implantaÇÃo de um padrÃo de liberaÇÃo, isolamento ... · essa geração elevada ocorreu em...
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¹Graduando em Engenharia de produção – Centro universitário do Norte – Laureate International
Universities. E-mail: [email protected]
²Graduanda em Engenharia de produção – Centro universitário do Norte – Laureate International
Universities. E-mail: [email protected]
³Professor orientador –– Iremar Bezerra da Luz, MSc. – UniNorte / Laureate. E-mail:
IMPLANTAÇÃO DE UM PADRÃO DE LIBERAÇÃO, ISOLAMENTO,
BLOQUEIO, RAQUETEAMENTO E AVISO (LIBRA) DAS FONTES DE
ENERGIA DE UM MOTOR GERADOR DE UMA USINA TERMELÉTRICA
DE MANAUS
Renato de Castro Vieira Junior1
Évila Alves da Silva²
Iremar Bezerra da Luz3
RESUMO
Os acidentes ocorridos dentro de usinas termelétricas são, geralmente, resultado do
excesso de autoconfiança dos colaboradores, aliado aos vícios de execução do trabalho,
o que acarreta o aumento dos índices de acidentes graves no Brasil. Não há dúvidas de
que o uso de determinados equipamentos de proteção individual, de proteção coletiva e a
verificação dos certificados de aprovação dos mesmos, contribui para a minimização
destes imprevistos. Além disso, é indispensável a implantação de padrões que visem
auxiliar na segurança dos trabalhadores. Os passos para bloqueio de fontes de energia,
são um exemplo, pois, quando aplicados, evitam que trabalhadores sejam submetidos a
equipamentos com energias residuais durante manutenção e operação. O objetivo deste
estudo é implementar um padrão de segurança, em uma usina termelétrica situada na
cidade de Manaus, contendo medidas de controle no isolamento das fontes de energia de
equipamentos e sistemas, estabelecer uma sistemática e critérios para execução de
auditoria de LIBRA, segundo os requisitos da norma regulamentadora NR-12. Além do
referencial teórico para embasamento do estudo, foram desenvolvidas análises das
atividades realizadas durante a execução dos procedimentos operacionais a fim de
identificar as possíveis causas de acidentes e, com isso, alavancar as condições seguras
no ambiente de trabalho. Após a implementação deste padrão, foi observado um resultado
satisfatório com uma redução de 100% nos índices de acidentes tornando um ambiente
mais seguro para os colaboradores. Paralelo a isso, medidas foram adotadas para a
prevenção de incidentes e para manutenção dos índices alcançados, como campanhas,
palestras, dentre outras.
Palavras chave: Bloqueio de Energia, Padrão de Segurança, NR-12.
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DEPLOYING A STANDARD RELEASE, ISOLATION, LOCK,
RAQUETEAMENTO AND WARNING (POUND) OF ENERGY SOURCES OF A
MOTOR GENERATOR OF A THERMOELECTRIC PLANT IN MANAUS
ABSTRACT
The accidents occurred within the thermoelectric companies are, in general, produce
excess of self-confidence of the employees, were included in the vices of execution of the
work, the increase of the accumulation of tombs in Brazil. There is no doubt about the
use of certain measures of individual protection, collective protection and the selection of
certificates of approval, which are essential for minimizing the contingencies. In addition,
it is essential to implement standards that aim at safety in the safety of workers. The steps
to block energy sources are an example, because when applied, energy waves are avoided
during maintenance and operation. The objective of this set is to implement a safety
standard in a thermoelectric plant located in the city of Manaus, with control of samples
of the energy sources of equipment and systems, as well as a systematic and critical for
the execution of audit of LIBRA, according to the requirements of regulatory standard
NR-12. In addition, the theoretical framework for basing the study, such as the series of
events, has been performed during the execution of operational procedures and therefore
can be considered as a safety situation in the work environment. After obtaining this
standard, a satisfactory result was observed with a 100% reduction in execution rates,
making it safer for employees. Parallel to this, measures were adopted to prevent incidents
and to maintain the achieved indexes, such as campaigns, lectures, among others.
Keywords: Energy Lock, Safety Standard, NR-12.
1. INTRODUÇÃO
A energia elétrica está presente em inúmeras atividades do ser humano. É
sinônimo de industrialização, progresso e conforto. O seu consumo nas indústrias e nos
transportes fornece, em termos práticos, à medida do grau de mecanização e
industrialização de um país bem como o padrão de vida e de desenvolvimento de sua
população (MOTTA, 2008).
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Dessa forma, atualmente, com o domínio da ciência da eletricidade, o ser
humano usufrui de todos os seus benefícios. Apesar disso, a construção das primeiras
redes de energia elétrica gerou vários problemas de ordem operacional, dentre eles, sendo
o mais grave, o choque elétrico (SENAI, 2005).
Além de perdas intangíveis, o Brasil gasta, em média, R$ 100 bilhões por ano
com indenizações e tratamentos decorrentes de acidentes de trabalho. Somente o custo
gerado pelos acidentes entre trabalhadores de empresas com carteira assinada que são
notificados e identificados nas estatísticas oficiais é estimado em cerca de R$ 70 bilhões
(Correio Braziliense, TRT 2012).
Apesar da existência de Normas Regulamentadoras acerca de como se deve
proceder com segurança nas atividades elétricas, não há garantia suficiente da plena
proteção dos trabalhadores (ABRACOPEL, 2019).
O Sistema Libra, ou seja: Matriz de isolamento; Dispositivos de Bloqueio;
Dispositivos de Isolamento; Dispositivos de Aviso e outros, é uma ferramenta que se
mostra eficaz para o controle das energias perigosas, e consequentemente pode garantir
uma maior segurança dos colaboradores, bem como a proteção ao meio ambiente (SILVA
et al., 2012).
Portanto, o objetivo principal deste estudo, realizado em uma usina termelétrica
situada na cidade de Manaus, é implementar um padrão de segurança contendo medidas
de controle no isolamento das fontes de energia de equipamentos e sistemas nos quais
possam ocorrer, de forma inesperada, a energização, a partida, o vazamento de produto e
a dissipação ou liberação de energia residual armazenada, os quais podem causar lesões
e/ou outros danos, e estabelecer sistemática e critérios para execução de auditoria deste
padrão segundo os requisitos da norma regulamentadora NR-12.
Para que fosse possível a concepção deste trabalho, além da base teórica, houve
a análise das atividades realizadas durante a rotina dos colaboradores, a fim de identificar
os erros de processos operacionais que poderiam gerar acidentes. Posteriormente, alguns
documentos e procedimentos foram desenvolvidos e aplicados com o intuito de
sequenciar a forma correta de isolamento, liberação das fontes de energia dos
equipamentos e devida identificação do bloqueio, utilizando cartões ou etiquetas.
Após a implementação do padrão LIBRA, foi observado um resultado
satisfatório com uma redução de 100% de acidentes de trabalho com afastamento e,
consequentemente, alavancando os índices de segurança dentro do ambiente de trabalho.
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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 A Matriz Energética Brasileira
Segundo a ANEEL (2005), as fontes da matriz energética brasileira são umas
das mais limpas do planeta. Sabe-se que quase metade da energia (47%) consumida no
país é renovável, ou seja, advém de recursos capazes de refazer-se em um curto prazo.
O Brasil tem desempenhado bem o seu papel na área energética, sendo citado
internacionalmente como referência na produção de petróleo em águas profundas, na
produção de etanol, geração de hidroeletricidade, no aproveitamento da energia eólica,
no seu integrado sistema de transmissão de energia elétrica e, em especial na viabilidade
de sua matriz energética desde a produção de energia elétrica à renovação de seus recursos
naturais (INPE, 2014).
A matriz energética do Brasil é muito diferente da mundial. Apesar do consumo
de energia de fontes não renováveis ser maior do que o de renováveis, usa-se mais fontes
renováveis que no resto do mundo. Somando lenha e carvão vegetal, hidráulica, derivados
de cana e outras renováveis, as renováveis totalizam 41,1%, quase metade da matriz
energética (BEN,2018).
Fig. 1 – Matriz Energética Brasileira 2017
FONTE: (BEN,2018)
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2.2 Usinas Termelétricas
As usinas termelétricas são instalações que produzem energia elétrica a partir da
queima de carvão, óleo combustível ou gás natural em caldeiras projetadas para o
combustível específico que será utilizado e ainda que não representem grande
participação na matriz energética brasileira, são importantes na manutenção da chamada
energia firme, principalmente no verão e em horários de maior consumo (NAIME, 2014).
O calor gerado a partir destes elementos transforma em vapor a água presente
em tubos localizados nas paredes da caldeira. Tal vapor, em condições de alta pressão,
faz girar uma turbina, que aciona o gerador elétrico. Deste, a energia é conduzida até um
transformador para ser distribuída para consumo, enquanto a água é resfriada em um
condensador e redirecionada aos tubos da caldeira, para repetir o ciclo (ARAGUAIA,
2016).
2.2.1 Energia termelétrica no Brasil
Em função do grande potencial hídrico, o Brasil utiliza a energia termelétrica de
forma estratégica. Esse uso ocorre quando há diminuição de água, provocada pela
carência de chuvas, nas represas que abastecem as usinas hidrelétricas (REIS, 2018).
Existem cerca de 50 usinas termelétricas espalhadas por vários estados
brasileiros. Todas estas usinas em funcionamento podem gerar cerca de 41 mil MW de
energia (Megawatts), correspondendo a 25% de participação no sistema elétrico nacional.
Essa geração elevada ocorreu em função da redução das chuvas no ano de 2016.
Geralmente, as termelétricas geram entre 15% e 20% da energia elétrica consumida no
país (MME, 2016).
2.3 Normas e leis sobre segurança em Máquinas
Existem, atualmente, 35 Normas Regulamentadoras e, dentre elas, destaca-se a
NR – 12: Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos, a qual merece um
destaque especial em virtude de ser o cerne do estudo.
2.3.1 NR-12.
Aprovadas pela Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978, no seu artigo 12.1 ,
estabelece que a norma regulamentadora e seus anexos definem referências técnicas,
princípios fundamentais e medidas de proteção para garantir a saúde e a integridade física
dos trabalhadores e estabelece requisitos mínimos para a prevenção de acidentes e
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doenças do trabalho nas fases de projeto e de utilização de máquinas e equipamentos de
todos os tipos, e ainda à sua fabricação, importação, comercialização, exposição e cessão
a qualquer título, em todas as atividades econômicas, sem prejuízo da observância do
disposto nas demais Normas Regulamentadoras.
O artigo 12.113 estabelece que a manutenção, inspeção, reparos, limpeza, ajuste e
outras intervenções que se fizerem necessárias devem ser executadas por profissionais
capacitados, qualificados ou legalmente habilitados, formalmente autorizados pelo
empregador, com as máquinas e equipamentos parados (Moraes ,2011).
Em complemento ao artigo 12.113, os itens estabelecem procedimentos de
segurança durante as intervenções, são eles;
a) isolamento e descarga de todas as fontes de energia das máquinas e equipamentos, de
modo visível ou facilmente identificável por meio dos dispositivos de comando;
b) bloqueio mecânico e elétrico na posição “desligado” ou “fechado” de todos os
dispositivos de corte de fontes de energia, a fim de impedir a reenergização, e sinalização
com cartão ou etiqueta de bloqueio contendo o horário e a data do bloqueio, o motivo da
manutenção e o nome do responsável;
c) medidas que garantam que à jusante dos pontos de corte de energia não exista
possibilidade de gerar risco de acidentes;
d) medidas adicionais de segurança, quando for realizada manutenção, inspeção e reparos
de equipamentos ou máquinas sustentados somente por sistemas hidráulicos e
pneumáticos; e
e) sistemas de retenção com trava mecânica, para evitar o movimento de retorno acidental
de partes ilhadas ou articuladas abertas das máquinas e equipamentos.
2.3.2 Lei Nº 6.514, de 22 de DEZEMBRO de 1977.
A referida lei altera o Capítulo V do Titulo II da Consolidação das Leis do
Trabalho, relativo a segurança e medicina do trabalho e dá outras providências. E traz
modificações no que se refere á segurança e medicina do trabalho (CORREA, 2011).
Na seção XI, contempla três artigos, os quais abrangem a segurança ao trabalhar
com máquinas e equipamentos. O artigo 184 traz o seguinte texto:
Art . 184 – As máquinas e os equipamentos deverão ser dotados de
dispositivos de partida e parada e outros que se fizerem necessários para
a prevenção de acidentes do trabalho, especialmente quanto ao risco de
acionamento acidental.Parágrafo único – É proibida a fabricação, a
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importação, a venda, a locação e o uso de máquinas e equipamentos que
não atendam ao disposto neste artigo.
O artigo 185 determina que as intervenções de manutenção e ajustes da máquina
sejam feitos com o equipamento parado, no entretanto, diz sobre a necessidade de
movimento para alguns ajustes indispensáveis (BAHLS, 2013).
Art . 185 – Os reparos, limpeza e ajustes somente poderão ser
executados com as máquinas paradas, salvo se o movimento for
indispensável à realização do ajuste.
Art . 186 – O Ministério do Trabalho estabelecerá normas adicionais
sobre proteção e medidas de segurança na operação de máquinas e
equipamentos, especialmente quanto à proteção das partes móveis,
distância entre estas, vias de acesso às máquinas e equipamentos de
grandes dimensões, emprego de ferramentas, sua adequação e medidas
de proteção exigidas quando motorizadas ou elétricas.
2.4 LOTO: Lockout e Tagout
Os procedimentos de Bloqueio e Travamento são indispensáveis para um
funcionamento seguro do processo produtivo numa empresa, dentre eles há o LOTO.
O LOTO – Lockout e Tagout (Bloqueio e Travamento) é fundamental para
empresas que buscam segurança. Outros diferenciais desse sistema são: significativa
redução de custos e tempo, melhoria na dinâmica dos processos de manutenção.
Certos tipos de manutenção exigem responsabilidade, necessitam ser
monitoradas de perto e exigem uma atenção especial do executor, pois qualquer falha
indica prejuízos na produção, gastos indesejados com seguros, reparos ou substituição de
equipamentos, além de colocar em risco a vida dos colaboradores e danos ao entorno. O
bloqueio consiste na aplicação de um dispositivo mecânico em um equipamento
energizado. Tal energização não se dá somente por eletricidade, mas também por vapor,
gravidade, radioatividade, gases, ácidos, entre outros.
Nos procedimentos de manutenção e reparo de equipamentos, é necessário
garantir que o equipamento em manutenção não seja utilizado até o bloqueio ser retirado.
Assim, é possível evitar acidentes durante a rotina de trabalho, proteger os funcionários
e equipamentos, garantindo a produtividade e a manutenção efetiva.
De forma prática, durante uma manutenção em redes elétricas deve-se utilizar uma TAG
e um Cadeado Industrial para bloquear as funções dos disjuntores, responsáveis pela rede
de abastecimento de energia, para assim assegurar total segurança aos profissionais que
efetuarão o serviço de manutenção, conforme fig. 2:
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Fig. 2 – Bloqueio de Energia
FONTE: Arquivo Pessoal
Para aplicar corretamente um dispositivo mecânico de bloqueio ou travamento,
é preciso primeiramente identificar e registrar quais são e onde estão os pontos que
precisam receber esse dispositivo.
Uma vez identificados os riscos, é preciso definir um protocolo de utilização do
bloqueio em equipamentos cujo funcionamento deve ser conhecido pelos operadores. Por
exemplo, um cadeado de plástico será utilizado junto a um dispositivo mecânico para
bloqueio de um painel de alta tensão, impedindo a operação.
Para impedir a energização indesejada devem-se utilizar travas para disjuntores,
há também dispositivos de bloqueio para válvulas esféricas e válvulas gaveta de diversos
tamanhos, os bloqueios a cabo são fáceis de aplicar e utilizados em equipamentos de
difícil bloqueio. Em situações de manutenção com grande número de funcionários
recomenda-se utilizar as caixas de travamento; existem ainda as garras de travamento
para fixação de cadeados e cartões de travamento para identificação da pessoa
responsável pela manutenção.
É fundamental que todos os funcionários recebam treinamento de como executar
os procedimentos e como utilizar corretamente as ferramentas de controle. Para garantir
ainda mais que os procedimentos de bloqueio e travamento sejam eficazes, é necessário
fazer inspeções periódicas para verificar a continuidade do trabalho e também fazer uma
reciclagem do treinamento com os funcionários periodicamente.
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3. MATERIAL E MÉTODOS
O presente estudo foi realizado em uma usina termelétrica situada na cidade de
Manaus, no período entre fevereiro de 2016 até Janeiro de 2018. A referida usina gera
energia através de motores geradores, que utilizam como fonte de combustão o gás natural
oriundo de Coari, através do gasoduto Coari-Manaus, que geram em torno de 70 MW de
energia.
Nesta empresa, há vinte e três motores que geram energia através da combustão
do gás natural, e para tornar possível a produção ininterrupta de energia, a empresa conta
com vários trabalhadores, os quais são divididos entre setores de: Operação; Manutenção;
Segurança e meio ambiente; Planejamento; Engenharia patrimonial. Somando um total
de aproximadamente 70 funcionários entre efetivos e terceirizados.
Com o decorrer das atividades desenvolvidas dentro da usina, foi observado um
aumento dos acidentes de trabalho com afastamento e, após análise destes registros,
constatou-se que o índice de acidentes estava aumentando cada vez mais em um curto
intervalo de tempo, tendo em vista que os dias entre um acidente e outro estavam
diminuindo, conforme gráfico ilustrado no gráfico 1:
Gráfico 1: Registro do intervalo de dias sem acidentes entre 4 ocorrências (O1 a O4) no
período de Jan/2015 a Nov/2018.
FONTE: Relatório interno de acidentes de trabalho da Usina Termelétrica.
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123
48
14
0
20
40
60
80
100
120
140
160
O1 O2 O3 O4
Dia
s se
m A
cid
ente
Acidentes Registrados
Dias entre os
acidentes
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A partir deste panorama, surgiu a necessidade do desenvolvimento de uma
medida mitigadora para reverter o quadro de acidentes e prever a ocorrência de novos,
promovendo um ambiente de trabalho mais seguro para os seus colaboradores.
Com isso, iniciou-se o desenvolvimento e implementação do sistema LIBRA.
Obedecendo e respeitando a Norma Regulamentadora n° 12, a Lei trabalhista n° 6.514 de
1977 em seus artigos 184,185 e 186, e isolando as fontes de energia durante as paradas
para manutenção e retorno à operação dos motores geradores.
Para o desenvolvimento deste padrão, foi observada a rotina de operação e
manutenção, e avaliadas as fontes de energia e energia residual que seriam potenciais
causadoras de acidente. Com a correta eliminação dessas fontes de energia e a dissipação
das energias residuais, o trabalho se tornou mais seguro durante as atividades realizadas.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
O Sistema LIBRA compreende uma sequência correta e segura para a eliminação
desses potenciais causadores de acidente de trabalho.
4.1 Matriz de isolamento
A matriz de isolamento é um documento de elaboração prévia a realização de
uma intervenção, utilizada para orientar a liberação, o isolamento, o bloqueio, o
raqueteamento (instalação de dispositivo mecânico, quando previsto) e aviso do
equipamento ou sistema envolvido. Essa matriz complementa a Permissão de Trabalho e
Análise de Risco. Durante a fase de planejamento, a matriz de isolamento foi observado
a área, antes de ser utilizada, quanto a sua atualização, verificando a existência de
modificações (mudanças) realizadas no equipamento/sistema.
Uma matriz de isolamento é específica para o objetivo (serviço) nela descrito, e
restrita a um único equipamento ou sistema, perfeitamente identificado e delimitado. A
matriz de isolamento foi elaborada com o uso de fotos (vistas). As fotos podem ser
substituídas por croquis, desenhos ou fluxogramas desde que sua representação explicite
melhor a situação da área, indicando assim, de maneira clara os pontos a serem
bloqueados, isolados e sinalizados. A matriz contempla os dispositivos de bloqueio e os
dispositivos mecânicos a serem bloqueados.
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Fig. 3 – Matriz de Isolamento
FONTE: A equipe
O equipamento é mantido com a LIBRA durante as seguintes fases:
a) Na liberação;
b) Na instalação de dispositivo(s) mecânico(s) de isolamento (quando houver);
c) Durante o tempo em que o equipamento estiver fora de operação (sem
intervenção);
d) Na intervenção (serviço de manutenção propriamente dito);
e) No retorno a operação.
A retirada de operação e a liberação do equipamento devem ser específicas para
o tipo de trabalho a ser realizado no equipamento/sistema considerando os perigos e riscos
inerentes à atividade e utilizando os procedimentos previstos para este fim ou através de
análise de risco específica.
4.2 Etiquetas de Advertência
As etiquetas de advertência informam a proibição do uso de equipamentos ou
sistemas. As etiquetas são de cores amarela e azul. As etiquetas de advertência devem ter
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todos os seus campos preenchidos de modo legível e serem assinadas. A etiqueta amarela
deve ser afixada no equipamento pela operação, com o objetivo de informar que o
equipamento ou sistema está indisponível para operação. A etiqueta azul deve ser afixada
no equipamento pelo requisitante da PT ou executante do serviço, com a finalidade de
informar que está sendo realizada intervenção no mesmo, independente do LIBRA.
As etiquetas amarelas (fig. 4) devem ser retiradas pelos emitentes da PT ou
substitutos, após constatar que a intervenção foi concluída. As etiquetas azuis devem ser
retiradas somente após a conclusão do serviço (escopo total da especialidade) e
disponibilização do equipamento para operação.
Fig. 4 – Etiqueta amarela
Fonte: A equipe
4.3 Cartões de Isolamento
O Cartão de Isolamento Vermelho tem a função de alertar aos empregados
envolvidos na intervenção do equipamento/sistema que o mesmo se encontra em fase de
aplicação da matriz de isolamento (dispositivos mecânicos de isolamento e/ou instalação
de aterramento provisório). Concluída a fase de aplicação integral da matriz de
isolamento, e após assegurada a inexistência de energias residuais, deve-se fazer a
substituição do Cartão de Isolamento Vermelho pelo Cartão de Isolamento Verde.
O Cartão de Isolamento Verde (fig. 5) tem a função de alertar aos empregados
envolvidos na intervenção, que as energias do sistema/equipamento encontram-se
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isoladas. Os cartões de isolamento (vermelho ou verde) devem ser instalados na aba do
cofre de segurança com uso de lacre plástico numerado, destinado a identificar:
Equipamento isolado;
Responsável pelo isolamento;
Motivo do isolamento;
Número do cofre de segurança;
Número do lacre;
Número da Matriz de Isolamento;
Data e hora do isolamento.
Fig. 5 – Cartão de Isolamento
Fonte: A equipe
4.4 Cofres de Segurança
Depois de instalar os Cadeados ou Lacres de Bloqueio e suas respectivas
Etiquetas de Advertência, o Empregado Autorizado deve:
Fixar o cofre próximo ao equipamento correspondente com o uso de corrente e
cadeado;
Colocar a matriz de isolamento e as chaves de todos os cadeados, inclusive a que
fixou o cofre no equipamento, dentro do cofre de segurança;
Fechar o cofre e entregar a chave do cofre ao Responsável pelo Isolamento.
O Responsável pelo Isolamento deve conferir se todos os pontos relacionados na
matriz de isolamento estão corretamente aplicados no sistema/ equipamento, preencher o
Cartão de Isolamento (vermelho ou verde), e 13ixa-lo ao cofre pela aba com o uso de
lacre plástico específico numerado. A chave do cofre de segurança deve ser mantida no
claviculário até o término do serviço. Todos os Empregados Envolvidos devem afixar seu
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cadeado individual azul na aba do cofre de segurança, enquanto permanecerem na área
de influência do serviço. O Empregado Envolvido deve retirar seu Cadeado Individual
(azul) da aba do cofre, sempre que se ausentar da área por qualquer motivo, mesmo que
por um curto espaço de tempo.
Nos casos onde a matriz de isolamento possua somente um dispositivo de
bloqueio, pode-se dispensar o uso do cofre utilizando em seu lugar o dispositivo de multi-
travas, devendo-se cumprir todas as demais etapas do processo de LIBRA. Nestes casos
aplica-se o multi-travas com cadeado, etiqueta amarela, lacre plástico verde e Cartão de
Isolamento Verde. A chave do cadeado deve ser levada ao claviculário e a matriz de
isolamento deve ser acondicionada no local do equipamento/sistema.
Fig. 6 – Cofre de segurança
Fonte: A equipe
4.5 Raqueteamento
As atividades de instalação de dispositivos mecânicos de isolamento previstas
na matriz de isolamento, somente poderão ser liberadas para a execução, depois de
atendidos os requisitos:
a) Fechamento de todos os dispositivos de manobra para o equipamento/sistema,
suficientes para garantir condição segura para a instalação de dispositivos mecânicos de
isolamento, conforme a matriz de isolamento.
b) Dissipação de todas as energias residuais, conforme matriz de isolamento.
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c) Instalação de dispositivo de bloqueio (exemplos: correntes com cadeados, cabos de aço
e/ou outros dispositivos de bloqueio aplicáveis) nos dispositivos de manobra, previstos
no item anterior, conforme matriz de isolamento, bem como a fixação das etiquetas
amarelas de advertência devidamente preenchidas em cada um dos pontos de bloqueio.
d) Fixação, nas proximidades do equipamento ou sistema que será submetido à
intervenção, do cofre de segurança, no qual devem estar acondicionadas todas as chaves
utilizadas nos cadeados para bloqueio do equipamento ou sistema, inclusive do que fixou
o cofre no equipamento, assim como a Matriz de Isolamento correspondente,
devidamente preenchido e assinado, pelo Empregado Autorizado.
e) Realização de inspeção pelo RI do correto isolamento (fechamento de dispositivos de
manobra), bloqueio (instalação de correntes, cadeados e outros) e aviso (instalação de
etiqueta amarela), nas válvulas das linhas de produto que convergem para o equipamento
ou sistema objeto da instalação dos dispositivos mecânicos de isolamento, conforme
previsto na Matriz de Isolamento.
f) Realização pelo RI do fechamento do cofre de segurança e fixação do Cartão de
Isolamento Vermelho devidamente preenchido, na aba do cofre, utilizando lacre plástico
numerado, liberando desta forma o equipamento/sistema para a instalação dos
dispositivos mecânicos de isolamento.
g) Realizada a atividade de instalação dos dispositivos mecânicos de isolamento
conforme Matriz de Isolamento, o RI deve inspecionar novamente o equipamento ou
sistema. Para tal, deve romper o lacre plástico, abrir o cofre e entregar a matriz de
isolamento para o empregado autorizado conferir e assinar os campos relativos à
instalação dos dispositivos mecânicos de isolamento e adequação dos drenos e vents,
quando aplicável.
h) Realizada a adequação, o RI deve checar os itens garantindo assim a realização de
dupla verificação do sistema e retornar a Matriz de Isolamento, juntamente com o Cartão
de Isolamento Vermelho para o interior do cofre de segurança, procedendo o seu
fechamento e fixação do Cartão de Isolamento Verde utilizando lacre plástico numerado
na aba do cofre, finalizando assim a etapa de aplicação da matriz de isolamento no
equipamento/sistema.
Considera-se a matriz de isolamento integralmente aplicada quando todas as
etapas previstas no processo estiverem cumpridas.
4.6 Remoções dos dispositivos
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Concluída a remoção de todos os dispositivos mecânicos de isolamento o RI
deve:
Verificar a presença de cadeados azuis no cofre;
Romper o lacre plástico e verificar se todos os dispositivos mecânicos de isolamento
foram corretamente removidos conforme a matriz de isolamento;
Informar ao empregado autorizado que a remoção dos dispositivos de bloqueio pode
ser efetuada.
Se durante o processo de autorização de remoção dos dispositivos mecânicos de
isolamento e de bloqueio for encontrado um cadeado azul, afixado ao cofre, a atividade
deve ser suspensa e devem ser tomadas as seguintes providências:
Contatar o empregado responsável pelo cadeado e solicitar que o mesmo remova o
dispositivo;
Certificar-se de que o empregado acima não ficará exposto à energia a ser liberada
com a remoção do LIBRA.
Após a implementação do sistema LIBRA foi observado uma redução de 100%
nos índices de acidentes de trabalho na Usina Termelétrica conforme é ilustrado no
gráfico 2:
Gráfico 2: Registro de acidentes de trabalho entre o período de Jan/2015 a
Jan/2019
Fonte: Relatório de acidentes de trabalho da Usina Termelétrica
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Para manutenção destes índices apresentados anteriormente, além da
implementação deste padrão, também fez-se necessário a adoção de medidas, que
visassem a conscientização e comprometimento do colaborador perante qualquer
atividade passível de acidente que fosse realizada, tais como: campanhas de prevenção
contra acidentes de trabalho, palestras informativas, DDS (diálogo diário de segurança) e
simulação de acidente.
5. CONCLUSÕES
O presente trabalho teve o objetivo de desenvolver e aplicar um procedimento
padrão de liberação, isolamento, bloqueio, raqueteamento e aviso (LIBRA) de acordo
com a Norma Regulamentador NR- 12 para assim melhorar o nível de segurança dentro
do ambiente de trabalho e reduzir os acidentes. O LIBRA funciona como um
procedimento padrão de segurança a ser seguido durante a retirada de operação,
manutenção e retorno operacional das Unidades Geradores na Usina Termelétrica, com o
desenvolvimento deste dispositivo houve um aumento significativo dos padrões de
segurança durante os procedimentos de intervenção nos processos de manutenção e
operação, pois a eliminação das fontes de energia durante as paradas das máquinas
reduziu o risco de acidentes dos colaboradores envolvidos.
Este dispositivo padrão orienta através de um passo a passo, quais as ações que
os colaboradores devem tomar durante o processo de retirada das máquinas para
manutenção e o retorno das mesmas. Por possuir instruções claras e com elementos
visuais, tornou a rotina de serviço mais simples e segura, pois há o bloqueio de todas as
fontes de energia.
Paralelo a isso, foram promovidas campanhas de conscientização e prevenção
de acidentes de trabalho através de palestras, de diálogo diário de segurança e simulação
de acidentes. Através destas ações atingiu-se uma melhoria nos índices de segurança
dentro do ambiente de trabalho e consequentemente a redução em 100% dos acidentes
com afastamento (conforme observado no gráfico 2).
Porém, mais importante que reduzir o número de acidentes de trabalho, é manter
esse índice o mais baixo possível, por isso além de desenvolver e aplicar o LIBRA, é
importante criar uma política de melhoria contínua dos padrões de segurança, buscando
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a atualização e a conscientização dos trabalhadores com a segurança dentro do ambiente
de trabalho.
As novas tendências da indústria fazem com que se tenha um investimento maior
em inovações tecnológicas, automações industriais, novos processos de fabricação,
porém, é necessário que se tenha uma atenção maior com a segurança e a qualidade no
ambiente de trabalho oferecido aos funcionários.
De acordo com os dados do Observatório Digital de Saúde e Segurança do
Trabalho do Ministérios Público do Trabalho (MPT), de 2012 até agosto de 2018, cerca
de 4,26 milhões de acidentes de trabalho foram registrados, em outras palavras, 1 acidente
a cada 48 segundos ocorre no Brasil.
Por fim, considerando os satisfatórios resultados obtidos neste trabalho, a partir
do desenvolvimento e aplicação do Sistema LIBRA em uma usina termelétrica, sugere-
se que essa técnica seja utilizada em outras indústrias e, desta forma, contribua para
prevenção e consequente redução das estatísticas de acidentes.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Atlas de Energia Elétrica do Brasil.
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ANUÁRIO ESTATÍSTICO ABRACOPEL DE ACIDENTES DE ORIGEM ELÉTRICA
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