implantacao einício de funcionamento 1976 · faz uma crítica a david warsh e sua teoria da...

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o DECRETO DE N~ 831-N, DO GOVERNADOR ÉLCIO ÁLVARESCONCRETIZOU SEUS OBJETIVOS:

A Fundação Jones dos Santos Neves já se encontra credenciadajunto ao Conselho Federal de Mão-de-Obra, sob nO 0201, o que permite adedução, em dobro, do lucro tributável de todas as despesas realizadas comos cursos, seminários, simpósios e demais atividades de formação profissionalrealizadas em convênios com a FJSN.

IMPLANTACAO EINíCIO DE FUNCIONAMENTO31 de agosto de1976

FUNDACAO JONES DOS SANTOS NEVESórgão do sistema de planejamento do Estado do

- Esplrito Santo, cnada pela Lei Estadual3043, de 31 de dezembro de 1975

Programar e implementar pesquisas de apoio ao Governo Estadual na elaboração deseus programas de desenvolvimento;formular diagnósticos, realizar estudos e promover a elaboração de planos e programasde desenvolvimento urbano e regional;manter um sistema de informações sócio-econômicas na área de sua atuação;formar· recursos humanos voltados para o estudo e a pesquisa aplicados à realidade;capixaba.

que o

ocircu­

o a parauso do solo na

a população que

E

FUNDAÇAo JONES DOS SANTOS NEVESProblemas de meio ambiente têm comissãoespecial , 34

MANOEL VEREZA DE OliVEIRA

O grande paradoxo do hamburguer , .. , . , .25Resenha: A luta pelo espaço 33

c

E, por último, da Fundação Jones dosno de Ação Imediata de Transporte elação na Aglomeração Urbana de Vitóriaassumir proporções que levam a uma relJrolanizélca'oGrande Vitória. O assunto é polêmico e envolvenela habita.

Pelos assuntos aqui apresentados, "' ....rorlli+,,'rn'"'''

te esteja aberto.

fN E

f.

Revista da Fundação Jones dos Santos Neves continua como firme propósito de se constituir num veículo nl"'rm::ln,i3n1r'"

de divulgação de experiências em torno dos problemas ur­banos e regionais deste Estado. Valorizando os temas e au­tores locais, procura ensejar a conscientização às trocas deexperiências acumuladas no campo técnico-cientifico, esta­belecendo um forum de debates em torno do processodesenvolvimento do Espírito Santo.Neste novo número, aspectos econômicos, sociais e

ciais vão ao encontro desses objetivos, Com o processo de in(i",~trl,,,,1i7"'_

ção e urbanização uma das formas artísticas mais expressivas da culturapopular capixaba desaparece: o artesanato, Levantamento pelaSecretaria de Estado da Cultura e do Bem Estar Social revela o perigode extinção do artesão e aponta medidas que devem ser tomadas a curtoprazo visando ao seu amparo.

A inflação, um assunto sempre atual, volta a ser enfocadopor Manoel Vereza de Oliveira. O autor tem se dedicado às pesquisas emtorno dos problemas enfrentados pelos países subdesenvolvidos, no·tada­mente sobre as manifestações regionais de fenômenos econômicos. Aquifaz uma crítica a David Warsh e sua Teoria da Complexidade, assim co­mo uma interpretação dessa teoria dentro da realidade capixaba.

Transcrevemos, ainda, conferência do capixaba Carlos Ma­ximiliano Favet, proferida em Joinvilie, Santa Catarina, sobre Deserwoll­vimento dos Aglomerados Urbanos e Localização e Uso do Solo. Favet,arquiteto, está atualmente radicado, no Rio Grande do Sul, sem contu­do, deixar de se preocupar com o Espírito da I-lInn:::l­

ção Jones dos Santos Neves, notadamente no Planejamentotropolitana de Vitória, é também Vice-Presidente do Institutotetura do Brasil e Vice-Presidente do Conselho Engl:!ntlariaArquitetura e Agronomia da 8a Região. Carlos iano Favat lançaum alerta contra os problemas que põem em risco o equil do meioambiente.

REDAÇÃO: Avenida César HilaI, 43710 andar Vitória ES - Telefone:227·5044

DIAGRAll>IAÇÃÓ, COMPOSIÇÃO eMONTAGEM - FundaçãO CecilianoAbel de Almeida - Campus Univer­sitário de Goiabeiras-Fone: 227-5164

Registrada sob o número 1.854P.· 209/73, na Divisa-o de Censura eDiversões Públicas do Departamentode Polícia Federal de Brasilia (DF).

CAPAAtílioGomes

REVISTA DA FUNDAÇÃOJONES DOS SANTOS NEVES

DISTRIBUIÇÃO DIRIGIDA- Os artigos assinados são da intei­ra responsabilidade dos autores.- Colaborações, em forma de arti­gos, ensaios ou resumos bibliográfi­cos, s:ro aceitos se encaminhados aoDiretor Responsável.

REVISTADA FUNDAÇAoJONES DOS SANTOS NEVESANO 1 NúMERO 3 Jul/Set/78- TRIMESTRAL-VITÓRIA - ESPÍRITO SANTO-FJSN

DIRETORIA DA FJSN:Dire tor SuperintendenteStélio Dias;Diretor TécnicoArlindo Villaschi Filho.

Atribuições básicas da FJSN:- Planejamento urbano e regional.

Pesquisa aplicada, para subsidiar oplanejamento urbano e regional.Treinamento de recursos humanmpara o setor rúblico estadual.

SECRETÁRIA EXECUTNA:Regina Maria Monteiro

EDITOR EXECUTNO:Fernando Sanchotene

GOVERNO DO ESTADODO ESPÍRITO SANTOSECRETARIA DE ESTADODO PLANEJAMENTOFUNDAÇAOJONESDOSSANTOS NEVES

EXPEDIENtE

CONSELHO EDITORIAL:StéIío DiasArlindo Villaschi FilhoCarlos Alberto Feitosa PerimAntônio Luiz BOIjailleAndré T. AbeFernando B. BetarelloRoberto da Cunha PenedoManoel Vereza de OliveiraAntOnio Carlos Medeiros

COLABORADORESMichael Otto Bergmam;Mário Coelho;

CONTATO COMERCIALASSINATURAS:{anual Cr$ 80,00) - no endereçoda reciaça-o, com a Secretária Execu­tiva.

REVISTA DA FUNDAÇÃO JONES DOS SANTOS NEVE8 108S/0100-2295/ VITORIA, éS I NQ 3 I JUL/SET.1978

CARLOS MAXIMILIANO FAYET

Desenvolvimento dos aglomerados urbanos - loca-lização e uso do solo .. , .4SECo DE EST. DA CULT, E DO BEM ESTAR SOCIAL

Artesanato Capixaba: Uma arte em extinção 9FUNDAÇÃO JONES DOS SANTOS NEVES

Plano de ação imediata de transporte e trânsito ... 18

CONFERENCIA

Desenvolvimento dos aglomeradosurbanos ..... localização e uso do solo·

Carlos Maximiliano Fayet * *

o conferencista aponta a humanização dascidades e a preservação de paisagens naturais como metas

prioritárias em Planejamento Urbano.

o tema que me foi propostose refere ao Desenvolvimento dosAglomerados Urbanos e à Locali­zaçá'o e o Uso do Solo. Mantiveexatamente a terminologia usada,de propósito, a fim de que possa,através deste episódio, procuraresclarecer alguns aspectos destetópico.

Seria ocioso falar a respeitodos problemas crescentes deste fe­nômeno peculiar do nosso século,que é a urbanização. Entretanto,convém, para que possamos situar­nos numa atitude psicologicamen­te favorável, citar alguns númerose fazer algumas referencias.

As previsões são de que, em1990, a metade da popLflaçãomundial habite em cidades commais de cem mil habitantes. E es­ta população de cem mil habitan­tes tem sido considerada, univer­salmente, como a marca a partirda qual uma cidade, realmente,tenha plena característica de vidaurbana. Então, daqui a menos detreze anos, teremos um mundo co­meçando a ser uma cidade, nãouma cidade só, mas, sem dúvida,uma população que vive em cida­de.

Se lembrarmos que em 1801,a Grã-Bretanha, o País mais urba­nizado atualmente, tinha apenas

10% da sua população morandoem cidades, podemos ver, nestes170 anos, a acelerada marcha quehouve no processo de urbaniza­ção. Em 1801, 10% dos inglesesmoravam em cidades, em 1975,80% dos ingleses moram em cida­des. E essa percentagem tem-semantido estável. No Brasil, jáantes de 1970, tfnhamos ultrapas­sado a marca de 50% de popula­ções urbanas. Isso é muito signifi­cativo, porque também usa-se,universalmente, como grau indica­tivo importante no desenvolvi­mento de um país, a mudançaqualitativa da população em ter­mos de vivéncia ambiental, o pas­sar da condição de vida ruralpara a de vida urbana.

Em Nova Iorque, as previsõespara 1985 são de vinte e um mi­lhões de habitantes e especu la-sea possibilidade de, na primeira dé­cada deste próximo século, ter­mos, no eixo Rio - São Paulo,uma população de trinta milhõesde habitantes. Isso dá uma idéiados problemas que deveremos terpela frente. Dá também a impres­são de que. começaríamos a terproblemas espaciais, decorrentesdeste fato sócio-econômico. Noentanto, convém lembrar - para

ter uma idéia bastante segura arespeito de todo o contexto ­que 70% da população dos Esta­dos Unidos ocupa 1% do territó­rio norte-americano. E, no paísmais urbanizado que, atualmen­te, é a Inglaterra, 40% da popu­lação ocupa 4% do território in­glés. Estes dados nos possibilitamuma atitude bastante otimista emrelação ao assunto, especialmentese considerarmos o caso peculiardo Brasil, com a sua extensão ter­ritorial.

Convém, também, preliminar­mente, caracterizar bem algunsconceitos sobre crescimento urba­no, urbanização e desenvolvimen­to urbano. Crescimento urbano émedido em números absolutos.Significa apenas o aumento popu­lacional das cidades. A urbaniza­ção, que é um fenômeno socioló­gico e economicamente mais im­portante, é expressa em númerosrelativos, procurando comparar apopulação urbana com a popula­ção total. Realmente, esse é umindicador, de muito interesse pa­ra o estudo do programa de de­senvolvimento dos aglomeradosurbanos e para o problema de lo­calização e de uso do solo. Final­mente, a expressão Desenvolvi-

*. TItulo da Conferência prC?ferida no. cic.'o de palestras promovido pela Associação dos Diplomados da Escola Supe­flor de Guerra - Santa Catarma, em Jomvllle, em 3 de ouwbro de 1911.* * Arquiteto e Vrbanista, vice-presidente do Instiwto de Arquitetura ao Brasil, chefe da seçllo de Planejamento da Pre-feiwra Municipal de Porto Alegre. '

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menta Urbano .tem a ver maiscom a qualidade da vida urbanado que propriamente com"aspec­tos quantitativos das cidades..

Quais são os fatores que im­plicam e que forçam este acelera­do processo de urbanização que severifica? Evidentemente que asraízes desse processo estão nosfatos sócio-econômicos. Eles pro­duzem as mudanças nas relaçõesentre o homem e a natureza epermitem ao homem encontrarformas mais adiantadas, mais so­fisticadas de organização social.Em consequência disso, formasmais complexas de organizaçãoespacial (se considerarmos a cida­de como a organização espacialdo fato sócio-econômico): que é aurbanização, (não confundindonunca urbanização, aqui, com aurbanização no sentido de embe­lezamento ou l:Je tratamento de,uma cidade).

Que fatores, portanto, podem~star na raiz deste processo deurbanização? Um, geralmenteesquecido, é o aumento dos es­tabelecimentos urbanos rurais ­se considerarmos estabelecimentourbano uma cidade ou um empre­endimento agropastoril que passaa ser considerado como estabe­lecimento urbano, por atingir ascondições de uma organização ur­bana. Esse é um fator que impli­ca no aumento do percentual deurbanização.

O segundo é decorrente dastaxas de mortalidade. Todos sabe­mos que, apesar dos esforços quese tem feito no mundo inteiro,são as cidades aquelas áreas ondese consegue resultados mais ani­madores, não só no que diz res­peito à redução do número denascimentos, como à redução donúmero de mortes, através do pla­nejamento familiar e através da as­sistência médica e sanitária. Essaredução, entretanto, não se com­pensa. A expectativa de vida nacidade é muito maior que na zo­na do campo. Portanto, essa di­ferença na taxa de natalidade emortalidade é um fator de in­cremento das populações urbanas.

Finalmente, um fenômenoconhecido de todos, o da migrâ"~

ção campo-cidade, resulta de pro-

cesso sócio-ecçmômico complexoJNão é o caso no momento, de­senvolvê-lo. Esses fatores, ponde­ráveis todos eles, precisamsseranalisados com o devido sensocrítico. Muitas vezes, aquilo quepode parecer uma migração docampo para a cidade é o resulta­do de incorporação de popula­ções rurais (por terem as cidadesatingido, a se desenvolver espa­cialmente, as cercanias rurais, in­corporando populações rurais à ci­dade) do que propriamente, umdeslocamento campo-cidade. En­tretanto, é inegável que o proces­so de organização do trabalhorural, em primeiro lugar, e, asperspectivas que se abrem de tra­balho nas cidades, em segundo lu­gar, são fatores que aceleram eaumentam, gradativamente, essamarcha migratória do campo paraa cidade.

A esses fenômenos de nature­za social, econômica, muitas ve­zes envolvendo aspectos sanitá­rios, de saúde pública e de pla­nejamento familiar bastante com­plexos para serem controlados,somam-se todos aqueles quedecorrem das atividades intrínse­cas que se desenrolam no seio dascidades. Torna-se extremamentedifícil a manipulação dos dadosque poderiam permitir um enfo­que seguro dos problemas urba­nos. Em consequência, fica difí­cil a intervenção nos proble­mas decorrentes do processo de'urbanização, levando-nos a umasérie de equívocos em que comu­mente incorrem os profissionaisenvolvidos no planejamento urba­no.

No Brasil, devemos somar aisso a necessidade que tem o nos­so País de estabelecer uma polí­tica de ocupação de seu territó­,rio, compatível com a polítiéade desenvolvimento urbano. Nossaextensão territorial e os processosde urbanização, por meio da evo­lução histórica das nossas cida­

:des, nas, últimas décadàs, têmacontecido em função dos trans­portes, especialmente do transpor­te rodoviário. Isto faz com que sedeva tomar medidas no sentidonão só de ocupar espacialmente oterritório, através de uma rede,

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uma malha de núcleos urbanossuficientefJ1ente fortes e distribu í­da de modo que permita a está­vel ocupação deste mesmo ter­ritório, como também propor­cionar uma relativa estabilidadenas migrações internas, dentro doterritório nacional. Evitando assimdesequilíbrios cpnhecidos entre asdiversas regiões de nosso País.

Esses problemas foram abor­dados de modo sistemático (ape­sar de suscinto) no II Plano Na­ciônal de' Desenvolvimento Bra­sileiro. Basicamente, o PND es­tá resumido em dois tópicos: ode controle do desenvolvimentodas 9 regiões metropolitanas bra­sileiras e a definição das funçõesdoS pólos secundários regionais ca-pazes de promover a descentrali­zação das populações urbanas noBrasil. Essas propostas, inseridasno II PN D, estão evidentementena raiz de algumas medidas toma­das pelo Governo Federal de alo­cação de recursos. Por exemplo,os pólos de desenvolvimento pe­troquímico, na Bahia e no RioGrande do Sul, visam criar condi­ções de desenvolvimento capazesde reterem estas populações e lo­calizá-Ias regionalmente. Com isso,se constituírem embase para odesenvolvimento de núcleos urba­nos, secundários de importância,e capazes, também, de reduzir apressão existente sobre as gran­des cidades.

LOCALIZAÇÃO EUSO DO SOLO

Colocamos os aspectos geraisdos problemas de desenvolvimen­to urbano no mundo e 'no Brasil,gostária de abordar, um poucomais detalhadamente, os proble­mas de localização e uso dosolo. É um assunto que se temocupado bastante, ultimamente.eque apresso em transmitir algu­mas idéias, na esperança de queelas possam ser desenvolvidas ediscutidas oportunamente e quecontribuam talvez, para a tomadade algumas decisões.

Fala-se muito em problemasurbanos, em problemas de con­centração, em problemas de tráfe­go, em problemas de qualidade

reí'a às suas necessidades e o queele produz é exatamente o con­trário. Não conheço a evolução

de Joinvile. Conheço bas­tante, a evolução urbana de Flo­rianópolis, porque, nos temposde estudante, participei de um dosseus primeiros Planos Diretores.Tive também a oportunidade deestudar Planos Diretores de outrascidades, como Vitória. Tenho acerteza de que todas essas cidadestiveram seus sítios escolhidos deuma maneira muito cuidadosa.As da cidade em seus pri­meiros tempos, também foram lo­calizadas da maneira mais correta

E por que estas funções co­meçam a não se adequar maisaos espaços físicos a elas reserva-

ou por que os espa-ços físicos já não são mais ade­

às funções? Evidentemen­primeiro lugar, porque as

f"""P,,,~ mudam ao longo do tem-po dá a de que osespaços não mudar. Esseé um aspecto, a necessidaóe quetemos de ir os espa-ços já pelas cidades anovas ou às mudançasfuncionais ocorridas na cidade. Omais contudo é quando

começam a ocupar asáreas de expan-

e acontece uma ocupaçãodesvairada, baseada na ilusão deque a e o recurso fi­nanceiro tudo podem.

A nossa sugestão, feita emloriianópc)lis e em Vitória, recen­

temente, é de que se estabeleçauma estratégia de localização dasatividades com um pouco maisde bom senso.

Essas palavras, talvez, possamparecer ou, talvez, idea-listas mas \lOU tentar mos-trar que elas são, no meu enten-

realistas e sensatas.Ao tratar da localização das

áreas de expansão das cidades, ve­rificamos que existem valores,modificados pela sua ocupaçãoque não são renováveis. Esses va­lores são ecológicos, paisagísticose agrolágicos. Quando se aterraum mangue, quando se executaum corte profundo numa mon­tanha, quando se remove uma

entãouma no de fa­zer com que o espaço físico seja

ils atividades quese desenvolvem.

Esses desecono-decorrentes da má estrutu-e das loca-

cionais das cidades,geralnlenlte, em deficiências de in-

em termos de servi­ços e eqlJip,lmemtl)S público,s. To-dos esses ocasionamreflexos que somando eque acabamdade de vidamais deteriorada.

decomeça acontrário:

que

tros

hánn~t::ilri::il de

a fim de convidá-los a pensaro assunto. Por que as nos­

sas cidades se tornam inconve­nientes para a vida do homem?~ isto para o ho-mem? Será que, as ci-dades são espaços não nos in-teressam ou que terum de interesse para a vi­da humana? Por que ao homemda cidade sempre atrai apara a zona rural? Encanta-lhea do campo,os da vidaParece que é porque o homemnão soube as cidades àssuas t não soube irtransformando e o es-paço urbano aos seus u~:.tlJU~.

Com a de que o ho·mem tem os recursos tecnológi­cos e financeiros para alterar anatureza a seu ele sen-te a ilusão de que, estas mo-dificações, \Ia i a natu-

porquede

do processocidades e en­

da nossa cria-

soc:iólog(), nemm~ln1","r_lm'" em mi-

indicam que,muito remoto,

moraremos em

veznumquasede.

crescema efi·

de vida urbana, e, no meu enten-isso está merecer uma in-

tl'!rv&>I''II'~~rn sistemática coordenada.Em porque temosde cuidar com que as nossas ci­dades se transformem emagrad,3veis de porque

mais\leis'leis com a diglnil:lacle do homem.~ muito em capa-cidade nosblemas sem fazer incur-sões natureza social e econô-mica. nãofazer de

ditos.

umaeconomistanhato, comodo e prepanado

nomias

cil!ncia.

queserde lli:HUHI,!é! so,ciológic:a, alter<lçõl~S

de cornpclrtame:nto

probielmas fun­decorrem deste fe­

descon­trcllaclo( Pr<lbll3nl,8S fundamentais

conhecemos e

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camada muito grande de soloarável, quando se elimina umavegetação considerada importan­te, está-se destruindo alguma coi­sa que não tem retorno.

Ecologia já começa a seruma palavra desgastada em nossosdias. Entretanto, temos que pen­sar em termos ecológicos, porquevamos depender muito do equi­líbrio de alguns sistemas paraque L homem também possa semanter equilibrado.

A' paisagem é outro valor ir­recuperável quando destru ído.Não é possível recriar os valoresde uma paisagem natural. E,do ponto de vista agro lógico,tem-se cometido alguns crimes. Apretexto de que uma cidade devase desenvolver numa determir.'ldadireção, utiliza-se, para fins deloteamento, para fins de localiza­ção industrial, sol0s mais adequa­dos ao abastecimento cotidianoda própria população urbana.

Entre os critérios de uma no­va estratégia de localização deáreas de expansão urbana, os pri­meiros devem ser aqueles que di­zem respeito aos valores não re­nováveis: ecologia, paisagem eagrologia.

Logo depois, vêm os crité­rios sanitários: o homem tem con­dições de tornar salubre pratica­mente qualquer área do globoterrestre. Se ele conseguiu sobre­viver na atmosfera estér.il daLua, pode modificar o universoa seu bel-prazer. ,

Entretanto, nós, no Brasil,temos a obrigação de pensar emtermos econômicos, em termos decustos. Não é possível que se lo­calizem áreas de desenvolvimentourbano em zonas cujo condicio­namento sanitário seja de eleva­do custo. Não tem nenhum sen­tido. Se nos faltasse espaço fí­sico, isto teria algum cabimento.Não temos nenhuma justificativapara a ocupação de áreas insalu­bres para o desenvolvimento dezonas residenciais, que é o que setem feito com frequência no Bra­sil, jogando, muitas vezes, popu­lações de menor renda nos ter­renos mais baratos, que são osterrenos insalubres.

Na estratégia de 10calizaçãQ,alguns critérios eConômicos tam­bém devem ser considerados e doscritérios econômicos diretos osmais óbvios dizem respeito ao""custo da terra. Mas existem al­guns outros indiretos, que devemser considerados, tais como o refe­rente ao componente do custoda urbanização. Há uma gama devalores, que dizem respeito a to­do um equipamento para a ade­quação de uma zona à vida urba­na, e que custam mu ito maisdo que o valor da terra desta área.

Devem ser considerados crité­rios de localização, no sentidode tornar possível uma reduçãonos percursos, nas circulações. Deum modo geral, a ocupação doterritório da cidade se faz de umamaneira quase aleatório, ao sabordos empreendimentos imobiliáriose o Brasil não poee se dar ao lu­xo de, depois, tentar corrigir osresultados dessa política.

Ressalto, também, alguns cri­térios de caráter sociológico e cul­tural que devem ser levados emconsideração. Refiro-me ao quediz respeito aos hábitos e aosusos das populações urbanas que,muitas vezes, ocupam um lugarque lhes é oferecido e que nemsempre é o que gostariam de ocu­par.

Areas Existentes

Quais são os meios que seteria, além destes critérios teóri­cos de localização, voltados maispara as novas áreas de crescimen­to urbano, para atuar sobre asáreas existentes?

São os meios de controle douso da terra. É conhecida, a ten­dência atual de institucionalizaçãode procedimentos capazes de con­trolar o estabelecimento de deter­minadas atividades no espaço ur­bano. Controlar as densidades depopulação, a fim de permitir asprevisões, no que diz respeito aequipamentos e serviços públicose controlar, também, de certaforma, o preço do solo urbano.

Um dos problemas que asnossas cidades enfrentam é de na-

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tureza contraditória. Por um lado,em algumas zonas, há uma extre­ma concentração que cria dificul­dades para atendê-Ia com trans­portes coletivos, energia elétrica,abastecimento de água, rede de es­goto, pavimentação, segurança.Em contraposiçâ'o, existem áreasextremamente rarefeitas, que im­pedem que as administrações pos­sam supri-Ias dos mesmos servi­ços e dos mesmos equipamentospor estarem tão rarefeitas que nãopermitem o retorno do investi­mento necessário. Por isso é ne­cessário que a ocupação do ter­ritório urbano se faça segundo oscritérios também de natureza tem­poral, que se faça um zoneamentonão só do espaço, mas um zonea-mento no tempo, no sentido deque determinadas áreas não se­jam ocupadas antes que outrasatinjam os níveis de ocupaçãorazoável, capazes de viabilizaro seu equipamento.

E: necessário, também, que sedefinam zonas de expansão, ondese possa estabelecer elementoscontroladores do mercado imobi­liário.Tenho a impressão de que,para que não haja mal entendidos,deve-se estabelecer uma distinçãonítida entre especulação imobili­ária e empresa imobiliária. Espe­culação imobiliária, muitas vezes,nós mesmos fazemos e até mesmoum operário, premido pelas cir­cunstâncias, contribui para a ele­vação do preço da terra, compran­do (na falta de um outro investi­mento mais seguroJ Um terrenoque não usa, de maneira a criaruma base para um futuro incerto.Isso é especulação imobiliária queevidentemente, em volume, nãopode ser comparada com as espe­culações exercidas por grandesgrupos econômicos.

Temos que salientar que, poroutro lado, na maneira de evo­luir das nossas cidades, a em­presa imobiliária tem um papelmuito importante. Ela pode seruma associada do planejamento,se entendermos a imobi!iária co­mo uma outra empresa qualquer,que compra matéria-prima, modi­fica-a e revende um produto ma­nufaturado, com lucros razoáveise controlados. De um modo ge-

(Jue está neste veículo espacial,que é a Terra, e dele depende. Secontinuar alterando demasiada­mente as suas relações com apr:opria natureza, inevitavelmente,vai transformar este veículo numespaço inabitável. Por exemplo,um astronauta, se não tomasseas precauções adequadas ao passar70 ou mais dias num desses labo·ratórios espaciais, inevitavelmente,teria de sair ao final do terceiroou quarto dia. Temos que come­çar a pensar assim. Acredito, quehaja lugar para muita gente nes­te Planeta. A metade da popu­lação do globo vai ocupar menosde 2% da superfície da terra fir­me; a metade da população, vi­vendo em cidades no limiar doséculo; (e a população do mundo,vai ultrapassar a casa dos cincobilhões de habitantes). Devemosaprender isto.

Talvez não tenha sido muitofeliz, procurando fazer um cortevertical no assunto que era pro­posto. Por certo não tenha dadoênfase mu ito queconsidero fundamental em tudo oque disse, que é exatamente anecessidade que temos de nosconciliar com a natureza - eaqui não são palavras simplesmen­te bucólicas ou ou umconvite a uma atitude contem·plativa. É um convite ao bomsenso, ao raciocínio.

Temos que. economizar osnossos recursos. Não podemoscontinuar gastando nosso tempoe nossa vida consumiqos naqui­lo que o poeta Ruben Bragadescreveu e eu talvez não possatraduzir com toda a exatidão:um cidadão, um empresário de su­cesso que, no fim de sua vida,depois de alguns enfartes, atingiuo seu objetivo final: Foi pescar,numa quarta-feira fi tarde bem avontade, de pés descalços, decima de uma pedra, com um cha·peuzinho de palha. Lá encontrouum cidad1!'o humilde de pés des­calços, bem â vontade, com umchapeuzinho de palha, que fezisto durante toda a vida. Ne­nhum, nem outro. Temos queviver e nos conciliarmos uns comos outros, com a terra, com anatureza.

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Não acredito que possa tercontribuído aqui com muitas cer­tezas sobre como se pode inter­vir nas cidades, porque, pelomenos, uma certeza tenho a res­peito desse problema: é a de quenão existe um sistema, um pro­cesso, um plano, um projeto,uma cabeça capaz de poder re·solver problema da adequação pré­via do espaço físico, a atividadehumana do futuro. O que é ne­cessário é que o homem, na me­dida em que ele se torna uma co­lônia de seres, possa encontrarmeiós de poder atuar emto, adequando o mesmo espaçoàs suas necessidades.

Um terreno baldio setransformar, num excelente espa-ço urbano, usado população.Vemos, com leis muni-cipais que os terrenosbaldios a serem porquetransformam-se em delixo ou são locais sem segurança.Mas, do ponto de vista físico, umterreno baldio exercer umaoutra função excelente. Então, oproblema não está exatamente noterreno baldio. Não é colocandomuro que se resolve oma do terreno baldio. Temos quever este tipo de problema, atra­vés de uma outra posição a per­guntar: por que um terreno bal­dio tem que ser murado? E pro­curar enfrentar outros problemasque me parecem muito mais im­portantes, com uma ótica seme­lhante, a fim de que possa, re­almente, adaptar a paisagem urba­na a uma vida razoável.

Acredito que, inevitavelmen­te, o homem terá que encontraresse caminho. Estou convencido'de que o instinto de sobrevivênciaé fundamental no homem. Estouconvencido de que o homem vaimorar 'em cidades, e ele não so­breviverá se continuar morandodesta forma gradualmente into·lerável. Então, terá que, inevi­tavelmente, encontrar o caminhode se conciliar socialmente com ogrupo humano e ajustar o espaçofísico que vai ocupar.

O homem tem que aprendera coexistir com a natureza, talcomo ela é. Tem que aprender

Feita essa distinção entre es­pel~ul;açaro e empreendimento imo­

parece-me que temos quefeitos pelos

nos seus níveis federal,t:~I.dUUi:l1 e públicos, aosinj'pn>~~'~~ dos empresários consci­

que atuamimobiliário. Precisamosuma forma. de colocar

as populações como co­res:po'i1Si3ve~is processo de ur·ballizaç~ío e com oportunidade de

das decisões

mu itas empresas imobiliáriasfazem mais do que isto. E

muitas delas se vêem a braçose lutam mesmo contra a especula­

porque vêem cadavez mais difícil as possibilidadesde matéria-prima abaixo custo. Portanto, vêem-se

.com dificuldades de também ofe·recer estes produtos (se conside­rarmos assim o espaço urbano

a preços compatí·veis a nossa capacidade aqui-

encontrar uma ma·possamos. numa

criar nas cidadesambientes onde o homem

viver bem inevitavel-vai viver em cidades daqui

a frente.de uma casa se

obsoletas muito rapida­casa de 15 anos atrás

seIVe mais hoje, e, emde 15 anos, as casas que,

achamos agradáveis de mo-rar, também, obso-

breve. Uma casa pode­demolir substituindo-a por

relativa facilidade. Astêm sua vida medida emNão podemos substituir

ra!,lid~lmlmt'e. No entan­obsolesct!ncia das funções

urtlan,as âs vezes, mais rápidada vida doméstica. Te·

refletir sobre isso e fa­que os espaços urbanos

suficientemente generosos aque possam se ajustar â

delTIallda de futuros cada vez(não falo de fu·

de reali·vez mais atropeladas

9

* * Original: O A R TESANA TO NO ESPIRITO SANTO. Projeto elaborado Secretaria de Estado da Cultura edo Bem Estar Social, conclu/do em dezembro de 1977. Visa levantar a situação artesão no Estado do Espírito Santonos aspectos considerados relevantes para a atuação da SEBS.

* * Projeto Coordenado por IIzete Maria da Silva e Maria das Graças Teixeira de Rezende. Consultoras Maria Noéliade Oliveira Scandian e Maria de Lourdes Frizera.

Levantamento mostra que o capixabacomeça a desaparecer. Um alerta às autoridades e as

principais medidas que devem sertomadas a curto prazo.

Com a modernização adminis­trativa dos órgãos do Serviço PÚ­blico Estadual, a programação doCentro de Promoção de RecursosHumanos foi transferida para o

D~.~~~·~:~e~~~~, de Assu ntos doT Atualmente as ativida-des ligadas ao artesanato são ge­renciadas pelo referido Departa­mento.

ticipação de outros órgãos daSEBS.

O presente trabalho pode serclassificado como pesquisa de na­tureza quantitativa-descritiva, cujafinalidade é a de investi­gar em caráter exploratório, certosaspectos ligados ao artesanato,considerados relevantes para a de­finição de um programa, a nívelestadual. A técnica utilizada foio método de "Survey", por meiode um aplicado ementrevista individual com o arte­são.

ba:

ão •

Secretaria de da Cultura eBem Social **

Coube ao Centro de Promo­ção de Recursos Humanos l

,

em regime especial desta Secreta­ria, a tarefa de planejar, coordenare executar o levantamento, con­tando para a execução, com a par-

Entretanto, a adoção de me­didas desta natureza tem sido di­ficultada pela inexistência de in­formações sobre o artesanato noEspírito Santo. Diante desta si­tuação, julgou-se necessário reali­zar um estudo de natureza quanti­tativa e descritiva inicialmente,com a finalidade de firmar polí­ticas em bases mais precisas e ra­cionais.

uma ruptura caso não sejamimplementadas ações complemen­tares que visem favorecer a comer­cialização, por preços justos e ra­zoáveis, dos artefatos produzidose a participação do artesão nos·bens e serviços da sociedade.

PESQUISA

Artesanato capiUma arte em i

Uma ação institucional quenão ultrapasse este nível é limita­da, e limitados são também seusefeitos em favor do artesão. Oprocesso de promoção humanaque se pretende desencadear, sofre

A Secretaria de Estado daCultura e do Bem Estar Social(SEBS), através do Centro de Pro­moção de Recursos Humanos,vem desenvolvendo programaçõesreferentes ao artesanato desde1975. A linha de ação adotada foia de realização de cursos a nivel deaprendizes, viabilizada medianteconvênio com o Programa Intensi­vo de Preparação de Mão-de-Obra(PIPMO). Seu objetivo básico é aabsorção de parte da mão-de-obraociosa, instrumentalizando-a e in­tegrando-a em atividades artesa­nais, tendo em vista o seu signifi­cado sócio-econômico para o pro­cesso de desenvolvimento.

Seus principais objetivos fo­ram os de:a) Realizar um levantamentoquantitativo-descritivo sobre o ar­tesanato no Esp/rito Santo, nosaspectos considerados relevantespara a àtuação da SEBS.b) Suprir o Centro de Promoçãode Recursos Humanos de informa­ções pertinentes e confiáveis, quepossibilitem a definição, em basesprecisas e racionais de uma políti­ca de desenvolvimento do Artesa­nato no Esplrito Santo.

METODOLOGIA DAPESQUISA

Este capítulo descreve a áreageográfica onde se realizou o le­vantamento, bem como o procedi­mento metodológico adptado nasua efetivação.

Em vista dos objetivos a se­rem atingidos, considerou-se ne­cessário entrevistar todos os arte­sãos dos 53 municípios do Estadoo que não foi possível devido àimprecisão conceitllal do que sejao artesão, e por conseguinte peladificuldade em identificá-lo e loca­lizá-Ia, principalmente o da zonarural. Para efeito de distribuiçãode tarefas e delegação de respon­sabilidades, os municípios foramagrupados segundo a localizaçãogeográfica e facilidade de acessoàs unidades executivas da SEBS. Acoordenação do levantamento anivel regional ficou sob a respon­sabilidade das Centrais Regionaise Municipais de Serviços, e a co­ordenação Estadual, ao encargodo Centro de Promoção de Re­cursos Humanos.

ELABORAÇÃO DOINSTRUMENTAL

DA PESQUISA

o questionário foi o instru­mento utilizado na coleta de da­dos. Constituiu-se de 51 pergun­tas, contendo cada uma, diversasalternativas para a resposta. Em al­guns wsos, admitiu-se a escolha demais de uma alternativa, em ou­tros casos não.

Os tópicos do questionário,foram assim distribuidos:a) Identificação do artesão (per­guntade 1 a 11);b) Identificação do artesanato(pergunta de 12 a 20);c) Nível de produção (pergunta de21 a 27);d) Nivel de comercialização (per­

gunta de 28 a 37);e) Situação Demográfica e Sócio­Econômica do Artesão (pergunta38a 51).

Dada a urgência em se efe­tuar o levantamento, o questio­nário não foi pré-testado em cam­po, sendo diretamente utilizadona coleta de dados. Apesar dissonão se encontrou sérias deficiên­cias na sua aplicação. No sentidode esclarecer as dúvidas que pu­dessem surgir no decorrer da en­trevista, foi elaborado o "Manualdo Entrevistador", contendo ins­truções circunstanciadas sobre opreenchimento das perguntas.

TREINAMENTODA EQUIPE

A equipe de coordenação eexecução do levantamento cons­tituiu-se de doze assistentes so­ciais, onze agentes sociais e duasestagiárias do Curso de ServiçoSocial da Universidade Federal doEsplrito Santo, lotados nos diver­sos órgãos da SEBS.

Seu treinamento foi feitoatravés de reuniões, onde se pro­curou estudar o projeto de pesqui­sa e as atribuições inerentes a ca­da função. A orientação quantoao preenchimento do questionáriofoi feita através de entrevistasimulada entre os participantes.

APLlCAÇÃÇ> DOQUESTIONARIO

Para o estabelecimento decontatos com os artesãos, a fimde se proceder à coleta de dados,recorreu-se. à EMCA TUR (Empre­sa Capixaba de Turismo), onde seobtive alguns endereços. Recor­reu-se ainda às Prefeituras Muni­cipais, à EMA TER (Empresa deAssistência Técnica Rural) e às

10

Entidades Sociais existentes nosmunicípios, onde nada se obteve.Somente através dos moradoresCJe bairros e dos próprios artesãoslistados inicialmente, pôde-se che­gar aos artesãos para a entrevista.

Através de visitas domicilia­res e moradores de bairros, foramconseguidas informações sobre onome e/ou endereço dos artesãosmais conhecidos na localidade. Es­tabelecido o contato, esse artesãoindicava o nome de outros, e as­sim sucessivamente. Esta forma,entretanto contribuiu para o retar­damento da conclusão do traba­lho, de vez que muitos artesãosencontravam-se ausentes ou já nãoresidiam no local, tornando-se ne­cessária nova visita ou nova buscade endereço.

De uma maneira geral, os ar­tesãos reagiram :.i8risfatoriamenteao lévantamento, mostrando-seesperançosos quanto a uma possi­vel intervenção por parte do poderpúblico no sentido de possibilitar­lhes condições de melhoria do ni­vel de vida.

TABULAÇÃO EANALISE DOS DADOS

Realizadas as entrevistas e deposse de todos os formulários de­vidamente preenchidos, os dadosforam submetidos à quantifiracão.O processo utilizado foi o manual,sendo resultados dispostos em for­ma de tabela simples, tabela deduas entradas; com frequência ab­soluta e relativa.

Os dados relativos à situaçãodemográfica e sócio-econômica,encontram-se distribu/dos entre osdemais, não se constituindo un:item à parte, no capítulo que serefere à descrição dos dados.

Focos da Produção

De um modo geral, o artesa­nato capixaba é pouco conheci·do, tanto no próprio Estado quan­to em outros estados do país, es­tando pois a carecer de uma cam­panha intensa de divulgação. Nes­se sentido, alguns órgãos vêm em­preendendo ações, embora de re­percussão ainda limitada, poden-

do-se citar como exemplo, a Se­cretaria de Estado da Cultura e doBem-Estar Social (SEBS) e a Em­presa Capixaba de Turismo(EMCATUR).

A despeito desta situação po­de-se notar a existência de algunsfocos, cuja produção artesanalvem alcançando certo significadono contexto estadual e nacional,agindo como elemento de identi­ficação do artesanato capixaba.

Merecem ser destacadas, aspanelas de barro, o artesanato deAntonio Rosa, os meninos deOCINBRA, os índios de CaieirasVelhas, além de outros, que care­cem de estudos circunstanciadosvisando a sua caracterização.

As panelas de barro são pro­duzidas pelo grupo de paneleiros,residentes no bairro de Goiabeiras,em Vitória. O grupo é misto, cons­tituído de 5 pessoa~ em idades di­versificadas, com predominânciade faixas etárias mais avançadas. Oartesanato preto, como dizem al­guns foi uma herança recebida dosíndios tupi-guaranis e dos negrosafricanos, tendo sido transmitidade geração a geração. Nos seusprimórdios, era produzido apenasna quaresma, ocasião em que secostuma preparar a torta capixa­ba.

O processo de fabricação émanual e o instrumental utilizadoé de caráter rudimentar. Uma bolade argila grossa é colocada sobreuma tábua coberta de areia, paraevitar aderência, e, com o auxíliode uma cuité2

, de uma faca e deágua, vai se modelando a panela.Após modelada e seca, é raspadacom um pedaço de arco de barrilpara retirar as pedras, e polidacom um seixo da beira de rio. Emseguida é qúeimada em uma fo­gueira e, ainda quente, é pintadacom uma tinta3 de cor vermelha,extraída de uma árvore denomi­nada mangue vermelho.

Esta tinta, além de dar umacor escura à panela, serve paracurtir e reforçar o barro.

Vários tipos de panelas sãofabricados, podendo-se mencio­nar: a panela casada (uma pane­la maior com uma menor dentro),o caldeirão de feijão a panela dearroz, trinta reis (panela de tama-

nho intermediário à panela ca$é1­da) e assadeiras. 'Além das panelassão fabricados os jarros, os'buiões4

, os porquinhos que ser­vem de cofre, as galinhas para ar~

ranjo, além de outros.A produção diária é de 60 pa­

nelas, que são vendidas a particu­lares, a um preço fixado em fun­ção do tamanho das mesmas. Amatéria prima é obtida com rela­tiva facilidade em área próxima àcidade de Vitória. Contudo, com aexpansão da área urbana, há umtemor de que a mesma seja lotea­da e vendida, e a menos que algu­ma medida no sentido de preservá­la seja tomada pelo poder públicoou que novas áreas sejam explora­das, as possibilidades de sobrevi­vência deste tipo de artesanatosão remotas. Além do mais, háque se considerar ainda o desinte­resse da população jovem emaprender a técnica, segundo afir­mou um componente do grupo.As panelas de barro já se integra­ram aos costumes do capixaba.Além de conservar a temperatura,melhoram o aspecto e o paladardas comidas nelas preparadas.

Além do artesanato a cidadede Conceição da Barra, situada nolitoral do Espírito Santo, distin­gue-se entre as demais por suaspotencialidades turísticas. Alémdas praias, das dunas de Itaúnas,do museu da mandioca dispõedo artesanato de Antonio Rosa,já bastante conhecido na Região.

Antônio Rosa, antes lavrador,transformou-se em artesão porforça das circunstâncias. Pelo fatode ter amputado uma perna, pas­sou a fazer colheres de madeira,objeto de fácil comercialização,dada a sua utilidade prática. Comuma grande força de vontade apri­morou a sua técnica e hoje faz vá­rios tipos de peças tais como: fari­nheiras, talhas, relógios, reco-re­cos, figuras de animais e de pes­soas, além de outras. Seu instru­mentaI é simples, constituindo-sede um lápis e de um canivete.Também no seu caso, as pessoasmais jovens não se interessam emaprender a técnica, o que leva acrer que, com sua morte, extin­guir-se-á o artesanato de AntônioRosa.

11

O artesanato indígena éen­contrado na região de CaieirasVelhas, Município de Aracruz. O

orupo que habita a região é rema­nescente dos índios tupiniquins,sendo constituído de 110 famí­lias aproximadamente. Com acessão das terras que cultivavampara atividades de reflorestamen­to, o grupo viu-se obrigado a pro­duzir peças artesanais para sobre­viver. Da criança ao adulto, todostrabalham na confecção de estei­ra, vassoura, peneira, flecha, arco,cocar, etc. .O preço dfi venda nomercado praiano nunca atingequantia superior a Cr$ 20,QO: al­gumas vezes são trocados por mer­cadorias, constituindo verdadeiraexploração e desvalorização doproduto artesanal. A renda obtidaé administrada pelo pagé.

Um fato merece destaque:dois indígenas, com madeira domangue, por ser mais resistente,confeccionam instrumentos musi­cais, tais como: casacas, bumbo,culca e tambor, que são vendidosa preços irrisórios em navios es­trangeiros no Porto de Vitória. Ocouro do tambor e do bumbo écolado com produto extraído daprópria madeira utilizada na suafabricação. A pedido dos compra­dores, os instrumentos não sãopintados para não fugirem ao es­tilo indígena.

Há ainda que se mencionaro artesanato dos meninos deOCINBRA 6

• O trabalho nasceu

2. Este instrumento tem forma ar­redondada, e é feito do fruto daãrvore também denominada cui­té.

3. A tinta é extrafda da casca domangue vermelho, ãrvore encon­trada no mangue. A casca é soca­da e colocada numa infusão deãgua fria até atingir a cor averme­lhada, ponto ideal para o uso.

4. Jarra de uma alça que outro­ra era utilizada para colocar ca­fé e hoje tem apenas valor orna­mentai.

5. Espécie de reco-reco.

6. Obra Comunitãria de Itanguãe Nova BrasrJia, de natureza parti­cular, localizada no municfpio deCariacica, tendo como finalidadea assistência aos carenciados e apromoção humana.

Seus principais objetivos fo­ram os de:a) Realizar um levantamentoquantitativo-descritivo sobre o ar­tesanato no Esp,rito Santo, nosaspectos considerados relevantespara a àtuação da SEBS.b) Suprir o Centro de Promoçãode Recursos Humanos de informa­ções pertinentes e confiáveis, quepossibilitem a definição, em basesprecisas e racionais de uma políti­ca de desenvolvimento do Artesa·nato no Esp/rito Santo.

METODOLOGIA DAPESQUISA

Este cap/tulo descreve a áreageográfica onde se realizou o le­vantamento, bem como o procedi­mento metodol6giC;0 adotado nasua efetivação.

Em vista dos objetivos a se­rem atingidos, considerou-se ne­cessário entrevistar todos os arte­sãos dos 53 municípios do Estadoo que não foi possível devido àimprecisão conceitual do que sejao artesão, e por conseguinte peladificuldade em identificá-lo e loca­lizá-lo, principalmente o da zonarural. Para efeito de distribuiçãode tarefas e delegação de respon­sabilidades, os municípios foramagrupados segundo a localizaçãogeográfica e facilidade de acessoàs unidades executivas da SEBS. Acoordenação do levantamento anível regional ficou sob a respon­sabilidade das Centrais Regionaise Municipais de Serviços, e a co­ordenação Estadual, ao encargodo Centro de Promoção de Re­cursos Humanos.

ELABORAÇÃO DOINSTRUMENTAL

DA PESQUISA

o questionário foi o instru­mento utilizado na coleta de da­dos. Constituiu-se de 51 pergun­tas, contendo cada uma, diversasalternativas para a resposta. Em al­guns UJsos, admitiu-se a escolha demais de uma alternativa, em ou­tros casos não.

Os tópicos do questionário,foram assim distribuídos: .a) Identificação do artesão (per­gunta de 1 a 11);b) Identificação do artesanato(pergunta de 12 a 20);c) Nível de produção (pergunta de21 a 27);d) Nível de comercialização (per­

gunta de 28 a 37);e) Situação Demográfica e Sócio­Econômica do Artesão (pergunta38a 51).

Dada a urgência em se efe­tuar o levantamento, o questio­nário não foi pré-testado em cam­po, sendo diretamente utilizadona coleta de dados. Apesar dissonão se encontrou sérias deficiên­cias na sua aplicação. No sentidode esclarecer as dúvidas que pu­dessem surgir no decorrer da en­trevista, foi elaborado o "Manualdo Entrevistador", contendo ins­truções circunstanciadas sobre opreenchimento das perguntas.

TREINAMENTODA EQUIPE

A equipe de coordenação eexecução do levantamento cons­tituiu-se de doze assistentes so­ciais, onze agentes sociais e duasestagiárias do Curso de ServiçoSocial da Universidade Federal doEsp,rito Santo, lotados nos diver­sos órgãos da SEBS.

Seu treinamento foi feitoatravés de reuniões, onde se pro­curou estudar o projeto de pesqui­sa e as atribuições inerentes a ca­da função. A orientação quantoao preenchimento do questionáriofoi feita através de entrevistasimulada entre os participantes.

APLlCACÃO DOQUESTIÓNÃRIO

Para o estabelecimento decontatos com os artesãos, a fimde se proceder à coleta de dados,recorreu-se à EMCATUR (Empre­sa Capixaba de Turismo), onde seobtive alguns endereços. Recor­reu-se ainda às Prefeituras Muni­cipais, à EMA TER (Empresa deAssistência Técnica Rural) e às

10

Entidades Sociais existentes nosmunicípios, onde nada se obteve.Somente através dos moradoresde bairros e dos próprios artesãoslistados inicialmente, pôde-se che­gar aos artesãos para a entrevista.

Através de visitas domicilia­res e moradores de bairros, foramconseguidas informações sobre onome e/ou endereço dos artesãosmais conhecidos na localidade. Es­tabelecido o contato, esse artesãoindicava o nome de outros, e as­sim sucessivamente. Esta forma,entretanto contribuiu para o retar­damento da conclusão do traba­lho, de vez que muitos artesãosencontravam-se ausentes ou já nãoresidiam no local, tornando-se ne­cessária nova visita ou nova buscade endereço.

De uma maneira geral, os ar­tesãos reagiram :satisfatoriamenteao lévantamento, mostrando-seesperançosos quanto a uma possí­vel intervenção por parte do poderpúblico no sentido de possibilitar­lhes condições de melhoria do ní­vel de vida.

TABULACÃO EANÃLlSE DOS DADOS

Realizadas as entrevistas e deposse de todos os formulários de­vidamente preenchidos, os dadosforam submetidos à quantifiólcão.O processo utilizado foi o manual,sendo resultados dispostos em for­ma de tabela simples, tabela deduas entradas; com frequência ab­soluta e relativa.

Os dados relativos à situaçãodemográfica e sócio-econômica,encontram-se distribu/dos entre osdemais, não se constituindo un:item à parte, no cap/tulo que serefere à descrição dos dados.

Focos da Produção

De um modo geral, o artesa­nato capixaba é pouco conheci­do, tanto no próprio Estado quan­to em outros estados do país, es­tando pois a carecer de uma cam­panha intensa de divulgação. Nes­se sentido, alguns órgãos vêm em­preendendo ações, embora de re­percussão ainda limitada, poden-

do-se. citar como exemplo, a Se­cretaria de Estado da Cultura e doBem-Estar Social (SEBS) e a Em­presa Capixaba de Turismo(EMCATUR).

A despeito desta situação po­de-se notar a existência de algunsfocos, cuja produção artesanalvem alcançando certo significadono contexto estadual e nacional,agindo como elemento de identi­ficação do artesanato capixaba.

Merecem ser destacadas, aspanelas de barro, o artesanato deAntonio Rosa, os meninos deOCINBRA, os índios de CaieirasVelhas, além de outros, que care­cem de estudos circunstanciadosvisando a sua caracterização.

As panelas de barro são pro­duzidas pelo grupo de paneleiros,residentes no bairro de Goiabeiras,em Vitória. O grupo é misto, cons­tituído de 5 pessqas em idades di­versificadas, com predominânciade faixas etárias mais avançadas. Oartesanato preto, como dizem al­guns foi uma herança recebida dosíndios tupi-guaranis e dos negrosafricanos, tendo sido transmitidade geração a geração. Nos seusprimórdios, era produzido apenasna quaresma, ocasião em que secostuma preparar a torta capixa­ba.

O processo de fabricação émanual e o instrumental utilizadoé de caráter rudimentar. Uma bolade argila grossa é colocada sobreuma tábua coberta de areia, paraevitar aderência, e, com o auxíliode uma cuité2

, de uma faca e deágua, vai se modelando a panela.Após modelada e seca, é raspadacom um pedaço de arco de barrilpara retirar as pedras, e polidacom um seixo da beira de rio. Emseguida é queimada em uma fo­gueira e, ainda quente, é pintadacom uma tinta3 de cor vermelha,extraída de uma árvore denomi­nada mangue vermelho.

Esta tinta, além de dar umacor escura à panela, serve paracurtir e reforçar o barro.

Vários tipos de panelas sãofabricados, podendo-se mencio­nar: a panela casada (uma pane­la maior com uma menor dentro),o caldeirão de feijão a panela dearroz, trinta reis (panela de tama-

nho intermediário à panelae,asa­da) e assadeiras. Além das panelassão fabricados os jarros, ôsbuiões4

, os porquinhos que ser­vem de cofre, as galinhas paraâr­ranjo, além de outros.

A produção diária é de 60 pa­nelas, que são vendidas a particu­lares, a um preço fixado em fun­ção do tamanho das mesmas. Amatéria prima é obtida com rela­tiva facilidade em área próxima àcidade de Vitória. Contudo, com aexpansão da área urbana, há umtemor de que a mesma seja lotea­da e vendida, e a menos que algu­ma medida no sentido de preservá­la seja tomada pelo poder públicoou que novas áreas sejam explora­das, as possibilidades de sobrevi­vência deste tipo de artesanatosão remotas. Além do mais, háque se considerar ainda o desinte­resse da população jovem emaprender a técnica, segundo afir­mou um componente do grupo.As panelas de barro já se integra­ram aos costumes do capixaba.Além de conservar a temperatura,melhoram o aspecto e o paladardas comidas nelas preparadas.

Além do artesanato a cidadede Conceição da Barra, situada nolitoral do Espírito Santo, distin­gue-se entre as demais por suaspotencialidades turísticas. Alémdas praias, das dunas de Itaúnas,do museu da mandioca dispõedo artesanato de Antonio Rosa,já bastante conhecido na Região.

Antônio Rosa, antes lavrador,transformou-se em artesão porforça das circunstâncias. Pelo fatode ter amputado uma perna, pas­sou a fazer colheres de madeira,objeto de fácil comercialização,dada a sua utilidade prática. Comuma grande força de vontade apri­morou a sua técnica e hoje faz vá­rios tipos de peças tais como: fari­nheiras, talhas, relógios, reco-re­cos, figuras de animais e de pes­soas, além de outras. Seu instru­mentaI é simples, constituindo-sede um lápis e de um canivete.Também no seu caso, as pessoasmais jovens não se interessam emaprender a técnica, o que leva acrer que, com sua morte, extin­guir-se-á o artesanato de AntônioRosa.

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O artesanato indígena éen­contrado na região de CaieirasVelhas, Município de Aracruz. O

orupo que habita a região é rema­nescente dos índios tupiniquins,sendo constituído de 110 famí­lias aproximadamente. Com acessão das terras que cultivavampara atividades de reflorestamen­to, o grupo viu-se obrigado a pro­duzir peças artesanais para sobre­viver. Da criança ao 'adulto, todostrabalham na confecção de estei­ra, vassoura, peneira, flecha, arco,cocar, etc. .O preço d§1 venda nomercado praiano nunca atingequantia superior a Cr$ 20,00; al­gumas vezes são trocados por mer­cadorias, constituindo verdadeiraexploração e desvalorização doproduto artesanal. A renda obtidaé administrada pelo pagé.

Um fato merece destaque:dois indígenas, com madeira domangue, por ser mais resistente,confeccionam instrumentos musi­cais, tais como: casacas, bumbo,cuíCa e tambor, que são vendidosa preços irrisórios em navios es­trangeiros no Porto de Vitória. Ocouro do tambor e do bumbo écolado com produto extraído daprópria madeira utilizada na suafabricação. A pedido dos compra­dores, os instrumentos não sãopintados para não fugirem ao es­tilo indígena.

Há ainda que se mencionaro artesanato dos meninos deOCINBRA 6

• O trabalho nasceu

2. Este instrumento tem forma ar­redondada, e é feito do fruto daárvore também denominada cui·té.

3. A tinta é extrafda da casca domangue vermelho, árvore encon­trada no mangue. A casca é soca·.da e colocada numa infusão deágua fria até atingir a cor averme­lhada, ponto ideal para o uso.

4. Jarra de uma alça que outro·ra era utilizada para colocar ca­fé e hoje tem apenas valor orna·mental.

5. Espécie de reco·reco.

6. Obra Comunitária de Itanguáe Nova Brasllia, de naturaza parti·cular, localizada no municfpio deCariacica, tendo como finalidadea assistência aos carenciados e apromoção humana.

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DISTRIBUiÇÃO ESPACIAL DOS ARTESÃOS *

'li' Os f!luniclpios foram distribuldos por região administrati­va, conforme orientação do decrato nO 2778 de· 06 de agosto de 1968,que define a desconcentraç/Jo geográfica e a descentralização das ativi­dades dos 6rg60s executivos da administração dirata e indireta das 1'8­

glÕ8$ administrativas.

APRESENTAÇÃODOS RESULTADOS

Embora muitas tentativas ti­vessem sido feitas, não se conse­guiu atingir o número real de arte­sãos que se presume existir no Es­tado. A esta situação, atribui-se osseguintes fatores:

a) Dificuldades de acesso ao arte­são;b) Imprecisão conceitual do termoartesão;c) Acervo insuficiente de informa­ções sobre o artesanato;d) Omissão de depoimento e/ouinformações da parte do artesão,por receio de algum comprometi­mento.

, do idealismo de uma família ita­liana, que acreditava ser seu ofí­cio capaz de despertar o interes-

,se das crianças. Os meninos deOCINBRA trabalham em cerâmi­ca e seus objetos ficam expostosna sede da obra para serem vendi­dos. A renda obtida com a vendados trabalhos é dividida entre aentidade e o menor. A entidadealém de possibilitar a qualificaçãoprofissional, através de cursos,presta ajuda às fam/lias de baixarenda residentes nas comunidadesonde atua.

Na orla marítima, principal­mente, nas zonas praianas, desta­cando-se a cidade de Guarapari,são encontrados objetos ornamen­tais feitos de concha, objetosdestinados à pesca, e as rendas debílro.· A propósito, as rendeirasconstituem um grupo que neces­sita de maior apoio e incentivo àorganização, seu trabalho não des­perta o interesse das populaçõesmais jovens, estando por conse­guinte, fadado ao desaparecimen·to com o tempo.

Os objetos de fibras vegetaistêm maior incidência no interior,devido à grande oferta de matériaprima.

Estes são em síntese, os as·pectos peculiares ao artesanato ca·pixaba que se destacam. Contudo,presume-se que outros existem,necessitando apenas de serem deI"cobertos e divulgados.

0407010509030642

1

140709040102

Alegre ......•...... 06Jerônimo Monteiro. . •. 01Muniz Freire .lúna ............•.Guaçuí .......••...Dores do Rio Preto •...Divino de São Lourenço.São José do Calçado .Bom Jesus do Norte .Apiacá.....•.......TOTAL .

4a Região Administrativa

Nova Venécia •••.....São Gabriel da Palha .•.Barra de São Francisco .•Mantenópolis •....•..Eooporanga .•..••...Boa Esperança ••..•..Mucurici ••...•..•.•TOTAL .•.......•.• 37

7a Região Administrativa

6a Região Administrativa

5a Região Administrativa

Santa Tereza.•••.... , 03Itaguaçu . . . • . . . . • .. 03Afonso Cláudio. . . . . .. 22Fundão ..•....•.•.. 08~tarana " ..TOTAL ..•..•..•.•. 36

São MateLls.......•..Conceição da Barra. . .. 01Pinheiros. . . . • . . . . .• 06Montanha •......•..TOTAL .......•.... 07

Colatina.•..•.•..•. , 08Baixo Guandu. . • . . • •• 05Pancas•.•.••••...•• 03Ibiraçu .•.•.•••••. , 06Aracruz .••..••.••. , 11Unhares • • • . • • . • . •• 03TOTAL. " .••••••.•. 36

2a Região Administrativa

III Região Administrativa

3a Regiâ'o Administrativa

TABELA 1

Vitória .....•.•...• 56Cariacica . . . . . • • . . .• 51Vila Velha. . • . • . . . .• 33Viana .•.•.••...•.• 01Serra.•• ; . . • . . • . • .. 12Santa Leopoldina • . • .. 02Domingos Martins .••• , 05Guarapari. • • . . . • . • .. 22Alfredo Chaves. . . • . .. 07Anchieta • . . . • • . • . •. 11Iconha ~•... a. -Piuma ........• , •.• 10TOTAL .....•.•.••• 208

Cachoeira de Itapemirim. 10Rio Novo do Sul ..•..• 09Castelo ..•.••.•...• 06Conceição do Castelo. .. 05Atílio Vivácqua. . • • • •• 02Muquí. .•.•.•.•••.. 04Itapemirim....•••... 12Mimoso do Sul . • . • • •• 09Presidente Kennedy. • .. ­TOTAL. •..•......• 54

A despeito das dificuldadesmencionadas, o trabalho teve omérito de sistematizar informa­ções iniciais sobre o artesanato noEspírito Santo, podendo servirde base a estudos mais aprofunda­dos. Os dados obtidos são apresen­tados nos itens a seguir.'

1 - Identificação doArtesão

O estudo proposto se realizoujunto a 422 artesãos, de ambos ossexos, situados em faixas etárias

compreendidas ehtrel0 e 90anos.

A distribuição espacial dos ar­tesãos apresenta um certodese­quilíbrio. Há municípios que con­centram grande número de arte­sãos; outros por sua vez apreslJn­tam um número pouco significati­vo em relação ao total, ou não a­presentam nenhum dqdo. Nestaúltima categoria encontram-se osmunicípios de Mucurici, Monta­nha, São Mateus, Itarana, MunizFreire, Presidente Kennedy eIconha. Acredita-se, entretanto,que esta ausência de dados se de-

ve aos motivos mencionados aci­ma, e não à inexistência de arte­sãos.

O artesanato tem sido umaatividade desempenhada por am­bos os sexos, havendo entretanto,maior incidência do sexo femini­no, com 228 casos. O sexo,mascu­lino participa com 194 casos. Deigual forma, é desempenhada porfaixas etárias diversificadas. Veri­fica-se maior concentração de pes­soas nas faixas iniciais. A partirdos cinquenta anos o número deartesãos tende a escassear, confor­me demonstram os dados abaixo.

-

DISTRIBUIÇAO DOS ARTESAoS SEGUNDO fAIXA ETÃRIA E SEXO

TABELA 2 SEXO

Masculino feminino

faixa Etária NO % No %

10 a 20 31 7,34 26 6,1621 a 30 51 12,08 33 7,8131 a 40 25 5,92 58 13,7441 a 50 25 5,92 51 12,0851 a 60 22 5,21 30 7,1061 a 70 27 6,40 18 4,2671 a 80 10 2,36 12 2,8481 a 90 03 0,71 - -

TOTAL 194 45,97 228 54,03

Fonte: SEBS

A maIOria dos artesãos(56,95%) tem família constituí­da, legalmente ou não, e provémdo próprio Estado do EspíritoSanto (88,86%). Apenas 40 arte­sãos são originários dos estados li-

mítrofes. O tempo de residênciano local de maior significânciaestá na faixa de O a 5 anos, com167 casos (39,57%). A seguirvêm as faixas de 5 a 10 anos e demais de 20 anos com 82 e 89 ca­sos, respectivamente.

13

Nem todo artesão possui adocumentação que o habilita aparticipar dos bens e serviços dasociedade. Tal fato é um indicadorda situação de marginalidade emque sobrevive.

Cerca de 124 artesãos(29,38), com predominância dasfaixas etárias iniciais, principal­mente de 21 a 30 anos, não sãoprevidenciários. Uma das razõespela qual o artesão não se vinculaao sistema previdenciário, é a suaimpossibilidade financeira de con-

tribuir. A partir dos 30 anos a si·tuação de "não vinculados" co­meça a decrescer acentuando-seapós os 50.

Grande parte dos artesãos(52,38) dedica-se a outra profis­são, em geral de. natureza nãoqualificada. Há entretanto casos

em que o artesão desempenhatambém profissão qualificada.

A partir dos 60 anos aumen­ti/in os casos de dedicação exclu­siva ao artesanato. A dedicaçãoparcial ocorre nas faixas etáriasiniciais, notadamente dos 30 aos50 anos.

DISTRIBUIÇAO DOS ARTESAOS SEGUNDO DOCUMENTAÇAO EXISTENTE

TABELA 3

Documentação No de Artesãos Deficit No

Certidão de Nascimento 352 070Título de Eleitor 303 119Certidão de Casàm~nto 216 206Carteira de Previdência 204 218Carteira Profissional 187 235Carteira de Identidade 155 267CPF 123 299

Fonte: SEBS

DISTRIBUiÇÃO DOS ARTESÃOS SEGUNDO A SITUAÇAODE PREVIDENCIA POR FAIXA ETÃRIA

TABELA 4 Situação de Previdência

Vinculado N/VinculadoNúmero

Faixa Etária de Artesãos NO % No %

10 a 20 57 32 7,59 25 5,9221 a 30 84 54 12,80 30 7,9231 a 40 83 62 14,70 21 4,9841 a 50 76 58 13,74 18 4,2751 a 60 52 41 9,71 11 2,6061 a 70 45 33 7,81 12 2,8571 a 80 22 15 3,56 1,6681 a 90 03 03 0,71 - -

TOTAL 422 298 70,62 124 29,38

Fonte: SEBS

14

15

MATÉRIA PRIMA58,5355,5341,9440,2838,8628,43

NfVEl DECOMERCIALIZAÇÃO

Algumas recomendações irãofacilitar a elaboração de um pro­grama destinado a incentivar eapoiar as atividades artesanais noEstado. Além de breves conside­rações sobre os problemas ligadosao artesão e ao artesanato, sugere-

DI RETRIZF.S ÀElABORAÇÃO DE UM

PROGRAMA DEDESENVOLVIMENTO DO

ARTESANATO

A comercialização do produ­to artesanal se faz diretamenteao comprador, no próprio localde trabalho de 82,94%, dos arte­sãos, cerca de 7,82% comerciali­zam de outras pessoas e apenasum artesão o faz através de coo­perativa. As categorias "direta­mente ao comprador" e "atra­vés de outras pessoas" são am­plas e dão margem às diversasinterpretações. Podem sugeririncfusive que esse comprador éum intermediário. Alguns arte­sãos (8,29%) trocam as peçasproduzidas por mercadorias quegarantam a sua sobrevivência.

O preço das peças é estabe­lecido de acordo com o tipo,tamanho e modelo, oscilandoentre Cr$ 0,50 a 5.000,00. Osprodutos mais caros são os tape­tes, bordados manuais, quadros,trabalhos em crochê, pintura emcerâmica, entalhe, baús, etc.

A época do ano mais pro­plcia à comercialização da peçaé o verão, dado o afluxo de turis­tas à zona praiana; perto de 40"10'dos artesãos afirmaram não exis­tir uma época mais propícia queoutras, principalmente no quese refere aos objetos utilitários.

Ao final pode-se concfuirque o artesanato no Esp/ritoSanto é ainda uma atividade dis­persa e carente de organização. Aprodução é isolada, e, portanto,quantitativamente insignificante,incapaz de atender a uma intensi­ficação da demanda. Muitos arte­sãos afirmaram estar abandonandoa atividade artesanal para se dedi­car a uma profissão mais lucrativa.

FiosFibra vegetalBarroMadeiraCouro,TecidoMetal, contas, sementese produtos do mar 18,48

São utilizadas ainda outrasmatérias primas, porém em per­centual pouco significativo.

A matéria prima, com exce­ção de fibra vegetal, é encontradadurante todo o ano, conformeafirmativa de 82,11% dos arte­sãos, e são adquiridas no comér­cio (84,59), ou extrafda da natu­reza: matas, brejos, mar e mangue(14,92). Poucos artesãos (17,29)vincularam a consecução da maté­ria prima a determinadas épocasdo ano.

O sistema de produção artesa­nal caracteriza-se pelo trabalho in­dividualizado, inexistindo menta­lidade e ações correspondentes decooperativação. Em proporçõespouco significativas, aparecem otrabalho em família (13,27) e ogrupo tarefa (10,19). Neste siste­ma estão envolvidos, na maioriadas vezes, o artesão (73,94) e, emalguns casos, o mestre (6,16), osaprendizes (19,43) e os ajudantes(0,47) sendo estes últimos apro­veitados nas oficinas ou quando otraballJo é feito em famflia.

O volume da produção arte­sanal está estreitamente vinculadoao comportamento da demanda.A disponibilidade financeira doartésão para aquisição da matériaprima é, em geral reduzida o queo impede de confeccionar a peça emantê-Ia estocada até o momentoda comercialização. Em decor­rência, o trabalho é feito quandohá encomenda, havendo casos emque a matéria prima é fornecidapelo freguês. A produção é tam­bém afetada por outros fatores,tais como: motivação, inspiraçãoe disponibilidade de tempo, prin­cipalmente nos casos em que oartesanato é uma atividade par­cial.

NIVEL DE PRODUÇAO

2 - Identificação doArtesanato

A produção artesanal inspira­se em temas cfássicos, indlgenas e,em menor proporção, nos temasfolcfórico e interpretativo. A gran­de maioria produz para atender àsnecessidades da moda, fator con­siderado essencial à comercializa­ção.

O trabalho se verifica indivi­dualmente. Na maioria das vezesnão há separação entre residênciae local de trabalho. Poucos sãoaqueles, que têm oficina ou ate­lier (10,43). Também nos presí­dios a atividade artesanal vemsendo desenvolvida pelo presi­diário como uma forma de ocu­par o tempo ocioso e de ajudarfinanceiramente a sua famfliaque, na maioria qasvezes, sobre­vive em situação de mjséria.

O método de aprendizagemartesanal é a prática; poucos sãoaqueles (14,69) que fr~quentarain

cursos profissionalizantes. O pro­cesso de produção é manual, como auxllio de ferramentas rudimen­tares, em sua maioria adquiridasde terceiros. Alguns fabricam seupróprio instrumental ou parte de­le (13,14). Poucos (4,5) são os ar­tesãos que utilizam ferramentamecânica.

O objeto produzido tem fina­lidade utilitária e decorativa ouornamental, dado o valor atribúf­do às mesmas. Ambas participamcom um percentual de 70,14%. Amatéria prima 'Itf/izada é diversi­ficada e para cada tipo, há umaextensa relação de peças produzi­das. O maior percentual encontra­se em fios (58,53%), devido aogrande número de pessoas que sededicam aos trabalhos de crochê,tapeçaria, rede de pescar, tarrafa,renda de bilro e outros. Muitosartesãos (55,21) também se utili­zam da fibra vegetal, uns para pro­ducão de peças utilitárias tais co­m~: assentos de cadeira, balaios,cestos, peneiras, esteiras, etc., ou­tros para fins ornamentais, comopor exemplo, abajour, luminária,macramê, tapete, etc. O barro, amadeira e o couro são tambémutilizados conforme demonstramos quadros a seguir.

se objetivos, partindo principal­mente da orientação política daSEBS seus princípios metodoló­gicos, atividades e condições que,se adotadas, facilitarão sobrema­neira o seu desenvolvimento.

REFLEXÃODIAGNOSTICA

o artesanato no Espírito San­to, por razões que escapam a nos­sa avaliação, não constitui até apresente data, objeto de uma polí­tica governamental e, conSf!quente­mente, área prioritária nos planosde desenvolvimento estadual, ape­sar do seu reconhecido valor comoagente de crescimento econômicoe social. Este fato impede-o de re­ceber o tratamento devido, uma.vez que não lhe sãO destinadosrecursos orçamentários csuficien­tes, além de outros implementoscapazes de dinamizar o setor. Poroutro lado, a ausência de estudossobre a temática do artesanato noEstado, de informações sobre onúmero de artesãos e respectivadistribuição geográfica, áreas decapacidade de produção, compor­tamento de mercado consumidor,etc., dificultam a adoção de me­didas por parte dos órgãos com­petentes.

A inexistência de um meca­nismo coordenador e harmoniza­dor da ação institucional, acarretao desenvolvimento de iniciativasisoladas e de limitado efeito ope­racional. Há que se considerarainda, não ser tarefa fácil conse­guir tal integração, pois as orienta­ções pollticas, filosóficas e meto­dológicas das entidades nem sem­pre se ajustam, havendo relutân­cia por parte das mesmas em ab­dicar de suas idéias particularespara assumir pontos de vista co­muns. Além do mais, no atualmomento não se tem uma defini­ção exata das entidades que tra­balham com artesanato no Esta­do.

As dificuldades encontradasna comercialização do produtoartesanal não são de menor rele­vância, o que contribui para man­ter a situação de· pobreza do ar­tesão. Em alguns casos, são oca-

sionadas pelo baixo e médio pa­drão de qualidade artística queapresenta; em outros, pelo siste­ma de divulgação adotado, que,além de semi-inoperante, é des­vinculado da cultura popular àqual o artesanato se relaciona.Estas variáveis geram a desvalo­rização do produto artesanal e suacomercialização por preços insig­nificantes. Em decorrência, o po­der de renda do artesão, quandonão evolui, permanece estagna­do, tornando-o progressivamenteincapaz de participar dos bens eseNiços da sociedade. Algunsartesãos pensam em abandonarsuas atividades para se dedicar auma profissão economicamentemais rentável.

Via de regra, o artesão nãotêm consciência do valor econô­mico e, sobretudo, cultural doque produz, e do seu papel numasociedade em desenvolvimento.Se a tem, não a utiliza para rei­vindícar mudanças sociais queo beneficiem. O individualismo eisolamento que caracteriza a suavida e trabalho além de contri­buir para manter e reforçar esteStatus (quo) baixa o índice de

produção artesanal.Há um pessimismo genera­

lizado quanto à continuidade dotipo de artesanato que produzem.Todos são unânimes em afirmar odesinteresse da juventude pelo a­prendizado da técnica.

Esta é, em síntese, a realidadedo artesanato capixaba. Uma reali­dade complexa, constituída de va­riáveis que se interrelacionam eque, a cada dia, assumem maioresdimensões.

ALTERNATIVA DESOLUÇÃO

Não constitui uma solução aproposta contida neste item, por­que sabe-se ser muito difícil, se­não impossível, resolver todos osproblemas ligados ao artesanato.Propõe-se, simplesmente, a adoçãode um instrumento que minimizeos efeitos das variáveis detectadas.Propõe-se a elaboração e imple­mentação de um programa esta­dual de desenvolvimento do arte-

, ,

16

sanato, a ser gerenciado pelo Cen­tró

C

de Artesanato Capixaba, órgãocuja implantação foi definida pelaSécretaria da Cultura e Bem EstarSocial com uma prioridade em1978. O Centro de ArtesanatoCapixaba constituirá a base físicado programa e deverá ter, entreoutras, a função de coordenar, di­namizar e apoiar as atividadesartesanais no Estado.

'No seu primeiro ano de fun­cionamento, o programa deverárestringir seu âmbito de ação àárea da Grande Vitória, tendo emvista a necessidade de avaliar eajustar os seus objetivos, metodo­logia, estrutura, etc. A partir daípoderá se verificar a interiorizaçãodo programa.

Sua extensão a outros muni­cípios, porém, deverá levar emconsideração sobretudo a vocaçãoartesanal da região, o interesse daadministração municipal e a exis­Mncia de recursos institucionaiscapazes de garantir a sua execu­ção. A este respeito, pode-se ado­tar como um dos critérios men­cionados, a existência no municí­pio de Centro Social Urbano e deentidades que se dediquem aotrabalho artesanal, identificadasatravés de um cadastro.

CONTEÚDO ESSENCIALDO PROGRAMA

Considerou-se básico a defi­nição do programa mencionado,alguns comentários sobre a fina­lidade, princípios que deverãoorientar a metodologia (ie traba­lho, as áreas operacionais e respec­tivas atividades, bem como sobreas condições facilitadoras ao seudesenvolvimento.

FINALIDADEBÃSICA

Com base no posicionamentofilosófico do Governo do Estado,que coloca o homem como o alvode suas realizações, um programade desenvolvimento do artesanato,gerenciado pela Secretaria de Es­tado da Cultura e do Bem EstarSocial deverá lIiSar sobretudo apromoção social do artesão. Porpromoção social pode-se entender

lmas:

s

às

"um conjunto de ,ações visando adesencadear um processo de de­senvolvimento humano e social,no qual se criem para as faixascarentes da população, oportuni­dades de satisfação de suas neces­sidades econômicas, sociais e cul­turais e de participação conscien­te e responsável" 7

A definição dos demais ele­mentos do programa poderá teressa finalidade como ponto de re­ferência.

INCfPIOSMETODOLÓGICOS

o artesão deverá participar,direta ou indiretamente, em todasas fases de desenvolvimento doprograma. A observação desteprincípio garante a adesão aos ob­jetivos propostos e, por conseguin­te, o empenho na sua consecução.Por outro lado, a adoção desteprincípio, exige que se faculte aoartesão liberdade para avaliar e de­cidir o que lhe é conveniente.

A conjugação de esforços dosdiversos organismos da área sociale econômica aos quais o programase vincula, constitui outro princí­prio, pois além de contribuir parao fortalecimento da ação institu­cional, evita a criação de estrutu­ras paralelas.

O programa de desenvolvi­mento do artesanato deverá aindaser estruturada de forma a permi­tir: a satisfação pessoal, sem limi­tes de idade, preservação das tradi­ções culturais, utilização de maté­ria prima dispon/vel, aproveita­mento da força de trabalho ociosae uma comercialização justa à al­tura do produto artesanal.

ÃREAS OPERACIONAIS

As atividades a serem desen­volvidas, por sua natureza, podemser concentradas em duas áreasoperacionais básicas: área de pro­moção e área de comercialização.

ÃREA DE PROMOÇÃO

Constituem atividades destaárea:

a)Cursos de FormaçiJo de mão-de­obra artesanal,a nível de qualifi­cação e aperfeiçoamento. Paraum funcionamento mais efici­ente, esta atividade requer:- Elaboração de planos de cur­

so, ressaltando os objetivosa serem alcançados, no dom/­nio cognitivo, afetivo e psico­motor;

- Montagem de um sistema deavaliação em função destesobjetivos;

- Realização de pesquisas vi­sando aprimorar a metodolo­gia de ensino;

- Realização de pesquisa de ap­tidão artesanal, como ativida­de prévia ao treinamento,além de outras.

b) Palestras e debates sobre temasdiversos, de interesse do artesãoe/ou do aprendiz.

c) Orientação e encaminhamentoaos serviços de bem estar social.

d) Fornecimento de empréstimospara aquisição de matéria-primainstrumental para o trabalho,montagem e ou ampliação deoficina artesanal e outros, me­diante a criação de um FundoRotativo de Apoio ao Artesão

ÃREA DECOMERCIALIZAÇÃO

As atividades desta área, em­bora não menos significativas naconsecução dos objetivos, terãocaráter complementar às ativida­des da área de promoção. Sãoelas:a) Divulgação de todo o acervo li­gado ao artesanato;b) Organização de feiras e lojas;c) Organização de exposições e,d) Organização de núcleos e co­operativas de artesãos.

Além das atividades contidasnas áres mencionadas, há que seressaltar as atividades instrumen­tais, a saber:a) Organização e atualização docadastro geral do artesão;b) Organização e atualização decadastro das entidades que traba­lham com artesanato;c) Pesquisa sistemática sobre ocomportamento do mercado con-

17

sumidor., sobre as raízes culturaisdo artesanato, identificação deQ,ovos focos e respectiva capaci­dade de produção, além de outrosaspectos e,d) Ajuda financeira e orientaçãotécnica às entidades que traba­lham com artesanato.

CONDIÇÕESFACILITADAS

o êxito de um programa des­ta natureza, está diretamente re­lacionado à existência de determi­nadas condições a que se conven­cionou chamar de facilitadoras.São elas:

Constituir prioridade nos pIa­nos governamentais;Dispor de recursos humanosespecializados e disponlveispara atuar a nlvel de planeja­mento, coordenação, execu­ção e apoio administrativo;Dispor de oficinas-escolas ouunidades móveis, devidamen­te equipadas, para execuçãodos CurSOS programados ououtras atividades didáticas;Dispor de um sistema decontrole e avaliação que per­mita verificar a correspondên­cia entre o planejado e o efe­tivamente executado, identi­ficar e corrigir os desvios ebloqueios e obter subs/diospara .o replanejamento daação.Dispor de reCUrSOS financeirospróprios previstos no orça­mento da SEBS ou recursosfinanceiros oriundos de con­vênios com organismos fede­rais e estaduais.Ao final, cumpre ressaltar que

este levantamento despertou umasérie de expectativas em todosaqueles que foram entrevistadose por esta razão seus órgãos pro­motores tornaram-se responsáveispelo desenvolvimento de açõesque satisfaçam, senão total, pelomenos parcialmente as esperançasdespertadas.

7. CENTRO Brasileiro de Coope­ração e intercâmbio de ServiçosSociais Alternativas de políticaassistencial brasileira. Rio de Ja­neiro. 1974. Doc. nO 90.

Plano deação imediata de

transporte e trânsito·

VIAS DE CIRCULAÇÃO GERAL

CARlACICA

VIANA

18

,V.RAPIDA

V.L1TORÂNEA _ ••• _ •••

V. ARTERIAIS

V.ARTERIALSECUNDÁRIAV.ALIMENTADORA _

V.ALlMENTADOR A

PROPOSTA _

o sistema viário básicopreconizado compõe-se decinco tipos de vias para acirculação gerare de trêsvias próprias para osistema de transportescoletivos. Formará umarede funcionalinter-modal de vias,visando, principalmente,a operação de um sistemaeficiente de transportescoletivos. Vai minimizar oscongestionamentos epermitirá soluções duradouraspara os problemasda circulação.

o trabalho objetiva a definição de um

sistema viário básico para a Grande Vitória

e de um sistema integrado de transportes coletivos,

possibilitando a complementaridade de modos ao invés

da competição entre eles. As medidas propostas

visam a contribuir para a consolidação da

estrutura urbana preconizada por uma

pol ítica global de ocupação do solo. Fundação Jones dos Santos Neves **

o Centro Metropolitano daGrande Vitória apresenta hoje ex­cessiva concentração de ativida­des. O atual crescimento verifi­cado na região agrava cada vezmais a dependência dos bairros emrelação ao centro. Cada novo bair­ro que surge é imediatamente li­gado ao centro por linhas de ôni­bus, ficando mais.fácil ao moradpro acesso a ele do que a um centrosecundário, mais próximo de suaresidência. Congestionando, oCentro Metropolitano, hoje, care­ce de medidas destinadas ao au­mento da fluidez do tráfego e dacriação de áreas para acomodarlevas de automóveis que neces­sitam circular e estacionar.

A movimentação gerada entrea periferia e o centro da conur-

. bação provoca um movimentopendular nas horas de pico, commaior intensidade às áreas locali­zadas ao sul, nos municípios deVila Velha e Cariacica. O fluxo ve­rificado nessas últimas, chega a ul­trapassar os limites consideradossuportáveis em três vezes na Pon­te Florentino Avidos e perto deuma vez e meia a capa­cidade do sistema viário central,segundo estudos elaborados pelaFundação Jones dos Santos Ne­ves.

Nas horas restantes, essas viasoperam com volumes próximos dacapacidade e, algumas vezes, tam­bém chega a ultrapassar os limi­tes suportáveis. A diferença exis­tente em relação às horas de pi­co é considerada pequena, pois asaturação do sistema viário é pro­vocada pelos automóveis, que re­presentam 75% dos veículos emcirculação, ficando os 25% restan-

tes por conta dos ônibus (2,1%)e os caminhões (4%).

Assim, a tentativa de distri­buir a concentração de viagens decoletivos em horários de menormovimento implicaria em reduziro excedente sobre a Ponte Flo­rentino Avidos a um nível aindaacima de sua capacidade, difi·cultando ainda mais a operaçãoCio sistema viário.

Pontos de Estrangulamento

Levantamentos efetuados re·centemente, à elaboração doPAITT, demonstram a existênciade quatro pontos críticos de es­trangulamento no Sistema Viá­rio. Atendendo a uma demandasempre superior à capacidade, alocalização destes estrangulamen-

. tos, em pontos estratégicos deAglomeração Urbana, vem provo­cando problemas de ordem sociale econômica à população, princi·palmente à mais carente. Essespontos estão localizlldos entreos' municípios de Vitória e VilaVelha: proximidades do PalácioAnchieta, Vila Rubim, Ponte Flo­rentino Avidos e São Torquato.

Outro levantamento procuroumostrar, de maneira sumária, ascondições das vias, verificando ouso do solo e as condições deiluminação, pavimentação, drena·gem e dimensionamento de cai­xas daquelas vias servidas pelosistema de transporte coletivo e dealgumas ruas que· apresentem po­tencial de aproveitamento no sis­tema. 1:.. conveniente salientar queas vias servidas pelo transportecoletivo apresentam, em geral, me·Ihores condições do que .0 conjun-

to global das vias, concluindo-seque, na verdade, o quadro resul­tante dessas informações é otimis­ta.

As vias pesquisadas totalizam288 quilômetros, verificando-seque 21,10% não dispõem de pa­vimentação e 33,49% de ilumina­ção. Já os 203 quilômetros queconstituem vias municipais apre­sentam uma imagem ainda proble·mática.

ORGANIZACÃO DOSISTEMA DE

TRANSPORTE COLETIVO

O Sistema de Transporte Co­letivo, através de ônibus, da Gran·qe Vitória, organizam·se operacio­nalmente em dois tipos de linhas:as que ligam um município aoutro e as que ligam bairros deum mesmo município. Mas, emvirtude do grande poder central i­zador exercido por Vitória, todasas ligações intermunicipais sãofeitas da capital aos demais mu­nicípios. Enquanto isso, somen­te as linhas intramunicipais de Vi·tória são significativas.

O sistema de transporte cole­tivo, por estabelecer passagemobrigatória no centro, apresentadificuldades inerentes que agra·vam a sua operacionalidade. As li·nhas provenientes da parte sul daAglomeração têm seu terminal deretorno situado -na parte norteda capital, enquanto que as li·nhas provenientes do norte retor·nam pela parte sul da Ilha. Assim,as vias centrais registram, na horado pico, a passagem de 350 ôni­bus/hora, entre urbanos, interur·banos e fretados, por sentido.

Projeto elaborado pela Fundaç30 Jones dos Santos Neves, concluído em junho de 1978, visa subsidiar a açlio doGoverno no sentido de dotar a populaç6(} da Grande Vitória de um sistema de Transportes Coletivos.

** Projeto supervisionado por ArlindoVillaschi Filho. Coordenado por Antônio Borjaijle e Carlos Alberto Perin. Téc·nicos auxiliares: Luciene Maria Becacici Esteves e Ronaldo Gonçalves Vianna.

19

o Sistema Ferroviário

A infra-estrutura está restritaa duas linhas interestaduais: Estra­da de Ferro Leopoldina (que li­ga Vitória ao Rio de Janeiro) ea Estrada de Ferro Vitória a Mi­nas. A primeira encontra-se hojequase completamente desativada.A segunda, ao contrário, encon­tra-se em franca expansão e mo­dernização. Serve basicamente eprioritariamente ao transportede minérios exportados pelo Su­perporto de Tubarão, com Ramalaté o Porto Velho e terminal deAtalaia, no canal de Vitória.

As estações finais para pas­sageiros localizam-se ambas àsmargens sul do Canal, próximosdo centro metropolitano. O daEFVM oferece amplos espaços deintegração com outros modos, en­quanto que a da EF L, pratica­mente abandonada e inativada nãotem demandado esta característi­ca.

Estudos elaborados pela Fun­dação Jones dos Santos Nevesrevelam que os principais proble­mas relativos a transportes coleti­vos na área central se resumemna: superlotação dos coletivos nospontos iniciais dos trajetos, no pe­r(odo de pico; envolvimento detodos os ônibus do norte no con­gestionamento da Ponte Florenti­no Avidos; redução da capacida­de de transporte das linhas, pelaobrigatoriedade de toda a frotacruzar a área central nos doissentidos; grande concentração depassageiros nos pontos iniciaisde percurso, entre outros.

Sistema Aquaviário

o sistema aquaviário, parafins de transporte urbano de pas­sageiros, apresenta-se em francaexpansão, após longo período dedecadência. De 1850 a 1960,foi largamente utilizado para otransporte intraurbano, dadas asfacilidades oferecidas pelo sítionatural para o seu desenvolvimen­to. Perdeu sua importância com acompetição do Sistema Rodoviá­rio.

A revitalização do sistema foisugerida pelo Governo do Estado

e planejada pela Fundação Jones de transportes coletivos (ônibus)dos Santos Neves, por ser este um '~vem sendo feita paulatinamente,meio que oferece grande flexibi- estando em fase final de execu­lidade para expansão por não ne"'" ção as obras necessárias à inte­cessitar de investimentos na cons- gração rodo-aquaviário para o ter­trução de vias. Trata-se de uma minai Paul.alternativa lógica e mais adequadaà realidade local.

Em 1976, duas velhas barcasmantinham em operação a linharemanescente, que liga Vitória aPaul. O estudo da Fundação Jo­nes dos Santos Neves propôs pa­ra curto prazo o reequipamentoda linha existente (Paul-Centro) ea criação de mais duas, ligandoPorto de Santana (Cariacica) ePrainha (Vila Velha) ao Centro deVitória. Recomendou, ainda, a­profundar a análise para outrasexpansões a médio prazo . Porocasião do início do PAITT, ju­nho de 1977 quatro novas barcasoperavam, entre os terminais re­formados de Paul e Vitória (cer­ca de 300.000 passageiros pormês), estando previsto o iníciode operação da linha Prainha-Vi­tória, quando o sistema passariaa contar com sete barcas com ca­pacidade para 160 passageiros ca­da.

A integração do sistema aqua­viário com a rede rodoviária e

O Sistema de TransportesColetivos preconizado écomposto por três subsisteRodoviário, Aquaviário eFerroviário.Entre as soluções imediatae duradouras destaca-sea do transporte aquaviárioque acima de tudo atendecaracterísticas físicas doespaço urbano e amaneira como acidade seestruturou.

".. ... -

VIAS RÁPIDAS ====V.ARTERIAL _

V,ARTERIALPROPOSTA _

V. LITORÂNEA _ '" _ ... _

V,ALIMENTAOORA _

V. ALlMENTADORAPROPOSTA •

AQUAV1AS ••••••••••••••FERROVIAS ~,~~~

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i modos, ao invés da competiçãoentre eles; a minimizai,:ão doscongestionamentos; a melhoriadas condições de conforto e qua­lidade dos serviços de transportescoletivos; a obtenção da melhoriada fluidez, enfim, maior humani­zação da Grande Vitória.

[PROPOSTAS I

POLlTICA URBANA EOBJETIVOS DO PAITT

A concentração de atividadesno centro metropolitano da Gran­de Vitória torna necessária, maisdo que medidas destinadas à me­lhoria da fluidez, uma PolíticaUrbana a longo prazo, que reduzao número de viagens para estaárea. Deve ser dada ênfase à ho­mogeneização do espaço e à ofer­ta de alternativas locacionais coma melhoria de circulação e deacessibilidades.

A ocupação se fez desco'ntí­nua, desordenada, sempre de ma­neira aleatória contornando man­gues e morros, configurando-seum assentamento com os bairrosem forma ciliar às vias principais.Por isso, a problemática transpor­tes deve ser enfocada dentro deum processo de interVenção na es­trutura urbana, juntamente comuma política glbbal de ocupaçãodo solo, a partir de diretrizes espe­ciais criteriosamente definidas.

A organização preconizadaconsiste no controle da conurba­ção atual, delimitando-se a Aglo­meração Urbana, onde se proces-'sará a reorganização espacial e deatividades, a fim de maximizar autilização da infra-estrutura exis­tente e racionalizar a aplicaçãode novos investimentos urbanosautônomos destinadas ao atendi­mento de amplas áreas do entor­no da Aglomeração para contero afluxo à área central; na preser­vação de área de interesse histó­rico, paisagístico e ecológico, res­guardando-os contra a tendênciade expansão indiscriminada damancha urbana.

As medidas propostas peloPrograma de Ação Imediata deTransporte e Trânsito pretendemser de fácil execução e de baixo'custo, visando, além dos objeti­vos principais, preparar a áreapara modificações mais profundasprevistas em diretrizes traçadaspor um Plano Diretor de Trans­portes Urbanos para a GrandeVitória.

Depois de implantado, oPAITT criará um sistema integra­do de transportes coletivos, defi­nindo um sistema viário básico,de modo a se configurar uma re­de funcional intermodal de vias.As primeiras medidas com a cria­ção de um sistema integrado detransportes urbanos, possibilita­rão uma complementariedade de

A eliminação de cada um dosproblemas críticos já apresentadosnão pode estar dissociada de umapolítica de descentralização, deuma organização funcional do sis­tema viário e de uma integraçãodos difeferentes subsistemas detransporte coletivo.

O trabalho reporta-se, maisuma vez, às concepções e concei­tuações dos elementos de reestru­turação urbana, que deverão serimplementados a partir de umalegislação do uso do solo,incen­tivo a uma hierarquização decentros e da organização de umarede viária funcional.

As condições de estrangula­mento do centro metropolitano,serão investidas pela melhoria decirculação na área central, pelaimplantação do sistema aquaviá­rio e das linhas troncais, pelarealização de obras pontuais nospontos críticos e pela introduçãoda pista exclusiva para ônibus.

A Descentralização

A organização territorial pre­conizada, baseia-se nas proposi­ções contidas no PDI 1 e PEE2 daGrande Vitória, constituindo-se.no controle da expansão da co­nurbação, delimitando-se a Aglo­meração Urbana, onde se proces­sará à reorganização espacial e deatividades, a fim de maximizara utilização da infra-estruturaexistente e racionalização da apli­cação de novos investimentos e adefinição de unidades urbanas, on­de se concentrem atividades urba­nas destinadas ao atendimento desetores semi-autônomos da Aglo­meração e conter o afluxo à áreacentral.

Para atingir tal objetivo, a or­ganização do território basear-se­á no conceito urbanístico depolinucleação, onde osbairros se articulam em unidadesurbanas, estruturados entre si eapoiados em um centro, viabili­zando-se uma clientela que aí

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encontra resposta às suas neces­sidade~0 de moradia, lazer, traba­lho, educação, etc. O modeloapoia-se num sistema de vias hie­rarquizadas onde se realizam osprincipais fluxos, e se localizamos comércios e serviços especia­lizados nas arteriais, e nas demaispredominam o uso residencial eo tráfego de acesso. Através daanálise de aspectos tais como:morfologia, evolução urbana da A­glomeração, densidade atual, cen­tralização e polinucleação, zonasde atividades, desenvolvimento so­cial da população - definiu'separa a Aglomeração, quatro cate­gorias de centro, com equipamen­tos urbanos, serviços de infra-es­trutura adequados:

a) Centro Metropolitano - a­tende à função regional de provi­mento de comércio e serviços es­pecializados, equipamentos so­ciais, recreativos, de saúde, servi­ços públicos, administrativos e fi­nanceiros, difusão cultural, comu­nicações e transportes, em neces­sidades setoriais, gerais' e espe­cíficas. Seu acesso deve se fazerpor meio de transportes coletivose vias arteriais, em deslocamentoseficientes; sua circulação internapor transporte de massa ou depedestres.

b) Centro de Animação - dis­põe de comércio e serviços diver­sificados, equipamentos urbanosapropriados para atender às neces­sidades da saúde, ensino, lazere cultura no nível geral, setoriale local. Seu acesso se faz portransporte coletivo ou vias arte­riais. São três os principais cen­tros: em Vila Velha, Carapina eCampo Grande.

c) Centros de Bairros - do­tados de comércio e serviços ra­zoavelmente diversificados e equi­pamentos SOCiais, recreativos eserviços urbanos para necessidadessetoriais e locais e utilização oca­·sional frequente. Seu acesso se fazpor meio de transporte coletivoe vias alimentad.oras, que pos-

1. M. Roberto Arquitetos. Pia­no de desenvolvimento inte­grado da microrrerjÍão deVitória. Rio de Janeiro,1973.3v.

2. Espírito Santo. Secretaria dePlanejamento. Grupo de Pla­nejamento Urbano e Regio­nal. Grande Vitória: umaproposta de ordenamento daaglomeraçllo urbana. 1976.

sibilitem deslocamentos eficientes.Tem a função estrutural de agru­par vários bairros em subcentrocomum.

d} Centro de Vizinhança ­com atividades e serviços predomi­nantemente locais e cotidianos eimediatos, com equipamentos so­ciais, recreacionais e de lazer, des­tinados a crianças e pessoas ido­sas. O acesso se faz sem neces­sidàde de utilizaçao de transpor-te motorizado.

Delinea-se, portanto, a estra­tégia de descentralização do servi­ço e comércio das áreas de traba­lho industrial e de comércio e ser­viços, visando a uma utilizaçãomais equilibrada da estrutura ur­,ggna.

SISTEMA VIÁRIOFUNCIONAL

O Sistema Viário básico con­ceituado, compõe-se de cinco ti­pos de vias para' a circulação ge­rai e três tipos de vias própriaspara o sistema de transportes co­letivos.

A primeira delas, as ViasRápidas, permitem tráfego em altavelocidade, ligando longas distân­cias. São os acessos entre a Aglo­meracão e sua área de influên­cia; ~ntre a capital e as metró­poles nacionais. Nesta categoria seenquadrarrl~s BR 262 e BR 101,com exceção de seus trechos con­siderados urbanos.

Outras, as Vias Litorâneas,possuem semelhanças às vias rápi­das, mas, no entanto, são desti­nadas a atender à faixa turísti­ca do litoral do Estado, que lhesconfere características próprias.Nesta categoria se enquadram asES-10 e ES-60 (Rodovia do Sol),com exceção dos trechos que pe­netram na malha urbana.

Já as Vias Arteriais estãosituadas no interior da malha ur­bana, servindo de coletoras e dis­tribuidoras de fluxos que deman­dam aos centros de maior con­centração de atividades. Atendema grande volume de tráfego edevem ter capacidade suficientepara manter a fluidez estável emvelocidade compatível com o es­paço urbano.

As Vias Alimentadoras pos­suem função complementar às ar­teriais, servindo de coletoras e dis­tribuidoras dos fluxos que deman­dam aos bairros, centros de bair­ros e de vizinhança. São servidas

pelo sistema de transporte cole­tivo.

A unidade mais simples na ca­tegoria das vias, LOCAIS, aten­de a seus moradores na funçãode acesso. o pedestre terá priori­dade no seu uso.

Para o transporte coletivo, asVias Exclusivas, local izadas nasáreas centrais, servem para sepa­rar o tráfego dos coletivos dotráfego em geral, aumentando acapacidade das vias centrais e dan­do condições de competividadesaos coletivos, nas áreas de conges­tionamento, além de permitir aconquista de espaço ao pedestre.Prepara, além disso, o espaço ur­bano para receber equipamentosmais sofisticados de transportecoletivo, tais como o pré-metrôe o bonde moderno.

Aproveitando as característi­cas topográficas da região, que fa­vorecem muito a expansão do sis­tema, as AQUAVIAS surgem co­mo alternativa para acesso às á­reas centrais, através do transpor­te coletivo aquaviário. As linhase terminais são integrados a ou­tros modos.

A perspectiva de atender nofuturo a amplas massas popula­res, leva-nos, desde já, a integraras linhas de FERROVIA SUBUR­BANA às propostas, a fim de ga­rantir o seu aproveitamento. O ra­mal da Estrada de Ferro Leopol­dina terá a função de alimentaro Terminal Aquaviário. O ramalda Estrada de Ferro Vitória aMinas, oferece perspectiva parauma eficiente ligação entre osul e o norte da Aglomeração.

SISTEMA INTEGRADODE TRANSPORTES

COLETIVOS

o Sistema de Transportes Co­letivos preconizado é compostopor três subsistemas, quais sejam:RodoviárIo, Aquaviário e Fer­roviário que se complementam noatendimento à demanda e se in­tegram através de terminais detransbordo, adequadamente locali­zados e projetados para desempe­nhar esta função de interação.

O Subsistema Rodoviário éclassificado em : O primeiro In­terurbano, com a construção denovo terminal rodoviário, na Ilhado Príncipe, prevê a entrada dosônibus interurbanos na Aglomera­ção através de vias de tráfego par-

o tilhado. A distribu.içã,o, assim, dos

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passageiros será facilitada pela in­tegração do terminal interurbanocom terminais urbano e aquaviá­rio. Como 47% dos usuários des­te subsistema demandam ao doCentro Metropolitano, o projetopaisagístico da área central prevêum caminho para o pedestre, li­gando a Ilha do Príncipe até ocentro da cidade.

O Segundo Urbano propostotem como elementos principais aslinhas troncais, alimentadoras,convencionais, pontos de trans­bordo, além dos terminais detransbordo e urbano, e os termi­nais de retorno.

As Trancais são linhas rápi­das, que ligam o Centro Metro­politano aos Centros de Anima­ção, atravessando as áreas cen­trais em pista exclusiva. Podemser de dois tipos: TRANSVE R­SAIS (LTT), quando ligam doisCentros de Animacão 'entre si eSIMPLES (LTS) quando o ligamum Centro de Animação ao Cen­tro Metropolitano. Deverão ofere­cer elevada frequência e serãosupridas pelas Linhas Alimenta­doras através de pontos de trans­bordo, dos terminais urbanos edos terminais de retorno. As li­nhas troncais poderão ter o retor­no em centros de bairros loca­lizados ao meio do trajeto sempreque se fizer necessário. Estão pre­vistas as seguintes linhas troncais:

TRONCAIS SIMPLES(LTS)

Vitória - Vila VelhaVitória - Campo GrandeVitória - Carapina

TRONCAIS TRANSVERSAIS(LTT)

Vila Velha - Campo GrandeVila Velha - CarapinaCarapina - Campo GOrande

Já as Linhas Alimentadorastransportarão os usuários dos bair­ros até os pontos de transbordos,terminais urbanos e terminais deretorno, cobrindo toda a malhaurbana. A implantação das linhasalimentadoras oferece relativa fa­cilidade, uma vez que mantémos antigos trajetos e abrangemsomente o sistema intermunicipalde Transporte Coletivo, onde asáreas de influência das linhas sãobem definidas.

As áreas próximas aos centrosserão atendidas por linhas conven­cionais ligando os terminais urba­nos. As linhas municipais de

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Estão previstos os seguintes terminais urbanos:Aquaviário: Rodoviários Urbanos:

. Centro de Vitória . Campo Grande. Carapinll

Integrados:· Ilha do Principa - Interubano, Urbano, e Aquaviário· Dom Bosco - Urbano e Aquaviário• Paul - Urbano, Aquaviário e Ferroviário· Prainha - Urbano, Aquaviário• Porto da Santana - Urbano e Aquaviário

Flexal - SantanaCariacica-Santa­na.Itanguá-SantanaSantana de Ci­ma - SantanaVale Encantado- PaulJardim Marilân­dia - PaulNovo México ­PaulItaparica - PaulIlhas das Flores- PaulPraia da Costa­PrainhaGlória - PrainhaBoa Vista - Prai­nhaBarra do Jucu ­PrainhaConjunto Militar- Prainha

Prainha

Paul

Equip,amlen'tos de Apoio

namento do sistema, pois atravésderas serão canalizados os usuá­rios dos bairros mais distantes daárea de influência, cujo acessosó é possível através de transporterápido. Para tanto, vias que aten­dem a essas linhas têm que sermelhoradas de forma a permitiruma velocidade comercial médiade 20 km/h para os ônibus emoperação. Foram previstas as se­guintes linhas alimentadoras parao sistema:TERMINAL LINHA

- -----~----------

Como equipamentos deo PAITT prevê os pOintcl~aie''[ran!s-

bordo os eos terminais pontosde de ôni-bus abrigo paraos e conexão adequa-da entre as dos ônibusdas linhas trancais e alimentado­raso

Já os terminais de retornopontos de ônibus comabrigo para os passageiros e co­nexão adequada entre as paradasde ônibus das linhas troncais e

Santana

Linhas AlimentâêlôrasOs bairros contidos nas áreas

de influência de cada terminal se­rão ligados a este através de umsistema rodoviário alimentadorservido por linhas de ônibusintegrados com as linhas de bar­cas.

As linhas alimentadoras sãofundamentais para o bom funcio-

4) Etapa final:Para esta etapa de funciona­

mento prevê-se também os Termi­nais de Aribiri e Ensead{l do Suá.

Dados os aspectos de compe­tividade que esses terminais te­rão para com os de Pau I e DomBosco, respectivamente, a cautelaleva a uma posição no sentido deserem transferidas para o futurobreve o dimensionamento do sub­sistema nesta etapa de consolida­ção.

Ressalte-se outrossim, que es­tá implícito no estudo, que asvariações sofridas pela demanda,durante a fase de implantação dosistema, poderão acarretar modifi­cações no número de barcas e nodimensionamento dos terminais.Por esta razão os terminais serãoconstru ídos em módulos que faci­litam sua ampliação.

ILHA DOPRíNCIPE CENTRO D. BOSCO

~PORTO DE PAUL PRAINHASANTANA

ao centro para as duas horas-pi­co da tarde no sentido Centro­Bairro.

3) Terceira etapa de funcionacmenta:

Nesta fase, considera-se ope­rando os seis terminais, sendo,cada um destes, ligados aos trêsoutros terminais do lado oposto,com o número de barcas neces­sário ao atendimento à demandareal.

~PRAINHA

CENTRO PAUL

PORTO DESANTANA

o presente plano recomendaa possibilidade de estudo de lo­calização adequada para o ter­minal de passageiros interurbanopara transporte marítimo a longadistância. Dadas às privilegiadascondições da baía de Vitória, oterminal pode ser central e perfei­tamente integrado ao Sistema deTransportes Urbanos ~a Aglome­ração.

Para a consolidação do subsis­tema Aquaviário é necessário oestabelecimento de hipóteses parasua implantação por etapas, visan­do atender as diversas fases defuncionamento que variarão nãoapenas em decorrência da execu­ção das construções necessárias,como também da aquisição dasbarcas necessárias ao atendimentoà demanda real do sistema.

1) Primeira etapa de funcio­namento.

Para esta fase, foram con­siderados operando o terminal docentro, no lado da Ilha e os ter­minais de Porto de Santana,Paul e Prainha, no Continente,estando em operação as sete bar­cas recentemente adquiridas. Onúmero de passageiros atendidos,o número de partidas de barcase os intervalos entre essas, estão,portanto, limitados pela capaci­dade de atendimento das mes­mas.

SISTEMA AQUAVIÃRIO

Vitória mantém sua operação enão se transformam em alimenta­doras devido a sua pequena ex­tensão. A exceção aparece quandoas linhas do norte do municípiopodem ser remanejadas em vistade alimentarem no futuro o ter­minal de retorno situado em Goia­beiras. Na área central tambémusam as pistas exclusivas e inte­gram o sistema como linhas con­vencionais.

2) Segunda etapa de funcio­namento:

Situação idêntica à fase ante­rior quanto aos terminais queestarão em funcionamento, alte­rando-se porém o número de bar­cas (passam para 17) em opera­ção. Foi considerada a demandareal do sistema de linhas diretas

CONCLUSOES ERECOMENDAÇOES

alimentadoras, com retorno da li­nha troncal. Estão previstos termi­nais de retorno em Cobilândia,Ibes e Goiabeiras.

Os termínaís urbanos são pon­tos de convergência de linhas tron­cais, aquaviárias, alimentadorase/ou ferroviárias, equipados comabrigos para passageiros e conexãoadequada entre as paradas dasdiferentes linhas. Localizam-se noCentro Metropolitano, nos Cen­tros de Animação e, eventual­mente, em Centros de Bairros.

A circulação principal detransporte coletivo realizar-se-áatravés de dois subsistemas primá­rios: o subsistema aquaviário e osubsistema rodoviário troncal. Oprimeiro interliga os diferentesterminais do Continente aos ter­mioai~ da Ilha; o segundo interli­ga os terminais urbanos dos Cen­tros de Animação de CampoGrande, Vila Velha e Carapina aoTerminal Urbano do Centro.

As linhas alimentadoras cap­tam as viagens dos diversos bair­ros e transferem-nas as linhastroncais, através de pontos detransbordo, ou ao subsistemaaquaviário, através de terminaisintegrados.

Tal sistema apresenta diversasvantagens:

Existem três perspectivas parao sistema ferroviário participar notransporte coletivo da Grande Vi·tória - A primeira delas seria asubstituição do ônibus pelo bondemoderno ou pré-metrô nas linhastroncais, já que é previsível umrápido esgotamento da capacidadedo sistema rodoviário nestas li­nhas, o que exigirá' a adoção desistemas mais sofisticados.

A segunda perspectiva é a uti­lização da EFVM (Estrada de Fer­ro Vitória-Minas) para ligar as par­tes sul e norte da Aglomeração,oferecendo alternativas às trancaistransversais. Finalmente, a terceiraperspectiva surge c?m a Estradade Ferro leopoldina, quase desa­tivada, atravessando.. áreas perifé­ricas ocupáveis a médio prazo. Oadensamento destas áreas viabi­lizará o seu aproveitamento inte­grando-a como alimentadora doterminal Aquaviário de Paul.

INTEGRAÇAOINSTITUCIONAL

fim de permitir que a cidadeexerça sua função portuária e re­distribuidora sem comprometersua circulação urbana;

- Proceder pesquisas periódi­cas de circulação de pessoas, car­gas e ve(culos, de modo a permi­tir a reavaliação e realimentacãodas propostas e proceder a m~di­das corretivas com adequada ante­cedência.

As propostas aqui feitas, colo­cam de maneira bastante clara aexistência de subsistemas que secomplementam, sendo, portanto,fundamental a integração dasações dos diversos organismos queatuam no setor - sejam federais,estaduais ou municipais.

Essa integração só será viá­vel na medida em que houver umacoordenação das pol (ticas volta­das para a melhoria do sistema detransportes na Aglomeração. Nes­te sentido propõe-se:

- A coordenação geral porparte da Secretaria de Estado doInterior e dos Transportes da nor­matização dos serviços de conces­são de linhas, acompanhamento efiscalização das empresas conces­sionárias, bem como o estabeleci­mento de um processo permanen­te de levantamento de dados ca­paz de subsidiar o planejamento,o acompanhamento, controle efiscalização do sistema de trans­portes na Aglomeração urbana.

Subtende-se por esta proposi­ção, a necessidade de um trabalhoharmônico e conjunto envolvendoo Estado e as Prefeituras Munici­pais de maneira a haver uma pa­dronização das normas de conces­são e fiscalização de linhas deônibus, de forma a homogenei­zar a ação tanto no âmbito daslinhas intermunicipais como da­quelas espec(ficas de cada muni­c(pio.

A participação efetiva docolegiado do CODIVIT na discus­são dos planos e programas li­gados ao setor de transportes anível da Aglomeração e de cadamunicípio, de forma a agilizar aimplantação do sistema e assegu­rar a continuidade do processo deplanejamento e execução integra­da de obras e serviços que visam,em síntese, otimizar a aplicaçãodos recursos públicos.

a) aumenta' a área de atuaçãodos subsistemas aquaviário e trori:cal;

b) reduz o número de linhasque demandam ao centro, con­tribuindo para o seu desconges­tionamento;

c) contribui para a consoli­dação dos subcentros, na medidaem que estes foram escolhidos pa­ra a localização dos terminais deretorno ou dos terminais urbanos.

O transporte coletivo rodoviá­rio na Aglomeração é complemen­tado pelas linhas convencionais,que são aquelas que servem aomunicípio da Capital. Estas, porserem de curtos percursos, nãocomportam transferências modais,procurando-se diminuir sua de­manda através de incentivos aoscentros de bairros.

Para operacionalizar a pro­posta, obtendo-se dos transportescoletivos menores tempos de per­curso, maior conforto e maissegurança, aumentando a confia­bilidade e dando condições decompetividade com o transporteindividual, além de melhorar ascondições de acessibilidades e mo­dalidade das camadas menos favo­recidas da população, é necessáriaa implementação de algumas me­didas prioritárias:

- Dotar as vias alimentado­ras de reais condições de trafe­gabilidade aumentando a seguran­ça e a velocidade de operaçãodos coletivos e dando melhorescondições aos pedestres;

- Melhorar as condições decirculação na Área Central, reali­zando as obras necessárias à re­moção dos pontos de estrangula­mento e reorganizando a circu­lação de modo a favorecer o pe­destre e o coletivo;

- Implantar uma hierarqui­zação de fluxos;

- Implantar os terminais ur­banos, os de retorno e os pontosde transbordo, abrigar e iluminaros pontos de ônibus de modo adar ampla proteção aps usuários;

- Dotar o sistema de eficien­te sistema de comunicação visual,a fim de obter-se o melhor desem­penho funcional;

- Suprir a frota rodoviáriae aquaviária de adequado núme­ro de veículos, garantindo melhorfrequência e maior regularidade dehorários;

- Proceder ao estudo de cir­culação e terminais c;le ~argas, a

RROVIÃRIOSISTEMA

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ENSAIO

Manoel Vereza de Oliveira **

o modelo de David Warshfoi publicado na revistaFORBES , na edição de15.09.77.

Por preços reais entende-58a razão existente entre deter·minado volume de bens eserviços e o salãrio liquido(menos impostos) de um ci­dadão representativo da po­pulação.

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Assim, não se compra "so­mente" um automóvel. Na ver­dade, compra-se um sistema dinâ­mico e envolvente, incluindo ro­dovias, policiamento nas estradas,etc.

desejo de fazer um lanche, masque estão intimamente ligadas àvida de toda a comunidade.

O processo de crescimentodos preços nominais, então, pode­ria ser explicado como consequên­cia da difusão de custos, algobem mais complexo que a tãoconhecida inflação de custos. Comefeito, o autor propõe uma teo­ria particular a respeito das va­riações de preço no tempo. "ATeoria da Complexidade", comoele a denomina, tem sua baseexplicativa no fato de que os PfFJ­ços nominais básicos, tais comoos que pagamos por alimentos,vestuários, habitação e combusti­vel, são determinados em funçãodo número de intermediários queparticipam do canal de distribui­ção desses produtos.

nalidade será representar nossa vi­550 pessoal da problemática, a ni­vel nacional e regional, tendo co­mo pano de fundo as duas fasesanteriores.

A TEORIA

David Warsh utiliza uma sé­rie de figuras de linguagem damaior pertinência para analisar oprocesso inflacionário, desde assuas origens mais remotas atéseus efeitos mais atuais.

Como explicar o fato de queo americano médio, atualmente,se alimenta e vive bem melhorpagando US$ 0,40 por cadahamburger do que seus pais quecompravam hamburger a US$ ...0,10 cada?

Segundo ele, um dos deter­minantes mais críticos do "Pa­radoxo" é a crescente complexi­dade do sistema econômico que,por sua vez, nada mais é do queo reflexo de uma intensa inter­dependência que, na verdade, atin­ge de forma global o mundo dehoje.

Afirma Warsh que quando al­guém compra um hamburger, ouqualquer outra coisa, não estápagando apenas pelo hamburger­mas também para ajudar a cons­trução de navios de guerra, segurosocial, tratamento médico-hospita­lar moderno, transmissões de TV­coisas que nada têm a ver com o

Crítica a David Warsh e sua Teoria da Complexidade.Análise do modelo e sua aplicabílídade à realidade brasileira

o grande paradoxo do hamb~rguer·

A inflação vem se constituin­do num autêntico quebra-cabeçasque desafia a mente das maioresautoridades no assunto. "0 para­doxo do hamburger", concepçãode David Warsh, tenta analisar oprocesso inflacionário desde' assuas origens mais remotas atéseus efeitos mais atuais 1 . O Pa­radoxo ilustra uma situação naqual houve grande explosão nospreços nominais acompanhada porum pronunciado decréscimo dospreços atuais 2.

Em outras palavras, nós paga­mos mais hoje em dia, segundoaquele autor, mas, em contra­partida, a grande maioria vivetambém bem melhor do queantigamente. Seria então possiveldizermos que a inflação nos tembeneficiado? Ou há alguma variá­vel em jogo, cujo comportamentoescapa ao nosso conhecimento?Haveria aplicabilidade à realidadebrasileira? Por certo há condiçõesde se fazer uma analogia entreessa teoria e os reflexos da infla­ção no Brasil. Contudo, a análi­se crítica deve ser antecedida poruma descrição do modelo deWarsh, para que se chegue as con­cíusões necessárias, e, em segui­da, confrontar as posições do au­tor com a realidade que nos cer­ca. Para tanto, procuramos trazeras considerações de vários auto­res brasileir05 versando sobre amatér;a. Logo após, levantar-se-áuma série de pressupostos cuja fi-

Original: '7he Great Hamburger Paradoxo".** Técnico da Fundação Jones dos Santos Neves e Professor da Universidade Federa/do Espfrito Santo.

A "Teoria da Complexidade",rudimentar como se apresenta, foielaborada com o objetivo de a­crescentar outras facetas a umaexplicação que vem sendo univer­salmente aceita, no que concerneao processo inflacionário, a saber:a Teoria Quantitativa da Moeda.Milton Friedman ganhou o Prê­mio Nobel em economia no anode 1976 devido aos seus trabalhossobre essa teoria. Ela diz que ospreços são maiores na GrandeNova Iorque do que na cidade delowa, porque há mais dinheiro emNova Iorque - uma complicadamaneira de dizer nada, segundoWarsh. Lembra que "claro que hámais dinheiro em Nova Iorque ­Nova Iorque é bem mais comple­xa que a cidade de lowa'~

Warsh se dispõe a refutar es­sa teoria, lançado uma nova vi­são sobre o pro,cesso inflacio­nário. Acredita que 8 discussãoatual acerca do processo infla­cionário deve ser observada numaperspectiva mais histórica. Diz eleque os economistas trabalham co­mo qualquer ser humano. No tra­balho de entenderem a realida­de utilizam relações entre fatosconhecidos e analogias para me­lhor compreenderem o mundo.Entretanto, onde conseguem bus­car suas analogias? Eles simples­mente as tomam emprestado deoutros que de alguma forma te­nham investigado o mundo ante­riormente - os cientistas . Aque­les economistas que se acreditamlivres de influências externas es­tão, quase sempre, utilizando des­cobertas de algum físico, astrô­nomo ou geólogo há muito fale­cido. Como consequência, os eco­nomistas têm investigado as árvo­res e ignorado as florestas.

Por que a economia contem­porânea falha em compreender eexplicar o que acontece com onosso mundo?

Warsh acredita que a respos­ta está no fato de que a modernaeconomia ainda trabalha com omesmo universo de Isaac Newton,no século XVII. um universomecânico, sem mudanças bruscas,que funcionaria tal qual um reló­gio. Diz Warsh que eles o fa­zem simplesmente porque ainda

vivem em pleno universo meca­nista Newtoniano. Há somentedois grandes eventos ligados a umamáquina - o momento em queela inicia o seu funcionamento e O""

instante em que cessa de operar.Todo o resto se resume ao en­trechoque de engrenagens bemlubrificadas, numa aparente se­quência interminável de ciclos.Uma máquina não tem "histó­ria" - e, sim, mecanismos. Omundo dos economistas não ne­cessita de história porque eles ovêem como se fosse uma máqui­na.

Ele sugere um novo conceitopara substituir o vocábulo "in­flação": a palavra "difusão" ­utilizada normalmente para des­crever o processo pelo qual aspartículas se misturam e se fun­dematé ninguém poder destin­,gui-Ias isoladamente. Então, porque não usá:la para descrever oprocesso através do qual os cus­tos se misturam e se fundem? Adifusão realça o fato de que algonovo foi acrescido ao processo.Na verdade, uma palavra aindamais real para retratar o proces­so inflacionário seria "conflação"- a fusão ou mistura de dois oumais itens diferentes.

E qual seria então a posiçãode David Warsh no que diz res­peito à inflação? Será a inflaçãoalgo bom para nós? Não. A altasistemática de preços causa consi­deráveis danos ao Sistema Sócio­econômico, com impactos bastan­te fortes no Sistema Po/ltico.Nós deveríamos entender que atendência comumente chamada"inflação" tem sido sempre o sin­toma de transição por que tempassado o mundo.

Se pode existir alguém aquem o processo inflacionáriopode ferir profundamente, essealguém é o Terceiro Mundo. Porum lado, diz Warsh, os paísessubdesenvolvidos culpwn os cha­mados países neo-imperialistas portodas as suas dores. Dizem serestes países quem sistematIcamen­te os golpeia fixando preços bai­xos para matérias-primas e outrosprodutos exportados. Por outrolado, os países subdesenvolvidosdesperdiçam todos os recursos de

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que dispõem no processo deexpansão do seu serviço público ede toda sua burocracia enquantoreprime os setpres mais produti­vas.

Lembra que o Terceiro Mun-do está entrando num esquemapor demais rápido de divisão dotrabalho numa forma que nãoé a mais adequada. Quando,porém, chegam as empresas multi­nacionais e passam a dividir otrabalho de uma forma mais pro­dutiva - criando administradores,trabalho qualificado, são conside­radas como exploradoras.

Para finalizar, o autor traçauma analogia entre o sistemasócio-econômico e o sistema eco­lógico. Diz ele que os predadoresprecisam existir de forma a man­ter estável o equilíbrio das espé­cies. Os coiotes liquidam os coe­lhos que por sua vez devoramalgumas plantas e, assim suces­sivamente. Caso o número de coi­otes seja afetado de alguma for­ma externa ao sistema, todo oequilíbrio será mudado. Reduza­se os coiotes e proliferarão oscoelhos que, por sua vez, devo­rarão um maior número de plan­tas. . . Aumente-se o número decoiotes e reduzir-se-á a popula­ção de coelhos; as plantas queeram devoradas pelos coelhos cres­cerão além do previsto eliminan­do plantas menores, insetos, etc.

Em suma, parece-nos que oautor defende uma posição delivre ajuste para o sistema econô­mico de forma que'haja urri equi­líbrio natural entre os predadorese suas presas.

Argumentação

David Warsh procura encon­trar na evolução histórica suasbases para a Teoria da Complexi­dade. Para ele, os problemasatuais, em torno do processo in­flacionário, não podem ser dis­sociados de uma visão histórica,erro quase sempre incorrido pelamoderna economia. Ele acreditaque ainda hoje se trabalha com omesmo universo de lsaac Newton,no século XVII, um universo me­cânico, sem mudanças bruscas,que funciona tal qual um relógio.

Salienta que devido ao surgi­mento de visões distintas na me­cânica sob a qual funciona o uni­verso, foram iniciados, nos primei­ros 50 anos do século XIX, movi­mentos nos círculos científicos li­gados à biologia e a geologia.

Para comprovar o que pensa,Warsh inicia lembrando "A Rique­za das Nações", obra de AdamSmith que, em Edinburgo, na Es­cócia, acreditava ser o sistemaeconômico semelhante ao sistemaque regia os céus e a terra. Ele se­ria, então, uma espécie de máqui­na dotada de autocontrole, fun­cionando sob o impulso de uma"mão invisível".

Para poder contrapor essepensamento, lembra Georges Cou­vier que, em 1801, acreditava quea única explicação plausível para odesaparecimento dos pterodátilose tiranosauros estaria ligada àsmudanças bruscas que teriamocorrido no planeta ao longo desua evolução.

Pensamentos opostos fazemcom que conclua que "devido aosurgimento de visões distintas damecânica sob a qual funciona ouniverso, houve a criação nosdrculos científicos, dos unifor­mistas, preocupados com os ciclosprediz(veis sob os quais funcio­na o universo; e os catastróficos,preocupados seriamente em expli­car o universo num prisma de mu­dança".

No fim das contas, para ele,triunfaram os "catastróficos", a­pologistas do processo violento,repentirlO e imprevisível de mudan­ças. Não obstante terem os "ca­tastróficos" conseguido explicarmelhor a realidade, os economis­tas cerraram fileíras com os"uniformistas" e, até os dias dehoje, continuam a explicar a rea­lidade de forma Newtoniana, Smi­thiana. ..

David Warsh acredita que nes­se quadro de referência, Karl Marxfoi muito mais perspicaz queAdam Smith. Segundo Marx: "Ahistória humana guarda estreitarelação com a paleontologia. Coi­sas que estão quase tocando nos­sos narizes são ignoradas de iní­cio - mesmo pelo:> mais impor­tantes pesquisadores". Marx pes-

quisou a realidade através de ana­logias entre a paleontologia, rép­teis extintos, e a sociologia ­sociedades desaparecidas. O queele descobriu não foram os res­tos de animais fósseis que nãomais existiam, mas o esqueleto deum sistema de organização socialque não representava progresso or­denado como propunha AdamSmith. O que chamou realmente aatenção de Marx foi o século demudança catastróficas durante aqual o Sistema Feudal deu lugarao Sistema Comercial do séculoXVI'~

E prossegue: "A idéia de evo­lução catastrófica tornou-se bas­tante familiar - um sistema tran­quilamente em equilíbrio enquan­to forças internas e ocultas vão­no mudando até determinadoponto-limite onde o equilíbrio équebrado e o Sistema atinge no­vo equilíbrio. Catástrofes, na ver­dade são comum na natureza ­líquidos fervendo, terremotos,tempestades, furacões. .. A teoriados "Quanta", na física, a gené­tica Mendelina, a matemática ca­tastrófica de René Thom's - tudodesembocando na idéia de descon­tinuidade como epicentro da evo­lucão"

. O autor vê a idéia da des-continuidade como familiar aosproblemas humanos. "Veja-se, porexemplo, Erik Eriksson e suapsicologia do crescimento - oprocesso de crescimento pontuadopor crises de identidade, nas quaisas personalidades pulam rapida­mente para novos estágios de equi­líbrio. Ou, considere-se JeanPiaget e seu trabalho com ascrianças: fases sucedidas por mu­danças no processo perceptivo.Thomas Kuhn chegou mesmo apropor que as revoluções .- rá­pidos e decisivos processos de mu­dança - representam a direçãopara a qual se desloca a ciênciacomo um todo'~

Para ele, o único estudiosoque apresentou, quase uma gera­ção depois, um argumento con­tra a perspectiva de Karl Marxfoi o inglês Alfred Marshal, como seu livro "Princípios de Econo­mia" que já esgotou nada menosde oito edições milhõe.s rje

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exemplares. A idéia central do li­vr~: "NA TURA NON FACITSAL TUM" não passa de unifor­"';!smo, concentmdo em alto grau.

O autor, a partir de Marshal,mostra, então o encadeamentoentre suas idéias (de Marshal) eas de Keynes seu discípulo. Key­nes segundo Warsh viu "altose baixos" na história - mas aoinvés de movimentos catastrófi­cos, mudança suave e gradual.

Com efeito, Keynes não che­gou a refutar a visão marxista daHistória - simplesmente ignorou-aem toda a sua obra.

Walt Rostow e sua teoria do"take of", sumariou, de formamais sofisticada o pensamento deKeynes e Marshal. Todos os "ci­cios" de Rostow sucediam-se qua­se que automaticamente - novaversão uniformista do mundo.

As primeiras tentativas parase trazer evidl1ncias empíricas aotrabalho de Marx foram feitaspor Henry Phelps Brown, da"London School of Economics"que juntamente com sua associa­da, Sheila V. Hopkins, na qua­lidade de historiadores econômi­cos, apresentaram, em 1950, umaanálise envolvendo uma compara­ção entre os salários de umcarpinteiro e de um operário, naInglaterra, cobrindo um períodode setecentos anos.

Segundo suas pesquisas, os sa­lários mantiveram-se consideravel­mente estáveis durante. todo o'período, à exceção de três únicasvezes, ocasiões em que efetiva­mente decresceram. Com a proxi­midade do século XX, as duascurvas de salários tenderam ase aproximar cada vez mais umada outra.

Preços

Posteriormente, apresentaramoutro trabalho, em 195Q, no qualmontaram uma "cesta de consu­mo" envolvendo alimentos, bebi­das,cQmg.t1stíveis e vestuário, e"chec~t~ifi"seus preços emção .. aos salários nominais dostrabalhadores.

O objetivo desse segundo tra­balho foi testar as premissas le­vantadas em 1901 por C.F. Ste-

phens, dando eco às icl.éias deMarx, segundo as quais teria havi­do um aumento e, em seguida,uma grande queda no poder decompra do indivíduo médio entreos anos de 1300 e 1600, na In­glaterra.

"Por um século ou mais,parece que os preços irão obede­cer a uma lei toda-poderosa; is­so muda, e uma nova lei prevale­ce. Algo como uma guerra, quepoderia ter exercido considerávelinfluência sobre os preços numperíodo, já não exerce no subse­quente. Será que nós conseguire­mos detectar as causas que deter·minam esse comportamento numdado período? E por que razões,após um intervalo tão longo, dei­xam essas causas de exercer efei­to preponderante? Qual a razãobásica para a mudança? Parece­nos !ler a catástrofe. Um ,estado deequilíbrio é tão somente algoaparente. A todo instante, todoum sistema de poderosas forçasestá atuando e, numa reação emcadeia, gerando pequenas mu­danças que se vão acumulando,até que, repentinamente zap !Todo o sistema muda para um ou­tro patamar, no qual outro esta­do aparente de equilíbrio iráperdurar por algum tempo. A úni­ca observação de relevância socio­lógica é que para o caso da inffa­ção, que repercute sobre sistemassociais, o "gap" pode durar duasou três gerações".

Da mesma forma que a his­tória dos preços, a história dopoder de ganho dos trabalhadoresingleses mostra um pronunciadoperfil catastrófico. Nos anos quese sucederam a Peste Negra(1348) os salários começaram umalonga e lenta elevação até que,repentinamente, em 1500, come­çaram a cair. E que queda! Numperíodo de cem anos, um homemtrabalhando como carpinteiro des­cobre que seu salário anual com­pra bem menos da metade do queconseguia seu pai. Que dizer agorado argumento de Keynes segundoo qual o padrão de vida do traba­lhador não havia mudado muitoao longo da história?

Por volta de 1650, os salá­rios começaram, de novo a subir

lentamente. A elevação persistiuaté 1750, por aproximadamente100 anos. Então, por volta de1750, os salários reais começarama cair novamente. Nos anos 1800o carpinteiro tinha quase retor­nado ao ponto em que se encon­trava ao início do século XVI.

Uma vez mais, os salários co­meçaram a subir e, desta feita,continuaram subindo. No ano de1880 o carpinteiro estava, final­mente no ponto em que se locali­zara ao fim do século XVI. Seusalário real continuou subindoaté que, durante a Grande De­pressão, atingiu o dobro do queera durante a Grande Era Doura­da dos anos 1450 e 1500.

Então, surge a Segunda Guer­ra Mundial e, uma vez mais, ossalários começaram a cair.

Com efeito, à luz dos comen­tários anteriores, pode-se afirmarque Marx estava correto no queele observou - errando tão so­mente na maneira como aplicou assuas observações na sua teoria ­diz Warsh, e Pongera:

- No que tange ao estilo demudança, Marx estava correto eKeynes errado - pelo menos é oque se pode depreender dos traba­lhos de Phelps e Hopkins.

O· progresso econômico quedecorreu até os dias atuais, aEra da Afluência, não foi algo es­tável - ele foi, ao contrário, algocomo uma dura cavalgada, comsacolejos, pulos e buracos.

Metamorfose

É de certa forma comum paraos historiadores segundo ele repor­tarem-se a essas modificações ca­tastróficas do passado como "re­voluções". Entretanto, acreditaque faz bem mais sentido encará-Iascomo processo de metamorfose aoinvés de esquemas revolucionários.A metamorfose, evidentemente, étoda marcada por mudanças catas­tróficas ao ponto de serem alte­radas as próprias estruturas: giri­nos transformando-se em sapos;lagartas em borboletas. A novaestrutura sendo invariavelmentemais complexa que a anterior.

A primeira metamorfose, en­tre os anos de 1150 e 1325, fez

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com que os preços da "cesta deconsumo" - o custo de vida ....quadruplicasse. Por que? A res-

,posta estaria na mudança estru-'tural gerada pela Revolução Co­merciaI que levou ao desapareci­mento do Feudalismo. No iní­cio havia, cidades, igrejas e chefesguerreiros, ao fim, havia cidades,catedrais e reis todo-poderososcom desejos de encetar cruzadasno Oriente Médio. Será que asduas mudanças, nos preços e nacomplexidade, têm algo que veruma com a outra? Ou se trata dealguma simples fórmula economé­trica descrevendo o processo inffa­cionário que irá explicar o queocorreu?

Quais as causas para o arrefe­cimento da inffação logo após1325? Teria o arrefecimento algoque ver com o processo de conso­lidação da nova estrutura surgidada metamorfose?

Nos anos de 1520 a 1640tem lugar a Segunda Grande Me­tamorfose. Surgia o Mercantilis­mo, apareciam novas idéias, pensa­dores, filósofos, Bacon, Lutero,Copérnico, Cromwelf, a descober­ta do Novo Mundo!

Pergunte a um economistapor que os preços subiram na In­glaterra durante o século XVI eeles irão dizer que tudo ocorreuem função de um tremendo in­ffuxo de metais preciosos vindosdo Novo Mundo. Até o famosoJohn Kenneth Galbraith ofereceesta explicação no seu livro"MONEY".

Entretanto, seria a respostaalgo tão simples? Foi a pressãogerada pela entrada do ouro que"causou" a inffação, ou foi, emseu lugar, a crescente complexi­dade sócio-econômica e a subse­quente necessidade de mais di­nheiro para fazer face aos pre­ços crescentes que "causou" a des­coberta do ouro?

A Terceira Grande Metamor­fose tem lugar por volta de 1750.As novas idéias trazidas pela Re­volução Francesa, a automaçãointroduzida pela Revolução lfi­dustrial, a urbanização aceleradagerada pelo processo industrialtudo isso levou a novas estruturas,mais adaptadas à dinâmica de um

ven­ela nos vencerá?

ta/­porque a

não é mais dar um fimmas

e encontrar

cerEisvez

aocontrolarformasNão tenharnos dú~'ldas:

é umaeconômicoretoma

não concorda com a dialéti-ca ,~marxista dita.

com grandehq/:Jil'ldé1de a genuínade Marx - muito mais vinculadaà sua visão histórica de sociedadedo que aos pn'nC,lpléJS 1f7co'rp()ra­dos ao "Oficou famoso.

As característicasdo "Grande Paradoxo do Hem­"'''Vh''r·· lhe conferem o toque da

da àsa, tão necessária afj melhor en-tendimento tema.

Em no Jor-nal do Brasil de sob otítulo Som-bra", Luciano Le,lds'i!mljdtlf adotapontos de vista bastante co,mllara-veis aos Warsh.

visãobém de estadIsta

Como se o tre-cho acima deixa transparecerque outros parecem ver deou~a ~

deduzir da pordescrita

do é um pr,obi'en:latendo-~ estávelmoeda e aumentando-se a ofer­ta de bens e os preços

a cair. Reduzindo-se aoferta de bens e os pre­ços só subir. Conclusão:o efetivo CO/71bate

UMA APIFlEC:IACA,O

nanas são "pluralísticas". Warshesposa a tese de uma ilnica fonte:a divisão do trabalho.

O surgimento e crescimentodas grandes organizações e todo oseu impacto sobre o sistema só­cio-econômico no que tange aoseu papel de redistribuidoras derenda; o grande impacto da tec­nologia nos dias atuais - tudolevando a cada vez mais intrin­cadas e sofisticadas formas de di·visão do trabalho.

Como a leitura daparte I já deve ter suscitado ao

trata-se de um cu:ja abordagem tem o mérito deapresentar um bastanteinovador ao inflacioná-rio. Através de uma série de apro­ximações históricas o autor conse­gue convencer da necessidade deuma visão psicossocial do fenô­meno de servisualizado em suas raízesteoria econômica convencional.

As comparações efetuadas pe­lo autor entre os "conformis­tas" e os "catastróficos" trazemum feixe de luznovo para a questão. Comtudo nos leva a crer que a eco­nomia tem realmente porapresentar uma visão mé1Canl(~ista,

Newtoniana, do Mundo. Emboradevamos o fato de quetem havido uma considerável in­r:n,CDcwaI7ãn de conceitos oriundosdas ciências comportamentais àTeoria ainda não sefez sentir com a devida inten­sidade o dessa "confla­ção" sobre a visão que amaioria de economistasrealidade.

Um outro aspecto derelevância no foi a descri-ção da pesquisa deHopkins, incorporando fatos a 100anos de história da humanidade.E mais ainda, a dessaanálise para confrontar pontos devista como os de Keynes, Fried­man e outros.

O artigo toca na ImnnrtfJ'nr:iRJda visão Marxista sob um pontode vista totalmente novo. O au-

o Petróleo

A recente crise do Petróleovem trazer evidência para aexplicabilidade da inflação em ter­mos de complexidade sócio-eco­nômica.

Embora a OPEP tenha sugadomilhões e milhões de dólares doSistema Econômico Internacio­nal, o que normalmente daria cur­so a um processo deflacionário,ocorreu foi o contrário. A açãoda OPEP levou a "economia" auma elevação de preços - e queelevação! Como pode a deflaçãoser inflacionária?

A expectativa deflacionáriaestaria em consonância com ospreceitos da Teoria Quantitativada Moeda. Segundo está teoria, háuma quantidade mais ou 'menosfixa de bens no mundo, que élimitada por um perfil monetárioda mesma forma que em balãolimita e dá forma ao gás quecontém. O relacionamento entre ovolume de um gás e sua pressãotem um nome - a Lei de Boyle ­uma teoria mecanicista tomada deempréstimo à física pelos econo­mistas.

Segundo os monetaristas tudose explica através da equação ...PT = MV, onde uP" representaos preços, "T" o volume de trem­sações no período, UM" o supri­mento de moeda e uV" a velo­cidade de circulação da moeda.Segundo Warsh, PT = MV é des­provida de qualquer sentido! Nãohá algo como "todos os preços':Ninguém pode falar sobre "pre­ços" sem especificar a que preçosse refere.

A diferença entre Keynesia­nos e Monetaristas está no fatode que os primeiros acreditam quea velocidade da moeda varia junta­mente com a quantidade de moe­da. Em ambos os casos eles acei­tam PT = MV - a única disputagira em tomo da .relativa elasti­cidade de "V". Ambos negli­genciam quaisquer consideraçõesacerca do comportamento de "P':

Friedman, por sua vez, defen­de a tese de que as fontes inflacio-

mundo novo e altamente impre­visível.

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ta de preços) exige a ampliaçãoda oferta - em suma: o desenvol­vimento representa o melhor re­médio contra a inflação'~

Luciano Zajdsznajder parececrer que a inflação envolve algomais que uma simples expansão daoferta - algo que n/io seria re­solvido pelo desenvolvimento pu­ro e simples. Segundo ele:

"Economistas, administrado­res e até políticos t§m nos queridofazer crer que a inflação é um fe­nômeno puramente econômico e,portanto, deve ser combatido emseu próprio terreno. Pois afinala que se reduz uma última instân­cia? A um comportamento dospreços, que incham e, ao fazd-Io,ocasionam uma distorç/io na ma­neira como é apreciada uma par­te da realidade (... ). Há no pro­cesso inflacionário um cenárioque tem muito em comum comaquele que Lewis Carol nos apre­senta na história de Alice noPaís das Maravilhas: as coisas au­mei1tam de tamanho ou enco­lhem. Uma imagem que cabemuito bem para entendermos apsicologia do processo inflacioná­rio e como este age sobre aspessoas é a de um mundo em queas unidades de medida - o metro,por exemplo, ou aquilo - varias­sem de modo que uma pessoa queum dia fosse dormir com 1,70mou com 65 quilos, acordasse nooutro dia, medindo ou pesandomenos e daí para frente sua vidafosse um terror constante. Tantopor n/io saber em que ponto es­taria no dia seguinte, quanto portemer que um dia desaparecesseinteiramente. Aprofundando esteaspecto psicológico, verificamosque a inflação toca em estruturasprofundas da vida humana. A vidaeconlJmica, na qual não podemosdeixar de estar imersos-- e mesmoum monge budista que vive sócom seu manto e sua cuia delaparticipa. .. dos seus restos - éaquela onde estão em jogo doiselementos fundamentais da exis­tência: o valor e o poder. Os pre­ços pretendem dizer respeito aovalor e conhecer os valores é umadas formas básicas de orientaçãodo homem no mundo. Neste sen­tido, a inflação é sempre muito

temida porque introduz um e!e­menta de desorientaç/io - e com­portamentos defensivos - que tra~'

zem à vida econômica uma se­mente de desorganização".

De acordo, ainda, com Zajds­znajder, o combate tradicional àinflação tem·se caracterizado porum ataque aos efeitos e não àscausas. "É como se quisessem porfim a uma ressaca do mar indo aospontos enigmáticos onde surgemas ondas e esquecendo-se de queestas se formam devido a cor·rentes, a diferenças térmicas, aovento, e à atração da lua".

Dimensão Histórica

Como se pode observar, o"Grande Paradoxo do Hambur­ger" consegue ser bastante inclu­sivo para acatar, e com forteapoio, as idéias de Zajdsznajder;explicar a posição de Laffer - eainda ir além.

Warsh dá à sua análise uma di­mensão histórica profunda bastan­te para justificar sua descrença noseconomistas da escola Keynesiana,nos monetaristas; para afirmar suaconvicção acerca do caráter sócio­antropológico, econômico e histó­rico da inflação, e, finalmente,para acrescentar um elemento ex­plicatório novo - a sua "Teoriada Complexidade".

Há, entretanto, um aspectoabordado no "Grande Paradoxodo Hamfiurger" que merece algu­mas considerações mais profun­das. Segundo Warsh, a penetraçãodas empresas multinacionais dospaíses subdesenvolvidos só teriacomo ajudá-los a melhor alocarseus recursos produtivos. Parece­nos que o autor, nesse particular,apresenta uma versão bem simplis­ta do fenômeno subdesenvolvi­mento, em desacordo mesmo coma visão ampla que caracterizoutodo o seu artigo.

Tudo indica que Warsh esta­belece uma linha divisória entrepaíses desenvolvidos e subdesen­volvidos, como se ambos n/io esti­vessem ligados por grande inter­depend§ncia.

Vejamos o que diz a respeitoda inflação Luiz Carlos Bresser

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Pereira, no seu livro "Estado eSubdesenvolvimento Industriali­zado". "A inflação, ou seja, oaumento persistente e generaliza­do dos preços, é um desequilí­brio crÔnico dos países subdesen­volvidos. (... ) Nos anos cinquen­ta, em pleno período do populis­mo, os economistas neoclássicos,chamados ent/io na América La­tina de monetaristas, e geralmen­te situados fora do Estado, à me­dia que muitas vezes ainda esta­vam comprometidos com o Esta­do oligárquico do modelo pri­mário-exportador, tinham uma ex­plicação simples para a inflação.Esta teria uma causa exógena: ademagogia e incapacidade dos go­vernos populistas, que entravamem deficit orçamentário ao mes­mo tempo que aumentavam o cré­dito, ao pretender dividir a ren­da entre as classes e grupos so­ciais em um número de partesmaior que o todo. O remédio pro­posto era simples: moralizar os go­vernos, equilibrar o orçamento doEstado e reduzir o crédito bancá­rio. Enquanto isto, os estrutura­listas, então geralmente ocupandopostos no Estado, afirmavam quea inflação era endógena, resultavada imperfeição dos mercados daseconomias em processo de indus­trialização".

Mais adiante, continua Bres­ser Pereira: "Não há nenhuma ra­zão para que a inflação seja ape­nas estrutural, monetária ou admi­nistrada. O aumento generalizadoe persistente de preços pode per­feitamente ser determinado poruma combinação dessas causas(...) A essas causas princípaispodemos ter somadas outras subsi­diárias que também podem estarpresentes na determinação da in­flaçao. Poderemos ter uma infla­ção importada, quando os preçosdos bens importados crescem rapi­damente. Com a elevação dos pre­ços do petróleo, em 1973, todosos países importadores do produ­to importaram inflação conjunta­mente. Podemos ter aumentos dereservas internacionais causandoinflação. O Estado pode determi­nar o aumento dos salários causan­do inflação. E alguns falam em in-

de te-

a Estrada de Ferro Vi­tória j;/ e com ela toda umainfra-estrutura' de bastanteimllf},rt::l,rltl'! para a economia esta­

metamorfo-

na,~ionais, ti!"Ou toda umaao fenômenocom a únicamento -

dual.

dasto/30.

se).A estrada de ferro represen­

tou uma artéria se des­locava não só o fluxo de metê­

emas, um processo de mi-

litoral-interior de vital im­para a economia esta-

café e amadeira cacau ­o trinômio clássico dos rm'Jdl!Jtc>stradicionais numa economia

- foram agre-ao sistema econômico que

passou, a uma fase bemmais evolulda.

É de se ressaltar a correia­entre a da economia

e a urbani­e entre esta e () desenvol­

vimento é o processo inflacioná­rio. Embora não

de levantamentos factuaisno estilo e para o

qu,estiio, temos fortesacreditar que nos

do apogeu dosalário

tenha-sede

pente, sem recursos

por ex~'mJ:"lo, sofl-era,mtos efeito que só

estão sendo sentidos.Com o da polí-

tica de do café na dé-cada me-UlfIrJO'Tm:eJ_ a do Estado

a pontos crlticos no quetange a aspectos econômico-so­ciais. Cidades inteiras eSll'azli;}r;;lm-

entendimento dos processps infla­cionários incorporando variáveiscomportamentais que tem, muitasvezes, sido congeladas nos famo­sos "ceteris paribus" tão aprecia­dos pelos economistas.

No que tange à aplicabilidadeda "Teoria da Complexidade"na explicação da realidade espi­rito-santense, cremos poder inseriralguns comentários que, espera­mos, sejam criticados e enria'ue'ci­dos por tantos quantos lerem opresente trabalho.

Com efeito o fenômeno infla-no tem

au,fJnlad'o uma bastante(Josit,iva com outro processo quenos tem assaltado de forma avas­saladora: a un'J81~lizéIÇão.

Embora nUo possamos deixarde considerar a inf'lal7lfo caf.lixi~ba

como de vetoresmais fortes no deforças inflacionárias - a oreflexo da nacionalsobre a economia local - pare­ce-nos válido, inclusive, afirmarque as causas - tanto a nível deBrasil quanto a nível de Estado­estejam bastantecom a "Teoria da CO'fflJJle.xk.íaofe".

O histórico emdo desenvolveu-se orito Santo só oferecevas de para análiseos anos 3D. Não queremos dizercom isso que o maisdistante nãotivo. Acreditamos, isso sim, que ahistória capixaba se nos apresen­ta como um processo cU,mtlla:tlv,o,dentro do os fatos de maiorrelavOncia tenham ocorrido emfunção de anos anteriores masde forma bem mais marcante acontar dos anos 30, a dosquais começou a estrutura sócio­econômica do estado amais complexidade.

A partir dos anos 30, orito Santo começou a se apresen­tar nacional e internacional·mente, por força daGuerra Mundial, como um localde importancia estratégica, de vezque representava o escoadouro dominério de ferro vindo de Mi-nas, por 'um e umnatural a uma possível oe.nel~ral~Uoinimiga ds minas, por outro.

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fIação psicológica, que seria deter­minada por perspectivas inflacio­nárias das empresas, levando-as aaumentar seus preços antes queoutros aumentassem. Inflação psi­cológica, entretanto, não é umacausa de inflação, mas sim um eu­femismo para expressar um fatá'muito simples. Sejam quais foremos fatores desencadeantes da infla­ção - estruturais, monetários, ad-.ministrativos - esta terá sempreuma causa básica: a luta das em­presas e grupos sociais por aumen­tar sua no exceden­te. A inflação é, na oresultado de uma luta feroz peladivisão do excedente econtimico.Essa luta trava-se ao nível das em­presas. Aquelqs que forem capazesde aumentar mais e maismente seus preços, aquelas que to­marem a dianteira do processo in­flacionário serão certamente as be­neficiadas'~

Como se o fe-n6meno "inflação" nos paísessubdesenvolvidos é algo bem maiscomplexo. Na hipótese de estarcorreto Bresser as empre­sas multinacionais, com toda suatecnologia, iriam atuar no proces­so como predadores, desestabili­zando todo o existen­te na "luta feroz pela divisão doexcedente", tendo em vista dispo­rem de mecanismos de subrevivên­ela bem mais poderosos e sofIsti­cados. A realidade parece trazermais evidência para Bresser Pereirado que para David Warsh, nesseparticular.

Uma vez analisado o "Gran­de Paradoxo do Hamburger" den­tro da problemática brasileira, pas'saremos à última fase desse tra­balho, na qual procuraremos apre­sentar uma visão pessoal da ma­neira como o de Warsh seintegra à nossa realidade estadual.

Não podemos deixar de con­signar, antes de quaisquer comen­tários, a importtJncia de um tra­balho como o de Warsh na épocaem que vivemos. Embora susce­tível de muitas críticas, represen­ta um esforço sério de buscar um

rios e entraram em depressão pro·funda; a Grande Vitória, trans­formou-se em caudatário dagrande massa humana que emigra­va do interior à busca de sobre­vivência. O Estado, como um to­do, viu-se esvaziado de recursosfinanceiros já que o café contri·buia de forma decisiva para ofuncionamento da economia.

A primeira consequência doprocesso de erradicação, talvez;tenha· sido dupla: depressão eco­nômica nos municípios produto­res de café, acompanhada de umquadro deflacionário, e inflaçãoacelerada na Grande Vitória, cujaestrutura urbana teve que receber,sem estar preparada, uma enormemassa humana. Cabe aqui uma ob·servação que se nos parece perti­nente: mesmo na Grande Vitória,co-habitaram inflação e recessão,Inflação; causada pelos gastos pú­blicos em caráter de emergênciae, também pela relativa escassezda oferta de bens e serviços,subtamente comprimida por umaprocura à qual não teve tempo dese adequar. Recessão, devido aofato de ter-se agregado à GrandeVit6riaum grande contingente dedesempregados. Ora, segundo atradicional análise feita através da"Curva de Phillips", quanto maioro desemprego, mais baixa a taxade inflação de preços. Como en­tender, então o comportamentoeconômico observado: inflação edesemprego crescentes?

Não se pode, mesmo, descar­tar a hipótese, por irônica quepossa ser, de que, durante a fasecrítica da erradicação tenhamossido um dos precursores da"stagflação", isto é, inflação cres­cente coexistindo com desem­prego crescente!.

Durante a década 60/70, sur·ge a euforia dos Grandes Proje­tos (terceira grande metaformose).Naquela época, viveu-se sob a ban­deira de um Esplrito Santo compotenciais imensos de riqueza edesenvolvimento. Aqui seriam ins­talados grandes complexos indus­triais que iriam revolucionar o pa­peI do estado no contexto nacio­nal e internacional.

A "Teoria da Complexidade"mais uma vez parece ter sido cor-

roborada! Caso dispuséssemos> denovo, de dados factuais, temq§certeza de que iríamos detectarem rápido recrudescimento infla­cionário, função da geração de e~'pectativas especu.latlvas sobre osempresários, o povo e o pró­prio Governo.

Há, para finalizar, ainda, algoque merece ser estudado de formamais detalhada. Referimo-nos aointervalo de tempo dentro do qualocorreram o que convencionamoschamar de "metamorfoses", nolinguajar de Warsh.

De uma maneira geral, meta·morfose são fatos geneticamenteprogramados. Assim, uma lagartasó passa a borboleta depois deter atingido o seu mais pleno de·senvolvimento estrutural como la·garta. A natureza, que lhe progra­mou a forma final de borboleta,sabe que a estrutura tem que semodificar porque uma lagarta nãodispõe das mínimas característi·cas aerodinâmicas para uma que­da - quanto mais para uma deco­lagem.

Suponhamos que 11m cientis·ta, desejando apressar a transfor·mação lagarta·borboleta, manipu­lasse as moléculas de ADN da la·garta. t verdade que o resultadopoderia levar a uma borboletanum espaço de tempo menor.Porém, sobre a intervenção extre·mamente complexa na "memó­ria" do ADN, pesaria sempre otremendo risco de, em vez detransformar-se numa borboleta, alagarta se transformasse num ani­mai monstruoso e disforme!

A rapidez das metamorfosessócio-econômicas sofridas pelo Es­pírito Santo parece apresentaralguma analogia com o caso dalagarta.

t bem verdade que podemoster, ao fim da última metamorfo­se, um sistema econômico-socialdotado de estruturas fortes e sa­dias, ajustadas ao novo meio-am­biente. No entanto, sem querer­mos passar por pessimistas, e guar­dando as devidas proporções nainterpretação da analogia, é, tam­tém, possível que, ao fim da últi­ma metamorfose tenha/nos à fren­te um Estado bem diferente da·

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quele que imaginávamos quandocomeçamos a intervir, de forma a"queimar etapas", no processo-ei·xo, em função do qual deveriamocorrer todas as alterações estru­turais capazes de serem absorvi­das de forma natural pelos siste­mas sociais, antropológico e ecoló'gico.

Esperamos que ocorra a pri­meira hipótese; no entanto, consi­deramos extremamente oportunostrabalhos de pesquisa que possamdetectar, a tempo, hipertrofias es­truturais, de modo a que pos­samos intervir no sistema paracontrabalançar possíveis efeitosnegativos, gerados por decisõestomadas no passado.

Finalizando, achamos oportu­no a explicitação de algumas li­mitações inerentes ao trabalho aoqual nos propomos, de forma aque se tenha uma percepção maisrealista acerca do mesmo.

A primeira limitação é canse·quência do trabalho de sínteseque se tomou necessário para adescrição do artigo, que pode,perfeitamente, ter distorcido al­guns pensamentos do autor.

Uma segunda limitação residena índole puramente subjetiva dasconclusões. Tudo o que se con·cluiu foi elaborado a partir deinferências ligadas a percepções darealidade que podem ser perfei­tamente contestadas em se dis­pondo de dados quantitativos, nãoutilizados por falta de disponibi­lidade e, também, por excederemo escopo do presente trabalho.

Gostaríamos de encerrar ci­tando Bertrand Russel, em seu' li­vro "Significado e Verdade" quan­do diz: "visto que uma experiên­cia é um fato as proposições ve·rificáveis são verdadeiras, mas nãohá razão para supor que todas assuposições verdadeiras sejam veri­ficáveis. Se, porém, asseverarmospositivamente que há proposiçõesverdadeiras que não são verificá­veis, abandonamos o empirismopuro. Finalmente, ninguém acredi­ta no empirismo puro, e se deve­mos conservar crenças que todosconsideramos válidas, devemosadmitir princ(pios de inferênciaque não são demonstrativos nemderiváveis da experiência'~

....

"Segregação Espacial" mostra graves contradições do pla­nejamento na determinação de traduzir o espaço como produ­to social. A autora coloca a contradição, nos seguintes termos:"Podemos constatar a existência de políticas urbanas inconci­liáveis: uma sob o primado do lucro e da acumulação que vê acidade como um mercado da produção industrial; a outra que

e intensificar o atendimento das necessidadesh~;'::.'3~~sde~~~h~~~~~~~~~ de ordem biológica, social e psicol6-.q O da cidade, baseado em uma estraté-

urbana-econômica, será o progresso organizado, ordenado,fUl1ci,om~1 dos bens materiais. Todos os sinais Que permitem de­tectar os conflitos surgidos no meio urbano ficam "mascara­dos" nf!o destruídos pela eficiência da estratégia eca­

urbano,organizador da pl'Odução,da renta­impõe um consumo autoritário do espaço

urbano (... ). A opção do planejamento é, neste caso, deexploração intansa da infra-estrutura existente (...) O plane­jamento - açfio coerente - desse ponto de vista, é coerenteexclusivamente com seus compromissos com o desenvolvi-mento econômico. Opera com um único preservar o

e assegurar seu - o é acessório (...)com uma contraditória o planejamento tará

constantemente integrar, elementos con-traditórios. a oposição de duas realidades,entre as não existe fica claro que a concilia-ção é impossível". Dessa forma, conclui a autora queo plano de Brasília "criou uma fronteira entre si mesmofi (]I sítio onde se implantou", resultando num processo de se-gregação que só poderia ser redi recionado através deuma revelasse os indicadores da segregação, ex-pressa em da "impossibilidade do trabalhador de apro-prfar-se da urbana'~

"Planejar quem?", analisa os projetos governamen-tais de do espaço urbano ao âmbito de São Paulo,

que "nfio conduzirão a solucioner o problema dasfavelas mas, ao contrário, condições a disseminaçãodelas por todo o intariar Paulo". isso porquê, no en-tender da autora "Em nome da solução de problemas reaiscomo a deficiiJncias nos trensportes, carência de sa-

e estão se propondo medidas cujos resul-tados imediatos serão o ataque aos focos originários. Adesconcentração urbana, nos termos estruturais em que estáproposta, reproduz a estruture social das grandes cidades, nesdemais cidades, acrescentando-lhes todos os problemes jáconhecidos".

Trata-se, portanto, de um livro sério, que ceve ser materialde profundas reflexões para todos aqueles, direta ou indireta­mente envolvidos no planejamento das cidades brasileiras.

resultados da "tendem a confirmar as hipóteses doestudo na em que evidenciam que os entrevistadosapresentam semelhanças e diferenças de acordo com as áreasantecipadas e as diferenças estão mais intimamente associa-das às sócio-econômicas".

e conjunto residencial", examina as re-pcllí1:ic'3-f'3vE!la. o processo de remoção de favelas, o

Impacto decorrente introdução do Sistema Financeiro Ha­bitacional sobre as populações faveladas e a Manipulação doSFH com a utili.zação da bU.r.Dcracia vigente.

"Favelas do Municlpio de São Paulo": tem sua origem noCadastro de Favelas, em São Paulo, nos períodos de 72/73 e74/75. O artigo levanta os principais resu Itados dos cadastra-

descrevendo em sua essência, o cadastramento de 73 e·0 de 14/75. São formuladas algumas críti­cas às formulações teóricas acerca da favelização e marginali­zação, de início. Em seguida, algumas observações de ordemgeral são efetuadas, nas quais a autora busca situar o leitor naterminologia empregada pela equipe de cadastramento. A re­

entre as formas utilizadas para intervenção, por parte doe os vários enfoques teóricos sobre favela é

são apresentados e discutidos os resul-

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textos de urbana; org. por EvaAlterman Blay. Petrópolis, Vozes, 1978, 179 p.

Manoel Vereza de Oliveira *

"A Luta pelo Espaço" compõe-se de duas partes. A primeira,entitulada "Da Teoria à Prática", examina dois trabalhos: a}Dialética do Rural ao Urbano, de Maria Isaura Pereira deQueiróz; e b} Habitação; a política e o habitante, de Eva AI­terman Blay. A segunda parte, "A investigação sociológica emalgumas cidades brasileiras", é formada por 5 tópicos: aI AHeterogeneidade da Homogeneização; ou da como nem todosos habitantes de Porto Alegre são iguais, de RubemOliven; b) Favela, Política a Conjunto Residencial-no RioJaneiro, de Lícia do Prado Valadares; c) Favelas no Municí-pio de São Paulo, Resultados de de Suzana Paste r-nak Taschner; d) Segregação deMaria Prosperi Meyer e, finalmente, para oua Reprodução de Favelas nas cidades de Eva Alter-man Blay. As duas partes são no texto EvaAlterman Blay com "Crise Urbana ou Crise de doCapital?".

Trata-se de livro cuja característica mais marcante refe­re-se à posição crítica que adota. A própria introdução deixatransparecer claramei1te as características da obra, aonar profundamente o leitor acerca da medula mesma So­ciologia Urbana: "a quem se destina o planejamento? Plane­jar para quem? Qual a lógica do sistema para o qual taisjamentos são necessários? Enfim existE mesmo uma ur-bana?".

O efeito dessas questões passa a incomodar, inquietar,despertar o leitor para buscar, no livro, suas próprias respos­tas.

Na "Dialética do Rural ao Urbano", a autora introduz oleitor às versões habituais para a problemática rural-urbana,passando a conceituar a dialética e a explicar de como estapode ser instrumento de análise sociológica da realidade. Apropriedade da utilização de uma dialética múltipla aná-lise do binômio rural-urbano, fica, patenteada da lei-tura do trabalho. A autora mostra como, através das contradi­ções, forma-se um processo, único e ao mesmo tempo diferen­ciado, que rege toda a complexa interrelação do urbano aorural.

Em "Habitação: A política e o habitante" - são conside-rados quatro momentos históricos, explicar o significadodas políticas de habitação no O periodo escravocrata,com as senzalas; a primeira etapa da industrialização, com aconstrução de vilas operárias; a instalação do es-pontâneo de expansão urbana" li a construção dos con-juntos habitacionais pelo Banco Nacional de Habitação. A amá­lise hist6rica li conduzida de forma a permitir um acompanha­mento de evolução do processo, desde às senzalas até os cem­juntos habitacionais. Nas palavras da autora, o Sistema Finan­ceiro de Habitação não está resolvendo a sitliação. "O mecanis­mo posto em marcha pelo BNH conseguiu retardar ado problema habitacional brasileiro; vende umaa redistribuição de renda e desvia a direção dados verdadeiros problemas subjacentas ao problemacional".

Em "A Heterogeneidade 'da Ou de ca-ma nem todos os habitantes de Porto são iguais", oautor, ap6s algumas referências as teóricas, apresentasa feita em Porto Alegre, desenvolvida em torno da UIUU",,,,,,,segundo a qual "Os entrevistados - por viverem em uma cida­de que é parte integrante da sociedade brasileira e assim,um lado, estarem sujeitos à influência homogeneizadorata. mas por outro lado terem ao mesmo temoo diferentes so­ciaIs nesta sociedade - apresentarão sim orientação semelhantanaquelas áreas que envolvem dimensões de vida prática e ins­trumentos como também em aspectos mais sujeitos à influên­cias ideológicas, mas orientações diferentes naquelas áreas queenvolvem dimensões de vida pessoais e em aspectos que têmimponância e significado diversos de acordo com a posiçãosocial".

Segue-se uma série de considerações sobre uma pequenaamostra de alguns dados, em função da limitação do espaço. Os

BESENHA

Problemas de meio ambientetem comissão especial

aos problemas de poluição, eoutros.

Além do Presidente, a Co­missão Estadual do Meio Am­biente é composta pelos Se­cretários de Estado doPlanejamento, da Agricultura,da Indústria e do Comércio,da Saúde, do Diretor Supe­rintendente da Fundação Jo­nes dos Santos Neves e derepresentantes da Federaçãodas Indústrias e Federação daA.gricultura do Estado do Es­pírito Santo, além do Secre­tário de Ci{}ncías e Tecnolo­gia da Secretaria Especial doMeio Ambiente, do Ministériodo Interior.

A Fundação Jones dosSantos Neves é o órgão deapoio técnico e administrati­vo da CEMA. Compete a elaassessorá-Ia na organização eexecução dos seus programasde trabalho e no que se fizernecessário ao bom desempe­nho de suas atribuições; naorganização de suas reuniõesordinárias e extraordinárias,na elaboração de atos norma­tivos e textos legais, na exe­cução de estudos e na fisca­lização e controle da apli­cação das normas e padrõesambientais.

ECOLOGIA

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Cabe ainda à CEMA, atarefa de promover, atravésde seu órgão de apoio técni­co e administrativo, um pro­grama contínuo de formaçãoe treinamento de especialistasem assuntos relativos à preser­vação do meio ambiente;atuar junto aos agentes finan­ceiros, à Secretaria Especíaldo Meio Ambiente, do Minis­tério do Interior, e demaisórgãos federais envolvidos noproblema, a fim de mobili­zar recursos para pré-investi­mentos e para investimentoscom vistas ao controle da po­luição; propor intensa e con­tinuamente, campanhas de es­clarecimento e de educaçãoda população do EspíritoSanto, tendo em vista a con­servação do meio ambiente ea necessidade de evitar desas­sossegos coletivos em relação

lativos à preservação ambien­taI com vistas a assegurar obem-estar da população, atra­vés de seu órgão de apoiotécnico e administrativo, as­sessorar órgãos estaduais emunicipais incumbidos daconservação do meio ambien­te, tendo em vista o uso ra­cíonal dos recursos naturais.

Acompanhar as transformações do ambiente,promover normas e padrões à preservação ambiental e mobilizar

recursos para investimentos com vistas ao controleda poluiç/Jo são alguns dos objetivos da CEMA.

o ESRírito Santo já contacom um grupo especial desti­nado a promover a conserva­ção do meio ambiente e ouso racional dos recursos na­turais. A Comissão Estadualdo Meio Ambiente foi insta­lada no dia 26 de outubrodo corrente ano, depois decriada pelo decreto na .....1.150/n, de 15 de maio de1978, do Governador tlcioÁlvares. Será composta pornove membros, sendo seu pre­sidente o Secretário do Inte­rior e Transportes.

Compete à CEMA acom­panhar, através de seu órgãode apoio técnico e adminis­trativo, as transformações doambiente, aplicando técnicasde aferição direta e sensora­mento remoto para identifi­car as ocorr{}ncias anormaise tentar corrigi-Ias; firmarconvt1nios com a SecretariaEspecial do Meio Ambiente,do Ministério do Interior, afim de atualizar-se continua­mente no que diz respeito àlegislação e às técnicas decontrole ambiental; promo­ver, integrada à Secretaria Es­pecial do Meio Ambiente, aelaboração e o estabelecimen­to de normas e padrões re-

Fundação Jones dos Santos Neves:

TRABALHOS ELABORADOS

- Programa de Apoio à Política de Desenvolvimento Urbano- Grande Vitória: Situação Financeira dos Municípios- Grande Vitória: Sistema de Transporte Aquaviário- Grande Vitória: Apoio à Demarragem dos Grandes Projetos - Algumas Prioridades- Grande Vitória: Centro de Animação de Carapina- Grande Vitória: Dimensionamento eLocalização do Novo Terminal de Passageiros

Estrutura Demográfica do Espírito Santo - 1940/2000- Estudo Preliminar do Parque Metropolitano de Camburi- Treinamento de Recursos Humanos para o Planejamento Urbano- I Curso de Desenvolvimento Urbano e Regional- Algumas Prioriaades Imediatas para o Desenvolvimento do Turismo no Espírito Santo- Pense e Fotografe sua Cidade

Plano Diretor Urbano de Conceição da Barra - 1977/1990- Regionalização: Uma Proposta de Organização Territorial do Estado do Espírito Santo para Fins

de ProgramaçãoProjeto Piloto de Jacaraípe

- Programa de Financiamento de Teses e Dissertações- Projeto de Reabilitação da Area do Porto de São Mateus- Sistema Cartográfico da Grande Vitória- Revista da Fundação Jones dos Santos Neves- Lazer na Grande Vitória- Estudo de Valorização do Patrimônio Histórico e Natural da Grande Vitória

Programa de Ação Imediata em Transporte e Trânsito na Grande VitóriaAspirações das Liderança,s Municipais no Estado do Espírito Santo

- Plano Diretor de Alegre- Série Documentos Capixabas 1 - Esp írito Santo: Documentos Coloniais

Cobertura Aerofotogramétrica da Micro-região Homogênea de Vitória e Areas Vizinhas - Escala1:20.000

- Cobertura Aerofotogramétrica da Aglomeração Urbana da Grande Vitória - Escala 1:5.000

EM ELABORAÇAo

- Plano Diretor Urbano de VitóriaPlano Diretor Urbano de Venda Nova

- Série Monográfica/FJSN- Plano Diretor da Serra- Série Documentos Capixabas 2 - Documentos Administrativos Coloniais- Programa de Cooperação para Incentivo à Pesquisa Regional- Programa de Cidades de Porte Médio - Governo do Estado do Espírito Santo/BIRD