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SOM NAS IGREJAS
Com o objetivo de criar um novo padrão para todas as igrejas, já que aproposta agora é investir no segmento de louvor, o missionário R.R.Soares, líder da Igreja Internacional da Graça de Deus, usou o temploinaugurado no bairro da Taquara, em Jacarepaguá, para servir de perfilpara o que deverá ser feito daqui por diante em se tratando desonorização.
Karyne [email protected]
Igreja Internacional
Atualizar-se e aperfeiçoar-se no
mercado de áudio é hoje uma de-
cisão da Igreja da Graça. Já que
todas as outras denominações estão se de-
senvolvendo nessa área, o ministério de
R.R. Soares iniciou seu processo dentro
desse segmento.
Inicialmente o perfil da Igreja da Gra-
ça era diferente das igrejas chamadas
Congregacionais, Comunidades ou Batis-
tas, conhecidas pelo seu histórico musical.
O sistema de som se baseava somente em
algumas pequenas caixas de som e micro-
fone para o pregador, pois a proposta da
igreja era trabalhar com a voz. Até então
não existia a hipótese de investir em som
profissional, que, por sua vez, seria utiliza-
do se houvesse uma banda de louvor com
características musicais dos cultos de ado-
ração. Para entrar na era da tecnologia e
mudar a visão da igreja em relação à mú-
sica, seria necessário um tipo de investi-
mento mais amplo e específico.
O missionário R.R. Soares percebeu
essa necessidade e deu o primeiro passo
para que as melhorias para os próprios
membros começassem a ser uma realida-
de em todo o ministério da Igreja da Gra-
ça. Nos últimos três anos, a liderança pas-
sou a dar importância ao ministério de
louvor tanto quanto dava para o momen-
to da Palavra.
O engenheiro de som Roberto Bra-
gança, que já cuidava do equipamento
das igrejas no Rio de Janeiro antes da de-
terminação do missionário em relação às
novidades, foi chamado para orientar e
elaborar os projetos de sonorização de to-
das as igrejas filiais no Rio de Janeiro
(lembrando que a sede do missionário e
líder da Igreja Internacional da Graça,
R.R. Soares, é localizada em São Paulo).
A essa altura, o equipamento monta-
do nas igrejas não suportava atender aos
grupos de louvor que começaram a ser
formados. O ministério de louvor passou
então a ter prioridade e um novo depar-
tamento foi criado. Só faltava instalar
da Graça de Deus na Taquara, RJ
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equipamento adequado para este objeti-
vo e comprar estrutura de backline para
músicos e backing vocals.
Há exatamente dois anos que Ro-
berto vem trabalhando com este desa-
fio. “Houve então uma grande mudan-
ça em todo o sistema de áudio nas igre-
jas: mesas e periféricos específicos,
monitores, microfones e sistema de pal-
co para uma banda de louvor completa
no palco. E o templo situado na Taquara
foi o ponto de partida para essa nova ex-
periência”, disse Roberto.
O engenheiro enfatizou que sem dú-
vida há um custo maior, muito além do
que o departamento administrativo está
acostumado a administrar e pratica-
mente o setor de gerência principal da
igreja da Taquara optou por dar priori-
dade ao sistema de som (P.A. e palco).
A partir de 2005, o som passou a fazer
parte do orçamento da igreja. Só que no
início não foi tão fácil e a ajuda de Ro-
berto para orientar e mostrar a neces-
sidade de um investimento em determi-
nado produto era de suma importância
para pôr em prática o desejo do missio-
nário. “Todos os valores são discutidos,
as plantas dos projetos, o critério de es-
colha dos equipamentos, tudo é passado
de acordo com a minha visão de áudio,
pois com certeza estou pensando no
melhor para a igreja”, completou.
Seguindo uma lógica bem simples, a
discussão sobre a questão do investimen-
to em equipamento também apontou
para um detalhe muito importante: o in-
vestimento em pessoal. Isso significa con-
tratar operadores de som e, portanto, ofe-
recer treinamento especializado para
manusear os novos equipamentos de
som, instrumentistas, backing vocals, en-
fim, uma estrutura necessária para criar
música na igreja.
Roberto lembrou que a única igreja
que tinha um aparato mais moderno
em termos de equipamentos era a sede
em São Paulo que transmite o progra-
ma Show da Fé para a TV, ou seja, um
sistema de áudio preparado para aten-
der à igreja e outro sistema específico
para televisão.
Acústica e som
A igreja na Taquara é um diferencial
em termos de modelo por causa de sua
acústica e som. O templo está totalmente
voltado para as avenidas e, no entanto, não
Roberto Bragança é o responsável técnico pelo som
da Igreja da Graça
Vista geral da extensão da igreja e do sistema
completo de P.A
A questão doinvestimento em
equipamento tambémapontou para um
detalhe muitoimportante: o
investimento empessoal
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entra ruído, mesmo
com as portas abertas.
Isso também fez parte
da proposta do novo
perfil, que foi alcan-
çado nesta igreja, que
comporta 700 pessoas
sentadas. O local que
abriga hoje o templo
era uma agência de
automóveis e sua an-
tiga estrutura foi rea-
proveitada. Roberto
acompanhou o projeto
desde o início e teve
uma participação mui-
to efetiva junto ao de-
partamento de enge-
nharia e arquitetura.
Para fazer a diferença e entrar em
uma nova fase do ministério, o próprio
missionário colocou no papel tudo o que
tinha planejado, desde a altura, o espaço
para receber as pessoas, número de pesso-
as acomodadas, estética, paredes rebaixa-
das, palco, etc. Depois a arquiteta passou
tudo para a planta do projeto arquitetô-
nico e trabalhou junto a Roberto, para de-
finir o sistema de áudio.
Esse formato final já é considerado o
ideal para os próximos templos a serem
levantados e não prejudicou o áudio.
Para Roberto foi mais que um desafio
profissional, pois se tratava de adaptações
de som e ao mesmo tempo novas propos-
tas de templos. “Como havia muitos de-
talhes na estrutura, eu me preocupei se
isso iria causar problemas e se fosse o caso
mudar alguma coisa no projeto de acústi-
ca e sonorização. Felizmente executa-
mos tudo o que foi planejado e nada foi
alterado”, lembrou Roberto.
Na hora de instalar o sistema de P.A.,
pelo fato de a igreja ter um corredor mui-
to comprido e a largura estreita, ela pas-
sou por uma preparação para receber o
sistema, que na verdade ficou bem dife-
rente se comparado aos sistemas instala-
dos até o momento.
Um detalhe foi o cuidado com o posi-
cionamento das caixas, pois poderia gerar
reverberação e as pessoas que sentam no fi-
nal das fileiras receberiam rebatimento
de todas essas caixas. Nesse sentido, Ro-
berto fez apenas alguns ajustes.
“Quando a engenharia me mostrou a
planta da arquitetura do prédio eu pensei
que fosse dar problema na hora de montar
o sistema de sonorização. Foi quando pas-
sei para o papel as possibilidades de como
montar as caixas”.
O P.A. não poderia ser montado em
cluster, line, nem havia estrutura interna
para suportar caixas de delay. A sugestão
Lista de Equipamentos10 caixas Staner VS600 (P.A.)
Console Phonic MR 4243APQ
Compressor Berhinger MDX4600
Equalizador Ciclotron TGE2313 XS
Equalizador Berhinger FBQ 6200
4 caixas Staner VSM (monitores)
Microfones: SM58, SM58 Beta, PGX24
Amplificadores para guitarra e baixo
Meteoro
Teclados Yamaha e bateria Mapex
CDJ 6000 SKP
T Verb Pro Berhinger 2496
foi colocar as caixas
uma a uma em fly
com intervalos de
15 em 15 inclinadas
de forma que atin-
gissem as fileiras da
frente e conseqüen-
temente as laterais,
sem provocar can-
celamento. Foram
ao todo dez caixas
Staner modelo VS
600. O engenheiro
escolheu estas cai-
xas por serem full-
range. Elas possuem
um alto-falante Sta-
ner de 15" e um dri-
ver fenólico. “Em relação à potência,
300 W RMS, elas atenderam à proposta
do meu projeto. Foram posicionadas em
fly para atingir melhor as pessoas, mas
eu poderia optar por colocá-las em pe-
destais, já que possuem encaixe próprio
para isso. Cada uma pesa 25 kg e con-
fesso que isso me deixou pensativo”,
explicou Roberto.
Os técnicos da Staner foram cha-
mados a fim de darem o suporte neces-
sário para Roberto na hora da instala-
ção destas caixas, desde que ficou de-
finido que o sistema seria em fly. Eles
utilizaram um material específico para
P.A. montado em fly ao longo da igreja foi a única forma de sonorização
Como havia muitosdetalhes na estrutura,eu me preocupei se
isso iria causarproblemas e se fosse o
caso mudar algumacoisa no projeto de
acústica e sonorização
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suspensão e posicionamento das caixas
de maneira que tivessem 100 % firmes
no teto e não apresentassem risco al-
gum. Isso foi feito com acompanha-
mento de outros departamentos (enge-
nharia e arquitetura) e nada no teto foi
modificado ou quebrado para resolver
essa questão.
As características das caixas vão con-
tinuar atendendo tanto à voz, como ao
grupo de louvor. Para complementar o
sistema, posteriormente, serão colocados
os subgraves, assim que a igreja estiver
pronta para ter uma banda “de peso”,
como disse Roberto, que não se esque-
ceu deste detalhe e já deixou pronto o
espaço para essas caixas.
Para monitoração de palco são usadas
as caixas VSM Staner, modelos do fabri-
cante para serem usados como moni-
tores. Todos no palco utilizam moni-
toração tradicional e não sistema in-ear,
como a maioria das igrejas está optando
em ter no setup do palco, mesmo com
uma banda de louvor completa.
O tratamento acústico dentro do
templo e na região do palco possibilitou
que o som gerado pelos músicos não va-
zasse, podendo assim fazer uso da forma
convencional de monitoração. Não há
problema de poluição sonora, micro-
fonação e nem há necessidade de aquá-
rio para bateria.
“Todos estes detalhes técnicos, do que
precisa ser feito para dar prosseguimento a
essas melhorias que a igreja quer fazer eu
levo para a minha diretoria. Apresento as
sugestões, fazemos uma avaliação e eles
concordam porque não somos uma igreja
conhecida como igrejas que têm uma
projeção de som de peso e voltadas para
louvor. Estamos entrando nessa área ago-
ra e pelo que estou vendo vamos ter mui-
tas mudanças e trabalho daqui para fren-
te”, disse Roberto, satisfeito com o resul-
tado alcançado.
Padronizando tambémos equipamentos“A visão da igreja é custo-benefício.
Eu particularmente prefiro que a maioria
dos equipamentos comprados para a
igreja seja nacional, apesar de usarmos
boas marcas importadas também. Esse
Detalhe do suporte utilizado para suspender ascaixas e como estão posicionadas
Backline montado para atender à banda de louvorque começa a crescer na igreja
“Todos estes detalhes técnicos, do que precisaser feito para dar prosseguimento a essas melhorias
que a igreja quer fazer eu levo para a minha diretoria.Apresento as sugestões, fazemos uma avaliação
e eles concordam”
procedimento visa principalmente à
praticidade na hora da manutenção”,
comentou Roberto.
Hoje a igreja trabalha com uma linha
de doutrina específica para crianças, jo-
vens e adultos. Roberto acompanhou a
chegada do pastor Joel de São Paulo para
esta missão no Rio de Janeiro, onde co-
meçou o ministério da Taquara do zero.
O pastor também coordena o ministério
de louvor que começa a dar os primeiros
passos e Roberto foi operador de áudio
nos primeiros meses depois da inaugura-
ção da igreja.
Desde a conclusão e finalização de
todo o conceito do projeto de som na
Taquara, Roberto vai padronizar o som
nas demais igrejas, incluindo as marcas
dos equipamentos. “No nosso caso é viá-
vel colocar uma mesa nacional de fácil
manuseio porque os operadores estão
ainda em fase de treinamento para pos-
teriormente pegar o jeito e as manhas do
áudio e pilotar mesas melhores. Não adi-
anta colocar uma mesa sofisticada para
um iniciante, até porque todas as igrejas
estão vivendo esta fase no momento”, fi-
nalizou Roberto.
A igreja investiu em periféricos para atender
sistemas de P.A. e palco