ictericia

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FACULDADE DE ENFERMAGEM ENFERMAGEM OBSTÉTRICA, NEONATAL E GINECOLÓGICA ALINE CAFEZAKIS DOS SANTOS EDILSON CARDOSO JÚNIOR PAMELA DE JESUS DIAS PEREIRA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO NEONATO PORTADOR DE ICTERÍCIA: RELATO DE CASO

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Page 1: Ictericia

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

FACULDADE DE ENFERMAGEM

ENFERMAGEM OBSTÉTRICA, NEONATAL E GINECOLÓGICA

ALINE CAFEZAKIS DOS SANTOS

EDILSON CARDOSO JÚNIOR

PAMELA DE JESUS DIAS PEREIRA

SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO NEONATO

PORTADOR DE ICTERÍCIA: RELATO DE CASO

BELÉM-PA

2013

Page 2: Ictericia

Aline Cafezakis dos Santos

Edilson Cardoso Júnior

Pamela de Jesus Dias Pereira

SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO NEONATO

PORTADOR DE ICTERÍCIA: RELATO DE CASO

BELÉM-PA2013

Trabalho apresentado à professora da

Atividade Curricular Enfermagem

Obstétrica, Neonatal e Ginecológica

correspondente ao sexto semestre do Curso

de Graduação em Enfermagem da

Universidade Federal do Pará, como

requisito para obtenção do conceito final.

Page 3: Ictericia

Aline Cafezakis dos Santos

Edilson Cardoso Júnior

Pamela de Jesus Dias Pereira

SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO NEONATO

PORTADOR DE ICTERÍCIA: RELATO DE CASO

Trabalho apresentado para obtenção do conceito final da Atividade Curricular Enfermagem

Obstétrica, Neonatal e Ginecológica do sexto semestre do curso de Graduação em

Enfermagem pela Universidade Federal do Pará. Orientadora: Prof. Laura

Avaliado em:___/___/___

Conceito:____________________

Banca examinadora:

_________________________________

Prof. Laura

AVALIADORA

(UFPA)

Page 4: Ictericia

SUMÁRIO

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS.....................................................................................................42 PROBLEMA DE ESTUDO...........................................................................................................53 OBJETIVOS...................................................................................................................................64 JUSTIFICATIVA...........................................................................................................................75 METODOLOGIA...........................................................................................................................86 ICTERÍCIA NEONATAL.............................................................................................................9

6.1 Aspectos gerais e conceituais da icterícia neonatal..................................................................97 TIPOS DE ICTERÍCIA...............................................................................................................118 CLASSIFICAÇÃO DA SÍNDROME ICTÉRICA DO RECÉM-NASCIDO..........................13

8.1 Por aumento da produção da bilirrubina.................................................................................13

8.2 Por deficiência de capitação da bilirrubina ao nível do hepatócito........................................138.3 Por deficiência de conjugação da bilirrubina.........................................................................13

8.4 Por deficiência da excreção hepática de bilirrubina conjugada..............................................148.5 Por aumento da circulação enteropática.................................................................................14

8.6 Por mecanismo misto ou pouco conhecido............................................................................149 AVALIAÇÃO CLÍNICA DA ICTERÍCIA................................................................................15

9.1 Zonas dérmicas de Kramer.....................................................................................................159.2 Hiperbilirrubinemia e suas Principais Causas........................................................................16

10 INCOMPATIBILIDADE DO GRUPO SANGUÍNEO ABO, FATOR RH E A ICTERÍCIA PATOLÓGICA.....................................................................................................................................1711 ABORDAGEM DIAGNÓSTICA DO RN ICTÉRICO.............................................................1812 TRATAMENTO...........................................................................................................................19

12.1 Fototerapia..............................................................................................................................1912.2 Tipos de Fototerapia...............................................................................................................20

12.2.1 Fototerapia convencional................................................................................................2012.2.2 Fototerapia Bilispot........................................................................................................20

12.2.3 Fototerapia Biliblanket...................................................................................................2112.2.4 Fototerapia de alta intensidade.......................................................................................21

12.3 Tipo de luz utilizada em fototerapia.......................................................................................2212.3.1 Luz branca......................................................................................................................22

12.3.2 Luz azul..........................................................................................................................2212.3.3 Luz verde........................................................................................................................23

12.3.4 Luz com emissão de iodo...............................................................................................2312.4 Cuidados com recém-nascido durante a Fototerapia..............................................................25

12.5 Efeitos Colaterais....................................................................................................................2613 RELATO DE CASO.....................................................................................................................27

Page 5: Ictericia

13.1 Admissão do dia 18/06/2013..................................................................................................27

13.2 Evolução do dia 19/06/2013...................................................................................................2713.3 Exames Realizados.................................................................................................................27

13.3.1 Hemograma Completo....................................................................................................2713.3.2 Tipagem Sanguínea........................................................................................................28

14 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM............................................2915 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................................31

Page 6: Ictericia

4

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Aproximadamente metade a dois terços do total dos recém-nascidos têm icterícia

visível durante os primeiros dias de vida. Entretanto, todas as crianças nessa fase têm

bilirrubina plasmática mais alta que a do normal, fato este já observado no sangue do cordão.

A bilirrubina aumenta durante alguns dias, atinge um ápice e começa a decrescer até

que no fim da primeira semana, em recém-nascidos de termo e, um pouco mais tarde, em

prematuros, a icterícia clínica desaparece. As variações desse padrão, no entanto, são grandes

devido às intervenções de inúmeros fatores (MARCONDES et al, 2003).

A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) configura-se como uma

metodologia para organizar e sistematizar o cuidado, com base nos princípios do método

científico. Tem como objetivos identificar as situações de saúde-doença e as necessidades de

cuidados de enfermagem, bem como subsidiar as intervenções de promoção, prevenção,

recuperação e reabilitação da saúde do indivíduo, família e comunidade (TREPPEL, 2009).

O presente relato vem ressaltar a importância da Sistematização da Assistência de

Enfermagem no ao neonato portador de icterícia.

Page 7: Ictericia

5

2 PROBLEMA DE ESTUDO

A SAE foi desenvolvida como método específico para aplicação da abordagem

cientifica, ou da solução de problemas na prática. Baseado nisto, não há uma maior

dificuldade na prestação do cuidado a um paciente neonato portador de icterícia?

Page 8: Ictericia

6

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Realizar estudo científico sobre a icterícia neonatal e suas consequências,

fundamentando-o, para que possamos estabelecer a sistematização da assistência de

enfermagem necessária ao portador desta patologia.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Realizar o Histórico de enfermagem através da coleta de dados e exame físico;

Identificar as características definidoras;

Elaborar o diagnóstico de enfermagem;

Elaborar as intervenções de enfermagem.

Page 9: Ictericia

7

4 JUSTIFICATIVA

A importância deste estudo é de disseminar informações concernentes sobre a Icterícia

neonatal, métodos de prevenção, fatores relacionados, complicações e tratamento, assim como

enriquecer as bases de estudo referentes a patologia.

Page 10: Ictericia

8

5 METODOLOGIA

Trata-se de um relato de caso realizado no Hospital Fundação Santa Casa de

Misericórdia do Pará, caracterizando-se como um estudo descritivo, exploratório, analítico

com abordagem qualitativa, realizado com um RN do sexo feminino. Foi efetivado no período

de 12 de Junho à 10 de Julho de 2013. A coleta de dados foi realizada através do exame físico

da paciente, além de busca ativa no prontuário, onde foram coletadas informações como

exames laboratoriais, história clínica pregressa e atual, dentre outras. Houve também consulta

a base de dados (LILACS, SCIELO e MEDLINE), e referências bibliográficas impressas e

virtuais. O levantamento bibliográfico proporcionou o enriquecimento de conteúdo ao estudo

realizado.

Page 11: Ictericia

9

6 ICTERÍCIA NEONATAL

6.1 Aspectos gerais e conceituais da icterícia neonatal

Alguns problemas são comuns no período neonatal, dentre eles, um dos que mais

acomete o recém-nascido é a icterícia, que é caracterizada pela coloração amarelada da pele,

escleras e unhas, ocasionada por um nível excessivo de bilirrubina acumulada no sangue

(ASKIN, WILSON, 2006; CORREA, TOMASI, 2007; DJOKOMUJANTO, 2006;

NEWMAN et al, 2009).

A bilirrubina advém do catabolismo das proteínas do heme. A fonte mais significativa

é a hemoglobina. Setenta e cinco por cento da bilirrubina no RN resultam da destruição dos

glóbulos vermelhos senescentes em circulação, no sistema retículo-endotelial do fígado e

baço (MARCONDES et al, 2003).

Um grama de hemoglobina produz 35 mg de bilirrubina. A bilirrubina não conjugada,

não ionizada, lipofílica, ao atravessar as membranas celulares é tóxica, nomeadamente para as

células do sistema nervoso central. Vinte e cinco por cento da bilirrubina resultado

catabolismo do heme livre, do heme tecidular e da eritropoiese ineficaz. No sistema reticulo-

endotelial a bilirrubina é libertada para a circulação, onde se liga reversivelmente mas

fortemente à albumina (MARCONDES et al, 2003)

Em condições fisiológicas só pequenas quantidades de bilirrubina circula livre. A

bilirrubina é captada pelo hepatócito, transportada ativamente para o sistema retículo-

endotelial, onde é conjugada com o ácido glucorónico, tornando-se hidrossolúvel bilirrubina

conjugada, não tóxica para as células e suficientemente polar para ser excretada pelas vias

biliares ou filtrada pelorim (MARCONDES et al, 2003).

A bilirrubina conjugada uma vez no intestino não é absorvida e é eliminada como

estercobilina e urobilinogéneo produzidos pelas bactérias intestinais. A escassa "ora intestinal

do RN deixa a bilirrubina conjugada disponível para a β-glucoronidase, enzima da bordadura

em escova da parede intestinal, que a desconjuga, permitindo o retorno ao hepatócito

(aumento da circulação entero-hepática) (MARCONDES et al, 2003).

Page 12: Ictericia

10

A icterícia neonatal acomete a maioria dos recém- nascidos (RN) a termo bem como

os pré e pós-termo e está frequentemente presente no período neonatal comprometendo de

metade a dois terços dos recém- nascidos. Caracteriza-se por níveis de bilirrubina indireta

(BI) ou bilirrubina não conjugada na concentração sérica superior a 1,5 mg/dl

(MARCONDES et al, 2003).

A bilirrubina indireta é um pigmento amarelo- alaranjado de fórmula C33-H36-N4-

O6, encontrada no soro normal dos mamíferos, como um produto de degradação,

principalmente da hemoglobina liberada dos eritrócitos envelhecidos.

Os eritrócitos são fragmentados pelos macrófagos e outras células do sistema retículo

endotelial, principalmente do baço e medula óssea, liberam a hemoglobina após ser

transformada ainda dentro dessas células, até o estágio de bilirrubina. Um grama (1 g) de

hemoglobina fornece cerca de 35 mg de bilirrubina. No corpo de um adulto 1 % da

hemoglobina existente é degradada diariamente e, no RN, a produção é duas vezes superior

(MARCONDES et al, 2003).

De acordo com MacDonald et al (2007), a principal via de excreção da bilirrubina,

durante a gestação, é a placenta e, como praticamente toda bilirrubina plasmática fetal é direta

ou conjugada, ela é facilmente transferida através da placenta para a circulação materna, onde

é excretada pelo fígado materno. Porém, na presença de doença hemolítica grave, o neonato

pode apresentar icterícia pelo acúmulo de BI no feto, pois essa não é transferida através da

placenta o que leva a seu armazenamento no plasma e em outros tecidos fetais caracterizando

a icterícia.

A hiperbilirrubinemia ocorre à medida que algum fator impede a eliminação natural e

esperada da BI por meio de sua conversão em bilirrubina direta (BD) ou por excesso de

quebra da hemoglobina acarretando o aumento da BI no sangue. A fisiopatologia da

hiperbilirrubinemia é variada e ocorre em situações tais como ausência de enzima conversora,

imaturidade do sistema hepático, hemoglobinopatias e outros (MARCONDES et al, 2003).

A icterícia neonatal, tanto fisiológica quanto patológica, é caracterizada por níveis

elevados de BI no sangue ou hiperbilirrubinemia.

Page 13: Ictericia

11

7 TIPOS DE ICTERÍCIA

Segundo Kenner (2001), Gaiva, Gomes e Barbosa (2006), existem quatro tipos de

icterícia que podem acometer o RN, classificados de acordo com o início dos sintomas e a

quantidade sérica de BI circulante. Segue os tipos de icterícia e suas características:

Icterícia fisiológica: Acomete o RN geralmente entre as primeiras 48 a 72 horas após

o nascimento, com um pico de 4 a 12mg/dl entre o terceiro e o quinto dia após o nascimento,

podendo atingir uma concentração sérica entre 12 a 15mg/dl, e desaparece em torno do sétimo

dia de vida. Carga de bilirrubina aumentada decorrente da hemólise de hemácias, circulação

hepática reduzida, capitação hepática e conjugação da bilirrubina plasmática também

diminuídas, associadas à excreção deficiente, são condições favoráveis para o aparecimento

da icterícia fisiológica, relacionando-se à imaturidade do metabolismo do neonato.

Icterícia patológica: Surge secundariamente a um distúrbio e pode ser visualizada já

nas primeiras 24 horas de vida do RN, principalmente em neonatos de alto risco, nos quais o

valor sérico se eleva acima de 13mg/dl e pode ser maior que 20mg/dl. A icterícia patológica

está relacionada a incompatibilidade do tipo e/ou grupo sanguíneo, infecções e problemas

biliares, hepáticos ou metabólicos.

Icterícia do leite materno: Também conhecida como icterícia precoce do leite

materno, aparece ao término da icterícia fisiológica, após o terceiro ou quarto dia de vida do

neonato. Neste caso os níveis séricos de bilirrubina podem ter valores de 15 a 25mg/dl entre o

décimo e o décimo quinto dia de vida do RN e, ao final deste período, os níveis plasmáticos

de bilirrubina diminuem, mas, em alguns casos, pode persistir de semanas a meses.

Caracteriza-se por uma icterícia moderada no qual o ganho de peso e as eliminações são

normais. A confirmação do diagnóstico é feita por meio do exame de sangue do RN com

suspensão do aleitamento materno por um período de mínimo de 24 horas e, se houver

diminuição do nível sérico de bilirrubina, o diagnóstico do leite materno está confirmado.

Icterícia Associado à Amamentação ou Icterícia em Aleitamento Materno:

Também relatada como icterícia tardia do leite materno, geralmente surge entre as 48 a 72

horas após o nascimento e o valor sérico pode chegar entre 15 a 30mg/dl em torno do décimo

Page 14: Ictericia

12

quarto dia de vida. Relacionada à amamentação do RN com ingestão calórica deficiente,

ocasionado a redução do transporte hepático e consequentemente a também uma redução na

remoção de bilirrubina circulante pelo sistema excretório, levando a sobrecarga do fígado e a

hiperbilirru binemia sérica. Fatores como diminuição do trânsito intestinal que retarda a

eliminação de mecônio e, reduções nas na frequência do aleitamento materno estão

relacionadas a este tipo de icterícia.

Vale ressaltar que os valores plasmáticos de bilirrubina considerados normais são de

1mg/dl no primeiro dia de vida, com elevações de 5mg/dl até o quarto dia de vida, porém a

cor ictérica só pode ser visualizada quando os valores ultrapassam 5mg/dl (KENNER, 2001,

BARBOSA, 2006)

Apesar da icterícia, na maioria dos casos ser de evolução benigna, pode evoluir, se não

tratada a tempo, para uma síndrome neurológica denominada Kernicterus, que consiste na

impregnação do tecido cerebral pela bilirrubina, apresentando evidência de lesão neuronal 16

irreversível e com alta mortalidade (BUENO, SACAI, TOMA, 2003; ASKIN, WILSON,

2006; TAMEZ, SILVA, 2006; COLVERO, COLVERO, FIORI, 2005; IVES, 2007).

Page 15: Ictericia

13

8 CLASSIFICAÇÃO DA SÍNDROME ICTÉRICA DO RECÉM-NASCIDO

As classificações tradicionais de icterícia não se aplicam quando se trata

especificamente do período neonatal; por esse motivo, adotaremos um critério etiopatogênico

para a classificação. “É preciso ter em mente que no período neonatal os fatores “deficiência

de conjugação” e reabsorção intestinal de bilirrubina” estão sempre presentes como fundo,

qualquer que seja a doença em questão. Mais de um fator etiopatogênico pode ser

responsabilizado por uma mesma entidade patológica e aqui a classificação foi realizada

segundo o fator principalmente responsável.

8.1 Por aumento da produção da bilirrubina

Doença hemolítica do RN por incompatibilidade materno fetal.

Defeitos metabólicos genéticos dos eritrócitos.

Hemólise tóxica.

Coleções sanguíneas confinadas; Cefalematoma, Outras hemorragias, sufusões e

púrpuras.

Policitemia.

Excesso de transfusão de sangue de reserva placentário (clampeamento tardio do

cordão).

Transfusão materno-fetal ou feto-fetal.

Pequenos para a idade gestacional

8.2 Por deficiência de capitação da bilirrubina ao nível do hepatócito

Síndrome de Gilbert (geralmente não há icterícia no período neonatal)

8.3 Por deficiência de conjugação da bilirrubina

Icterícia própria ou fisiológica do RN;

Icterícia familiar não-hemolítica (de Crigler- Najjar)

Hipotireoidismo congênito

Síndrome de Down e trissomia do 13.

Page 16: Ictericia

14

Síndrome de Lucey-Driscol.

8.4 Por deficiência da excreção hepática de bilirrubina conjugada

Deformidades congênitas das vias biliares: Atresias das vias biliares, cisto de colédeco

e outras anomalias, obstrução biliar extrínseca, por tumores em geral, por pâncreas

anular.

Por fibras fibróticas

Hepatite neonatal

Doença de Niemann-Pick

8.5 Por aumento da circulação enteropática

Aleitamento materno

Retardo no inicio da alimentação enteral ou jejum prolongado.

Estenose hipertrófica de piloro

Obstrução intestinal

Sangue materno deglutido

8.6 Por mecanismo misto ou pouco conhecido

Filho de mãe diabética

Sepses

Icterícias acompanhando as infecções congênitas ou adquiridas no período pré-natal

precoce (estas geralmente bacterianas):

a) Sífilis

b) Citomegalia

c) Toxoplasmose

d) Doença de Chagas

e) Rubéola

f) Sepse bacteriana

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15

9 AVALIAÇÃO CLÍNICA DA ICTERÍCIA

9.1 Zonas dérmicas de Kramer 

Segundo Gaiva, Gomes e Barbosa (2006) a icterícia pode ser diagnosticada por meio

da coleta de sangue do RN para exames laboratoriais, nos quais os níveis séricos de

bilirrubina são dosados e quantificados e também, por intermédio do exame clínico.

No exame clínico o RN é avaliado e a icterícia é analisada de acordo com a sua

progressão; cuja avaliação é feita por meio do exame visual da pele do neonato localizando as

regiões de maior evidência de bilirrubina acumulada, seguindo os parâmetros das zonas

dérmicas de Kramer.

Segundo a Academia Americana de Pediatria (2008), Kramer criou uma classificação

didática onde a superfície corporal do RN é dividida em cinco zonas e cada uma delas

correlacionada ao depósito de bilirrubina como demonstra a tabela abaixo:

Zonas Dérmicas Bl (mg/dl)

1. cabeça e pescoço 6

2. tronco até o umbigo 9

3. hipogástrio e coxas 12

4. joelhos e cotovelos a tornozelos e pulsos 15

5. pés e mãos incluindo plantas e palmas 16

A icterícia fisiológica é reversível, porém deve ser monitorada para não se acentuar e

gerar danos irreversíveis ao organismo (MARCONDES et al., 2003).

A Hiperbilirrubinemia pode ser tratada de várias maneiras, sendo que o início e

duração dos sinais e sintomas é que determinará o tempo e tratamento a ser seguido.

A Hiperbilirrubinemia fisiológica cede nos primeiros dias após o nascimento, porém

no caso de persistir ou apresentar suspeita de patologia, o RN será encaminhado para a

fototerapia (CAMPOS; MOREIRA;CARDOSO, 2006)

Page 18: Ictericia

16

9.2 Hiperbilirrubinemia e suas Principais Causas

Uma etapa importante no diagnóstico e tratamento de qualquer RN com icterícia é a

compreensão dos fatores que afetam os níveis de BI no período neonatal. São vários os

fatores, tais como: influências genéticas, étnicas e familiares, fatores maternos (tipo

sanguíneo, tabagismo, diabetes), eventos durante o parto e o nascimento (indução e aumento

do trabalho de parto pela ocitocina, anestesia e analgesia e outras drogas, via de parto,

transfusão placentária e hiperviscosidade, níveis de bilirrubina no cordão umbilical), fatores

neonatais (prematuridade, peso ao nascer e gestação, sexo, taxa clórica e perda de peso, tipo

de dieta) (MACDONALD et al, 2007).

Page 19: Ictericia

17

10 INCOMPATIBILIDADE DO GRUPO SANGUÍNEO ABO, FATOR RH E A

ICTERÍCIA PATOLÓGICA

A icterícia surge em conseqüência do excesso de hemólise com sobrecarga das vias

metabólicas e esse fenômeno acontece nas anemias hemolíticas. A mais comum é a

eritroblastose fetal e o RN acometido tem risco de apresentar o kernicterus. Aproximadamente

20% da BI circulante resultam da degradação de outras substancias, por exemplo, citocromos,

mioglobinas, eritrócitos, dentre outras (WONG, 2006).

A hiperbilirrubinemia nas primeiras 24 horas de vida é causada pela eritroblastose

fetal que leva a uma destruição intensa das hemácias levando à anemia. O agravo estimula a

produção de novas células, o que fornece um número crescente dessas para a hemólise. As

principais causas para a destruição aumentada de hemácias são a isoimunização,

principalmente o Rh, e a incompatibilidade ABO (WONG, 2006).

A incompatibilidade Rh não ocorre quando os tipos sanguíneos Rh são iguais entre

mãe e filho. Podem surgir consequencia como a eritroblastose fetal quando amãe for Rh

negativo e o neonato Rh positivo. Embora haja uma separação entre a circulação fetal e a

materna, às vezes, os eritrócitos fetais, com antígenos estranhos à mãe, ganham acesso à

circulação materna através de minúsculas entradas nos vasos placentários. O mecanismo

natural de defesa da mãe responde a essascélulas estranhas produzindo anticorpos anti Rh

(WONG, 2006).

A incompatibilidade ABO ocorre quando os principais antígenos de grupos sanguíneos

do feto são diferentes dos da mãe. A presença ou ausência de anticorpos e antígenos

determina se a aglutinação ocorrerá. A incompatibilidade mais frequente ocorre entre mães

com grupo sanguíneo O e neonatos com grupo A ou B. Anticorpos anti-A ou anti-B de

ocorrência natural já presentes na circulação materna atravessam a placenta e destroem os

eritrócitos fetais, causando hemólise (WONG, 2006).

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18

11 ABORDAGEM DIAGNÓSTICA DO RN ICTÉRICO

Com base no conhecimento das principais etiologias, diante de um RN ictérico, antes

da solicitação de exames complementares, deve ser feita uma anamnese detalhada, que,

juntamente com os resultados dos exames laboratoriais, irá definir a necessidade e o tipo

(intensidade) de tratamento a ser instituído.

Devem ser pesquisados:

História materna obstétrica e do parto

Tempo de clampeamento do cordão

Tipagem sanguínea/ Coombs

História neonatal- perda ponderal, dificuldade com a amamentação

Aparecimento e evolução da icterícia ( precoce - < 24h; tardia - > 24h)

Exame físico

Perda de peso e idade gestacional

Estado geral

Palidez

Sinais de infecção

Hematomas

Identificação dos fatores de risco para as formas severas

Hiperosmolaridade

Hipercapnia

Hipoxia

Hiperóxia

Acidose

Prematuridade

Page 21: Ictericia

19

12 TRATAMENTO

As possíveis formas de tratamento incluem fototerapia, exanguineotransfusão e drogas

adjuvantes. O principal objetivo é evitar a encefalopatia bilirrubínica.

12.1 Fototerapia

É o mecanismo pelo qual a bilirrubina, que é uma molécula lipossolúvel, sofre

transformações, tornando-se mais hidrossolúvel e sendo eliminada do organismo sem

necessidade de conjugação hepática. Basicamente, são dois os mecanismos de transformação

da bilirrubina ao absorver um fóton luminoso: a isomerização, processo inicial, em que a

molécula de bilirrubina altera uma de suas ligações, por meio de rotação de 180º de uma de

suas ligações, ou forma novas ligações na sua estrutura original, expondo ao lado mais polar

para o lado exterior da molécula, ambos de eliminação empática sem necessidade de

conjugação; a oxidação, processo mais tardio, na qual a molécula de bilirrubina se quebra em

5 fragmento de eliminação renal. A eficácia do tratamento pela fototerapia depende da

intensidade de luz transmitida pelo aparelho, de ter espectro de emissão próximo ao da

absorção da bilirrubina, da idade pós-natal do RN, da idade gestacional, do peso de

nascimento, da causa de icterícia e do valor de bilirrubinemia no início do tratamento.

Acredita-se que quanto maior for a intensidade da quantidade de luz emitida maior será a

eficácia da fototerapia. Entretanto, existe um ponto de saturação a partir do qual não se

encontra mais essa correlação, que, para muitos autores é por volta de

23µWatts/cm2/nanômetro. Não existe um nível isolado de bilirrubina sérica para indicação de

fototerapia. Devem ser analisados vários fatores: peso, idade gestacional, tempo de vida pós-

natal, tipo de icterícia, quadro clínico. Nas primeiras 24h de vida, iniciar fototerapia com nível

de BI > 5 mg% e proceder a investigação para definir a presença de processo

hemolítico( icterícia patológica). (MARCONDES, et al, 2003).

Page 22: Ictericia

20

12.2 Tipos de Fototerapia

12.2.1 Fototerapia convencional

Usualmente é composta de seis a sete lâmpadas fluorescentes tipo daylight, de 20

watts. A irradiância emitida, com a fonte de luz posicionada a 50cm do paciente, é de cerca de

3 a 4mw/cm2/nm. A área de superfície corporal iluminada é grande, uma vez que todo recém-

nascido (face anterior ou posterior) é irradiado. A irradiância emitida é muito baixa e não é

compensada pela grande área corporal exposta à luz. O produto final é uma eficácia menor do

que a esperada para aparelhos de fototerapia. De fato, diversos estudos clínicos têm

demonstrado a baixa eficácia clínica de fototerapias convencionais equipadas com lâmpadas

fluorescentes nacionais (Ferreira, Fernando, 2006).

A criança submetida a fototerapia convencional pode apresentar fezes amolecidas e

esverdeadas, exantema e bronzeamento. Cianose e palidez são mascaradas em RN colocados

sob a luz azul, bem como um recrudescimento da icterícia (crise hemolítica, por exemplo). O

superaquecimento (ou, as vezes, o resfriamento) pode complicar o tratamento

(MARCONDES, et al, 2003).

12.2.2 Fototerapia Bilispot

Na fototerapia bilispot, como o próprio nome indica, a luz é emitida em forma de spot

ou foco, de diâmetro aproximado de 20cm, quando colocada a 50cm do paciente. Usa-se

lâmpada de halogênio-tungstênio, que emite alta irradiância na faixa azul (25-35mw/cm2/nm)

e filtros para irradiação infravermelho e ultravioleta.

Estudos recentes demonstram que a fototerapia bilispot é mais eficaz que a fototerapia

convencional no tratamento de recém-nascidos ictéricos com peso inferior a 2.500g. A

explicação para este fato é que pacientes com baixo peso cabem quase totalmente no halo

luminoso de 20cm de diâmetro emitido pelo bilispot. Os recém-nascidos recebem, portanto,

luz de alta intensidade em uma grande área corporal. O bilispot é particularmente

recomendado para recém-nascidos prematuros e de baixo peso cuja hiperbilirrubinemia

constitui risco.

Page 23: Ictericia

21

Em recém-nascidos com peso superior a 2.500g, geralmente se utilizam duas

fototerapias bilispot, dispostas de tal maneira que os halos luminosos se tangenciem,

aumentando assim a superfície corporal iluminada (Ferreira, Fernando, 2006).

12.2.3 Fototerapia Biliblanket

É uma fototerapia de contato, na qual o recém-nascido deita em cima de um colchão

luminoso. A fonte geradora de luz utiliza uma lâmpada halógena especial. A luz trafega da

fonte geradora ao colchão luminoso através de um cabo de fibra ótica (Ferreira, Fernando,

2006).

A irradiância emitida pelo Biliblanket se situa entre 35 a 60mw/cm2/nm. Apesar de

alta irradiância, a eficácia é prejudicada pela pequena superfície corporal exposta à luz e,

principalmente, pela mobilidade do recém-nascido. Na prática clínica, com freqüência, o

recém-nascido ao se mover, cai fora do colchão luminoso e, com isso, diminui a área corporal

em contato com a luz. Em recém-nascidos prematuros, o Biliblanket é mais eficaz, uma vez

que mais superfície corporal é exposta à luz, e estes pacientes são, relativamente, pouco

ativos. Atualmente, o Biliblanket é mais utilizado como coadjuvante em fototerapia dupla,

isto é, o recém-nascido deita no Biliblanket enquanto recebe a fototerapia convencional

(Ferreira, Fernando, 2006).

12.2.4 Fototerapia de alta intensidade

Na década de 90, começaram a surgir aparelhos de fototerapias que emitiam alta

irradiância distribuída em uma grande superfície corporal. Inicialmente, esses aparelhos

utilizavam 16 lâmpadas fluorescentes special blue, dispostas em um cilindro. O paciente era,

então, colocado dentro deste cilindro de modo que as lâmpadas ficassem a cerca de 15cm ao

redor de todo o seu corpo (fototerapia integral em 360º). Nesta circunstância, a irradiância que

atinge o recém-nascido é superior a 100mw/cm2/nm e proporciona uma redução de cerca de

70% nos níveis séricos de bilirrubina nas primeiras 6 horas de tratamento (Ferreira, Fernando,

2006).

Page 24: Ictericia

22

12.3 Tipo de luz utilizada em fototerapia

A molécula de bilirrubina absorve luz visível na faixa compreendida entre 400nm e

500nm, com pico máximo ao redor de 460nm6. De maneira geral, todo e qualquer tipo de luz

que emita suficiente energia nessa faixa é, teoricamente, eficaz na fotodegradação da

bilirrubina. Com base nesse princípio, diversos tipos de fontes de luz têm sido utilizados em

fototerapias. Os mais comuns são lâmpadas fluorescentes brancas (daylight) e azuis, luz

monocromática azul (special blue) e lâmpadas de quartzo halogênicas com filamento de

tungstênio (Ferreira, Fernando, 2006).

12.3.1 Luz branca

Esse tipo de luz tem sido o mais utilizado em fototerapias ao longo dos anos e constitui-se no

único tipo de luz cuja segurança foi testada numa grande população de recém-nascidos

acompanhados durante os seis primeiros anos de vida27. O problema é que o seu espectro de

emissão é muito amplo (380 a 770nm). Como o espectro de absorção de luz pela molécula de

bilirrubina é relativamente curto (350 a 500nm), isso significa que, teoricamente, a luz

emitida fora deste espectro não teria nenhuma função na reação fotoquímica (Ferreira,

Fernando, 2006).

12.3.2 Luz azul

Diversos estudos demonstraram que lâmpadas de luz azul produzem queda mais rápida e

acentuada dos níveis séricos de bilirrubina do que a obtida com luz fluorescente branca30.

Entretanto, resiste-se ao uso da luz fluorescente azul em berçários por causa dos efeitos

indesejáveis associados a ela. A equipe médica e de enfermagem queixa-se, com freqüência,

de tonteiras, náuseas e vômitos após exposição prolongada a esse tipo de luz. Outro

inconveniente é que o recém-nascido sob luz azul parece intensamente cianosado. Isso

confunde e dificulta a avaliação clínica. (Ferreira, Fernando, 2006)

Page 25: Ictericia

23

12.3.3 Luz verde

A luz verde parece ser mais eficaz do que a fluorescente branca. Vecchi e colaboradores,

estudando cem recémnascidos ictéricos, demonstraram maior queda na concentração de

bilirrubina após 24 horas naqueles submetidos à fototerapia com luz verde do que com

lâmpadas fluorescentes brancas (20% versus 16%). Parece, entretanto, não haver diferença

quanto à eficácia quando se compara a fototerapia com luz verde com a fototerapia com luz

azul. A imensa maioria dos trabalhos mostra que tanto a queda na concentração de bilirrubina

quanto a duração total de fototerapia não são diferentes quando se utilizam lâmpadas

fluorescentes azuis ou verdes (Ferreira, Fernando, 2006).

12.3.4 Luz com emissão de iodo

Light Emitting Diode, ou lâmpadas LED são fontes de luz com espectro de emissão muito

curto. Atualmente, encontram-se no mercado em uma variedade de aplicações (indicadores

luminosos de trânsito, letreiros, etc.). Estas lâmpadas LED são extremamente pequenas, com

dimensões de 5mm de diâmetro e pesam, em média, 0,3g. Para seu uso no tratamento de

hiperbilirrubinemia neonatal, elas são agrupadas em placas contendo 100, 200 ou 300

unidades. Estas placas podem ser posicionadas diretamente em contato com o paciente ou a

distâncias variáveis35. Quando em contato direto com o paciente, a irradiância atinge valores

superiores a 200mw/cm2/nm (Ferreira, Fernando, 2006).

Page 26: Ictericia

24

Quadro. Níveis indicativos de fototerapia

idade Com fatores de risco Sem doença ou fatores de

risco

≤ 1.000g. 5mg% 5mg%

1.001-1.499g 6mg% 6-8mg%

1.500-1.999g 8mg% 10mg%

2.000-2.499g 10mg% 12-14mg%

>2.500g 12mg% 15-16mg%

Fonte: Instituto Materno-Infantil Professor Fernando Figueira (IMIP)

Observação:

Em RN com peso inferior a 1 kg, iniciar a fototerapia precocemente (avaliação

clínica).

Após 72h de vida, utilizar valores mais altos (acrescentar 2 mg%).

Indicar precocemente no caso de hemólise grave.

Fototerapia profilática: não há indicação, pois a fototerapia age nas moléculas de

bilirrubinas que estão no tecido celular subcutâneo.

Fototerapia Dupla – Para RN com níveis de bilirrubina em ascensão rápida, ou

próximos ao indicativo de exsanguineotransfusão, indicamos a associação de dois

aparelhos de fototerapia a saber:

Convencional + Bilispot

Biliberço +Bilispot

Atenção: - Manter acompanhamento clínico e laboratorial pela proximidade dos níveis

de exasanguineotransfusão.

Atenção rigorosa para o controle de temperatura e a hidratação.

Page 27: Ictericia

25

Fototerapia- Sugestões de indicação e intervalos de tempo para controle da bilirrubina para RN termo.

Idade

(horas)

Risco de

encefalopatia

bilirrubínica

Níveis de

bilirrubina Indireta

(mg/dl)

Controle da bilirrubina sérica

RN de termo com doença hemolítica (considerar sempre a possibilidade de

exsanguineotranfusão)

Qualquer Alto Imediata

(Independente do

nível

Seriada – 6/6h

RN de termo sem doença hemolítica

< 24 - - Seriada – 6/6h

25-48 Baixo 12 a 14 Seriada – 12/12

48-72 Baixo 14 a 16 Seriada- 24/24h

>72 Baixo >16 Após 24 e 72h

12.4 Cuidados com recém-nascido durante a Fototerapia

Proteger os olhos com cobertura radiopaca; em animais, foram observados o

envelhecimento precoce da retina e a perda de cones e bastonetes submetidos a vários

dias de fototerapia.

Retirar a fralda do RN; o comprimento de onda utilizado na fototerapia penetra apenas

2-3mm na pele do recém-nascido, não atingindo as gônadas.

Utilizar sempre a placa de acrílico próxima às lâmpadas de fototerapia para evitar

acidentes.

Medir, quando possível, a irradiação da fototerapia ou verificar o tempo de uso das

lâmpadas( em torno de 2.000h para o aparelho convencional e 500 a 800h para o

Bilispot), para evitar subtratamento.

Controle da temperatura

Hidratação adequada.

Page 28: Ictericia

26

12.5 Efeitos Colaterais

Alteração do equilíbrio hídrico: aumento das perdas insensíveis de água.

Erupção cutânea: exantema maculopapular benigno e transitório nas áreas expostas à

luz.

Hipertemia.

Choque.

Queimaduras

Bronzeamento: observado em crianças negras pela absorção de raio ultravioleta com

indução da síntese de melanina.

Síndrome do bebê-bronze: recém-nascidos com aumento da bilirrubina direta,

submetidos a fototerapia, apresentam coloração marrom-acinzentada da pele, plasma e

urina, pela formação de cobreporfirina e a retenção de fotobilirrubina no pigmento

biliar.

Efeitos sobre o trânsito intestinal, levando a fezes diarreicas.

Page 29: Ictericia

27

13 RELATO DE CASO

13.1 Admissão do dia 18/06/2013

RN de parto cesário, do sexo feminino, chorou ao nascer, não necessitando de manobras de

reanimação, sem circular de cordão. Aspirado, em aquecimento. Ao exame físico: pele e

mucosas íntegras, máscara cianótica central. Tórax simétrico, abdômen flácido e ictérico, coto

umbilical com duas artérias e uma veia, genitália com presença de grandes lábios, ânus pérvio

e bem formados. MMIISS sem anormalidades, ortolani negativo, reflexos simétricos e

presentes. Capurro 37 sem, AIG; Peso: 2,475 kg, Estatura: 52 cm, PC: 34 cm, PT: 33cm;

APGAR: 8/9. Encaminhado ao ALCON.

13.2 Evolução do dia 19/06/2013

RN ativo e reativo, eupneico, do sexo feminino. Ao exame físico: Pele e mucosas ictéricas

(Zona III de Kramer), tórax simétricos, abdômen flácido, coto umbilical íntegro, limpo e seco,

genitália com presença de grandes lábios, ânus pérvio e bem formado, MMIISS sem

anormalidades, reflexos preservados, boa sucção em seios materno. Funções fisiológicas

presentes. Aguardando Fototerapia convencional.

13.3 Exames Realizados

13.3.1 Hemograma Completo

HERITOGRAMA

Valor do RN Valor de Referência

Hemácias 3,25/mm3 (em milhões) 4,4 a 5,8/mm3 (em milhões)

Hemoglobina 12,7 g/dl 13,5 a 19,5 (g/dl)

Hematócrito 37,4 (%) 42 a 60 %

LEUCOGRAMA

Linfócitos 36,1 (%) 3 a 10 (%)

PLAQUETOGRAMA

Plaquetas 110.000/ mm3 130.000 a 370.000/mm3.

Page 30: Ictericia

28

Bilirrubina e frações

Bilirrubina Total 8,57mg/dl

Bilirrubina Direta 0,24 mg/dl

Bilirrubina Indireta 8,330 mg/dl

Valores de Referência:

Bilirrubina Total:

Neonato: 24h: < 8,8 mg/dl

2º dia: 1,3- 11,3 mg/dl

3º dia: 0,7- 12,6 mg/dl

4º- 6º dia: 0,1- 1,2 mg/dl

Criança > 1 mês: 0,2- 1,0 mg/dl

Adulto: 0,1- 1,2 mg/dl

Bilirrubina Direta: < = 0,2 mg/dl

Bilirrubina Indireta: até 0,8 mg/dl

Material: soro

13.3.2 Tipagem Sanguínea

GRUPO SANGUÍNEO: “A”

FATOR RH: POSITIVO

Método: AglutinaçãoMaterial: Sangue total

Page 31: Ictericia

29

14 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

Sistematização da Assistência de Enfermagem é um método científico de trabalho que

proporciona melhoria significativa da qualidade da Assistência prestada ao cliente através do

planejamento individualizado das ações de Enfermagem elaboradas pelo profissional

enfermeiro. O primeiro passo para a implementação da SAE é a escolha de uma teoria de

enfermagem, que é usada para direcionar as demais etapas da sistematização da assistência.

(Enfermagem SAE, 2009)

Este processo fornece estrutura para a tomada de decisão durante a assistência de

enfermagem, tornando-a mais científica e menos intuitiva. Ou seja, isto demonstra que a

enfermagem é uma ciência muito além de apenas cuidar do paciente. (Enfermagem SAE,

2009)

Diagnóstico Intervenções de Enfermagem

Resultados

- Enfrentamento familiar ineficaz: Comprometido

-Mobilização familiar;-Promoção do envolvimento familiar;-Suporte á família;-Aconselhamento;-Mediação de conflitos.

-Enfrentamento familiar;-Normalização familiar;-Relacionamento cuidador paciente.

- Risco para a integridade da pele prejudicada, relacionada com fatores mecânicos, hipotermia ou hipertermia, umidade e alterações do estado metabólico secundário ao tratamento da icterícia.

-Precauções circulatórias;-Supervisão da Pele;- Estimulação cutânea.

-Integridade tissular: Pele e Mucosas.

- Termorregulação Ineficaz relacionado com a exposição a ambiente quente ou frio, secundário aos efeitos colaterais da fototerapia.

-Cuidados com o Recém-nascido;-Regulação da Temperatura;-Monitorização de Sinais Vitais;-Banho;-Fototerapia.

-Termorregulação: Neonato

- Risco para volume de líquidos desequilibrados, relacionado ao aumento do trânsito gastrointestinal e/ou

-Controle de liquídos;-Monitorização de sinais vitais;-Monitorização de liquídos.

- Equilíbrio de líquidos;- Hidratação

Page 32: Ictericia

30

hidratações inadequadas secundário ao tratamento do recém- nascido com fototerapia.

- Padrão de sono perturbado evidenciado por dificuldade da manutenção do sono, relacionado com dor, barulho, interrupções para os procedimentos e estimulação excessiva secundário ao tratamento da hiperbilirrubinemia.

-Controle do ambiente: conforto;-Incremento de sono.

-Repouso;-Sono.

Page 33: Ictericia

31

15 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A elevada incidência de hiperbilirrubinemia, acometendo recém-nascidos a termo e

recém-nascidos prematuros, requer profissionais de enfermagem qualificados, capazes de

realizar o diagnóstico clínico de icterícia, bem como proporcionar adequada assistência

durante o tratamento, objetivando um rápido restabelecimento e evitando complicações,

especialmente àquelas relacionadas à fototerapia e exsanguíneotransfusão.

Torna-se, portanto, fundamental que a enfermeira conheça os mecanismos

responsáveis pelo metabolismo e excreção da bilirrubina, além de conhecer os tipos de

tratamento empregados e as intervenções prioritárias.

Page 34: Ictericia

32

REFERÊNCIAS

GAIVA, M.A.M.; GOMES, M.M.F.; BARBOSA, M.A.R.S.2006. O cuidado de enfermagem ao recém-nascido com hiperbilirrubinemia neonatal. In: OLIVEIRA, A.G.B. Ensino de enfermagem: trabalho e cuidado. Cuiabá:EdUFMT, 2006.

KENNER, C. Enfermagem neonatal, 2 ed. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso Editores, 2001.

MARCONDES, E. et al. Pediatria básica. 9 ed. São Paulo: Sarvier, 2003.

CAMPOS, A.C.S; CARDOSO, MOREIRA, M.V.L; CARDOSO, L. Enfermagem e o cuidado humanístico: proposta de intervenção para a mãe do neonato sob fototerapia. Cienc. Enfer., Concepción, v.12, n.1, Jun. 2006. Disponível em<http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0717-95532006000100008&Ing=pt&nrm=iso>. Acesso em 09 Jul. 2013

WONG, J. Fundamentos de Enfermagem Pediátrica. 7 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.

MACDONALD, Martha D. MULLET, Mary M. K. SESHIA. Avery. Neonatologia: fisiologia e tratamento do recém nascido. 6. ed. Rio e Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.