude para as empresas dos sectores
público e privado. Segundo a OIT (2002) algumas empresas sabem que mais de metade dos
seus trabalhadores vivem com HIV. Em Moçambique, poucos estudos e dados estatísticos são
realizados e publicados a respeito dos índices de HIV/SIDA no sector empresarial, embora a
imprensa divulgue, muitas vezes, alguma informação a respeito originando alguma inquietação
e alarme junto da sociedade. Dados sobre o assunto oriundos de empresas do ramo de Hotelaria
e Turismo são escassos no país, pelo que o presente estudo constitui uma contribuição
importante.
O mundo do trabalho está cada vez mais afectado, pois sofre não apenas com o custo humano
da força de trabalho, mas também com a redução dos lucros e da produtividade. Isso resulta em
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
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novos desafios tanto para os empregadores quanto para os trabalhadores. Respostas
construtivas e pró-activas ao HIV/SIDA no local de trabalho podem contribuir para uma
melhoria das relações de trabalho e para garantir a continuidade da produção (OIT, 2002). A
realização deste estudo serve também este propósito, alertar os empregadores, gestores e
trabalhadores do sector turístico para as consequências negativas de se olhar a força de trabalho
como um custo e não um investimento, do ponto de vista estratégico, para garantir uma
qualidade de vida no trabalho sustentável e, consequentemente, excelência na qualidade dos
produtos e serviços prestados.
De acordo com a reunião Tripartida de Peritos sobre o HIV/SIDA e o mundo do trabalho do
Bureau Internacional do Trabalho (OIT, 2001), de forma a garantir a coerência dos programas
nacionais de luta contra a SIDA, de avaliar os custos da epidemia nos locais de trabalho,
planificar medidas que visam atenuar o impacto socioeconómico da SIDA, as autoridades
competentes devem encorajar, apoiar, realizar pesquisas e difundir os resultados. O presente
estudo enquadra-se neste contexto, ao procurar trazer ao de cima informação que fomente a
consciêncialização de empregadores e tomadores de decisão, sobre a importância de
diagnosticar o seu constexto organizacional produzindo dados concretos que favoreçam a
tomada de decisão relativamente a acções e estratégias que visem reduzir o impacto de pessoas
vivendo com o HIV/SIDA no seio das suas organizações.
Por outro lado, a falta de tomada de medidas adequadas para fazer face à prevalência do
HIV/SIDA, particularmente, no sector empresarial, conforme refere a ONUSIDA e Empresas
(2007) justifica uma análise das razões que levam as empresas a esta posição ou a procurarem
respostas efectivas no combate ao HIV/SIDA no local de trabalho.
O sector do turismo, particularmente o hoteleiro, também se ressente do custo humano da força
de trabalho, redução dos lucros e da produtividade resultantes da crescente incapacidade
laboral do trabalhador afectado pelo HIV/SIDA. A este factor, acresce-se o desafio de a gestão
ter que gerir o absentismo dos trabalhadores vivendo com o HIV/SIDA e preservar a imagem
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da instituição junto dos seus clientes, perante trabalhadores que já manifestem sintomas
visíveis da doença.
Deste modo, poque o Hotel Sourthen Sun Maputo ainda não tem o conhecimento sobre o
comportamento, atitudes e práticas dos seus trabalhadores em relação ao HIV/SIDA, o presente
estudo torna-se pertinente dado que desde o início das suas actividades, o Hotel nunca realizou
algum tipo de pesquisa desta natureza, por forma a deliniar estratégias de intervenção
apropriadas à situação existente.
Espera-se, portanto, que o presente estudo contribua para o Hotel Southern Sun melhor
delinear os aspectos a ter em atenção no que diz respeito à finalização da sua política de HIV
no Local de Trabalho e, posteriomente, à sua operacionalização, através de programas e acções
que visem responder às necessidades de conhecimentos, a atitudes pouco adequadas e a
práticas de risco relativamente ao HIV/SIDA no seio da sua força de trabalho.
Finalmente, a relevância do presente estudo centra-se no facto do mesmo trazer não apenas
informação exploratória e descritiva das diversas variáveis em estudo, como também, fomentar
alguma análise cruzada sobre o comportamento de algumas variáveis. A referida perspectiva
poderá sustentar o levantamento de algumas hipóteses que poderão ser objecto de futuras
investigações sobre o tema, particularmente no contexto empresarial do turismo em
Moçambique.
1.4 Objectivos
Objectivo Geral
Contribuir para a melhoria de estratégias de resposta ao estigma e discriminação de pessoas
vivendo com HIV/SIDA (PVHS) e comportamentos de risco de infecção pelo HIV nas
empresas turísticas.
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
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Objectivos Específicos
1. Apresentar uma breve revisão da literatura relativamente à situação actual do Turismo e
da legislação e prevalência do HIV/SIDA em Moçambique e no Mundo.
2. Explorar, medir e descrever o nível de conhecimentos, atitudes e comportamentos
relativamente ao HIV/SIDA junto da força de trabalho do Hotel Southern Sun de
Maputo;
3. Comparar o nível de conhecimentos, atitudes e comportamentos relativamente ao
HIV/SIDA junto da força de trabalho do Hotel Souther Sun da cidade de Maputo em
relação às variáveis sócio-demográficas: sexo, idade, estado civil, nível académico e
cargo.
4. Sugerir à empresa em estudo algumas estratégias de combate ao HIV/SIDA junto da
sua força de trabalho.
1.5 Estrutura do Trabalho
O presente trabalho, está dividido em 5 capítulos. No primeiro capítulo faz-se um breve
enquadramento e introduz-se o tema central do presente estudo, contextualizando o problema
de investigação, a justificativa e os objectivos que se pretende alcançar com o mesmo.
No segundo capítulo apresenta-se a fundamentação teórica, na qual se discute o contexto actual
do sector de turismo em Moçambique, a problemática do HIV/SIDA no Mundo e em
Moçambique, a legislação internacional e nacional a respeito da pandemia e o seu impacto a
nível económico e se destaca algumas das estratégias e práticas comuns que se tem adoptado
para a redução da mesma no seio das organizações.
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
10
O terceiro capítulo apresenta a metodologia usada para o desenvolvimento do presente estudo
destacando-se o tipo de investigação, as técnicas adoptadas, a população alvo e, finalmente, o
instrumento e procedimentos da pesquisa.
No quarto capítulo, procede-se à apresentação dos resultados do estudo procurando responder
aos principais objectivos do mesmo e faz-se a discussão dos resultados confrontando os dados
do estudo com os apresentados no capítulo da fundamentação teórica e realçando as principais
descobertas e suas implicações práticas.
Finalmente, no quinto e último capítulo, tecem-se as principais conclusões da pesquisa em
função dos objectivos previamente definidos e dos resultados obtidos e deixam-se algumas
sugestões à empresa objecto de estudo.
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
11
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 O Turismo no Mundo e em Moçambique
A presente secção cumpre apresentar o Turismo no Mundo em Moçambique abordando o
turismo como fenómeno económico, seus efeitos macroeconómicos, sua importância, impactos
positivos e seu crescimento na economia, ilustrando os indicadores de referência na área do
turística.
Segundo Cunha (1997, p.227), o turismo é uma actividade horizontal que influencia e é
influenciada pela generalidade das actividades humanas qualquer que seja a sua natureza. Na
maior parte das actividades humanas encontra-se uma relação directa com o turismo, assim
como, uma dependência mais ou menos profunda com a generalidade das outras actividades.
O turismo é um sector económico em constante crescimento em todo o Mundo. É uma
actividade económica internacional, que em 2001, contribuiu com 4.2% para o Produto Interno
Bruto (PIB) da economia global e empregou 8.2% da população economicamente activa do
mundo, Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Turismo em Moçambique (2004-2013).
Portanto, como reforça Cunha (1997, p.227), “à medida que o turismo se desenvolve, torna-se
numa actividade que responde à satisfação de necessidades múltiplas de ordem intelectual,
física, psicológica, cultural, social e profissional, mediante o desenvolvimento de novas
actividades e a renovação das actividades existentes.”
Assim, o turismo é uma actividade multi-sectorial e se relaciona com todos os organismos
produtivos da economia, isto é, não é um ramo económico independente, mas sim um ramo
que esta interligado a outros sectores.
O turismo é uma indústria que propicia rápido crescimento económico em ofertas de empregos,
nível de vida e activação de outros sectores produtivos do país receptor, Oliveira (2002, p.46).
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
12
A Organização Mundial de Turismo (OMT), citada por Oliveira (2002, p.46), divulgou que no
ano de 1996, a actividade turística teve um crescimento de 4,5% no número de viagens
internacionais, acima de 3,8% de 1995 em relação a 1994. Quanto à entrada de divisas nas
nações, o incremento foi de 7,6% ultrapassando a US$ 423 biliões. Em todo o mundo, cerca de
592 milhões de viajantes deslocaram-se entre os países em 1995 e 1970, o número aumentou
para 257%. Em 2010 o número de viajantes irá atingir 1 bilião e para 2020, as estimativas da
OMT apontam para mais de 1,6 bilhão de viagens internacionais.
A OMT publicou ainda, que o número de empregos no sector de turismo cresça, isto é, o
turismo deve criar entre 2,2 milhões e 3,3 milhões de empregos na Europa até o ano de 2010,
com uma taxa de crescimento anual de 1% a 1.5%. Ao mesmo tempo, a indústria contribuiu
com mais de US$ 3,5 trilhões para a receita global. (Oliveira, 2002, p.47)
A OMT prevê que as correntes turísticas triplicarão nas próximas décadas. O número de
turistas que, por volta do ano 2020, se deslocarão de país a país, será de 1,6 bilhão, com gastos
que somarão mais de US$ 2 trilhões ou US$ 5 bilhões por dia. Espera-se também que o
número de empregos cresça proporcionalmente. (Oliveira, 2002, p.49).
Neste contexto, a indústria do turismo é grande promotora de riquezas e aparece em todo o
mundo, como um dos mais importantes segmentos geradores de empregos e postos de trabalho.
(Steinbruchi, 1988) No entanto, é necessário adoptar mecanismos para gerir o mercado de
trabalho, seus obstáculos que bloqueiem a criação de empregos e também de melhorar as
informações disponíveis sobre a localização e as oportunidades de empregos existentes,
Oliveira (2002, p.49).
Em todo o mundo, o turismo é um sector que revela uma crescente importância económica.
(MITUR, 2003) Em 2007 o número de turistas que visitou Moçambique cresceu 21% em
relação ao ano anterior, permitindo ao país arrecadar receitas de 103, 4 milhões de euros. No
mesmo ano, entraram em Moçambique 1 259 000 turistas3.
3 Disponível em (31/01/2009 ) em: www.notíciaslusofonas.com/view.php
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
13
De acordo com a Política do Turismo e Estratégia da sua Implementação, o turismo é um dos
sectores que pode trazer crescimento e emprego e nele estão associados vários benefícios
directos:
Rendimento – o acto de satisfazer um turista implica a compra de uma variedade de bens e
serviços que podem ocorrer em diferentes momentos e locais, facto que resulta em uma série
de rendimentos significativos para uma economia.
Emprego – o turismo é um sector de trabalho intensivo que integra todos os graus de
habilidade, do mais complexo ao mais simples, envolvendo todas as camadas sociais. Dada
a sua característica transversal, estimula o mercado de emprego nos outros sectores da
economia.
Conservação – quando gerido de forma adequada, o turismo fortalece a viabilidade
económica das áreas protegidas e reduz a pressão sobre o ambiente.
Investimento – a intensidade do capital no sector cria uma larga carteira de oportunidade de
investimentos para os sectores público e privado.
Infraestruturas – o potencial e a dinâmica de crescimento do sector turístico aliados aos
benefícios económicos associados, dita a necessidade de criar e investir em infraestrutuas.
Prestígio – o prestígio internacional e, finalmente a conquista de um lugar na “lista” dos
destinos preferidos tem implicações comerciais e económicas positivas.
Criação de pequenos negócios – o turismo esta directa e indirectamente ligada a uma
diversidade de sectores da economia e, por isso, cria oportunidades para pequenos negócios.
Ao mesmo tempo, para além dos benefícios anteriormente mencionados é pertinente destacar
alguns dos efeitos macro-económicos do Turismo. Por exemplo, em âmbito nacional, o turismo
provoca a transferência de recursos financeiros, produzidos numa região de um país para outras
do mesmo país, por meio da movimentação de turistas nacionais viajando internamente.
Quanto à perspectiva internacional, o turismo é considerado como uma exportação invisível de
bens e serviços. O efeito económico obtido é o mesmo das exportações, resultando no ingresso
de moeda no país receptor. (Oliveira, 2002, p.61)
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
14
Por outro lado, é a actividade que, segundo Oliveira (2002, p.61), oferece mais emprego do que
qualquer outra actividade económica em todo o mundo. Segundo a WTTC (Conselho Mundial
de Viagens e Turismo), são 333 milhões de empregos directos, o que equivale a uma entre
nove pessoas economicamente activas. Entretanto, o turismo traz vantagens como fonte
geradora de empregos, nomeadamente:
Alto grau de impacto em toda a economia;
A facilidade com que promoções e investimentos geram novos empregos;
Diversidade qualitativa nos empregos gerados;
Geração de primeiros empregos, principalmente para o público jovem;
Geração de empregos sazonais para pessoas com outras ocupações;
Geração de empregos em áreas com desemprego estrutural, como por exemplo, áreas
rurais;
Possibilidade de criar empregos em determinadas regiões, tanto por meio de acções
promocionais, assim como, pela construção de infraestruturas e
Predominância e empregos de micro, pequenos e médios empreendimentos.
O turismo, tem ta,bém um efeito multiplicador, ou seja, pode repercutir em outros sectores da
actividade económica, provocando uma verdadeira reacção em cadeia. Actua indirectamente,
gerando renda não só na indústria turística complementar, mas também em quase todos os
outros sectores económicos. Seu reflexo se faz sentir na construção civil, na indústria
alimentar, na produção de móveis e utensílios domésticos, nos serviços de profissionais liberais
e no movimento bancário. (Oliveira, 2002, p.65).
Deste modo, o sector turístico beneficia também, aos outros sectores, nomeadamente, ao sector
público que é afectado pela realização de obras no incremento do comércio em geral, ligado
especialmente aos produtos típicos de artesanato e suvenires, toda a rede de indústrias e
serviços relacionados ao transporte tais como, os postos de gasolina, oficinas mecânicas e
actividades vinculadas aos veículos automotores. (Oliveira, 2002, p.65).
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
15
A Organização Mundial de turismo (OMT, 1998), define o turismo como o conjunto dos
resultados de carácter económico, financeiro, político, social e cultural produzidos numa
localidade, decorrentes do relacionamento entre os visitantes com os locais visitados durante a
presença temporária de pessoas que se deslocam de seu local habitual de residência para
outros, de forma espontânea e sem fins lucrativos.
De facto, o turismo produz efeitos económicos globais entendendo-se como tais, a incidência
que provoca sobre os objectivos gerais da política económica, que abrangem o conjunto do
sistema económico, sendo, ao mesmo tempo, objectivos do próprio turismo, Cunha (1997,
p.239). Isto significa que, o turismo provoca efeitos económicos que incidem sobre a política
económica de qualquer país, alcançando em simultâneo com os objectivos do próprio turismo.
Assim, é possível distinguir cinco efeitos nomeadamente, os efeitos directos e indirectos,
efeitos induzidos, efeitos resultantes dos investimentos turísticos e efeitos sobre o
desenvolvimento regional.
Efeitos Directos
Por efeitos directos entendem-se as incidências exercidas pelo consumo turístico sobre as
actividades turísticas e sobre as actividades fornecedoras dos bens e serviços consumidos pelos
turistas, e que constituem em primeiro ciclo as transacções, Cunha (1997, p.239).
Por exemplo, o aumento das despesas turísticas dá origem a criação de empregos (emprego
directo) pelo aumento da capacidade turística nos estabelecimentos de alojamento, restauração
ou de outros serviços. Por outras palavras, os efeitos directos resultam das despesas turísticas
pelo aumento da capacidade produtiva do turismo, nos estabelecimentos de alojamento,
restauração, etc.
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
16
Efeitos Indirectos
Por efeitos indirectos consideram-se as incidências sobre os sectores produtivos fornecedores
de bens e serviços às actividades que permitem satisfazer directamente os consumos turísticos
e estas incidências constituem o segundo ciclo de transacções, Cunha (1997, p.239).
Ou seja, os efeitos indirectos resultam do aumento da capacidade produtiva que arrasta a
expansão de outras actividades gerando empregos indirectos que fornecem bens e serviços. A
produção mobiliária, a produção de alimentos, equipamentos industriais, a maquinaria, a
cerâmica, a agricultura, a electricidade, o gás, têxteis, entre outros, são alguns exemplos destes.
Efeitos Induzidos
São os efeitos induzidos que correspondem ao emprego gerado pala produção activada pela
procura para o consumo dos receptores do valor acrescentado, gerado pela produção de bens e
serviços turísticos. Esta produção gera um rendimento para os respectivos produtores que, com
ele, adquirem outros bens, activando uma produção distinta da que se destina os consumidores
turísticos, daqui derivando efeitos que são induzidos pelo consumo inicial de bens e serviços
turísticos. Ou seja, parte dos rendimentos gerados pela produção turística aplicada pelos
respectivos receptores na procura dos bens e serviços, que por sua vez, impulsiona outros
sectores de actividade ao corresponderem ao aumento da procura assim gerada. Assim, a
expansão destes sectores origina novos empregos de forma induzida (empregos induzidos),
Cunha (1997, pp.240, 264).
Efeitos Resultantes dos Investimentos Turísticos
Segundo Cunha (1997, p.262), os investimentos constituem uma variável estratégica do
desenvolvimento económico, na medida em que, não há acréscimo da riqueza e do emprego
sem investimentos públicos ou privados.
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
17
Entretanto, em virtude das construções, equipamentos, infraestruturas, meios de transporte,
equipamentos, etc., necessários à produção de bens e serviços turísticos que exigem elevados
investimentos, o turismo contribui para elevar a taxa de investimento, ou seja, para aumentar a
formação bruta de capital fixo, Cunha (1997, p.262).
De acordo com Bull (1996) citado por Cunha (1997, p.262), os investimentos no sector
turístico apresentam algumas diferenças em relação aos investimentos realizados noutros
sectores:
Uma boa parte dos investimentos turísticos não são realizados por razões comerciais, mas
antes por razões de carácter social, educativo ou ambiental, como os investimentos em
centros de informação, parques nacionais ou protecção do ambiente.
Frequentemente, os investimentos turísticos são compartilhados com outros sectores,
como no caso dos centros desportivos ou de convenções em relação aos quais o turismo
se comporta como um inquilino.
Alguns investimentos turísticos são efectuados com vista à realização de acontecimentos
de curta duração, como os festivais e acontecimentos desportivos, que posteriormente
deixam de ter utilização turística ficando disponíveis para a utilização pelas populações
locais.
Finalmente, um certo número de investimentos realizados no turismo deve-se a razões
relacionadas com o modo de vida das populações.
Efeitos sobre o Desenvolvimento Regional
Segundo Cunha (1997, p.283), quatro razões levam com que o turismo seja um motor de
desenvolvimento regional e, simultaneamente, um factor de explosão económica global:
A primeira, porque o turismo é uma actividade que melhor pode usar os recursos locais,
sejam eles naturais, humanos, históricos ou culturais. É a actividade económica que
melhor se pode inserir no processo de desenvolvimento regional que resulta do
aproveitamento do património e dos valores locais, proporcionando maior valor
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
18
acrescentado ao espaço rural e ao património natural e cultural garantindo maior valor
económico.
A segunda, o turismo permite uma transferência de rendimentos das regiões mais
desenvolvidas para as menos desenvolvidas, assim como a exportação de bens e serviços
para outras regiões.
A terceira, o turismo a nível regional proporciona a construção de infraestruturas e de
equipamento social, tais como: a construção de vias de comunicação, as redes de
saneamento básico entre outros serviços públicos; beneficiando a população local. Isto
porque, o turismo é para uma região uma actividade básica em virtude dos serviços
prestados serem quase inteiramente exportados para outras regiões ou para o estrangeiro,
o que estimula o desenvolvimento da região.
A última razão é porque, o turismo contribui para a dinamização e modernização da
produção local. Proporciona o aparecimento de novas actividades, como os serviços
pessoais, revigora as produções artesanais que de outro modo tendem a desaparecer e
desempenha o papel de factor de atenuação dos desequilíbrios regionais, permitindo
alcançar uma distribuição mais equitativa do nível de vida entre regiões desenvolvidas e
regiões mais desfavorecidas.
Deste modo, a participação do turismo no desenvolvimento regional assume, segundo Cunha
(1997, p.284), o carácter de:
Desenvolvimento integrado quando o turismo surge como promotor dominante do processo
de desenvolvimento sem, contudo, monopolizar, isto é, as actividades a desenvolver devem
ser compatíveis com o turismo não podendo afectar o seu desenvolvimento.
Desenvolvimento catalítico quando as actividades turísticas surgem com estimuladoras de
desenvolvimento assumindo um papel complementar e, neste caso, estas têm de ser
compatíveis com todas as outras.
Desenvolvimento créstico quando as actividades turísticas podem ser úteis ao
desenvolvimento regional e constituírem um meio de diversificação da actividade
económica, mas não o influenciam.
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
19
O Turismo produz impactos económicos positivos. Oliveira (2002, p.185) afirma que, os
visitantes ao se deslocarem do seu local habitual de residência para outros locais, no país ou no
exterior, com o objectivo de passear, divertir-se, visitar parentes e amigos ou por outras razões
diferentes das de trabalhar, fixar residência e/ou cumprir compromissos profissionais gastam,
normalmente, mais dinheiro do que os viajantes comuns. Ou seja, os turistas ao fazerem as
suas viagens gastam com meios de transportes, alojamento, alimentação, compras, serviços de
divertimento, comunicação, entre outros. No entanto, os recursos financeiros produzidos nas
origens dos turistas transferem-se para o país receptor como reforço económico devido a
presença dos visitantes.
O impacto na economia do país receptor proveniente da despesa turística, é afectado de forma
positiva, produzindo o chamado efeito “cascata”. Isto significa que, os turistas consomem bens
e serviços de empresas e de profissionais que, por sua vez, gastarão tais recursos na aquisição
de outros bens e serviços necessários para exercer suas profissões. O outro facto interessante é
o efeito multiplicador. Por exemplo, uma empresa compra de outras empresas bens e serviços
de que necessita. A renda familiar é ampliada havendo investimento na melhoria do padrão de
vida de seus membros. (Oliveira, 2002, p.185-186).
Ou seja, os turistas ao fazerem as suas viagens gastam com meios de transportes, alojamento,
alimentação, compras, serviços de divertimento, comunicação, entre outros. No entanto, os
recursos financeiros produzidos nas origens dos turistas transferem-se para o país receptor
como reforço económico devido a presença dos visitantes.
O impacto na economia do país receptor proveniente da despesa turística, é afectado de forma
positiva, produzindo o chamado efeito “cascata”. Isto significa que, os turistas consomem bens
e serviços de empresas e de profissionais que, por sua vez, gastarão tais recursos na aquisição
de outros bens e serviços necessários para exercer suas profissões. O outro facto interessante é
o efeito multiplicador. Por exemplo, uma empresa compra de outras empresas bens e serviços
de que necessita. A renda familiar é ampliada havendo investimento na melhoria do padrão de
vida de seus membros. (Oliveira, 2002, p.185-186)
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
20
O turismo destaca-se como um dos fenómenos mais significativos do mundo contemporâneo
influenciando o desenvolvimento económico, social, político e ambiental de diversos países e
regiões nele inseridos. (Lopes, 2009)
De acordo com a Organização Mundial do Turismo (OMT), a actividade turística gera em
Produto Interno Bruto (PIB) 10,9% sendo responsável por uma receita de US$ 3,78
trilhões/ano, conseguindo arrecadar cerca de 11% de impostos, conforme indica Lopes (2009).
É uma indústria que gera directa ou indirectamente cerca de 300 milhões de empregos, o que
equivale a mais de 10% da força de trabalho do mundo. (Fernandes, 2007)
Tabela 1. Fluxo Turístico Receptivo Internacional (2000 – 2005) em milhões
Regiões 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Europa 396,2 395,8 407,4 408,6 425,6 443,9
Ásia e Pacífico 111,4 116,6 126,1 114,1 145,4 156,2
Américas 128,2 122,2 116,7 113,1 125,8 133,1
Oriente Médio 25,2 25,0 29,2 30,0 35,9 38,4
África 28,2 28,9 29,5 30,7 33,3 36,7
Mundo 689,2 688,5 708,9 696,6 766,0 808,3
Fonte: WTO – Janeiro, 2006
O turismo em Moçambique está gradualmente a recuperar o seu potencial na economia
nacional. O crescimento dos investimentos ao longo dos últimos anos que resultaram na
expansão da capacidade de alojamento e dos serviços inerentes ao turismo e no melhoramento
da qualidade do produto4.
O número de turistas tem crescido consideravelmente no país, essas correntes turísticas
internacionais são originadas pelas características relevantes dos seus recursos naturais,
culturais e valor histórico das zonas que mais interesse turístico tem despertado aos entusiastas
de cultura ou que procuram aventura, laser, negócios, ecoturismo, turismo religioso dentre
4 Fonte: http://www.mozambique.org (Acesso a 31/01/2009)
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
21
outros atractivos que representam o produto turístico, Plano Estratégico para o
Desenvolvimento do Turismo em Moçambique (2004-2013).
De acordo com a Estratégia de Moçambique para o processo de Integração Regional na SADC,
a abertura do comércio estimula toda a economia da seguinte forma:
Aumenta as receitas dos países exportadores e proporciona aos consumidores dos países
importadores uma escolha mais vasta de bens e de serviços a preços baixos, graças a
uma maior concorrência e
Permite que os países possam reduzir a exportar os bens e serviços em que são mais
competitivos.
A integração económica regional pode, portanto potenciar o crescimento económico. Mas pode
também ter efeitos negativos. O acesso aos mercados mais vastos e abertos implica uma maior
concorrência entre empresas e entre países. Ao colocar em competição economias com
diferentes graus de desenvolvimento, a integração pode, se não for devidamente controlada,
aumentar o fosso entre os países mais avançados e os pobres e marginalizar ainda mais
economias pobres da região5.
Nos últimos tempos, dirigentes do Governo, empresários, analistas e outros interessados têm
apelado para que a indústria moçambicana se prepare para os desafios que a integração
regional, mais propriamente o Protocolo da SADC sobre o Comércio Livre, representa. Os
apelos têm sido no sentido de tornar a indústria nacional mais competitiva, para que o país não
seja invadido por produtos oriundos de outros países. Moçambique tem uma imensa vantagem
competitiva em áreas como o turismo, a agricultura e energia e tem igualmente um gigantesco
potencial de industrialização em zonas próximas dos seus três principais portos, com
perspectiva de exportação para mercados extra-regionais. Mas a exploração destas vantagens
no seu máximo potencial requer uma estratégia que assenta em várias frentes. Uma delas é a
educação e formação técnico-profissional. A profissionalização do sector público e o
estreitamento dos procedimentos institucionais criam um maior nível de previsibilidade e
5 Estratégia de Moçambique para o processo de Integração Regional na SADC.
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
22
confiança no funcionamento das instituições, e estabelece um mecanismo que permite que todo
o sistema funcione quase que em piloto automático6.
O negócio e destinos turísticos que florescerão no futuro serão os actores globais competindo
com o puder da marca e economias de escala ou pequenos actores com uma orientação clara e
produtos especializados, capazes de sobreviver devido à baixa concorrência e por
compreenderem os seus produtos melhor do que os intervenientes globais, Política do Turismo
e Estratégia da sua Implementação (2003).
Assim, sendo o turismo uma das áreas com elevado potencial em Moçambique, deve tomar em
conta as seguintes medidas prioritárias7:
Envolvimento de Moçambique na Organização Regional de Turismo da África Austral
(RETOSA) e garantir a implementação do protocolo do turismo da SADC;
Prosseguir com a eliminação da necessidade do visto de entrada para cidadãos dos
estados membros da SADC;
Promover a melhoria da qualidade dos serviços turísticos;
Vender a imagem do país na região;
Criar uma rede de pesquisa, estatísticas e troca de informações;
Harmonizar e desenvolver políticas, estratégias e legislação ao nível da região e
Encorajar investimentos no sector.
Neste contexto, importa fazer menção a alguns indicadores de referência na área do Turismo
em Moçambique. Por exemplo, de 2004 a 2008 regista-se uma tendência de crescimento no
número de chegadas internacionais8, turistas ao país, assim como nas receitas do turismo
internacional9, conforme ilustram as tabelas abaixo.
6 Jornal Savana de 01 de Junho de 2007.
7 Estratégia de Moçambique para o processo de Integração Regional na SADC.
8 Chegadas Internacionais – número de viajantes que entraram no país durante um determinado período.
9 Receitas do Turismo Internacional – os gastos em valores monetários feitos pelos turistas vindos do exterior durante um certo período.
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
23
Tabela 2. Indicador de Referência por Motivo de Visita
Por motivo de visita 2004 2005 2006 2007 2008 Var (08/07)
Turistas 470,000 578,000 664,300 771,000 1,025,554 33.02
Negócio/Conferência 131,000 175,000 310,000 351,000 220,600 -37.15
Lazer e Férias 254,000 275,000 214,000 261,000 670,000 156.70
Visita a Familiares e Amigos 85,000 128,000 140,300 159,000 134,954 -15.12
Outros Visitantes 241,000 376,000 430,700 488,000 482,500 -1.13
Total de Chegadas Visitantes 711,000 954,000 1,095,000 1,259,000 1,508,054 19.78
Fonte: INE/Migração
Tabela 3. Receitas do Turismo Internacional em Moçambique
Ano 2004 2005 2006 2007 2008* Var (08/07)
Milhões de USD 95,3 129.6 139.7 163.4 185.4 13.46
Fonte: Banco de Moçambique/INE
* Previsão Anual
Ao mesmo tempo, os resultados do Inquérito nos Estabelecimentos Hoteleiros no país revelam
uma tendência de crescimento no número de dormidas e taxa de ocupação entre 2004 e 2006,
registando a partir daqui uma estagnação até ao ano de 2008. Note-se que, enquanto as
Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo mostraram uma tendência de declínio de dormidas e
taxa de ocupação, as Províncias de Manica, Maputo e Cabo Delgado registaram a tendência
contrária (vide as tabelas abaixo).
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
24
Tabela 4. Total de Dormidas (nacionais+estrangeiros)
Província 2004 2005 2006 2007 2008 Var (08/07)
Niassa 24,348 26,428 25,889 25,214 26,403 4.72
Cabo Delgado 39,711 41,378 44,839 37,139 46,594 25.46
Nampula 22,256 26,250 24,083 24,111 28,643 18.80
Zambézia 35,797 36,710 37,663 43,275 44,523 2.88
Tete 28,746 26,917 24,385 19,586 22,589 15.33
Manica 13,719 11,356 11,634 13,964 21,090 51.03
Sofala 40,455 42,147 53,986 70,002 79,241 13.20
Inhambane 52,271 75,743 89,956 91,763 67,695 -26.23
Gaza 39,986 37,907 46,737 36,528 32,566 -10.85
Maputo Prov. 29,564 23,213 46,319 35,937 49,465 37.64
Maputo Cid. 373,897 358,194 488,150 474,784 474,077 -0.15
TOTAL 700,751 706,242 893,642 872,302 892,888 2.36
Fonte: INE
Tabela 5. Taxa de Ocupação (%)
Províncias 2004 2005 2006 2007 2008 Var (08/07)
Niassa 21.6 22.7 22.1 20.7 21.4 3.24
Cabo Delgado 26.1 26.9 28.2 20.7 24.8 19.69
Nampula 17.9 19.5 17.0 16.0 16.3 1.64
Zambézia 24.3 23.3 23.5 25.9 28.0 8.30
Tete 39.0 34.6 31.0 33.9 38.1 12.53
Manica 10.7 8.8 8.0 8.1 12.3 51.52
Sofala 21.3 22.3 28.2 33.9 38.8 14.29
Inhambane 12.1 17.9 18.5 18.3 13.4 -26.90
Gaza 12.5 13.0 15.4 11.3 10.2 -9.37
Maputo Prov. 17.5 15.0 29.2 23.3 32.0 37.59
Maputo Cid. 30.2 28.8 40.3 40.4 39.5 -2.13
Total 22.7 23 28.3 27.2 27.4 0.85
Fonte: INE
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
25
Por outro lado, Moçambique registou uma tendência global de crescimento nas receitas nos
estabelecimentos hoteleiros e similares de 2004 a 2008. Contudo, enquanto as Províncias do
Niassa, Manica e Maputo Cidade e Província contribuíram de forma significativa neste
crescimento, as Províncias de Tete, Zambézia, Gaza e Inhambane registaram o contrário,
conforme a tabela que se segue.
Tabela 6. Receitas nos Estabelecimentos Hoteleiros e Similares (MT)
Províncias 2004 2005 2006 2007 2008 Var( 08/07)
Niassa 6,756,159.53 7,582,494.46 7,629,141.03 11,935,258.26 19,091,286.44 59.96
Cabo Delgado 58,746,718.75 70,169,256.68 67,046,777.08 97,744,397.79 102,734,167.11 5.10
Nampula 23,453,399.33 29,270,560.45 24,185,957.02 49,128,891.87 54,913,271.76 11.77
Zambézia 20,408,419.28 16,711,404.92 19,451,504.97 43,663,526.57 38,314,807.18 -12.25
Tete 10,596,405.44 9,137,342.32 8,507,176.87 40,717,454.84 12,441,022.80 -69.45
Manica 15,889,792.93 12,741,328.35 15,368,460.06 20,155,755.04 27,886,955.63 38.36
Sofala 49,108,175.98 56,972,866.46 57,365,415.75 85,892,955.18 88,517,527.76 3.06
Inhambane 51,638,264.67 64,458,465.27 95,372,208.92 85,432,434.33 81,636,642.73 -4.44
Gaza 29,814,804.46 31,065,107.27 51,285,087.46 59,253,938.89 55,298,977.47 -6.67
Maputo Prov. 17,520,366.89 18,002,305.20 32,487,358.45 30,275,380.35 34,496,483.98 13.94
Maputo Cid. 515,309,111.76 568,417,406.29 862,922,600.63 875,628,290.96 1,011,938,532.01 15.57
Total (MT) 799,241,619.02 884,528,537.67 1,241,621,688.27 1,399,828,284.06 1,527,269,674.88 9.10
Fonte: INE
De 2004 a 2008 verifica-se um lento crescimento no número de lugares disponíveis nos quartos
dos estabelecimentos de alojamento para pernoita dos hóspedes no país. Note-se que a maior
taxa de crescimento registou-se em hotéis de 2, 4 e 5 estrelas, como mostra a tabela seguinte.
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
26
Tabela 7. Receitas nos Estabelecimentos Hoteleiros por Categoria
Categoria 2004 2005 2006 2007 2008 Var (08/07)
Hotéis de 4 a 5 estrelas 2,421 2,505 2,505 2,879 2,966 3.02
Hotéis de 3 estrelas 2,715 2,810 3,125 3,197 3,207 0.31
Hotéis de 2 estrelas 2,480 3,125 3,614 3,985 4,342 8.96
Outras 6,191 6,387 6,496 6,974 6,990 0.23
Total 13,807 14,827 15,740 17,035 17,505 2.76
Fonte: INE/DINATUR
Registou-se um crescimento no volume de investimentos em projectos de turismo10
entre 2004
e 2007, seguido de um decréscimo no volume de investimento no ano subsequente, conforme
ilustra a tabela adiante.
Tabela 8. Volume de Investimentos em Projectos de Turismo
Descrição 2004 2005 2006 2007 2008 Var (08/07)
Propostas analisadas 116 169 169 171 265 54.97
Propostas aprovadas 55 95 105 133 237 78.20
% das aprovações 47.4% 56.20% 61.90% 78% 78.90% 1.15
Quartos 1,855 2,704 2,855 8,040 7,756 -3.53
Camas 3,171 2,951 5,283 15,668 13,205 -15.72
Emprego 1,922 2,232 3,896 17,936 5,448 -69.63
Valor (103 USD) 67,159.00 83,690.00 604,252.40 977,201.00 739,634.83 -24.31
Fonte: DINATUR
Postos de Emprego: o número de postos de emprego oficialmente registados é estimado
actualmente em cerca de 34,928 (o sector informal não entra).
10
Projectos de Investimentos no Turismo – os projectos em referencia incluem os de aprovação de âmbito central, como
instalação de estabelecimento de alojamento e agencias de viagens e operadores turísticos.
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
27
Apesar da estagnação do sector do turismo durante os 16 anos da guerra civil em Moçambique,
nota-se uma tendência de crescimento na sua contribuição ao PIB conforme indicam as taxas
na tabela abaixo.
Tabela 9. Contribuição do Turismo para o PIB
ANO 91 92 93 94 95 96 97 98 99 2000 01 02 03
% 0.5 0.6 0.8 0.8 0.8 0.8 1.0 0.9 0.9 0.9 0.8 1.8 2.5
Fonte: Banco de Moçambique
2.2 HIV/SIDA no Mundo e em Moçambique
Esta secção cumpre apresentar sobre o HIV/SIDA no mundo e mostra estimativas e tendências
a nível global. Aborda igualmente o HIV/SIDA em Moçambique, ilustra estimativas de
prevalência nacional e regional. Descreve também sobre o impacto do HIV/SIDA na
economia, no local de trabalho e no sector do turismo, apresenta a legislação sobre o
HIV/SIDA e aborda sobre as estratégias de resposta do HIV/SIDA nas organizações
apresentando um quadro de mudança de comportamento (BEHAVE) e suas aplicações.
2.2.1 Evolução do HIV/SIDA
A evolução do HIV no mundo está marcada por cinco fases. A primeira vai até 1981, quando
não se suspeitava da presença da doença e o vírus disseminava-se de forma despercebida. A
segunda compreende o período de 1981 até 1985, marcado pelas pesquisas que culminaram na
descoberta do vírus e das formas de transmissão. (Valentim, 2003, p.43-44)
A terceira fase corresponde ao período do início da mobilização global contra a doença, a partir
da qual foram criados programas nacionais e mundiais de resposta à pandemia, despertando a
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
28
solidariedade internacional na Sessão Especial da Assembleia das Nações Unidas, realizada em
Outubro de 1987. No mesmo ano, a Organização Mundial da Saúde criou uma estratégia global
de resposta ao HIV/SIDA, que foi universalmente adoptada como projecto padrão.
A quarta fase compreende o começo da década de 90, quando inicia a fase de efectiva de
aplicação de recursos financeiros, na ordem internacional de resposta à doença e vai até
meados do segundo quartel da mesma década. Inicia a quinta fase, na qual a doença, nos países
desenvolvidos, encontra-se controlada, o que não se verifica nos países em vias de
desenvolvimento, particularmente nos países localizados na África e no Caribe.
2.2.2 Estimativas do HIV/SIDA a Nível Global
As últimas estatísticas mundiais sobre a epidemia do HIV foram publicadas pela
ONUSIDA/OMS em Novembro de 2007, e referem-se ao fim de 2007.
Segundo a UNAIDS (2007) mais de 25 milhões de pessoas morreram devido ao vírus
associado à SIDA11
desde 1981 e que só em África, existem 12 milhões de órfãos. Esta mesma
fonte refere ainda que no fim de 2007, as mulheres representavam 50% de todos os adultos
vivendo com o HIV12
a nível mundial, e 61% na África Subsahariana.
De igual forma, os jovens (abaixo dos 25 anos de idade) representam metade de todas as novas
infecções a nível mundial enquanto que, nos países em desenvolvimento ou em transição, 7.1
milhões de pessoas necessitam de medicação que lhes salvem a vida com urgência; e, destas,
apenas 2.015 milhões efectivamente recebe medicação. (UNAIDS, 2007)
11
Guia de Terminologia da ONUSIDA usa o guia da terminologia da OMS para todas as questões relativas ao esti lo editorial. Março de 2007. 12
Mesma nota anterior.
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
29
Tabela 10. Estatísticas Mundias sobre o HIV em 200713
Pessoas Vivendo com HIV/SIDA Estimativa Variação
Pessoas vivendo com HIV em 2007 33.2 milhões 30.6-36.1 milhões
Adultos vivendo com HIV em 2007 30.8 milhões 28.2-33.6 milhões
Mulheres vivendo com HIV em 2007 15.4 milhões 13.9-16.6 milhões
Crianças vivendo com HIV em 2007 2.5 milhões 2.2-2.6 milhões
Novas pessoas vivendo com HIV em 2007 2.5 milhões 1.8-4.1 milhões
Novos adultos vivendo com HIV em 2007 2.1 milhões 1.4-3.6 milhões
Novas crianças vivendo com HIV em 2007 0.42 milhões 0.35-0.54 milhões
Mortes devido ao vírus associado à SIDA em 2007 2.1 milhões 1.9-2.4 milhões
Mortes em adultos devido ao vírus associado à SIDA em 2007 1.7 milhões 1.6-2.1 milhões
Mortes em crianças devido ao vírus associado à SIDA em 2007 0.33 milhões 0.31-0.38 milhões
Fonte: 2007 Epidemiology Report on November 20, UNAIDS
O número de pessoas vivendo com HIV subiu de cerda de 8 milhões em 1990 para mais de 33
milhões em 2007, e continua a crescer (vide gráfico 1). Cerca de 69% das pessoas vivendo com
HIV estão na África Subsahariana (UNAIDS, 2007).
13 De referir que na tabela foi usada a linguagem com base no Guia de Terminologia da ONUSIDA.
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
30
Gráfico 1. Evolução do HIV a nível Mundial (1990-2007)
Fonte: ONUSIDA (2007)
2.2.3 Situação actual da Epidemia em Moçambique
Segundo Cauldwell, et al (2002), o primeiro caso de SIDA em Moçambique foi identificado
em 1986 e até Dezembro de 1998 constatou-se 10.687 casos ao Programa Nacional de
Controlo do SIDA (PNCS). Estima-se que mais de 1.200.000 moçambicanos eram
seropositivos14
até ao final de 1998.
Os resultados da Ronda 2007 (INE) indicam que a epidemia do HIV em Moçambique continua
em crescimento, embora existam diferenças nas tendências regionais. A prevalência do HIV15
em Moçambique em 2007, é de 16% e esta estimativa tem um intervalo de plausibilidade de
14% e 17% respectivamente (vide tabela 11).
14
Guia de Terminologia da ONUSIDA usa o guia da terminologia da OMS para todas as questões relativas ao estilo editorial. Março de 2007. 15
Mesma nota anterior.
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
31
Tabela 11. Taxas Estimadas de Prevalência do HIV em Adultos (15-49 anos) por Província,
Região e Nacional em Moçambique 2007
Província Taxa de Prevalência ajustada Região Taxa de Prevalência (IP)
Maputo Cidade 23% (18%-29%)
Sul 21% (16%-23%)
Maputo Província 26% (18%-34%)
Gaza 27% (18%-35%)
Inhambane 12% (7%-16%)
Zambézia 19% (12%-29%)
Centro 18% (17%-21%)
Sofala 23% (17%-33%)
Manica 16% (10%-23%)
Tete 13% (11%-21%)
Niassa 8% (4%-14%)
Norte 9% (7%-10%) Nampula 8% (6%-12%)
Cabo Delgado 10% (6%-14%)
Nacional 16% (14%-17%)
Fonte: INE( 2007)
Tabela 12. Reanálises das Taxas Históricas de HIV (Regionais e Nacionais)
Região 2001 2002 2004 2007
Sul 15% (10%-17%) 16% (12%-18%) 19% (14%-21%) 21% (16%-23%)
Centro 18% (16%-20%) 18% (17%-20%) 19% (17%-21%) 18% (17%-21%)
Norte 7% (6%-8%) 8% (6%-9%) 9% (7%-10%) 9% (7%-10%)
Nacional
(UA fit) 14% (12%-14%) 15% (13%-15%) 16% (14%-16%) 16% (14%-17%)
Fonte: INE( 2007)
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
32
Tabela 13. Reanálises das Taxas Históricas de HIV (Provinciais)
Província 2001 2002 2004 2007
Maputo Cidade 17% (12%-20%) 18% (13%-23%) 21% (16%-23%) 23% (18%-29%)
Maputo Província 16% (10%-24%) 18% (12%-23%) 22% 15%-31%) 26% (18%-34%)
Gaza 19% (12%-26%) 21% (14%-29%) 25% (17%-33%) 27% (18%-35%)
Inhambane 8% (6%-14%) 9% (6%-15%) 10% (7%-16%) 12% (7%-16%)
Zambézia 16% (9%-23%) 17% (10%-25%) 18% (12%-28%) 19% (12%-29%)
Sofala 25% (15%-31%) 24% (16%-32%) 24% (17%-33%) 23% (17%-33%)
Manica 18% (10%-23%) 17% (10%-23%) 16% (10%-23%) 16% (10%-23%)
Tete 16% (11%-21%) 15% (11%-21%) 14% (11%-21%) 13% (11%-21%)
Niassa 6% (3%-11%) 7% (4%-12%) 8% (4%-14%) 8% (4%-14%)
Nampula 8% (5%-10%) 9% (6%-11%) 9% (6%-12%) 8% (6%-12%)
Cabo Delgado 8% (4%-12%) 9% (5%-3%) 9% (6%-14%) 10% (6%-14%)
Nacional (UA fit) 14% (12%-14%) 15% (13%-15%) 16% (14%-16%) 16% (14%-17%)
Fonte: INE, 2007
Segundo INE (2007), a epidemia parece estar a atingir o seu pico e a estabilizar nas regiões
centro e norte do país, onde na região sul as estimativas indicam que a prevalência do HIV
continua a aumentar e não há indicações de que haja diminuição da prevalência em qualquer
região do país, conforme ilustram os gráficos abaixo.
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
33
Gráfico 2. Tendência da Prevalência do HIV a nível nacional
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
1970
1972
1974
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010
Pre
va
lên
cia
(%
)
Taxa estimada
Limite superior
Limite inferior
Tendência da Prevalência Tendência da Prevalência
NacionalNacional
Fonte: INE, Ronda 2007
Gráfico 3. Tendência da Prevalência do HIV a nível regional
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
1970
1972
1974
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010
Pre
va
lên
cia
(%
)
Taxa Estimada Norte
Taxa Estimada Centro
Taxa Estimada Sul
Tendência da Prevalência Tendência da Prevalência
RegionalRegional
Fonte: INE, Ronda 2007
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
34
2.2.4 Impacto do HIV/SIDA
O HIV/SIDA gera impacto negativo em diferentes sectores económicos da sociedade. No
entanto, pelo objecto do presente estudo, iremos abordar o impacto da pandemia a nível do
sector económico e social, do sector do Turismo e do impacto no local de trabalho.
O HIV afecta o desenvolvimento social e económico que passam pela força de trabalho e pelo
nível e distribuição de poupanças. No primeiro caso, os efeitos decorrem pelo facto de a
epidemia causar um impacto negativo na população activa, onde se concentra a incidência da
epidemia e mortalidade relacionadas com o vírus associado à SIDA. Assim, pessoas com
importantes papéis económicos e sociais (tanto homens como mulheres) deixam de dar sua
plena contribuição para o desenvolvimento do país.
Os efeitos, naturalmente, não se limitam a simples cálculo de perdas de mão-de-obra, mas têm
implicações muito mais profundas na estrutura das famílias, na sobrevivência das comunidades
e problemas a longo prazo de sustentabilidade da capacidade produtiva.
Portanto, o declínio da poupança provoca um impacto negativo na economia com seus efeitos
nos níveis de acumulação de capital, inclusive de investimento humano. Assim, com níveis
mais baixos de poupanças familiares afectam investimentos nos sectores do turismo, educação,
entre outros.
O SIDA vai mais longe nos seus efeitos negativos. Apesar de, o último conflito armado ter
agravado a situação da pobreza em Moçambique, o SIDA é um factor que agrava ainda mais a
situação da pobreza. É de notar que famílias, empresas e comunidades inteiras são
empobrecidas devido à redução da produtividade dos seus membros e devido aos custos da
doença e morte. Este empobrecimento, que resulta num impacto negativo, na economia, além
de dificultar a montagem de campanhas efectivas de educação, aumenta a probabilidade de
algumas mulheres e poucos homens trocarem o sexo por dinheiro, alimentos e abrigo.
(Macuamule, 2002, p.7).
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
35
Os governos e os empregadores não se devem sentir confortados com as sugestões de que o
impacto real do SIDA afecta no crescimento económico, particularmente, no PIB Per Capita. O
Relatório do Banco Mundial (1997) explica que as mortes são em grande número de pessoas
que têm baixo rendimento e de um pequeno número no grupo de pessoas de alto rendimento.
Segundo Jackson (2004, p.33), a pandemia do HIV causa impactos sobre os agregados
familiares, nomeadamente:
A perda de rendimentos e receitas enviadas pelos familiares a trabalhar no exterior, e da
mão-de-obra produtiva, levando a uma maior pobreza e nutrição inferior;
Aumento de despesas sobre os serviços de saúde, transportes e funerais;
Redução da despesa sobre os géneros alimentares, tais como, vestuário, ensino e outros
serviços;
Maior carga de trabalho sobre as mulheres e crianças;
Recurso às economias e venda de património;
Pressão emocional e perda e
Riscos de estigma, isolamento e rejeição.
Para além disso, a epidemia do HIV causa impactos no desenvolvimento humano e social
afectando na capacidade de um país em aumentar a produtividade e o investimento público e
privado. A morte de um ou de ambos os pais devido a doença associada ao HIV implica que
os jovens sejam forçados a ir para o mercado de trabalho cedo, sacrificando a sua educação. A
sustentabilidade do crescimento económico em países em vias de desenvolvimento como é o
caso de Moçambique são ameaçadas, num mercado de consumo em regressão, resultante do
declínio do crescimento populacional e da reorientação das despesas de consumo para o
tratamento das pessoas vivendo com o HIV.
O HIV/SIDA produz também um impacto sobre as organizações. O HIV/SIDA está mudando a
distribuição etária e sexual da força de trabalho, uma vez que, a taxa de infecção é
comparativamente mais alta justamente na faixa etária produtiva. Cada vez mais, tem
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
36
aumentado o número de viúvas (os), órfãs e velhos, que se vêm forçados a assumir o papel
principal de provedor de rendimento familiar, dada a incapacidade ou morte do membro
provedor, esta situação pode e tem levado que crianças órfãs se vêm pressionadas a aceitar e se
submeterem a péssimas formas de trabalho infantil. Também são reportados casos de pessoas
velhas que têm de voltar ao trabalho devido a necessidades de sustento pessoal e/ou familiar.
(FDC, 2005)
De acordo com a Proposta Técnica de Campanha de Formação e Educação para a Prevenção e
Combate ao HIV/SIDA (FDC, 2005), a doença ou morte de pessoal qualificado e experiente
pode levar a redução considerável de produtividade e de rendimentos duma empresa. Esta
situação pode ser resultante de situações como:
Aumento do absentismo devido às doenças relacionadas com o HIV/SIDA;
Aumento dos custos associados com o recrutamento e treinamento (formação) dos
novos trabalhadores;
Declínio da moral entre os trabalhadores devido às mortes prematuras de seus colegas;
A perda de pessoal qualificado;
O aumento da rotação do pessoal: a produtividade é afectada durante o tempo
necessário para substituir os trabalhadores mais experientes ou mais qualificados em
particular;
A baixa produtividade dos novos trabalhadores: os novos colaboradores precisam de
tempo para aperfeiçoar o trabalho;
Ambiente no local de trabalho: o medo em relação aos colegas infectados pode levar a
um ambiente de tensão, suspeita e descriminação no local de trabalho, afectando ainda
mais a produtividade e a moral dos trabalhadores e
O aumento dos custos de operação com os cuidados de saúde e assistência médica,
seguros, assim como, compensações no caso de morte por incapacidade, o pagamento
de pensões.
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
37
Os efeitos, naturalmente, não se limitam a simples cálculo de perdas de mão-de-obra, mas tem
implicações muito mais profundas na estrutura das famílias, na sobrevivência das comunidades
e nos problemas de sustentação da capacidade produtiva a longo prazo. Portanto, “ o caso para
as empresas assenta num interesse completamente elucidado por parte das próprias empresas.
Precisamos duma mão-de-obra saudável16
.”
Neste contexto, quanto mais progride a epidemia do HIV mais problemas de mão-de-obra
terão as empresas, ou seja, quanto mais danos o SIDA causar aos trabalhadores, mais as
entidades patronais terão de enfrentar problemas de mão-de-obra como o absentismo, as faltas
por doença, a degradação da saúde do pessoal e a reforma antecipada17
.
O aspecto mais crítico da epidemia é a sua concentração na população em idade activa (idade
entre 15-49 anos)18
, de modo que pessoas com importantes papéis sociais e económicos são
directa ou indirectamente afectadas.
Mas a evolução do HIV-SIDA não apenas produz um impacto negativo na economia em geral
de um país, como particularmente, no sector do turismo, âmbito do presente trabalho de
investigação.
É sabido que Moçambique é um país com um dos recursos costeiros mais fortes da África
Austral. O seu litoral permanece inexplorado e é muito diversificado em paisagem, flora e
fauna. A vida marinha está presente em grandes quantidades e o mergulho e a pesca
correspondem aos padrões internacionais de alta qualidade. (MITUR, 2004)
Todavia, a transformação deste potencial em riqueza efectiva para o país depende de vários
factores, sobretudo dos seus recursos humanos como destaca o MITUR (2006):
16 GUPTA, Rajá, et al.; Fundo Global de Combate ao HIV/SIDA, Tuberculose e Malária 17 Ídem 18 INE, Ronda 2007.
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
38
”O desenvolvimento que o sector do turismo está a registar no país nos últimos anos, pode ser
interrompido pelo HIV/SIDA se medidas sérias não forem tomadas. O sucesso do turismo passa
pela existência de infraestruturas, quadros especializados na matéria do turismo,
empreendedores e trabalhadores no geral. No entanto, se parte deste grupo (trabalhadores
incluindo quadros especializados) é infectado pelo vírus HIV/SIDA e depois perde a vida,
quanto tempo será preciso para preparar novas pessoas?”.
Entre os principais desafios para o desenvolvimento do Turismo em Moçambique apontados
pelos MITUR (2004) está a baixa qualidade e quantidade de recursos humanos com formação
especializada nas diversas áreas deste sector, conforme indicado no Quadro abaixo. Ora, se o
país já apresenta escassez de profissionais nesta área, torna-se urgente proteger os actuais
quadros no sector com vista à sustentabilidade económica e produtiva do turísmo em
Moçambique.
Quadro 1. Desafios para o Desenvolvimento do Turismo em Moçambique
Constrangimentos
Desenvolvimento
Institucional
Falta de planeamento, zoneamento e de planos directores para áreas estratégicas do turismo;
Fraca capacidade de intervenção institucional,
Falta de comunicação, coordenação e interligação entre sectores e entidades administrativas, etc.
Recursos Humanos
Baixa qualidade e quantidade de pessoas formadas em matéria de conservação, de hotelaria e turismo;
Limitadas instituições de formação e de educação e sua distribuição geográfica;
Fraca consciência sobre a importância do turismo no seio da população local, especialmente junto das
comunidades rurais;
Fraco envolvimento das comunidades nos processos de desenvolvimento de empreendimentos
turísticos e
Falta de comunicação interna acerca do significado do turismo e seus benefícios associados para a
economia e para as comunidades locais.
Ambiente
Saúde; doenças e situação de higiene (malária, cólera, HIV/SIDA) e qualidade e quantidade de
hospitais e clínicas;
Erosão;
Uso não sustentável dos recursos naturais (produção mineral, caça furtiva, desflorestação), etc.
Conservação e Turismo
Falta de fiscais treinados nas áreas de conservação;
Baixo número de fauna bravia na maioria das áreas de conservação;
Falta de planos de gestão e zoneamento das áreas para o desenvolvimento do turismo, etc.
Fonte: MITUR (2004)
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
39
Por outro lado, mesmo sendo poucos profissionais afectos ao sector do Turismo, outro ponto
fraco apontado pelo MITUR (2004) é o facto destes profissionais apresentarem níveis de
competências e qualificações muito baixas (vide Quadro 2). Neste sentido, investir na
formação e desenvolvimento de quadros neste sector poderá tornar-se um risco sob pena da
pandemia do HIV-SIDA influenciar negativamente no retorno sob o investimento realizado.
Quadro 2. Análise SWOT do Turismo em Moçambique
Pontos Fortes
Praias tropicais e águas quentes durante o ano inteiro;
Qualidade de pesca desportiva;
Ilhas tropicais exóticas, sendo muitas parte de uma reserva marinha nacional procuradas por turistas de alto
rendimento, havendo poucas na África Austral;
Terras húmidas, ecossistemas e flora e fauna na zona litoral sem igual;
Ambiente tropical/exótico reflectido através da língua, música, arte, arquitectura, gastronomia, dança, etc.;
Frutos do mar (camarão, lagosta, lagostim);
Proximidade do Parque Nacional de Kruger na África do Sul;
Registos mundiais: dunas de areia mais altas, maiores populações de dugongos, litoral do Índico mais longo, luta
armada pela independência, etc.
Fraquezas
Imagem afectada pelo passado de Moçambique e assuntos relacionados com o continente Africano, como a
instabilidade política, a criminalidade, desastres naturais, pobreza, o HIV/SIDA, a malária e outras doenças, etc.;
Nível global de instalações e serviços (água, serviços de saúde pública, esgoto, saúde);
Serviço e qualidade de acomodação baixos, em geral;
Níveis profissionais baixos no sector público e privado para a identificação de cenários de desenvolvimento
adequados;
Relação preço/qualidade não equilibrada. Os preços praticados são demasiado elevados;
Dificuldades em infraestruturas, acesso, recursos humanos, aspectos institucionais, marketing, ambiente,
conservação, etc.
Oportunidades
Mercado do eco-turismo;
Tendências de decrescimento do mercado doméstico da África do SUL e da região;
Integração regional (África Austral) através da criação de ligações entre o interior e a costa, ACTFs, corredores
e circuitos de turismo regional;
Safaris de Indico (uma forma mais activa de turismo de sol, praia e mar com o objectivo de observar a vida
marinha e grandes animais do mar), etc.
Ameaças
Fraca disponibilidade de recursos técnicos e financeiros para a implementação de planos integrados e
estratégicos para o desenvolvimento do turismo;
Crescimento descontrolado do sector do turismo;
A contínua fraca disponibilização de quadros qualificados para a concepção e implementação dos programas;
Domínio de operadores e turistas da África do Sul e outros países da região ou de países com interesse
complementar a Moçambique, etc.
Fonte:MITUR (2004)
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
40
2.2.5 Legislação sobre o HIV/SIDA nas organizações
Código da OIT
O Código Condutas e Práticas sobre o HIV/SIDA e o Mundo do Trabalho da Organização
Internacional do Trabalho (OIT), é um conjunto de directrizes reconhecidas internacionalmente
que oferecem recomendações para uma acção contra o HIV/SIDA no local de trabalho. Este
Código contém princípios fundamentais para as políticas a nível nacional e da empresa, e ainda
um guia prático para programas promovendo a prevenção do HIV/SIDA; a erradicação do
estigma e discriminação de PVHS ou supostamente seropositivas; a gestão e a atenuação dos
efeitos do HIV/SIDA no local de trabalho; e a prestação de assistência e protecção dos
trabalhadores seropositivos ou doenças ligadas ao SIDA. (Valentim, 2003, p.172)
O Código de Conduta e Práticas aplica-se a todos os empregadores e trabalhadores (inclusive a
candidatos a emprego) dos sectores público e privado e a todos os tipos de trabalho formal e
informal. Este código tem como princípios-chave, o reconhecimento do HIV/SIDA como
questão relacionada com o local de trabalho; a não discriminação; a igualdade de géneros;
ambiente de trabalho saudável, o diálogo social, screening para fins de exclusão do emprego
ou de actividades de trabalho, a confidencialidade, a continuidade da relação de emprego,
assim como, a prevenção, assistência e apoio.
Código da SADC
O Código sobre o HIV/SIDA e o Emprego na Comunidade de Desenvolvimento da África
Austral (SADC) tem o objectivo de garantir (a) a não discriminação entre indivíduos infectados
com HIV e os não infectados, assim como entre o HIV/SIDA e outras condições de saúde
comparáveis; e (b) que os estados membros da SADC elaborem códigos tripart idos nacionais
sobre o SIDA e Emprego, que se deverão reflectir na Lei com o desejo de uniformizar os
padrões nacionais na gestão do HIV/SIDA.
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
41
O Código sobre o SIDA e o Emprego baseia-se nos princípios fundamentais dos direitos
humanos e dos direitos dos doentes, padrões e orientações regionais e da OMS/OIT, princípios
éticos da saúde e da medicina ocupacional, dados de pesquisa epidemiológica, prática
económica prudente e uma atitude humana e de reflexão para com os indivíduos.
No seu âmbito, o Código deverá cobrir todos os trabalhadores e futuros trabalhadores; todos os
locais de trabalho e contratos de trabalho e os componentes políticos (acesso ao emprego,
testes no local de trabalho, confidencialidade, oferta de emprego, estatuto no emprego,
segurança no trabalho, benefícios ocupacionais, formação, redução dos riscos, primeiros
socorros, compensação dos trabalhadores, educação e sensibilização, programas de prevenção,
gestão da doença, protecção contra a estigmatização, gestão de ofensas, informação, controlo e
revisão).
Lei nº 05/2002, de 5 de Fevereiro
A Lei nº 05/2002 de 05 de Fevereiro foi aprovada pela Assembleia da República para abordar a
problemática do HIV/SIDA no local de trabalho. A Lei procura estabelecer os princípios gerais
visando garantir que todos os trabalhadores e candidatos a emprego não sejam discriminados
nos locais de trabalho, ou quando se candidatam ao emprego por serem suspeitos ou portadores
do HIV. A Lei aplica-se, sem qualquer discriminação, a todos os trabalhadores e candidatos a
emprego, na Administração Pública e outros sectores públicos ou privados, incluindo os
trabalhadores domésticos (artigo 3).
A lei prevê ainda sanções para casos de violação da mesma traduzidas em indemnizações a
favor dos trabalhadores ou candidatos a emprego vítimas de actos de discriminação para efeitos
de trabalho e multas a favor do Estado (artigos 12, 13, 16 e 17).
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
42
Lei nº 12/2009 de 12 de Março
Esta Lei é mais abrangente e estabelece os direitos e deveres de PVHS e adopta medidas
necessárias para a prevenção, protecção e tratamento das mesmas. No âmbito de aplicação a
Lei aplica-se à PVHS, ao pessoal de saúde e a outras em situação de risco ou transmissão, bem
como à população geral (artigo 1). Nos artigos 41 e 42 referem-se a não discriminação nas
relações de trabalho e nos direitos do trabalhador vivendo com HIV/SIDA, quer para o
trabalhador quer para o candidato a emprego. A Lei prevê ainda penalidades para casos de
violação da mesma no que se refere a discriminação de PVHS traduzidas em indemninizações
a favor da pessoa discriminada (artigo 46).
2.2.6 Estratégias de Resposta ao HIV/SIDA nas Organizações
O relatório da OIT (2002) Repertório de Recomendações Práticas sobre o HIV/SIDA e o
Mundo do Trabalho recomenda que para melhorar a vida das pessoas vivendo com HIV19
no
ambiente laboral os empregadores devem construir políticas para o local de trabalho que
combatam práticas discriminatórias e devem apostar na prevenção do HIV/SIDA. Em relação
aos trabalhadores vivendo com HIV20
, os empregadores devem respeitar seus direitos e
estimular a solidariedade. Para que estes aspectos se concretizem, é preciso realizar
campanhas, capacitações e sensibilizações.
A OIT (2002) recomenda ainda que, as acções e programas no mundo de trabalho em
particular, e na sociedade em geral, devem ser sensíveis à questão do género com o objectivo
de minimizar a vulnerabilidade das mulheres. Deste forma, propõe a educação do sexo seguro
para homens e mulheres, a divulgação dos direitos dos trabalhadores e o incentivo a relações
19 Guia de Terminologia da ONUSIDA usa o guia da terminologia da OMS para todas as questões relativas ao
estilo editorial, isto é, escrita, uso de notas de rodapé, etc.; Março de 2007.
20 Mesma nota anterior.
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
43
compartilhadas entre os sexos, aliás posições estas defendidas pela Rede Nacional Feminista
de Saúde Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos.
Uma política para o local de trabalho pode fornecer o quadro para as acções realizadas pela sua
organização com vista a reduzir a propagação do HIV/SIDA e a gerir o seu impacto na
organização, no ambiente de negócios e na comunidade.
A tomada de consciência sobre os efeitos que a doença pode ter em todos os aspectos da vida,
incluindo a saúde da força de trabalho da empresa e a capacidade de esta se manter competitiva
no mercado, tem levado um número cada vez maior de empresas a produzirem políticas para o
HIV/SIDA. Esta afirmação poderá ser sustentada pelo estudo recentemente desenvolvido por
Rodrigues (2008) sobre políticas e práticas de HIV-SIDA no sector empresarial em
Moçambique.
Dados do referido estudo indicam que a maioria dos gestores e trabalhadores das oito (8)
empresas objecto de investigação afirma a existência de uma política de HIV-SIDA na sua
organização (vide tabela 14).
De acordo com a OIT (2002), uma política para o local de trabalho:
Demonstra um compromisso explícito quanto à acção da empresa;
Garante a observância da legislação nacional apropriada;
Estabelece um padrão de comportamento para todos os trabalhadores (quer estejam ou
não infectados);
Dá orientação aos supervisores e gestores;
Ajuda os trabalhadores que vivem com o HIV/SIDA a compreenderem o tipo de apoio
e assistência que irão receber, o que aumenta a probabilidade de se apresentarem
voluntariamente a aconselhamento e testagem voluntária;
Ajuda a travar a propagação do vírus por meio de programas de prevenção e
Ajuda a empresa na planificação das acções dirigidas ao HIV/SIDA e na gestão do seu
impacto.
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
44
Tabela 14. Existência de Política de combate ao HIV/SIDA em oito empresas Moçambicanas
3 0 3
100,0% ,0% 100,0%
5 0 5
100,0% ,0% 100,0%
4 0 4
100,0% ,0% 100,0%
2 2 4
50,0% 50,0% 100,0%
4 0 4
100,0% ,0% 100,0%
5 0 5
100,0% ,0% 100,0%
5 0 5
100,0% ,0% 100,0%
5 0 5
100,0% ,0% 100,0%
33 2 35
94,3% 5,7% 100,0%
1 0 1
100,0% ,0% 100,0%
1 0 1
100,0% ,0% 100,0%
1 0 1
100,0% ,0% 100,0%
0 1 1
,0% 100,0% 100,0%
1 0 1
100,0% ,0% 100,0%
1 0 1
100,0% ,0% 100,0%
1 0 1
100,0% ,0% 100,0%
1 0 1
100,0% ,0% 100,0%
7 1 8
87,5% 12,5% 100,0%
Nº de inquiridos
% Empresa
Nº de inquiridos
% Empresa
Nº de inquiridos
% Empresa
Nº de inquiridos
% Empresa
Nº de inquiridos
% Empresa
Nº de inquiridos
% Empresa
Nº de inquiridos
% Empresa
Nº de inquiridos
% Empresa
Nº de inquiridos
% Empresa
Nº de inquiridos
% Empresa
Nº de inquiridos
% Empresa
Nº de inquiridos
% Empresa
Nº de inquiridos
% Empresa
Nº de inquiridos
% Empresa
Nº de inquiridos
% Empresa
Nº de inquiridos
% Empresa
Nº de inquiridos
% Empresa
Nº de inquiridos
% Empresa
Standard Bank
Mozal
BAT
Kudumba
KEMPE
CETA
Coca-Cola
Catucha
Empresa
Total
Standard Bank
Mozal
BAT
Kudumba
KEMPE
CETA
Coca-Cola
Catucha
Empresa
Total
Grupos InquiridosTrabalhador
Gestor de HIV
Sim Não
A empresa possue
uma política de
HIV/SIDA?
Total
Fonte: Rodrigues (2008)
A política da empresa sobre o HIV/SIDA e quaisquer programas dela resultantes, devem ser
consistentes com os seus valores, missão, necessidades e capacidades particulares, ao mesmo
tempo devem respeitar os direitos humanos dos seus trabalhadores e os padrões laborais
aceites. Tal como se pode verificar no estudo desenvolvido por Rodrigues (2008), acima de
80% dos trabalhadores e gestores das oito empresas investigadas, sediadas em Maputo,
afirmou que a política de HIV-SIDA da sua empresa está em concordância com a Legislação
Laboral nacional.
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
45
Ainda de acordo com o estudo realizado por Rodrigues (2008), os dados indicam que 62% das
empresas analisadas, afirma que a reacção dos trabalhadores à política de HIV-SIDA tem sido
boa e 25% das mesmas considera que os trabalhadores tem aderido à política. A tabela 18,
abaixo, ilustra a opinião dos trabalhadores das referidas empresas relativamente à política de
HIV-SIDA.
Tabela 15. Opinião de trabalhadores de oito empresas sediadas em Moçambique sobre a
Política de HIV-SIDA
O que acha da política de HIV/SIDA?
Count %
Protege o trabalhador da discriminação 2 5,6%
Boa 14 38,9%
Excelente 2 5,6%
Abrangente e efectiva 4 11,1%
Fundamental para o bem estar do trabalhador 1 2,8%
Alinhada com as leis do país 1 2,8%
Não respondeu
7 19,4%
Devia ser mais detalhada para melhor compreensão 1 2,8%
Importante para prevenção do HIV/SIDA 1 2,8%
Apoia o trabalhador na prevenção 2 5,6%
Razoável 1 2,8%
Fonte: Rodrigues (2008)
Organizações internacionais como a OIT desenvolveram padrões para uma resposta abrangente
ideal que a empresa possa tomar em consideração à medida que a política evolui. De acordo
com a OIT (2002), uma resposta organizacional abrangente incluirá o seguinte:
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
46
Uma política empresarial ou organizacional sobre a resposta da empresa ao HIV/SIDA
que tenha um amplo consenso e seja bem conhecida por todos os membros da
organização;
Informação e actividades para lidar com o estigma e discriminação no local de trabalho;
Informação e serviços relacionados com a prevenção da infecção do HIV/SIDA;
Diagnóstico e tratamento das infecções sexualmente transmitidas (DTSs);
Acesso ao teste voluntário e anónimo do HIV;
Informação e serviços relacionados com a assistência e tratamento do pessoal vivendo
com o HIV ou dos seus familiares;
Um plano para avaliar o impacto da resposta da empresa ao HIV/SIDA e
Um plano para reduzir o impacto do HIV/SIDA na organização.
A pesquisa desenvolvida por Rodrigues (2008) em empresas sediadas em Maputo revelou que
as mesmas operacionalizam as suas políticas através de programas que cobrem diversas áreas,
nomeadamene: prevenção, distribuição de preservativos, acções de combate ao estigma e
discriminação, aconselhamento, testagem voluntária, tratamento, programas de educação e
formação de educadores de pares.
No entanto, conforme ilustra a tabela 18, o estudo de Rodrigues (2008) revelou existirem
algumas discrepâncias entre as opiniões dos gestores e trabalhadores relativamente às áreas de
intervenção dos programas de HIV-SIDA promovidos pelas empresas objecto do estudo.
Conforme a referida tabela, há, no geral concordância entre as opiniões dos gestores e
trabalhadores, nas áreas prevenção e distribuição de preservativos. Porém, no que concerne ao
estigma e discriminação na empresa British American Tabaco (BAT), 60% dos trabalhadores
não concorda com a existência de programas nesta área, contrariamente à opinião do gestor da
empresa.
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
47
De igual forma, verifica-se que na empresa Catucha Trading, todos os trabalhadores não
confirmam a testagem voluntária, enquanto que o gestor dos programas, aponta ser esta uma
área coberta pelo programa.
Na empresa Kempe, 75% dos trabalhadores não confirmam que o tratamento é uma das áreas
que o programa cobre, contrariamente ao gestor enquanto que para a área de aconselhamento o
estudo de Rodrigues (2008) aponta uma discordância de opiniões entre trabalhadores e gestores
das empresas BAT e Kudumba.
Tabela 16. Áreas de cobertura do programa na opinião de gestores e de trabalhadores
2 100 3 100,0 3 100,0 3 100,0 3 100,0 3 100,0 3 100,0
2 100,0
1 100 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0
1 100,0
5 100 4 80,0 5 100,0 5 100,0 5 100,0 4 80,0 5 100,0 3 60,0
1 20,0 1 20,0 2 40,0
1 100 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0
4 80,0 2 40,0 5 100,0 5 100,0 5 100,0 1 20,0 2 40,0
1 20,0 3 60,0 5 100,0 4 80,0 3 60,0
1 100 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0
1 100,0
1 25,0 1 25,0 2 50,0 2 50,0
3 75,0 3 75,0 4 100,0 2 50,0 4 100,0 2 50,0 4 100,0 4 100,0
1 100,0 1 100,0
1 100 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0
4 100 3 75,0 4 100,0 4 100,0 1 25,0 2 50,0 3 75,0
1 25,0 3 75,0 2 50,0 1 25,0 4 100,0
1 100 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0
5 100 5 100,0 5 100,0 5 100,0 5 100,0 5 100,0 1 20,0 5 100,0
4 80,0
1 100 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0
1 100,0
4 80,0 4 80,0 4 80,0 4 80,0 4 80,0 4 80,0 5 100,0 4 80,0
1 20,0 1 20,0 1 20,0 1 20,0 1 20,0 1 20,0 1 20,0
1 100 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0
3 60,0 5 100,0 5 100,0 1 20,0 4 80,0 5 100,0
2 40,0 5 100,0 5 100,0 4 80,0 1 20,0
1 100 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0
1 100,0
Sim
Não
Sim
Não
Sim
Não
Sim
Sim
Não
Sim
Não
Sim
Não
Sim
Não
Sim
Não
Sim
Sim
Não
Sim
Não
Sim
Não
Sim
Sim
Não
Sim
Não
Grupos Inquiridos
Trabalhador
Gestor de HIV
Trabalhador
Gestor de HIV
Trabalhador
Gestor de HIV
Trabalhador
Gestor de HIV
Trabalhador
Gestor de HIV
Trabalhador
Gestor de HIV
Trabalhador
Gestor de HIV
Trabalhador
Gestor de HIV
Empresa
Standard Bank
Mozal
BAT
Kudumba
KEMPE
CETA
Coca-Cola
Catucha
Nº %
Prev encão
Nº %
Estigma e
discriminacão
Nº %
Testagem
voluntária
Nº %
Distribuicao de
preservativ os
N
º %
Tratamento
Nº %
Programas
de
educacão
Nº %
Aconselhamento
Nº %
Formacão de
educadores de
pares
Fonte: Rodrigues (2008)
Tais discrepâncias de opiniões que o estudo acima aponta revelam ainda muitas fraquezas de
resposta ao combate à pandemia pelo sector empresarial em Moçambique, tendo em linha de
conta o que a OIT (2002) preconiza como estratégias organizacionais abrangentes,
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
48
nomeadamente: a divulgação das acções no seio de toda a organização, bem como a
informação a todos os elementos da organização sobre serviços e actividades disponíveis.
Ademais, estratégias que se tem mostrado consistentes no combate à epidemia tem-se centrado
na mudança de comportamentos pelo que importa abordar o Modelo “BEHAVE” enquanto
estratégia de planificação para gestores de programas que tenham grandes componentes de
mudança de comportamento. Este modelo compreende várias ferramentas que apóiam os
gestores a conseguirem decisões programáticas chaves, a decidirem sobre os dados necessários
em cada fase e a centrarem-se no ponto de vista da audiência21
.
O BEHAVE integra princípios da ciência do comportamento e marketing social para ajudar os
gestores a olharem para quatro questões fundamentais:
Quais são os grupos primários alvo que devem ser alcançados para se promover o
comportamento desejado?
Que acções devem ser tomadas para mudar o comportamento?
Que factores (positivos e negativos: psico-sociais, estruturais ou outros) fazem a maior
diferença na escolha do grupo para agir?
Que estratégias serão efectivas a lidar com os factores identificados?
A aplicação do BEHAVE tem-se apoiado em diferentes teorias de mudança de comportamento.
No presente trabalho, procurar-se-á aplicá-lo combinando-o com as teorias do sistema
ecológico, modelo de crença na saúde, teoria cognitiva social e modelo de fases de mudança de
comportamento.
21 2005; Academy for Educational – CHANGE Project 1875 Connecticut Ave., NW, Washington, D.C.
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
49
Figura 1. Esquema BEHAVE
Esquema BEHAVE
Grupo Primario
Grupo Secundario
Qual(ais) a idade,
sexo, ocupacao,
localizacao,
religião, nível
social, estado
civil, etc.
aspiracoes, fase
de mudanca de
comportamento
Condutores do HIV
AUDIENCIA
PRIMARIA
Comportamento a
promover: Que
comportamento
pretendemos
ajudar o(s)
grupo(s) a
adoptarem?
Positivos: quefactores positivos
nos podem ajudar
a promover o
comportamento
desejado?
Negativos/
barreiras: o que
poderá dificultar
a adopção do
comportamento
Desejado?
Que intervenções
devemos levar a
cabo para
promovermos o
comportamento
pretendido?
Como podemos
tirar melhor
partido dos
factores positivos
Como podemos
minimizar os
factores negativos
FACTORES CHAVE ACTIVIDADESCOMPORTAMENTO
Fonte: Academia para o Desenvolvimento Educacional (AED)
Na mudança de comportamento a teoria cognitiva social reconhece que a educação e
sensibilização oferecem o conhecimento que por si só não assegura a mudança da conduta do
indivíduo. De acordo com o modelo das fases de mudança, é necessário encetar intervenções
que ajudem a levar o grupo alvo passar da fase de conhecimento para a mudança de atitude,
desta para a fase da prática e desta para a da total eficácia individual e conseqüente
manutenção22
.
No entanto, como a teoria de sistemas ecológicos aponta, para que a mudança de
comportamento do indivíduo/grupo (de trabalhadores) seja eficaz, é necessário que esta inclua
a comunidade do indivíduo (trabalhador) ou grupo alvo (trabalhadores) que pode incluir a
família e amigos; bem como o ambiente político, económico e social em que o indivíduo
(trabalhador) e ambiente (família e empresa) se inserem e operam23
.
A empresa só logrará ajudar o seu trabalhador a abandonar o seu comportamento actual (mais
de um parceiro sexual e uso inconsistente de preservativo) e adoptar o comportamento
desejável (redução do número de parceiros sexuais e uso consistente do preservativo) se:
22 Fonte: www.popconcil.org/horizons/AIDSsquest/description.html (Acesso a 04/02/2009) 23 idem
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
50
Demonstrar que os benefícios a ganhar pela adopção do novo comportamento são
maiores do que os benefícios que ganha com a manutenção do comportamento actual;
Identificar e oferecer modelos de referência, habilidades e tipo de apoio que o
trabalhador necessita para adoptar o novo comportamento;
Identificar os factores que podem ajudar o trabalhador, assim como, antecipar as
barreiras que poderão dificultar a adopção do novo comportamento e formas da sua
remoção e
Explorar as oportunidades que a família e a empresa; e o ambiente político, econômico e
social oferecem para reforçar a mudança e manutenção do comportamento desejado,
incluindo acções de advocacia.
A figura abaixo, ilustra a combinação das teorias de comportamento atrás referidas.
Figura 2. Modelo de Mudança de Comportamento - BEHAVE
Conhecimento
Atitude
PráticaEficácia Individual
Eficácia Colectiva Barreiras
Advocacia
Comunidade
Ambiente político, económico e social
Indivíduo
Contemplação
Pré-contemplação
Preparação p Acção
Acção
Manutenção
Comportamento Actual
Comportamento Desejável – Output
Benefícios
Modelos de ref.
Habilidades
Auto-estima
Tipo de apoio Quem pode apoiar
Que habilidades
Que capacidades
Que benefícios
Factores Chave
Que barreiras a remover p
garantir a eficácia colectiva
e para reforçar a sua
manutenção, no âmbito de:
Políticas
Serviços
Ambiente
Atitudes colectivas
Fonte: Academia para o Desenvolvimento Educacional (AED)
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
51
3 METODOLOGIA
O presente capítulo demonstra as fases que constituem a abordagem e o método usado na
pesquisa e descreve os procedimentos e instrumentos adoptados neste trabalho. Compreende o
desenho e técnicas da pesquisa, a caracterização do questionário aplicado, a apresentação da
empresa estudada e do perfil dos participantes, os procedimentos de colecta e tratamento de
dados e as limitações encontradas no decurso da realização da pesquisa.
De acordo com Quivy e Campenhoudt (1992), a definição da metodologia de trabalho utilizada
é fundamental: “Os nossos conhecimentos constroem-se com o apoio de quadros teóricos e
metodológicos explícitos, lentamente elaborados que constituem um campo pelo menos
parcialmente estruturado, e esses conhecimentos são apoiados por uma observação de factos
concretos.”
Deste modo, para a elaboração do presente trabalho, foi necessário passar pela recolha de
informação, por um lado, em termos teóricos sobre o tema e, por outro lado, em termos de
dados concretos sobre a situação em estudo.
3.1 Desenho da Pesquisa
A pesquisa é uma actividade voltada para a solução de problemas, possibilitando resultados
mais confiáveis, se for conduzida utilizando-se conceitos, métodos, técnicas e procedimentos
científicos bem definidos. Quanto ao tipo, as pesquisas podem ser exploratórias, descritivas ou
explicativas. (Gil, 1994)
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
52
No presente estudo adoptou-se a pesquisa do tipo descritiva que possibilita não só descrever as
características de determinada população ou fenómeno, como também estabelecer relações
entre as variáveis. (Gil, 1994)
Em termos de abordagem, recorreu-se à quantitativa uma vez que as pesquisas descritivas
requerem um planeamento mais rigoroso de colecta de dados e o uso de técnicas padronizadas.
Segundo Chagas (2007), na pesquisa quantitativa, cada fenómeno tem uma explicação
objectiva (científica), com medição rigorosa dos dados, procurando explicar os fenómenos
sociais em estudo recorrendo-se à quantificação ou análise estatística dos dados. Este tipo de
abordagem procura quantificar opiniões, atitudes e comportamentos de determinada população
ou fenómeno, demonstrando, desta forma, uma grande preocupação de com a mensuração,
através do emprego de técnicas estatísticas. (Markoni e Lakatos, 2001)
Quanto ao método, a presente pesquisa recorre ao estudo de caso. Segundo Gil (1994) este tipo
de método tem como fundamento que a ideia da análise de uma unidade de determinado
universo pode possibilitar a compreensão da generalidade do mesmo ou o estabelecimento de
bases para uma investigação posterior mais sistemática e precisa.
A vantagem deste método é a sua relativa simplicidade e economia devido ao facto de poder
ser realizado por um único investigador ou um grupo pequeno e o inconveniente é a
impossibilidade de generalização dos resultados obtidos. (Gil,1994).
Assim, adoptando o estudo de caso procurou-se, no âmbito desta pesquisa, aprofundar a
realidade de uma organização específica do sector de turismo, neste caso um estabelecimento
hoteleiro, com suas especificidades sem, no entanto, poder generalizar os dados para outras
organizações similares.
A pesquisa tem também a característica de estudo CAP que consiste num conjunto de questões
que visam medir o que a população sabe, pensa e actua frente a um determinado problema. Os
estudos CAP foram introduzidos nas estratégias preventivas frente ao SIDA com a intenção de
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
53
identificar quais são as principais características de uma determinada população no que se
refere aos seus Conhecimentos, Atitudes e Práticas. (MEC, 2002).
3.2 Técnicas da Pesquisa
Para o presente trabalho foram utilizados os seguintes métodos/técnicas de pesquisa apoiados
na obra de Quivy e Campenhoudt (1992):
Pesquisa bibliográfica
Análise documental e
Inquérito por questionário
A pesquisa bibliográfica ou consulta bibliográfica, serve de guia teórico ao investigador e
fornece informação sobre ideologias, modelos e estudos já levados a cabo pertinentes ao tema
estudado. A consulta bibliográfica permitiu perceber a sensibilidade dos autores e seus pontos
de vista assim como das escolas de gestão em relação aos aspectos chave a ter em conta numa
pesquisa. Esta percepção serviu de base para a elaboração dum modelo teórico de análise, que
é constituído pelos principais aspectos a serem tratados no capítulo de análise dos dados e
desenvolvimento da informação. Para o presente estudo recorreu-se à consulta de bibliografia
em formato impresso e electrónico composta por livros científicos e técnicos, monografias e
artigos científicos.
O método de análise documental consiste fundamentalmente na recolha de dados preexistentes.
Estes podem ser fundamentalmente:
Documentos oficiais – usados principalmente para a recolha de informação do tipo
macroeconómico e social, fornecida por instituições com esse propósito. No âmbito da
presente pesquisa foram consultados os seguintes documentos oficiais: estatísticas e
estudos sectoriais, leis, códigos e relatórios.
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
54
Documentação da empresa – consultada de modo a entender o funcionamento das
diversas áreas e políticas da empresa que sejam de interesse para o trabalho a ser
efectuado. A documentação consultada pode ser interna à empresa em questão, ou
mesmo documentação relativa a empresas do mesmo sector. No caso do presente estudo,
recorreu-se a informação da empresa publicado no seu website, bem como folhetos
informativos com o perfil da empresa.
Quer a pesquisa bibliográfica, quer a análise documental permitem economizar o tempo ao
investigador e evitar o recurso abusivo aos inquéritos e entrevistas, que sendo muito extensos e
frequentes acabam por aborrecer as pessoas solicitadas.
O questionário é o elemento chave de recolha de informação. É um documento de registo de
respostas ou opiniões de forma lógica, ordenada e de acordo com os objectivos do trabalho. De
acordo com Gil (1994, p.124), o questionário é uma técnica de investigação composta por um
número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por
objectivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações
vivenciadas.
De uma forma geral, os questionários devem seguir um conjunto de regras que garantam a
eficácia e a credibilidade da informação recolhida. Geralmente, a elaboração do questionário
deverá satisfazer as seguintes condições conforme salientam Pires e Santos (1996, p.72):
Não ser demasiado extenso, pois podem resultar em índice elevados de falta de resposta,
sendo abalada a credibilidade dos resultados;
Ser organizado e focado, pois pode-se tornar muito disperso, confundido o interlocutor e
diminuindo a fiabilidade da informação recolhida;
Minimizar a subjectividade, principalmente nos casos em que é elevado o número de
inqueridos;
Ter linguagem adequada, encontrando um meio-termo entre uma linguagem demasiado
corrente ou demasiado técnica, pois podem assumir a questão de forma incorrecta;
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
55
Ter flexibilidade nas questões colocadas de modo a conseguir captar diversas expressas
por cada um;
Não condicionar as respostas devendo as perguntas serem imparciais e não fazerem
juízo de valor positivo de modo a influenciar a resposta do inquerido.
3.3 População
O presente estudo recorreu à análise profunda de uma unidade hoteleira designada por
Southern Sun Maputo, hotel localizado em frente à praia do Costa do Sol localizado na cidade
de Maputo. Está aproximadamente a 8km do Aeroporto Internacional de Maputo e situa-se na
Avenida da Marginal que se estende diante do Oceano Índico.
A empresa localiza-se na Avenida da Marginal 4016, Caixa Postal 4354 Maputo Moçambique;
Telefone: +258 21 495050; Fax: +258 21 497700; Email: [email protected]
Southern Sun é uma empresa turística cuja visão do grupo é de ser:
Melhor grupo hoteleiro de África por qualquer medida reconhecida
Líder no grupo de hotéis em África e um actor chave na indústria hospitaleira
internacional
Sinónimo de qualidade e estilo
Southern Sun Maputo é pertença da Tsogo Sun Holdings. Oferece serviços a todo mercado
desde o mercado de luxo até abaixo das próprias marcas, segmentadas de acordo com as
necessidades dos hóspedes. Detém os direitos exclusivos em partes da África Subsariana de
operar hotéis sub liderança das marcas Inter-Continental e Holiday Inn.
Em 2005 o Hotel Southern Sun Maputo iniciou um processo de revisão da sua marca,
alinhando novamente o seu portifólio de marcas para adquiri-las, deste modo reforçando a
capacidade de oferta de cada marca individual e aumentando a selecção orientada das suas
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
56
marcas de hotéis. O grupo acredita que este processo traz ao Hotel Southern Sun a capacidade
de alcançar seus objectivos tornando-se o melhor grupo hoteleiro de África.
Tabela 17. Serviços Oferecidos pelo Hotel Southern Sun Maputo
Serviços Hoteleiros
(Espaços públicos e
Ar condicionado)
Cabeleireiro, concierge service, botiques e lojas de conveniência, elevadores, ginásio, piscina para
hóspedes, bar, front office, cofre, lavandaria, wake-up calls, doutor/dentista em caso de necessidade
(assistência), serviços de baby siting em caso de solicitação, acesso gratuito à Internet em todos os
quartos e parque de estacionamento ao ar livre e cadeira de rodas acessível.
Alojamento
O alojamento inclui 2 suites luxuosas, 6 suites executivas e 1 quarto equipado especialmente para
portadores de deficiência e 158 quartos de hóspedes bem equipados. Todos os quartos dispõem de ar
condicionado, canais de noticia por cabo, televisores a cabo/satélites coloridos com controlo remote,
ligação telefónica directa, fax, cofre, cabo de barbeador electrónico, secador de cabelo, facilidade de
preparação de café/chá, casa de banho privativa, espaço confortável para trabalhar, guarda fato
separado, corrente eléctrica de 220w e room service para refeições das 11horas as 23horas. Alguns
quartos são para não fumadores.
Restauração
Oferta diversidade de pratos locais e internacionais aos seus hóspedes preparados com requinte. Oferece
ainda um bufftet completo de pequeno almoço, assim como jantares a la carte e de buffet. Existem
também refeições leves e sandowiches que são servidos na explanada do Oceano Índico.
Conferências Oferece sala de estar e 2 salas de reuniões acomodando até 20 pessoas cada, serviços de secretariado e
de fotocópia.
Transportes Transporte disponível de/para: o Aeroporto Internacional de Maputo e serviços de viagens conseguidos
através de concierge.
Fonte: Hotel Southern Sun Maputo (2008)
A população considerada para o presente estudo refere-se ao universo de trabalhadores do
Hotel Southern Sun Maputo, cuja dimensão é de 140 elementos. A pesquisa abrangeu toda a
população tendo sido aplicados 140 questionários no âmbito da colecta de dados. O propósito
era de conseguir que todos os questionários fossem devidamente preenchidos, porém 38
questionários foram anulados devido ao mau preenchimento. Daí, foram aprovados 102
questionários que representa 72,9% da população levando a que os dados da pesquisa possam
ser generalizados apenas para o universo de elementos que compõem a organização estudada
mas não o universo de outras organizações com características semelhantes ao Hotel Southern
Sun Maputo.
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
57
Neste sentido, trabalhou-se com um total de 102 questionários para efeitos de análise e
tratamento dos dados da presente pesquisa, pelo que importa caracterizar o perfil dos
inquiridos. Dos 102 trabalhadores do Hotel Souther Sun abrangidos pela pesquisa, 22,5%
eram mulheres e a restante percentagem do sexo masculino, conforme ilustra o gráfico
seguinte.
Gráfico 4. Distribuição dos participantes por Sexo
Feminino
Masculino
Sexo
22,55%
77,45%
Fonte: Questionário de Pesquisa
Em relação à idade, mais de 90% dos inquiridos pertence ao intervalo dos 21 a 50 anos de
idade, distribuídas pelas seguintes faixas etárias: 31 a 40 anos (42,16%), 21 a 30 anos de idade
(34,31%) e 41 a 50 anos de idade que é representada por 17,65%. A restante fatia é abrangida
pelos inquiridos até 20 anos de idade, mais de 60 anos e os que não responderam,
nomeadamente, 2,94%, 0,98% e 1,96% respectivamente, como ilustra o gráfico abaixo.
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
58
Gráfico 5. Distribuição dos participantes por Faixa Etária
Até 20 anos
De 21 a 30 anos
De 31 a 40 anos
De 41 a 50 anos
Mais de 60 anos
N/R
Idade2,94%
34,31%
42,16%
17,65%
0,98%1,96%
Fonte: Questionário de Pesquisa
Relativamente ao estado civil, mais de metade (60,78%) dos colaboradores do hotel são
solteiros, 2,94% divorciados, 32, 35%, casados e 3,92% tem outro tipo de relacionamento; vide
figura abaixo.
Gráfico 6. Distribuição dos participantes por Estado Civil
Casado
Solteiro
Divorciado
Outro
Estado Civil
32,35%
60,78%
2,94%3,92%
Fonte: Questionário de Pesquisa
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
59
Em relação ao nível académico, grande parte dos inquiridos tem o nível Secundário/Médio
(78,43%), enquanto que os com o nível primário e superior se quedam na mesma posição com
9.8%, conforme ilustra a figura abaixo.
Gráfico 7. Distribuição dos participantes por Nível de Formação
Primário
Secundária/Nível Médio
Bacharelato
Licenciatura
Doutoramento
N/R
Form ação9,80%
78,43%
4,90%3,92%
0,98% 1,96%
Fonte: Questionário de Pesquisa
Relativamente ao cargo que os participantes ocupam no hotel, grande parte dos inquiridos
fazem parte do quadro operacional (68,63%) e 20,59% do quadro técnico administrativo.
Entretanto, outra parcela (9,80%) é do corpo directivo, como mostra a figura abaixo.
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
60
Gráfico 8. Distribuição dos participantes por Cargo
Corpo Directivo
Quadro Técnico Administrativo
Quadro Operacional
N/R
Cargo que ocupa no Hotel9,80%
20,59%
68,63%
0,98%
Fonte: Questionário de Pesquisa
3.4 Instrumento de Pesquisa
O questionário usado para a colecta de dados com vista a responder aos objectivos da presente
pesquisa é da autoria da Mestre Andrea Folgado Serra.24
Trata-se de um instrumento
desenhado com base nos padrões internacionais exigidos pela OMS, no âmbito de indicadores
para estudos CAP na área do HIV/SIDA, e com uma boa consistência interna verificada através
da sua aplicação no contexto moçambicano a uma população de 1700 pessoas entre estudantes
e docentes universitários e pessoal do corpo técnico e administrativo de uma instituição de
Ensino Superior.
Pequenas adaptações foram realizadas à versão original do instrumento para efeitos desta
pesquisa apenas no âmbito textual e das opções de categorias de resposta no âmbito das
variáveis sócio-demográficas, dado o estudo incidir sobre uma população diferente da que
endereçava a versão original.
24 Docente e investigadora do Curso de Psicologia na Universidade Politécnica e orientadora do presente trabalho
de investigação.
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
61
O instrumento está dividido em várias partes, conforme se apresenta em anexo. A primeira
parte procura dados que caracterizam o perfil sócio-demográfico dos participantes olhando
para o sexo, idade, estado civil, formação e cargo que ocupam no estabelecimento hoteleiro
(primeiras cinco questões).
A segunda parte centra-se sobre os conhecimentos, atitudes e práticas em relação ao
HIV/SIDA (perguntas de seis a quarenta e três, subdivididas pelos três indicadores atrás
referidos) conforme indica a tabela abaixo.
Tabela 18. Indicadores e Sub-indicadores da Pesquisa
Indicador Sub-indicador Questões do Inquérito
Conhecimentos sobre o
HIV/SIDA
Conhecimentos sobre o HIV/SIDA 6, 7, 8, 9
Conhecimentos sobre meios de prevenção e
transmissão do HIV/SIDA
10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17,
18, 19, 20
Acesso a Informação sobre HIV/SIDA 21, 22
Atitudes em relação ao
HIV/SIDA
Atitudes de Estigma e Discriminação das PVHS 23, 24, 25, 26, 27
Práticas em relação ao
HIV/SIDA
Comportamentos Sexuais de Risco 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35,
36, 37
Práticas de intervenção (Aconselhamento, Apoio
Psicossocial, Testagem e Medicação)
38, 39, 40, 41, 44, 43
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
62
3.5 Procedimentos
Recolha dos dados
Para a condução do presente trabalho, contactou-se a ECoSIDA (Empresas Moçambicanas
contra o SIDA) com a finalidade de obter a relação das empresas hoteleiras que fazem parte
dos seus membros. Contactadas as empresas hoteleiras fornecidas, através dos seus pontos
focais todas, com a excepção do Hotel Southern Sun Maputo, não se mostraram disponíveis a
colaborar no estudo.
A disponibilidade do Hotel Southern Sun Maputo de colaborar no estudo foi manifesta no
primeiro encontro realizado entre a autora e o seu ponto focal. A empresa solicitou a
apresentação duma credencial da Universidade Politécnica acompanhada duma carta redigida
pela pesquisadora indicado os objectivos do estudo para submissão à direcção da empresa.
Posteriormente, teve lugar um segundo encontro no qual a autora foi informada sobre a
aprovação do seu pedido pela direcção da empresa e subsequente coordenação do processo,
assim como a marcação da data para o preenchimento dos inquéritos.
Tratamento dos dados
O tratamento e análise dos dados colectados junto da população que o presente estudo, foi
realizado utilizando o Statistical Package for Social Sciences (SPSS)25
, versão 13.0 do Sistema
Operativo Microsoft Windows. O tipo de tratamento estatístico a ser usado para a análise dos
dados foi baseado na estatística descritiva.
O SPSS permite encurtar o tempo e esforço que são despendidos quando os dados e cálculos
são efectuados manualmente. Por outro lado, realiza automaticamente cálculos estatísticos
complexos.
25 Programa Estatístico para Ciências Sociais
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
63
Deste modo, após o preenchimento dos questionários as respostas foram digitadas assumindo
como conjunto de variáveis conforme consta no inquérito em anexo 1. Uma vez introduzidos
os dados, estes foram processados automaticamente, resultando como out put um conjunto de
tabelas e gráficos, reflectindo um resumo da frequência das respostas obtidas.
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
64
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
O presente capitulo apresenta os resultados do estudo e faz uma discussão dos mesmos
fundamentalmente sustentada pela fundamentação teórica apresentada anteriormente.
4.1 Apresentação dos Resultados
Conhecimentos sobre o HIV/SIDA
O que os trabalhadores sabem sobre o HIV/SIDA?
100% já ouviram falar do HIV ou da doença chamada SIDA
79,4% sabem qual é a diferença entre o HIV e a doença chamada SIDA
59,8% conhecem alguém que vive com o vírus ou que tenha morrido devido a
doenças relacionadas à SIDA
27,5% tem um parente próximo que vive com o vírus ou que tenha morrido devido a
doenças relacionadas à SIDA
17,6% tem um amigo próximo que vive com o vírus ou que tenha morrido devido a
doenças relacionadas à SIDA
O que os trabalhadores não sabem sobre o HIV/SIDA?
20,6% não sabem qual a diferença entre o HIV e a doença chamada SIDA
24,5% não conhece ninguém que vive com o vírus ou que tenha morrido devido a
doenças relacionadas à SIDA
29,4% não tem um parente próximo ou amigo que vive com o vírus ou que tenha
morrido devido a doenças relacionadas à SIDA
Constatações
15,7% não sabem se conhecem alguém que vive com o vírus ou que tenha morrido
devido a doenças relacionadas à SIDA
25,5% não sabem se tem um parente próximo ou amigo que vive com o vírus ou que
tenha morrido devido a doenças relacionadas à SIDA
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
65
Conhecimentos sobre os Meios de Prevenção e Transmissão do HIV/SIDA
O que os trabalhadores sabem sobre os meios de prevenção do HIV/SIDA?
82,4% sabem que as pessoas podem proteger-se do vírus que causa a Sida usando
correctamente o preservativo todas as vezes que tenham relações sexuais
71,6% sabem que uma pessoa não pode contrair o vírus a partir de uma picada do
mosquito
73,5% sabem que as pessoas podem proteger-se do HIV tendo um parceiro sexual fiel
não infectado
52% sabem que as pessoas podem se proteger do HIV abstendo-se de ter relações sexuais
77,5% sabem que uma pessoa não pode contrair o HIV partilhando uma refeição com
alguém que vive com o vírus
76,2% sabem que o uso da pílula não evita a infecção do HIV
O que os trabalhadores sabem sobre os meios de transmissão do HIV/SIDA?
91,2% sabem que as pessoas podem contrair o HIV através do uso da mesma
agulha/lâmina ou outros objectos cortantes
93,1% sabem que uma pessoa com aparência saudável poderá estar a viver com HIV, o
vírus que causa a Sida
76,5% sabem que uma mulher grávida vivendo com HIV pode transmitir o vírus ao seu
bebé
70,6% sabem que uma mãe seropositiva no momento do parto pode transmitir o vírus
HIV ao seu bebé
69,6% sabem que uma mulher vivendo com HIV pode transmitir o vírus ao seu bebé
recém-nascido através da amamentação
Em que os trabalhadores estavam errados?
10,8% pensam que as pessoas não podem proteger-se do vírus que causa a Sida usando
correctamente o preservativo todas as vezes que tenham relações sexuais
5,9% pensam que uma pessoa pode contrair o vírus a partir de uma picada do mosquito
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
66
8,8% pensam que as pessoas não podem se proteger do HIV tendo um parceiro sexual
não infectado
27,5% pensam que as pessoas não se podem proteger do HIV abstendo-se de ter relações
sexuais
13,7% pensam que uma pessoa pode contrair o HIV partilhando uma refeição com
alguém que vive com o vírus
4% pensam que o uso da pílula evita a infecção do HIV
2% pensam que as pessoas não podem contrair o HIV através do uso da mesma
agulha/lâmina ou outros objectos cortantes
2% pensam que uma pessoa com aparência saudável não poderá estar a viver com HIV,
o vírus que causa a Sida
10,8% pensam que uma mulher grávida vivendo com HIV não pode transmitir o vírus ao
seu bebé
14,7% pensam que uma mãe seropositiva no momento do parto não pode transmitir o
vírus HIV ao seu bebé
12,7% pensam que uma mulher vivendo com HIV não pode transmitir o vírus ao seu
bebé recém-nascido através da amamentação
Constatações
5,9% não sabem se as pessoas podem se proteger do vírus que causa à Sida usando
correctamente o preservativo todas as vezes que tenham relações sexuais
22,5% não sabem se uma pessoa não pode contrair o HIV a partir de uma picada do
mosquito
17,6% não sabem se as pessoas podem se proteger do HIV tendo um parceiro sexual fiel
não infectado
20,6% não sabem se as pessoas podem se proteger do HIV abstendo-se de ter relações
sexuais
8,8% não sabem se uma pessoa não pode contrair o HIV partilhando uma refeição com
alguém que vive com o HIV
18,8% não sabem se o uso da pílula não evita o infecção do HIV
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
67
6,9% não sabem se as pessoas podem contrair o HIV através do uso da mesma
lâmina/agulha ou outros objectos cortantes
4,9% não sabem se uma pessoa com aparência saudável poderá estar a viver com o
HIV, o vírus que causa à Sida
12,7% não sabem se uma mulher grávida vivendo com o HIV pode transmitir o vírus ao
seu bebé
14,7% não sabem se no momento do parto uma mãe seropositiva pode transmitir o vírus
do HIV ao seu bebé
17,6% não sabem se uma mulher vivendo com o HIV pode transmitir o vírus ao seu
bebé recém-nascido através da amamentação
Acesso à Informação sobre o HIV/SIDA
Com base nas respostas obtidas, no que diz respeito ao acesso a informação através de que
meio, com maior frequência tem acesso à informação sobre o HIV/SIDA, 48,0% tem acesso
através da televisão, enquanto que 26,5% através da rádio, 12,7% e 11,8% através de amigos e
Sistema Nacional de Saúde.
Em relação a pergunta se acha que necessita de obter mais informação sobre o HIV/SIDA,
91,2% afirma que sim, contrariamente a 6,9% que respondeu que não e 2% diz não saber se
necessita ou não de informação.
Atitudes de Estigma e Discriminação a PVHS
Atitudes não Discriminatórias
77,5% estariam disponíveis em partilhar uma refeição com uma pessoa que ele sabe ser
seropositiva
84,3% estariam disponíveis em acolher em sua casa para cuidar dele se um parente
ficasse doente devido ao vírus HIV
9,4% concordam que se um trabalhador vivesse com o HIV e manifestasse sintomas da
doença deveria ser-lhe permitido continuar a trabalhar
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
68
80,4% concordam que se um chefe superior vivesse com o HIV mas não estivesse doente
deveria ser-lhe permitido continuar a desempenhar as suas funções no local de trabalho
Atitudes de Estigma e Discriminação
8,8% não estariam disponíveis em partilhar uma refeição com uma pessoa que ele saber
ser seropositiva
2,0% não estariam disponíveis em acolher em sua casa para cuidar dele se um parente
ficasse doente devido ao vírus HIV
7,8% não concordam que se um trabalhador vivesse com o HIV e manifestasse sintomas
da doença deveria ser-lhe permitido continuar a trabalhar
5,9% não concordam que se um chefe superior vivesse com o HIV mas não estivesse
doente deveria ser-lhe permitido continuar a desempenhar as suas funções no local de
trabalho
Constatações
13,7% não sabem se estariam disponíveis em partilhar uma refeição com uma pessoa
que sabem ser seropositiva
13,7% não sabem se estariam disponíveis em acolher em sua casa para cuidar dele se um
parente ficasse doente devido ao vírus HIV
12,7% não sabem se devia ser-lhe permitido trabalhar se um trabalhador vivesse com o
HIV e manifestasse sintomas da doença
13,7% não sabem se devia ser-lhe permitido continuar a desempenhar as suas funções no
local de trabalho se um chefe superior vivesse com o HIV mas não estivesse doente
24,5% não sabem se gostavam que a situação fosse mantida em segredo se ficassem
doentes devido ao HIV, o vírus que causa a Sida.
Comportamentos Sexuais de Risco
A recolha de informação dos inqueridos sobre se já alguma vez teve relações sexuais, todos os
trabalhadores inqueridos (102) responderam afirmativamente representando 100%. De seguida,
os participantes foram questionados sobre com que idade teve a primeira relação sexual e as
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
69
respostas obtidas mostraram que a idade mínima é 10 anos e a máxima 25 anos, 89
trabalhadores não responderam.
Relações sexuais nos últimos 12 meses
Os trabalhadores (102) foram também perguntados sobre se teve relações sexuais nos últimos
12 meses e a resposta foi afirmativa representando 100%. Para dar continuidade as questões do
inquérito, a pergunta seguinte foi sobre se teve relações com parceiro regular, ocasional,
parceiro regular e ocasional, regular e comercial e parceiro regular, ocasional e comercial e as
respostas foram as seguintes:
41,2% tiveram relações sexuais com parceiro regular
8,8% tiveram relações sexuais com parceiro ocasional
41,2% tiveram relações sexuais com parceiro regular e ocasional
1,0% tiveram relações sexuais com parceiro regular e comercial
5,9% tiveram relações sexuais com parceiro regular, ocasional e comercial
2% não responderam
Posteriormente, os inqueridos forma questionados sobre com quantos parceiros teve relações
sexuais nos últimos 12 meses e as respostas foram as seguintes:
45,1% tiveram relações sexuais nos últimos 12 meses com 1 parceiro
21,6% tiveram relações sexuais nos últimos 12 meses com 2 parceiros
11,8% tiveram relações sexuais nos últimos 12 meses com 3 parceiros
4,9% tiveram relações sexuais nos últimos 12 meses com 4 parceiros
5,9% tiveram relações sexuais nos últimos 12 meses com mais de 4 parceiros
10,8% não responderam a esta questão
Uso do Preservativo
Acredita-se unicamente que, as relações sexuais sem protecção são um dos maiores riscos que
a população moçambicana corre, em relação a infecção com o vírus HIV. Portanto, o uso do
preservativo é uma componente crucial de um programa de HIV/SIDA para aqueles que são
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
70
incapazes de se absterem ou permanecerem fiéis ao seu parceiro26
. Os trabalhadores foram
primeiramente perguntados sobre se costumam usar o preservativo quando mantém relações
sexuais, e as suas respostas foram as seguintes:
65,7% costumam usar o preservativo quando mantém relações sexuais
31,4% não costumam usar o preservativo quando mantém relações sexuais
2,9% não se lembram se costumam usar o preservativo quando mantém relações sexuais
Os trabalhadores foram então questionados sobre com que frequência usa o preservativo, tendo
as respostas sido diferentes nalgumas áreas:
34,3% afirmaram que sempre usam o preservativo
7,8% nunca usam o preservativo
29,4% às vezes usam o preservativo
23,5% afirmaram que quase sempre usam o preservativo
3,9% afirmaram não saber se usam o preservativo com frequência
A pergunta seguinte era se os trabalhadores usaram o preservativo na última vez que tiveram
relações sexuais, e as respostas foram as seguintes:
45,1% afirmaram que usaram o preservativo na última vez que tiveram relações sexuais
43,1% não usaram o preservativo na última vez que tiveram relações sexuais
8,8% não se lembram se usaram o preservativo na última vez que tiveram relações
sexuais
Os trabalhadores foram ainda questionados sobre quem sugeriu o uso do preservativo, e as
respostas foram as seguintes:
60,9% sugeriram o uso do preservativo
34,8% foi decisão conjunta
2,2% o parceiro sugeriu o uso do preservativo
2,2% não se lembram quem sugeriu o uso do preservativo
26 Estudo de Conhecimento, Atitude, Práticas e Crenças (CAPC) no Sector Privado; Associação Comercial e Industrial de Sofala; Novembro de 2005.
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
71
Os trabalhadores foram depois perguntados sobre porque não usou o preservativo na última vez
que teve relações sexuais, e as respostas foram as seguintes:
21,7% dizem que o preservativo não estava disponível
15,2% não gostam de usar o preservativo
6,5% não pensaram que fosse necessário usar o preservativo
6,5% não pensaram no uso do preservativo
2,2% o parceiro não aceitou o uso do preservativo
8,7% não sabem porque não usaram o preservativo na última vez que tiveram relações
sexuais
Práticas de Intervenção (Aconselhamento, Apoio Psico-social, Testagem e Medicação)
Os trabalhadores foram questionados também sobre se já alguma vez visitou um GTV e as
respostas foram as seguintes:
45,1% visitaram um GTV
50% não visitaram um GTV
2,9% dizem não se lembrarem
2,0% não responderam
De seguida, os inqueridos foram perguntados sobre o motivo predominante que levou a visitar
o GTV e se obteve as seguintes respostas:
31,9% visitaram um GTV para obter mais informações sobre o HIV/SIDA
10,6% visitaram um GTV para receber aconselhamento
42,6% visitaram um GTV para fazer o teste de HIV
4,3% visitaram um GTV porque estavam doentes
4,3% visitaram um GTV para acompanhar um amigo/familiar
4,3% visitaram um GTV por um outro motivo
2,1% não responderam
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
72
Posteriormente, os colaboradores foram perguntados se já alguma vez fez o teste de HIV e as
respostas foram as seguintes:
56,9% afirmaram terem feito o teste de HIV
40,2% não fizeram o teste de HIV
2,9% não responderam
De seguida, os trabalhadores foram questionados sobre qual o resultado do seu teste e se
obteve as seguintes respostas:
5,1% tiveram resultado positivo no teste de HIV
81,4% tiveram resultado negativo no teste de HIV
10,2% não sabem qual o resultado do teste de HIV
1,7% não se lembram do resultado obtido no teste de HIV
1,7% não responderam a esta questão
Os colaboradores que tiveram o resultado do teste de HIV positivo foram ainda questionados
sobre se está a tomar a medicação anti-retroviral e as respostas foram as seguintes:
33,3% afirmaram estarem a tomar a medicação anti-retroviral
66,6% não estavam a tomar a medicação anti-retroviral
Finalmente, os trabalhadores que tiveram o resultado do teste de HIV positivo foram
perguntados sobre se está a receber algum tipo de apoio psico-social e as respostas foram as
seguintes:
66,6% afirmaram estarem a receber apoio psico-social
33,3% não estão a receber apoio psico-social
Estigma e Discriminação
Nesta secção pretende-se aferir até que ponto o sexo e cargo que ocupam os trabalhadores do
Hotel Southern Sun Maputo constituem uma determinante nas suas atitudes de estigma e
discriminação de pessoas vivendo com o HIV/SIDA.
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
73
Sexo
Os resultados mostram que os trabalhadores do sexo feminino revelaram índices
discriminatórios a pessoas vivendo com o HIV (PVHS) mais altos do que os do sexo
masculino. 26,1% dos trabalhadores do sexo feminino não estariam disponíveis a partilhar
uma refeição com uma pessoa que sabem ser seropositiva; em contraste com 21,5% dos
trabalhadores do sexo masculino.
Note-se que 21,7% trabalhadores do sexo feminino não sabem se estariam disponíveis em
acolher um parente em sua casa para cuidar dele se este ficasse doente devido ao HIV; contra
os 13,9% do sexo masculino.
21,7% dos trabalhadores do sexo feminino não concordam que se um trabalhador vivendo
com o HIV e manifestando sintomas da doença fosse permitido continuar a desempenhar as
suas funções no local de trabalho; ao invés dos 20,3% do sexo masculino.
Gráfico 9. Atitudes de Estigma e Discriminação a PVHS segundo o Sexo
26.1%
21.5% 21.7%
13.9%
21.7%
20.3%
0.0%
5.0%
10.0%
15.0%
20.0%
25.0%
30.0%
PRP ACP TSCT
Feminino
Masculino
Fonte: Questionário de Pesquisa e Análise da Autora
Legenda:
PRP Trabalhadores que não aceitam partilhar uma refeição com uma pessoa vivendo com o HIV
ACP Trabalhadores que não aceitam acolher em sua casa e cuidar dum parente vivendo com o HIV
TSCT Trabalhadores que não aceitam que um trabalhador manifestando sintomas de HIV/SIDA
continue a trabalhar
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
74
Cargo que Ocupa no Hotel
O corpo directivo tem uma atitude mais discriminatória do que os quadros técnico-
administrativo e operacional em relação à partilha duma refeição com uma pessoa que sabem
ser seropositiva, pois 30% dos membros deste afirmaram que não estariam disponíveis; em
contraste com os 14,3% e 24,3% dos quadros técnico-administrativo e operacional
respectivamente.
O quadro técnico-administrativo seguido do quadro operacional manifestaram a atitude mais
discriminatória em relação a acolher em sua casa e cuidar dum parente vivendo com HIV, pois
19% e 15,7% respectivamente não aceitariam. No entanto, apenas 10% do corpo directivo não
aceitariam acolher em sua casa e cuidar dum parente vivendo com HIV.
O quadro operacional (com 22,9%) revelou-se mais discriminatório em relação a permitir-se
que um trabalhador vivendo com o HIV e manifestando sintomas da doença continue a
trabalhar. 20% do corpo directivo e 14,3% do quadro técnico-administrativo manifestaram-se
contrários a permitir-se que um trabalhador vivendo com o HIV e manifestando sintomas da
doença continuasse a trabalhar.
Gráfico 10. Atitudes de Estigma e Discriminação a PVHS segundo o Cargo
30.0%
14.3%
24.3%
10.0%
19.0%
15.7%
20.0%
14.3%
22.9%
0.0%
5.0%
10.0%
15.0%
20.0%
25.0%
30.0%
PRP ACP TSCT
Corpo Directivo
Quadro Tecnico Admin.
Quadro Operacional
Fonte: Questionário de Pesquisa e Análise da Autora
Legenda:
PRP Trabalhadores que não aceitam partilhar uma refeição com uma pessoa vivendo com o HIV
ACP Trabalhadores que não aceitam acolher em sua casa e cuidar dum parente vivendo com o HIV
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
75
TSCT Trabalhadores que não aceitam que um trabalhador manifestando sintomas de HIV/SIDA
continue a trabalhar
Comportamentos Sexuais de Risco
Nesta secção pretende-se aferir até que ponto o sexo, idade, o estado civil, e nível académico
constituem uma determinante no comportamento sexual de risco dos trabalhadores do Hotel
Southern Sun Maputo.
Sexo
Os resultados do estudo mostram que os trabalhadores de ambos os sexos têm parceiros
múltiplos e concorrentes com maior proeminência dos trabalhadores do sexo masculino com
63,3% sobre os trabalhadores do sexo feminino com 43,5%. Nota-se ainda que há um elevado
índice no uso inconsistente do preservativo com 73,9% dos trabalhadores do sexo feminino e
63,3% do sexo masculino.
Os trabalhadores do sexo feminino cuja decisão no uso do preservativo é tomada em conjunto
com os seus parceiros representam 60%; enquanto que os do sexo masculino 27,8%. Por outro
lado, os trabalhadores do sexo masculino dominam na tomada de decisão sobre o uso do
preservativo nas relações sexuais com 66,7%; enquanto que somente 40% dos trabalhadores
do sexo feminino é que tomam a iniciativa própria no uso do preservativo.
Gráfico 11. Comportamento Sexual de Risco dos Trabalhadores segundo o Sexo
43.5%
63.3%
73.9%
63.3%60.0%
27.8%
40.0%
66.7%
0.0%
10.0%
20.0%
30.0%
40.0%
50.0%
60.0%
70.0%
80.0%
MCP's UIP DCUP IPUP
Feminino
Masculino
Fonte: Questionário de Pesquisa e Análise da Autora
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
76
Legenda: MCPs27 Parceiros Múltiplos e Concorrentes
UIP Uso Inconsistente do Preservativo
DCUP Decisão Conjunta no Uso do Preservativo
IPUP Iniciativa Própria do Uso do Preservativo
Idade
O estudo revelou que até 20 anos de idade todos os trabalhadores tem parceiros múltiplos e
concorrentes (MCPs) o que representa 100%28
; 68,6% dos 21 aos 30 anos de idade têm MCPs;
seguidos de 55,8% e 44,4% de trabalhadores com idades compreendidas entre os 31 e 40 anos
e 41 e 50 anos respectivamente. Acima dos 50 anos de idade, nenhum trabalhador afirmou ter
relações com parceiros múltiplos e concorrentes.
À excepção dos trabalhadores da faixa etária com mais de 50 anos, entre os trabalhadores das
restantes faixas etárias nota-se o uso inconsistente do preservativo, com a idade entre 21 e 30
anos destacando-se com 71,4%. As idades dos 41 aos 50 anos, 31 aos 40 anos e até aos 20
anos de idade revelaram um uso inconsistente do preservativo de 66,7%, 62,8% e 33,3%
respectivamente.
A decisão sobre o uso do preservativo nem sempre é tomada de forma conjunta entre os
trabalhadores e seus parceiros sexuais nas idades entre os 20 e 50 anos. A falta de decisão
conjunta sobre o uso do preservativo é mais notória nos trabalhadores com mais de 50 anos de
idade com 0%, seguida das faixas etárias dos 31 aos 40 anos (30%), até aos 20 anos (33,3%) e
dos 21 aos 30 anos (42,9%) e 41 aos 50 anos (42,9%).
Nem todos os trabalhadores tem tido a iniciativa própria de sugerirem o uso do preservativo
nas relações sexuais com seus parceiros, à excepção dos trabalhadores com mais de 50 anos de
idade (100%29
), pois, apenas 70% dos trabalhadores dos 31 aos 40 anos, 66,7% até aos 20
anos, 50% dos 21 aos 30 anos e 42,9% dos 41 aos 50 anos de idade.
27
Multiple Concurrent Partners (Parceiros Múltiplos e Concorrentes) 28 No Hotel Southern Sun Maputo tem três trabalhadores até 20 anos de idade. 29
No Hotel Southern Sun Maputo só tem um trabalhador com mais de 50 anos de idade.
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
77
Gráfico 12. Comportamento Sexual de Risco dos Trabalhadores segundo a Idade
100%
33.3%33.3%
66.7% 68.6%71.4%
42.9%
50.0%
55.8%
62.8%
30.0%
70.0%
44.4%
66.7%
42.9%42.9%
0.0%0.0%0.0%
100.0%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Ate 20 anos 21 a 30 anos 31 a 40 anos 41 a 50 anos Mais de 50 anos
MCP's
UIP
DCUP
IPUP
Fonte: Questionário de Pesquisa e Análise da Autora
Legenda: MCPs Parceiros Múltiplos e Concorrentes
UIP Uso Inconsistente do Preservativo
DCUP Decisão Conjunta no Uso do Preservativo IPUP Iniciativa Própria do Uso do Preservativo
Estado Civil
As parcerias múltiplas e concorrentes estão presentes em todos os diferentes grupos de estado
civil dos trabalhadores com particular destaque no grupo dos solteiros com 64,5% seguido dos
casados com 48,5%; os divorciados com 33,3% e finalmente o grupo “outro” com 25%.
O estudo revelou uma alta taxa de uso inconsistente do preservativo entre o grupo “outro” com
75% (3/4*100), seguido dos casados com 69,7%, dos divorciados com 66,7% e solteiros com
61,3%. A decisão do uso do preservativo tem sido conjunta entre o trabalhador e o seu
parceiro sexual ou por iniciativa do próprio trabalhador. Nenhum trabalhador divorciado tomou
a decisão conjunta nem por iniciativa própria no uso do preservativo o que representa 0%; o
grupo “outro” com 50% tomando a decisão conjunta e por iniciativa própria no uso do
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
78
preservativo. Os trabalhadores solteiros e casados destacam-se na decisão conjunta do uso do
preservativo com os seus parceiros sexuais em 36,4% e 27,3% respectivamente; a mesma
tendência não se verifica em relação à iniciativa do trabalhador para o uso do preservativo com
os casados fixando-se em 63,6% e os solteiros em 60,6%.
Gráfico 13. Comportamento Sexual de Risco dos Trabalhadores segundo Estado Civil
48.5%
64.5%
33.3%
25.0%
69.7%
61.3%
66.7%
75.0%
27.3%
36.4%
0.0%
50.0%
63.6%60.6%
0.0%
50.0%
0.0%
10.0%
20.0%
30.0%
40.0%
50.0%
60.0%
70.0%
80.0%
MCP's UIP DCUP IPUP
Casado
Solteiro
Divorciado
Outro
Fonte: Questionário de Pesquisa e Análise da Autora
Legenda: MCPs Parceiros Múltiplos e Concorrentes UIP Uso Inconsistente do Preservativo
DCUP Decisão Conjunta no Uso do Preservativo
IPUP Iniciativa Própria do Uso do Preservativo
Nível Académico
Em todos os níveis académicos os trabalhadores tem parceiros múltiplos e concorrentes,
destacando-se o nível de doutoramento com 100%30
, seguido dos níveis primário com 70%,
secundário/médio com 61,3%, licenciatura com 25% e bacharelato com 20%.
30 No Hotel Southern Sun Maputo só há um trabalhador com o nível de doutoramento.
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
79
A pesquisa revelou que o uso inconsistente do preservativo regista-se em todos os níveis
académicos, com o doutoramento na dianteira com 100%, os licenciados com 80% e bacharéis
80% respectivamente. 65% do nível secundário/médio e 40% do nível primário.
A tomada de decisão sobre o uso do preservativo apenas é feita em conjunto entre o
trabalhador e seu parceiro dos níveis primário (33,3%) e secundário/médio (37,8%); enquanto
que nos níveis de bacharelato, licenciatura e doutoramento não há tomada conjunta de decisão
de uso do preservativo nas relações sexuais.
Por outro lado, o uso do preservativo tem sido por iniciativa do próprio trabalhador nos níveis
de bacharelato com 20%, primário com 66,7% e secundário/médio com 59,5%. Os
trabalhadores dos níveis de licenciatura e doutoramento indicaram não tomarem iniciativa no
uso do preservativo nas suas relações sexuais.
Gráfico 14. Comportamento Sexual de Risco dos Trabalhadores segundo o Nível Académico
70.0%
40.0%
33.3%
66.7%
61.3%65.0%
37.8%
59.5%
20.0%
80.0%
0.0%
20.0%
25.0%
80.0%
0.0%0.0%
100.0%100.0%
0.0%0.0%0.0%
10.0%
20.0%
30.0%
40.0%
50.0%
60.0%
70.0%
80.0%
90.0%
100.0%
Primario Secundario/Medio Bacharelato Licenciatura Doutoramento
MCP's
UIP
DCUP
IPUP
Fonte: Questionário de Pesquisa e Análise da Autora
Legenda: MCPs Parceiros Múltiplos e Concorrentes
UIP Uso Inconsistente do Preservativo
DCUP Decisão Conjunta no Uso do Preservativo
IPUP Iniciativa Própria do Uso do Preservativo
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
80
4.2 Discussão dos Resultados
De acordo com o previsto nos Códigos da OIT e da SADC, as Leis 05/2002 de 5 de Fevereiro e
12/2009 de 12 de Março, cumpre assegurar-se a não descriminação de PVHS ou supostamente
vivendo com HIV/SIDA. Os resultados do estudo indicam, contudo, a existência de atitudes de
estigma e descriminação em relação a PVHS em ambos sexos, idade, níveis de escolaridade e
cargos ocupados na empresa em uma parte dos trabalhadores.
O Código da OIT preconiza programas promovendo a prevenção do HIV/SIDA no local de
trabalho. Ademais, peritos na área de prevenção do HIV/SIDA afirmaram, na Conferência
Global sobre o HIV/SIDA na Cidade do México, em 2008, que os resultados mais
encorajadores na prevenção estão ligados a abordagens centradas na mudança de
comportamento. No New York Times, 2008 pode ler-se em Português: Programas de mudança
de comportamento são altamente eficazes para a prevenção do HIV, mas actualmente não
atingem o número suficiente de pessoas para terem um impacto decisivo sobre a epidemia.
No caso em estudo, a alteração do actual nível de Conhecimentos, Atitudes e Práticas dos
trabalhadores da empresa passa por uma estratégia de mudança de comportamento. O modelo
BEHAVE oferece uma plataforma segura para uma análise situacional que resulta num
programa de prevenção centrada na mudança de comportamento. Assim, usando este modelo
para a análise dos resultados do estudo nota-se que:
Relativamente ao grupo prioritário: consiste em grupo primário e secundário. O primário é
aquele cujos integrantes têm o poder de alterar o comportamento actual indesejável quando
quiserem; enquanto que o grupo secundário é aquele cuja mudança de comportamento depende
em larga medida da vontade do grupo primário. Nele deve-se descrever as características
específicas de cada grupo tais como idade, sexo, ocupação, localização, religião, nível social,
estado civil, etc; aspirações, fase de mudança de comportamento e condutores do HIV.
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
81
No entanto, os resultados do estudo indicam que o grupo primário é constituído pelos
trabalhadores do sexo masculino, enquanto que o grupo secundário é constituído pelos
trabalhadores do sexo feminino e parceiros sexuais dos trabalhadores do sexo masculino do
Hotel Southern Sun Maputo.
Neste contexto, na sua grande maioria, os trabalhadores manifestam atitudes e comportamento
de risco de infecção pelo vírus causador da Sida. Esta tendência inclui mesmo os trabalhadores
com um nível de escolaridade superior que possuem um melhor nível de conhecimentos devido
ao acesso à informação de que gozam.
No estudo realizado, 63,3% dos trabalhadores do sexo masculino usam o preservativo de forma
inconsistente comparados com 73,9% (17/23*100) do sexo feminino. Ao mesmo tempo,
apenas 66,7% dos trabalhadores do sexo masculino usam o preservativo por iniciativa própria
comparados com 40% do sexo feminino. Isto revela que, mesmo que as mulheres desejem usar
o preservativo poderão encontrar barreiras por parte dos homens, por sinal, os que tem poder
de decisão sobre o uso do mesmo.
Relativamente ao comportamento a promover: questiona-se sobre qual o comportamento se
pretende ajudar o(s) grupo(s) a adoptar(em). Os resultados do estudo indicam que o
comportamento a promover é a redução do número de parceiros e o uso consistente do
preservativo, pois, tanto os trabalhadores do sexo masculino como os trabalhadores do sexo
feminino têm parceiros múltiplos e concorrentes e não usam o preservativo consistentemente
em todas as relações sexuais.
Em relação aos factores-chave: compreendem os factores positivos que podem ajudar a
promover o comportamento desejado. Por outro lado, as barreiras representam o que poderá
dificultar a adopção do comportamento desejado.
No caso do estudo em referência, poderão ser factores positivos para a mudança de
comportamento a existência duma política de HIV/SIDA no local de trabalho em elaboração, o
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
82
interesse demonstrado pela direcção do hotel em encontrar uma resposta à situação do
HIV/SIDA, através da colocação duma pessoa focal, e ao elevado nível de conhecimentos e
exemplos de trabalhadores que já praticam o comportamento que se pretende promover. A
principal barreira poderão ser os usos e costumes que reduzem a possibilidade de diálogo entre
os parceiros sexuais, retirando à mulher o espaço de abordar questões de preferências em
matérias de sexo, incluindo o uso ou não do preservativo.
Este facto é confirmado por Gcola (2009) ao reconhecer que o homem joga um papel central
no uso do preservativo, devido aos usos e costumes tradicionais prevalecentes em muitas
sociedades africanas, incluindo Moçambique. No seu artigo, ela afirma o seguinte:
“As mulheres não devem fazer perguntas sobre as histórias sexuais e actividades concorrentes
dos seus parceiros. Em tais situações, então, pedir a um homem para usar o preservativo não é
viável. [...] negociar o uso do preservativo muitas vezes torna-se imprudente, difícil e perigoso,
tal como, envolver-se em sexo inseguro.”
Esta realidade explica a razão de se considerar os trabalhadores do sexo masculino e parceiros
dos trabalhadores do sexo feminino, em virtude da sua posição dominante na tomada de
decisões sobre o uso do preservativo e parceiros sexuais.
Em relação as actividades: referem-se às intervenções a serem levadas a cabo para se promover
o comportamento desejado, tirando partido dos factores positivos e minimizando as barreiras.
Aliás, de acordo com o modelo BEHAVE, o conhecimento por si só não assegura a mudança
de comportamento do indivíduo. É necessário que se façam intervenções que ajudem o
indivíduo a passar da fase de conhecimento para a fase de mudança de atitude, desta para a fase
da prática e desta para a fase da total eficácia individual e conseqüente manutenção. Segundo
os resultados do estudo, quase todos os trabalhadores do Hotel Southern Sun Maputo têm um
alto nível de conhecimentos sobre o HIV/SIDA.
De tudo isto resulta que no Hotel Southern Sun Maputo há evidências de fenómenos de
estigma e descriminação e comportamentos sexuais de risco no seio dos trabalhadores.
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
83
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
5.1 Conclusões
Estigma e Discriminação
A atitude do corpo directivo em relação a trabalhadores seropositivos é preocupante, pois
parte deste não está disposto a conviver com pessoas ou manter trabalhadores portadores do
HIV, sobretudo quando estes manifestam sintomas visíveis. Esta situação poderá constituir
um desafio na implementação da política do HIV/SIDA no local de trabalho, na medida em
que parte do corpo directivo poderá representar uma resistência ao processo.
O pessoal técnico-administrativo e operacional está mais preparado para trabalhar com
colegas vivendo com o HIV, mesmo manifestando já alguns sintomas. Esta atitude poderá
facilitar o apoio moral, o não isolamento e empatia com os trabalhadores infectados,
contribuindo assim para um ambiente mais positivo e de solidariedade mútua.
A grande empatia que os trabalhadores demonstram para com os seus colegas vivendo com
o HIV/SIDA pode representar uma ameaça à produtividade na empresa, já que sugere que
em caso de doença dum dos membros directos do agregado familiar estes podem facilmente
faltar ou atrasar-se ao serviço.
Comportamento Sexual de Risco
Os resultados do estudo de caso do Hotel Southern Sun Maputo revelam que:
O elevado índice de trabalhadores de ambos os sexos que não usam o preservativo de forma
consistente constitui uma ameaça à estabilidade da mão-de-obra do hotel, devido ao seu
elevado potencial nível de absenteísmo e, consequentemente, à manutenção ou melhoria do
padrão de serviços oferecidos aos clientes.
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
84
Em nenhum momento a decisão conjunta no uso do preservativo foi superior à iniciativa do
próprio trabalhador. Este facto sugere que os trabalhadores têm alguma margem para
sugerirem o uso do preservativo nas relações sexuais com os seus parceiros.
O facto de a maior parte dos trabalhadores terem mais do que um parceiro sexual e não
usarem o preservativo consistentemente nas suas relações sexuais, aumenta o seu risco de
infecção pelo vírus causador da Sida. Aliás, a decisão do uso do preservativo nem sempre é
tomada de forma conjunta, pois apenas 34,8% dos trabalhadores o têm feito de forma
conjunta; enquanto grande parte das vezes esta decisão é da iniciativa do parceiro do sexo
masculino.
A natureza confidencial dos questionários usados coloca um desafio de como distinguir
entre trabalhadores com apenas um parceiro sexual e outros com mais de um, aqueles que
usam consistentemente o preservativo e aqueles que o usam de forma inconsistente ou não o
usam, para se poder direccionar programas específicos para cada um destes grupos de
trabalhadores, devido à sua conduta sexual.
5.2 Recomendações
As recomendações para a implementação da política do HIV/SIDA no local de trabalho do
Hotel Southern Sun Maputo que aqui se seguem, centram-se na identificação dos factores que
poderão ajudar e as barreiras que poderão dificultar a redução (a) do estigma e discriminação
de trabalhadores vivendo com o HIV/SIDA e (b) do risco de infecção dos trabalhadores pelo
vírus causador do SIDA. Para ser efectivo, este processo deverá envolver os trabalhadores e
seus parceiros.
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
85
Estigma e discriminação
Para a redução do estigma e discriminação contra os trabalhadores vivendo com o HIV, a
acção deve:
Incidir mais sobre os perpetradores e não sobre as vítimas. Isto é, os que discriminam e não
sobre os discriminados; sobre os que têm poder e não sobre os subordinados; sobre os não
infectados e não sobre os infectados. Os discriminados, subordinados ou infectados pouco
ou nada podem fazer para evitarem a discriminação contra si mesmos. Os que discriminam,
têm poder e não estão infectados é que podem evitar a discriminação.
Encorajar os trabalhadores a manterem a sua atitude solidária para com os seus colegas
vivendo com o HIV e assistir-lhes a organizarem-se para darem um apoio moral e psico-
social através de um gesto de carinho, afecto, visitas domiciliárias e hospitalares, por forma
a não se criar perturbações no normal funcionamento do hotel.
Incluir não apenas os trabalhadores, mas também os cônjuges e algumas pessoas mais
próximas dos trabalhadores. Isto poderá contribuir para o alargamento do número de pessoas
sensibilizadas e dispostas a prestar apoio moral e psico-social a pessoas vivendo com o
HIV/SIDA nas famílias, aliviando, assim, o peso de cuidar e apoiar os doentes sobre os
trabalhadores. Por seu turno, reduzir-se-ão as ocorrências de absentismo ou atraso ao serviço
pelos trabalhadores devido à necessidade de ficar ou acompanhar o seu familiar doente.
As acções de sensibilização e educação devem:
Incidir na redução do número de parceiros sexuais e uso consistente do preservativo;
Abranger todos os trabalhadores da instituição, mesmo reconhecendo-se que alguns
trabalhadores já observam um comportamento seguro na sua conduta e relações sexuais;
Estar viradas para a mudança de comportamento e só serão efectivas se envolverem os
cônjuges ou parceiros regulares dos trabalhadores, sobretudo os do sexo masculino.
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
86
REFERÊNCIAS
1. Associação Industrial e Comercial de Sofala. Estudo de Conhecimento, Atitude, Práticas
e Crenças (CAPC) no Sector Privado; Associação Comercial e Industrial de Sofala;
Novembro de 2005.
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HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
90
ANEXOS
Anexo 1: Instrumento de Pesquisa
QUESTIONÁRIO
Estudo sobre Conhecimentos, Atitudes e Práticas em relação ao HIV/SIDA
A direcção do Hotel Southern Sun Maputo encontra-se num processo de introdução da sua política do HIV/SIDA no local de
trabalho. Para o efeito, pretende-se conduzir um estudo sobre Conhecimentos, Atitudes e Práticas em relação ao HIV/SIDA abrangendo todos os seus trabalhadores. O objectivo do inquérito é avaliar o nível actual de conhecimentos, atitudes e práticas dos trabalhadores em relação ao HIV/SIDA para permitir um direccionamento adequado das acções a serem desenvolvidas no âmbito da implementação da política acima referida. Pela importância e seriedade do estudo, solicita-se a colaboração de todos os trabalhadores do Hotel no preenchimento deste inquérito e apela-se para a honestidade nas respostas dadas. Este inquérito é anónimo e de carácter confidencial e por isso, as pessoas não deverão identificar-se. A sua devolução deverá ser feita numa urna própria. Preencha o inquérito assinalando com um X a opção que melhor caracterizar a sua situação. Lembre-se que para cada questão, apenas poderá assinalar uma única opção de resposta.
1. Sexo: a) Feminino ____ b) Masculino ____
2. Idade: ____
3. Estado Civil: a) Casado ____ b) Solteiro ____ c) Divorciado ____ d) Viúvo ____ e) Outros ____
4. Formação: a) Primária ____ b) Secundária/Nível Médio ____ c) Bacharelato ____
d) Licenciatura ____ e) Mestrado ____ f) Doutoramento ____
5. Cargo que ocupa no Hotel: a) Corpo Directivo____ b) Quadro Técnico Administrativo ____ c) Quadro Operacional_____
6. Já ouviu falar do HIV ou da doença chamada SIDA? a) Sim ____ b) Não ____
7. Sabe qual a diferença entre o HIV e a doença chamada SIDA? a) Sim, sei ____ b) Não, não sei ____
8. Conhece alguém que esteja vivendo com o vírus HIV ou que tenha morrido devido à doenças relacionadas a Sida? a) Sim ____ b) Não ____ c) Não sei ____
9. Você têm algum parente próximo ou amigo que vive com o HIV ou tenha morrido devido à doenças relacionas a
Sida? a) Sim, um parente próximo ____ b) Sim, um amigo próximo ____ c) Não ____ d) Não sei ____
10. Será que as pessoas podem proteger-se do vírus que causa a Sida usando correctamente o preservativo todas as vezes
que tenham relações sexuais? a) Sim ____ b) Não ____ c) Não sei ____
11. Poderá uma pessoa contrair o HIV a partir de uma picada de mosquito? a) Sim ____ b) Não ____ c) Não sei ____
12. Será que as pessoas podem proteger-se do HIV tendo um parceiro sexual fiel não infectado?
a) Sim ____ b) Não ____ c) Não sei ____
13. Será que as pessoas podem proteger-se do HIV abstendo-se de ter relações sexuais?
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
91
a) Sim ____ b) Não ____ c) Não sei ____
14. Poderá uma pessoa contrair o HIV partilhando uma refeição com alguém que vive com o HIV? a) Sim ____ b) Não ____ c) Não sei ____
15. O uso da pílula evita a infecção do HIV? a) Sim ____ b) Não ____ c) Não sei ____
16. Será que as pessoas podem contrair o HIV através do uso da mesma agulha/lâmina ou outros objectos cortantes?
a) Sim ____ b) Não ____ c) Não sei ____
17. Acha que uma pessoa com aparência saudável poderá estar a viver com HIV, o vírus que causa a Sida? a) Sim ____ b) Não ____ c) Não sei ____
18. Poderá uma mulher grávida vivendo com o HIV transmitir o vírus ao seu bébé?
a) Sim ____ b) Não ____ c) Não sei ____
19. Se respondeu afirmativamente à questão 18, será que no momento do parto a mãe seropositiva pode transmitir o vírus do HIV ao seu bebé? a) Sim ____ b) Não ____ c) Não sei ____
20. Poderá uma mulher vivendo com o HIV transmitir o vírus ao seu bébé recém-nascido através da amamentação?
a) Sim ____ b) Não ____ c) Não sei ____
21. Através de que meio tem, com maior frequência, acesso à informação sobre HIV/SIDA? a) Rádio ___ b) TV ___ c) Sistema Nacional de Saúde ___ d) Amigos ___ e) Revistas ____ f) Internet ____ g) Família ___ h) Outro meio ____ Indique qual: ________
22. Acha que necessita de obter mais informação sobre o HIV/SIDA? a) Sim ____ b) Não ____ c) Não sei ____
23. Estaria disponível em partilhar uma refeição com uma pessoa que você sabe, ser seropositiva? a) Sim ____ b) Não ____ c) Não sei ____
24. Se um parente seu ficasse doente devido ao vírus HIV, estaria disponível em acolhê-lo em sua casa para cuidar dele? a) Sim ____ b) Não ____ c) Não sei ____
25. Se um trabalhador vivesse com HIV e manifestasse sintomas da doença, deveria ser-lhe permitido continuar a
trabalhar? a) Sim ____ b) Não ____ c) Não sei ____
26. Se um chefe superior vivesse com HIV mas não estivesse doente, deveria ser-lhe permitido continuar a desempenhar suas funções no local de trabalho a) Sim ____ b) Não ____ c) Não sei ____
27. Se você ficasse doente devido ao HIV, o vírus que causa a Sida, gostaria que a situação fosse mantida em segredo?
a) Sim ____ b) Não ____ c) Não sei ____ 28. Já alguma teve relações sexuais? a) Sim ____ b) Não ____
29. Se respondeu afirmativamente à questão 28, com que idade teve a sua primeira relação sexual? _____
30. Teve relações sexuais nos últimos 12 meses? a) Sim ____ b) Não ____
31. Se respondeu afirmativamente à questão 30, teve relações sexuais com: a) Parceiro regular ____ b) Parceiro ocasional____ c) Parceiro comercial (troca de sexo por dinheiro) ___ d) Parceiro regular e ocasional ____ e) Parceiro regular e comercial ____ f) Parceiro regular, ocasional e comercial _____
32. Se respondeu afirmativamente à questão 30, com quantos parceiros teve relações sexuais nos últimos 12 meses?
a) Um ____ b) Dois ____ c) Três ____ d) Quatro ____ e) Mais do que quatro ____ f) Não sei ____
33. Se respondeu afirmativamente à questão 32, costuma usar o preservativo quando mantém relações sexuais? a) Sim ____ b) Não ____ c) Não me lembro ____
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
92
34. Com que frequência usa o preservativo?
a) Sempre ____ b) Quase sempre ____ c) Às vezes ____ d) Nunca ____ e) Não sei ____ 35. Se respondeu afirmativamente à questão 34, usou o preservativo na última vez que teve relações sexuais?
a) Sim ____ b) Não ____ c) Não me lembro ____
36. Se respondeu afirmativamente à questão 35, quem sugeriu o uso do preservativo?
a) Eu próprio ____ b) O meu parceiro ____ c) Decisão conjunta ____ d) Não me lembro ____
37. Se respondeu negativamente à questão 35, porque não usou o preservativo na última vez que teve relações sexuais? a) Não estava disponível ____ b) É muito caro ____ c) O meu parceiro não aceitou ___d) Não gosto __ e) Usei outro contraceptivo ____ f) Não pensei que fosse necessário ____ g) Não pensei nisso ____ h) Não sei ____ i) Outra razão ____ indique qual: ____________________________________
38. Já alguma vez visitou um Gabinete de Aconselhamento e Testagem Voluntária (GATV)? a) Sim ____ b) Não ____ c) Não me lembro ____
39. Se respondeu afirmativamente à questão 38, indique o motivo predominante que o levou a visitar o GAVT? a) Para obter mais informação sobre o HIV/SIDA ____ b) Para receber aconselhamento ____ c) Para fazer o teste de HIV ____ d) Porque estava doente ____ e) Para acompanhar um amigo/familiar __ f) Outro motivo ____ Indique qual: ______________________________________
40. Já alguma vez fez o teste de HIV? a) Sim ____ b) Não ____ 41. Se respondeu afirmativamente à questão 40, qual foi o resultado do seu teste?
a) Positivo ____ b) Negativo ____ c) Não sei ____ d) Não me lembro ____
42. Se assinalou a alínea a) da questão 41, está a tomar a medicação anti-retroviral? a) Sim ____ b) Não ____ 43. Se assinalou a alínea a) da questão 41, está a receber algum tipo de apoio psicossocial? a) Sim ____ b) Não __
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
93
Anexo 2: Tabelas de Análise Estatística
Conhecimentos sobre o HIV/SIDA
Sabe qual a diferença entre o HIV e a doença chamada SIDA?
81 79,4 79,4 79,4
21 20,6 20,6 100,0
102 100,0 100,0
Sim, sei
Nao, não sei
Total
Valid
Frequency Percent Valid Percent
Cumulat iv e
Percent
Conhece alguém que esteja infectado com o vírus ou que tenha morrido
devido a doenças relacionadas à SIDA?
61 59,8 59,8 59,8
25 24,5 24,5 84,3
16 15,7 15,7 100,0
102 100,0 100,0
Sim
Não
Não sei
Total
Valid
Frequency Percent Valid Percent
Cumulat iv e
Percent
Você tem algum parente próximo ou amigo que esteja infectado com o vírus ou tenha
morrido devido a doenças relacionadas à SIDA?
28 27,5 27,5 27,5
18 17,6 17,6 45,1
30 29,4 29,4 74,5
26 25,5 25,5 100,0
102 100,0 100,0
Sim, um parente próximo
Sim, um amigo próximo
Não
Não sei
Total
Valid
Frequency Percent Valid Percent
Cumulat iv e
Percent
Conhecimentos Sobre os Meios de Prevenção e Transmissão do HIV/SIDA
Será que as pessoas podem proteger-se do vírus que causa a Sida
usando correctamente o preservativo todas as vezes que tenham
relações sexuais?
84 82,4 82,4 82,4
11 10,8 10,8 93,1
6 5,9 5,9 99,0
1 1,0 1,0 100,0
102 100,0 100,0
Sim
Não
Não sei
4
Total
Valid
Frequency Percent Valid Percent
Cumulat iv e
Percent
Poderá uma pessoa contrair o HIV a partir de uma picada do mosquito?
6 5,9 5,9 5,9
73 71,6 71,6 77,5
23 22,5 22,5 100,0
102 100,0 100,0
Sim
Não
Não sei
Total
Valid
Frequency Percent Valid Percent
Cumulat iv e
Percent
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
94
Será que as pessoas podem proteger-se do HIV tendo um parceiro sexual
fiel não infectado?
75 73,5 73,5 73,5
9 8,8 8,8 82,4
18 17,6 17,6 100,0
102 100,0 100,0
Sim
Não
Não sei
Total
Valid
Frequency Percent Valid Percent
Cumulat iv e
Percent
Será que as pessoas podem proteger-se do HIV abstendo-se de ter
relações sexuais?
53 52,0 52,0 52,0
28 27,5 27,5 79,4
21 20,6 20,6 100,0
102 100,0 100,0
Sim
Não
Não sai
Total
Valid
Frequency Percent Valid Percent
Cumulat iv e
Percent
Poderá uma pessoa contrair o HIV partilhando uma refeição com alguém
que vive com o HIV?
14 13,7 13,7 13,7
79 77,5 77,5 91,2
9 8,8 8,8 100,0
102 100,0 100,0
Sim
Não
Não sei
Total
Valid
Frequency Percent Valid Percent
Cumulat iv e
Percent
O uso da pí lula evita a infecção do HIV?
4 3,9 4,0 4,0
77 75,5 76,2 80,2
19 18,6 18,8 99,0
1 1,0 1,0 100,0
101 99,0 100,0
1 1,0
102 100,0
Sim
Não
Não sei
4
Total
Valid
Sy stemMissing
Total
Frequency Percent Valid Percent
Cumulat iv e
Percent
Será que as pessoas podem contrair o HIV através do uso da mesma
agulha/lâmina ou outros objectos cortantes?
93 91,2 91,2 91,2
2 2,0 2,0 93,1
7 6,9 6,9 100,0
102 100,0 100,0
Sim
Não
Não sei
Total
Valid
Frequency Percent Valid Percent
Cumulat iv e
Percent
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
95
Acha que uma pessoa com aparência saudável poderá estar a viver com
HIV, o vírus que causa a Sida?
95 93,1 93,1 93,1
2 2,0 2,0 95,1
5 4,9 4,9 100,0
102 100,0 100,0
Sim
Não
Não sai
Total
Valid
Frequency Percent Valid Percent
Cumulat iv e
Percent
Poderá uma mulher grávida vivendo com o HIV transmitir o vírus ao seu
bébe´?
78 76,5 76,5 76,5
11 10,8 10,8 87,3
13 12,7 12,7 100,0
102 100,0 100,0
Sim
Não
Não sei
Total
Valid
Frequency Percent Valid Percent
Cumulat iv e
Percent
Se respondeu afirmativamente a questão 18, será que no momento do
parto a mãe seropositiva pode transmitir o vírus do HIV ao seu bébé?
72 70,6 70,6 70,6
15 14,7 14,7 85,3
15 14,7 14,7 100,0
102 100,0 100,0
Sim
Não
Não sei
Total
Valid
Frequency Percent Valid Percent
Cumulat iv e
Percent
Acesso à informação sobre o HIV/SIDA
Através de que meio tem, com maior frequência, acesso a informação sobre o
HIV/SIDA?
27 26,5 26,5 26,5
49 48,0 48,0 74,5
12 11,8 11,8 86,3
13 12,7 12,7 99,0
1 1,0 1,0 100,0
102 100,0 100,0
Rádio
TV
Sistema Nacional
de Saúde
Amigos
Outro meio
Total
Valid
Frequency Percent Valid Percent
Cumulat iv e
Percent
Poderá uma mulher vivendo com o HIV transmitir o vírus ao seu bébé
recém-nascido através da amamentação?
71 69,6 69,6 69,6
13 12,7 12,7 82,4
18 17,6 17,6 100,0
102 100,0 100,0
Sim
Não
Não sei
Total
Valid
Frequency Percent Valid Percent
Cumulat iv e
Percent
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
96
Acha que necessita de obter mais informação sobre o HIV/SIDA?
93 91,2 91,2 91,2
7 6,9 6,9 98,0
2 2,0 2,0 100,0
102 100,0 100,0
Sim
Não
Não sei
Total
Valid
Frequency Percent Valid Percent
Cumulat iv e
Percent
Atitudes de Estigma e Discriminação das PVHS
Estaria disponível em parti lhar uma refeição com uma pessoa que você
sabe ser seropositiva?
79 77,5 77,5 77,5
9 8,8 8,8 86,3
14 13,7 13,7 100,0
102 100,0 100,0
Sim
Não
Não sei
Total
Valid
Frequency Percent Valid Percent
Cumulat iv e
Percent
Se um parente seu ficasse doente devido ao vírus HIV, estaria disponível
em acolhê-lo em sua casa para cuidar dele?
86 84,3 84,3 84,3
2 2,0 2,0 86,3
14 13,7 13,7 100,0
102 100,0 100,0
Sim
Não
Não sei
Total
Valid
Frequency Percent Valid Percent
Cumulat iv e
Percent
Se um trabalhador vivesse com o HIV e manifestasse sintomas da
doença, deveria ser-lhe permitido continuar a trabalhar?
81 79,4 79,4 79,4
8 7,8 7,8 87,3
13 12,7 12,7 100,0
102 100,0 100,0
Sim
Não
Não sei
Total
Valid
Frequency Percent Valid Percent
Cumulat iv e
Percent
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
97
Se um chefe superior vivesse com o HIV mas não estivesse doente,
deveria ser-lhe permitido continuar a desempenhar as suas funções no
local de trabalho?
82 80,4 80,4 80,4
6 5,9 5,9 86,3
14 13,7 13,7 100,0
102 100,0 100,0
Sim
Não
Não sei
Total
Valid
Frequency Percent Valid Percent
Cumulat iv e
Percent
Se você ficasse doente devido ao HIV, o vírus que causa a SIDA, gostaria
que a situação fosse mantida em segredo?
36 35,3 35,3 35,3
41 40,2 40,2 75,5
25 24,5 24,5 100,0
102 100,0 100,0
Sim
Não
Não sei
Total
Valid
Frequency Percent Valid Percent
Cumulat iv e
Percent
Comportamentos Sexuais de Risco
Já alguma vez teve relações sexuais?
102 100,0 100,0 100,0SimValid
Frequency Percent Valid Percent
Cumulativ e
Percent
89 10 25 16,84 2,426
89
Se respondeu
af irmat iv amente à
questão 28, com que
idade teve a sua primeira
relação sexual?
Valid N (listwise)
N Minimum Maximum Mean Std. Dev iat ion
Teve relações sexuais nos últimos 12 meses?
102 100,0 100,0 100,0SimValid
Frequency Percent Valid Percent
Cumulativ e
Percent
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
98
Se respondeu afrimativamente à questão 30, teve relações sexuais com:
42 41,2 41,2 41,2
9 8,8 8,8 50,0
42 41,2 41,2 91,2
1 1,0 1,0 92,2
6 5,9 5,9 98,0
2 2,0 2,0 100,0
102 100,0 100,0
Parceiro regular
Parceiro ocasional
Parceiro regular e
ocasional
Parceiro regular e
comercial
Parceiro regular,
ocasional e comercial
N/R
Total
Valid
Frequency Percent Valid Percent
Cumulat iv e
Percent
Se respondeu afirmativamente à questão 31, com quantos parceiros teve relações
sexuais nos últimoss 12 meses?
46 45,1 45,1 45,1
22 21,6 21,6 66,7
12 11,8 11,8 78,4
5 4,9 4,9 83,3
6 5,9 5,9 89,2
11 10,8 10,8 100,0
102 100,0 100,0
Um
Dois
Três
Quatro
Mais do que quatro
Não sei
Total
Valid
Frequency Percent Valid Percent
Cumulat iv e
Percent
Se respondeu afirmativamente à questão 32, costuma usar o perservativo
quando mantém relações sexuais?
67 65,7 65,7 65,7
32 31,4 31,4 97,1
3 2,9 2,9 100,0
102 100,0 100,0
Sim
Não
Não me lembro
Total
Valid
Frequency Percent Valid Percent
Cumulat iv e
Percent
Com que frequência usa o perservativo?
35 34,3 34,3 34,3
24 23,5 23,5 57,8
30 29,4 29,4 87,3
8 7,8 7,8 95,1
4 3,9 3,9 99,0
1 1,0 1,0 100,0
102 100,0 100,0
Sempre
Quase sempre
Às v ezes
Nunca
Não sei
N/R
Total
Valid
Frequency Percent Valid Percent
Cumulat iv e
Percent
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
99
Se respondeu afirmativamente à questão 34, usou o preservativo na última vez
que teve relações sexuais?
46 45,1 45,1 45,1
44 43,1 43,1 88,2
9 8,8 8,8 97,1
3 2,9 2,9 100,0
102 100,0 100,0
Sim
Não
Não me lembro
N/R
Total
Valid
Frequency Percent Valid Percent
Cumulat iv e
Percent
Se respondeu afirmativamente à questão 35, quém sugeriu o uso do preservativo?
28 27,5 60,9 60,9
1 1,0 2,2 63,0
16 15,7 34,8 97,8
1 1,0 2,2 100,0
46 45,1 100,0
56 54,9
102 100,0
Eu próprio
O meu parceiro
Decisão conjunta
Não me lembro
Total
Valid
Sy stemMissing
Total
Frequency Percent Valid Percent
Cumulat iv e
Percent
Se respondeu negativamente à questão 35, porque não usou o preservativo na última vez
que teve relações sexuais?
10 9,8 21,7 21,7
1 1,0 2,2 23,9
7 6,9 15,2 39,1
3 2,9 6,5 45,7
3 2,9 6,5 52,2
3 2,9 6,5 58,7
4 3,9 8,7 67,4
14 13,7 30,4 97,8
1 1,0 2,2 100,0
46 45,1 100,0
56 54,9
102 100,0
Não estava disponível
O meu parceiro não
aceitou
Não gosto
Usei outro contraceptivo
Não pensei que f osse
necessário
Não pensei nisso
Não sei
Outra razão
N/R
Total
Valid
Sy stemMissing
Total
Frequency Percent Valid Percent
Cumulat iv e
Percent
Práticas de Intervenção (Aconselhamento, Apoio Psico-social, Testagem e Medicação)
Já alguma vez visitou um Gabinete de Aconselhamento e Testagem Voluntária
(GATV)?
46 45,1 45,1 45,1
51 50,0 50,0 95,1
3 2,9 2,9 98,0
2 2,0 2,0 100,0
102 100,0 100,0
Sim
Não
Não me lembro
N/R
Total
Valid
Frequency Percent Valid Percent
Cumulat iv e
Percent
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
100
Se respondeu afirmativamente à questão 38, indique o motivo predominante que o levou a
visitar o GATV
15 14,7 31,9 31,9
5 4,9 10,6 42,6
20 19,6 42,6 85,1
2 2,0 4,3 89,4
2 2,0 4,3 93,6
2 2,0 4,3 97,9
1 1,0 2,1 100,0
47 46,1 100,0
55 53,9
102 100,0
Para obter mais
informações sobre o
HIV/SIDA
Para receber
aconselhamento
Para fazer o teste de HIV
Porque estav a doente
Para acompanhar um
amigo/familiar
Outro motivo
N/R
Total
Valid
Sy stemMissing
Total
Frequency Percent Valid Percent
Cumulat iv e
Percent
Já alguma vez fez o teste de HIV?
58 56,9 56,9 56,9
41 40,2 40,2 97,1
3 2,9 2,9 100,0
102 100,0 100,0
Sim
Não
N/R
Total
Valid
Frequency Percent Valid Percent
Cumulativ e
Percent
Se respondeu afirmativamente à questão 40, qual foi o resultado do seu teste?
3 2,9 5,1 5,1
48 47,1 81,4 86,4
6 5,9 10,2 96,6
1 1,0 1,7 98,3
1 1,0 1,7 100,0
59 57,8 100,0
43 42,2
102 100,0
Positivo
Negativ o
Não sei
Não me lembro
N/R
Total
Valid
Sy stemMissing
Total
Frequency Percent Valid Percent
Cumulat iv e
Percent
Se assinalou a alínea a) da questão 41, está a tomar a medicação
antiretroviral?
1 1,0 33,3 33,3
2 2,0 66,7 100,0
3 2,9 100,0
99 97,1
102 100,0
Sim
Não
Total
Valid
Sy stemMissing
Total
Frequency Percent Valid Percent
Cumulat iv e
Percent
Se assinalou a alínea a) da questão 41, está a receber algum tipo de apoio
psicossocial?
2 2,0 66,7 66,7
1 1,0 33,3 100,0
3 2,9 100,0
99 97,1
102 100,0
Sim
Não
Total
Valid
Sy stemMissing
Total
Frequency Percent Valid Percent
Cumulat iv e
Percent
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
101
Estigma e Discriminação
Sexo
17 0 6 23
16,7% ,0% 5,9% 22,5%
62 9 8 79
60,8% 8,8% 7,8% 77,5%
79 9 14 102
77,5% 8,8% 13,7% 100,0%
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Feminino
Masculino
Sexo
Total
Sim Não Não sei
Estaria disponível em partilhar uma
ref eição com uma pessoa que v ocê
sabe ser seropositiva?
Total
18 0 5 23
17,6% ,0% 4,9% 22,5%
68 2 9 79
66,7% 2,0% 8,8% 77,5%
86 2 14 102
84,3% 2,0% 13,7% 100,0%
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Feminino
Masculino
Sexo
Total
Sim Não Não sei
Se um parente seu f icasse doente
dev ido ao v í rus HIV, estaria
disponível em acolhê-lo em sua
casa para cuidar dele?
Total
Sexo * Se um trabalhador vivesse com o HIV e manifestasse sintomas da doença,
deveria ser-lhe permitido continuar a trabalhar? Crosstabulation
18 1 4 23
17,6% 1,0% 3,9% 22,5%
63 7 9 79
61,8% 6,9% 8,8% 77,5%
81 8 13 102
79,4% 7,8% 12,7% 100,0%
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Feminino
Masculino
Sexo
Total
Sim Não Não sei
Se um trabalhador v ivesse com o
HIV e manif estasse sintomas da
doença, deveria ser-lhe permitido
continuar a trabalhar?
Total
Cargo que Ocupa
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
102
7 3 0 10
6,9% 2,9% ,0% 9,8%
18 1 2 21
17,6% 1,0% 2,0% 20,6%
53 5 12 70
52,0% 4,9% 11,8% 68,6%
1 0 0 1
1,0% ,0% ,0% 1,0%
79 9 14 102
77,5% 8,8% 13,7% 100,0%
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Corpo Directiv o
Quadro Técnico
Administrativo
Quadro Operacional
N/R
Cargo que
ocupa no
Hotel
Total
Sim Não Não sei
Estaria disponív el em partilhar uma
ref eição com uma pessoa que você
sabe ser seropositiva?
Total
9 1 0 10
8,8% 1,0% ,0% 9,8%
17 1 3 21
16,7% 1,0% 2,9% 20,6%
59 0 11 70
57,8% ,0% 10,8% 68,6%
1 0 0 1
1,0% ,0% ,0% 1,0%
86 2 14 102
84,3% 2,0% 13,7% 100,0%
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Corpo Directiv o
Quadro Técnico
Administrativo
Quadro Operacional
N/R
Cargo que
ocupa no
Hotel
Total
Sim Não Não sei
Se um parente seu f icasse doente
dev ido ao v írus HIV, estaria
disponível em acolhê-lo em sua
casa para cuidar dele?
Total
8 2 0 10
7,8% 2,0% ,0% 9,8%
18 2 1 21
17,6% 2,0% 1,0% 20,6%
54 4 12 70
52,9% 3,9% 11,8% 68,6%
1 0 0 1
1,0% ,0% ,0% 1,0%
81 8 13 102
79,4% 7,8% 12,7% 100,0%
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Corpo Directiv o
Quadro Técnico
Administrativo
Quadro Operacional
N/R
Cargo que
ocupa no
Hotel
Total
Sim Não Não sei
Se um trabalhador v ivesse com o
HIV e manif estasse sintomas da
doença, deveria ser-lhe permit ido
continuar a trabalhar?
Total
Comportamento Sexual de Risco
Sexo
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
103
13 3 6 1 0 0 23
12,7% 2,9% 5,9% 1,0% ,0% ,0% 22,5%
29 6 36 0 6 2 79
28,4% 5,9% 35,3% ,0% 5,9% 2,0% 77,5%
42 9 42 1 6 2 102
41,2% 8,8% 41,2% 1,0% 5,9% 2,0% 100,0%
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Feminino
Masculino
Sexo
Total
Parceiro
regular
Parceiro
ocasional
Parceiro
regular e
ocasional
Parceiro
regular e
comercial
Parceiro
regular,
ocasional e
comercial N/R
Se respondeu af rimativamente à questão 30, tev e relações sexuais com:
Total
6 5 8 4 0 0 23
5,9% 4,9% 7,8% 3,9% ,0% ,0% 22,5%
29 19 22 4 4 1 79
28,4% 18,6% 21,6% 3,9% 3,9% 1,0% 77,5%
35 24 30 8 4 1 102
34,3% 23,5% 29,4% 7,8% 3,9% 1,0% 100,0%
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Feminino
Masculino
Sexo
Total
Sempre
Quase
sempre Às v ezes Nunca Não sei N/R
Com que f requência usa o perserv ativo?
Total
4 0 6 0 10
8,7% ,0% 13,0% ,0% 21,7%
24 1 10 1 36
52,2% 2,2% 21,7% 2,2% 78,3%
28 1 16 1 46
60,9% 2,2% 34,8% 2,2% 100,0%
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Feminino
Masculino
Sexo
Total
Eu próprio
O meu
parceiro
Decisão
conjunta
Não me
lembro
Se respondeu af irmativamente à questão 35,
quém sugeriu o uso do preservativ o?
Total
Idade
0 1 2 0 0 0 3
,0% 1,0% 2,0% ,0% ,0% ,0% 2,9%
11 6 14 0 3 1 35
10,8% 5,9% 13,7% ,0% 2,9% 1,0% 34,3%
19 2 19 1 2 0 43
18,6% 2,0% 18,6% 1,0% 2,0% ,0% 42,2%
10 0 6 0 1 1 18
9,8% ,0% 5,9% ,0% 1,0% 1,0% 17,6%
1 0 0 0 0 0 1
1,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% 1,0%
1 0 1 0 0 0 2
1,0% ,0% 1,0% ,0% ,0% ,0% 2,0%
42 9 42 1 6 2 102
41,2% 8,8% 41,2% 1,0% 5,9% 2,0% 100,0%
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Até 20 anos
De 21 a 30 anos
De 31 a 40 anos
De 41 a 50 anos
Mais de 60 anos
N/R
Idade
Total
Parceiro
regular
Parceiro
ocasional
Parceiro
regular e
ocasional
Parceiro
regular e
comercial
Parceiro
regular,
ocasional e
comercial N/R
Se respondeu af rimativamente à questão 30, teve relações sexuais com:
Total
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
104
2 1 0 0 0 0 3
2,0% 1,0% ,0% ,0% ,0% ,0% 2,9%
10 7 13 4 1 0 35
9,8% 6,9% 12,7% 3,9% 1,0% ,0% 34,3%
16 12 10 3 2 0 43
15,7% 11,8% 9,8% 2,9% 2,0% ,0% 42,2%
6 3 6 1 1 1 18
5,9% 2,9% 5,9% 1,0% 1,0% 1,0% 17,6%
1 0 0 0 0 0 1
1,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% 1,0%
0 1 1 0 0 0 2
,0% 1,0% 1,0% ,0% ,0% ,0% 2,0%
35 24 30 8 4 1 102
34,3% 23,5% 29,4% 7,8% 3,9% 1,0% 100,0%
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Até 20 anos
De 21 a 30 anos
De 31 a 40 anos
De 41 a 50 anos
Mais de 60 anos
N/R
Idade
Total
Sempre
Quase
sempre Às v ezes Nunca Não sei N/R
Com que f requência usa o perservat iv o?
Total
Estado Civil
16 1 10 1 4 1 33
15,7% 1,0% 9,8% 1,0% 3,9% 1,0% 32,4%
21 8 30 0 2 1 62
20,6% 7,8% 29,4% ,0% 2,0% 1,0% 60,8%
2 0 1 0 0 0 3
2,0% ,0% 1,0% ,0% ,0% ,0% 2,9%
3 0 1 0 0 0 4
2,9% ,0% 1,0% ,0% ,0% ,0% 3,9%
42 9 42 1 6 2 102
41,2% 8,8% 41,2% 1,0% 5,9% 2,0% 100,0%
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Casado
Solteiro
Divorciado
Outro
Estado
Civ il
Total
Parceiro
regular
Parceiro
ocasional
Parceiro
regular e
ocasional
Parceiro
regular e
comercial
Parceiro
regular,
ocasional e
comercial N/R
Se respondeu af rimativamente à questão 30, teve relações sexuais com:
Total
9 6 9 6 2 1 33
8,8% 5,9% 8,8% 5,9% 2,0% 1,0% 32,4%
24 16 19 1 2 0 62
23,5% 15,7% 18,6% 1,0% 2,0% ,0% 60,8%
1 0 1 1 0 0 3
1,0% ,0% 1,0% 1,0% ,0% ,0% 2,9%
1 2 1 0 0 0 4
1,0% 2,0% 1,0% ,0% ,0% ,0% 3,9%
35 24 30 8 4 1 102
34,3% 23,5% 29,4% 7,8% 3,9% 1,0% 100,0%
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Casado
Solteiro
Divorciado
Outro
Estado
Civ il
Total
Sempre
Quase
sempre Às v ezes Nunca Não sei N/R
Com que f requência usa o perservativo?
Total
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
105
2 0 1 0 3
4,3% ,0% 2,2% ,0% 6,5%
7 0 6 1 14
15,2% ,0% 13,0% 2,2% 30,4%
14 0 6 0 20
30,4% ,0% 13,0% ,0% 43,5%
3 1 3 0 7
6,5% 2,2% 6,5% ,0% 15,2%
1 0 0 0 1
2,2% ,0% ,0% ,0% 2,2%
1 0 0 0 1
2,2% ,0% ,0% ,0% 2,2%
28 1 16 1 46
60,9% 2,2% 34,8% 2,2% 100,0%
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Até 20 anos
De 21 a 30 anos
De 31 a 40 anos
De 41 a 50 anos
Mais de 60 anos
N/R
Idade
Total
Eu próprio
O meu
parceiro
Decisão
conjunta
Não me
lembro
Se respondeu af irmativamente à questão 35,
quém sugeriu o uso do preservat iv o?
Total
Nível Académico
3 0 5 0 2 0 10
2,9% ,0% 4,9% ,0% 2,0% ,0% 9,8%
31 9 35 1 3 1 80
30,4% 8,8% 34,3% 1,0% 2,9% 1,0% 78,4%
4 0 0 0 0 1 5
3,9% ,0% ,0% ,0% ,0% 1,0% 4,9%
3 0 0 0 1 0 4
2,9% ,0% ,0% ,0% 1,0% ,0% 3,9%
0 0 1 0 0 0 1
,0% ,0% 1,0% ,0% ,0% ,0% 1,0%
1 0 1 0 0 0 2
1,0% ,0% 1,0% ,0% ,0% ,0% 2,0%
42 9 42 1 6 2 102
41,2% 8,8% 41,2% 1,0% 5,9% 2,0% 100,0%
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Primário
Secundária/Nível Médio
Bacharelato
Licenciatura
Doutoramento
N/R
Formação
Total
Parceiro
regular
Parceiro
ocasional
Parceiro
regular e
ocasional
Parceiro
regular e
comercial
Parceiro
regular,
ocasional e
comercial N/R
Se respondeu af rimativamente à questão 30, teve relações sexuais com:
Total
6 2 2 0 0 0 10
5,9% 2,0% 2,0% ,0% ,0% ,0% 9,8%
28 18 24 7 3 0 80
27,5% 17,6% 23,5% 6,9% 2,9% ,0% 78,4%
1 1 2 0 1 0 5
1,0% 1,0% 2,0% ,0% 1,0% ,0% 4,9%
0 1 1 1 0 1 4
,0% 1,0% 1,0% 1,0% ,0% 1,0% 3,9%
0 1 0 0 0 0 1
,0% 1,0% ,0% ,0% ,0% ,0% 1,0%
0 1 1 0 0 0 2
,0% 1,0% 1,0% ,0% ,0% ,0% 2,0%
35 24 30 8 4 1 102
34,3% 23,5% 29,4% 7,8% 3,9% 1,0% 100,0%
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Primário
Secundária/Nível Médio
Bacharelato
Licenciatura
Doutoramento
N/R
Formação
Total
Sempre
Quase
sempre Às v ezes Nunca Não sei N/R
Com que f requência usa o perserv ativo?
Total
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
106
4 0 2 0 6
8,7% ,0% 4,3% ,0% 13,0%
22 0 14 1 37
47,8% ,0% 30,4% 2,2% 80,4%
1 0 0 0 1
2,2% ,0% ,0% ,0% 2,2%
0 1 0 0 1
,0% 2,2% ,0% ,0% 2,2%
1 0 0 0 1
2,2% ,0% ,0% ,0% 2,2%
28 1 16 1 46
60,9% 2,2% 34,8% 2,2% 100,0%
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Primário
Secundária/Nível Médio
Bacharelato
Licenciatura
N/R
Formação
Total
Eu próprio
O meu
parceiro
Decisão
conjunta
Não me
lembro
Se respondeu af irmativamente à questão 35,
quém sugeriu o uso do preservat iv o?
Total
Estado Civil
16 1 10 1 4 1 33
15,7% 1,0% 9,8% 1,0% 3,9% 1,0% 32,4%
21 8 30 0 2 1 62
20,6% 7,8% 29,4% ,0% 2,0% 1,0% 60,8%
2 0 1 0 0 0 3
2,0% ,0% 1,0% ,0% ,0% ,0% 2,9%
3 0 1 0 0 0 4
2,9% ,0% 1,0% ,0% ,0% ,0% 3,9%
42 9 42 1 6 2 102
41,2% 8,8% 41,2% 1,0% 5,9% 2,0% 100,0%
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Casado
Solteiro
Divorciado
Outro
Estado
Civ il
Total
Parceiro
regular
Parceiro
ocasional
Parceiro
regular e
ocasional
Parceiro
regular e
comercial
Parceiro
regular,
ocasional e
comercial N/R
Se respondeu af rimativamente à questão 30, teve relações sexuais com:
Total
9 6 9 6 2 1 33
8,8% 5,9% 8,8% 5,9% 2,0% 1,0% 32,4%
24 16 19 1 2 0 62
23,5% 15,7% 18,6% 1,0% 2,0% ,0% 60,8%
1 0 1 1 0 0 3
1,0% ,0% 1,0% 1,0% ,0% ,0% 2,9%
1 2 1 0 0 0 4
1,0% 2,0% 1,0% ,0% ,0% ,0% 3,9%
35 24 30 8 4 1 102
34,3% 23,5% 29,4% 7,8% 3,9% 1,0% 100,0%
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Casado
Solteiro
Divorciado
Outro
Estado
Civ il
Total
Sempre
Quase
sempre Às v ezes Nunca Não sei N/R
Com que f requência usa o perservativo?
Total
HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO NO SECTOR DO TURISMO 2009
107
7 1 3 0 11
15,2% 2,2% 6,5% ,0% 23,9%
20 0 12 1 33
43,5% ,0% 26,1% 2,2% 71,7%
1 0 1 0 2
2,2% ,0% 2,2% ,0% 4,3%
28 1 16 1 46
60,9% 2,2% 34,8% 2,2% 100,0%
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Count
% of Total
Casado
Solteiro
Outro
Estado
Civ il
Total
Eu próprio
O meu
parceiro
Decisão
conjunta
Não me
lembro
Se respondeu af irmativamente à questão 35,
quém sugeriu o uso do preservativo?
Total