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Redução de vulnerabilidade a desastres: do conhecimento à ação
São Paulo-SP Maio de 2016
“Desenvolvimento e riscos no contexto Latino Americano”
III Congresso da Sociedade de Análise de Risco Latino Americana SRA-LA
Victor Marchezini Pesquisador
Sumário
Conceito de desenvolvimento
Conceito de desastres
Dimensões da vulnerabilidade
Redução de vulnerabilidades
DESENVOLVIMENTO
É compreendido como crescimento econômico acompanhado pela melhoria do padrão de vida da população e por alterações fundamentais na estrutura de sua economia. O desenvolvimento deve proporcionar aos cidadãos de um país as condições mínimas, de acordo com o padrão culturalmente estabelecido, para a manutenção da dignidade e o exercício da cidadania (CARVALHO, 2002).
O QUE SÃO DESASTRES? 3 PRINCIPAIS PARADIGMAS (GILBERT, 1998):
3º:Desastre como um estado de incertezas geradas pelas próprias instituições
2º:Desastre como expressão social da vulnerabilidade
1º:Desastre como agente externo ameaçador
Desastre como “agente externo ameaçador”
Estruturação da percepção, da representação e da realidade
“Chuvas matam mãe e filho soterrados em Pernambuco” “Chuvas castigam o Paraná e o Espírito Santo” “Chuvas causam alagamentos e falta de energia” “as chuvas fortes e atípicas voltaram a castigar São Luís ontem”
Ideia de “normalidade” sendo rompida por um “força sobrenatural”
Definições orientam os discursos e as práticas das instituições
Desastre como expressão social da vulnerabilidade
Ângulo da vulnerabilidade
Definição
Natural Intrínseca aos próprios limites ambientais da vida
Física Localização em zonas suscetíveis a ameaças e/ou deficiência das estruturas físicas para absorver os impactos
Econômica Dependência econômica, ausência de investimento, falta de diversificação da base econômica, desigualdade social, pobreza.
Social Baixo grau de organização e coesão interna para prevenir, mitigar e responder a situações de desastre
Política Alto grau de centralização na tomada de decisão e na organização governamental
Tecnológica Inadequadas técnicas de construção de edifícios e de infraestrutura
Ideológica Relacionada às representações sobre o mundo e sobre o meio-ambiente. Passividade e fatalismo são identificados como exemplos.
Cultural Expressa na forma como indivíduos se veem, como os meios de comunicação veiculam imagens estereotipadas sobre o meio ambiente e os desastres.
Educacional Ausência de programas de educação no tema; grau de preparação da população para enfrentar situações de desastre
Ecológica Relacionada à perspectiva adotada pelos modelos de desenvolvimento em relação ao meio ambiente
Institucional Refletida na obsolescência e rigidez das instituições; na prevalência de decisões políticas sobre critérios técnico-científicos; no predomínio de critérios personalistas na tomada de decisão etc.
Fonte: Wilches-Chaux (1993) e Lavell (1993) (Adaptado)
2003-2010: 13.098 portarias de reconhecimento de Situação de Emergência (S.E) ou Estado de Calamidade Pública (E.C.P.)
o modelo de desenvolvimento pode criar novas ou aumentar as vulnerabilidades existentes que deveria, por definição, diminuir.
Mattedi (1999) – inundações Bacia do Itajaí/SC
política de desmembramento e criação de novos municípios
1940: 277.850 habitantes
1960: 480.601 habitantes
Desastre de 2008 150 mortos em deslizamentos e inundações, superando os desastres ocorridos nos anos de 1974, 1983, 1984, 1995, 2004 e 2005 R$ 5.32 bilhões (Banco Mundial, 2012a) mais de 6 mil habitações destruídas 177 unidades de saúde afetadas 270 escolas públicas atingidas em 20 municípios 38 mil propriedades rurais atingidas
Modelos de crescimento econômico (ou desenvolvimento) e construção social dos riscos
RECONSTRUÇÃO INCERTA: PERMANÊNCIA DO “TEMPORÁRIO”
AMEAÇA DE “DESPEJO”
ROTINA CONTROLADA PELO ÓRGÃO PÚBLICO
CONVIVÊNCIA PÚBLICA EXACERBADA
PERDA DA CASA E DO HABITUS DA FAMÍLIA
VULNERABILIDADES NOS ABRIGOS
SOFRIMENTO SOCIAL INVISIBILIZADO
ABANDONO
Abrigo em Ilhota/SC (dez. 2008)
INFORMAÇÕES DESENCONTRADAS E NÃO-OFICIAIS
Perspectiva da continuidade do desastre = recorte temporal de análise: Jan/2010 – Jun/2013
São Luiz do Paraitinga/SP (2010)
Fazer viver
Folha de São Paulo no dia 02 de janeiro de 2010: “equipes dos bombeiros usam botes para resgatar as vítimas. Os desabrigados são levados para as áreas altas da cidade. O Exército também auxilia nos trabalhos, com um helicóptero” (FOLHA ONLINE, 2010a; grifo nosso).
Contradiscursos dos luizenses:
“no momento mais crítico das enchentes, as pessoas do rafting retiraram mais de 800 pessoas das casas. A partir daí, mudou completamente o conceito, né? E hoje viraram heróis, né? Há pessoas que os chamam de anjos”.
Muita gente querendo mandar, chega até ser engraçado: nos primeiros dias eu me senti assim...a gente conversa né...nós do município... “a gente agora é servente dos órgãos”...porque assim...tudo o que eles falam você faz, não discuta. Era tanto coronel, era tanta patente na cidade, parecia um QG [Quartel General] de guerra, que vinha forças de todo lado: uma hora era o bombeiro, outra era (...) eu não sabia quem que mandava mais (...) era uma convivência assim...a gente obedecia ordens (Entrevista realizada em novembro de 2011; grifo nosso).
Deixar morrer
nós estamos passando por uma prova muito grande...não morreu ninguém na enchente, né? Grandes manchetes que sai na televisão dos anjos do rafting, realmente, são mesmo, conseguiu salvar todo mundo e não teve nenhum óbito. E depois? A quantidade de gente que morreu depois, de tristeza, de angústia, de depressão, foi muita gente...Muita gente, meu pai foi um deles. Tinha uma mulher que chorava tanto, e a gente começava a chorar com ela, “ah eu não vou ver mais isso*, eu não vou ver mais...” [não vai ver mais] a história, né? (entrevista realizada em dezembro de 2011).
Fazer resistir
(…)
Agora estamo lutando, com força, garra e fé
Juntar o pouco que tem, pra pôr a cidade em pé
(…)
O sorriso esconde a lágrima, o coração apertado
Mas o luizense tem força, traz a raça do passado
(…)
Nossa cultura está viva, essa água não levou
(…)
A simpatia de um povo, essa a enchente não tira
(…)
Nossa cidade é encantada, ainda tem muita beleza
(Ditão Virgílio, 15 de setembro de 2011, Poema da Enchente, Semana da Canção)
Catástrofe da Região Serrana do RJ (2011-)
905 mortes 300 desaparecidos 300 mil afetados R$ 4.78 bilhões de prejuízos (Banco Mundial, 2012b)
Decreto Presidencial nº 7.513, de 1º de julho de 2011
Como parte do Estratégia Nacional para Gestão de Desastres Naturais, o CEMADEN tem por objetivo desenvolver, testar e implementar um sistema de previsão de ocorrência de desastres naturais em áreas vulneráveis de todo o Brasil.
Estratégia Nacional de Gerenciamento de Riscos de Desastres
CEMADEN
DEFESA CIVIL
CENAD
Alarme e Articulação
Monitoramento e Alerta
MS, GSI, MT, FORÇAS ARMADAS
INMET , INPE, DECEA/MD e CENTROS
ESTADUAIS Informações meteorológicas
MI, MCid e IBGE Análise de Risco e Vulnerabilidade a
Desastres
CPRM Mapeamento
geológico- geotécnico
ANA Informações hidrológicas
Mobilização e Resposta
UNIVERSIDADES, INSTITUTOS DE PESQUISA Geração de conhecimento, aprimoramento de metodologias, banco de dados de pesquisas
aplicadas a desastres naturais (suscetibilidade, vulnerabilidade, risco)
COMUNIDADE Informações
locais
“Sistema de alerta é um conjunto de capacidades necessárias para gerar e disseminar, com tempo e de forma compreensível, informações que possibilitem que indivíduos, comunidades e organizações vulneráveis a desastres possam se preparar e agir, de forma apropriada e em tempo suficiente, para reduzir sua possibilidade de sofrer danos e/ou perdas” (UNISDR, 2012)
O QUE É UM SISTEMA DE ALERTA?
EIXOS DO SISTEMA DE ALERTA
CONHECIMENTO DOS
RISCOS
MONITORAMENTO E
ALERTA
EDUCAÇÃO E
COMUNICAÇÃO
CAPACIDADE DE
RESPOSTA
PESQUISA E DESENVOLVIMENTO
• Desastres
• Meteorologia
• Geodinâmica
• Hidrologia
• Agrometeorologia
• Fogo e vegetação
• Modelagem de desastres naturais
UNIVERSIDADES, INSTITUTOS DE PESQUISA Geração de conhecimento, aprimoramento de metodologias, banco de dados de
pesquisas aplicadas a desastres (suscetibilidade, vulnerabilidade, risco)
Áreas de risco monitoradas pelo CEMADEN
Informações da população disponíveis no censo demográfico do IBGE para todo o Brasil
Criação de uma nova base territorial para associação dos dados censitários às
áreas de risco
CONHECER AS VULNERABILIDADES
Pluviômetros nas Comunidades
Fonte: Portal R3
52 capacitações 750 participantes 232 municípios
Rio de Janeiro, RJ
Fonte: Cemaden Fonte: Cemaden
Recife, PE
EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO
Contato: [email protected]
UNIVERSIDADES, INSTITUTOS DE PESQUISA Geração de conhecimento, aprimoramento de metodologias, banco de dados de
pesquisas aplicadas a desastres (suscetibilidade, vulnerabilidade, risco)
Mapeamento do território
Cemaden Educação: Rede de escolas e comunidades na prevenção de desastres
Monitoramento e alerta
Educomunicação
Memória e percepção
Como funciona iniciação científica + intervenção na comunidade
Cemaden Micro-local:
Escola
Pesquisa
Formação
Articulação de politicas
Escolas resilientes e sustentáveis
Intervenções COM-VidAção
Contatos:
OBRIGADO
CENTRO NACIONAL DE MONITORAMENTO E ALERTAS DE DESASTRES NATURAIS - CEMADEN
Coordenação de Relações Institucionais [email protected]
(12) 3205-0115