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http://ecoguia.cm-mirandela.pt/index.php?oid=85 IMPORTÂNCIA DA ÁGUA
A gestão da água esteve sempre muito associada à preocupação da utilização da água
pelo Homem, sobretudo desde o início da industrialização das economias e da expansão
dos regadios, que determinaram um crescimento muito significativo, sem precedentes,
das necessidades e consumo de água. Este crescimento das necessidades de água,
conduziu a situações de escassez e insuficiência de água disponível para todas as
utilizações. Passou-se a gerir a água, de forma a assegurar a distribuição razoável e
equitativa das suas disponibilidades entre as várias utilizações e aumentar as suas
reservas, sobretudo nos países mais secos ou de maior irregularidade climática, através
da construção de barragens e albufeiras.
A água é o elemento mais abundante na Terra e também aquele de que o nosso
organismo mais necessita, sendo um elemento fundamental para todo o planeta. Nela,
surgiram as primeiras formas de vida, e a partir dessas, originaram-se as formas
terrestres, as quais somente conseguiram sobreviver na medida em que puderam
desenvolver mecanismos fisiológicos que lhes permitiram retirar água do meio e retê-la
nos seus próprios organismos. A evolução dos seres vivos foi sempre dependente da
água.
A água é o principal componente do corpo humano:
Cerca de 60% do corpo humano é constituído por água, sendo esta indispensável ao seu
normal funcionamento, dado que todo o metabolismo assenta em reacções
desenvolvidas em meio aquoso. A água regula a temperatura do corpo humano, elimina
as toxinas através da urina e da transpiração e, regula a distribuição dos nutrientes pelos
diversos órgãos. A sua escassez no organismo, conduz a deficiências no processo de
limpeza e desintoxicação do organismo, contribuindo para o aparecimento de várias
doenças.
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A água é a chave para todas as funções orgânicas:
• Sistema circulatório;
• Sistema de absorção;
• Sistema digestivo;
• Sistema de evacuação;
• Temperatura do corpo
Quantidade de água que deve ser ingerida
A quantidade de água que deve ser ingerida, depende da constituição física, do nível de
actividade e da temperatura do ar. O corpo humano perde uma quantidade significativa
de água através da respiração, transpiração e urina (na respiração perde cerca de 1/2
litros de água por dia). Por tudo isto, os especialistas recomendam que se bebam pelo
menos 2 litros de água por dia.
A ingestão de uma quantidade significativa de água faz com que todo o organismo fique
mais equilibrado e resistente, devendo ter-se especial atenção em situações de doença,
esforço físico prolongado e outras situações que possam requerer uma maior ingestão de
água.
Dicas para evitar o desperdício de água…
Existem várias medidas de poupança de água que todos nós devíamos adquirir:
•Tomar banhos rápidos (duches) em vez de demorados ou de banhos de imersão.
•Manter a torneira fechada enquanto se lavam os dentes, o corpo, o cabelo, ou a louça.
•Colocar uma garrafa com areia no autoclismo ou adquirir um autoclismo com duas
hipóteses de descarga.
•Um autoclismo que esteja a perder água pode desperdiçar em seis meses mais de
170.000 litros de água.
•Gota a gota, uma torneira mal fechada pode chegar a desperdiçar 50 litros por dia, o
que corresponde a mais de um metro cúbico por mês;
•Não poluir os rios, protegendo assim este recurso essencial á vida.
•Poupará muita água se usar a máquina de lavar só quando estiver completamente cheia.
•Pode poupar quase 10 000 litros de água por ano, se não a deixar a correr.
•Quanto mais água deixar ir pelo cano abaixo, maiores serão as dificuldades nas
estações de tratamento de águas residuais (ETAR’s).
Fonte: Dossier de Apoio à Educação Ambiental - Água Florestas - Porto Editora
Sabia que…
• A água é a única substância natural capaz de ser encontrada nos três estados físicos
(líquido, sólido e gasoso).
• A utilização média diária de água em Portugal é de cerca de 100 litros por habitante.
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• Todos os anos 1,5 milhões de pessoas morrem por falta de água, 90% das quais
crianças com menos de 5 anos de idade.
• Prevê-se que muito em breve, a falta de água seja motivo de inúmeros conflitos e
guerras entre nações.
• Mais de 1,2 mil milhões de pessoas não têm acesso a água potável segura.
• Da água que gastamos em nossas casas, cerca de 75% é usada na casa-de-banho.
• Se cada membro de uma família de 4 pessoas tomar diariamente um duche de 5
minutos, a família consumirá mais de 2600 litros de água por pessoa, ao que equivale à
água que uma pessoa bebe ao longo de 3 anos.
• Em média, a terça parte da água consumida nas habitações é utilizada nas lavagens
pessoais.
• As águas subterrâneas fornecem cerca de 65% da água destinada ao consumo humano
na Europa.
• 50% das zonas húmidas estão “em perigo de extinção” devido à exploração excessiva
das águas subterrâneas.
• 5678 Litros de água são usados para produzir um barril de cerveja.
• 3 Milhões de litros são o que leva uma piscina olímpica, com 50 m de comprimento
por 22 m de largura e com 2,7 m de profundidade.
• Mais de 97,5% da água do nosso planeta constitui os oceanos. Não pode ser usada na
indústria, na agricultura ou para beber.
• Cada gota de água desperdiçada é uma gota a menos num rio, ou seja, uma gota a
menos no percurso de um salmão, uma gota a menos numa barragem.
• Uma fuga de água que encha uma chávena de café em 120 minutos causará um
desperdício de quase 14 000 litros de água por ano.
• Três litros de um produto solvente (para tintas por exemplo) podem contaminar 60
milhões de litros de água subterrânea.
• Duche de 5 minutos: 60 litros
• Banho de imersão: 180 litros
• Lavar os dentes com água a correr: 10 a 30 litros
• Descarga de autoclismo: 6 a 10 litros
• Máquina de lavar louça: 25 a 60 litros
• Máquina de lavar roupa: 60 a 90 litros
Ciclo hidrológico da água
Pode admitir-se que a quantidade total de água existente na Terra, nas suas três fases
(sólida, líquida e gasosa), se tem mantido constante, desde o aparecimento do Homem.
A água da Terra (que constitui a hidrosfera), distribui-se por três reservatórios
principais, os oceanos, os continentes e a atmosfera, entre os quais existe uma
circulação perpétua, designado por ciclo da água ou ciclo hidrológico.
Pode definir-se o ciclo hidrológico da água, como a sequência fechada de fenómenos
pelos quais a água passa da superfície terrestre para a atmosfera, na fase de vapor, e
regressa à mesma, nas fases líquida e sólida.
O movimento da água no ciclo hidrológico é mantido pela energia radiante de origem
solar e pela atracção gravítica.
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A transferência de água da superfície da Terra para a atmosfera, sob a forma de vapor,
dá-se por evaporação directa, por transpiração / respiração das plantas e dos animais e
por sublimação (passagem directa da água da fase sólida para a fase gasosa).
A quantidade da água mobilizada pela sublimação no ciclo hidrológico é insignificante
perante a que é envolvida na evaporação e na transpiração, cujo processo conjunto se
designa por evapotranspiração.
O vapor de água é transportado pela circulação atmosférica e condensa-se após
percursos muito variáveis, que podem ultrapassar 1000 km. A água condensada dá lugar
à formação de nevoeiros e nuvens e a precipitação a partir de ambos.
A precipitação pode ocorrer na fase líquida (chuva ou chuvisco) ou na fase sólida (neve
ou granizo). A água precipitada na fase sólida apresenta-se com estrutura cristalina no
caso da neve e com estrutura granular, regular em camadas, no caso do granizo.
A precipitação inclui também a água que passa da atmosfera para a superfície terrestre
por condensação do vapor de água (orvalho) ou por congelação daquele vapor (geada) e
por intercepção das gotas de água dos nevoeiros (nuvens que tocam no solo ou no mar).
A água que precipita nos continentes pode tomar vários destinos. Uma parte é devolvida
directamente à atmosfera por evaporação; a outra origina escoamento à superfície do
terreno, escoamento superficial, que se concentra em sulcos, cuja reunião dá lugar aos
cursos de água.
A parte restante infiltra-se, isto é, penetra no interior do solo, subdividindo-se numa
parcela que se acumula na sua parte superior e pode voltar à atmosfera por
evapotranspiração e noutra que caminha em profundidade até atingir os lençóis
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aquíferos (ou simplesmente aquíferos) e vai constituir o escoamento subterrâneo.
Tanto o escoamento superficial como o escoamento subterrâneo vão alimentar os cursos
de água que desaguam nos lagos e nos oceanos, ou vão alimentar directamente estes
últimos.
O escoamento superficial constitui uma resposta rápida à precipitação e cessa pouco
tempo depois dela. Por seu turno, o escoamento subterrâneo, em especial quando se dá
através de meios porosos, ocorre com grande lentidão e continua a alimentar os cursos
de água longo tempo após ter terminado a precipitação que o originou.
Assim, os cursos de água alimentados por aquíferos apresentam regimes de caudal mais
regulares.
A água que precipita nos continentes vai, assim, repartir-se em três parcelas: uma que é
reenviada para a atmosfera por evapotranspiração e duas que produzem escoamento
superficial e subterrâneo.
Assim, a precipitação, ao incidir numa zona impermeável, origina escoamento
superficial e evaporação directa da água que se acumula e fica disponível à superfície.
Incidindo num solo permeável, pouco espesso, assente numa formação geológica
impermeável, produz escoamento superficial e evaporação da água disponível à
superfície e ainda evapotranspiração da água que foi retida pela camada do solo de onde
pode passar à atmosfera. Em ambos os casos não há escoamento subterrâneo; este
ocorre no caso de a formação geológica subjacente ao solo ser permeável e espessa.
A energia solar é a fonte da energia térmica necessária para a passagem da água das
fases líquida e sólida para a fase do vapor, é também a origem das circulações
atmosféricas que transportam vapor de água e deslocam as nuvens.
A atracção gravítica dá lugar à precipitação e ao escoamento. O ciclo hidrológico é uma
realidade essencial do ambiente. É também um agente modelador da crosta terrestre
devido à erosão e ao transporte e deposição de sedimentos por via hidráulica.
Condiciona a cobertura vegetal e, de modo mais genérico, a vida na Terra.
A água renova-se num ciclo permanente e inalterável.
Ciclo Urbano da Água
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Captação – A água pode ser captada em rios/barragens ou ter origens subterrâneas
(nascentes, poços e furos).
Distribuição – A água captada é submetida a processos de tratamento em Estações de
Tratamento de Água (ETA), que lhe conferem qualidade para consumo humano.
Rede/Distribuição – Depois de tratada, a água é distribuída aos consumidores
domésticos e industriais através da rede pública de abastecimento.
Consumo Doméstico/Industrial – A alimentação, a higiene pessoal e actividades de
lazer são as principais utilizações domésticas da água. A água é utilizada como matéria
prima em diversos processos de fabrico e para a limpeza dos equipamentos.
ETAR/Tratamento – As águas residuais, também denominadas esgotos ou efluentes
líquidos, necessitam de um tratamento adequado para que possam ser descarregados
com o mínimo impacte ambiental. Este processo é efectuado em Estações de tratamento
de Águas Residuais (ETAR).
Devolução – Os efluentes líquidos, depois de submetidos aos processos de tratamento
nas ETAR’s, são devolvidos ao meio receptor em condições ambientalmente seguras.
(Fonte: Adaptado de Águas de Portugal)
Fontes e Fontanários
As fontes e fontanários foram muitas vezes, e desde os tempos antigos, um dos
principais motivos que levaram à fixação de populações humanas em determinados
locais, uma vez que a água é um dos elementos naturais que se revela mais
indispensável ao ser humano. Assim se compreende o facto de ser notória a existência
de nascentes de água nas proximidades de povoações de maior ou menor dimensão, que
actualmente procuram preservar no seu património como bens inestimáveis, as suas
fontes de água originais, mesmo que se encontrem no presente inoperacionais,
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relativamente às funções para as quais foram utilizadas no passado.
A propagação de algumas doenças epidémicas, derivadas do consumo de água menos
salubre, conduziu ao encerramento da maioria das fontes e fontanários, tendo-se optado
por outras formas de abastecimento de água, a fim de garantir a sua salubridade,
nomeadamente, tratamento adequado, actualmente efectuado em ETA’s.
Contudo, verifica-se que longos anos após o encerramento de muitas fontes e
fontanários, ainda há gente que continua a suspirar pelas suas benditas fontes. Gente que
ainda não dispensa na sua criteriosa ementa de bebidas, o garrafãozinho da “melhor
água do mundo”, continuando a ser recolhida, sempre que possível, naqueles
fontanários, também designados por “bicas”.
Fontes e Fontanários do Concelho de Mirandela
Foi realizado entre Junho e Agosto de 2005, em todo o concelho de Mirandela, um
levantamento do número de fontanários, assim como análise da respectiva água, tendo-
se constatado que existem no concelho 280 do género, distribuídos por fontanários da
responsabilidade do Serviço Municipalizado de Água (SMA) e, fontanários
de nascente.
Da análise dos resultados apresentados, verifica-se que dos 113 fontanários em
actividade, provenientes de nascentes e/ou furos de água, aquando da realização do
estudo, apenas 4 possuem água própria para consumo humano, de acordo com o
Decreto-Lei nº 243/2001 de 5 de Setembro, estando os restantes 109 com água
imprópria para consumo, isto é, que ultrapassa os limites exigidos no referido Decreto-
Lei.
Neste âmbito, a autarquia de Mirandela, através da Divisão de Serviços Urbanos,
providenciou a colocação de placas avisadoras da qualidade da água em cada um das
Fontes/Fontanários estudados.
De acordo com o que acontece um pouco por todo o país, verificou-se de imediato a
vandalização pelas populações locais, das referidas placas avisadoras sobre a qualidade
da água.
No seguimento de todo o levantamento efectuado, procedeu-se à georeferenciação por
GPS de todos os fontanários, tendo sido os dados tratados em conjunto com os serviços
de SIG da Câmara Municipal e, encontrando-se referenciados no mapa a seguir
apresentado. A cada ponto encontram-se associados os dados referentes ao grau de
salubridade (própria / imprópria), nome, freguesia / localidade, localização exacta,
funcionalidade (activo/inactivo) e entidade responsável.
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POLUIÇÃO DA ÁGUA
As principais fontes de poluição da água são a indústria, o comércio, os serviços, a
agricultura e as actividades domésticas.
Os poluentes responsáveis pela degradação do meio hídrico natural são diversos,
designadamente, a matéria orgânica, os nutrientes inorgânicos (azoto e fósforo), os sais
dissolvidos, os sólidos suspensos/sedimentáveis, os hidrocarbonetos e as substâncias
tóxicas (metais pesados, ácidos e bases inorgânicos, detergentes, compostos organo-
halogenados, compostos fenólicos, amónia, cianetos, …), entre outros.
De acordo com a sua natureza e concentração, os poluentes apresentam diferentes
efeitos sobre o meio ambiente e saúde pública.
EFEITOS DA POLUIÇÃO AQUÁTICA SOBRE O MEIO AMBIENTE:
- Desoxigenação da água;
- Variações de salinidade e de temperatura;
- Turvação;
- Alteração/destruição da fauna e da flora;
- Eutrofização (fenómeno associado ao desenvolvimento desequilibrado de
microorganismos e plantas aquáticas).
DOENÇAS PROVOCADAS PELA INGESTÃO DE ÁGUA CONTAMINADA
O controle da qualidade é uma medida que visa principalmente garantir a saúde da
população e deve ser exercida nos meios urbanos e rurais.
Anualmente, cerca de 3 milhões de pessoas em todo o mundo morrem em consequência
da ingestão directa de água potável. Este número gigantesco é particularmente
inquietante quando comparado com o de 120 milhões de pessoas que, actualmente, na
Região Europeia da Organização Mundial de Saúde (OMS), não dispõem em
permanência de água potável. Segundo a OMS, cerca de 80% de todas as doenças que
se alastram nos países em desenvolvimento são provenientes da água de má qualidade.
A qualidade da água, por si só (em particular a qualidade microbiológica da água), tem
uma grande influência sobre a saúde. Se não for adequada, pode ocasionar surtos de
doenças e causar sérias epidemias. Os riscos de saúde, associados à água, podem ser de
curto prazo (quando resultam da poluição de água causada por elementos
microbiológicos ou químicos) ou de médio e longo prazos (quando resultam do
consumo regular e contínuo, durante meses ou anos, de água contaminada com produtos
químicos, como certos metais ou pesticidas).
A água contaminada pode de várias maneiras prejudicar a saúde das pessoas:
• Através da ingestão directa,
• Na ingestão de alimentos,
• Pelo seu uso na higiene pessoal e no lazer,
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• Na agricultura,
• Na indústria.
Outras doenças provocadas por ingestão de água contaminada:
• Poliomelite; • Saturnismo;
• Ascaridíase; • Dengue;
• Febre paratifóide; • Malária;
• Febre tifóide • Leptospirose;
• Doenças respiratórias; • Febre Amarela;
• Esquitossomose; • Bócio.
• Perturbações gastrointestinais;
• Infecções dos olhos, ouvidos, garganta, nariz;
• Fluorose;
Regras de Higiene Individual e Colectiva para Prevenção de doenças Transmitidas
pela Água:
• Utilizar somente água de rede geral de abastecimento público (que, por razões
especiais de segurança, pode ser fervida - ebulição durante, pelo menos, 5 minutos).
Nunca usar água de outras origens (poços ou minas).
• Consumir somente gelo preparado com água da rede de abastecimento público
(que, por razões especiais de segurança, pode ser fervida ou desinfectada).
Sabia que…
• A cada oito segundos, uma criança morre devido a uma doença relacionada com a
água.
• A cada ano, mais de cinco milhões de seres humanos morrem de alguma doença
associada à água não potável, ambiente doméstico sem higiene e falta de sistemas para
eliminação de esgoto.
• Estima-se que, a qualquer momento do dia, metade de toda a população nos países em
desenvolvimento esteja a sofrer de, uma ou mais, entre as seis principais doenças
associadas ao abastecimento de água e saneamento Nos países da América Latina,
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existem 168 milhões de pessoas sem abastecimento de água e as enfermidades de
origem hídrica aparecem entre as três principais causas de morte na região. A epidemia
mais significativa dos últimos anos, nesta área, foi a da cólera, originada em 1991, no
Peru e que se estendeu por 21 países da região, com mais de 1.200.000 de casos
registrados até 1997.
ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA - ETA
A Estação de Tratamento de Água (ETA), é a etapa do sistema de abastecimento de
água onde ocorre o tratamento da água captada na natureza, visando a potabilização
para posterior distribuição à população.
As principais finalidades de uma ETA ao nível higiénico são: remoção de bactérias,
elementos venenosos ou nocivos, minerais e compostos orgânicos em excesso,
protozoários e outros microorganismos. No que respeita ao nível estético, analisam-se
parâmetros como:
correcção da cor, turbidez, odor, sabor. Ao nível económico: redução da corrosividade,
dureza, cor, turbidez, ferro, manganês, odor, sabor, etc. Uma água diz-se adequada para
consumo humano, se for:
• De paladar agradável,
• Segura (não deve conter qualquer organismo patogénico ou substância química
prejudicial ao consumidor),
• Límpida,
• Incolor e inodora,
• Não corrosiva,
• Baixo teor de matéria orgânica (evitando assim o crescimento biológico na rede de
distribuição e nos reservatórios),
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• Razoavelmente macia (permitindo a lavagem sem consumo excessivo de detergentes).
ETAPAS DO TRATAMENTO DE ÁGUA NUMA ETA
Gradagem
A água bruta, antes do início da sua trajectória para a ETA, passa por uma série de
grelhas para se proceder à remoção de sólidos grosseiros evitando a obstrução das
condutas que conduzem a água às restantes etapas do tratamento.
Oxidação
Tem como objectivo aumentar o teor de oxigénio da água contribuindo para a sua
purificação e melhorando a sua qualidade através da remoção do sabor e cheiro
desagradáveis.
Coagulação
As partículas existentes na água são já de reduzida dimensão, estas nunca sedimentam
naturalmente. Nesta fase, é adicionado um coagulante, que irá agregar pequenas
partículas de impurezas presentes na água, formando coágulos que a seguir sedimentam.
Floculação
Nesta fase é adicionado um floculante, que por intermédio de agitação forçada,
permitirá aos coágulos formados durante a coagulação, que se agrupem novamente
formando “flocos” maiores e mais densos, sendo estes facilmente removidos por
decantação da água.
Decantação
Os flocos formados no processo de Coagulação/Floculação são removidos por
sedimentação, depositando-se no fundo do tanque, a qual se denomina por lama. Esta
lama é posteriormente removida do tanque, seguindo a água clarificada para a próxima
etapa do tratamento.
Remoção de Lamas
Os tratamentos de água, quer seja água para consumo, quer seja água residual,
produzem quantidades consideráveis de lamas residuais, devendo ser tomadas as
precauções adequadas na sua deposição final, para evitar a potencial transferência de
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agentes patogénicos.
Filtração
Nesta etapa, apesar de quase limpa, a água ainda contém matéria orgânica dissolvida e,
sólidos muito finos. Cabe à filtração a remoção destas pequenas partículas.
Desinfecção
Estando livre de impurezas e quase pronta para beber, a água sofre um processo
dedesinfecção, que consiste na remoção de microorganismos invisíveis a olho nu, como
vírus e agentes patogénicos. Para tal, são utilizados métodos como a cloração,
ozonização ou radiação ultravioleta, que asseguram a eliminação destes
microorganismos. A adição de cloro, designada por cloração, é o método mais utilizado.
Deve ainda proceder-se ao ajuste do pH, de modo a que a água não seja, nem muito
ácida, nem muito alcalina.
Armazenamento / Distribuição
Após todos estes processos de tratamento, a água é encaminhada para grandes
reservatórios, para ser distribuída ao consumidor através de uma rede de distribuição
que integra reservatórios e estações elevatórias.
ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUAIS - ETAR
Uma Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), é certamente o destino mais
adequado à promoção da saúde pública e à preservação dos recursos hídricos, de modo
a evitar a sua contaminação. Assim, as ETAR's têm como objectivo o tratamento final
das águas residuais produzidas pelas populações, permitindo uma possível reutilização
destas, através de um processo longo e faseado.
Em função da sua origem há dois grandes tipos de águas residuais: as domésticas e as
industriais. As águas residuais domésticas são geralmente resultantes da actividade
habitacional podendo ser águas fecais ou negras e saponáceas. Dentro deste tipo de
classe podem ainda considerarse:
• águas residuais turísticas, com características sazonais, podem apresentar menor ou
maior carga poluente conforme provêm de estabelecimentos hoteleiros isolados ou de
complexos turísticos importantes;
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• águas residuais pluviais provenientes da
precipitação atmosférica. A sua carga
poluente em termos de sólidos suspensos
pode chegar a ser muito superior à das águas
residuais domésticas.
As águas residuais industriais são
provenientes das descargas de diversos
estabelecimentos. As suas características são
função do tipo e processo de produção.
Finalmente, deve ainda considerar-se as
resultantes da mistura de águas residuais
domésticas com industriais e/ou pluviais - as
águas residuais urbanas.
A maioria das águas residuais tem como
destino final os meios hídricos, sendo, por
isso, necessário efectuar o seu tratamento de
modo a garantir que a descarga feita não
provoque desequilíbrios ao nível do
ecossistema em questão. É por esta razão
que se torna necessário proceder ao
tratamento de águas residuais, estando a
exigência da qualidade final destas águas
especificada na legislação em vigor
(Decreto-Lei nº 236/98 e 1 de Agosto).
A descarga de um efluente não tratado ou
inadequadamente tratado, pode:
• Aumentar a probabilidade da disseminação
de microorganismos patogénicos,
• Aumentar o perigo da utilização de águas
doces superficiais e subterrâneas para
consumo humano,
• Originar a contaminação de bivalves,
• Aumentar o perigo de utilização das águas
para recreio,
• Provocar a diminuição da concentração do
O2 dissolvido, pela matéria orgânica,
destruindo a vida aquática,
• Criar condições desagradáveis (odores e
detritos) na massa de água.
MÉTODOS DE TRATAMENTO DE UM
EFLUENTE
O tratamento a efectuar a uma dada água residual, tem como objectivo remover as
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substâncias que essa água residual contém, para que o seu lançamento no meio receptor,
quer seja o solo, quer seja uma massa de água, não altere significativamente as
qualidades desse meio.
De um modo geral os tipos de tratamentos de um efluente são quatro. Porém a
necessidade de os utilizar é dependente do tipo e processo de produção das águas a
tratar. Estando envolvidos diferentes tipos de processos, desde os físicos, passando
pelos químicos, físico-químicos, até aos biológicos.
TRATAMENTO PRELIMINAR (Pré-Tratamento)
Neste tratamento pretende-se retirar os constituintes que causam problemas de
manutenção e mesmo operacionais nos equipamentos principais e auxiliares do
processo (por exemplo, as areias e os sólidos grosseiros podem danificar as bombas).
Algumas operações usadas no tratamento preliminar, são a gradagem para remoção de
sólidos grosseiros, a desarenação para remoção de areias, a flutuação para remoção de
grandes quantidades de óleos e gorduras e a homogeneização de caudais.
TRATAMENTO PRIMÁRIO (Fisico-Químico)
Este tratamento permite remover uma fracção de material em suspensão e matéria
orgânica. Esta remoção é conseguida por intermédio de operações físicas e químicas
como a gradagem, a sedimentação, a coagulação/floculação e a flutuação. Após ser
submetido a um tratamento primário, o efluente ainda contém uma quantidade
apreciável de matéria orgânica, daí que este tratamento seja o percursor do tratamento
secundário. As lamas resultantes do tratamento primário são resultantes de lamas
primárias.
TRATAMENTO SECUNDÁRIO (Biológico)
Este tratamento tem como objectivo a remoção da matéria orgânica biodegradável e dos
Sólidos Suspensos Totais (SST), por meio de processos biológicos. Neste tipo de
tratamento, podem ser utilizados dois tipos diferentes de tratamento:
• aeróbicos, onde se pode utilizar, dependendo das características do efluente, tanque de
lamas activadas (o ar é insuflado com arejador de superfície), lagoas arejadas com
macrófitas, leitos percoladores, biodiscos, lamas activadas ou leito móvel;
• anaeróbico, podem ser utilizadas as lagoas ou digestores anaeróbicos.
Os processos biológicos podem ser divididos em processos de biomassa fixa e
processos de biomassa suspensa. Os processos de biomassa fixa, mantêm os
microorganismos ligados (fixos) a um material inerte de enchimento, formando o
chamado biofilme.
Enquanto que os processos de biomassa suspensa mantêm os microorganismos em
suspensão no efluente, por processos de agitação.
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Os métodos mais usados no tratamento biológico de águas residuais são as lamas
activadas, os filtros biológicos (Leitos de Percolação) e os Leitos de Macrófitas
(ETAR de Plantas ou Fito-ETAR). Nesta fase o processo físico-químico é constituído
por um ou mais sedimentadores secundários.
É feita a sedimentação dos flocos biológicos, saindo o líquido, depois deste tratamento,
isento de sólidos ou flocos biológicos.
As lamas resultantes deste tratamento (lamas secundárias) são secas em leitos de
secagem, sacos filtrantes ou filtros de prensa.
Tratamento por Lamas Activadas
No tratamento por lamas activadas a cultura de microorganismos e, em particular das
bactérias aeróbias, é mantida em suspensão no reactor biológico.
A água residual, depois do tratamento primário, permanece no reactor o tempo
necessário para que ocorra a oxidação da matéria orgânica.
De seguida, a mistura é conduzida para um tanque de degradação onde se dá a
separação da fase sólida (lamas biológicas), da fase líquida. Parte das lamas é então
recirculada para o reactor com o objectivo de manter a concentração óptima de
biomassa e as lamas em excesso são retiradas do decantador com recurso a meios mais
ou menos autónomos e conduzidas ao destino final.
O oxigénio indispensável à oxidação da matéria orgânica, é fornecido por recurso a
difusores instalados no fundo do reactor ou por agitadores mecânicos. Também é
fundamental provocar a agitação mecânica da água, para que os microorganismos
permaneçam em suspensão na água residual.
Tratamento por Leitos de Percolação
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No sistema de leitos percoladores, após o tratamento preliminar, o efluente passa pelo
decantador primário até chegar ao leito percolador de enchimento variável. Aqui o
efluente entra num distribuidor rotativo e vai criar no leito de percolação um filme
biológico constituído por um aglomerado de bactérias que fazem a decomposição da
matéria orgânica. Quando o efluente é escoado pode ser feita a recirculação em torno do
leito percolador ou a descarga no meio receptor. No entanto, a recirculação deve ser
feita de preferência a partir do efluente tratado do decantador secundário, pois neste
caso a matéria orgânica encontra-se diluída e, por conseguinte, não ocorre o risco de o
leito percolador sofrer colmatação dos espaços vazios de enchimento (In Naturlink).
Tratamento por Leitos de Macrófitas
Os leitos de Macrófitas, são sistemas biológicos de tratamento de efluentes, em que são
usadas culturas de plantas que ou interactuam directamente com os efluentes ou servem
de suporte a microorganismos que os degradam. Durante a passagem da água residual
através do meio poroso (leito artificial) e pelo meio das raízes e rizomas das macrófitas,
ocorrem fenómenos de filtração, de oxidação-redução, de absorção e de precipitação, de
que resultam uma remoção de nutrientes, azoto e fósforo, conjuntamente com uma
redução dos microorganismos patogénicos.
A utilização de leitos de macrófitas como órgãos de tratamento biológico de efluentes, é
hoje um procedimento regular em efluentes domésticos de pequenas povoações rurais,
condomínios privados, unidades hoteleiras isoladas e similares.
Estas pequenas lagoas artificiais, estanques e de fundo plano, delimitada por taludes, é
impermeabilizada por uma tela de polietileno de alta densidade (PEAD) a aplicar sobre
uma camada de geotêxtil de filamento contínuo e de alta porosidade. A tela encontra-se
protegida ao nível do fundo, com uma camada de areia, sobre a qual é aplicada uma
camada de brita, a que se sobrepõe uma camada de areia e, por fim, uma camada de
terra vegetal, na qual se plantam espécies vegetais arbustivas ou herbáceas.
Do leque de espécies vegetais mais adequadas a um sistema deste tipo, as macrófitas,
dotadas de uma elevada capacidade de evapotranspiração, de boa tolerância a águas de
média salinidade e elevado teor em azoto e capacidade de adaptação a solos de pequena
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espessura, são talvez as que mais vão ao encontro do objectivo do método.
Cabe a estas plantas transportar descendentemente oxigénio para o substrato, que
suportará a actividade metabólica dos organismos aeróbios na depuração. Às raízes e
rizomas cumpre sulcar em constância o substrato, rasgando-o e estabelecendo micro
canais e passagens para impedir a colmatação.Finalmente as plantas participam também
directamente na remoção de alguns nutrientes do efluente (nitratos, fosfatos, sulfatos e
carbonatos), e indirectamente em diversos processos de simbiose e outras interacções
ecológicas, biofísicas e bioquímicas do solo.
TRATAMENTO TERCIÁRIO
Quando se pretende uma água com elevada qualidade (por exemplo, água para
arrefecimento industrial ou para entrada num processo fabril), recorre-se a um
tratamento mais completo - o tratamento terciário. Este consiste no uso de processos de
desinfecção e pode também combinar, além dos tratamentos primário e secundário, os
seguintes processos de depuração: permuta iónica e osmose inversa (para diminuir os
sólidos dissolvidos totais, SDT). Este tipo de tratamento tem por objectivos principais,
para além da remoção da matéria orgânica e SST, a remoção de nutrientes (de forma a
evitar a eutrofização dos meios hídricos), de compostos tóxicos (metais pesados,
detergentes, pesticidas) e de microorganismos patogénicos.
TRATAMENTO DE LAMAS
Todos os processos descritos dão origem a uma mistura de substâncias que são
responsáveis pelo carácter ofensivo das águas residuais, as lamas.
O tratamento de lamas tem como objectivo a redução do seu volume e a sua
estabilização, não sendo este um tratamento habitualmente feito em contínuo, as lamas
necessitam ser armazenadas durante algumas horas ou até mesmo alguns dias, sendo
necessário garantir a sua homogeneização e arejamento de forma a evitar uma
decomposição descontrolada.
Antes de qualquer tratamento, a lama deve sofrer um espessamento para que a sua
consistência aumente. Os processos de espessamento de lamas incluem a sedimentação
por gravidade, a flutuação, a centrifugação e a filtração, sendo os mais usados a
sedimentação e a flutuação.
Após redução do teor em água, a lama deve sofrer uma estabilização. Este processo
pode ser efectuado química ou biologicamente. A cal (Ca(OH)2), é o produto químico
mais utilizado, pois faz com que o pH da lama atinja valores superiores a 12, criando,
deste modo, um ambiente que impossibilita a sobrevivência dos microorganismos e
consequentemente a putrefacção da lama, sem produção de odores (desde que o pH seja
mantido a este nível).
Os processos biológicos usados na estabilização de lamas são a digestão aeróbia, a
digestão anaeróbia e a compostagem. A lama compostada (obtida por tratamento em
condições aeróbias) é um material higiénico, não causa incómodos e é semelhante ao
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húmus, podendo ser usada como um bom condicionador de solos na agricultura.
O destino final das lamas estabilizadas poderá ser a agricultura, se tiver as
características adequadas. No caso de conter produtos químicos resultantes do seu
tratamento, deverão ser depositadas num aterro controlado específico para resíduos
deste tipo.
Os gases deverão ser devidamente controlados e tratados, antes de serem libertados para
a atmosfera pois são poluentes e prejudiciais para a saúde. Utilizações menos comuns
consistem na recuperação de taludes, encerramento de pedreiras e reparação de fendas
no solo.
ETAPAS DO TRATAMENTO DE ÁGUA NUMA ETAR