importância e necessidade de todas as unidades de
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Importância e necessidade de todas as Unidades de
Conservação
Exposição para o Ministério Publico
Federal
Marc Dourojeanni Belo Horizonte, 2015
Unidade de Conservação = Área Protegida “Protegidas” das
atividades humanas Para conservar
(proteger) a natureza
Só o ser humano destrói direta e indiretamente a natureza!
(Caso elefantes, javalis, castor, ervas daninhas ou animais exóticos na Florida)
Áreas protegidas foram estabelecidas desde milhares de anos atrás, também pelos indígenas (PN Tongariro) e pelos índios amazônicos.
Os lugares mais biodiversos e mais belos
• Parques Nacionais, Reservas Biológicas, Estações Ecológicas, etc.
• São imprescindíveis, mas nem sempre suficientes, para conservar a diversidade biológica
Uso indireto
(preservação permanente)
• Reservas Extrativistas, Reservas Desenvolvimento Sustentável, Florestas Nacionais, APAs, etc.
• São complemento indispensável das UCs de uso indireto .... Outras nem tanto.
Uso Direto
(desenvolvimento sustentável)
Evolução de tipos de UCs
Até os anos 1970s
(parques nacionais e reservas equivalentes)
Predomínio absoluto dos parques nacionais (uso indireto).
Grande diversificação de categorias (mais de 900 no mundo) com nomes parecidos mas muito diferentes.
Maior ocupação humana deixa menos opções de preservação estrita.
Depois, especialmente desde 1990s e nos 2000
(áreas protegidas)
Predomínio crescente e agora absoluto (63%) de UCs de uso direto.... Por falta de alternativas melhores.
Inclusão de categorias sem relação com conservação (florestas nacionais) ou quase sem proteção (APAs e reservas de biosfera)
Reservas extrativistas ?
Área protegida na Amazônia (2015)
Categorias
Federal Estadual Total
Área
(milhões
ha)
% da área
protegida
Área
(milhões
ha)
% da área
protegida
na
Amazônia
%
protegido
da
Amazônia
Preservação
permanente
(sem gente nem
exploração)
32,7 52 13,2 21,2 9,2
Uso sustentável
(com gente e
exploração)
30,2 48 48,9 78,8 15,8
Total 62,9 100 62.1 100 25,0
Fonte: Instituto Socioambiental (2015)
Necessidade de áreas protegidas de uso indireto
(preservação permanente) não é capricho de
“ambientalistas”, muito menos de cientistas
Cientistas não são protetores da natureza! ... apenas a estudam e constatam fatos: Para a ciência: se a sociedade é seria no proposito de
conservar a biodiversidade, requer preservar amostras representativas e viáveis (tamanho) dos ecossistemas, idealmente um 30% de cada ecossistema.
Para a ciência as UCs de uso indireto são a coluna vertebral da conservação da biodiversidade.
As UCs especialmente as de uso indireto, ademais de conservar a biodiversidade, brindar serviços ambientais (CO2, agua, controlar
erosão, etc.) servem para a educação, a recreação e o ecoturismo e, se recebem a inversão suficiente, geram muita riqueza e emprego na
região e a nível nacional (caso de África, de EUA e Canadá, etc.)
As UCs de uso direto também são necessárias (devido a que
muitos ecossistemas já estão total ou parcialmente
ocupados ou utilizados pela gente) e para formar corredores
biológicos. Nesse caso são complementares, mas:
No são suficientes para conservar a biodiversidade.
A atividade humana, inelutavelmente provoca impactos ambientais e afeta a biodiversidade (borracha, castanha, etc.) .... Populações tradicionais não são exceção à regra.
UCs de uso direto tem até 12 vezes mais desmatamento que as de uso indireto, incluindo as partes que devem ser protegidas e excluindo as APAs.
95% do desmatamento nas UCs criticas 2015 é nas de uso direto.
Brindam serviços ambientais mais limitados.
Paisagem bastante típico de uso por populações tradicionais
Socioambientalismo frequentemente discrepa de
necessidade de UCs de uso indireto
TEORÍA - Utopia do “desenvolvimento sustentável”. - Hipótese de que toda a natureza tem sido modificada e até “melhorada” pela humanidade e, em especial pelas populações tradicionais. - O ser humano como prioridade absoluta (antropocentrismo). - UCs de uso indireto são expressão do “imperialismo americano”. - Utopía do saber tradicional e do “bom vivir”. - Ciência ocidental é mentira (i.e. «amor» pelos felinos.... Em realidade, indicador saúde do ecossistema)
CONSEQUENCIA
- UCs de preservação permanente “não são necessárias”.
- Pode e até deve haver população e uso sustentável nas UCs.
- Não aceitam que o objetivo de conservar a natureza seja assegurar o bem-estar do ser humano.
- Estimula pretensões de mais e mais uso dos recursos e mais conflitos com a autoridade.
Vantagens de cada grupo Uso indireto
Muito mais eficientes para conservar biodiversidade e brindar serviços ambientais.
Mayor garantia de durabilidade.
Manejo mais simples e de menor custo (menos conflitos internos).
Adequados para turismo e impacto econômico multiplicador.
Uso direto
As vezes são a única alternativa disponível.
Permitem residência de populações e uso dos recursos naturais.
Por tanto, política e socialmente mais fáceis de estabelecer.
Geram produção tangível
(madeira, alimentos, etc.)
Os habitantes contribuem a defender a área contra invasores.
Desvantagens de cada grupo
USO INDIRETO
Difíceis de estabelecer
Custo da terra
Resistencia política
Resistencia população local
Consulta pública /previa
Conflitos com vizinhos
Percepção da sociedade
“Terra pública= Terra de todos ou de ninguém”
“Terra ociosa”
USO DIRETO
Alto custo do manejo efetivo – toda ação deve ser negociada e monitorada.
População aumenta mas o espaço/recurso é o mesmo.
Conflitos com população residente ou usuária
Não garante conservação da biodiversidade.
UCs de uso direto são bem melhor que assentamentos rurais. Mas, nenhuma está bem manejada. Todas sofrem mais desmatamento que o que seria sustentável.
0 1 2 3 4 5 6 7 8
REBIO
PARNA
EE
RPPN
RES.INDIG.
REDES
FLONA
RESEX
APA
Categorias de Unidades de Conservação e sua contribuição para conservar a biodiversidade
PROBLEMAS Sobreposição de UCs e
territórios tradicionais. Invasões (i.e. Rondônia) Residentes indemnizados
que não saem da UC. Atividades econômicas
ilegais (madeira, caça, pesca).
Governos que querem construir obras em UCs.
Protected area downgrading, downsizing, degazettement (PADDD)
Conflitos mais frequentes em UCs de uso indireto
CAUSAS Sobreposição real ou
pretensa? Migração .... Oportunidade, necessidade
e pobreza. Interesses econômicos de
terceiros (madeireiros, etc.) Falta de manejo das UCs por
falta de financiamento. Governos não respeitam
suas próprias regras. Conflitos inter-setoriais. Indiferença da cidadania,
falta de educação.
Conflitos mais frequentes em UCs de uso direto
PROBLEMAS Desmatamento, caçadas e
exploração madeira e outros produtos em zonas proibidas ou/e em volumes insustentáveis.
Insistência em desenvolver atividades novas incompatíveis com a preservação da biodiversidade.
Expansão urbana dentro da área.
Conflitos com vizinhos.
CAUSAS Incremento da população e
da demanda por recursos. Desrespeito dos acordos
adotados. Zoneamento Volume extração
Manejo deficiente da UC por falta de recursos econômicos e humanos.
Politização ou corrupção na gestão.
O uso da terra pela população implica necessariamente desmatamento e, muitas vezes , queimadas. Para a floresta e para a sociedade é igual que seja destruída por fazendeiros ricos ou por povoadores tradicionais.
Floresta natural A mesma com exploração florestal (caso de FLONAs ou RESEXs)
Causas fundamentais dos conflitos
Todo o território nacional pode ser reclamando como indígena e grande parte como de uso tradicional. Os indígenas brasileiros (menos de um milhão de
habitantes) já possuem mais de 110 milhões de hectares e devem receber mais terra: Oportunidade!
Que é “povoador tradicional”? Indefinição. É mais fácil resolver conflitos pela terra (indígenas e
povos tradicionais) com a terra da UCs que com a terra dos fazendeiros.
Todas as UCs estão semiabandonadas, mal manejadas. Por isso as relações com a comunidade são ruins. Caso exemplar da RPPN SESC Pantanal Casos dos PN Iguaçu e Grande Sertão Veredas
O Ministério Público tem que manter o delicado equilíbrio necessário entre duas
grandes necessidades nacionais
o Interesses e direitos da sociedade nacional relativos a qualidade da vida.
o Mandados constitucionais de ambiente saudável e seguridade para todos.
o Legislação ambiental e sobre recursos naturais
o Convênios internacionais como o da Biodiversidade ou do Cambio Climático.
o Interesses e direitos de grupos minoritários ou locais por terra e recursos naturais.
o Mandados constitucionais sobre direitos humanos e minorias.
o Legislação sobre aspetos sociais e direitos humanos.
o Convênios internacionais como o OIT 169.
O caso do Convênio Nº 169 sobre Povos Indígenas e Tribais em Países Independentes
Cada vez mais frequentes as reclamações contra UCs, sob o pretexto de violação do Convênio 169 que outorga direitos especiais/exclusivos sobre território, recursos naturais e forma de se governar, para uma parte dos cidadãos.
Os que prepararam o Convênio nem pensaram na temática ambiental.
OIT não pertence ao Sistema das NNUU. Em mais de 20 anos apenas 22 países de 199 o ratificaram.
O problema não é sobre “tribal”, mas, sobre a definição e direitos de “povos tradicionais”.
Consulta previa: Nenhuma lei pode ser retroativa. Tampouco o Convênio.
As Ucs e as terras dos povos indígenas devem somar e não subtrair.
Opções disponíveis para resolver conflitos que involucram população tradicional
“Canibalizar” ou cercear as UCs não é uma boa solução.
Dupla afetação não resolve nada. Só adia os problemas.
A resposta se encontra quase sempre fora das UCs:
Recursos para re-localização e indemnização.
Instrumentos de reforma agraria.
Desenvolvimento regional.
Outras oportunidades de emprego local.
Recursos para o manejo efetivo das Ucs, exigir uma gestão adequada e o funcionamento real dos conselhos consultivos e de gestão.
“Há quatro características que um juiz deve possuir: escutar com cortesia, responder sabiamente, ponderar com prudência e decidir imparcialmente” Sócrates