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1ª aula - 06/09 - 3º período noturno

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MÓDULO I – A Psicologia no Contexto da Humanização: a dimensão

subjetiva do Cuidado

Referências Bibliográficas:

Manual de Psicologia Hospitalar: o mapa da doença - Alfredo Simonetti Saber Cuidar Ética Do Humano: compaixão ´pela Terra - Leonardo BoffPsicologias: Uma introdução ao estudo da psicologia - Ana Maria Bahia BockTexto sobre Psicologia Hospitalar - Wandeley Angeramin-CamonO cuidado emocional em Saúde - Ana Cristina de SáPsicologia para Enfermagem - Jakob Anthikad (disponível na biblioteca do ICESP)

Outros

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Aula I – A Psicologia no Contexto do Hospital e da Prática Clínica

Tópicos da Aula:• A ética do cuidado• A enfermagem como profissão do Cuidado. • O enfermeiro como um cuidador.• A Psicologia e sua Contribuição para a Compreensão Holística do

Humano.• Subjetividade: o objeto de estudos da Psicologia.• A Psicologia Hospitalar• O enfrentamento de “situações-limite”• A importância de uma leitura das “dinâmicas subjetivas” no cotidiano do

hospital. Material de Apoio: Texto: 11 Situações

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Reflita:• Quem cuida de você?• De quem você cuida?

• Quem foram seus primeiros cuidadores?• Quais as suas lembranças mais importantes que

envolvem algum tipo de cuidado? • O quão importante foi a qualidade dos cuidados

que você recebeu ao longo da sua vida para a definição da pessoa que você é hoje?

• O que é cuidar? • Qual a importância do “cuidar” em nossas vidas?

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A Ética do Cuidado

Ética – Palavra que deriva de Ethos e significa o modo de ser, caráter.

“Mais do que um ato singular ou uma virtude ao lado das outras, o Cuidado é um modo de ser, isto é, a forma como a pessoa humana se estrutura e se realiza no mundo com os outros. Melhor ainda: é um modo de ser-no-mundo que funda as relações que se estabelecem com todas as coisas.”

Leonardo Boff (teólogo e filósofo)

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A Ética do Cuidado

O ser humano não vive sem cuidado - essência da condição humana. Sem o cuidado o homem deixaria de ser humano. A existência como um ciclo nascer-crescer-reproduzir-morrer cobra em todos os momentos o toque do cuidado. O que mais seria o nosso primeiro choro se não um pedido por cuidado? Ao longo de toda a nossa vida sentimos tanto a necessidade de cuidar, como de sermos cuidados. E é justamente o cuidado que confere um senso de valor e direção à nossa existência, que sem o cuidado não seria possível.

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A FÁBULA-MITO DO CUIDADO( Antiga Fábula de Higino)

Extraído do Livro Saber Cuidar: A Ética do Humano, Compaixão pela Terrade Leonardo Boff

"Certo dia, ao atravessar um rio, Cuidado viu um pedaço de barro. Logo teve uma idéia inspirada. Tomou um pouco de barro e

começou a dar-lhe forma. Enquanto contemplava o que havia feito, apareceu Júpiter. Cuidado pediu-lhe que soprasse espírito nele. O que Júpiter fez de bom grado. Quando, porém Cuidado quis dar um nome à criatura que havia moldado, Júpiter o proibiu. Exigiu que fosse imposto o seu

nome. Enquanto Júpiter e o Cuidado discutiam, surgiu, de repente, a Terra. Quis também ela conferir o seu nome à criatura, pois fora

feita de barro, material do corpo da terra. Originou-se então uma discussão generalizada. De comum acordo pediram a Saturno que funcionasse como árbitro. Este tomou a seguinte decisão que pareceu justa: "Você, Júpiter, deu-lhe o espírito; receberá, pois, de volta este espírito por ocasião da morte dessa criatura. Você, Terra, deu-lhe o corpo; receberá, portanto, também de volta o seu corpo quando essa criatura morrer. Mas como você, Cuidado, foi quem, por primeiro, moldou a criatura, ficará sob seus cuidados enquanto ela viver. E uma vez que entre vocês há acalorada discussão acerca do nome, decido eu: esta criatura será chamada Homem, isto é, feita

de húmus, que significa terra fértil".:

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Pare e Reflita:

• Em que escola ou faculdade aprendemos a cuidar?• O cuidado não é uma técnica, é uma modo de se

relacionar com o mundo e com nossos semelhantes.• O mundo hoje vive uma crise em que a técnica evolui

enquanto o cuidado é deixado de lado. A ética do cuidado é um contraponto à noção de evolução baseada apenas no desenvolvimento da técnica.

• Imagine como seria o mundo sem relações de cuidado. Um “Admirável Mundo Novo”?

• O cuidado pode se faz com o olhar, com gestos, palavras, ações e toques. O cuidado pode se fazer em silêncio apenas com a simples presença humana.

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A enfermagem como profissão do cuidado

“A Enfermagem é profissão comprometida com o Cuidado, pode ser definida como uma arte e, como tal, requer tão exclusiva devoção, tão duro preparo (...) Como qualquer trabalho com a tela inerte ou com o mármore frio poderia ser comparado com o trabalhar com o organismo vivo, o templo do espírito de Deus? Ela é uma das belas artes. Eu tenho dito, a mais bela das artes!”

Florence Nightingale - Notas sobre enfermagem: o que é e o que não é.

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Para Saber CuidarSaber cuidar implica necessariamente em aprender a cuidar de si e do outro, ter sempre noção

de nossa realidade, possibilidades e limitações. É notório que o cuidar é muito exigente e pode levar o cuidador ao estresse. Somos limitados, sujeitos ao cansaço e à vivência de pequenos fracassos e decepções. Sentimo-nos sós. Precisamos ser cuidados, caso contrário, nossa vontade de cuidar se enfraquece.

Saber cuidar implica saber olhar o outro como uma totalidade indivisível (percepção holística) “Holos” : total.

Saber cuidar implica em ver o outro como um OUTRO (alteridade) , não como uma COISA (objetificação). Implica uma relação do tipo “EU- TU” ao invés da relação “EU- ISSO”.

“Alter”: outro

Saber cuidar implica ser afetado pela dor do outro e se importar com seu sofrimento (compassividade). A compaixão ultrapassa a empatia, na medida em que nela há um desejo e uma atitude genuína de aliviar o sofrimento do outro. A empatia pode ser descrita apenas como a percepção da perspectiva emocional ou psicológica do outro. “ Compassione”: com paixão

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A Crise do Cuidado

“Estamos vivendo uma crise generalizada, onde o descuido, o descaso e o abandono são seus sintomas mais dolorosos. Vemos hoje o descuido com as crianças do planeta, com os marginalizados, flagelados pela fome crônica e pela atribulação de “mil doenças”, que já haviam sido erradicadas que, em decorrência do grande aumento populacional global, voltam com toda a sua força. As pessoas atualmente estão muito sozinhas, egoístas, medrosas e o que é pior, enterrando seus sonhos.”

Leonardo Boff

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A enfermagem e a Crise do Cuidado

“Como profissionais de Enfermagem, podemos tentar modificar esta realidade, ou contribuir para que a essência do cuidado humano, enquanto sensibilidade, ciência e arte de Enfermagem, impere e o descuido para com o ser humano seja revisto a fim de obter melhoria da qualidade de vida, com ética e dignidade, neste espaço planetário em que vivemos?”

Leonardo Boff

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O enfermeiro como um Cuidador

“Posso dizer com orgulho que dentre as ciências da saúde, a Enfermagem foi a primeira que procurou enxergar o indivíduo de maneira holística.”

Ana Cristina de Sá, O Cuidado Emocional em Saúde

[in-divíduo: aquilo que não pode ser dividido]

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A Psicologia e sua Contribuição para a Compreensão Holística do Humano

“A identidade da Psicologia é o que a diferencia dos demais ramos das ciências humanas, e pode ser obtida considerando-se que cada um desses ramos enfoca o homem de maneira particular. Assim, cada especialidade — a Economia, a Política, a História etc. — trabalha essa matéria-prima de maneira particular, construindo conhecimentos distintos e específicos a respeito dela. A Psicologia colabor a com o estudo da subjetividade: é essa a sua forma particular, específica de contribuição para a compreensão da totalidade da vida humana.”

Ana Mêrces Bahia Bock, Psicologias: Uma Introdução ao Estudo da Psicologia

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Subjetividade: o objeto de estudos da Psicologia

“A subjetividade - é o mundo de ideias, o mundo interno do indivíduo, repleto de significados e emoções construído internamente pelo sujeito a partir de suas relações sociais, de suas vivências e de sua constituição biológica; é, também, fonte de suas manifestações afetivas e comportamentais.(...) A subjetividade é a maneira de sentir, pensar, fantasiar, sonhar, amar e fazer de cada um. É o que constitui o nosso modo de ser. (...) Ou seja, cada qual é o que é: sua singularidade.”.

Ana Mercês Bahia Bock, Psicologias: Uma introdução ao estudo da Psicologia, Subjetividade enquanto objeto de estudo da Psicologia. Pág – 28.

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A Psicologia Hospitalar Segundo Simonetti (2004) “Psicologia Hospitalar é o campo de entendimento e

tratamento dos aspectos psicológicos em torno do adoecimento”. A psicologia hospitalar não cuida apenas das doenças com causas psíquicas, mas de

qualquer doença, pois todas elas envolvem sempre de alguma forma, aspectos psicológicos, já que o indivíduo que adoece está repleto de subjetividade. Para Campos (2010) “ouvir clientes, familiares e profissionais de saúde na busca da compreensão de suas histórias pessoais, de sua forma de pensar, sentir e agir é a estratégia básica de ação do psicólogo (...) que se coloca como intermediador das relações interpessoais”.

Assim, pode-se pensar que o psicólogo, como conhecedor do ser humano, tem também a função de entender os aspectos que envolvem o adoecimento para que possa auxiliar o individuo a atravessar o processo de hospitalização, facilitando este processo, oferecendo uma escuta para que o paciente possa falar da doença ou de qualquer assunto que o angustie. Isso ajuda o mesmo a entender como está sendo a relação do individuo com a doença, que significados este atribuiu à hospitalização e ao tratamento e o que este momento simboliza em sua vida. Compreendendo que o individuo está imerso em sua subjetividade, suas vivências, sua história de vida e que quando é surpreendido pelo adoecimento, produz aspectos psicológicos que muitas vezes não havia parado para refletir, pensar ou até temer.

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O Enfermeiro e a Psicologia Hospitalar

Em função de sua pratica diária, o enfermeiro, como os outros profissionais da área da saúde, entram em contato com pessoas atravessado o que podemos chamar de “situações-limite”. A expressão “situação- limite” baseia-se na filosofia de Karl Jarpers e designa aquele tipo de situação que faz com que o sujeito entre em contato e questione o modo como dirige a sua existência. Assim, por exemplo, o risco de morte iminente, a perda de alguém querido, uma doença incapacitante, um diagnóstico de doença terminal, um estado de sofrimento e dor crônico, são situações que obrigam os indivíduos a se reposicionarem frente a inúmeros aspectos da sua vida, trazendo consigo muita ansiedade e dor. O enfermeiro pode acessar o universo subjetivo do seu paciente através da escuta clínica e da relação terapêutica. Mostrar-se disponível para ajudar o paciente na sua travessia pelo adoecimento, escutando-o, sem necessariamente estabelecer metas ou fingir ter respostas certas para os seus conflitos. Acompanhar e estar ao lado paciente como um ouvinte privilegiado, não como um guia.

Neste processo o enfermeiro pode se beneficiar dos conhecimento e da reflexões levantadas pela psicologia sobre os processos de saúde/doença, comunicação, angustia, dor, medo etc. podendo assim compreender melhor a perspectiva de seu paciente e auxiliá-lo de uma maneira mais completa e humanísta