hoje macau 26 set 2014 #3183

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A universidade da Ilha da Montanha enfrenta uma chuva de críticas. Das instalações aos transportes, passando pela poluição química . HOJE MACAU h PUB Ter para ler O Gabinete de Informação Financeira tem vindo a assinar memorandos de entendimento com vários países, sobre troca de informações bancárias, cujo conteúdo não é público e nem outros departamentos governamentais conhecem. Agora seguem-se os Estados Unidos. Este facto está a causar preocupação em diversos sectores. Em causa poderão estar dados pessoais e confidenciais sobre as contas bancárias dos residentes. PÁGINA 4 POR BAIXO DO PANO DADOS BANCÁRIOS GOVERNO ASSINA MEMORANDOS “SECRETOS” SOCIEDADE PÁGINA 6 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB DESPORTO PÁGINA 13 SOCIEDADE PÁGINA 8 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 SEXTA-FEIRA 26 DE SETEMBRO DE 2014 ANO XIV Nº 3183 hojemacau PUB UNIVERSIDADE DE MACAU Balbúrdia no Oeste BRUCE KWONG, DOCENTE DA UM, SOBRE A SUCESSÃO POLÍTICA DEPOIS DOS CHUI VIRÃO OS MA ENTREVISTA PÁGINAS 2-3 SU DONGPO Poeta, pintor e cozinheiro Espécie rara de tartaruga encontrada em Macau

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Hoje Macau N.º3183 de 26 de Setembro de 2014

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Page 1: Hoje Macau 26 SET 2014 #3183

A universidade da Ilha da Montanha enfrenta uma chuva de críticas. Das instalações aos transportes, passando pela poluição química .

HOJE

MAC

AU

hPUB

Ter para ler

O Gabinete de Informação Financeira tem vindo a assinar memorandos de entendimento com vários países, sobre troca de informações bancárias, cujo conteúdo não é público

e nem outros departamentos governamentais conhecem. Agora seguem-se os Estados Unidos. Este facto está a causar preocupação em diversos sectores. Em causa poderão estar dados

pessoais e confidenciais sobre as contas bancárias dos residentes. PÁGINA 4

POR BAIXO DO PANODADOS BANCÁRIOS GOVERNO ASSINA MEMORANDOS “SECRETOS”

SOCIEDADE PÁGINA 6

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

DESPORTO PÁGINA 13 SOCIEDADE PÁGINA 8

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 S E X TA - F E I R A 2 6 D E S E T E M B R O D E 2 0 1 4 • A N O X I V • N º 3 1 8 3

hojemacau

PUB

UNIVERSIDADE DE MACAU

Balbúrdiano Oeste

BRUCE KWONG, DOCENTE DA UM, SOBRE A SUCESSÃO POLÍTICA

DEPOIS DOS CHUI VIRÃO OS MA

ENTREVISTA PÁGINAS 2-3

SU DONGPOPoeta, pintore cozinheiro

Espécie rara de tartaruga encontradaem Macau

Page 2: Hoje Macau 26 SET 2014 #3183

HOJE

MAC

AU

hoje macau sexta-feira 26.9.20142 ENTREVISTA

Na hora de falar de coragem em política, Bruce Kwong acredita que o Chefe do Executivo não quer mudar a estrutura do Governo. O professor acredita que a mudança do mecanismo de promoção é importante para garantir a qualidade nos serviços públicos

CECÍLIA L [email protected]

Chui Sai On foi reeleito para um novo mandato como Chefe do Executivo. Quais as áreas que mais necessitam de ser melho-radas no futuro?Muitas áreas precisam de uma melhoria. Nos últimos cinco anos, Chui Sai On não fez nada de extraordinário e, no seu novo programa político, ainda disse que ia manter alguns pontos do último mandato, que são assuntos antigos. Contudo, muito ficou por fazer. Ainda não foi concluída a construção das 19 mil fracções de habitação pública. Passaram cinco anos e ainda não fez nada do que prometeu no programa político.

Mas quais as áreas onde foram feitas algumas mudanças?Na reforma política fizeram-se alguns avanços, o que, na minha opinião, é melhor do que nada. Na área social, ainda não há grandes avanços em relação ao salário mínimo, apesar de terem passado alguns anos. Penso que o único assunto que satisfaz os residentes é o cheque, mas o Plano de Com-participação Pecuniária precisa de ser ajustado.

Como avalia o desempenho dos cinco Secretários?Acho que a maioria não é qualifi-cada. Dos cinco, Cheong U (dos Assuntos Sociais e Cultura) tem tido o desempenho mais estável.

BRUCE KWONG, PROFESSOR DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NA UNIVERSIDADE DE MACAU

“Trabalho de Chui Sai On vai ser duro e cheio de dificuldades”

“O Governo precisa de mudar os seus dirigentes, pensar em implementar o processo de reforma política e pensar em como aliviar as queixas do povo. Não se pode dar apenas o cheque”

Francis Tam (Economia e Finan-ças) também teve um desempenho estável, mas ainda não há grande retorno dos investimentos feitos pela reserva financeira da RAEM. É melhor alterar os Secretários porque, em primeiro lugar, estão há muito tempo no cargo e, em segundo lugar, já estiveram en-volvidos em muitas polémicas. O Governo precisa de mudar os seus dirigentes, pensar em implemen-tar o processo de reforma política e pensar em como aliviar as queixas do povo. Não se pode dar apenas o cheque, tem de se resolver o problema das dificuldades em adquirir uma casa.

Mas Chui Sai On já prometeu que vai construir mais 32 mil casas de habitação pública.Duvido que esta decisão possa ser concretizada, porque até agora as 19 mil fracções de habitação pú-blica ainda não foram concluídas. Penso que o trabalho de Chui Sai On para os próximos anos vai ser duro e cheio de dificuldades.

Considera, contudo, que as res-ponsabilidades nem sempre são do Chefe do Executivo, uma vez que Macau e Hong Kong têm de ouvir os conselhos de Pequim?Sim. Mas penso que a reforma política poderá ser mais avançada. Podem aumentar-se o número de cargos dos deputados directos e, pelo menos, manter-se o número de deputados indirectos. A dificul-dade não tem origem em Pequim, mas sim na sociedade de Macau. Se calhar, o Chefe do Executivo está preocupado e, depois de ouvir alguns conselhos, até pode aumentar os lugares directos na Assembleia Legislativa (AL). Mas isso irá atrair mais pessoas com coragem para fazer críticas, algo que o Chefe poderá não gostar. Por isso poderá ser uma reforma mais fechada.

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3 entrevistahoje macau sexta-feira 26.9.2014

Acredita que podem ser criadas mais polí-ticas para melhorar a vida dos residentes?Acho que nos próximos anos a política do cheque deveria ser cancelada de forma gra-dual, porque é melhor utilizar esse dinheiro para construir casas públicas. O Governo diz que não há terrenos para construir habitação pública, mas isso é errado. Macau tem mais terras do que montanhas. Mas quando o cheque parar vão haver críticas. Talvez seja por isso que o Chefe do Executivo não quer tomar essa decisão, porque, até agora, Macau tem tido capacidade financeira para dar o cheque aos residentes.

Surgiram críticas nos últimos dias sobre o projecto de Angela Leong de construir um parque temático da Hello Kitty, cujo terreno poderia servir para mais casas públicas. Acredita que o Governo possa dar concessão a outros projectos?Isso depende se o Governo tiver coragem e determinação para recuperar os terrenos abandonados para construir casas públicas. Mas com base na experiência do passado, o Governo não vai fazer isso. Só irá recuperar pequenos terrenos ou aqueles cujos donos não sejam tão poderosos como Angela Leong. Caso contrário, vão existir muitas dificul-dades na recuperação, não estou optimista em relação a isso. O dono do terreno não o desenvolve porque espera o retorno do investimento no futuro.

Sem ser o Chefe do Executivo, os Secretários ou os directores de serviços têm coragem e determinação para o fazer?Penso que não, porque todos os funcionários públicos não gostam do sistema de respon-sabilização. O actual sistema faz com que os dirigentes consigam escapar das suas respon-sabilidades e a pressão da AL também não é forte. Por isso, é uma fantasia querer criar esta responsabilização para estes cargos. Mesmo quem não tenham um bom desempenho, con-seguem ficar no cargo. Isso acontece porque

BRUCE KWONG, PROFESSOR DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NA UNIVERSIDADE DE MACAU

“Trabalho de Chui Sai On vai ser duro e cheio de dificuldades”“Parece que as grandes famílias estão a fazer turnos no que diz respeito ao cargo de Chefe do Executivo. Depois da família Ho, temos a família Chui e, provavelmente, a próxima será a família Ma”

“Dirigentes sem capacidade para o cargo, mas com boa relação com o seu chefe”

o seu patrão, o Chefe do Executivo, não está determinado a reformar o Governo.

Não quer incomodar ninguém?Não é essa a questão: o Chefe do Executivo quer manter a sua posição. Os dirigentes são nomeados por ele e não querem deixar o cargo. O Chefe do Executivo tem de os convencer a demitirem-se, e isso não é fácil.

Até agora não existe ninguém para ocupar o cargo de presidente do Instituto da Habi-tação, por exemplo.Nem os dois vice-presidentes querem assumir, porque se fizerem erros perdem os actuais cargos. Agora há cada vez mais residentes que mostram as suas vozes contra o Governo e os dirigentes têm mais pressão do que antes. Ser vice-presidente parece mais seguro. Isso é uma vulnerabilidade do Governo.

Como pode ser corrigida esta vulnerabi-lidade?Mudando o mecanismo de nomeação das pessoas para os cargos principais. Os Secretários podem ser nomeados, mas será que no futuro os cargos de directores ou chefes de departamento podem ser preenchidos por promoções na carreira? Pelo menos não haveria nomeações na Função Pública. Quem ocupa cargos de chefia é sempre pela via guanxi face ao chefe e, quando comete erros, é sempre difícil fazer com o que seu chefe o retire do cargo. Isso influencia a felicidade dos residentes, porque as políticas não são objectivas.

Ou seja, Macau não tem falta de talentos, mas estes não podem assumir cargos im-portantes no Governo.Sim, actualmente é possível ter dirigentes sem capacidade para o cargo, mas com boa relação com o seu chefe.

E em relação à implementação do sufrágio universal?Esse assunto vai depender de Hong Kong. Se a região tiver o sufrágio universal para eleger o seu Chefe do Executivo, é possível que Macau tenha alguma mudança no seu sistema político. Agora se esta mudança vai definir que todos os residentes tenham direito a um voto por pessoa, isso depende se o Executivo tiver um espírito aberto. Podem ser criadas regras para limitar os candidatos, para que o sucessor preferido vença as

eleições. Por isso é que sempre defendi que a pressão sobre a reforma política não vem tanto do Governo Central, mas sim da sociedade de Macau.

É sabido que a sociedade de Ma-cau baseia-se muito no guanxi. A capacidade profissional ainda estará muito dependente das boas posições das famílias na socieda-de. Acredita que nos próximos anos a situação poderá mudar?Temporariamente a situação não vai mudar, isto porque parece que

as grandes famílias estão a fazer turnos no que diz respeito ao cargo de Chefe do Executivo. Depois da família Ho, temos a família Chui e, provavelmente, a próxima será a família Ma. Esta tendência vai continuar.

Quando todas as famílias passa-rem por esse sistema de turnos, como refere, podemos ter uma família normal representada no cargo de Chefe do Executivo?É uma questão. Daqui a 10 anos a liderança em Pequim vai mudar e teremos de ver se o próximo presidente da China será virado para a reforma ou se será uma pessoa mais tradicional. Nessa altura, tudo depende de como será o ambiente em Macau. Se não houver nenhum membro de grandes famílias que queira par-ticipar nas eleições, e houver uma

figura com reconhecimento junto da sociedade, podem existir vozes que peçam o sufrágio universal para que os residentes normais participem no processo.

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4 hoje macau sexta-feira 26.9.2014POLÍTICA

JOANA [email protected]

M ACAU está a nego-ciar com os Estados Unidos da América a assinatura de um

acordo na área fiscal e de combate à evasão fiscal transfronteiriça e vai adoptar normas de um outro memorando que tem merecido críticas em Portugal.

De acordo com informações prestadas ao HM pelo Gabinete de Informação Financeira (GIF), o nome do acordo a ser negociado com os EUA é ‘Tax Information Exchange Agreement (TIEA)’ e já não é novidade para o território.

Macau já assinou este mesmo memorando com a Austrália em 2011, sendo que o acordo está em efectividade desde 2012.

“Actualmente, Macau e os EUA estão a negociar o TIEA. O TIEA apresenta uma excelente oportuni-dade para perseguirmos o objectivo comum de elevar a transparência nas informações fiscais, de acordo com padrões internacionais”, co-meça por dizer o organismo ao HM. “É uma ferramenta efectiva para evitar a evasão fiscal e assegurar o cumprimento fiscal.”

A resposta do organismo surge depois do HM querer saber se Macau iria adoptar novos acordos com os EUA. O GIF forneceu estas informações sobre o TIEA, mas ontem ficou a saber-se que vêm aí mais mudanças.

CRITICISMO ELEVADOUm comunicado ontem lançado pelo Executivo dava conta que a RAEM se prepara para im-plementar novas normas, que correspondem aos padrões do ‘Foreign Account Tax Complian-ce Act’, ou FATCA, na sigla em

INFORMAÇÕES BANCÁRIAS RAEM VAI DISPONIBILIZAR DADOS FULCRAIS

O amigo americanoAlém de um novo acordo com os EUA na área da evasão fiscal, o Governo vai adoptar normas de um outro memorando que tem sido amplamente criticado em Portugal. Por cá, o Governo diz que a protecção dos dados pessoaisvai ser garantida

inglês. O Governo assegura que o objectivo é cumprir “obrigações internacionais”, mas a verdade é que este acordo tem vindo a ser amplamente criticado em Portugal.

O FATCA é uma regula-mentação criada para combater rendimentos não declarados e tem vindo a receber criticismo por diversas razões. Uma delas, defendida pela Comissão Na-cional de Protecção de Dados

PROBLEMAS NOS DOIS SENTIDOSAo HM não foi possível obter mais esclarecimentos devido ao avançado da hora mas, com base no que tem vindo a ser discutido pela Comissão Nacional de Dados Pessoais portuguesa, o acordo pode trazer problemas não só a residentes norte-americanos que tenham contas em Macau, mas também a cidadãos de Macau com contas nos EUA. Conhecida por ser a Las Vegas da Ásia, Macau tem, obviamente, diversas empresas norte-americanas e dirigidas por norte-americanos. De acordo com os regulamentos, assim que tiverem em efectividade, quando uma jurisdição assina o memorando, a autoridade tributária também passará a ter acesso a informações sobre as contas de cidadãos do país ou região que assinou o acordo em bancos americanos. Segundo o parecer da CNDA, publicado no jornal português Público, caso as instituições financeiras não adiram ao FATCA ou os titulares não queiram ser identificados como cidadãos norte-americanos são penalizados com uma retenção na fonte de 30%, que incide sobre qualquer rendimento fixo de origem norte-americana. - J.F.

Memorandos secretoscausam preocupaçãoO Gabinete de Informação Financeira (GIF) prepara-se para assinar não um acordo normal e público mas um memorando de entendimento secreto com os Estados Unidos sobre disponibilização de informações financeiras para “escapar à publicidade negativa que este tipo de acordo, a ser público, daria”, explicaram ao HM fontes fidedignas. “É um truque para pôr nas mãos dos americanos todas as informações relevantes do sistema financeiro e mesmo dados pessoais relacionados com as contas bancárias dos residentes, como já fizeram com outros países”, disseram as mesmas fontes.É que o GIF já assinou este tipo de memorando com outros estados e ninguém sabe o conteúdo desses documentos, que não são públicos. Malásia, Indonésia, Austrália, Singapura, entre outros estados e regiões, já terão acesso aos dados bancários de Macau. Este desiderato do GIF já vem de longe, mas o HM sabe que o gabinete tem tido dificuldade em convencer outros departamentos governamentais da RAEM da “bondade” destes acordos, que surgem disfarçados de memorandos de entendimento, com as mesmas consequências práticas, ou seja, proporcionar a estrangeiros informações extensas sobre as contas e o sistema bancário de Macau. A diferença é que ninguém sabe o conteúdo desses memorandos.Para além disso, o GIF faz parte do chamado Egmond Group, uma organização internacional que reúne entidades de controlo financeiro, com quem a RAEM tem trocado informações. Que informações? Ninguém sabe e ninguém controla, mas muitos temem que se tratem de dados fulcrais que não deveriam ser entregues de mão-beijada a países estrangeiros.Há quem não entenda a necessidade deste tipo de concessão. “Trata-se de informação crítica e muito valiosa, que diz muito sobre o estado geral de um país, neste caso de uma região, proporcionando vantagens comerciais, financeiras e até militares”, explicaram ao HM. “Também não se sabe o que está por detrás destas decisões ou pretensões do GIF”,concluíram. - HM

portuguesa (CNPD), é a de que o acordo impõe às empresas finan-ceiras a obrigação de reportar às autoridades dos EUA os nomes dos titulares de contas bancárias.

O acordo prevê a troca auto-mática de dados pessoais para evitar a fuga ao fisco de cidadãos norte-americanos que obtêm ren-dimentos fora dos EUA. De acordo com a imprensa portuguesa, que cita um relatório da empresa de consultoria pcw, a intenção do

Governo americano é travar a perda de receita fiscal provocada por rendimentos não declarados, que se estima rondar os 345 mil milhões de dólares.

Segundo a CNPD, na troca de dados poderá estar a identifi-cação dos nomes de titulares de contas bancárias, o número de conta ou os saldos, uma infor-mação que deveria estar sujeita a sigilo. Mais ainda, segundo a Comissão, “o acordo é omisso quanto à forma como os donos das contas bancárias podem rec-tificar ou aceder aos dados, nem define limites temporais para a conservação dessa informação”.

LEI SEGURAEm resposta ao HM, o GIF asse-gura que o TIEA é, por si próprio, seguro. Mas, o organismo garante ainda que a Lei de Protecção dos Dados Pessoais também assegura a privacidade dos cidadãos do território.

“O TIEA é um mecanismo de troca de informações altamente protegido e a confidencialidade é alta durante todo o processo. Uma das funções do TIEA, por exemplo, é ajudar na investigação de evasão fiscal, de modo que as actividades ilegais podem ser des-cobertas e que a lei seja aplicada em ambas as jurisdições”, diz a resposta do GIF.

Já sobre o novo regulamento, não há uma resposta directa do gabinete, que menciona, contudo, uma resposta geral: a lei de Macau que protege os dados pessoais também tem em conta estas trocas de informação fiscal. “Já a Lei de Protecção de Dados Pessoais, por si, serve não só para proteger a informação pessoal de abusos, mas também para permitir trocas de informação que está relacionada com tratados internacionais que impedem, investigam e condenam infracções à lei.”

De acordo com o comunicado ontem emitido pelo Governo, actualmente mais de 60 juris-dições fiscais mundiais já se comprometeram a proceder à implementação dos novos pa-drões internacionais em 2017, ou até ao final de 2018. Macau, sendo membro do Fórum Global, “tem demonstrado o seu apoio quanto à implementação” dos novos padrões e, “para cumprir as suas obrigações internacionais”, vai, de imediato, dar início às alterações dos procedimentos internos, no sentido de garantir a respectiva articulação com a data da vigência das novas normas.

O comunicado afirma que as trocas estão relacionadas com as contas das instituições financei-ras e são feitas “através de meios automáticos”, sendo que essas instituições financeiras “também são obrigadas a fiscalizar as contas de acordo com os novos padrões”.

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5 políticahoje macau sexta-feira 26.9.2014

Segurança Câmaras de vigilância em habitações públicas O Gabinete do Secretário para a Segurança referiu que está a avaliar a viabilidade da instalação de câmaras de videovigilância nas novas habitações públicas e nos bairros comunitários. Em resposta a uma interpelação escrita da deputada Song Pek Kei, o chefe do Gabinete do Secretário para a Segurança, Vong Chun Fat, referiu que um grupo interdepartamental da Segurança está a avaliar e a estudar as novas zonas de construção das habitações públicas, para perceber se existe viabilidade ou não da possível instalação de câmaras de videovigilância. Vong Chun Fat adiantou ainda que a autoridade irá ouvir opiniões da sociedade, acrescentando que, no que respeita à segurança do complexo da habitação pública de Seac Pai Van, as autoridades irão disponibilizar mas polícias para a zona.

Au Kam San pede mais rigor com cheques pecuniáriosO deputado Au Kam San fez ontem uma interpelação escrita, onde questiona porque é que pessoas com BIR da RAEM continuam a poder receber cheques pecuniários, mesmo que já tenham morrido. O deputado diz conhecer casos e, na interpelação, pede uma revisão aos requisitos de atribuição do cheque. “Como é que se está a fazer esta política? Será necessário rever?” Au Kam San considera que, se o beneficiário morrer em Macau, o BIR é cancelado, mas, os que morrem fora de Macau vão continuar a receber o dinheiro. “O Governo verificará se estas pessoas que moram fora de Macau ainda estão vivos?”, questiona o deputado.

PS Votos para as primárias na Casa de Portugal Habitação social 70% de pedidos carecem de informações, diz IHCerca de 60 militantes e simpatizantes do Partido Socialista em Macau podem votar no domingo nas primárias que irão escolher entre António Costa e António José Seguro o candidato à chefia do Governo nas próximas legislativas. Em declarações à agência Lusa, José Rocha Dinis, coordenador da secção do PS em Macau, explicou que “um pouco mais de metade” dos 57 recenseados nos cadernos do partido “são simpatizantes”. “É um elemento interessante

até porque demonstra, principalmente, que as pessoas estão preocupadas com o futuro do partido e com o futuro do país”, disse. Os socialistas de Macau, quer sejam militantes do partido quer apenas simpatizantes inscritos recentemente para votarem nas primárias, elegem domingo o seu candidato a primeiro-ministro, sendo que a votação em Macau vai decorrer numa sala das instalações da Casa de Portugal entre as 09h00 e as 19h00.

A vice-directora do Instituto de Habitação (IH), Kuok Vai Han, afirmou que a maioria dos últimos pedidos da habitação social não contém informações completas, pelo que foi prolongando o tempo de revisão de pedidos. Na resposta a uma interpelação escrita do deputado Si Ka Lon, o IH esclareceu que já avançou com uma revisão aos regimes relativos à habitação social, adiantando que poderá instituir uma calendarização para os pedidos. Relativamente aos últimos pedidos

recebidos, correspondentes ao ano passado, o IH afirmou que já se encontra na última fase de revisão. Até Agosto deste ano, o instituto recebeu 6146 pedidos, no entanto, segundo a vice-directora, 70% dos pedidos estavam incompletos, ou seja, faltavam informações obrigatórias para a conclusão das candidaturas. Como forma de resolução, as autoridades responsáveis irão emitir cartas aos candidatos para agendar um data de entrega dos documentos em falta.

HOJE

MAC

AU

A Ho Chun Kei, uma das grandes construtoras de Macau, apresentou uma queixa-crime contra dois

activistas locais por alegada difama-ção, após acusações de eventuais benefícios para a empresa num caso de desenvolvimento de terrenos.

Contactados pela agência Lusa, os activistas Jason Chao e Bill Chou afirmaram que se trata de uma acusação de difamação relacionada com o conteúdo de uma conferência de imprensa organizada em Janeiro pela Asso-ciação Novo Macau, de que Chao era presidente na altura.

Em causa estava o plano de reordenamento da zona norte da Taipa, um projecto apresentado pelo Governo dois meses antes de entrar em vigor a nova Lei de Pla-neamento Urbanístico de Macau.

A apresentação da queixa foi confirmada pelo advogado da empresa que não quis, no entanto, prestar mais esclarecimentos por o caso se encontrar actualmente em segredo de justiça. “Está nas mãos do Ministério Público”, afirmou João Nogueira Marques.

Segundo Jason Chao, “estão a apontar para as declarações sobre conluio”.

“Acham que as notícias [que saíram na altura] foram preju-diciais para os accionistas, mas

“Acho que as provas que temos vão valer em tribunal. Se decidirem avançar com o caso, tudo bem, vemo-nos no tribunal. Não posso relevar mais porque estamos em fase de segredo de justiça”JASON CHAO Ex-presidente da Novo Macau

O caso remontaa Janeiro deste ano quando Jason Chao, ainda presidente da Associação Novo Macau, denunciou a existência de “conluio entreo Governoe os magnatas”

HO CHUN KEI BILL CHOU E JASON CHAO RECEBEM QUEIXA-CRIME

Activistas na berlinda

temos confiança na informação, usámos informação pública”, argumentou.

CONSPIRAÇÕESA associação acreditava que este plano tinha sido feito de modo a beneficiar determinados promo-tores imobiliários, próximos do Governo, dizendo mesmo que “há conluio entre o Governo e os magnatas”.

A Novo Macau chamou a

atenção, em particular, para duas parcelas que dizia não estarem registadas como privadas junto da Conservatória de Registo Predial, levando ao entendimento de que o terreno estava sob gestão pública. No entanto, no local, estavam afi-xados cartazes de duas empresas, a Luen Kong e a construtora Ho Chun Kei.

Em esclarecimentos à impren-sa, a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transpor-

tes garantiu que os terrenos eram privados.

No encontro com os jornalistas, Jason Chao disse encarar o envol-vimento da Ho Chun Kei com estes terrenos como uma prova de que “o Governo está a fazer um plano feito à medida para beneficiar os seus amigos, que são promotores imobiliários”.

Jason Chao e Bill Chou explica-ram à agência Lusa que receberam a notificação da Polícia Judiciária há cerca de uma semana e foram ontem chamados a comparecer pessoalmente nas instalações. O mesmo confirmaram ao HM.

“Acho que as provas que temos vão valer em tribunal. Se decidirem avançar com o caso, tudo bem, vemo-nos no tribunal. Não posso relevar mais porque estamos em fase de segredo de justiça”, rema-tou o activista.

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hoje macau sexta-feira 26.9.20146 SOCIEDADE

CECÍLIA L [email protected]

F OI primeiramente criticado por não ter instalações ne-cessárias, como supermer-cados, e por estar deserto.

Mas isso foi no início. Agora, se-gundo testemunhos de estudantes e professores, o novo campus da Universidade de Macau (UM) tem dado que falar por outras razões.

Querendo saber como se vive no novo campus, o HM falou com alunos da universidade. Os estudantes confirmaram que existem vários problemas nas infra-estruturas, além da comum poluição originada pelas obras e das árvores e tectos que caíram durante o tufão.

UM NOVO CAMPUS ALVO DE CRÍTICAS POR PARTE DOS ESTUDANTES

Nem tudo o que brilha é ouro

A confirmar a história está um ‘post’ colocado na página do Fa-cebook da UM, de um aluno que ficou preso na casa de banho da sua residência porque a fechadura deixou de funcionar. Segundo o aluno, foi um colega da mesma residência que o ajudou a sair pela janela. No ‘post’ era pedido que a universidade desse mais atenção aos “pequenos problemas” exis-tentes nas novas residências.

Além das instalações, contudo, há outras coisas que andam a irritar os estudantes, no verdadeiro sentido da palavra. Alergias e erupções de pele estão a acontecer a muitos estu-dantes, devido a um produto químico que está a ser utilizado nas obras.

O formaldeído, causado pelas obras nos dormitórios, deixa os alu-nos das residências com dores de cabeça e alergias. “Tenho colegas que moram na universidade que têm sempre que abrir a janela da residência, mas como há também mosquitos, tem que se fazer a es-colha entre ser picado ou respirar o formaldeído. Alguns colegas até têm alergias na pele quando chegam às aulas”, conta Joe Chan [nome fictício], um estudante da UM, que não quer dar a cara por ter medo de represálias.

Outro dos grandes problemas ainda nas residências é o facto de cada uma delas ter uma empresa de catering diferente: os alunos dizem pagar os mesmos preços, mas ter refeições de diferente qualidade. Remediar? Não é possível: é que os alunos não podem comer em residências que não são suas.

OS AUTOCARROS...Angela e Cecília não são residen-tes do novo campus e, por isso, recorrem aos autocarros para se

deslocarem para as aulas. Contudo, até aqui parece haver problemas.

“No início do ano passavam muito poucos autocarros. Parece que estão a melhorar e aumentar o número de autocarros, mas mesmo assim são poucos”, conta uma das alunas. “Eu tenho carro, mas não o trago por uma questão de poupança, mas é muito difícil apanhar autocar-ro por causa dos trabalhadores que aproveitam usar estes autocarros”, conta Cecília, acrescentando que o “ar do autocarro é incomodativo devido a estar lotado”.

Os alunos falam entre si, dizem--nos as estudantes, e há uma ideia: a melhor solução seria criar um autocarro especial para os alunos. “Assim podemos ter a nossa fre-quência de autocarros, não é preciso concorrer com os trabalhadores das obras e também não temos o stress de ter de respirar o suor deles”, frisa, realçando que não tem nada

contra os trabalhadores, mas que o problema, efectivamente, existe. “Há ainda há muitos trabalhadores das obras na Ilha da Montanha, que aliás, só provam que o campus ainda não está preparado para mostrar ‘todo o rosto’. Nem tudo que brilha é ouro. Só posso dizer que agora o novo campus é muito giro por fora, mas dentro há muitos problemas”, salientou Cecília Chan.

E O TÚNEL Mas, nem só de autocarro se pode ir para o campus e o único túnel que leva alunos e professores para o lado de lá, também aceita que passem carros.

E, ao que o HM apurou, quem não apanha autocarros também tem problemas. É o caso um outro estu-dante, que recusa ser identificado, que conduz até ao novo campus. “O túnel à entrada do campus tem sempre um limite de velocidade de 40 km/h. Mas isso não faz muito sentido, quando às vezes não há mais carros a passar, até porque o tráfego é unidireccional.”

O problema não é a velocidade. O jovem explica ao HM que, como o túnel é o único modo de entrar na Ilha da Montanha, há veículos de transporte lentos. Um deles, conta o estudante como exemplo, continha produtos com risco de explosão, não deixando que ou-tros carros passassem no túnel. A situação fez os alunos chegarem atrasados às aulas.

“Normalmente, como conduzo, preciso de tempo para estacionar e casa mais cedo para chegar a universidade mais cedo. Mas, da-quela vez cheguei atrasado porque o túnel estava fechado. Acho que isso influencia até o estudo dos estudantes.”

Infra-estruturas partidas, comida de má qualidade, transportes lotados, produtos químicos no ar e falta de cadeiras nas salas de aula. As críticas ao novo campus da UM na Ilha da Montanha não páram de crescer e os estudantes pedem que se tomem medidas

“Tenho colegas que moram na universidade que têm sempre que abrir a janela da residência, mas como há também mosquitos, tem que se fazer a escolha entre ser picado ou respirar o formaldeído”JOE CHAN [NOME FICTÍCIO] Estudante da UM

SENTA-TE NO CHÃOMuito se tem falado da qualidade do novo campus da UM, sendo que tanto alunos, como professores e até deputados já apresentaram várias opiniões e muitas questões continuam sem resposta. Caso disso é a interpelação escrita do deputado Leong Veng Chai, que questiona o Governo quanto à qualidade dos dormitórios do novo campus. O deputado quer saber se as instalações já terminaram e estão a ser alvo de uma inspecção rigorosa das autoridades, bem como se os casos divulgados pela imprensa de alunos com manifestações negativas ao nível da saúde estão a ser resolvidos. Até agora, nada. Apesar de os problemas continuarem aumentar, as histórias não se ficam por aqui e vêm desmentir o que Chui Sai On disse ao Governo Central: que o novo campus está completamente em funcionamento e que a UM funciona, agora, em pleno na Ilha da Montanha. Quatro alunos confirmaram ao HM que houve faltas de cadeiras e computadores em aulas diferentes, devido às salas estarem apenas equipadas para receber 20 estudantes. “Temos 30 alunos na turma, por exemplo, mas apenas nos arranjam uma sala pequena que só tem 20 cadeiras. Até ouvi outros colegas a queixarem-se que não há computadores suficientes nas aulas onde precisam deles. Assim não dá.” Segundo um aluno do terceiro ano da universidade, alguns destes problemas foram mencionados aos departamentos, mas ainda ninguém realmente resolveu o problema.

“Quase todas as portas dos corredores estão partidas. Em menos de um mês já temos imensas coisas partidas”CECÍLIA CHAN Aluna da UM

Cecília Chan e Angela Ka, duas estudantes que aceitaram falar ao HM, queixaram-se quanto à qua-lidade das infra-estruturas do novo espaço. “Quase todas as portas dos corredores estão partidas. Em menos de um mês já temos imensas coisas partidas”, afirmou Cecília. “Até com as fechaduras já existem problemas, para não falar do chão, que depois das fortes chuvas cedeu”, conta Angela.

Linha de espera no paragempara novo campus

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7 sociedadehoje macau sexta-feira 26.9.2014

Taxistas contra o regime de polícias à paisana e gravaçõesUm grupo de taxistas recolheu várias assinaturas para mostrar o seu voto contra o regime proposto pelo Governo de colocar polícias à paisana fingindo-se de passageiros, assim como, contra a instalação dos equipamentos de gravação. Os taxistas criaram o movimento “Grupo dos Direitos e Interesses do Sector de Táxis” e saíram à rua recolhendo assinaturas dos seus colegas. Segundo um dos membros do grupo, Au Iat Sun, foram recolhidas mais de 400 assinaturas dos profissionais. “Os taxistas que cometem irregularidades são poucos e, por isso, ao instalar estas medidas, o Governo está a ser injusto para os outros taxistas que respeitam os passageiros”, disse, acrescentando que as medidas “violam a privacidade dos taxistas e clientes”. “Já para não falar da rotulagem negativa que o sector receberá”, reforçou Au Iat Sun, em declarações ao canal chinês da Rádio Macau.

SUBSTITUIRCABOS AÉREOS COMEÇA NA SÉA zona do Largo da Sé vai servir para a implementação do projecto piloto de renovação dos cabos aéreos das vias públicas. O projecto foi anunciado anteriormente e, ontem, a Direcção dos Serviços para a Regulação de Telecomunicações (DSRT), frisou que esse será o primeiro local. A DSRT voltou a frisar que a renovação será feita em conjunto com a Canais de Televisão Básicos de Macau SA e os fornecedores do serviço de antena comum e que o objectivo é “purificar as ruas e rectificar a situação confusa dos cabos aéreos das vias públicas existente há longos anos em Macau”.

CTM INVESTE 500 MILHÕES E PREPARA-SE PARA 4G

Cara liderançaFIL IPA ARAÚ[email protected]

A Companhia de Te-lecomunicações de Macau (CTM) vai

gastar um total de 500 milhões de patacas só este ano em sistemas e equipamentos que melho-rem os serviços prestados pela operadora, apostando principalmente no ser-viço de 4G. Isso mesmo confirmou Declan Leong, vice-presidente do serviço de redes, numa conferência de imprensa que decorreu ontem.

Mas os gastos não ficam por aqui. No próximo ano, o investimento será ainda maior . “Contamos gastar

licenciamento de operação desta rede.

BUROCRACIASA operadora esclarece que ainda não entregou a sua candidatura apenas por uma questão burocrática de “elaboração de docu-mentos”, mas garante que irá “apresentar uma boa proposta”.

Segundo o regulamento do concurso, as empresas podem apresentar as suas propostas até ao dia 18 de Novembro, sendo que serão emitidas quatro licenças, ainda que numa fase inicial. O Governo pode considerar, conforme a situação real do mercado, a emissão da quinta licença durante os dois anos contados da data de emissão das licenças atribuídas na fase inicial.

Questionado sobre as afirmações da nova opera-dora MTEL - de que os seus preços seriam melhores que os da CTM – Declan Leong não confirma se a

a sua proposta de tarifá-rios ao Governo e irá ter início das operações em Novembro.

REGULAMENTOSE SEGURANÇADeclan Leong avançou ainda que a operadora tem já “completamente pronto” o serviço de triple Play – pa-cotes que incluem televisão, internet e telefone. O res-ponsável da CTM assegura que só resta esperar pelo Governo, que ainda não publicou os regulamentos desse serviço, para que a CTM possa avançar.

Confrontada pela im-prensa sobre um eventual pedido do Governo para divulgação de dados dos participantes da votação online do chamado ‘re-ferendo civil’, levado a cabo por activistas e que o Governo considerou ilegal, a CTM garantiu que “a segurança dos dados dos usuários é e será sempre uma prioridade para a em-presa”, dando a entender que nenhum dos dados foi revelado. A operadora não esclarece, contudo, se o Governo chegou a pedir ou não esses dados.

até ao final do ano 500 milhões de patacas e, no próximo ano, estamos a contar em gastar não menos que este valor”, afirmou o responsável, adiantando que apesar de ainda não existirem valores concretos vão ser gastos “pelo menos mais 20% dos 500 milhões de patacas”.

Uma grande fatia do investimento será dedicado à rede 4G, uma vez que a operadora se diz confiante no concurso público já aberto pelo Governo para o

O Comissariado contra a Cor-rupção (CCAC) descobriu um

caso de fraude praticado por um presidente de uma associação local, que terá “utilizado documentos falsos para a obtenção de subsídios do Governo”. Segundo um

[o arguido] “terá prestado informações falsas a diversos serviços públicos para obter subsídio do GovernoCOMUNICADO DO CCAC

O caso, despoletado através de uma queixa, investiga a alegada prestação de falsas informações com vista a obter subsídios do governo

SUBSÍDIOS PRESIDENTE DE GRUPO LOCAL ENVOLVIDO EM CASO DE FRAUDE

Grão a grão se enche a associaçãoassociação local apresentou valores inferiores no que diz respeito às suas receitas reais, com o objectivo de obter subsídios do Governo por meios fraudulentos”.

comunicado ontem emitido, o homem, que já foi consti-tuído arguido, “terá prestado informações falsas a diversos serviços públicos para obter subsídio do Governo, envol-vendo um valor de cerca de um milhão e quarenta mil patacas”.

O homem é suspeito de ter cometido os crimes de falsificação de documento e burla de valor elevado, tendo confessado durante a investigação que apre-sentou “dolosamente do-cumentos com informações falsas para a obtenção de vantagens ilícitas pela as-sociação”. O Código Penal determina que este tipo de crimes pode incorrer numa pena de prisão de três a dez anos.

DENÚNCIA ABRE CAMINHOO caso já está a ser seguido pelo Ministério Público (MP) e foi descoberto pelo CCAC através de uma quei-xa. Aí, foi referido que “uma

1.040.000é o valor do subsídio pedido

ao Governo

Posteriormente, o CCAC descobriu que a referida associação tinha feito pe-didos, em Julho e Outubro de 2011, aos Serviços de Saúde, à Fundação Macau e ao gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, para a atribuição de apoio financeiro destinado ao seu funcionamento referente ao ano de 2012. O arguido declarou não ter pedido apoio financeiro a outras entidades, tendo recebido “subsídios repetidos”, no valor de 350 mil patacas. Para além disso, “aquando da entrega do rela-tório da aplicação do subsídio recebido pela associação às respectivas entidades, o arguido é suspeito de ter ocultado dolosamente um lucro aproximado de mais de um milhão de patacas”.

operadora vai ou não baixar as suas tarifas, adiantando apenas que a única preocu-pação da empresa é “man-ter a qualidade da CTM”. A operadora aproveitou o momento para afirmar que a existência de concorrên-cia directa “é sempre bem--vinda” pois permitirá uma maior “competitividade”.

A MTEL já entregou

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hoje macau sexta-feira 26.9.20148 sociedade

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FIL IPA ARAÚJO*[email protected]

U MA tartaruga ma-rítima em vias de extinção foi encon-trada esta semana em

Macau, depois de um homem ter contactado um veterinário porque o animal lhe parecia doente. Ao chegar ao local, a casa do residente, o veterinário Henrique Galvão percebeu de imediato que esta não era uma tartaruga qualquer.

O animal, de nome cientí-

Uma espécie em vias de extinção foi encontrada em casa de um residente a quem o animal foi oferecido. O homem não saberia que tinha uma tartaruga raro em mãos

FALTA INFORMAÇÃOEM MACAU

“Estas tartarugas são comercializadas ainda muito pequeninas, quando [as fêmeas] vão à praia desovar e, ao nascer, as pessoas apanham-nas e depois vendem--nas ilegalmente”HENRIQUE GALVÃO Veterinário

fico ‘Bico-de-Falcão’, é uma tartaruga que marca presença na lista internacional dos animais em vias de extin-ção. Contudo, o homem que chamou o veterinário – que contou que a tartaruga lhe terá sido oferecida por um amigo há menos de duas semanas - desconhecia por completo que este era um animal em vias de extinção.

“Pelas poucas palavras que o senhor falava em inglês, percebi que a tarta-ruga lhe foi oferecida por um amigo que já não tinha espaço para a manter em casa devido ao crescimento do animal”, contou Henrique Galvão ao HM, explicando que, do seu ponto de vista, “o homem que aceitou a tartaruga não sabia que tipo de animal estava a aceitar”.

Sem saber de onde poderá ter surgido este ser quase raro, Henrique Galvão explica ao HM que “muito provavel-

mente terá entrado há uns anos – mais de três – prove-niente da China continental, atravessando a fronteira”.

COMÉRCIO PRIMEIROQuem passa na fronteira com Zhuhai pode ver uma fotografia que exemplifica algumas formas de con-

trabando entre a China e Macau. Uma delas, mostra precisamente um homem que foi apanhado com mais de uma dezena de tartarugas bebés, que vinham escondi-das em sacos.

Apesar de não se conse-guir confirmar exactamente a origem deste animal encon-trado agora pelo veterinário, o contrabando de tartarugas na China e respectivas regiões é comum. O HM tentou perceber junto das autoridades de Macau dados sobre tráfico de animais e partes de animais mas, até à hora do fecho desta edição, não foi possível.

Já esta tartaruga é pro-

VETERINÁRIO ENCONTRA TARTARUGA MARÍTIMA EM VIAS DE EXTINÇÃO

Uma raridade desconhecida

veniente de águas tropicais, sendo mais comum nas Filipinas, Tailândia e sul da China. Em Macau, a tarta-ruga estava num aquário. Esta espécie é alvo de grande interesse comercial.

“Estas tartarugas são co-mercializadas ainda muito pequeninas, quando [as fê-meas] vão à praia desovar e, ao nascer, as pessoas apanham--nas e depois vendem-nas ile-galmente”, explica Henrique Galvão.

À luz da lei interna-cional, este tipo de animal só poderá circular de país para país com uma licença própria. “Só com uma licen-ça passada pelos governos dos países é que os animais

podem circular entre fron-teiras. Imaginemos que o Oceanário em Portugal, que tem várias tartarugas, quer passar uma para Espanha. É necessário que os Gover-nos passem uma licença a autorizar. Isto acontece nos animais que estejam nesta lista de espécies em extin-ção”, esclarece o veterinário.

Neste momento, a tar-taruga está a ser alvo de exames e tratamento médi-co, uma vez que foi levada pelo veterinário “com sérios problemas de saúde”. Antes do fecho da edição, contudo, foi possível ao HM saber que, após o tratamento, o animal já começou a comer e a mostrar sinais de recu-peração, tal como explicou Henrique Galvão ao HM.

O animal ficará, agora, ao cuidado da clínica Cruz Verde, do veterinário, “até estar em condições” de ir para o Ocean Park de Hong Kong, o único centro com capacidade para receber um animal desta es-pécie. - * com Joana Freitas

Questionado sobre o facto de não existir muito divulgação e informação sobre espécies raras em Macau, Henrique Galvão considera que a maior dificuldade que sentiu foi não ter encontrado a lista internacional de animais em vias de extinção publicada. “Para saber que se tratava de uma espécie em vias de extinção tive que recorrer a conhecimentos pessoais, porque de facto não consegui encontrar a lista”, diz o veterinário. “Se não fosse pela dedicacão e conhecimento em animais selvagens por parte do meu pai, que foi por muitos anos o veterinário do aquário Vasco da Gama em Portugal, não tinha sido possível recuperar esta tartaruga tão rapidamente”, acrescentou Henrique Galvão. Do ponto de vista do profissional, Macau comporta-se como a grande parte dos países em todo o mundo quando se trata das questões dos animais em vias de

extinção: “nem bem, nem mal”. “Existe de facto um problema a nível mundial com estas espécies, e não só, e nós estamos no epicentro da Ásia, o que faz com que sejamos uma porta de entrada, tal como Hong Kong, destas espécies em vias de extinção, que tão cobiçadas são pela China continental”, defende. Em 1981, o Governo Central aderiu à Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies de Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção, documento que passou a incluir a RAEM após a transferência de soberania. O HM questionou o IACM sobre a falta de publicação da lista destas espécies, mas o instituto assegurou que essa publicação não é da sua competência. De acordo com a Convenção, essa será da tutela da Direcção dos Serviços de Economia, mas não foi possível confirmar devido ao avançado da hora.

“Pelas poucas palavras que o senhor falava em inglês, percebi que a tartaruga lhe foi oferecida por um amigo que já não tinha espaço para a manter em casa devido ao crescimento do animal”

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O novo serviço implica a deslocação até Hong Kong devido à inexistência de médicos e clínicas na RAEM que possam levar a cabo esta actividadeANDREIA SOFIA [email protected]

N O ano em que celebra 18 anos de existência, a empresa Cryolife decidiu introduzir um novo ser-

viço no mercado privado de saúde. Trata-se de um banco de recolha de células estaminais de adultos, cuja preservação em laboratório pode ajudar na cura de doenças ortopé-dicas ou neurológicas, diabetes tipo I ou Lúpus.

FLORA FONG [email protected]

N A edição de ontem do programa de rá-dio “Macau Talk”,

do canal chinês da TDM, Leong Lai, directora dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), voltou a referir que o fim dos chum-bos nas escolas continua em cima da mesa. Prevê-se que no final do ano seja publicado o documento de consulta pública sobre o sistema de avaliação dos alunos, onde se suge-re que não existam reprovações no ensino primário – a menos que os pais assim o peçam - e no secundário, sendo que será limitado o chumbo em 4% nos anos finais de cada ciclo.

Leong Lai disse, con-tudo, que a implemen-tação desta medida está dependente das opiniões da população, que vai ser ouvida no final do ano. “A

Zona do Ramal dos Mouros com prédio e mesquitaA Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) deu o aval para a construção de um prédio de 127 metros de altura na zona do Ramal dos Mouros, junto ao Reservatório, na Estrada D.Maria II. A informação foi cedida à Rádio Macau, depois do projecto da Planta de Condições Urbanísticas ter sido publicado na página oficial da DSSOPT. O lote de terreno em questão será dividido em três parcelas, sendo que a parcela A irá “ser aproveitada para a construção de um edifício afecto à habitação, comércio e estacionamento” com a altura “máxima” de 127 metros, acima do nível do mar. Já a parcela B, onde actualmente existe o cemitério islâmico, vai ser mantida, enquanto que a parcela A1 vai servir para a construção de uma mesquita com 40 metros de altura. Segundo a DSSOPT, o projecto vai ser debatido pelo Conselho do Planeamento Urbanístico.

SAÚDE ADULTOS JÁ PODEM PRESERVAR CÉLULAS ESTAMINAIS EM MACAU

A solução está no privado

“Esse serviço estará também disponível para qualquer pessoa em Macau. Desde que as pessoas estejam dispostas a apanhar um ferry e dirigir-se aos nossos laboratórios em Hong Kong”DIRECTORA-EXECUTIVA DA CRYOLIFE

ENSINO CONSULTA PÚBLICA SOBRE PROIBIÇÃO DE CHUMBOS

Uma marca para a vida

Com presença em Hong Kong e um escritório em Macau desde 2012, a empresa irá disponibilizar este serviço a cidadãos da RAEM, à semelhança do que tem sido feito com a preservação de células do cordão umbilical.

Ao HM, Vadanee Lau, directora--executiva da empresa, garantiu que mais de duas mil pessoas com resi-dência em Macau já se deslocaram a Hong Kong para recorrerem este tipo de serviço que, em muitos casos, pode salvar vidas.

“É certo que o número de clientes nunca pode ser tanto como em Hong Kong, mas há cada vez mais clientes de Macau que procuram este tipo de serviço”, disse Vadanee Lau.

É JÁ AQUI AO LADOApesar da Cryolife possuir o escri-tório em Macau, todo o processo de consulta de clientes e recolha em laboratório tem de ser feito em Hong Kong, uma vez que em Ma-cau não existem médicos e clínicas para fazer este serviço, explicou a directora-executiva.

“A ideia é recolher amostras de sangue para que as células possam ser conservadas. Esse serviço estará também disponível para qualquer

pessoa em Macau. Desde que as pessoas estejam dispostas a apanhar um ferry e dirigir-se aos nossos laboratórios em Hong Kong, isso pode ser feito. Neste momento, mesmo que tenhamos médicos em Macau que nos ajudam na recolha de sangue, não podemos simplesmente transportar essas recolhas para Hong Kong, os clientes têm de vir a Hong Kong”, confirmou Vadanee Lau.

Numa entrevista concedida ao HM aquando da abertura do escri-tório, Vadanee Lau explicou que não iriam abrir laboratórios em Macau, uma vez que é necessário “um es-paço e local específicos”, para além de “técnicos especializados para lidarem com este tipo de células”. A directora-executiva disse ainda que não existem, por enquanto, projec-tos de expansão no território, dada a proximidade face a Hong Kong.

Apesar disso, a ligação entre a Cryolife e os hospitais locais tem sido constante. “Nos últimos dez anos, aqui em Macau, já construí-mos uma grande rede de clientes. Uma das razões porque decidimos instalar aqui o escritório foi precisa-mente porque os clientes de Macau estão cada vez a aumentar mais e de forma mais rápida. Precisamos, por isso, de ter uma equipa mais dedicada a eles, de forma a fornecer melhor serviços”, referiu, em 2012, Vadanee Lau.

reprovação não é o objectivo final do estudo, mas sim a forma como ser bem sucedi-do. Portanto é preciso tomar várias medidas, olhando os aspectos do sistema de ensino ou mudança de con-ceitos”, disse a directora da DSEJ à rádio.

EFEITOS SECUNDÁRIOSA responsável considera ainda não existir uma ligação directa entre a taxa de chum-

bos e o acesso ao ensino superior e referiu que a taxa de chumbos dos alunos nos últimos anos já diminuiu, sendo que 90% dos estudan-tes conseguem frequentar a universidade. No entanto, a directora lembrou que deve ser dada a atenção ao grupo de alunos que não continuam os estudos depois do ensino secundário.

Wong I Lin, inspectora escolar da DSEJ, apontou ainda que a eliminação do regime de reprovações no ensino primário visa os alu-nos menores de idade, uma

vez que o chumbo pode afectar o desenvolvi-mento psicológico dos alunos.

“As crianças podem sentir uma grande frustra-

ção porque a reprovação cria obstáculos. Quando conver-samos com os alunos repro-vados, acham que a maior dificuldade é conseguirem acompanhar os alunos da mesma idade. A marca da reprovação acompanha o aluno durante toda a sua vida”, disse Wong I Lin.

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hoje macau sexta-feira 26.9.2014 11EVENTOS

O TEMPO ENVELHECE DEPRESSA • António TabucchiTodas as personagens deste livro parecem estar empenhadas numa confrontação com o Tempo: o tempo dos acontecimentos que viveram ou estão a viver e o tempo da memória ou da consciência. Mas é como se uma tempestade de areia se tivesse levantado nas suas clepsidras: o tempo foge e detém-se, gira sobre si próprio, esconde-se, reaparece a pedir contas. Do passado emergem estranhos fantasmas, as coisas que antigamente eram incompatíveis agora parecem harmonizar-se, as versões oficiais e os destinos individuais não coincidem. Um ex-agente da defunta República Democrática Alemã que durante anos espiou Bertold Brecht, vagueia sem destino por Berlim até ir ter ao túmulo do escritor para lhe confiar um segredo. Numa localidade de férias da ex-Jugoslávia, um oficial italiano da ONU que durante a guerra do Kosovo sofreu as radiações do urânio empobrecido ensina a uma miúda a arte de ler o futuro nas nuvens. Um homem que engana a sua solidão contando histórias a si próprio torna-se protagonista de uma aventura que inventara numa noite de insónia. Sensível às convulsões da História recente, Antonio Tabucchi mede-se com o nosso Tempo «desnorteado», em que se os ponteiros do relógio da nossa consciência parecem indicar uma hora diferente daquela que vivemos.

PEREGRINAÇÃO DE ENMANUEL JHESUS • Pedro Rosa MendesComo fez com o Mapa Cor-de-Rosa em Baía dos Tigres, Pedro Rosa Mendes reinventa, nesta “Peregrinação de Enmanuel Jhesus”, um espaço nobre da literatura portuguesa, de Fernão Mendes Pinto a Ruy Cinatti: o arquipélago malaio, imenso território de aventura, onde as caravelas chegaram há exactamente 500 anos. Passagens de História, memórias políticas, cadernos da guerrilha, tratados breves de diplomacia, debates teológicos, cenas de artes marciais, cartografia antiga, observações de botânica, notas de geologia, ritos de sagração, sortes tauromáquicas, até um fado perdido (por Amália?) lá em «Outramar»: abundantes são os tesouros que nos acompanham nesta viagem. Uma vertigem de personagens desfilam e falam a várias vozes. O resultado é um romance em diário de bordo, uma ficção de portulano, «suma accidental em que da conta de mvitas e mvito estranhas cousas que vio e ouvio nos reynos do Achém, Çamatra, Sunda, Jaua, Flores y Servião y Bellos, que vulgarmente se chamam Timor, homde nace o sandollo».

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

O escritor angola-no Ondjaki de- fendeu que os países têm o di-

reito de gerir a entrada e saída de pessoas, mas a “atitude humana” face aos imigrantes devia “diminuir as fronteiras. “A atitude humana é que é um problema”, resumiu, em entrevista à Lusa a propósito do lançamento do livro “Os vivos, o morto e o peixe

IFT Poesia chinesa em debate “Como os poemas chinesas ajudam a compreender a interligação cultural entre o Oriente e o Ocidente em Macau” é o nome da palestra que acontece hoje no Instituto de Formação Turística (IFT), por volta das 18h30. O encontro acontece no âmbito de uma série de seminários que visam debater o turismo cultural no território e contará com representantes da Associação de Guias Turísticos do Património Cultural de Macau. A apresentação irá focar-se nas tradições culturais de Macau e nas práticas religiosas e de entretenimento da população local, entre outros assuntos.

DIARIAMENTEEXPOSIÇÃO “MACAU OF MY OWN”, DE EDUARDO MAGALHÃES Creative MacauENTRADA LIVRE

EXPOSIÇÃO PIONEIRISMO DO MOVIMENTO DA NOVA CULTURA – UMA EXPOSIÇÃO DE QIAN XUANTONGMuseu de Arte de MacauENTRADA LIVRE

HOJECONFERÊNCIA SOBRE MOÇAMBIQUE: “PASSADO E PRESENTE DE UM REINO INTRANSIGENTE”, COM ANDRÉ VAN DOKKUMClube C&C, 18h15Entrada livre

PALESTRA COM THOMAS DANIELL SOBRE ARTISTAS JAPONESESUniversidade de São José, 18h30ENTRADA LIVRE

PIANO NA GALERIA (COMEMORAÇÃO 1º ANIVERSÁRIO)Fundação Rui Cunha, 20h00ENTRADA LIVRE

SÁBADOSEMINÁRIO “VER O MUNDO PELOS OLHOS DAS CRIANÇAS”Armazém do Boi, 17h00ENTRADA LIVRE

JAZZ AO SÁBADO – ENCONTRO DE MÚSICOS DE MACAU E HONG KONGFundação Rui Cunha, 17h00ENTRADA LIVRE

CONCURSO DE FOGO DE ARTIFÍCIO DE MACAU EQUIPA DE PORTUGAL Largo da Torre de Macau, 21h00ENTRADA LIVRE

CONCURSO DE FOGO DE ARTIFÍCIO DE MACAU EQUIPA DA AUSTRÁLIA Largo da Torre de Macau, 21h30ENTRADA LIVRE

CONCURSO DE FOGO DE ARTIFÍCIO DE MACAU EQUIPA DA FRANÇALargo da Torre de Macau, 22h00ENTRADA LIVRE

DOMINGOWORKSHOP PARA CRIANÇAS “PAPER DREAM HOUSE”Armazém do Boi, 10h0050 PATACAS

O QUE FAZER ESTA SEMANA?

ONDJAKI APRESENTA NOVO LIVRO: “OS VIVOS, O MORTO E O PEIXE FRITO”

“A atitude humana é que é um problema”

frito”, da editora Caminho. As personagens do livro conhecem-se no edifício Migração-Com-Fronteiras, “porque é isso que esses serviços fazem”, explicou o autor. “Às vezes são pequenos equívocos”, que, porém, “do ponto de vista do cidadão, do ser humano, faz[em] toda a di-ferença”, assinalou. “Quando nos dizem ‘falta um papel’, isso implica uma semana ou duas semanas” para a pessoa, realçou. “Um serviço onde se controla o passaporte, os documentos, a legalização de outro ser humano, esse serviço já é pouco humano necessaria-mente”, frisou o autor.

Imigrante “oficial”, pois vive no Brasil, Ondjaki recor-dou os tempos de estudante em Portugal. “Testemunhei muita coisa, em todos os países já me aconteceu refilar em nome de outras pessoas, porque falam mal com os mais velhos, falam mal com uma pessoa que se expresse mal em português”, criticou.

Humor é caso sérioAssumindo que o humor é

útil para “tratar temas sérios de maneira leve, mas não superficial”, Ondjaki usou, no livro, o termo “confraterniza-ção palopiana”, referindo-se aos cidadãos dos vários Países

Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) em Portugal.

Essa “confraternização” existe “sobretudo fora” dos países de origem. “Nós, africa-nos, aqui na Europa, somos to-dos primos”, disse. “Você não vai ver um angolano na Nigéria encontrar um cabo-verdiano e ficar muito contente de o encontrar”, distinguiu.

Estas culturas “palopia-nas” partilham a mesma lín-gua, mas manifestam “gran-des diferenças culturais”, realçou Ondjaki. “O bonito é quando somos capazes (…) de valorizar os elementos culturais específicos de outros países”, considerou.

Quanto aos que têm raízes africanas mas cresceram na Europa, observou: “Essas crianças estão numa zona de fronteira interessante, entre o país onde nasceram, ou onde pelo menos passaram grande parte da sua infância, e a referência imediata que têm em casa da geração prévia”.

Essa “dupla referência” pode traduzir-se em “frutos interessantes”, mas, “do ponto de vista pessoal, social, pode ser complicado”, reconhe-ceu. Em Angola será igual. “Angola, daqui a 40 anos, vai absorver elementos da cultura chinesa, portuguesa, brasileira”, previu.

NAÇÃO BENFIQUISTAGrande parte da acção do livro decorre com um jogo Portugal-Angola como pano de fundo. “Quase toda a gente em Angola acompanha o seu futebol, mas acompa-nha o futebol português. As pessoas ou são do Benfica, ou são do Benfica. Há uns distraídos que são do Porto e um, meio gato pingado, que é do Sporting. E o meu pai, que é do Vitoria de Setúbal”, descreveu.

O futebol, disse Ondjaki, é o terreno fértil para “uma dinâmica de convívio” e “de conflito” e “é simbólico” que, quando, pela primeira vez, Angola se apura para um Mundial de Futebol, se defrontar contra Portugal. “É apenas um jogo de futebol? É. Mas não há nenhum angolano, num jogo de futebol contra Portugal, [que diga] que seja apenas um jogo de futebol”, admitiu, dizendo acreditar que, no desporto, se “pode assumir perfeitamente o con-flito” do “nós contra eles”.

A sessão de apresentação do livro, que decorreu na livra-ria Ler Devagar, em Lisboa, na terça-feira, recorreu a uma encenação, em que o próprio autor participou, adiantando que está na calha uma adap-tação do livro para teatro.

O escritor angolano lançouuma nova obra com a chancelada editora Caminho. Em entrevista à agência Lusa, Ondjaki pede mais humanidade em relação aosque são emigrantes

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12 CHINA hoje macau sexta-feira 26.9.2014

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COMISSÃO DE REGISTO DOS AUDITORES E DOS CONTABILISTASAviso

Torna-se público, de acordo com o n.º 4 do ponto 5.º dos Regulamentos para a prestação de provas para inscrição inicial ou revalidação de registo como auditor de contas, contabilista registado e técnico de contas, elaborados nos termos do artigo 18.º do Estatuto dos Auditores de Contas, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 71/99/M, de 1 de Novembro, do artigo 13.º do Estatuto dos Contabilistas, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 72/99/M, de 1 de Novembro, e da alínea 3) do artigo 1.º do Regulamento da Comissão de Registo dos Auditores e dos Contabilistas, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 2/2005, de 17 de Janeiro, que se encontra afixada, na sobreloja da Direcção dos Serviços de Finanças, sito na Avenida da Praia Grande nºs 575, 579 e 585, e colocado no respectivo “Web-site”, no local relativo à CRAC e para efeitos de consulta, a lista provisória dos candidatos à prestação de provas para inscrição inicial ou revalidação de registo como Auditor de Contas, Contabilistas Registado e Técnico de Contas no ano de 2014, elaborada e homologada por deliberação do Júri designado para o efeito. Em caso de dúvidas, agradecemos o contacto com a CRAC, durante as horas de expediente, através do telefone número 85995343 ou 85995344. Direcção dos Serviços de Finanças, aos 17 de Setembro de 2014.

O Presidente do Júri,Iong Kong Leong

U MA sonda indiana transmitiu ontem as suas primeiras fotos

de Marte, que tem a su-perfície cheia de crateras, reforçando o orgulho da Índia em ser o primeiro país da Ásia a chegar ao planeta vermelho.

Uma das fotos foi pos-tada ontem na página da agência espacial indiana (ISRO) na rede social Fa-cebook, mostrando a super-fície laranja de Marte com buracos negros. A foto foi tirada a 7.300 quilómetros de altitude.

“A vista é bonita lá de cima”, escreveu a agência, na sua conta do Twitter.

A responsável científica da agência, V. Koteswara Rao, disse que a sonda, bap-tizada de Missão Orbital Marte (MOM), enviou uma dezena de fotos desde que

Mariano Rajoy está na capital chinesa onde vão ser assinados acordos de cooperação no valor de mais de três mil milhõesde euros

O líder do Governo es- panhol, Mariano Rajoy, expôs esta quinta-feira ao pri-

meiro-ministro da China, Li Keqiang, os efeitos das reformas económicas em Espanha afirman-do que ‘não se pode nunca deter o espírito reformista’.

Rajoy e Li reuniram-se no Grande Palácio do povo de Pe-quim por ocasião da visita oficial que o chefe do Executivo espanhol realiza à China. Horas antes Rajoy esteve em Xangai com empresá-rios chineses e espanhóis.

O presidente do Governo foi

DUAS pessoas morre-ram devido a um surto

de febre Dengue na provín-cia de Guangdong, onde há registos de pelo menos 6.089 casos da doença provocada por um vírus transmitido por picadas de mosquito. De acordo com um comunicado divulgado esta quarta-feira pelos Serviços de Saúde de Macau, este número já é três

vezes superior ao registado no período homólogo do ano passado. A maioria dos casos (5.190) foram detec-tados na cidade de Cantão (capital de província), onde se registaram as duas mor-tes, mas cuja data do óbito não foi indicada.

Os Serviços de Saúde dão ainda conta de 118 casos na cidade de Zhongshan

e 40 em Zhuhai, cidade chinesa que faz fronteira com Macau. A situação na província vizinha de Macau é considerada grave, com “grande risco” para a região administrativa especial. Também Taiwan enfrenta um surto de dengue, com 2.589 casos confirmados em Kaohsiung, cinco dos quais resultaram em morte.

BC Desaceleração económica pode levar à troca de líder

O líder chinês Xi Jinping está a considerar substituir o presi-

dente do banco central do país, Zhou Xiaochuan, como parte de uma ampla dança de cadeiras no decurso de uma batalha interna sobre as reformas económicas.

As discussões sobre a saída de Zhou — no cargo desde 2002 e considerado responsável pela ima-gem da economia chinesa para os mercados globais — ocorrem como uma tentativa de Xi, já há dois anos no poder, de colocar mais aliados nas posições principais do governo, do Exército e do Partido Comunista, disseram autoridades do partido a par da situação.

A mudança na equipa deve ocorrer na grande reunião do partido em Outu-bro, dizem as autoridades, ressaltando que uma decisão final sobre Zhou não foi ainda tomada.

Ao longo dos últimos meses, Zhou continuou a pressionar pela instauração de mudanças no merca-do, incluindo uma liberalização dos juros. A liderança chinesa, por sua vez, ficou preocupada com o risco de que as reformas coloquem agora mais pressão sobre uma economia que tem tido dificuldades em cumprir a meta do governo de um crescimento anual de 7,5%.

PEQUIM PM ESPANHOL REÚNE COM LI KEQIANG

O poder das reformas

SONDA ESPACIAL INDIANA TRANSMITE FOTOS DE MARTE

O planeta vermelho

Guangdong Febre Dengue mata duas pessoas

entrou na órbita de Marte, na quarta-feira, e tudo está a funcionar bem.

“A câmara colorida colocada a bordo começou a trabalhar pouco depois da estabilização na órbita elíptica de Marte e fez uma dezena de fotos da sua superfície e arredores”, declarou Rao à agência francesa AFP.

“A câmara vai também fazer fotos das duas luas de Marte e irá enviá-las para

o nosso centro espacial”, acrescentou, referindo-se à base da missão instalada per-to da cidade de Bangalore.

DEZ MESES DE VIAGEMA sonda indiana, também chamada de Mangalyaan, entrou em órbita depois de uma viagem de 10 meses.

Com um orçamento de 74 milhões de dólares, a missão indiana só custou uma fracção do investido na sonda MAVEN, da agência espacial norte-americana (NASA), colocada na órbi-ta de Marte com sucesso no domingo e que custou 671 milhões de dólares.

A sonda indiana está equipada com sensores para medir a presença de metano na atmosfera de Marte, o que validaria a hipótese de uma forma de vida primitiva no planeta.

recebido pelo primeiro-ministro chinês às portas do Grande Pa-lácio, situado na praça de Praça da Paz Celestial.

PRAÇA À ESPANHOLAA maior praça do mundo foi enfeitada para a ocasião com ban-deiras espanholas que se soma-ram às vermelhas que ondeiam habitualmente no local, situado em frente à Cidade Proibida e à grande imagem de Mao Tsé-tung colocada sobre uma das portas.

No interior do Palácio, o primeiro-ministro chinês deu as boas-vindas ao seu convidado e considerou que a visita é uma de-monstração da confiança mútua

entre os dois países. Li assegurou que a China está disposta a con-tinuar a aumentar a cooperação com Espanha e destacou que a troca comercial tem aumentado nos últimos anos, apesar da lenta recuperação internacional.

ACORDOS QUE VALEM MILHÕESApós destacar que por ocasião da visita de Rajoy vão ser assinados acordos entre os dois países no valor de 3,150 mil milhões de euros, agradeceu que a Espanha vá agilizar a tramitação dos vistos para os cidadãos chineses que viajarem ao país.

Li destacou que a Espanha é ‘um país de peso’ na Europa e que

a China está disposta a aproveitar as crescentes relações bilaterais para consolidar e aumentar tam-bém as suas relações com a UE.

De seguida, Rajoy ressaltou igualmente as boas relações existentes entre os dois países e assinalou que o crescimento económico da China provoca uma ‘inveja saudável’.

O crescimento económico da China provoca uma ‘inveja saudável’MARIANO RAJOY PM espanhol

Rajoy aproveitou para desta-car o momento de recuperação económica que se vive em Es-panha e cujo mérito atribuiu às reformas estruturais que foram sendo aprovadas.

O líder do Governo espanhol lembrou que a Europa passou por momentos económicos difíceis que começam a ser superados e que a Espanha, após ‘um momento de extrema complexidade’, é o país que mais cresceu de toda a zona do euro no segundo trimestre do ano.

O chefe do Executivo res-saltou que uma das razões pelas quais realizou sua viagem à China é para continuar a aumentando a relação bilateral.

REGIÃO

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hoje macau sexta-feira 26.9.2014

Thomas Lim*

OS SEGREDOS DE UM ACTORCapítulo XIII: Estratégias para novos mercados

*actor e realizador

Se ambiciona encontrar trabalho suficiente para ter uma carreira de actor, tente encontrar um mercado suficientemente grande e mantenha-se atento às tendências. Se for necessário emigrar, procure fazê-lo o mais rapidamente possível

F ALANDO a partir da minha ex-periência pessoal, acredito que se o mercado de trabalho em que está inserido não satisfizer

as suas ambições, o melhor será mudar--se para outro sítio. Diz-se que somos a média das cinco pessoas com quem mais tempo passamos e um produto daquilo que nos rodeia. Toda a gente sabe que é mais fácil ter sucesso se nos rodearmos com pessoas que já o tenham atingido. No meu caso específico, tive de deixar Singapura para perseguir a minha car-reira como actor quando percebi que o mercado local era pequeno demais para os meus sonhos. Ambicionava voar o mais alto possível, por isso decidi que precisava de uma outra plataforma para concretizar os meus desejos, ou posso até dizer, o meu destino. Assim vi-me obrigado a percorrer o mundo inteiro, e isso resultou no estabelecimento do meu nome e carreira num circuito in-ternacional que engloba locais como a China, Hong Hong, Macau, Singapura e os Estados Unidos da América.

Independentemente do que achar das suas próprias qualidades como ac-tor, o seu sucesso ou fracasso depende da imagem que a indústria tem de si. E o seu valor como actor depende da relação entre os talentos que detém e aquilo que o mercado procura. E aqui não me refiro apenas às técnicas de re-presentação. É preciso ter também em conta a etnicidade do actor, as línguas que domina e ainda qualquer outro talento extra, como tocar um instru-mento ou dominar uma dança ou arte marcial. Posto de uma maneira simples, a verdade é que se as personagens cria-das não necessitarem de talentos espe-ciais como os seus, não vai conseguir arranjar muito trabalho.

É por isso que mais de metade (alguns dizem até 90%) da carreira de um actor é composta por elementos que este não consegue controlar. É muito difícil mudar, por exemplo, a cor da pele ou o forma-to dos olhos. Estes factores acabam por ser determinantes, pois nesta indústria a

aparência de um actor determina o tipo de trabalhos que este consegue arranjar, especialmente para os personagens prin-cipais, que têm de obedecer a certas re-gras. É muito raro encontrar actores asiá-ticos nos papéis principais de filmes de Holywood, ou então actores estrangeiros nos mesmos papéis em produções chine-sas, pois a sua aparência é muito diferente da maioria da população. Da mesma for-ma, não conto ver um actor asiático no papel de Romeu se a produção for feita em Hollywood, pois as audiências ame-ricanas não conseguem imaginar Romeu como uma personagem asiática. Pode ser que isto venha a mudar no futuro, da mesma maneira como sucedeu com os ac-tores negros, mas vai demorar muito tem-po. Na maior parte dos casos, os actores que pertencem a minorias acabam por ser relegados para papéis que obedecem a certos estereótipos. Costuma-se dizer, como uma piada, que todos os actores asiáticos nos EUA acabam por represen-tar mafiosos ou proxenetas, enquanto que as mulheres acabam por personificar prostitutas. Relativamente aos mercados asiáticos, o mais normal é ver os actores estrangeiros a interpretar o papel do es-trangeiro ignorante às normas culturais da Ásia, ou então sobra o papel do empresá-rio severo e obstinado.

Porém, estes estereótipos podem ser vantajosos. Há muitos actores estrangei-ros que começaram a sua carreira como corruptos capitães da polícia em filmes de Hong Kong, da mesma forma que mui-tos actores asiáticos acabam por aparecer em produções estrangeiras em papéis que exploram exactamente estas concepções. Estes actores acabam por conseguir mais trabalhos pois exploram aquelas qualida-des que os fazem especiais, ou parte de

um grupo específico e reduzido, especial-mente por causa da cor da pele. Mas ao mesmo tempo, também é verdade que fi-cam limitados a papéis secundários, e isto pode não ser sequer suficiente para cobrir a sua sobrevivência diária.

Para aqueles que vivem em Macau, há sempre a possibilidade de se muda-rem para Hong Kong ou para a China, de maneira a explorar um novo merca-do de trabalho. Nestes casos, o mercado chinês é obviamente maior, mas aí toda a gente usa o mandarim. Se um actor não tiver feições asiáticas, até pode ob-ter papéis secundários com um domínio básico desta língua. Mas para alguém que possa passar por chinês, é requeri-da uma mestria muito superior do man-darim. Na minha opinião, isto é muito difícil a não ser que parte da juventude desta pessoa tenha sido passada na Chi-na, ou então que alguém da sua família seja daí originário. Se este não for o caso, o indivíduo em questão vai ter de investir muito tempo até conseguir falar mandarim como uma língua materna. Até aqueles que aparentam dominar esta língua em sítios como Macau, Hong Kong ou Singapura, rapidamente per-cebem que isto não é suficiente quando comparado com pessoas do continente. É verdade que há actores de Hong Kong que conseguiram entrar nesse mercado mesmo não falando como os locais, mas é necessário relembrar que estas pessoas já antes eram famosas. É necessário mui-to trabalho para conseguir dominar um dialecto estrangeiro de maneira a poder representar nessa língua, mas isso não quer dizer que a tarefa é impossível. Eu próprio conheço estrangeiros que

vivem em Pequim e dominam a língua tão bem como os locais, por isso você também pode conseguir o mesmo.

Mas dominar um idioma novo pode demorar uma vida inteira, e enquanto isso é feito um actor não se pode esquecer de ir aprendendo outros talentos de modo a tornar-se mais valioso no mercado de trabalho. É por isso necessário aprender aquelas capacidades específicas que es-tão a ser procuradas, em vez de investir o tempo numa conquista pessoal. Para dar um exemplo, vale mais a pena apostar nas artes marciais do que em truques de magia, pois estas são muito procuradas pela indústria cinematográfica, nem que seja para trabalho como duplo. A magia pode impressionar durante o casting, mas é muito difícil de adaptar ao ecrã.

Para concluir, se ambiciona encontrar trabalho suficiente para ter uma carreira de actor, tente encontrar um mercado suficientemente grande e mantenha-se atento às tendências. Se for necessário emigrar, procure fazê-lo o mais rapida-mente possível, de maneira a ter tempo de perceber se o novo local de trabalho pode satisfazer as suas exigências. Se op-tar por fazer isto, tente conhecer e co-municar com o maior número de pessoas possível, de modo a perceber as especi-ficidades locais. Se se aperceber que vai ter de aprender novas técnicas, dedique--se a isso o mais depressa possível. Para um actor, todos os desafios acabam por enriquecer o seu desempenho, da mesma forma que todas as novas capacidades que adquirir acabam por ajudar a desen-volver a sua carreira.

PARA UM ACTOR, TODAS OS DESAFIOS ACABAM POR ENRIQUECER O SEU DESEMPENHO, DA MESMA FORMA QUE TODOS AS NOVAS CAPACIDADES QUE ADQUIRIR ACABAM POR AJUDAR A DESENVOLVER ASUA CARREIRA

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hoje macau sexta-feira 26.9.2014

José simões morais

“P OR mais que se saiba, deve-mos permanecer modestos pois nunca sabemos tudo.” Ditado chinês que se en-

quadra perfeitamente com a história aqui narrada e que foi escrita durante a dinastia Ming por FengMengLong (冯梦龙). Não está ela ligada à reali-dade histórica que ocorreu durante a dinastia Song do Norte (960-1127) mas, reflecte simbolicamente o confli-to entre os partidários da Reforma de Wang Anshi e os do antigo sistema, ao qual Su Shi pertencia. Para melhor se perceber o seu sentido, convêm situar historicamente esse período e as per-sonagens que nela intervêm.

Wang Anshi (1021-1086), com o nome de cortesia Jiefu e literário Banshan, nasceu no ano de 1021 em Linchuan, província de Jiangsu. Foi poeta, pensador e político e em 1042, passando os exames, tornou-se Jinshi. Escreveu ao quarto imperador Song, Ren Zong (Zhao Zhen, 1022-1063), um memorando com dez mil carac-teres referindo-se à necessidade de reformas no sistema e nas leis, mas tal ficou esquecido. É apenas com o imperador Shen Zong (1067-1085), que finalmente tem hipóteses como primeiro-ministro de fazer as reformas por ele almejadas. Estas, de tão impo-pulares que eram, forçaram-no a resig-nar ao lugar de primeiro-ministro em 1074. Voltou de novo como gover-nador para Jiangning, hoje Nanjing, onde já tivera tal cargo. Em 1075, é de novo chamado à capital Bianliang, o nome que nessa época tinha Kai-feng, para voltar a exercer o cargo de primeiro-ministro, mas com poderes mais reduzidos.

Um movimento anti-reformas lide-rado entre 1069 e 1085 pelo poeta e estadista Sima Guang (1019-1086) sur-giu muito forte e questionou se serão as leis que estão mal feitas, ou os aplica-dores que não as aplicam bem, pois já não as entendem?!

Contra as reformas de Wang Anshi encontrava-se também Su Shi (1036-1101), mais conhecido por Su Dong-po e que tinha como nome de cortesia Zi Zhan e literário de Dongpo Jushi. Nascera em Meishan, na província de Sichuan, em 19 de Dezembro de

A SOBERBA DO TALENTOSO

SU DONGPO

1036, referindo outras fontes a data de 8 ou 18 de Janeiro de 1037 e para além de Oficial Civil, foi escritor, calígrafo, pintor, músico e cozinheiro. A história

que antecedeu o nascimento de Su Shi está relatada no poema Zhang Xian Zan (Elogio ao Imortal Zhang) escrito pelo próprio pai, Su Xun, também um

prestigiado literato que, tal como os seus dois filhos, integrou o grupo dos Oito Grandes Estudiosos da dinastia Tang e Song (Tang Song Ba Da Jia).

Su Shi nasceu após o pai, Su Xun, ter sonhado certa noite com o Imortal Zhang, que lhe oferecia dois filhos. Ao acordar, logo se dirigiu ao templo onde comprou a imagem de Wen Chang (Deus dos Letrados e da Literatura) e a quem devotou diariamente as suas orações, pois tivera um primeiro filho, que morrera logo à nascença e contava apenas como descendência uma filha. Escutadas as preces, nasceu Su Shi e mais tarde, Su Che.

Su Shi, aos dezanove anos, tinha já o título gongshi, pois ficou aprovado nos exames de Terceiro Grau Literá-rio (huishi), correspondente ao nosso doutoramento e assim pôde ir ao Palá-cio Imperial fazer o último exame, que dava acesso directo às altas posições imperiais, ficando em 1057 com o títu-lo de Jinshi.

Em 1065, Su Shi foi trabalhar para a Biblioteca do Palácio na capi-tal Bianliang, onde esteve até Abril de 1066, altura em que se viu obri-gado a regressar a Meishan devido à morte do pai. Chegou de novo à capital em 1069 e aí ficou até 1070; período em que escreveu cartas ao Imperador Shen Zong dizendo que a nova política de reformas de Wang Anshi não era boa. Em Novembro de 1071, o Imperador colocou-o como Governador de Hangzhou, lugar que ocupava quando foi pela primei-ra vez banido da política. Depois, entre Setembro de 1074 e Abril de 1077, voltou ao cargo de governa-dor, agora em Mizhou (Zhucheng), na província de Shandong e daí até Março de 1079 em Xuzhou, actual província de Jiangsu, na altura per-tencente a Shandong. Em Março de 1079 foi governador em Huzhou, onde apenas ficou três meses pois caiu em desgraça aos olhos do im-perador, que o colocou na prisão. Wang Anshi intercedeu por ele, sen-do em 29 Novembro de 1079 liberta-do e colocado num posto menor em Huangzhou, na província de Hubei, entre 1080 e 1086.

Esta a História resumida, que deu

“POR MAIS QUE SE SAIBA, DEVEMOS PERMANECER MODESTOSPOIS NUNCA SABEMOS TUDO”

DITADO CHINÊS

14 h

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15 artes, letras e ideiashoje macau sexta-feira 26.9.2014

origem ao conto escrito durante a di-nastia Ming por FengMengLong (冯梦龙).

O VENTO DE OUTONO FEZ CAIRAS PÉTALAS DOS CRISÂNTEMOS

Su Shi era ainda jovem quando na capi-tal Kaifeng ficou a trabalhar sob as or-dens do primeiro-ministro Wang Anshi que, devido à sua grande inteligência, gostava muito dele. Mas Su era mui-to orgulhoso e gostava de se mostrar, considerando os outros inferiores, em inteligência e conhecimento.

Wang Anshi, sabendo da falta de modéstia de Su Shi, resolveu mandá-

EM MARÇO DE 1079 FOI GOVERNADOR EM HUZHOU, ONDE APENAS FICOU TRÊS MESES POIS CAIU EM DESGRAÇA AOS OLHOSDO IMPERADOR, QUE O COLOCOUNA PRISÃO

-lo para Huzhou como governador por três anos. Após este período, Su regres-sou à capital e foi visitar o primeiro-mi-nistro Wang Anshi. Ao chegar à casa do primeiro-ministro foi informado estar Wang a dormir. O secretário de recepção não o mandou entrar para a sala reservada, nem lhe ofereceu chá, pois desconhecia quem era Su Shi, dei-xando-o à espera no corredor.

Tratado com menor deferência do que a devida à sua posição, encontrava--se Su a reflectir sobre se devia retirar quando viu passar ao fundo do corredor um jovem a quem reconheceu. Não se lembrando quem seria, perguntou ao empregado e este respondeu-lhe ser o ministro supervisor. Foi então que se lembrou ser aquele vulto, há três anos, o rapaz encarregado de limpar os livros da biblioteca.

Su Shi chamou-o e quando ele o viu, logo se lhe dirigiu e ao aproximar--se ia colocar-se de joelhos quando Su, sabendo já da posição, não lhe permi-tiu tal. Lembrava-se de Su Dongpo pois

este tratava-o bem e muitas vezes lhe oferecera leques com os seus poemas e pinturas. Convidou-o para entrar para os aposentos de recepção às altas indivi-dualidades do palácio mas, como preci-sava de ir buscar os medicamentos para Wang Anshi, pediu-lhe para ali esperar.

Nos aposentos de trabalho do primei-ro-ministro, Su começou a dar uma vista de olhos ao local e foi quando vislumbrou sobre uma mesa um papel com um poe-ma ainda por terminar. Lembrando-se da qualidade de Wang em escrever de segui-da grande quantidade de poemas e ainda relatórios, Su pensou estar o primeiro--ministro a perder qualidades, pois tinha deixado aquele por terminar.

Então Su começou a lê-lo: “Ontem à noite o vento de Outono atravessou o jardim e fez cair as pétalas dos crisân-temos, cobrindo todo o chão de ouro.”

Logo o pensamento de Su viu na-quele inacabado poema em estilo shi, que deveria ter quatro versos cada um com sete caracteres, imensos erros pois, esta flor só abre nos finais do Outono e as pétalas, mesmo no Inverno, nunca caem, podendo apenas ficar a flor seca. Su imediatamente olhando para as duas linhas do poema, inconscientemente resolveu terminá-lo. Assim, continuan-do o poema de Wang, escreveu: “As

SU SHI NASCEU APÓS O PAI, SU XUN, TER SONHADO CERTA NOITE COM O IMORTAL ZHANG, QUE LHE OFERECIA DOIS FILHOS

AOS DEZANOVE ANOS, TINHA JÁ O TÍTULO GONGSHI, POIS FICOU APROVADO NOS EXAMES DE TERCEIRO GRAU LITERÁRIO (HUISHI), CORRESPONDENTE AO NOSSO DOUTORAMENTO E ASSIM PÔDE IR AO PALÁCIO IMPERIAL FAZER O ÚLTIMO EXAME, QUE DAVA ACESSO DIRECTO ÀS ALTAS POSIÇÕES IMPERIAIS, FICANDO EM 1057 COM O TÍTULO DE JINSHI

flores de Outono não caem tão facil-mente como as da Primavera, por favor pense com cuidado.”

Arrependido com o impulso de ter escrito no papel do grande mestre e ainda por cima, durante a sua primei-ra visita ao fim de três anos, sem poder emendar o erro resolveu ir embora.

Wang Anshi após acordar foi para a biblioteca, o seu estúdio de trabalho, quando reparou na folha escrita e reco-nheceu a caligrafia. Mesmo assim ques-tionou o seu secretário sobre quem ali estivera. Ao ouvir confirmado o nome de Su Shi, deixou sair um pequeno de-sabafo de não terem chegado três anos para Su aprender a ser modesto.

No dia seguinte, Wang foi visitar o Imperador e disse-lhe precisar Su Shi de praticar mais para conseguir ser um bom governador e assim, escolheu um local mais pequeno para o colocar, fi-cando com uma posição muito mais baixa. Desta vez foi destacado para Huangzhou, na província de Hubei.

Su Shi logo percebeu estar a ser pu-nido por ter escrito aquelas verdades no poema do primeiro-ministro. Com um sentimento de superioridade, disse para si não se importar pois, sabia ser aquela colocação apenas o de uma pu-nição injusta.

Wang convidou-o para o almoço antes de ele partir para o novo local de trabalho.

Durante o almoço, Wang referiu ser Huangzhou um lugar relaxante e por isso poderia ler mais livros. Su Shi ficou interiormente zangado pois tinha sido um dos melhores nos exames imperiais de Keju e ouvir que teria de estudar mais, era uma provocação.

Chegou a Huangzhou em Novem-bro de 1079. Aí, o tempo foi passando rapidamente entre convívios com pes-soas que o estimavam muito e grandes patuscadas, sendo ele um grande cozi-nheiro. Foi aqui que Su Shi inventou o famoso prato de carne de porco, que fi-cou conhecido por Carne de Dongpo.

Após uma série de dias de vento for-te, que não lhe permitiram sair de casa, no dia seguinte à Festividade Chon-gYang (Duplo 9), foi visitado por um amigo. Su Shi lembrou-se que no dia da sua chegada a Huangzhou tinha re-cebido um crisântemo e por isso, sendo esta a melhor altura para observar essa flor, convidou o seu amigo para visitar um jardim de crisântemos.

Ao chegar ao jardim, Su Shi apa-nhou um choque pois viu as pétalas amarelas das flores espalhadas pelo chão, cobrindo-o como que de ouro. Só então reconheceu ter cometido um grande erro e compreendeu a razão de Wang Anshi o ter para aí enviado.FengMengLong

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16 DESPORTO hoje macau sexta-feira 26.9.2014

SÉRGIO [email protected]

O 48° Grande Prémio de Motos de Ma-cau, cujas inscrições encerraram a 12 de

Setembro, vai novamente reunir na RAEM a nata do motociclismo de estrada. Apesar da lista de inscritos da prova não ser ainda do conheci-mento público, já é sabido, através do que vai sendo publicado pela imprensa estrangeira especializa-da, que o recordista de vitórias na prova, Michael Rutter, o vencedor surpresa da edição de passada, Ian Hutchinson, e também três vezes vencedor da corrida, Stuart Easton, irão estar presentes no território em meados de Novembro.

‘Hutchy’, que o ano passado triunfou entre nós após 18 meses a recuperar de uma lesão, irá trocar a Yamaha que o ajudou a ganhar por uma Kawazaki, após ter assinado contrato no início do mês com a Paul Bird Motorsport para 2015. Antes

O vencedor da corrida de 12 voltasao Circuito da Guia este ano levará para casa32 mil dólares de Hong Kong e a melhor equipa 22 mil

RUTTER, HUTCHINSON E EASTON SÃO ESPERADOS NO GP MACAU DE MOTOS

Nata do motociclismo reúne em Novembro

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de Macau, o motociclista de 35 anos competirá no campeonato inglês de Superstock 1000, aos comandos de uma Kawasaki Ninja ZX-10R, em Silverstone e Brands Hatch no mês de Outubro. Stuart Easton, que destronou o domínio de Rutter em Macau, e venceu a corrida de 2008 a 2010, será o seu companheiro de equipa e irá tripular a segunda competitiva mota da equipa de Paul Bird. O escocês, que esteve ausente da prova nos últimos três anos, não comentou ainda publicamente o seu regresso à prova rainha de motociclismo do sudeste asiático.

Por seu lado, Rutter irá de-fender as cores da Milwaukee Yamaha Team, equipa que serviu precisamente Hutchinson no seu inesperado triunfo o ano passado, e terá na duas motas de Paul Bird os principais opositores. Rutter representou a equipa SMT nos últimos dois anos e estava previsto que o voltasse a fazer este ano, mas a saída de Hutchinson da

equipa abriu as portas para uma transferência acordada pelos dois chefe de equipa. Rutter irá correr numa Yamaha YZF-R1 naquela

que poderá ser a última aparição da equipa de Guisborough em provas de estrada, após ter obtido um contrato aliciante para alinhar

no popular Campeonato Britânico de Superbikes em 2015.

O inglês, que é um dos pilotos no activo com mais corridas de Superbike efectuadas, irá tentar vencer o Grande Prémio de Motos de Macau pela nona vez. Simon Andrews, John McGuiness, Mar-tin Jessopp, Dan Kneen, Peter Hickman, Danny Webb, Allan-Jon Venter e os portugueses André Pires e Nuno Caetano são outros nomes que estarão certamente à partida na tarde de 15 de No-vembro. A lista de inscritos da prova será revelada na habitual conferência de imprensa do mês de Outubro, mas nesta não deverá constar com qualquer nome da RAEM ou da região vizinha de Hong Kong, a exemplo do que aconteceu o ano transacto.

O vencedor da corrida de 12 voltas ao Circuito da Guia este ano levará para casa 32 mil dólares de Hong Kong e a melhor equipa 22 mil. O Grande Prémio de Macau de 2014 vai realizar-se entre 13 e 16 de Novembro.

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TEMPO POUCO NUBLADO MIN 25 MAX 31 HUM 65-90% • EURO 10.1 BAHT 0.2 YUAN 1.3

ACONTECEU HOJE 26 DE SETEMBRO

Pu Yi

LÍNGUADE gATO

hoje macau sexta-feira 26.9.2014 (F)UTILIDADES 17

João Corvo fonte da inveja

É mais fácil encontrar uma tartaruga rara, do que uma alma inteira.

Entra em órbita o PoSAT-1,o primeiro satélite português• A 26 de Setembro de 1993, o PoSAT-1, o primeiro satélite português foi lançado para o espaço no voo 59 do foguetão Ariane 4, entrando em órbita às 2h45, hora de Lisboa. Hoje, recorda-se também o físico português Fernando Carvalho Rodrigues.O lançamento foi realizado no Centro Espacial de Kourou, na Guiana Francesa. E exactamente 20 minutos e 35 segundos depois do lançamento, a 807 quilómetros de altitude, o PoSAT-1 separa-se com sucesso do foguetão.O PoSAT-1 pertence à classe dos micro-satélites, que têm entre 10 e 100 quilómetros, e pesa cerca de 50 quilogramas. Resulta de um projecto desenvolvido por um consórcio de universidades e empresas portuguesas, construído na Universidade de Surrey, em Inglaterra.Custou cerca de cinco milhões de euros, comparticipados pelo Programa Específico de Desenvolvimento da Indústria Portuguesa e por empresas portuguesas envolvidas no consórcio PoSAT: Ineti, Efacec, Alcatel, Marconi, OGMA, IST, UBI e Cedintec.O responsável máximo pelo projecto foi Fernando Carvalho Ro-drigues, físico português que, devido ao seu envolvimento no projecto, é apelidado de “pai” do primeiro satélite português.A morte física do PoSAT-1 deverá ocorrer em 2043. No ano de 2006, o PoSAT-1 deixou de comunicar com o Centro de Satélites de Sintra, sendo que neste momento se encontra à deriva numa órbita descendente, até se desintegrar na atmosfera terrestre.Outros factos históricos se assinalam neste dia. Em 1969, os Beatles lançam o álbum Abbey Road. E em 1994, tem início o julgamento do ex-jogador de futebol americano actor O.J. Simpson, acusado da morte da ex-mulher, Nicole Brown, e de um amigo, Ronald Goldman. Simpson viria a ser absolvido.

Semana forteE Setembro já está a terminar. Às vezes ponho-me a pensar e percebo que o tempo passa mesmo muito rápido. Envolvidos pelas nossas questões diárias, os dias vão passando à velocidade da luz. Ainda ontem era Julho e já estamos a entrar em Outubro. E mal penso na primeira semana do próximo mês fico logo de pêlo em pé. Macau irá receber a visita de milhares de turistas, as ruas vão ficar inundadas de gente. Os carros vão buzinar cada vez mais, os polícias apitar mais alto. Só de pensar nisso, só me apetece ir para a minha alcofa, adormecer e só acordar quando a semana terminar. Os chineses têm esta particularidade, movem-se em massas, nunca estão sozinhos. Já viram algum chinês a viajar sozinho? Eu não, nunca. E dos muitos turistas que vou conhecendo, nunca estão sozinhos. Entre família e amigos eles lá vão, seguindo as bandeirinhas erguidas pelos guias, ouvindo as explicações e mitos que lhes contam. Os ocidentais já não são assim, pelo menos pelo que ouço aqui pela redacção. Das viagens que se contam nestas salas, muitas foram partilhadas por duas pessoas - no máximo três. Eu mesmo, se não ficar na minha caminha, vou aproveitar para sair de Macau, conhecer umas gatinhas e apanhar sol por outras bandas. Aconselho aos que podem a fazer o mesmo... aos que não podem: não se deixem mergulhar no mar de gente que aí vem.

C I N E M ACineteatro

SALA 1THE MAZE RUNNER [B]Um filme de: Wes BallCom: Dylan O’Brien, Kaya Scodelario14.00, 17.45, 19.45, 21.45

THE BOXTROLLS [A]FALADO EM CANTONÊSUm filme de: Graham Annable, Anthony Stacchi16.00

SALA 2THE EQUALIZER [C]Um filme de: Antoine Fuqua

Com: Denzel Washington, Cloe Grace Moretz, Melissa Leo14.30, 16.45, 19.15, 21.30

SALA 3A WALK AMONGTHE TOMBSTONES [C]Um filme de: Scott FrankCom: Liam Neeson14.00, 16.00, 18.00, 21.45

THE BOXTROLLS [A]FALADO EM CANTONÊSUm filme de: Graham Annable, Anthony Stacchi20.00

THE BOXTROLLS

“BUT ALWAYS”(SNOW ZOU, 2014)

Um filme que conta uma história de amor de uma vida entre dois jo-vens, desde 1972 a 2001. Zhao Yongyuan (Nicholas Tse) e An Ran (Gao Yuanyuan) são colegas da escola primária em Pequim, até que Zhao é levado pelo seu tio para Cantão. Mais de dez anos depois, os dois encontram-se numa universidade de Pequim e apaixonam-se pela primeira vez. Porém, o destino dos dois jovens leva a que os dois se separem novamente. An Ran vai para os Estados Unidos tirar o curso de medicina. Muitos anos depois, os dois encontram-se em Nova Iorque. Mas também desta vez, mesmo querendo ficar juntos, acontece a tragédia do 11 de Setembro: Zhao deixa An. Será que desta é para sempre? - Cecília Lin

H O J E H Á F I L M E

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HOJE

MAC

AU

18 PERFIL hoje macau sexta-feira 26.9.2014

CHEANG CHI MENG, O PRIMEIRO RESIDENTE DE MACAU A CHEGAR AOS HIMALAIAS

“DEVEMOS EXPRESSAR OS NOSSOS SONHOS”

FLORA [email protected]

“J Á subi quatro vezes aos Himalaias e tenho o sonho de chegar ainda mais alto, ao cume do monte Everest.”

É desta forma que o nosso entrevistado, Cheang Chi Meng, nos começa por contar a sua história.

Professor de Educação Física de uma escola primária e treinador de duas escolas secundárias públicas, Cheang assegura--nos que gosta de fazer desporto ao ar livre desde que andava no sétimo ano. Foi nadador e, com apenas 18 anos, foi praticante de canoagem a representar a equipa de Macau.

Nem o aspecto diferente que tinha na infância o fez desistir. É que, agora, Cheang Chi Meng pode ser um atleta, mas quando era pequeno “tinha 160 kg”.

“Fui sempre maltratado [na escola]. Lembro-me que, uma vez, fui assaltado por um grupo de estudantes maiores do que eu, que me bateram e ameaçaram para lhes dar dinheiro. Mas, na mão, só tinha 20 patacas e eles insultaram-me. Desde então, disse a mim próprio que não devia ser assim, que tinha de ser forte. Comecei a fazer vários tipos de desporto e mantive treinos perma-nentes. Emagreci”, explica-nos.

Além da perda de peso, havia, no entanto, um outro objectivo que Cheang Chi Meng mantinha e que determinou querer atingir, ainda na adolescência: ser o primeiro de Macau a subir aos Himalaias.

Os sonhos, às vezes, tornam-se realidade e, aqui, isso aconteceu. A primeira vez que chegou aos Himalaias foi em 2011. Depois disso, e novamente no local, Cheang foi o primeiro a chegar ao monte Lobuche, que tem 4,940 metros de altitude.

Ao HM, Cheang conta que o seu sonho de subir aos Himalaias começou na escola secundária. “Pessoas de Macau são ‘íntimas’, preocupam-se com o que os outros dizem. Eu também era assim. Quando um professor da minha escola me falou dos Himalaias, disse a mim mesmo que um dia havia de chegar lá, mas não tive coragem de o dizer aos outros. Aos que contei, deram-me muitas opiniões negativas e, ao meu redor, amigos e colegas disseram que era perigoso, que era impossível, que era fácil magoar-me ou ficar doente e até um bom amigo meu me tentou encorajar a não fazer essa viagem.”

Mas Cheang Chi Meng estava determi-nado: embora vozes se levantassem contra o sonho, a ideia da viagem nunca lhe saiu da cabeça. “Uma vez fui a Taiwan e encontrei um treinador antigo meu. Depois de lhe con-tar o meu plano, perguntou-me se eu era um

herói ou um concretizador de sonhos. Essa frase fez-me reconhecer o que eu queria e qual o valor do que quero.”

E as coisas tornaram-se mais fáceis quando, felizmente, Cheang conseguiu en-contrar uma parceira, com o mesmo sonho. Nga Ham seria a melhor parceira de Cheang para fazer um montanhismo, até porque já foi aos Himalaias sete vezes.

“Percebi depois que devemos expressar os nossos sonhos e, se calhar, partilhamos o nosso sonho com uma pessoa, que nos diz que somos malucos. Com uma segunda, que nos diz que somos doentes... Mas, se continuar-mos a expressar o nosso sonho, finalmente temos a sorte de conseguir realizar o sonho, porque há quem concorde connosco.”

Cheang e Nga têm, agora, um sonho único: querem estabelecer uma meta ainda mais longe, que os vai levar todos os Verões

durante cinco anos a todos os montes que fazem parte dos Himalaias. E, em 2017, chegar ao Monte Everest, o mais alto monte do mundo.

Além do montanhismo, e porque de so-nhos se faz a vida, Cheang Chi Meng partilha ainda outras actividades com Nga Ham. Os dois criaram a Associação dos Sonhos da Juventude, que oferece actividades para jovens, como passeios. E, o mais importante, ajuda-os a acreditar nos sonhos.

“No início, eles diziam que tinham medo de realizar um sonho. ‘Será que a sociedade aceitaria?’, questionavam. ‘E os pais apoiam?’ ‘Quais habilidades têm?’ Acho que os jovens têm sonhos, mas não têm coragem suficiente para os expressar. Então, servimos de guias, acompanhando--os a crescer, ensinando-os a lutar pelos seus sonhos.

Criada há dois anos, a associação já tem 40 sonhadores com idades entre os 14 e os 30 anos.

“Quando acabei a segunda viagem aos Himalaias tive uma ideia: além de realizar os meus próprios sonhos, decidi ajudar os outros a realizar os seus, deixando os jovens perceber que podem atingir os seus objectivos. Ajudamo-los a perceber como os conseguir, como estabelecer uma meta e como atingi-la.”

Quando um professor da minha escola me falou dos Himalaias, disse a mim mesmo que um dia havia de chegar lá

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hoje macau sexta-feira 26.9.2014

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19OPINIÃO

Um dia destes

N ÃO espanta que estas coi-sas aconteçam. É típico de sociedades em que os líderes não percebem o que significa a governação, uma invenção muito antiga que resulta na organização de pessoas e bens, e na de-legação de competências a alguém para que as pessoas

se possam entender e os bens possam ser geridos. Como em Macau há uma óbvia dificuldade em fazer com que as pessoas se percebam e um problema ainda maior na ges-tão dos bens, as coisas acontecem assim. Às vezes acontecem bem; outras nem por isso.

Quando os governos falham, as pessoas reagem. Noutros tempos, nos tempos da invenção dos governos, a reacção ao que estava a ser mal feito fazia-se à batatada. Porque os homens não evoluem, da batatada passou-se às guerras sofisticadas em que os dois lados da barricada nem sequer conhe-cem os rostos das mortes mútuas. Matam-se uns aos outros sem sequer saberem a cor dos olhos de quem morre.

Nós por cá somos mais primários, mais iniciais: ficamo-nos pelo estádio da batatada, aquela fase mais epidérmica, mais quente e, vistas bem as coisas, mais humana. Como não passamos ao lado das novas tecnologias, também vamos exercitando a vocação de justiceiro de forma virtual, a salvo de mazelas e nódoas negras. É todo um conjunto de eu faço-e-aconteço, uma série de promessas de reposição da ordem das coisas. Coisas que, na verdade, nunca estiveram verdadeiramente ordenadas.

As redes sociais vieram ajudar à or-ganização de uma cidade em permanente mudança – mudança de pessoas e mudança de sítios. Há grupos para tudo e mais alguma coisa, numa saudável revelação da imagina-ção local e de entreajuda também. Criou-se um grupo para a venda de bens em segunda mão (viva a reciclagem), na sequência da debandada geral de um grupo de pessoas que cá vivia; criou-se um grupo de pessoas desesperadas à procura de uma casa a preços comportáveis, num sinal muito revelador do estado a que isto chegou; criou-se um grupo que tem como objectivo denunciar os maus taxistas e que rapidamente se transformou numa associação, organizada nos termos em que manda a lei.

Assisti – virtualmente – ao aparecimento deste grupo e fui acompanhando a evolução de um movimento social pouco vulgar em Macau. Não é comum vermos por aí grupos que têm como objectivo denunciar maus professores, maus médicos, maus jornalistas ou maus advogados. Ou maus políticos. A flor de Lótus murchava se aparecesse um

contramãoISABEL [email protected]

Gosto de ver a sociedade a reagir. A sério que gosto. Mas não gosto de homens armados que saem à noite em bandos para proteger a vizinhança dos ladrões. Não espanta que estas coisas aconteçam. O Governo anda há cinco anos em modo loop

grupo com milhares de pessoas a denunciar profissões tidas como mais nobres. Pois que este grupo entretanto transformado em associação denuncia maus taxistas – sendo que, a dada altura do campeonato, alguém teve o cuidado de criar uma lista de bons taxistas para equilibrar as coisas.

Acredito piamente que, na origem de tudo, esteve uma boa intenção: no início, eram desabafos de pessoas cansadas com o facto de não se conseguirem deslocar em Macau, cansadas com as irregularidades praticadas pelos taxistas, cansadas com a inércia das autoridades perante esta força maior e superior de quem detém e conduz veículos de aluguer. Acredito também que, na nova associação, há gente empenhada em contribuir para a resolução de um problema que, nos últimos meses, se tem agravado muito.

Acontece que esta boa intenção rapi-damente evoluiu também para aquilo que pode ser perigoso: a delação e – mais do que a denúncia e a criação de listas negras que tanta confusão nos fazem quando são da autoria de quem manda em nós –, a congeminação de planos para apanhar taxistas prevaricadores, como se coubesse aos cidadãos comuns a função de agente provocador. Eu gosto de ver a sociedade a reagir. A sério que gosto. Mas não gosto de homens armados que saem à noite em

bandos para proteger a vizinhança dos ladrões.

Não espanta que estas coisas aconte-çam. O Governo – sobretudo este Governo de Chui Sai On – anda há cinco anos em modo loop com a diversificação econó-mica, os estudos e as consultas públicas, a harmonia e o centro internacional de turismo e lazer, os festivais de fogo-de-arti-fício e as medidas eternamente provisórias que só funcionam para quem não sai dos gabinetes. Não espanta, por isso, que a sociedade reaja.

Está na hora de o Governo encomendar a uma instituição pública de ensino supe-rior de reconhecido mérito um estudo sobre as novas reacções virtuais dos residentes de Macau. Talvez assim, lá para 2016, quando a ponte de Hong Kong chegar a Macau e o metro já ligar a Taipa de uma ponta a outra, o Executivo perceba que pode ser perigoso, mas muito perigoso, deixar que os residentes cheguem ao estado de cansaço que está aí, e que promete ser cada vez maior.

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cartoonpor Stephff

A PONTE

hoje macau sexta-feira 26.9.2014

TNR perfazem mais de 40% da população activa

MARCO [email protected]

A selecção de hóquei em patins de Macau entrou com o patim direito na 14ª edição do Campeonato Asiático da modalidade, prova que se disputa até ao próximo do-

mingo na cidade continental de Haining. A formação orientada por Alberto Lisboa iniciou a defesa do título conquistado há dois anos em Hefei com um triunfo esclarecedor sobre aquele que seria, à partida e pelo menos a título teórico, o mais exigente adversário do cinco do território.

Frente à vice-campeã Índia, os eneacampeões asiá-ticos não deixaram créditos por mãos alheias, ainda que tenham assinado um início de desafio tremido frente ao colectivo orientado por Harpreet Singh. Frente aos grandes favoritos ao triunfo na competição, o cinco indiano não se atemorizou, inaugurando o marcador no gimnodesportivo de Haining que aco-lhe a competição. A resposta da formação do Lótus dificilmente poderia ser mais esclarecedora, com os pupilos de Alberto Lisboa a golearem o adversário por 12-3. Depois de um início periclitante de partida, a selecção de Macau recuperou a tranquilidade ne-cessária para redireccionar o andamento do marcador de acordo com os seus interesses. Augusto Ramos repôs a igualdade no placard e abriu as portas a uma exibição esclarecedora, que teve em Hélder Ricardo o seu principal artífice e protagonista.

PARA MAIS TARDE RECORDARO avançado, natural de Alcobaça, assinou uma exibição memorável e fez o gosto ao stick por sete ocasiões. Formado no Biblioteca, de Valado de Frades, Hélder Ricardo já se sagrou por várias vezes melhor marcador no âmbito do Campeonato Asiático de Hóquei em Patins e em Haining arrisca-se a repetir a façanha. O dianteiro, que acumula com o estatuto de jogador o

papel de seleccionador de hóquei em linha de Macau, foi o principal motor da revolução operada por Macau no desafio frente à Índia, mas não foi o único a marcar. Para além de Augusto Ramos, Nuno Antunes, Alberto Lisboa e Ricardo Atraca também celebraram golos. Antunes facturou por duas ocasiões e Lisboa – aos 46 anos, o seleccionador do território mostrou que ainda aí está para as curvas e contribuiu com um tento para o sucesso da equipa dentro das quatro linhas –consumou a velha máxima de que quem sabe nunca esquece, antes de Ricardo Atraca encerrar a contagem, ao apontar o décimo segundo e último golo dos campeões asiáticos.

SEGUNDA DOSEO triunfo frente à Índia abriu o apetite ao colectivo orientado por Alberto Lisboa. A selecção de hóquei em patins do território voltou a entrar em campo ao início da noite de ontem, para a segunda ronda da competição, goleando a formação de Taiwan por doze bolas a duas. A exemplo do que sucedeu contra a selecção indiano, a formação do território voltou a oferecer a iniciativa de jogo ao adversário e coube ao cinco formosino inaugurar o marcador. A resposta dos campeões asiáticos de hóquei patinada voltaria, no en-tanto, a afigurar-se irredutora: verdadeira máquina de fazer golos, o grupo de trabalho às ordens de Alberto Lisboa despediu-se da primeira metade do desafio a vencer por seis bolas a duas e na etapa complementar facturou novamente por seis ocasiões. Com quatro golos, o imparável Hélder Ricardo voltou a chamar a si o estatuto de avançado mais eficaz. Ricardo Atraca também esteve em destaque, ao fazer o gosto ao “sti-ck” por três ocasiões, ao passo que Alfredo Almeida e Alberto Lisboa bisaram na partida. Nuno Antunes completa o rol de marcadores no triunfo por fácil de Macau sobre a congénere taiwanesa.

O Japão é o adversário que se segue, numa com-petição que ficou reduzida a quatro após a desistência do Paquistão.

N ÃO existe qualquer perigo na construção do segmen-to do metro ligeiro junto às

bombas de gasolina localizadas na Areia Preta. A garantia foi dada ontem pelo Gabinete de Infra-estruturas de Transportes (GIT), depois de um grupo de vinte moradores da zona ter apresentado uma queixa junto do Comissariado contra a Corrupção (CCAC), por estarem contra o parecer favorável do Corpo de Bombeiros.

No comunicado ontem emi-tido, o GIT evoca o regulamento administrativo em vigor desde 2002 que determina a “distância de segurança das instalações de bomba de gasolina”, em relação a edifícios que recebam público. Contudo, o GIT considera que “os comboios e os passageiros não vão permanecer nem reunir-se por um período longo no viaduto do metro ligeiro, pelo que o via-duto não pode ser considerado como edifício que recebe públi-co”, ainda que seja necessário respeitar estas normas.

ENERGIA POSITIVAAlém disso, diz o gabinete que o metro é movido a electricidade, pelo que o equipamento de for-necimento de energia eléctrica é

concebido não só para satisfazer os requisitos em relação à distân-cia de segurança com a bomba de gasolina.

“Quando o dispositivo de recolha de electricidade dos comboios contacta com o siste-ma de fornecimento de energia eléctrica, é possível suprimir eficazmente as faíscas. Na ope-ração normal, não serão causadas faíscas quando os comboios ad-quirirem a electricidade”, aponta o GIT.

O GIT garante ainda que contratou uma empresa para fazer os trabalhos de certificação independente de segurança, para que “a qualidade da construção do metro e os padrões de segurança atingirão o nível internacional através da verificação de vários aspectos”.

O Governo dá ainda uma garantia. “Caso o metro ligeiro não passe na prova de seguran-ça, não entrará definitivamente em funcionamento. A segurança é o mais importante na constru-ção e operação do metro, pelo que o Governo investiu muitos recursos na execução dos tra-balhos e estipulou vários níveis de segurança e mecanismo de fiscalização para a sua constru-ção”, pode ler-se. - A.S.S.

Macau tinha, no final de Agosto, 161.370 trabalhadores não residentes, mais 34.137, ou 26,8%, do que no período homólogo de 2013, indicam dados oficiais ontem divulgados. De acordo com dados da Polícia de Segurança Pública, 161.370 trabalhadores do exterior integravam o mercado laboral, equivalendo a mais de 40% da população activa e a mais de um quarto da população estimada no final de Junho. No intervalo de um ano, Macau ganhou 34.137 trabalhadores. Já face a Julho, o universo de mão-de-obra importada registou um reforço de 3.136 pessoas, isto é, mais de 100 por

dia. O interior da China continua a figurar como a principal fonte de trabalhadores recrutados ao exterior (104.527 ou 64,7% do total), mantendo uma larga distância das Filipinas, em segundo lugar, com o registo de 20.625 nacionais no final do mês de Agosto. Em terceiro está o Vietname (12.911). Na lista das principais dez fontes de mão-de-obra de Macau seguem-se Hong Kong, Indonésia, Nepal, Tailândia, Malásia e Taiwan e Birmânia.Só o sector da construção (42.198) e o dos hotéis, restaurantes e similares (41.040) empregavam, em conjunto, metade dos trabalhadores não residentes.

METRO GIT GARANTE SEGURANÇA

Bombas à distância

HÓQUEI EM PATINS SELECÇÃO DO LÓTUS GOLEOU ÍNDIA E TAIWAN

Vitória em dose duplano arranque do Asiático