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Caminhos de deportação nos Açores Metropolis 2011 Migration Futures: Perspectives on Global Changes Imagem de Lisajen-stock http://lisajen-stock.deviantart.com/

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Caminhos de deportação nos

Açores

Metropolis 2011 Migration

Futures: Perspectives on Global Changes

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Caminhos de deportação

Anos 80 do séc. XX: primeira notícia. Anos 90: consciência da necessidade de

intervenção psicossocial.Deportados tinham/têm em comum: o nascimento nos Açores; uma vida construída na América do Norte; uma relação muito ténue com a terra natal; uma identificação cultural forte com o país

de residência; um ou mais crimes cometidos.

Introdução

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um grande desconhecimento da língua; um sotaque característico acentuado; um modo de vestir e calçar muito

próprio dos países onde tinham crescido;

tatuagens no corpo; modo de estar ou muito reservado ou

bastante desabrido.

Sinais Exteriores

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Caminhos de deportação

Trabalho humanitário da Igreja.

Intervenção do Governo.

Medidas transversais, envolvendo a administração pública, o movimento associativo, as organizações privadas,

as instituições particulares de solidariedade social.

Sequência

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perdidos e incrédulos… cheios de interrogações… mãos vazias… malas onde cabiam todas as suas vidas. Memórias dolorosas. Famílias desestruturadas ou indiferentes. Desconhecimento da língua portuguesa.

No início foi assim…

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Afectivamente “não-portugueses” Culturalmente “não-portugueses” Por quê o regresso à ilha? Era o berço desconhecido mas

recomendado por pais ou avós Era o aeroporto para onde eram

mandados. O primeiro acolhimento foi o Centro

Paroquial de S. José.

Dificuldades psicossociais

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Indicadores de pertença “estrangeira” e desenraizamento:

estatuto socioeconómico destes cidadãos, comportamentos facilmente identificáveis, diferenças na comunicação e nas acessibilidades, níveis elevados de stress fragilidade versus agressividade dificuldades de socialização e auto-isolamento

sugeriam identidades abandonadas (Butler, 2003), (re)construídas – ou não, por opção persistente - através da sua interacção com o ambiente sociocultural (Lewin, 2001).

Entretanto, as percepções iam ganhando contornos

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despertar-lhes o gosto pela construção de uma nova vida;

incentivá-los a tecer um projecto; dar-lhes reconhecimento social em dois planos diferentes: o reconhecimento do outro (diversidade); e o reconhecimento de si na categoria de

ser humano (Gattino et alii, 2008: 31).

Urgência

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Primeiras entidades oficiais a tomar as rédeas da problemática das deportações:

Direcção Regional das Comunidades Instituto de Acção Social, CAR (Criação de uma equipa multidisciplinar)

Necessidade de avançar para outro patamar, mais transversal, mais abrangente, mais exigente, mais profissional.

CAR, DRC, IAS

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governo, autarquias, empresas, instituições particulares de

solidariedade socialA Presidência do Governo chamou a si a

concertação transdisciplinar com os diferentes departamentos: saúde, segurança social, educação, trabalho e qualificação profissional, acção social, habitação, transportes.

O trabalho transdisciplinar:

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Estratégia desenvolvida pelo Governo dos Açores articulou acção pública e de solidariedade social sob um desígnio: devolver a dignidade aos cidadãos.

Protocolos diversos com entidades privadas detentoras de conhecimentos técnicos.

Autarquias e empresas colaboraram abrindo portas a estágios.

Protocolos

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Acolhimento no aeroporto era feito pelo órgão operativo da Presidência (Direcção Regional das Comunidades).

Informação imediata da existência de serviços para os ajudar em assuntos tão simples mas tão complexos como a obtenção do Bilhete de Identidade, do Número de Segurança Social.

Contactos úteis.

Como funcionava o projecto

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Instituto de Acção Social encontrava abrigo quando a inexistência ou fragilidade dos laços familiares não permitiam alojamento e facultava apoio para a alimentação.

Saúde: rastreio médico e consulta de especialidade quando necessária – e era necessária muitas vezes.

Ensino: curso de língua portuguesa. Trabalho: disponibilizava-se instrutor para

ofícios quando as competências profissionais não indicavam a possibilidade de emprego.

Como funcionava o projecto

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Todas estas facilidades eram apresentadas aos cidadãos e às cidadãs:

A rejeição de ajuda levava à responsabilização individual.

A aceitação conduzia a um processo de negociação em que o indivíduo colaborava com as instituições no seu projecto de vida e assumia deveres em contrapartida aos direitos adquiridos.

A liberdade de optar

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As negociações revelavam-se complexas: carregavam o peso de todo um passado numa terra por vezes idolatrada – Estados Unidos ou Canadá – outras renegada (menos frequentemente) pela expulsão.

O ressentimento dirigido a Portugal era mais ou menos constante, irracional e veemente: “Portugal não nos devia ter aceitado de volta. Se não nos aceitasse, ainda estaríamos lá.”

As emoções sobrepunham-se até à aceitação encontrar lugar – o que nem sempre aconteceu.

Negociações

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Suicídio. Crimes. Droga. Prisão. Doenças. Morte.

Vida. Projectos. Amizades. Construção. Amor. Dignificação. Salvamento.

Há quem continue em risco, por opção. Alguns são filhos pródigos. Muita da integração alcançada teria sido

impossível se não tivesse encontrado o acolhimento destas equipas transdisciplinares .

Resultados

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Caminhos de deportação

Uma certeza brilha, lá ao longe, no horizonte: com a queda da emigração, a geração dos deportáveis tem os seus dias contados.

Entretanto, o lema é ainda o que sempre foi: enquanto alguém se inserir, terá valido a pena o esforço.

A certeza

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Return migration and deportation:

Processes and challenges

Metropolis 2011 Migration

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Alzira Silva

13/09/2011