idéias para a luta 4

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IDÉIAS PARA A LUTA [4] DEVE-SE RECHAÇAR O CENTRALISMO BUROCRÁTICO E PRATICAR SÓ O CONSENSO? MARTA HARNECKER 1. Os partidos de esquerda, durante muito tempo, foram muito autoritários. O que se praticava habitualmente era um centralismo burocrático muito estimulado pelas experiências do socialismo soviético. Todos os critérios, tarefas, iniciativas, linhas de ação eram decididos pela cúpula partidária, sem conhecimento nem debate com a militância , limitando-a a acatar ordens que nunca discutia e, muitas vezes, não compreendia. Uma atitude deste tipo parece cada vez mais intolerável para a maioria das pessoas. 2. Mas, para lutar contra esse desvio centralizador burocrático, deve -se evitar cair no desvio do ultrademocratismo , que leva a gastar mais tempo em discutir do que em atuar, porque tudo, até o não necessário, se submete a discussões que muitas vezes, esterilizam toda ação concreta . 3. Ao criticar o desvio burocrático do centralismo, tende-se, nestes últimos tempos, a rejeitar todo tipo de direção central. 4. Fala-se da necessidade de organizar grupos em todos os níveis da sociedade e que esses grupos apliquem uma democracia interna estrita idéias que evidentemente compartilhamos O que não compartilhamos é afirmar que não se precisa de esforço para tentar dar-lhes uma organicidade comum. Em nome da democracia, da flexibilidade e do desejo de dar-se a batalha em diferentes frentes, se rechaçam os esforços para determinar as prioridades estratégicas e por tentar unificar sua ação. 5. Para alguns, o único método aceitável é o do consenso. Argumenta-se que com ele se busca não impor decisões, mas lograr interpretar a todos. Mas este método, que procura acordo com todos e que aparece como mais democrático, às vezes, é muito mais antidemocrático, porque outorga direito de veto a uma minoria : no DOCUMENT.DOC 1

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IDIAS PARA A LUTA [4]DEVE-SE RECHAAR O CENTRALISMO BUROCRTICO EPRATICAR S O CONSENSO? MARTA HARNECKER1. Os partidos de esquerda, durante muito tempo, foram muito autoritrios. O que se praticava habitualmente era um centralismo burocrtico muito estimulado pelas experincias do socialismo sovitico. Todos os critrios, tarefas, iniciativas, linhas de ao eram decididos pela cpula partidria, sem conhecimento nem debate com a militncia, limitando-a a acatar ordens que nunca discutia e, muitas vezes, no compreendia.ma atitude deste tipo parece cada vez mais intolervel para a maioria das pessoas.!. Mas, para lutar contra esse desvio centralizador burocrtico, deve-se evitar cair no desvio do ultrademocratismo, que leva a"astar mais tempo em discutir do que em atuar, porque tudo, at o no necessrio, se submete a discuss#es que muitas vezes, esterilizam toda ao concreta.$. %o criticar o desvio burocrtico do centralismo, tende-se, nestes &ltimos tempos, a re'eitar todo tipo de dire(o central.). *ala-se da necessidade de or"anizar "rupos em todos os n+veis da sociedade e que esses "rupos apliquem uma democracia interna estrita idias que evidentemente compartilhamos.O que nocompartilhamos afirmar que no se precisa de esfor(o para tentar dar-lhes uma or"anicidade comum. Em nome da democracia, da flexibilidade e do desejo de darse a batalha em diferentes frentes, se rechaam os esforos para determinar as prioridades estrat!icas e por tentar unificar sua ao",. -ara al"uns, o &nico mtodo aceitvel o do consenso" %r"umenta-se que com ele se busca no impor decis#es, mas lo"rar interpretar a todos. .as este mtodo, que procura acordo com todos e que aparece como mais democrtico, /s vezes, muito mais antidemocrtico, porque outor"a direito de veto a uma minoria0 no extremo de que uma s1 pessoa pode impedir que se che"uem a implementar acordos que contam com um apoio imensamente ma'oritrio.2. -or outra parte, a complexidade dos problemas, a amplitude da or"aniza(o e os tempos da pol+ticaque obri"am a tomar decis#es rpidas em determinadas con'unturas tornam quase imposs+vel a utiliza(o da via do consenso em muitas ocasi#es, ainda que se descarte seu uso manipulador.3. %credito que no se pode pensar em eficcia pol#tica sem conduo unificada que defina as a(#es a realizar nos distintos momentos da luta e, para alcan(ar esta defini(o, preciso que se fa(a uma discusso ampla, onde todos opinem e que, finalmente, se adotem acordos que todos devem cumprir.4. -ara obter uma a(o coordenada, os or"anismos inferiores devem ter em conta, nas suas decis#es,as indica(#es que fazem os or"anismos superiores e, aqueles cu'as posi(#es ficaram em minoria 279292689.DOC 1devem submeter-se na a(o / linha que triunfa, desenvolvendo 'unto aos demais membros as tarefasque se desprendem dela. 5. ma inst6ncia pol+tica que pretenda seriamente lutar para transformar a sociedade no pode se dar o luxo de ter no seu seio elementos indisciplinados $ue rompam a unidade de ao, sem a $ual no h ao pol#tica eficaz.17. 8ssa combina(o de direo central nica e de discusso democrtica nos diferentes n+veis da or"aniza(o o que se chama centralismo democrtico. 9rata-se de uma combina(o dialtica0 em per+odos pol+ticos complicados, de au"e revolucionrio ou de "uerra, no resta outra solu(o que no se acentuar o p1lo centralista: em per+odos de calma, onde o ritmo dos acontecimentos mais lento, deve-se acentuar o p1lo democrtico.11. -essoalmente no ve'o como se pode conceber uma a(o pol+tica com sucesso se no se conse"ue uma a(o unificada e, para isso, no acredito que exista outro mtodo a no ser o do centralismo democrtico, se no se tenha alcan(ado o consenso.1!. ma correta combinao do centralismo e da democracia estimula a iniciativa dos diri"entes e, sobretudo, de todos os militantes. ;omente a a(o criadora em todos os n+veis da or"aniza(o pol+tica ou social capaz de asse"urar o avan(o das nossas lutas. ma vida democrtica insuficiente impede o desenrolar de toda a iniciativa criadora dos militantes, com conseqsso evita as nefastas divis#es internas que costumam afli"ir os movimentos e partidos de esquerda e previne que se cometam erros de "rande enver"adura. ?BIBLIOGRAFIA DE MARTA HARNECKER SOBRE O TEMA: @a izquierda despus de ;eattle, ;i"lo AA> 8spanha, !77!.@a izquierda en el umbral del ;i"lo AA>. Baciendo posible lo imposible, -ublicado en0 .xico, ;i"lo AA> 8ditores, 1555: 8spanha,;i"lo AA> 8ditores, 1C ed., 1555, !C ed., !777 D $C ed., !777: Euba, 8ditorial de Eiencias ;ociales, !777: -ortu"al, Eampo das @etras 8ditores, !777: Frasil, -az e 9erra, !777: >talia, ;perlin" and Gnstituto de Eiencias -ol+ticas D %dministrativas *arabundo .art+, !771.Lan"uardia D crisis actual o >zquierda D crisis actual, ;i"lo AA> 8spaMa, 1557. -ublicado en0 %r"entina, 8diciones de Nente ;ur, 1557: ru"uaD, 9%8 8ditorial, 1557: Ehile, Frecha, 1557: 279292689.DOC 2=icara"ua, Farricada, 1557. Eon el t+tulo &z$uierda ' crisis actual0 .xico, ;i"lo AA> 8ditores, 1557: -er&, 8diciones %mauta, 1557: Lenezuela, %bre Frecha, 1557: Oinamarca, ;olidaritet, 155!.279292689.DOC 3