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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
RENATA TRINDADE GONÇALVES
IMPLANTAÇÃO DE GRUPOS OPERATIVOS NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA DE PRESIDENTE BERNARDES
CONSELHEIRO LAFAIETE - MINAS GERAIS 2015
RENATA TRINDADE GONÇALVES
IMPLANTAÇÃO DE GRUPOS OPERATIVOS NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA DE PRESIDENTE BERNARDES
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização em Estratégia Saúde da Família, Universidade Federal de Minas Gerais, para obtenção do Certificado de Especialista.
Orientadora: Profa. Dra. Márcia Christina Caetano Romano
CONSELHEIRO LAFAIETE - MINAS GERAIS 2015
RENATA TRINDADE GONÇALVES
IMPLANTAÇÃO DE GRUPOS OPERATIVOS NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA DE PRESIDENTE BERNARDES
Banca examinadora
Profª Drª Márcia Christina Caetano Romano- orientadora
Profª Drª Matilde Meire Miranda Cadete
Aprovado em Belo Horizonte, 26 de janeiro de 2015
AGRADEÇO
Aos meus pais Cleonice e Jesuino.
Aos meus irmãos Rodrigo e Vinícius, que com paciência, deram-me todo o incentivo
e apoio para continuar a caminhada, mesmo nos momentos de dificuldade e diante
dos obstáculos enfrentados.
A toda a minha família e amigos pelo apoio e por confiarem no meu trabalho.
Ao corpo docente do Curso de Especialização em Estratégia Saúde da Família pela
dedicação e pelas orientações preciosas, pois cada um de vocês faz parte do meu
sucesso.
Agradeço a Deus por estar sempre presente e no controle de tudo, pois os planos de
Deus jamais serão frustrados.
“Escolha um trabalho que você ame e nunca terá que trabalhar um
único dia em sua vida”.
Confúcio
RESUMO
A Atenção Básica à Saúde apresenta como uma de suas diretrizes estimular a participação popular, visando sua autonomia e capacidade de autocuidado. Para tal, as ações de prevenção e promoção da saúde são essenciais, especialmente as atividades de grupos operativos. Por ocasião do diagnóstico situacional, observou-se que a Unidade Básica de Saúde prestava atendimento somente de demanda espontânea e de visitas domiciliares e inexistiam grupos operativos, apesar da necessidade educativa de usuários portadores de doenças crônico-degenerativas, mães participantes da puericultura e gestantes. Portanto, este trabalho objetiva elaborar um plano de intervenção para a implantação de grupos operativos voltados para usuários do hiperdia, pré-natal e puericultura, na Estratégia de Saúde da Família Anjos da Saúde do Município de Presidente Bernardes. Foram realizadas uma série de atividades de educação dentro dos grupos operativos criados. A partir dos resultados, pode ser observada mudança satisfatória com a presença de grande parte dos pacientes cadastrados nos grupos operativos, inclusive com relatos de satisfação por parte dos presentes. No Pré-Natal, os grupos operativos fomentaram uma melhor participação das gestantes nas consultas, proporcionando uma assistência clínica mais periódica e humanizada, a aprendizagem da técnica correta de amamentação e a obtenção de orientações gerais. Com o grupo operativo de mães, devido à maior sensibilização sobre os benefícios da puericultura, as crianças passaram a ter acompanhamento do seu crescimento e desenvolvimento de forma seriada e programada, e não mais compareciam à unidade somente se houvesse alguma queixa clínica. No Hiperdia, com a realização do grupo operativo, observou-se maior articulação das atividades de promoção e prevenção de doenças, melhor controle dos níveis pressóricos e da glicemia, bem como melhoria da qualidade de vida. Assim, conclui-se que a implantação dos grupos operativos foi de suma importância para a efetivação dos programas de prevenção e promoção da saúde, devendo estar atrelada à participação efetiva de todos os profissionais da rede para realizar ações integrais e não fragmentadas. Descritores: Cuidado da Criança. Cuidado Pré-natal. Prevenção Primária. Promoção da Saúde. Hipertensão. Diabetes Mellitus. Saúde Mental.
ABSTRACT
The Primary Health Care has as one of its guidelines encourage popular participation, for their autonomy and self- care ability. To this end, health prevention and promotion programs is essential, especially the activities of operative groups. At the situational diagnosis, it was observed that the Basic Health Unit paid spontaneous demand only and home visits and operative groups did not exist, despite the educational need of carriers users of chronic degenerative diseases, participating mothers childcare and pregnant women. Therefore, this study aims to develop an action plan for the implementation of targeted operative groups to HIPERDIA members, prenatal and child care, the Health Strategy for the Family Angels of Health of the Municipality of Presidente Bernardes . A series of educational activities within the created operative groups were held. From the results, satisfactory change can be observed with the presence of most of the patients registered in the operating groups, including satisfaction reports by those present. Prenatal, operating groups fostered greater participation of pregnant women in consultations, providing a more regular clinical care and humanized , learning the correct breastfeeding and to obtain general guidelines . With the operating group of mothers , due to increased awareness about the benefits of childcare, children now have monitoring their growth and development of serial and programmed , and no longer attended the unit only if there was any clinical complaints . In Hiperdia, with the completion of the operative group , there was greater coordination of promotion activities and disease prevention , better control of blood pressure and blood glucose , as well as improving the quality of life. Thus, it is concluded that the implementation of the operative groups was critical to the effectiveness of prevention and health promotion programs and should be linked to the effective participation of all network professionals to perform comprehensive actions and not fragmented. Keysword: Child Care. Prenatal Care. Primary Prevention. Health Promotion. Hypertension. Diabetes Mellitus. Mental Health.
LISTA DE ABREVIATURAS/SIGLAS
ACS Agente Comunitário de Saúde
AIDS Acquired Immune Deficiency Syndrome (Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida)
CRM Conselho Regional de Medicina
DM Diabetes Mellitus
ESF Estratégia Saúde da Família
HAS Hipertensão Arterial Sistêmica
HIV Vírus da Imunodeficiência Humana
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDH Índice de Desenvolvimento Humano
PROVAB Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica
PSF Programa de Saúde da Família
UBS Unidade Básica de Saúde
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais
USF Unidade de Saúde da Família
SUS Sistema Único de Saúde
LISTA DE QUADROS Quadro 1: Distribuição de usuários cadastrados na USF Anjos da Saúde, segundo
demanda de atendimento, Presidentes Bernardes, MG,
2014...................................................................................................................... 14
Quadro 2: Proposta de intervenção para USF Anjos da Saúde, Presidentes
Bernardes, MG, 2014............................................................................................ 25
Quadro 3: Recurso críticos identificados para implementação dos projetos, USF
Anjos da Saúde, Presidentes Bernardes, MG, 2014............................................. 29
Quadro 4: Análise de viabilidade do plano de intervenção, USF Anjos da Saúde,
Presidentes Bernardes, MG, 2014........................................................................ 30
Quadro 5: Gestão do plano de ação da USF Anjos da Saúde, Presidentes
Bernardes, MG, 2014............................................................................................ 31
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................ 11
2 JUSTIFICATIVA.................................................................................... .14
3 OBJETIVO.............................................................................................. 17
4 METODOLOGIA.................................................................................. ..18
5 REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................... 19
6 PLANO DE INTERVENÇÃO............................................................. ... ..24
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................ ...35
REFERÊNCIAS......................................................................................... 37
APÊNDICE.............................................................................................. ...40
11
1 INTRODUÇÃO
Presidente Bernardes é um município mineiro localizado na região sudoeste
de Minas Gerais, distante a 191 km da capital Belo Horizonte. Apresenta uma
população de 5.612 habitantes, área territorial de 236,798 km (IBGE 2014) e Índice
de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,632, conforme dados do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE,2010). As principais atividades econômicas locais
incluem comércio, agricultura (milho, arroz, feijão, cana de açúcar, café) e pecuária
leiteira.
A Estratégia Saúde da Família (ESF) Anjos da Saúde localiza-se na zona
rural da cidade, onde atuo como médica através do Programa de Valorização do
Profissional da Atenção Básica (PROVAB) do governo federal e como aluna do
Curso de Especialização em Estratégia Saúde da Família ofertado pela Faculdade
de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A equipe é
constituída também por uma enfermeira, duas técnicas de enfermagem, sete
agentes comunitários de saúde e uma auxiliar de limpeza.
A região correspondente à área de abrangência da ESF tem relevo
relativamente plano com a minoria das ruas pavimentadas, por ser localizada na
zona rural. A Unidade de Saúde da Família (USF) está instalada temporariamente
na casa de paróquia cedida pela Igreja Católica e uma nova unidade está sendo
construída ao lado dessa casa. O funcionamento é de segunda a sexta de 8 às
16horas. Na zona rural existe também uma farmácia particular e, na área urbana, há
uma Farmácia de Minas.
No que se refere à estrutura física, a USF possui uma sala para a pré-
consulta, recepção com assentos insuficientes para a demanda, uma sala para
consulta médica, esterilização de materiais e observação de pacientes, uma área
para fazer curativos e procedimentos e uma estante com os medicamentos a serem
entregues à população. Há um banheiro, uma cozinha. Além da estrutura física
precária e antiga, também está muito pouco equipada e com recursos escassos para
o bom funcionamento da equipe.
Percebe-se que existem diversos pontos na ESF que devem ser melhorados.
Entre os vários problemas identificados no diagnóstico situacional realizado, a
equipe destacou a alta prevalência de doenças crônico-degenerativas que estão mal
12
controladas, o fato da troca de receitas ser realizada sem consulta médica, falta de
vontade política, população desinformada sobre o processo saúde-doença e as
funções da ESF e a inexistência de grupos operativos para se trabalhar a prevenção
e a promoção da saúde.
De fato, como a renovação de receitas é feita sem a consulta médica, é
freqüente os pacientes ficarem em uso de medicamentos controlados por vários
anos, sem acompanhamento e ajuste de doses. Apesar de ser uma realidade que
lentamente a equipe está tentando mudar, esse é um problema importante na USF.
.Além disso, muitos pacientes acreditam que somente o uso dos medicamentos irá
lhes trazer qualidade de vida, julgando desnecessárias práticas saudáveis de vida.
Os pacientes, habitualmente, procuram atendimento médico somente quando há
alguma queixa. Predomina no município o antigo modelo de saúde focado na
doença.
Observa-se que não há uma compreensão do poder público sobre as funções
de cada membro da equipe de saúde, dificultando as atividades assistenciais, como
por exemplo, de prevenção, especialmente na realização de grupos operativos.
Além disso, a população não compreende as funções da ESF, principalmente no
que tange às ações preventivas, curativas e de reabilitação.
No Programa de Saúde da Família Anjos da Saúde, inexistem grupos
operativos de pré-natal com as mulheres da área de abrangência. Essas não estão
sensibilizadas a realizarem o acompanhamento da gestação com outros
profissionais de saúde que não o especialista. Tal acompanhamento poderia ser
feito pelo médico generalista ou por enfermeiro capacitado. No entanto, todas elas
optam exclusivamente pelo especialista, sobrecarregando-o. Sabe-se, porém que as
gestantes de baixo risco poderiam ser atendidas na unidade básica de saúde sem
sobrecarregar os níveis de atenção de maior complexidade e ainda participar de
grupos operativos, caso esses ocorressem.
No caso das crianças, devido à inexistência do grupo operativo, não há o
devido acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento da criança na
unidade e nem há a oportunidade de compartilhar experiências com outras mães.
No contexto da realidade vivenciada pela Unidade Anjos da Saúde, a ênfase
da atenção está nas ações curativas e não há a realização de ações preventivas,
com exceção de vacinas que são aplicadas na unidade uma vez por semana. Não
há a realização de grupos operativos no âmbito da puericultura, hiperdia, pré-natal,
13
nem mesmo a realização de palestras, reuniões e ações educativas com a
população. A população está inserida num município que ainda adota um processo
de trabalho e modelo de saúde antigos.
Após reuniões com equipe de saúde, reconheceu-se que há muitos
problemas a serem descritos. O mais importante deles é a desinformação da
população sobre o processo saúde-doença, acerca da prevenção e promoção da
saúde somada à ausência de grupos operativos na unidade. Portanto, torna-se
necessário implantar um plano de intervenção de educação em saúde, com posterior
organização da agenda das atividades desenvolvidas, com potencial para
consolidação de um novo modelo de saúde centrado na pessoa e seu contexto
social.
14
2 JUSTIFICATIVA
Este trabalho se justifica pela alta prevalência de doenças crônicas mal
controladas na comunidade, principalmente hipertensão arterial sistêmica (HAS) e
diabetes mellitus (DM) e pela falta de atividades educativas voltadas para estes
pacientes e para gestantes e mães de crianças atendidas no acompanhamento do
crescimento e desenvolvimento.
Por ocasião do diagnóstico situacional realizado, foi possível elencar as
demandas de atendimento na USF Anjos da Saúde, conforme apresentado no
Quadro 1.
Quadro 1: Distribuição de usuários cadastrados na USF Anjos da Saúde, segundo
demanda de atendimento, Presidentes Bernardes, MG, 2014.
Demanda de Atendimento Número de pacientes
Percentual
Assistência pré-natal 10 2%
Assistência puericultura 50 10%
Troca de receita de Medicamentos Controlados
150 30%
Troca de receita para medicamentos para Doenças crônicas (HAS+DM)
290 58%
Troca de receitas médicas (total)
400 80%
Total ao mês (pré-natal, puericultura e troca de receitas)
500 100%
Dados da Unidade Saúde da Família Anjos da Saúde, Presidente Bernardes, MG – 2014
É possível verificar que há a necessidade de implementação de grupos
operativos, visando o estabelecimento de processos educativos em saúde,
prevenindo agravos e suas complicações e promovendo melhor qualidade de vida.
Segundo Pereira, Vieira e Filho (2011), a educação em saúde pode ser
aplicada em diversas áreas, dentre elas estão a gestação e puerpério (alterações no
organismo materno, técnicas de amamentação, sexualidade e cuidados com recém
15
nascidos) e os agravos a saúde (hipertensão arterial, diabetes mellitus, hanseníase,
HIV/AIDS) ajudando ao paciente conviver melhor com a doença.
No intuito de minimizar as questões relativas aos usuários de medicações
crônicas, às gestantes e crianças, as ações de intervenção através dos grupos de
prevenção em saúde são de extrema importância. Isso se deve ao fato dos grupos
terem a capacidade de oferecer um acompanhamento mais próximo e contínuo dos
pacientes. Dessa forma, propiciam recriar momentos participativos, interativos,
cooperativos e inclusivos, suscitar desdobramentos socioafetivos e compromissos
sociopolíticos; aproximar e humanizar as relações interpessoais, garantir acesso às
medidas de prevenção, bem como auxiliar a produção de cuidados integrais
capazes de promover saúde (PEREIRA; VIEIRA; FILHO, 2011).
Importante ressaltar que segundo o Código de Ética Médica, no capítulo III,
artigo 30, “é vedado ao médico delegar a outros profissionais atos ou atribuições
exclusivos da profissão médica” de acordo com o Conselho Regional de Medicina de
São Paulo (CREMESP, 2007, p.10). Isso inclui a renovação de receitas, que deve
ser feita através de consulta médica, após devida anamnese, exame físico e exames
complementares, quando necessários, e uma impressão diagnóstica, não devendo,
portanto, ser feita sem que haja o atendimento presencial do paciente.
Em caso de renovação de receitas, o médico deve atender o paciente, pois é
necessário saber o motivo da troca da receita e escolher o medicamento adequado,
inclusive consultando o prontuário do paciente. Em situações de medicamentos de
uso contínuo, quando o paciente procura o médico para renovar a receita, a fim de
adquirir o medicamento, entendemos que também nessa situação o paciente deve
ser atendido pelo médico e examinado, a fim de que seja verificada a necessidade
da manutenção da medicação e as doses prescritas, além de outros procedimentos
que se façam necessários , segundo o Conselho Regional de Medicina do Estado do
Pará (CRM-PA, 2014).
Nessa direção, acreditamos que os grupos operativos são instrumento valioso
não somente pelo seu potencial de prevenção e promoção da saúde, como também
por ser um momento importante para o contato do médico com o paciente. Ter um
grupo específico para a renovação de receitas para os pacientes hipertensos e
diabéticos, por exemplo, é de extrema importância, já que poderão ser realizados
atendimentos médicos para tal fim e no tempo adequado dependendo de cada caso.
Propiciaria, dessa forma, maior freqüência do usuário na USF, aprendizagem de
16
hábitos de vida saudável e, ainda, possibilidade de consulta médica para avaliação
de suas necessidades de prescrição de medicamento, além da prevenção de
potenciais complicações destas patologias crônicas.
Segundo Bastos (2010), os grupos operativos têm diversos papéis,
como na evolução psíquica, construção da pessoa, ênfase no meio social e nas
interações com o meio e no caráter terapêutico. Dessa forma, tais grupos constroem
uma nova elaboração do conhecimento, integração e questionamentos acima de si e
dos outros, itens de grande valia na prevenção e promoção da saúde.
17
3 OBJETIVO
Elaborar um plano de intervenção para a implantação de grupos operativos
voltados para usuários do hiperdia, pré-natal e puericultura, na Estratégia de Saúde
da Família Anjos da Saúde do Município de Presidente Bernardes.
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4 METODOLOGIA
Foi realizada pesquisa bibliográfica nas bases de dados da Biblioteca Virtual de
Saúde (BVS), Scientific Eletronic Library Online (SciELO) e no site oficial do
Ministério da Saúde, utilizando os descritores: Cuidado da Criança, Cuidado Pré-
Natal, Prevenção Primária, Promoção da Saúde, Hipertensão, Diabetes Mellitus,
Saúde Mental.
Para o desenvolvimento do plano de intervenção foi utilizado o Método do
Planejamento Estratégico Situacional - PES conforme os textos da seção 1 do
módulo de iniciação científica (CORRÊA; VASCONCELOS; SOUZA, 2013) e seção
2 do módulo de Planejamento (CAMPOS; FARIA; SANTOS, 2010).
19
5 REFERENCIAL TEÓRICO
Em 1994, o governo brasileiro adotou a ESF como modelo assistencial para
reorganizar a atenção primária à saúde. Países com uma potente orientação para a
atenção primária à saúde apresentam melhores condições de saúde, custos mais
baixos e maior satisfação das pessoas (SOARES; REIS; FREIRE et al,2014).
A promoção à saúde constitui-se um campo de elevada importância na ESF,
abrangendo diversas áreas como participação em práticas intersetoriais, análise das
situações sociais, sanitárias e familiares locais, para o planejamento de ações,
estímulo à participação e controle social (FREITAS e MANDU,2010).
Entre as demandas de atuação da ESF estão a realização de pré-natal, o
acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento da criança, além da
detecção e monitoramento de pacientes portadores de doenças crônicas, como
hipertensão e diabetes. Tais ações incluem a prevenção de agravos e suas
complicações e a promoção da saúde, tendo as ações educativas em saúde
destaque especiais nesse processo.
O pré-natal deve ser organizado para atender às reais necessidades da
população de gestantes por meio da utilização de conhecimentos técnico-científicos
e recursos adequados e disponíveis para cada caso. Reforça-se ainda que as ações
de saúde precisam estar voltadas para cobertura de toda a população alvo da área
de abrangência da unidade de saúde, assegurando a continuidade do atendimento,
o acompanhamento e a avaliação dessas ações sobre a saúde materna-perinatal
(GONÇALVES et al., 2008).
O acompanhamento pré-natal de qualidade configura ação eficaz para
detecção precoce e tratamento de intercorrências de saúde materna, colaborando
para a redução de riscos tanto para a gestante quanto para o concepto. O acesso a
uma atenção pré-natal e puerperal de qualidade é fundamental para a promoção à
saúde materna e neonatal, bem como para a diminuição das taxas de
morbimortalidade correlatadas, como a taxa de mortalidade materna (CARDOSO et
al.,2013).
A assistência pré-natal constitui-se em cuidados, condutas e procedimentos
em favor da mulher grávida e do concepto. Esta atenção caracteriza-se desde a
concepção até o início do trabalho de parto, de forma preventiva e tendo também
20
como objetivos identificar, tratar ou controlar patologias; prevenir complicações na
gestação e parto, reduzir os índices de morbimortalidade materna e fetal e preparar
o casal para o exercício da paternidade (CARVALHO, 2004 apud RODRIGUES,
2011).
A assistência pré-natal tem o objetivo não somente realizar o
acompanhamento clínico da gestante, mas especialmente de promover ações
educativas em saúde, com destaque para as atividades em grupo, com vistas a
orientar e esclarecer sobre o parto e os cuidados com o recém-nascido
(GONCALVES et al.,2008).
No âmbito do acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento da
criança, a puericultura, área da pediatria voltada principalmente para os aspectos de
prevenção e de promoção da saúde, atua no sentido de manter a criança saudável
para garantir seu pleno desenvolvimento, de modo que atinja a vida adulta sem
influências desfavoráveis e problemas trazidos da infância. Suas ações priorizam a
saúde em vez da doença. Seus objetivos básicos contemplam a promoção da saúde
infantil, prevenção de doenças e educação da criança e de seus familiares, por meio
de orientações antecipatórias aos riscos de agravo à saúde, podendo oferecer
medidas preventivas mais eficazes (DEL CIAMPO et al., 2006)
Para Silva et al. (1999), a assistência em puericultura é essencial para a
prevenção de várias doenças durante os primeiros anos de vida da criança, sendo o
início precoce das consultas, primordialmente no primeiro mês de vida, e a
realização de pelo menos 9 consultas no primeiro ano de vida, metas almejáveis na
assistência à criança.
A criança deve ter uma assistência baseada nos cuidados à promoção da
saúde, prevenção, diagnóstico precoce e recuperação de agravos. Com isso, visa-se
um acompanhamento que seja programado com a finalidade de notar alterações que
venham a prejudicar seu crescimento e desenvolvimento. Acredita-se que o maior
controle das doenças prevalentes na infância e a promoção do aleitamento materno,
orientação alimentar e imunizações propicia-se melhor qualidade de vida para essa
criança. Nesse contexto, a atividades educativas em grupo são valiosas para que as
mães compartilhem suas experiências e se sensibilizem para o cuidado adequado
para promoção da saúde de seus filhos (VIANA, 2005).
Ainda no campo de atuação da ESF, destaca-se a demanda dos pacientes
crônicos, sobretudo hipertensos e diabéticos. A HAS é uma condição clínica
21
multifatorial caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial
(PA). Associa-se frequentemente a alterações funcionais e/ou estruturais dos
órgãos-alvo (coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e a alterações
metabólicas, com consequente aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais
e não-fatais (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2010).
A HAS tem alta prevalência e baixas taxas de controle, é considerada um dos
principais fatores de risco (FR) modificáveis e um dos mais importantes problemas
de saúde pública. A mortalidade por doença cardiovascular (DCV) aumenta
progressivamente com a elevação da PA a partir de 115/75 mmHg de forma linear,
contínua e independente. Em 2001, cerca de 7,6 milhões de mortes no mundo foram
atribuídas à elevação da PA (54% por acidente vascular encefálico - AVE e 47% por
doença isquêmica do coração - DIC), sendo a maioria em países de baixo e médio
desenvolvimento econômico e mais da metade em indivíduos entre 45 e 69 anos.
Em nosso país, as DCV têm sido a principal causa de morte. Em 2007, ocorreram
308.466 óbitos por doenças do aparelho circulatório. Entre 1990 a 2006, observou-
se uma tendência lenta e constante de redução das taxas de mortalidade
cardiovascular (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2010).
No que concerne à DM, uma epidemia está em curso. Em 1985, estimava-se
haver 30 milhões de adultos com DM no mundo. Esse número cresceu para 135
milhões em 1995, atingindo 173 milhões em 2002, com projeção de chegar a 300
milhões em 2030. Cerca de dois terços desses indivíduos com DM vivem em países
em desenvolvimento, onde a epidemia tem maior intensidade, com crescente
proporção de pessoas afetadas em grupos etários mais jovens (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE DIABETES, 2014).
O número de indivíduos diabéticos está aumentando em virtude do
crescimento e do envelhecimento populacional, da maior urbanização, da crescente
prevalência de obesidade e sedentarismo, bem como da maior sobrevida de
pacientes com DM. Quantificar a prevalência atual de DM e estimar o número de
pessoas com diabetes no futuro é importante, pois permite planejar e alocar
recursos de forma racional (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2014).
Devido à importância e prevalência de hipertensão e diabetes mellitus na
população mundial e no Brasil, foram criados os grupos de Hiperdia. O Sistema
Hiperdia foi desenvolvido com os objetivos principais de permitir o monitoramento
dos pacientes atendidos e cadastrados na rede ambulatorial do Sistema Único de
22
Saúde (SUS) e gerar informações para aquisição, dispensação e distribuição de
medicamentos, de maneira sistemática, a estes pacientes (FERREIRA; FERREIRA,
2009).
As elevadas prevalências e sérias implicações da HAS e do DM em nosso
país convocam a ESF a propor ações educativas junto à população adscrita no
intuito de prevenção destes agravos e de manutenção da qualidade de vida dos
portadores de tais patologias. Nessa direção, a implementação de grupos operativos
tem o potencial de promover educação em saúde, possibilitando maior
conhecimento e aprendizagem sobre auto-cuidado, com potencial de favorecer o
melhor controle dos níveis glicêmicos e pressóricos.
Segundo Lima (2014), os grupos operativos são muito importantes na
promoção da saúde do hipertenso e diabético. Alunos do Programa de Ensino ao
Trabalho (Pet-Saúde) utilizaram um método de jogos educativos com os pacientes
inseridos no grupo Hiperdia. Através dessa atividade educativa, houve
fortalecimento e consolidação do espaço de compartilhamento de experiências e
aprendizado relevante para a promoção da saúde.
No entanto, para que a implementação dos grupos operativos na ESF tenha
êxito, é importante que todas as esferas do governo estejam envolvidas com este
processo. De fato, segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2012 p. 27) “são
responsabilidades comuns a todas as esferas do governo:
I - Contribuir para a reorientação do modelo de atenção e de gestão com base
nos fundamentos e diretrizes assinalados;
II - Apoiar e estimular a adoção da Estratégia Saúde da Família pelos serviços
municipais de saúde como tática prioritária de expansão, consolidação e qualificação
da Atenção Básica à Saúde;
III - Garantir a infraestrutura necessária ao funcionamento das Unidades
Básicas de Saúde, de acordo com suas responsabilidades.
Portanto, todas as instâncias de governo devem ter a responsabilidade na
reorientação do modelo centrado na doença para o modelo centrado no indivíduo
como um todo, na prevenção e promoção à saúde, em que as atividades educativas
coletivas, onde se incluem os grupos operativos são essenciais. Além disso, todas
as esferas devem apoiar a ESF nesse objetivo educativo, bem como prover
materiais e recursos necessários para o seu funcionamento adequado.
23
Além da atuação das esferas governamentais, a população também está
inserida com a participação em conselhos e conferências de saúde, bem como na
proposição de idéias, melhorias e ação conjunta aos profissionais de saúde.
Segundo CRUZ (2012), a utilização de grupos operativos através da educação
popular gerou o fortalecimento da gestão participativa popular na Unidade de Saúde
da Família – USF, aprimoramento do senso crítico e formação de um conselho
verdadeiramente democrático.
24
6 PLANO DE INTERVENÇÃO
A equipe participou da análise dos problemas levantados e considerou que no
nível local temos recursos humanos e parte dos materiais para a implantação do
plano Intervenção, portanto a proposta é viável.
Para isso, primeiramente, deve haver sensibilização da população dos
benefícios de tais mudanças. E após esse período, estimular a gestão a destinar
recursos para a estruturação dos grupos operativos através da pesquisa de
satisfação. Essa pesquisa será realizada por meio da aplicação de um questionário
estruturado junto aos participantes, visando analisar sua opinião sobre as atividades
realizadas (APÊNDICE). O Quadro 2 apresenta as propostas de intervenção.
25
Quadro 2: Proposta de intervenção para USF Anjos da Saúde, Presidentes
Bernardes, MG, 2014.
Nó crítico
Operação/Projeto
Resultados esperados
Produtos Recursos Necessários
Responsável
Pra zo
Hábitos e estilos de vida inadequados
Mais Saúde Modificar e
estilos
Diminuir
obesidade,
sedentarism
o incentivar
aleitamento
materno
Grupo
operativo
de hiperdia
(com
renovação
de receitas
através de
consulta
médica),
DM e
puericultur
a
Organizacion
al:
mais
caminhadas,
cognitivo:
informações
estratégicas
Renata
e Telma
Prazo
de 3
mese
s
para
início
das
ativid
ades
Processo de trabalho da equipe de saúde
Linha de cuidado Estabelece
r critérios
de
referência/
contra
referência
dos grupos
operativos
de
puericultur
a, hiperdia,
DM, Pré-
Natal
Prevenção
de doenças
Educação e
Orientação
Continuada
Fluxo
referencia/
contra
referencia
mais
organizado
-
Protocolos
implantado
s
-Recursos
humanos
capacitado
s
-
Regulação
implantada
Cognitivo:
Elaboração
do projeto de
cuidado e de
protocolos
- Político
mais
articulação
entre os
setores de
saúde
Renata,
Telma,
Lylian
Início
em 4
me
ses
e fim
até 8
me
ses
26
Costume com modelo de saúde vigente
Mudar de mente Entregar
folhetos e
explicar o
que é
prevenção
na atenção
básica e a
sua
importânci
a
Maior
informação
e
sensibilizaç
ão da
população
que está
havendo
melhoria do
serviço
prestado
pela USF à
comunidade
Formação
dos grupos
operativos
Econômico
para
confecção
dos folhetos
Mobilização
social
Organizacion
al: Recursos
humanos,
Cognitivo:
pessoas
capacitadas a
fazer a
devida
orientação
necessária
Renata,
Telma
3 me
ses
para
o
início
das
ativi
dade
s
Baixo nível de informação
Mais saber Aumentar
o nível de
informação
da
população
sobre
como
melhorar
as
Adesão da
população
às novas
atividades
preventivas
desenvolvid
as
Avaliação
do nível de
informação
da
população
sobre
como
melhorar
as
condições
de saúde
Cognitivo:
conheciment
o sobre
prevenção
primária
Organizacion
al:
organização
tanto dos
profissionais
envolvidos no
Lylian e
Janete
Início
em 4
me
ses e
térmi
no
em 6
me
ses
27
condições
de saúde
com as
informaçõe
s
prestadas
pelos
profissiona
is de
saúde
prestadas
pelos
profissiona
is de
saúde
Capacitaçã
o dos
cuidadores
processo
quanto da
organização
dos usuários
em seus
respectivos
grupos de
prevenção,
além da
estrutura
física
adequada e
equipamento
s
Falta de interesse político
Mais política Mostrar os
benefícios
gerados
pela
estratégia
de
prevenção
à saúde na
atenção
básica
Aceitação
por parte da
gestão do
município
do novo
processo de
trabalho
voltado para
o usuário
Pesquisa
de
satisfação
da
população
com o
novo
modelo,
benefícios
alcançado
s
Econômico:
confecção de
um
questionário
(Quadro 6)
Cognitivo:
montagem do
questionário,
conheciment
o dos
resultados
atingidos
Poder:
recursos
políticos
Lylian,
Antonio
(Coorde
nador
do Psf)
8 me
ses a
12
me
ses
ao
térmi
no do
proje
to
29
O planejamento das operações foi elaborado a partir da identificação dos
recursos críticos mencionados no Quadro 3.
Quadro 3: Recurso críticos identificados para implementação dos projetos,
USF Anjos da Saúde, Presidentes Bernardes, MG, 2014.
Projeto Recurso crítico
Mudar de mente Financeiro: impressão dos folhetos
Organizacional: mobilização social em
torno das questões do processo de
saúde vigente-enfoque nas ações
curativas
Mais saber Financeiro: recursos necessários para a
estruturação do serviço (custeio e
equipamentos).
Mais política Financeiro: impressão do questionário
Político: decisão de aumentar os
recursos para estruturar o serviço
Mais saúde Organizacional: mobilização social em
torno das questões do sedentarismo
Linha de cuidado Político: articulação entre os setores da
saúde e adesão dos profissionais
30
O Quadro 4 apresenta a análise de viabilidade do plano de intervenção.
Quadro 4: Análise de viabilidade do plano de intervenção, USF Anjos da
Saúde, Presidentes Bernardes, MG, 2014.
Projeto Recurso Crítico Ator controla Motivação Ação Estratégica
Mudar de mente
Financeiro:
impressão dos
folhetos
Organizacional:
mobilização social
em torno das
questões do
processo de saúde
vigente-enfoque
nas ações
curativas
Secretário de
Saúde
Profissionais de
saúde juntamente
à população
Favorável/
Favorável
Aproveitar a
sala de espera
dos
atendimentos
de demanda
para abordar
pacientes.
Mais saber Financeiro:
recursos
necessários para a
estruturação do
serviço (custeio e
equipamentos).
Vice-Prefeito Indiferente Não é
necessário,
depende de
liberação de
verba já
requisitada
Mais política
Financeiro:
impressão do
questionário
Político: decisão
de aumentar os
recursos para
estruturar o
serviço
Secretário de
Saúde/Vice-
prefeito
Favorável/
Indiferente
Não é
necessário,
depende de
liberação de
verba já
requisitada
31
Mais saúde Organizacional:
mobilização social
em torno das
questões do
sedentarismo
Associações de
bairro
Favorável Apoio das
associações
Linha de cuidado
Político:
articulação entre
os setores da
saúde e adesão
dos profissionais
Vice-Prefeito Indiferente Apresentar
resultados do
projeto
É importante, na execução do projeto, a realização da gestão do plano,
conforme apresentado no Quadro 5.
Quadro 5: Gestão do plano de ação da USF Anjos da Saúde, Presidentes
Bernardes, MG, 2014.
Operação Mudar de Mente
Produto Responsável
Prazo Situação Atual
Justificativa Novo Prazo
1) Avaliação do
nível de
informação da
população
sobre
prevenção no
PSF
Telma 3
meses
Atrasado Dificuldades políticas 6 me
ses
2) Formação
dos grupos
operativos
(puericultura,
pré-natal e
hiperdia)
Renata 3 me
ses
Já foi
Iniciado os
grupos de
puericultur
a e pré-
natal
O grupo de hiperdia
ainda não foi efetivado
devido ao fato da
renovação de receita
antigamente era feita
sem consulta médica e
6 me
ses
32
a população já esta
acostumada. Aos
poucos, durante as
consultas médicas,
vamos encaminhando
para o grupo de
HAS/DM.
Operação Mais saber
Produto Responsável
Prazo Situação Atual
Justificativa Novo Prazo
1) Avaliação do
nível de informação
da população sobre
como melhorar as
condições de saúde
prestadas pelos
profissionais de
saúde
Janete 4
meses
Atrasado Foi conversado
com parte da
população, falta
documentar e
fazer o
questionário
8
meses
2) Capacitação dos cuidadores
Lylian
4
meses
Realiza
do
parcial
mente
A maioria
responde bem a
aprendizagem do
cuidado. Alguns
idosos que
estavam em
condições de
cuidado ruins
foram levados
para o asilo do
município
8
meses
33
Operação Mais política
Produto Responsável
Prazo Situação Atual
Justificativa Novo Prazo
1) Pesquisa de
satisfação da
população com
o novo modelo,
benefícios
alcançados
Lylian
8 a 12
meses
Ainda não
foi realizada
Falta
montar o
conteúdo da
pesquisa
Questionário
será aplicado
ao finalizar do
projeto.
A equipe está
priorizando as
outras
operações por
enquanto.
12 meses
(até último
mês do
projeto)
Operação Mais Saúde
Produto Responsável
Prazo
Situação Atual
Justificativa Novo Prazo
Grupo de hiperdia
(com renovação de
receita com consulta
médica), Pré-Natal e
puericultura
Renata
3
mes
es
Implantado
grupos de
Puericultur
a e DM
O grupo hiperdia
ainda não está
funcionando em sua
máxima capacidade
devido à falta de
adesão da população
(usuários estão
acostumados a
renovar receita sem
consulta médica).
7
meses
34
Operação Linha de Cuidado
Produto Responsável
Prazo Situação Atual
Justificativa Novo Prazo
1)
Protocolo
s
implanta
dos
Renata 4-8m Protocolos
Puericultura
e Pré-Natal
realizados
Priorizamos montar o
grupo de Hipertensos
e Diabéticos
primeiramente e
depois montar os
protocolos
10 meses
(até
antepenúltim
o mês do
projeto)
2)Recurs
os
humanos
capacita
dos
Telma 4-8m Parcialment
e
capacitados
Falta a capacitação
para o grupo
hipertensos e
diabético. No
momento está em
processo de
implantação
10 meses
(até
antepenúltim
o mês do
projeto)
3)Regula
ção
implanta
da
Lylian 4-8m A
articulação
entre
profissionais
e setor
político está
dificultada
A acessibilidade dos
profissionais ao setor
político é fácil, o
problema é que não
estão abertos a
negociação
12 meses
(último mês)
35
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho possibilitou evidenciar que o modelo de saúde vigente na USF
Anjos da Saúde estava focado na doença. Foi possível identificar que havia somente
consultas médicas de demanda espontânea e algumas visitas domiciliares. Como
consequência, os pacientes hipertensos e diabéticos ficavam mal controlados, pois
não havia renovação de receita com consultas médicas, não havia
acompanhamento do crescimento e desenvolvimento das crianças sistematizado,
bem como o acompanhamento das gestantes de baixo risco não ocorria na unidade
de saúde.
Através da sensibilização da população, foi possível o entendimento dos
motivos e benefícios da implantação dos grupos operativos. Isso proporcionou maior
aceitação e participação popular.
Com a implantação dos grupos operativos hiperdia, pré-natal e puericultura,
houve uma melhor organização e classificação dos tipos de atendimentos médicos.
As consultas de demanda espontânea passaram a ser realizadas no período da
manhã e os grupos operativos e as visitas domiciliares no período da tarde. Como
resultado, houve relatos de satisfação por parte dos usuários.
No grupo de hiperdia, houve melhor controle dos níveis pressóricos e
glicêmicos dos pacientes, redução dos riscos relacionados às complicações do
diabetes e da hipertensão, melhor entendimento de suas próprias doenças e
incentivo da mudança de hábitos de vida (alimentação correta, redução do
sedentarismo, controle do tabagismo e importância da atividade física).
No grupo de pré-natal, houve maior apoio às gestantes na aceitação e
enfrentamento da gravidez, humanização, prevenção e detecção precoce de
patologias (pré-eclâmpsia, diabetes mellitus, malformações congênitas) através de
uma assistência clínica periódica e freqüente, aprendizagem da técnica correta de
amamentação e orientações gerais sobre dúvidas, mitos e tabus.
Com a realização do grupo de puericultura, houve um acompanhamento do
crescimento e desenvolvimento das crianças de forma seriada e programada e não
mais somente por demanda espontânea. O grupo operativo favoreceu um maior
vínculo da família com a ESF e os profissionais de saúde, prevenção de doenças
através da vacinação adequada, estímulo à amamentação e orientação alimentar
36
mais saudável, além da detecção precoce de possíveis patologias no âmbito
biopsicossocial.
Através de todos os benefícios gerados pelas ações de promoção e
prevenção à saúde e pela satisfação dos usuários através do questionário aplicado,
foram formados embasamentos sólidos para o incentivo da gestão na destinação de
recursos para estruturação do projeto.
Este trabalho propiciou verificar que é relevante investir em prevenção na
área de saúde, pois aumenta a humanização, envolvimento das famílias e a
comunidade, além de diminuir os gastos públicos com doenças preveníveis. No
futuro, espera-se primeiramente consolidar e dar continuidade a essas ações
implantadas. Posteriormente, há potencial para a expansão desse projeto para o
surgimento de novas ações que possam atingir outros grupos específicos de
pacientes (ex: idosos, com doenças mentais, adolescentes), num processo de
constante melhoria e aperfeiçoamento.
37
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40
APÊNDICE
1. Você gostou da formação dos grupos de atenção a saúde
implementados?
Sim () Não() 2. Você gostou da formação do grupo de hiperdia em específico?
Sim() Não() 3. Você gostou da formação do grupo de pré-natal em específico?
Sim () Não() 4. Você gostou da formação do grupo de puericultura em específico?
Sim () Não() 5. Você gostou da realização de consulta médica para a renovação de
receitas?
Sim () Não() 6. Você compreende o que é estratégia de saúde da família?
Sim () Não() 7. Você acha que é dever da unidade de saúde realizar ações
preventivas, educativas e de promoção à saúde?
Sim () Não() 8. Você gostou ou gostaria de participar de alguma dessas atividades?
Sim () Não() 9. Você acha que o posto serve somente pra consultar e dar vacina?
Sim () Não() 10. Você acha que estes grupos foram relevantes para a saúde da
população?
Sim () Não() 11. Você gostaria que fossem criados grupos de adolescentes?
Sim () Não() 12. Você gostaria que fossem criados grupos de idosos?
Sim () Não() 13. Você gostaria que fossem criados grupos de saúde mental?
Sim () Não() 14. Você sabe como melhorar as condições de saúde prestadas pelos profissionais de saúde?
Sim () Não()
41
OBS: Deixe aqui abaixo seu comentário ou sugestão que possa contribuir para o
crescimento e melhoria da qualidade dos serviços prestados à população.
Caso tenha respondido sim à pergunta 14, explique como melhorar as condições de
saúde prestadas pelos profissionais de saúde:
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