impugnação à contestação - ação de reparação por danos morais

Upload: daniel-brown

Post on 04-Mar-2016

30 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

IMPUGNAÇÃO À CONTESTAÇÃO - AÇÃO DE REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS

TRANSCRIPT

EXCELENTSSIMA SENHORA JUZA DE DIREITO DA ___ (___________) VARA CVEL DA COMARCA DE _____________/MG.

Ref.: Autos n 0000.00.000000-0

JOO BRASILEIRO, j qualificado, por seus advogados que esta subscrevem, vem presena de Vossa Excelncia se manifestar sobre a contestao e documentos de fls., nos seguintes termos:

I DA PRELIMINAR ARGUIDA(ILEGITIMIDADE PASSIVA)

O ru arguiu a preliminar de ilegitimidade passiva, ao argumento de que a obrigao de comunicao aos consumidores acerca de eventuais restries do rgo pblico gestor do banco de dados, e no sua.

Ocorre que a causa de pedir da pretenso indenizatria no falta de notificao prvia, mas sim a manuteno do nome/CPF do autor nos cadastros restritivos aps a quitao do dbito, vale dizer, a conduta ilcita do ru que deveria providenciar a baixa nos citados cadastros.

Essa a interpretao que se deve ter sobre a questo, nos termos do artigo 73 do Cdigo de Defesa do Consumidor, isto , constitui obrigao do credor, to logo regularizada a situao de inadimplncia, proceder ao imediato cancelamento dos dados constantes nos rgos de proteo ao crdito, sob pena de ofensa sua finalidade, j que no se prestam a fornecer informaes inverdicas a quem delas necessita. Cabe transcrever o dispositivo consumerista citado: Art. 73. Deixar de corrigir imediatamente informao sobre consumidor constante de cadastro, banco de dados, fichas ou registros que sabe ou deveria saber ser inexata: Pena - Deteno de 1 (um) a 6 (seis) meses ou multa.

Eis o posicionamento do C. Superior Tribunal de Justia:

"(...)Cumpre ao credor providenciar o cancelamento da anotao negativa do nome do devedor em cadastro de proteo ao crdito, quando quitada a dvida. - A manuteno do nome daquele que j quitou dvida em cadastro de inadimplentes por longo perodo ocasiona-lhe danos morais a serem indenizados. - A existncia de outros registros em nome daquele que alega o dano moral por manuteno indevida de seu nome em cadastros de inadimplentes no afasta o dever de indenizar, mas deve refletir sobre a fixao do valor da indenizao. - Recurso especial provido." (REsp 437234/PB - Ministra Nancy Andrighi). (g.n.)

"No tem fora a argumentao que pretende impor ao devedor que quita a sua dvida o dever de solicitar seja cancelado o cadastro negativo. O dispositivo do Cdigo de Defesa do Consumidor configura como prtica infrativa 'Deixar de corrigir imediatamente informao sobre o consumidor constante de cadastro, banco de dados, fichas ou registros que sabe ou deveria saber ser inexata'. Quitada a dvida, sabe o credor que no mais exata a anotao que providenciou, cabendo-lhe, imediatamente, cancel-la". (REsp n 292.045/RJ - Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito). (g.n.)

"Cabe s entidades credoras que fazem uso dos servios de cadastro de proteo ao crdito mant-los atualizados, de sorte que uma vez recebido o pagamento da dvida, devem providenciar, em breve espao de tempo, o cancelamento do registro negativo do devedor, sob pena de gerarem, por omisso, leso moral passvel de indenizao". (REsp 299456/SE - Rel. Min. Aldir Passarinho Jnior). (g.n.)

Pelo exposto, a preliminar de ilegitimidade passiva deve ser REJEITADA.

II DO MRITO

No mrito, alega o ru que no forma preenchidos os requisitos autorizadores da responsabilidade; que o comprovante de pagamento apresentado no se presta a comprovar o pagamento que supostamente efetuado, pois o valor no corresponde ao do extrato de inscrio; que no h nos autos elemento probatrio dos danos morais sofridos pelo autor, e em ltima anlise, houve apenas meros sentimentos de dissabor, mgoa, etc.

Sem razo o ru.

(DOS PRESSUPOSTOS DA OBRIGAO DE INDENIZAR)

Os pressupostos da obrigao de indenizar (CCB 186 c.c. 927), esto presentes no caso em anlise, quais sejam:

a) o ATO ILCITO do ru consistente na manuteno do nome/CPF do autor junto ao SERASA e no SPC, aps a quitao do dbito;

b) o DANO MORAL causado ao autor, materializado no ABALO DE SEU CRDITO, e,

c) e o NEXO DE CAUSALIDADE entre a CONDUTA do ru e o DANO MORAL experimento pelo autor.

(DO COMPROVANTE DE PAGAMENTO)

Com relao ao comprovante de pagamento de fl. 11, ele retrata o valor da negociao realizada com a empresa COBRANA SERVIOS FINANCEIROS LTDA., empresa contratada pelo banco-ru para a realizao da cobrana, que emitiu boleto bancrio no valor de R$ 1.178,33 (hum mil cento e setenta e oito reais e trinta e trs centavos).

O ru em momento algum nega que houve o pagamento em seu favor, ou que a empresa COBRANA por ele contratada, realizou tal negociao, limitando-se, apenas, a dizer que o comprovante de pagamento tem valor diferente do constante no extrato de fl. 10.

Ora, MM. Juza, em toda negociao de crdito pelas instituies financeiras, existe um grande desconto, e com o autor no foi diferente. O valor pago correspondeu a toda dvida do autor.

Frise-se que foram fornecidos ao autor, alguns extratos que demonstram que em 08/07/2011, o dbito era de R$ 1.610,00 (hum mil e seiscentos e dez reais). Ressalte-se, que quando da incluso no SERASA, um ms antes, o valor do dbito era maior, diga-se, de R$ 1.935,40 (hum mil novecentos e trinta e cinco reais e quarenta centavos), fato que o gerente no conseguiu explicar.

de se observar, que os extratos foram fornecidos em 28.01.2013, e neles constam histrico at o dia 08.07.2011, data da quitao do acordo, ou seja, os extratos demonstram o encerramento das movimentaes no exato dia do pagamento pelo autor.

(DA ALEGAO DE INEXISTNCIA DE PROVA DO DANO MORAL SOFRIDO PELO AUTOR)

A manuteno indevida do nome/CPF do autor nos cadastros restritivos gera o dever de indenizar, independentemente de prova de prejuzo, pois trata-se de dano moral puro. Eis uns julgados sobre a matria:

(Tribunal de Justia de Minas Gerais)

INDENIZAO - DANOS MORAIS - MANUTENO DO NOME NOS CADASTROS RESTRITIVOS DE CRDITO APS REGULAR QUITAO - OBRIGAO DO CREDOR DE PROCEDER A BAIXA - DANO CONFIGURADO - DESNECESSIDADE DE PROVA- Constitui dano moral indenizvel o fato de o credor no ter feito o cancelamento do nome do devedor no cadastro negativador, ainda que, com sua inadimplncia, tenha dado causa inscrio.- No exigvel a prova do dano moral quando se tratar de indevida manuteno do nome do devedor no banco de dados dos cadastros de inadimplentes, constituindo-se o que se denomina dano moral puro. (TJMG - AC 1.0433.07.211037-5/001 - 9 C.Cv. - Rel. Des. Osmando Almeida - DJ 10.11.2010) (g.n.)

(STJ)

"CIVIL E PROCESSUAL. RESP. AGRAVO. AO DE INDENIZAO. DANO MORAL. INSCRIO INDEVIDA EM CADASTRO DE CRDITO. PROVA DO PREJUZO. DESNECESSIDADE. CC, ART. 159. I. A indevida inscrio em cadastro de inadimplentes gera direito indenizao por dano moral, independentemente da prova objetiva do abalo honra e reputao sofrida pelo autor, que se permite, na hiptese, presumir, gerando direito a ressarcimento. II. Valor do ressarcimento no debatido no recurso especial, sendo impossvel a inovao em sede regimental. III. Agravo desprovido". (g no REsp 617915/PE; Agravo Regimental no Recurso Especial 2003/0219186-2. Rel. Min. Aldir Passarinho Jnior (1110) rgo Julgador T4 - Quarta Turma. Data do Julgamento 10.8.2004 Data da Publicao/Fonte DJ 8.11.2004, p. 245)(g.n.)

(DO MERO DESSABOR, MGOA, ETC.)

Ao contrrio do alegado na contestao, a conduta do ru submeteu o autor a grande aborrecimento, humilhao e constrangimento, pois seu nome/CPF foi mantido indevidamente em cadastros restritivos por dbitos quitados, fato que abalou o seu crdito e o impossibilitou de realizar qualquer transao comercial e bancria que necessitasse consultar tais cadastros, em especial, a aquisio de imvel atravs de financiamento da Caixa Econmica Federal, o que caracteriza o DANO MORAL.

III DA INVERSO DO NUS DA PROVA

No h que se falar em prova diablica, como posto na contestao, na hiptese de deferimento da inverso do nus da prova, at porque toda a documentao referente evoluo do dbito do autor est em poder do ru.

A prova documental de fcil produo/apresentao pelo ru, e objetiva, no provar um fato negativo, mas o dbito do autor e a negociao realizada pela empresa contratada por ele ru.

Desta forma, deve ser deferida a inverso do nus da prova.

De toda a sorte, mesmo que no seja deferida a inverso probatria, o ru inobservou o que estabelece o artigo 333, II, do CPC, pois no provou qualquer fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.

IV CONCLUSO

Impugnada a contestao em todos os seus termos, lembre-se que no forma juntados quaisquer documentos pelo ru, requer o prosseguimento do feito, para ao final, serem julgados procedentes os pedidos formulados na inicial.

____________, MG, 18 de julho de 2.013.

AdvogadoOAB/MG n