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I Congresso Internacional Direito Minerário supera expectativas Investimentos ultrapassam nível pré-crise Política Nacional de Segurança de Barragens vira lei Desempenho da mineração em 2010 garante bom resultado da balança comercial brasileira Retrospectiva 2010 Janeiro de 2011 Ano VI - nº 40 Mineração indústria da

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Page 1: Indústria da Mineração nº40

I Congresso Internacional Direito Minerário supera expectativas

Investimentos ultrapassam nível pré-crise

Política Nacional de Segurança de Barragens vira lei

Desempenho da mineração em 2010 garante bom resultado da balança comercial brasileira

Retrospectiva 2010

Janeiro de 2011Ano VI - nº 40Mineração

i n d ú s t r i a d a

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EDITORIAL

EXPEDIENTE | Indústria da Mineração - Informativo do Instituto Brasileiro de Mineração • DIRETORIA EXECUTIVA – Presidente: Paulo Camillo Vargas Penna / Diretor de Assuntos Minerários: Marcelo Ribeiro Tunes / Diretor de Assuntos Ambientais: Rinaldo César Mancin • CONSELHO DIRETOR – Presidente: José Tadeu de Moraes / Vice-Presidente: Luiz Eulálio Moraes Terra • Produção: Profissionais do Texto – www.ptexto.com.br / Jorn. Resp.: Sérgio Cross (MTB3978) / Textos: Flavia Agnello • Sede: SHIS QL 12 Conjunto 0 (zero) Casa 04 – Lago Sul – Brasília/DF – CEP 71630-205 – Fone: (61) 3364.7272 / Fax: (61) 3364.7200 – E-mail: [email protected] – Portal: www.ibram.org.br • IBRAM Amazônia: Av Gov. José Malcher, 815 s/ 313/14 – Ed. Palladium Center – CEP: 66055-260 – Belém/PA – Fone: (91) 3230.4066/55 – E-mail: [email protected] • IBRAM/MG: Rua Alagoas, 1270, 10º andar, sala 1001, Ed. São Miguel, Belo Horizonte/MG – CEP 30.130-160 – Fone: (31) 3223.6751 – E-mail: [email protected] • Envie suas sugestões de matérias para o e-mail [email protected].

Agende sua Participação no

PDAC 2011Os organizadores do maior evento so-

bre exploração mineral do mundo já espe-ram que a participação no Prospectores and Developers Association of Canada (PDAC 2011) deste ano supere o público registrado em 2010, cerca de 22 mil pessoas.

A demanda e os preços de muitas commodities vão refletir em novos projetos e expansão dos atuais, o que mostra rápida recuperação do setor após cortes de cus-tos e de investimentos ocorridos no final de 2008 e em 2009.

O Brasil marcará presença nessa Con-venção anual. O BRASIL PAVILION, es-tande brasileiro no PDAC, é um esforço conjugado entre ADIMB – Agência Para o Desenvolvimento Tecnológico da Indústria da Mineração, IBRAM e Governo Federal. Além da oportunidade de exposição, a área do pavilhão terá duas salas privativas para os empresários que desejarem agendar reu-niões. O País também irá organizar um se-minário para apresentar as oportunidades de investimentos no setor mineral.

Mas, as ações da delegação brasileira irão além do International Convention Trade Show & Investors Exchange. O Brasil irá ofe-recer um café da manhã de confraternização entre os representantes das empresas e auto-ridades brasileiras e estrangeiras.

O PDAC atrai visitantes de mais de 100 países e acontecerá em Toronto de 06 a 09 março deste ano. Para participar deste even-to, deve-se entrar em contato com a ADIMB pelo telefone (61) 3326.0759 ou pelo email: [email protected].

Retrospectiva 2010O ano de 2010 foi marcado pela recuperação do setor mineral. Após um 2009

contaminado pelos reflexos da crise, o que vimos foi a retomada dos investimen-tos, do crescimento mundial, principalmente dos países emergente e dos valores das commodities numa velocidade muito superior à imaginada.

A forte demanda chinesa e os sinais de recuperação da siderurgia europeia impulsionaram a procura por produtos minerais – principalmente o minério de ferro – e também os investimentos no setor. Em 2010, o Brasil bateu o recorde re-gistrado em 2008, quando estavam previstos aportes de US$ 57 bilhões em cinco anos. Já no ano passado, os investimentos anunciados pelas mineradoras saltaram para US$ 62 bilhões até 2014.

Este cenário ainda também permitiu que o setor mineral conseguisse emplacar aumentos nos preços da maioria dos minerais. O minério de ferro, por exemplo, chegou a registrar alta de 81% sobre a cotação média de 2009.

Estas elevações de preço conju-gadas com a retomada do cresci-mento mundial, auxiliaram o Brasil a bater também o recorde do va-lor da produção mineral, atingindo US$ 40 bilhões.

Além disso, o panorama positivo fez da mineração o pilar dos bons re-sultados do País. Pela primeira vez na

história do Brasil, o superávit do setor mineral superou em 35% o valor registrado

pela balança comercial brasileira (US$ 27 bilhões comparado com US$ 20 bilhões, respectivamente).

O mercado interno continua com perspectiva favorável. Além das medidas pelo Governo que permitiram a ampliação de

linhas de crédito, redução das taxas de juros e aumento de investimen-tos em infraestrutura, o País será sede de dois grandes eventos internacionais: a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas em 2016. Estes dois acontecimentos irão demandar altos investimentos em infraestrutura, cenário para o contínuo crescimento da mineração.

Nesta edição do jornal Indústria da Mineração, o leitor poderá rever os acon-tecimentos que marcaram o setor mineral em 2010 e conferir a participação ativa do IBRAM, o que contribuiu para enriquecer ainda mais o desempenho do setor e de seus associados.

Ano VI - nº 40, janeiro de 2011Indústria da Mineração 2

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Em 2010, o Instituto Brasileiro de Mi-neração – IBRAM marcou presença na EX-POMIN. Na ocasião, entre os dias 12 e 16 de abril na cidade de Santiago, no Chile, o Presidente do Instituto Paulo Camillo Var-gas Penna aproveitou a oportunidade para apresentar um panorama geral da situação da mineração brasileira.

Durante o painel “Minería em América, Desafios y Oportunidades”, Paulo Camillo Penna falou sobre o papel do IBRAM na mi-neração nacional e discutiu os rumos que a atividade deverá tomar nos próximos anos no Brasil. O Presidente do IBRAM tratou de te-mas importantes, como a discussão do novo marco regulatório da mineração brasileira.

Outro ponto abordado diz respeito à necessidade de investimentos em pesquisa

IBRAM marca presença na EXPOMINmineral. Ele lembrou que de todo o terri-tório nacional, apenas cerca de 30% foram realizados levantamentos geológicos ade-quados e que, conhecer o potencial bra-sileiro pode abrir grandes oportunidades para a mineração.

Os desafios estruturais e ambientais da mineração brasileira – pontos con-siderados críticos pelo setor – também foram mencionadas na apresentação do Presidente do IBRAM: ausência de uma política mineral consolidada, baixo nível de investigação geológica, alto custo de energia elétrica, insuficiência do sistema de transporte brasileiro, alta carga tribu-tária, deficiente sistema de licenciamento ambiental e criação de áreas protegidas integralmente, sem levar em conta seu potencial mineral, entre outros.

Ele ainda ressaltou que, com o fim da crise, o setor deve retomar o crescimento devido ao aquecimento da demanda mun-dial. Segundo ele, a prova disso foi a ne-cessidade de se realizar duas revisões nas projeções de investimentos para o setor em 2010 devido aos novos projetos anuncia-dos pelas empresas.

A Expomin 2010 teve a participação de 60 mil pessoas durante os cinco dias do evento e comemorou os 200 anos da ativi-dade mineira no Chile. Estiveram presentes representantes de 30 países e mais de cinco mil empresas da mineração mundial, sendo que destas, 1.300 como expositoras. Em sua estrutura, a Expomin 2010 contou com es-paço de 60 mil metros quadrados. Segundo os organizadores, foram movimentados cer-ca de US$ 1,3 bilhão em negócios.

Paulo Camillo Vargas Penna em discurso no EXPOMIN 2010

Indústria da Mineração Ano VI - nº 40, janeiro de 2011 3RETROsPEcTIvA 2010

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Um triplo estudo de caso sobre as ações de responsabiliade social na indústria

da mineração foi iniciado em 2008 pela Ryerson University, do Canadá. O escopo da pesquisa abrange entender o contexto e desafios que empresas de mineração cana-denses encontram ao operarem em paises em desenvolvimento.

Financiado pelo Social Sciences and Humanities Research Council (SSHRC), um equivalente ao CNPq no Brasil, e por Canadian Business Ethics Research Ne-twork (CBERN), o estudo acontece em três paises diferentes (Chile, Brasil e Gana) e conta com o apoio institucional das em-presas Golden Star Resources e Kinross Gold Corporation.

O trabalho, além de investigar e com-preender a estrutura legal do país no que concerne a indústria da mineração, visa também descrever o contexto sócio-econô-mico e por fim oferecer um entendimento da dimensão ambiental e suas nuances.

Em Gana, o estudo acontece nas minas de ouro de Bogoso / Prestea e de Wassa operadas por Golden Star Resources. Os desafios em Gana, similares aos encon-trados nos demais paises em desenvolvi-mento, estão relacionados ao equilíbrio no desenvolvimento de ações de responsabili-dade social que vislumbram o longo prazo

andré Xavier

André Xavier é administrador, professor universitário e cursando para PhD no Departamento de Engenharia de Minas da University of British Columbia em Vancouver, no Canada e o responsável pela condução da pesquisa de campo em Paracatu. [email protected] e [email protected]

Estudo de caso colaborativo em responsabilidade social na indústria extrativa: uma metodologia de perspectivas múltiplas

e ações filantrópicas que objetivam o alívio de necessidades mais imediatas.

Nos Andes chilenos a pesquisa ocorreu em Maricunga, mina de ouro do grupo Kinross Gold. No contexto chileno, as altas atitudes e localização geográfica da mina impõem desafios especifícos para a com-panhia, trabalhadores e comunidade. A possibilidade de escassez de água e o fato de as operações estarem próximas à co-munidades tradicionais exige um esforço elevado da companhia, do governo e das comunidades em encontrar o equilíbrio para seu uso eficiente.

No Brasil a antiga Rio Paracatu Minera-ção (RPM), atual Kinross Paracatu, também colabora com o estudo. No contexto de Paracatu, embora os resultados da pesquisa ainda não sejam conclusivos é válido dizer

que um dos recentes desafios encontrados pela empresa diz respeito a nova expansão da mina já em curso e aprovada pelos or-gãos competentes. Esta expansão, a tercei-ra desde o inicio das operações em 1987, demanda um conjunto de ações visando promover um amplo entendimento por parte da sociedade sobre os impactos e os benefícios que esta nova fase trará, permi-tindo com isso a garantia da continuidade da licença social para operar.

O fato de ser uma mina de céu aberto localizada no coração da cidade e conter um dos menores teores de ouro (0,40 g por tonelada) do mundo conferem à empresa desafios únicos. Por isso a nova expansão que prolonga as operações em Paracatu por mais 30 anos cria um conjunto total-mente novo de necessidades e negocia-ções para a sociedade especialmente para

ARTIgO

Ano VI - nº 40, janeiro de 2011Indústria da Mineração 4

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IBRAM busca aprofundar diálogo sobre novo marco

RETROsPEcTIvA 2010

O novo marco regulatório da mineração foi um dos temas que se fez presente em 2010, em razão de o Governo pretender mo-dernizar a atual legislação.

Para o Presidente do IBRAM, Paulo Camillo Penna, a iniciati-va do Governo vem ao encontro da expectativa do setor. “Existe um avanço significativo que vai transparecendo na construção do marco regulatório em curso: pela primeira vez se cria uma política nacional de mineração, algo que o Brasil nunca teve”, enfatiza.

Um outro ponto que conta com o consenso entre Governo e o setor mineral é a transformação do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) em Agência Nacional de Minera-ção. A perspectiva é que o Estado possa contar com um órgão que atenda à dinâmica da atividade e possa dar velocidade à demanda atual e prestar serviços com maior qualidade. A di-reção da agência de mineração teria mandato e seria sabatina-da pelo Senado. “Agência é um modelo mais adequado para se trabalhar”, diz o Diretor de Assuntos Minerários do IBRAM, Marcelo Ribeiro Tunes.

O novo marco regulatório também sugere a criação de um Conselho Nacional de Política Mineral, a exemplo do que existe no setor energético. Trata-se de um órgão de assessoramento do Presi-dente da República que terá como integrantes Ministros de Estado e traçará a política de mineração do País. Mas o IBRAM reivindica que haja garantia da presença do setor produtivo no Conselho.

Há, no entanto, pontos que precisam de mais atenção e apro-fundamento do diálogo, como a questão relacionada à limitação do prazo de lavra no País para 35 anos. Paulo Camillo Penna alerta que o estabelecimento do prazo não traz segurança para que em-presas possam investir em uma atividade de custos elevados com retorno financeiro a longo prazo. “Este é o setor privado que mais investe no Brasil”, lembra o Presidente do IBRAM. Outra questão se refere a proposta de tornar exclusiva a atividade de pesquisa mineral para empresas.

A reivindicação do setor produtivo de aprofundar o diálogo com o Governo visa dar mais celeridade ao trâmite das propostas no Congresso Nacional, além de buscar garantir um documento que promova o desenvolvimento da atividade mineral e do Brasil.

as comunidades circunvizinhas à mina imediatamente afetadas pela expansão.

Neste contexto além de ações mitigatórias a empresa envolve-se em várias frentes tanto de caráter mais imedia-tista como o apoio a projetos específicos a exemplo da des-tinação de recursos para o melhor aparelhamento do aero-porto local, como também ações que possam ter influência positiva no longo prazo, a exemplo do Plano Paracatu 2030 que, captaneado pela ADESP (Agencia de Desenvolvimen-to Sustentável de Paracatu), uma organização formada por empresários e dirigentes de empresas locais, busca o desen-volvimento de um plano vislumbrando o desenvolvimento sustentável do município.

O estudo de caso no Brasil contou com uma rodada preliminar de entrevistas no ano de 2009 e entre julho e se-tembro de 2010 conta com uma segunda etapa. A pesquisa de campo busca, sobretudo, apreender através de entrevis-tas e questionários a percepção dos diversos stakeholders sobre as dimensões social, econômica e ambiental.

Nestes três estudos de caso o papel destas empresas é o de facilitar o acesso a informações para a viabilização dos trabalhos provendo dados históricos e detalhes sobre suas performances nas áreas de escopo da pesquisa, bem como os diversos desafios encontrados em suas operações ao lon-go de suas histórias.

O projeto adota em sua metodologia a participação e colaboração de estudiosos e especialistas do Canada, e de experts dos países onde os estudos de caso acontecem; acredita-se que esta metodologia possa conferir maior credibilidade e ampla visão sobre as diversas questões que o estudo engloba.

No que concerne a metodologia um time de experts constituído por professores, representantes de organiza-ções não governamentais, institutos, são os revisores do relatório e conferem baseado em suas diferentes forma-ções, visões e papéis dentro da sociedade, feedbacks e sugestões para o aprimoramento do trabalho e sobretudo para buscar uma visão equilibrada e imparcial sobre os resultados encontrados.

A versão final do estudo de caso que acontece no Brasil tem previsão de estar disponível até o final deste ano no site da Ryerson University http://www.ryerson.ca/csrinstitu-te/current_projects/CSR_Case_Study_Pilot.html

É relevante ressaltar a grandiosa importância de parce-rias desta natureza, pois insights para o progresso e o apri-moramento tanto teoria como das práticas em responsabi-liade social na mineração podem advir de exercícios deste tipo. Além disso, contribui como sendo mais um veículo de governança corporativa, pois práticas organizacionais em-presariais são expostas à público conferindo mais um canal de transparência organizacional.

Indústria da Mineração Ano VI - nº 40, janeiro de 2011 5

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EXPOSIBRAM Amazônia 2010 reforça importância da mineração no norte do País

A EXPOSIBRAM Amazônia 2010 e o II Congresso de Mineração da Amazônia que aconteceram em novembro último, em Be-lém (PA), consagraram a indústria mineral no norte do País. Cerca de 6 mil pessoas re-gistraram presença. Os eventos consolida-ram a preocupação do setor em promover a sustentabilidade.

De acordo com o Presidente do IBRAM, Paulo Camillo Penna, o setor mineral de-senvolve uma nova era de compromisso com o meio ambiente, pois a condução dos negócios atendendo às exigências da competitividade local e global, ao mesmo tempo em que contempla preceitos de

uma produção sustentável, representa um dos grandes desafios da atividade.

“A atividade vem intensificando suas ações no campo da responsabilidade social e do desenvolvimento sustentável, incorpo-rando cada vez mais esses conceitos em suas estruturas de governança e de operações”, destacou Camillo Penna.

O então Ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, também presente à abertura, reforçou a preocupação do setor com a sustentabilidade. Segundo ele, o futu-ro da mineração no mundo só existe a par-tir de ações socioambientais responsáveis.

Cerimônia de abertura da EXPOSIBRAM Amazônia 2010

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Público visita estandes da EXPOSIBRAM Amazônia 2010

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“É claro que o setor, como diversos outros da economia brasileira, tem que se adap-tar ao aumento dos requisitos ambientais que a sociedade brasileira exige. A mine-ração do futuro ou é com qualidade am-biental ou não existirá”, afirmou.

Desenvolvimento Tecnológico

A EXPOSIBRAM Amazônia 2010 também mostrou como a tecnologia pode ser grande aliada das minerado-ras, afim de garantir melhores práticas produtivas nas comunidades onde es-tão inseridas. A adoção de recursos e procedimentos tecnológicos nas plantas industriais contribui, inclusive, para a redução dos passivos ambientais.

Os recursos destinados para o de-senvolvimento tecnológico também garantem uma produção com maior qualidade, além de melhorar a produti-vidade e a competitividade das minera-doras brasileiras no cenário internacio-nal. Um dos exemplos de como o uso das soluções tecnológicas incrementou a produção se deu com a separação de minérios para atender às necessidades mercadológicas.

cenário Econômico

Em termos de perspectivas eco-nômicas, os eventos mostraram que a tendência é de manutenção do aque-cimento do mercado. Um dos motivos para tal é o crescimento da China. Mas para manter os resultados registrados, o Brasil deve superar alguns desafios. “É preciso investir na infraestrutura de transporte, mão de obra e mineração em terras indígenas. O Brasil também não é um grande investidor em pesqui-sas, isso se mostra no pouco percentual de mapeamento mineral do País”, des-tacou o Gerente de Dados Econômicos do IBRAM, Antônio Lannes.

Durante os quatro dias, a EXPOSI-BRAM Amazônia 2010 registrou a parti-cipação de 500 congressistas e 160 alu-nos nos workshops do II Congresso de Mineração da Amazônia, voltado para profissionais que atuam de forma direta e indireta na atividade minerária.

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Presidente do IBRAM, Paulo Camillo Vargas Penna, Ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, Governadora do Estado do Pará, Ana Julia Carepa, Senador Flexa Ribeiro

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Palestra de Marcelo Mello

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Público visita estandes da EXPOSIBRAM Amazônia 2010

Indústria da Mineração Ano VI - nº 40, janeiro de 2011 7RETROsPEcTIvA 2010

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No ano de 2010 foi possível verificar a recuperação dos níveis de investimentos e dos preços dos produtos minerais, o que reaqueceu o setor. Com os bons resultados, o IBRAM percebeu a existência de tentati-vas para que recaia sobre a mineração uma carga de tributos e de encargos ainda maior do que a já existente, o que influenciaria a atividade de forma negativa.

Diante deste problema, o trabalho do Instituto junto ao setor público foi reali-zado nos últimos anos de maneira a não prejudicar a competitividade da indústria mineral. Algumas autoridades, inclusive, já aceitam que qualquer elevação de tributos ou encargos seja acompanhada de redu-ção em outros, de forma a compensar um eventual aumento.

Além desta questão, que se fez bastante presente no ano passado, o IBRAM se de-parou com a instituição de um novo marco regulatório, tema dominante nos últimos 12 meses. Após intensa negociação com o Ministério de Minas e Energia, o Instituto integrou o grupo de discussão relativo à matéria. Mas a principal vitória para a in-dústria da mineração foi a profunda mu-dança entre o texto originalmente sugerido

pelo MME e a proposta apresentada ao se-tor produtivo em fevereiro de 2010.

O IBRAM ainda teve participação nos trabalhos realizados no Congresso Nacional que aprovou a Política Nacional de Recur-sos Sólidos. A primeira proposta da nova lei apresentava significativos riscos à mineração. Ao constatar os problemas apresentados no texto, o IBRAM apresentou cinco sugestões de alteração. Destas, quatro foram acatadas integralmente pelo relator, o que tornou a nova lei mais favorável ao setor.

O Instituto também obteve destaque nas atuações junto ao Senado Federal, a partir de participações nas Comissões de Serviços de Infraestrutura e de Constituição e Justiça, e na Câmara dos Deputados, especialmente na Comissão de Minas e Energia.

Entretanto, as ações do IBRAM no cená-rio político não se restringiram ao Congres-so. Neste contexto cabe destacar a melhoria da interação do setor produtivo com os Mi-nistérios da Defesa, das Relações Exteriores (MRE), Meio Ambiente (MMA) e de Minas e Energia (MME), sem deixar de mencionar os Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), Secretaria de Assuntos

Mineração estreitou relações com setor públicoEstratégicos da Presidência da República e a participação do Instituto no programa Ama-zônia Azul, conduzido pela Marinha.

Um dos resultados mais expressivos rela-cionados à interação com o MMA e o MME foi a viabilização de toda a legislação que dá suporte à supressão das cavidades naturais (cavernas), tema que vinha se prolongando há muito tempo.

Outros Destaques

O estreitamento das relações do IBRAM com o Executivo atingiu inclusive a Advo-cacia-Geral da União. O principal destaque desta aproximação foi o Congresso Interna-cional de Direito Minerário, realizado em junho de 2010. O encontro reuniu vários representantes das carreiras jurídicas do Estado e teve uma boa repercussão, de tal modo que o Instituto se programa para rea-lizar a segunda edição.

A partir desta parceria, da qual também participa o Departamento Nacional de Pro-dução Mineral (DNPM), os juristas partici-pantes se aproximaram à realidade das in-dústrias da mineração, enaltecendo a esse público os pontos fundamentais do setor.

A Direção do IBRAM se fez presente em 2010 em várias discussões de interesse do setor mineral

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Ano VI - nº 40, janeiro de 2011Indústria da Mineração 8 RETROsPEcTIvA 2010

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Desempenho da mineração em 2010 garante bom resultado da balança comercial brasileira

O desempenho da mineração no ano de 2010 foi surpreendente para o próprio setor. No ano seguinte à crise econômica mundial, todos esperavam uma recuperação mais contida. No entanto, o que se viu foram grandes investimentos impulsionados pela demanda chinesa e também pela retomada do crescimento europeu.

“Recuperamos de maneira siginificativa o enfraquecimento do desempenho que tivemos em 2009 por conta da crise finan-ceira”, afirma o Presidente do IBRAM, Paulo Camillo Penna.

Em 2010, o setor não só recuperou a que-da de 14% na produção entre 2008 e 2009, como ultrapassou o recorde alcançado em 2008, quando foi registrado US$ 28 bilhões. O valor da produção de todos os produtos minerais, exceto petróleo e gás, atingiu a marca de US$ 40 bilhões em 2010.

Esse resultado ajudou o setor a registrar uma marca histórica. Pela primeira vez, o superávit da balança comercial da minera-ção superou o saldo da balança comercial brasileira. O salto no preço do minério de ferro e a elevada demanda internacional, es-pecialmente em países emergentes, impul-sionaram as vendas externas do produto em 2010, o que levou as exportações a supera-rem as importações em US$ 27,6 bilhões. Enquanto isso, a balança comercial brasileira fechou 2010 com um saldo positivo de US$ 20,3 bilhões, segundo informação divulga-das pelo Ministério do Desenvolvimento In-dústria e Comércio Exterior (MDIC).

O principal fator para o boom no superá-vit do setor mineral foram os recentes reajus-tes do preço do minério de ferro, que desde abril são trimestrais – até então, eram anuais. Em 2010, o preço médio do mercado spot (à vista) chinês, referência para os contratos das mineradoras, é de US$ 145 a tonelada, segundo o IBRAM, alta de 81% sobre a cota-ção média de 2009 (US$ 80).

Entre os principais compradores do miné-rio brasileiro está a China, que este ano deve

responder por 48% de nossas exportações, seguida do Japão (12,4%). Camillo Penna enfatiza, porém, que o peso da China, que chegou a comprar 56,4% do minério brasi-leiro, tende a baixar com a recuperação dos países europeus. Como é o caso da Alema-nha, outro importante importador, que teve sua fatia ampliada de 4,1% em 2009 para aproximadamente 6,8% no ano passado.

Entretanto, o superávit do setor mi-neral seria maior se não fosse a elevada dependência externa em carvão mineral

e potássio. Juntos, estes responderam por 74% das importações em 2010, ou seja, US$5,7 bilhões.

Apenas a compra do carvão registrou um aumento de 64% em 2010, quando compa-rado com 2009. Mas, segundo o Presiden-te do IBRAM, não há muito a se fazer nes-te caso. O carvão encontrado no Brasil é o chamado energético, usado na geração de energia térmica. Já o siderúrgico, essencial à produção do aço, é raro por aqui.

No caso do potássio, usado na produção de fertilizantes, o País pode reduzir essa de-pendência externa. Para isso é preciso um investimento maior em pesquisa geológica mineral e redução da carga tributária.

“Só conhecemos adequadamente, do ponto de vista geológico, cerca de 30% do território nacional. E só recebemos 3% do investimento privado global em pesquisa mi-neral em 2009. Além disso, temos a maior carga tributária mundial para o potássio” lembra Camillo Penna.

entre os principais compradores do minério brasileiro está a china,

que este ano deve responder por 48% de nossas eXportações,

seguida do Japão (12,4%).

Indústria da Mineração Ano VI - nº 40, janeiro de 2011 9

Evolução da Produção MinEral BrasilEira (valorEs us$ BilhõEs)

Não incluídos Petróleo e Gás

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Anos

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15

20

25

30

35

80 82 84 86 88 90 92 94 96 98 00 02 04 06 08 09 10

2010 = US$ 40 BilhõeS

Aumento de 67%

em 2010 A PmB AlcANçoU US$ 40 BilhõeS, Um Novo recorde

40

Variação 2000/2008 = 250%

2008 = US$ 28 BilhõeS

Variação 2008/2009 = -14%

2009 = US$ 24 BilhõeS

RETROsPEcTIvA 2010

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(1 a 5) Apresentação piloto da mostra itinerante “Isto é Mineração”; (6 e 7 ) Público prestigia I Congresso Internacional de Direito Minerário e 6º CBMina, respectivamente; (8) Presidente do IBRAM, Paulo Camillo Vargas Penna, e Ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, em audiência pública no Congresso Nacional; (9) Público se inscreve no 6º CBMina; (10) Delegação chinesa em visita ao IBRAM; (11) Reunião do Conselho Diretor do IBRAM; (12) Oficina sobre Refis Mineral realizada na sede do IBRAM; (13) Gerente de Assuntos Ambientais do IBRAM, Cláudia Salles, participa do 6º CBMina.

Ano VI - nº 40, janeiro de 2011Indústria da Mineração 10 RETROsPEcTIvA 2010

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Indústria da Mineração Ano VI - nº 40, janeiro de 2011 11RETROsPEcTIvA 2010

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Os investimentos anunicados pela indústria da mineração para o período 2010-2014 bateram recorde: US$ 62 bi-lhões. Foi o que revelou levantamento re-alizado pelo IBRAM junto às mineradoras do País. Este valor é 14,81% maior do que o registrado no último estudo, em abril de 2010, quando os recursos chegaram à cifra de US$ 54 bilhões.

O principal destino desses aportes fi-nanceiros será o minério de ferro, 63,27% do total previsto para os próximos 5 anos. A forte demanda chinesa e os sinais de re-cuperação da siderurgia europeia impulsio-naram a procura pelo produto. Este cenário ainda permitiu que o setor conseguisse em-placar um aumento de 100% no preço do insumo comercializado em novos contra-tos, o que contribuiu para que o País bates-

Investimentos ultrapassam nível pré-crisese também o recorde em valor da produção mineral, atingindo US$ 40 bilhões.

As previsões do IBRAM mostram que o segundo setor que deve receber mais inves-timentos é o da cadeia de alumínio (alumi-na, bauxita e alumínio) com US$ 8,187 bi-lhões (13,2%); seguido do níquel, com US$ 6,176 bilhões (9,96% do total).

Segundo o Gerente de Dados Econô-micos do IBRAM, Antônio Lannes, a pers-pectiva de crescimento da economia mun-dial, especialmente dos países emergentes, incentiva as companhias a investirem mais para ampliar o potencial de produção. “A China precisa desenvolver de uma forma muito rápida toda a infraestrutura das ci-dades, pois a população está cada vez mais urbana. Para se ter uma ideia, os chineses

consomem 50% da produção mundial de minério de ferro. A tendência é que este consumo seja cada vez maior”.

O bom desempenho na produção refle-tiu no saldo comercial do setor mineral. Em 2010, o resultado da mineração superou o da balança comercial, e só não foi melhor devido ao peso das importações insumos de fertilizantes e de carvão mineral.

De acordo com o Minstério do Desen-volvimento, Indústria e Comércio, as ex-portações do setor mineral registraram US$ 35,3 bilhões no ano passado – sendo 81% provenientes apenas do minério de ferro – e as importações chegaram a US$ 7,7 bi. Com isso, o saldo da mineração atingiu US$ 27,6 bilhões, enquanto a balança comercial brasileira não passou de US$ 20,3 bi.

Ano VI - nº 40, janeiro de 2011Indústria da Mineração 12

Fonte: iBrAm

invEsTiMEnTos no sETor MinEral 2010 a 2014

Em bilhões de US$

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Paulo Camillo Vargas Penna participa do PDAC 2010

A mineração brasileira se fez presente na edição 2010, da International Convention Trade Show & Investors Exchange – PDAC 2010 (Prospectors and Developers Association of Canada), realizado em Toronto, no Canadá, entre os dias 7 e 10 de março.

O evento reúne anualmente os mais ex-pressivos representantes em prospecção e pesquisa geológica, exploração e desenvol-vimento mineral. No total, contabiliza-se mais de 400 expositores e uma média de 20 mil visitantes de representativos países pro-dutores e exportadores de bens minerais.

Segundo especialistas do setor, o PDAC é uma grande vitrine, tanto para as empresas já consolidadas, como para aquelas que bus-cam referências, investimentos ou parcerias, com destaque para as empresas juniors. É um fórum abrangente, onde se podem ava-liar tendências e medir a diretriz de investi-mentos das maiores corporações da indús-tria mineral em escala global.

Representaram o IBRAM o Presidente Paulo Camillo Vargas Penna e o Diretor de Assuntos Minerários, Marcelo Ribeiro Tunes.

Estande brasileiro: BRAsIL PAvILION

O BRASIL PAVILION, estande brasileiro no PDAC, foi resultado de um esforço con-jugado entre IBRAM e da ADIMB - Agência Para o Desenvolvimento Tecnológico da Indústria da Mineração Brasileira que coor-

Brasil marca presença no PDAC 2010

denaram a montagem do Pavilhão e o en-vio da comitiva brasileira, que contou com 58 representantes de várias empresas e do Governo Federal.

A participação brasileira no PDAC 2010 teve como objetivos promover o setor mi-neral brasileiro, divulgar o potencial e opor-tunidades de exploração mineral e apre-sentar a legislação e as ações de fomento do Governo à atividade. Além disso, o Pavi-lhão forneceu uma infraestrutura capaz de

possibilitar contatos e reuniões das empre-sas patrocinadoras com as instituições es-trangeiras da mineração mundial, propor-cionando, assim, excelentes oportunidades de negócios.

O Pavilhão Brasil 2010 ocupou um espa-ço de 185 m2 e contou com apoio de 21 pa-trocinadoras por meio de cotas previamente estabelecidas pelas entidades organizadoras. Cerca de 22 mil pessoas passaram pelas ins-talações do PDAC no ano passado.

ADIMB e IBRAM viabilizam a montagem do Pavilhão

Brasil no International Convention Trade Show

& Investors Exchange para divulgar o potencial e as

oportunidades que o setor mineral brasileiro oferece

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Cerca de 300 profissionais do Direito e da mineração marcaram presença no I Con-gresso Internacional de Direito Minerário, realizado no Hotel Pestana, em Salvador (BA), entre os dias 7 e 9 de junho de 2010. O evento teve como objetivo reunir a inicia-tiva privada e o setor público para debate-rem as experiências do Brasil e de outros pa-íses em relação à mineração e sua inserção no desenvolvimento socioeconômico.

O Congresso foi realizado a partir da ini-ciativa do IBRAM, em parceria com o De-partamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e com a Escola da Advocacia-Geral da União – EAGU.

Assim como outros ramos que também se relacionam com atividades econômicas, o Direito Minerário Brasileiro demanda permanente acompanhamento em fun-ção do seu dinamismo próprio, oriundo das evoluções da conjuntura econômica e social do País.

Para que isso ocorra é necessário ampliar a interação e os debates entre Governo, empresas e sociedade de modo a criar um ambiente jurídico favorável para atrair in-vestimentos e estimular o desenvolvimento de um setor que é responsável por amplo percentual do saldo positivo da balança co-mercial brasileira.

Os congressistas participaram de pales-tras e oficinas de temas estratégicos, ela-borados com o intuito de debater as prin-cipais demandas da mineração brasileira. Foram abordados assuntos como royalties, fechamento de mina e recuperação de mi-nas órfãs, as perspectivas da legislação am-biental brasileira, licenciamento ambiental para as áreas de mineração, a gestão de recursos hídricos, a lavra ilegal e a apreen-são de bens minerais, entre outros.

Na abertura, o I Congresso Internacio-nal de Direito Minerário recebeu, entre ou-tras autoridades, o Governador da Bahia, Jaques Wagner, e o Senador Demóstenes

I Congresso Internacional de Direito Minerário supera expectativas

Abertura do I Congresso Internacional de Direito Minerário

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Torres, então Presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Sena-do Federal. Ambos deram destaque à im-portância da mineração para o Brasil e aos desafios que o Pais deverá enfrentar nos próximos anos relativos à mineração.

O Governador Jaques Wagner, durante a cerimônia, destacou a importância da re-alização do Congresso na Bahia, uma vez que o Estado vem crescendo e se firman-do no cenário nacional da mineração. “A política mineral da Bahia tem privilegiado investimentos em pesquisa geológica e oferta pública (licitações) de áreas para a mineração. Queremos que o empresário interessado em investir no nosso Estado encontre facilidades”, disse.

O Senador Demóstenes Torres, decla-rou que a próxima legislatura (em 2011) terá entre alguns desafios o de discutir o novo padrão para a exploração mineral no Brasil. “O Senado vai votar projeto que cria cargos para especialistas na AGU e, entre eles, os relacionados à área de mi-neração. Isso é visão do Estado, que se prepara para a discussão sobre o futuro do setor”, afirmou.

Outro ponto relevante da abertura foi a Aula Magna conduzida pelo ex-Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Car-

los Mário Velloso, que fez um histórico do processo regulatório da mineração de 1934 até os dias atuais.

O Ministro lembrou que a mineração é uma atividade econômica básica para que o Estado possa realizar o bem-estar social e encontra cada vez maior espaço nas constituições. Além disso, Carlos Velloso disse ser necessário levar em conta as par-

ticularidades da atividade mineral princi-palmente em relação as interferências que produz no meio ambiente. “A mineração é uma atividade essencial para o desen-volvimento do País. Como ela produz um certo impacto ambiental, é preciso buscar soluções para que estas duas atividades, aparentemente antagônicas, convivam em harmonia na nossa sociedade. Este é um papel que deve ser desempenhado pelo Estado para garantir o desenvolvimento da mineração e a preservação do meio am-biente”, disse Velloso.

Além disso, Carlos Velloso afirmou a necessidade da atualização da legislação ambiental, uma vez que as normas vigen-tes foram implementadas há mais de 40 anos. “Devemos rever alguns pontos que evoluíram na prática mas não na lei. São exemplos disso a legislação referente às cavidades naturais subterrâneas, a questão ambiental, as regras de aplicação da CFEM e as regras de concessão ou autorização de exploração e pesquisa de áreas a serem mineradas”, disse.

O IBRAM ressalta que a expectativa dos organizadores desse inédito conclave foi superada e suas conclusões certamen-te irão se transformar em efetivas contri-buições ao aperfeiçoamento da legislação minerária, bem como da atuação dos go-vernos perante o setor mineral.

Senador Demóstenes Torres marca presença no Congresso

Público prestigia Congresso Internacional de Direito Minerário

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Page 16: Indústria da Mineração nº40

Política Nacional de Segurança de Barragens vira lei

Setembro foi marcado pela sanção da Lei 12.334/2010, que estabelece a Política Nacional de Segurança de Barragens, por parte do então Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O texto trata das barragens destinadas à acumulação de água para quaisquer usos, à disposição final ou temporária de rejeitos e à acumulação de resíduos industriais.

A Lei define, com propriedade e em tempo, considerando-se os impactos desses empreendimentos sobre a população afetada, re-sidentes a montante e jusante, as responsabilidades dos atores en-volvidos, detalhando os papeis do empreendedor e a quem caberá garantir os recursos necessários à segurança de barragens – e dos órgãos fiscalizadores, estaduais e federal.

A nova Lei passa por uma etapa de regulamentação em que serão discutidos e normatizados os critérios técnicos referentes aos empre-endimentos de barragem. Em seguida os empreendedores terão um prazo de dois anos para se adequarem às novas normas, ao longo do qual deverão submeter à aprovação dos órgãos fiscalizadores rela-tório especificando as ações e o cronograma para a implantação do

Plano de Segurança da Barragem. Todo este processo será acompa-nhado pelos órgãos responsáveis pela outorga dos empreendimentos, inclusive os órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente - Sisnama, e envolve também a confecção de docu-mentos por parte do empreendedor, como o plano de segurança de barragens e de um plano de ação de emergência.

Com isso, o empreendedor da barragem será o responsável legal pela segurança da obra. Já a fiscalização da segurança das barragens caberá à entidade que outorgou o direito de uso dos recursos hídricos, exceto para fins de aproveitamento hidrelétrico. Também ficará a cargo da fiscalização a entidade que concedeu ou autorizou o uso potencial hidráulico quando se tratar de uso para fins de geração de energia.

O órgão fiscalizador deverá implantar o cadastro das barragens, cuja fiscalização está sob sua responsabilidade, em um prazo de dois anos. Os empreendedores de barragens também terão prazo de dois anos, para submeter à aprovação dos órgãos fiscalizadores relatório especificando as ações e cronograma para a implantação do Plano de Segurança de Barragem.

Barragem Gelado

Barragem Pontal

Barragem ItabiruçuFo

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A parceria e a interação entre o Governo, as empresas de mineração e a Academia é uma forma eficiente de garantir mão de obra qualificada para o crescimento e o desenvol-vimento da atividade minerária no Brasil. O VI CBMina – Congresso Brasileiro de Mina a Céu Aberto, Congresso Brasileiro de Mina Subterrânea e Workshop Fechamento de Mina, que o IBRAM realizou em Belo Hori-zonte, de 3 a 5 de agosto, reafirmou os bons frutos que esta relação pode gerar.

Foram apresentados mais de 100 tra-balhos, por profissionais e estudantes, com excelente qualidade técnica, baseados em projetos de grandes empresas ou em ini-ciativas capazes de aperfeiçoar os proces-sos de lavra, tanto em mina a céu aberto quanto subterrânea, preservação da natu-reza, melhor utilização de recursos hídri-cos, entre outros.

A tônica da declaração do Presidente do IBRAM, Paulo Camillo Vargas Penna, na abertura do evento, foi investir em novos profissionais para garantir o crescimento da mineração brasileira, o que deve ser o foco do Governo, Academia e das empresas, ou seja, para incentivar a capacitação e qualifi-cação de mão de obra para o setor.

Paulo Camillo lembrou que estamos vi-venciando um boom do setor de minerais, com aumento de investimento, produção e consumo. Ele destacou a necessidade de se reverter a escassez da mão de obra da mi-neração brasileira. “No Brasil formam-se 30 mil profissionais de engenharia por ano, o que ainda é insuficiente. Na Coreia do Sul esse número chega a 80 mil, na China 150 mil e na Índia 350 mil”. Além disso, segun-do o Presidente do IBRAM, o Brasil tem seis engenheiros para cada mil pessoas da população economicamente ativa, número que chega a 18 em outros países líderes da mineração mundial.

Segundo ele, ações desenvolvidas por empresas voltadas à capacitação conjuga-

CBMina ressalta trabalho em conjunto para garantir qualificação de profissionais

das com bolsas de formação para especia-listas têm ajudado na redução da desva-lorização profissional do setor. “Este País tem em quantidade e qualidade um dos maiores patrimônios minerais do planeta, que garantirá seu crescimento sustentável. É preciso que governos se conscientizem da maior necessidade de apoio ao setor, fo-cando, entre outros aspectos, a formação e a reciclagem de profissionais”.

Outros desafios da mineração do sécu-lo XXI também foram discutidos. Uma das questões foi a crise econômica e a reação do setor minerário no Brasil. Walter Lins Arcoverde, do Departamento Nacional da Produção Mineral – DNPM, apontou como uma das consequências imediatas o recuo de preço das commodities, principalmen-te das cotadas em bolsa, como cobre, alumínio e chumbo. Para ele, a redução da atividade econômica realimentou essa redução. “Além disso, como a mineração está no início da cadeia produtiva, foi a

primeira a ser afetada”, disse. Ele avalia que a expansão da construção civil foi um dos fatores que garantiram a suavidade da crise no Brasil.

Outro tema tratado focou o ambiente re-gulatório no País. Marcos Gonçalves, CEO da Codelco, ressaltou que é preciso instrumen-talizar o setor no que concerne ao seu ma-peamento básico, criando regras estáveis.

A questão da sustentabilidade não foi deixada de lado. O Professor da Escola Po-litécnica da USP, Luiz Enrique Sánchez, res-saltou que é preciso pensar na expansão da produção, que ocorre tanto pelo aumento do número de minas quanto pelo aprovei-tamento maior de minérios de baixo teor. Neste cenário, ponderou que a mineração deve ser ainda mais contestada pelos di-versos stakeholders nas próximas décadas. “É preciso refletir qual contribuição efetiva as empresas deixarão para as comunidades em que atuam”.

Talk show discute os desafios da mineração no século XXI Público prestigia CBMina

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Em Barcarena, região do Baixo Tocantins no Pará, a Imerys dá exemplo sobre a importância de investir para formar uma cultura de segurança. A Academia de Segurança da empresa mostra que prevenção também se aprende.

Em qualquer empresa a adoção de prá-ticas de segurança e saúde no trabalho é fundamental para proteger a integridade e a capacidade de trabalho do colaborador. Além disso, permite que haja organização, aumentando a produtividade e a qualidade

Segurança no Trabalho:

Imerys desenvolve

Academia de Segurança

dos produtos, melhorando as relações hu-manas e cumprindo, ainda, o atendimento à legislação. Não é só! O custo de um aci-dente pode trazer inúmeros prejuízos à em-presa. Afinal, são encargos com advogados e perdas de tempo e materiais, podendo comprometer a produção. Mas não basta apenas usar equipamentos como óculos de proteção, coletes, cintos salva-vidas, lu-vas de proteção e sinais de advertência. É preciso ter consciência sobre os riscos de qualquer atividade e estar preparado para prevenir acidentes.

Seguindo esta orientação global, a Imerys mantém investimentos constantes. Prova disso é a criação de um novo espaço para treinamentos industriais em seguran-

ça. A Academia de Segurança funciona na planta industrial da empresa, em Barcare-na. As atividades começaram em janeiro e já foram realizados treinamentos em análise de risco para supervisores e líderes de equipes, cursos para a CIPA, além das reuniões e integrações de segurança para os colaboradores.“Todos que participam ficam surpresos com o espaço. Realmen-te, temos reunidas na academia todas as ferramentas que precisamos para preparar as pessoas na prevenção de riscos”, come-mora a técnica em segurança do trabalho Regina Pinheiro.

O espaço possui todos os cenários e equipamentos necessários para a capaci-tação em prevenção de acidentes e situa-ções de risco sem que os participantes dos cursos precisem ir para a área de produção da fábrica para simular as situações a serem treinadas. É como um laboratório de segu-rança, onde as pessoas podem aprender na teoria e na prática com sala de aula equipa-da para até 20 alunos.

Na academia, há uma torre de para prá-ticas de trabalho e resgate em altura e um tanque que permite o treinamento de res-gate e remoção de vitimas em caso de aci-dentes em espaço confinado. Outro cenário simulado é para o bloqueio de equipamen-tos e energia perigosa, atendendo todos os requisitos da NR-10 e procedimentos glo-bais do grupo Imerys.

A Academia vai oferecer uma vasta gama de cursos técnicos e workshops para área de segurança no trabalho, saúde e meio

Projeto Academia Segura

Projeto Academia Segura

Asco

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Ano VI - nº 40, janeiro de 2011Indústria da Mineração 18

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ambiente. “Este Centro vem comprovar o compromisso da Imerys com a segurança, queremos que a preocupação com a segurança seja parte da cultura da empresa e de todos os seus colaboradores. Para isso, a empresa investe sempre e cada vez mais no intuito de conscientizar os profissionais da área industrial a importância da prevenção de acidentes no traba-lho, com o uso de EPI’s, conhecimento de Normas (NBR’s) e procedimentos seguros”, conclui André Guedes, superinten-dente de segurança, saúde e meio ambiente.

Inicialmente, as atividades da Academia de Segurança serão direcionadas aos colaboradores e empregados terceirizados. Mas a meta é envolver também a comunidade. “Esse espaço é para os colaboradores, para os terceirizados e para qualquer treinamento que a gente queira fazer em conjunto com a co-munidade, seja em cursos sobre segurança doméstica ou para as escolas que fazem visitas à empresa. É um espaço aberto em que a gente quer dividir e melhorar o conhecimento em segurança”, garante André Guedes. “É ótimo saber que a gente vai poder transformar a vida das pessoas, fazendo com que elas sejam cada vez mais conscientes, com conhecimento técnico e prático, influenciando o comportamento delas para ter uma vida mais segura”, conclui.

Projeto Academia Segura

Indústria da Mineração Ano VI - nº 40, janeiro de 2011 19segurança e saÚde

BALANçO: CONHEçA RESULTADOS DAS AçõES DO MINERAçÃO EM 2010

O Programa MINERAçÃO – Programa Especial de Segu-rança e Saúde Ocupacional (SSO) na Mineração – en-cerrou em 2010 a primeira fase de um projeto que veio para ficar. Nos últimos três anos de trabalho produziu 16 temas técnicos relacionados à ocorrência de acidentes no setor mineral.

Todas as ações visaram atingir o objetivo principal do Pro-grama – redução do número de acidentes de trabalho na mineração. Para isso foi necessário criar uma série de me-didas como informatização de todo o sistema por intermé-dio de banco de dados de acidentes e questionários de avaliação; programas de treinamento; intercâmbio de boas práticas, dentre outras.

Um dos grandes frutos colhidos pelo MINERAçÃO foi a criação do GESST – Grupo Estratégico de Saúde e Seguran-ça do Trabalho, formado por representantes voluntários de empresas mantenedoras, que além de assistir ao Programa também subsidia o IBRAM em assuntos de SSO.

Mas as ações foram além da estruturação técnica. A atua-ção do Programa também atingiu de forma agressiva a área de comunicação, resultando em um acréscimo de 48% de novas adesões no ano de 2010, com o total de empresas mantenedoras tendo saltado de catorze para vinte.

Em 2011, o IBRAM inicia a segunda fase deste projeto: a implementação dos conteúdos técnicos gerados, adotan-do sistemas de capacitação modernos, focados na trans-ferência de conhecimento, que serão disponibilizados às diversas empresas que aderiram ou venham a aderir ao Programa MINERAçÃO.

Para isso, parceiros importantes farão parte desta nova fase, como a USP – Universidade de São Paulo, por intermédio de sua Escola Politécnica e o SESI – Serviço Social da Indús-tria, por meio das suas unidades de educação.

De acordo com o Presidente do IBRAM, Paulo Camillo Penna, “a expectativa é que o Programa ser torne cada vez mais uma referência nacional em Saúde e Segurança do Trabalho, com a finalidade de contribuir para reverter os in-dicadores que hoje são negativos ao setor de mineração”.

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