influÊncia da homogeneizaÇÃo a alta pressÃo sobre a
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NATHALIA DA CUNHA MURASAKI ALIBERTI
INFLUÊNCIA DA HOMOGENEIZAÇÃO A ALTA PRESSÃO SOBRE A RETENÇÃO DE ANTOCIANINAS PRESENTES NA
POLPA DE AÇAÍ (Euterpe oleraceae Mart.)
São Paulo 2009
NATHALIA DA CUNHA MURASAKI ALIBERTI
INFLUÊNCIA DA HOMOGENEIZAÇÃO A ALTA PRESSÃO
SOBRE A RETENÇÃO DE ANTOCIANINAS PRESENTES NA POLPA DE AÇAÍ (Euterpe oleraceae Mart.)
Tese apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do Título de Doutor em Engenharia
São Paulo 2009
NATHALIA DA CUNHA MURASAKI ALIBERTI
INFLUÊNCIA DA HOMOGENEIZAÇÃO A ALTA PRESSÃO
SOBRE A RETENÇÃO DE ANTOCIANINAS PRESENTES NA POLPA DE AÇAÍ (Euterpe oleraceae Mart.)
Tese apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do Título de Doutor em Engenharia
Área de Concentração: Engenharia Química Orientadora: Profª. Titular Carmen C. Tadini Co-orientador: Dr. Amauri Rosenthal
São Paulo 2009
Aliberti, Nathalia da Cunha Murasaki
Influência da homogeneização a alta pressão sobre a reten - ção de antocianinas presentes na polpa de açaí (Euterpe oleraceae Mart.) / N.C.M. Aliberti. -- São Paulo, 2009.
98 p.
Tese (Doutorado) - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de Engenharia Química.
1. Açaí 2. Polpa 3. Enzimas 4. Homogeneização I. Universi - dade de São Paulo. Escola Politécnica. Departamento de Enge- nharia Química II. t.
FICHA CATALOGRÁFICA
Aos meus pais Sônia e Jacir,
minhas irmãs Gabriela e Adriana
e meu querido marido André
AGRADECIMENTOS
À Deus, por estar presente em todos os momentos da minha vida.
À professora Carmen Tadini e ao Dr. Amauri Rosenthal, pelo incentivo, orientação,
dedicação e confiança.
À EMBRAPA – CTAA, pela oportunidade para o desenvolvimento de minha pesquisa
e a todos os funcionários, pesquisadores e alunos de pós-graduação de quem recebi
importante auxílio na execução de meu trabalho. Em especial, agradeço a Ana
Paula Gil, Luis Fernando, Willian, Lourdes Masson e Luana Tashima, quem muito
me ajudaram na execução da parte experimental. À Ellen Menezes, não só pela
valiosa ajuda, mas principalmente pela grande amizade.
Ao Mark Franchi, pela consultoria e ajuda em fazer o homogeneizador funcionar com
a minha polpa de açaí.
À professora Maria Regina Alcântara, do IQ/USP, pela disponibilização do reômetro
de seu laboratório.
Aos professores Pedro de Alcântara Pessôa Filho, Cynthia Ditchfield e Jorge Gut,
pelo apoio e colaborações durante a elaboração dessa tese.
À Ana Cristina Souza, Diana Sanchez, Carola Gutierrez, Helena Aguiar, Janaína
Mainard, Otilia Carvalho e Vanessa Duarte, pela amizade, convívio diário e
momentos de descontração. À Aurea Sugai, Kátia Matsui e Tatiana Matuda, pela
amizade que temos até hoje. Ao técnico Ivan Nunes por todo apoio.
Aos meus pais, Sônia e Jacir e minhas irmãs, Adriana e Gabriela, que sempre me
incentivaram e vibraram com as minhas conquistas.
Ao querido André, por estar ao meu lado sempre, me apoiar em tudo e me fazer tão
feliz.
Aos meus padrinhos, professor José Roberto Cardoso e Jandira Murasaki Cardoso,
pelo incentivo e exemplo.
Ao CNPQ, pela bolsa concedida.
A todos que, direta ou indiretamente, colaboraram para a realização deste trabalho e
que, em todos os momentos, me incentivaram com palavras de carinho.
RESUMO
Neste trabalho foi estudada a influência da homogeneização a alta pressão na
retenção de antocianinas e na inativação da atividade enzimática da peroxidase e
polifenoloxidase presentes naturalmente na polpa de açaí. Este trabalho foi dividido
em duas etapas. Na primeira, a polpa de açaí teve suas propriedades físico-
químicas e comportamento reológico determinados. Na segunda etapa, a polpa de
açaí passou por um pré-tratamento de filtração e posteriormente, foi tratada por
homogeneização a alta pressão, com pressões de (100, 200 e 300) MPa e
temperaturas de entrada do produto de (20 e 30) oC. Amostras da polpa de açaí
processada foram analisadas quanto às propriedades físico-químicas, composição
centesimal, teor de antocianinas, atividade antioxidante, teor de fenólicos totais,
atividade enzimática (peroxidase e polifenoloxidase) e análise de cor. Os dados
experimentais reológicos das curvas com taxas de cisalhamento ascendente e
decrescente foram bem ajustados ao modelo Herschel-Bulkley. Esses dados
apresentaram uma curva de histerese em sentido anti-horário, denotando um
comportamento anti-tixotrópico. A polpa de açaí, utilizada na segunda parte deste
trabalho, apresentou teor de sólidos totais variando entre (11,44 e 14,63) %, teor de
antocianinas monoméricas (Am) (2,20 e 2,54) mg/g extrato seco, atividade
antioxidante (AA) (7,68 e 8,27) µmol TE/g extrato seco; fenólicos totais (FT) (25,51 e
34,57) mg GAE/g extrato seco e atividade enzimática da peroxidase (POD) entre
(1,02E-2 e 3,73E-2) U/s.oBrix.g extrato seco e da polifenoloxidase (PFO) (2,87E-2 e
7,59E-2) U/s.oBrix.g extrato seco. O tratamento de homogeneização a alta pressão
preservou 97,5 % do teor de antocianinas monoméricas presentes na polpa de açaí
tratada após filtração. A enzima PFO apresentou uma inativação máxima de 47 %
para a polpa de açaí tratada a 300 MPa; a máxima inativação obtida para a POD foi
de 43,7 %, para tratamento a 300 MPa e temperatura de entrada do produto de
20 oC. O tratamento de homogeneização a alta pressão é uma alternativa ao
tratamento térmico por reter as antocianinas e reduzir a atividade enzimática da POD
e PFO.
Palavras-chave: açaí, polpa, enzimas, homogeneização
ABSTRACT
The effect of high pressure homogenization on the stability of anthocyanins
and on the inactivation of enzymatic activity of peroxidase and polyphenoloxidase
from açaí pulp was studied in this work. Experimental investigations were carried out
in two steps. Firstly, açaí pulp had its physicochemical properties and rheological
behavior determined. Secondly, açaí pulp was pretreated through filtration and
processed through high pressure homogenization at pressures of (100, 200 and 300)
MPa and inlet product temperatures of (20 and 30) oC. The processed açaí pulp had
its composition and physicochemical properties determined: analyses such as
anthocyanin content, antioxidant activity, content of phenolic compounds, enzymatic
activity (peroxidase and polyphenoloxidase) and color analysis were carried out. The
experimental rheological data for increasing and decreasing shear rates were well
correlated by the Herschel-Bulkley model. These data showed a counterclockwise
hysteretic loop that indicates an anti-thixotropic behavior. The açaí used in the
second part of this work presented a total solid content ranging from (11.44 and
14.63) %, total monomeric anthocyanins (Am) (2.20 and 2.54) mg / g dry matter,
antioxidant activity (AA) (7.68 and 8.27) µmol TE / g dry matter, total phenolic content
(FT) (25.51 and 34.57) mg GAE / g dry matter, enzymatic activity of peroxidase
(POD) from (1.02 E-2 and 3.73 E-2) U/s.oBrix.g dry matter and enzymatic activity of
polyphenoloxidase (PFO) from (2.87 E-2 and 7.59 E-2) U/s.oBrix.g dry matter. The
use of high pressure homogenization allowed the recovery of 97.5% of monomeric
anthocyanins present in filtered açaí pulp. The enzyme PFO underwent a maximum
inactivation of 47% for açaí pulp treated at 300 MPa, regardless of inlet temperature
of the product; the maximum inactivation achieved for POD was 43.7%, for the
treatment at 300 MPa and inlet temperature of the product of 20 oC. The treatment of
high pressure homogenization is an alternative to heat treatment because it retains
the anthocyanins and inactivates the enzymatic activity of POD and PFO.
Key-words: açaí, pulp, enzymes, homogenization
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 – Representação da estrutura do íon flavilium e da antocianidina. ......... 21
Figura 2.2 – Antocianinas com maior importância alimentícia: pelargonidina,
cianidina, delfinidina, peonidina, petunidina, malvidina. ............................................ 22
Figura 2.3 – Equipamento de Alta Pressão Hidrostática. Fonte: Menezes (2005). ... 28
Figura 2.4 – Esquema da válvula de pressão do homogeneizador Stansted Fuid
Power Ltd. ................................................................................................................. 29
Figura 3.1 - Reômetro marca PHYSICA, modelo MCR 300, com geometria de
placas paralelas, utilizado na caracterização reológica da polpa de açaí. ................ 37
Figura 3.2 - Centrífuga de cesto multiuso, modelo K 7165, utilizada para filtrar a
polpa de açaí, tipo grossa, antes do tratamento à alta pressão. ............................... 38
Figura 3.3 - Homogeneizador de alta pressão (STANSTED Fluid LTD, modelo
G7400H:350, Reino Unido). ...................................................................................... 39
Figura 3.4 – Colorímetro, marca S&M Colour Computer, modelo SM-4-CH (SUGA
TEST INSTRUMENTS CO., LTD, Tokyo). ................................................................ 41
Figura 4.1 - Escala de cor CIELAB L*, a*, b* (KONICA MINOLTA, 2009) ................. 56
Figura 4.2 - Curvas da absorbância versus tempo (s) para a peroxidase (POD),
presente na polpa de açaí (amostra F1) ................................................................... 61
Figura 4.3 - Curvas da absorbância versus tempo (s) para a polifenoloxidase (PFO),
presente na polpa de açaí (amostra F1) ................................................................... 61
Figura 4.4 – Curvas de escoamento da polpa de açaí, tipo média, obtidas para
diferentes gaps e temperatura de 30 oC .................................................................... 63
Figura 4.5 - Curvas up and down (taxa de cisalhamento crescente e decrescente)
obtidas da polpa de açaí, tipo média, com gap de 1,0 mm e diferentes temperaturas
(10 a 50) oC. .............................................................................................................. 65
Figura 4.6 – Viscosidade aparente (ηηηη) da polpa de açaí, tipo média, a taxa de
cisalhamento constante de 100 e 500 s-1, com gap de 1,0 mm entre placas e à
temperatura de 30oC. ................................................................................................ 70
Figura 4.7 – Curvas obtidas dos testes de duas fases (taxa de cisalhamento de
10 s-1, simulando o estado de repouso, durante 5 min, 5 min de alta taxa de
cisalhamento constante (500 s-1), seguido de um tempo de recuperação de 10 min
em taxa de 10 s-1) da polpa de açaí, em temperaturas de (10 a 50) oC e gap de 1,0
mm. ........................................................................................................................... 71
Figura 4.8 – Variação de temperatura da polpa de açaí filtrada (temperatura na
entrada de 20 oC) na entrada do equipamento, durante a passagem pela válvula de
homogeneização e após resfriamento, no processo de homogeneização a cada
pressão. .................................................................................................................... 73
Figura 4.9 - Variação de temperatura da polpa de açaí filtrada (temperatura na
entrada de 30 oC) na entrada do equipamento, durante a passagem pela válvula de
homogeneização e após resfriamento, no processo de homogeneização a cada
pressão. .................................................................................................................... 73
Figura 4.10 – Reação de redução do composto II resultando na reformação da
peroxidase nativa. ..................................................................................................... 78
LISTA DE TABELAS
Tabela 4.1 – Acidez total (AT), pH, sólidos solúveis (SS) e teor de polpa, da polpa de
açaí não processada dos lotes 1 e 2. ........................................................................ 50
Tabela 4.2 – Sólidos solúveis (ST), teores de lipídios, proteínas, cinzas e
carboidratos, da polpa de açaí não processada dos lotes 1 e 2................................ 51
Tabela 4.3 – Teores de antocianinas monoméricas (Am), atividade antioxidante (AA)
e fenólicos totais (FT), do lote 2 de polpa de açaí ..................................................... 53
Tabela 4.4 – Diferença total de cor (∆E*), atividade enzimática da peroxidase (POD)
e polifenoloxidase (PFO) da amostra do lote 2 de polpa de açaí não processada ... 56
Tabela 4.5 - Acidez total (AT), pH, sólidos solúveis (SS) da polpa de açaí filtrada do
lote 2, em comparação com a não filtrada ................................................................ 58
Tabela 4.6 - Sólidos totais (ST), cinzas, lipídios, proteínas e carboidratos, da polpa
de açaí do lote 2 em comparação com a não filtrada ................................................ 58
Tabela 4.7 - Teor de antocianinas monoméricas (Am), atividade antioxidante (AA) e
teores de fenólicos totais (FT), das amostras filtradas do lote 2 em comparação com
as não filtradas .......................................................................................................... 59
Tabela 4.8 - Diferença total de cor (∆E*), atividade enzimática da peroxidase (POD)
e polifenoloxidase (PFO) ........................................................................................... 60
Tabela 4.9 – Parâmetros obtidos dos modelos de Lei de Potência e Herschel
Bulkley, a aprtir do ajuste dos dados experimentais obtidos da polpa de açaí, tipo
média, em função do gap utilizado. ........................................................................... 64
Tabela 4.10 – Parâmetros obtidos do modelo Lei de Potência, a partir do ajuste dos
dados experimentais obtidos da polpa de açaí tipo média, para as curvas de
escoamento ascendente e decrescente. ................................................................... 66
Tabela 4.11 - Parâmetros obtidos do modelo de Herschel-Bulkley, a partir do ajuste
dos dados experimentais obtidos da polpa de açaí tipo média, para as curvas de
escoamento ascendente e decrescente. ................................................................... 67
Tabela 4.12 – Parâmetros obtidos do modelo de Bingham a partir do ajuste dos
dados experimentais obtidos da polpa de açaí tipo média, para as curvas de
escoamento ascendente e decrescente. ................................................................... 68
Tabela 4.13 - Teor de antocianinas monoméricas (Am), atividade antioxidante (AA) e
fenólicos totais (FT), das amostras F1 e F2 do lote 2, da polpa de açaí filtrada,
tratadas no homogeneizador a alta pressão, em função das temperaturas de entrada
de (20 e 30) oC e da pressão aplicada de (0, 100, 200 e 300) MPa .......................... 74
Tabela 4.14 - Diferença total de cor (∆E*), atividade enzimática da peroxidase (POD)
e polifenoloxidase (PFO), das amostras F1 e F2 do lote 2, da polpa de açaí filtrada,
tratadas no homogeneizador a alta pressão, em função das temperaturas de entrada
de (20 e 30) oC e da pressão aplicada de (0, 100, 200 e 300) MPa .......................... 75
Tabela 4.15 - Residuais de antocianinas monoméricas, fenólicos totais, diferença
total de cor e atividade enzimática da PFO das amostras F1 e F2 , processadas no
homogeneizador a alta pressão, de acordo com a pressão aplicada ........................ 76
Tabela 4.16 - Atividade enzimática residual da POD das amostras F1 e F2 ,
processadas no homogeneizador a alta pressão de acordo com a pressão e
temperatura de entrada aplicada ao produto ............................................................ 77
Tabela 4.17 – Atividade antioxidante residual das amostras F1 e F2 , processadas no
homogeneizador a alta pressão de acordo com a pressão e temperatura de entrada
aplicada ao produto ................................................................................................... 79
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABTS 2,2´-Azino-Bis 3-ethylbenzo-thiazoline -6-sulfonic acid
APD Alta Pressão Dinâmica
APH Alta Pressão Hidrostática
ASTM American Society for Testing and Materials
CAMTA Cooperativa Agrícola Mista de Tomé Açu
CTAA Centro de Tecnologia Agrícola e Alimentar
EB Extrato bruto
Embrapa Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
FD Fator de Diluição
FNO Fundo Constitucional de Financiamento do Norte
GAE Ácido gálico
HAP Homogeneização a Alta Pressão
HDL Colesterol de Alta Densidade
LDL Lipoproteína de Baixa Densidade
Niagro Nichirei do Brasil Agrícola Ltda.
PM peso molecular
PME Pectinesterase
PRODEX Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Extrativismo
SMS Amido-Leite-Açúcar
Trolox 6-Hidroxi-2,5,7,8-tetrametilchroman-2-carboxilic acid
UFC Unidade Formadora de Colônia
LISTA DE SÍMBOLOS
a coeficiente angular da reta
a* eixo verde-vermelho no espectro de cor
aw atividade de água
A base quinoidal
AA atividade antioxidante (µmol TE/g)
AA0 atividade antioxidante da polpa filtrada não tratada
(µmol TE/g)
Abs absorbância
AH+ cátion flavílium
Am antocianinas monoméricas (mg/100g) e (mg/g extrato seco)
Am0 antocianinas monoméricas da polpa filtrada não tratada
(mg/g extrato seco)
AT acidez total (g ácido cítrico/100g)
b* eixo azul-amarelo no espectro de cor
B pseudobase carbinol
C Chalcona
FT fenólicos totais (mg/100g) e (mg GAE/g extrato seco)
FT0 fenólicos totais da polpa filtrada não tratada
(mg/100g) e (mg GAE/g extrato seco)
L* luminosidade
m massa da amostra (g)
P pressão (MPa)
PFO atividade enzimática da polifenoloxidase (U/s.oBrix.g extrato seco)
PFO0 atividade enzimática da polifenoloxidase da polpa filtrada não tratada
(U/s.oBrix.g extrato seco)
POD atividade enzimática da peroxidase (U/s.oBrix.g extrato seco)
POD0 atividade enzimática da peroxidase da polpa filtrada não tratada
(U/s.oBrix.g extrato seco)
SS sólidos solúveis (oBrix)
ST sólidos totais (g/100g)
t tempo (s)
T Temperatura (oC)
V volume final das diluições (L)
Símbolos gregos
γ& taxa de cisalhamento (s-1)
ε absortividade molar
ηe viscosidade aparente de equilíbrio
N índice de comportamento de fluxo (adimensional)
∆E* diferença total de cor
Κ índice de consistência (Pa.sn)
ΚΒ viscosidade plástica de Bingham (Pa.s)
τ tensão de cisalhamento (Pa)
τ0 tensão inicial de cisalhamento (Pa)
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..............................................................................................14
2 REVISÃO DA LITERATURA........................................................................16
2.1 Polpa de açaí................................................................................................16
2.2 Antocianinas................................................................................................20
2.2.1 Estrutura.................................................................................................20
2.2.2 Estabilidade da cor.................................................................................23
2.2.3 Antocianinas presentes na polpa de açaí...............................................26
2.3 Processamento a alta pressão...................................................................27
2.3.1 Alta pressão hidrostática........................................................................27
2.3.2 Homogeneização a alta pressão............................................................29
2.4 Comportamento reológico..........................................................................33
3 MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................35
3.1 Matéria prima...............................................................................................36
3.2 Parte experimental.......................................................................................36
3.2.1 Caracterização reológica........................................................................36
3.2.2 Tratamento de homogeneização à alta pressão....................................38
3.2.3 Análises..................................................................................................40
3.3 Tratamento de dados..................................................................................48
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES..................................................................49
4.1 Polpa de açaí não processada...................................................................49
4.2 Polpa de açaí filtrada...................................................................................57
4.3 Caracterização reológica............................................................................62
4.3.1 Determinação da distância entre placas (gap).......................................62
4.3.2 Curvas ascendentes e decrescentes......................................................65
4.3.3 Viscosidade aparente em função do tempo cisalhamento.....................69
4.3.4 Análise de recuperação de estrutura......................................................70
4.4 Tratamento de homogeneização a alta pressão.......................................72
5 CONCLUSÕES.............................................................................................85
6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS...........................................87
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................88
14
1 INTRODUÇÃO
O açaí é uma fruta arredondada, quase preta, medindo de (1,0 a 2,0) cm de
diâmetro. Possui um grande caroço, que corresponde a (70-85) % do tamanho da
fruta, envolto por um tecido fibroso e coberto por uma camada de polpa fina e seca,
porém oleosa (BRASIL, 2003; EMATER, 2005; GALLORI et al., 2004; ROGEZ, 2000;
YUYAMA et al., 2005). A polpa de açaí é obtida pela maceração dos frutos do
açaizeiro com água, produzindo uma bebida espessa, roxa, com textura cremosa,
aparência oleosa e sabor característico (FIEAM, 2005; NOGUEIRA, 2007).
Nos dias de hoje, só conhecem o gosto do açaí “in natura” os moradores do
estado do Pará, maior produtor de açaí, e moradores dos estados vizinhos, nos
quais também existe a palmeira de açaí. Nas regiões Sul e Sudeste, a polpa de açaí
é consumida congelada, devido ao processo rápido de fermentação, o que exige
métodos de preservação poucas horas após a colheita, mesmo sob refrigeração. Na
região do Pará, a polpa de açaí é considerada um alimento básico da região, sendo
bem difundida nas camadas populares (MENICHELLI; MENDES, 2005; FIEAM,
2005).
O consumo da polpa de açaí teve um recente aumento, tanto nas regiões Sul
e Sudeste, como no mercado internacional, devido à sua composição rica em
antocianinas. Em 2006, o consumo estimado foi de 500 t/mês no Rio de Janeiro e
150 t/mês em São Paulo (RENDEIRO, 2006). Diversas pesquisas realizadas com
compostos fenólicos, em especial flavonóides, incluindo as antocianinas,
demonstraram sua capacidade antioxidante e sua significativa contribuição na dieta.
As antocianinas tornaram-se conhecidas por suas diversas propriedades
farmacológicas e propriedades medicinais, incluindo a anticarcinogênica,
antiinflamatória e antimicrobiana, prevenindo a oxidação de lipoproteínas de baixa
densidade (LDL), enfermidades cardiovasculares e doenças neurológicas (BURDA;
OLESZEK, 2001; NORONHA, 2005; KUSKOSKI et al., 2004; del POZO-INSFRAN;
PERCIVAL; TALCOTT, 2006).
O açaí é uma fruta altamente perecível, necessitando de tratamentos que
prolonguem sua vida de prateleira, inativando as enzimas presentes naturalmente,
como as peroxidases (POD) e polifenoloxidases (PFO) e retendo o máximo do teor
15
de antocianinas, que são instáveis tanto ao processamento quanto ao
armazenamento da polpa de açaí.
A ação das enzimas POD e PFO pode diminuir a qualidade da polpa de açaí
durante a obtenção da polpa, provocando o escurecimento e perde de cor, por
degradação enzimática das antocianinas.
A tecnologia de homogeneização a alta pressão, que consiste em submeter o
alimento a um homogeneizador que opera em pressões de até 400 MPa, apresenta
reconhecido potencial de aplicação, não só com o objetivo de conservação, mas
também para modificar a funcionalidade, melhorar rendimento e as propriedades
reológicas e sensoriais dos alimentos. A sua maior vantagem consiste na
possibilidade de inativar microrganismos e enzimas com a máxima retenção de
vitaminas e de compostos responsáveis pelo sabor, cor e aroma, resultando em
alimentos de melhor qualidade (COSTA; DELIZA; ROSENTHAL, 1999).
O objetivo principal deste projeto de pesquisa foi avaliar a retenção de
antocianinas e a inativação das enzimas peroxidase e polifenoloxidase naturalmente
presentes na polpa de açaí, quando submetida ao processo de homogeneização a
alta pressão (0, 100, 200 e 300) MPa, com temperaturas de entrada do produto de
(20 e 30) oC.
Os resultados desse trabalho indicam que o processo de homogeneização a
alta pressão pode ser uma alternativa ao processo de pasteurização térmica da
polpa de açaí, de modo a aumentar sua vida de prateleira pela inativação enzimática
e com maior retenção do teor de antocianinas.
16
2 REVISÃO DA LITERATURA
Neste capítulo, além da revisão da literatura sobre polpa de açaí, serão
abordados a importância das antocianinas e aspectos do processo de
homogeneização a alta pressão.
2.1 Polpa de açaí
O açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.) é uma palmeira nativa da Amazônia
brasileira, sendo encontrado nos Estados do Pará, Amapá, Maranhão, Mato Grosso
e Tocantins e em países da América do Sul (Venezuela, Colômbia, Equador,
Suriname e Guiana) e da América Central (Panamá) (NOGUEIRA, 2007).
Essa palmeira possui folhas grandes e recortadas em tiras, de cor verde-
escura. Os seus grandes cachos pendentes dão flores pequenas e amareladas, que
aparecem o ano todo, sendo possível encontrar na mesma árvore desde flores até
frutos maduros. O açaizeiro chega a medir de (25 a 30) m de altura, sendo
encontrado em solos de várzeas e igapós, com safras entre julho e dezembro
(CTENAS, CTENAS, QUAST, 2000; EMATER, 2005; PACHECO-PALENCIA,
DUNCAN, TALCOTT, 2009).
O açaí é uma fruta arredondada, quase preta, medindo de (1,0 a 2,0) cm de
diâmetro, com peso médio de (0,8 a 2,3) g. Possui um grande caroço, que
corresponde a (70-85) % do tamanho da fruta, envolto por um tecido fibroso e
coberto por uma camada de polpa fina e seca, porém oleosa (BRASIL, 2003;
EMATER, 2005; GALLORI et al., 2004; ROGEZ, 2000; YUYAMA et al., 2005). Dos
frutos do açaizeiro é extraído o vinho, polpa ou simplesmente açaí, como é
conhecido na região (FIEAM, 2005; NOGUEIRA, 2007).
A polpa de açaí é comumente macerada com água para produzir uma bebida
espessa, roxa, com textura cremosa, aparência oleosa e sabor característico. A
diferença básica entre a polpa de açaí e seu suco é a quantidade de água
adicionada (ROGEZ, 2000). A Instrução Normativa nº 01, de 7 de janeiro de 2000,
do Ministério da Agricultura e do Abastecimento estabelece padrões de identidade e
qualidade mínimos para o açaí e sua polpa, destinados ao consumo como bebida
(BRASIL, 2000). De acordo com a quantidade de água adicionada, o produto pode
17
ser classificado como:
• Polpa de açaí: polpa extraída do açaí por meios mecânicos, sem filtração e
sem adição de água, podendo ser submetida a processo físico de
conservação;
• Açaí grosso ou especial (tipo A): polpa extraída com adição de água e
submetida à filtração, com conteúdo de sólidos totais acima de 14 % e, com
aparência muito densa;
• Açaí médio ou regular (tipo B): polpa extraída com adição de água e
submetida à filtração, com teor de sólidos totais entre (11 a 14) % e, com
aparência densa;
• Açaí fino ou popular (tipo C): polpa extraída com adição de água e submetida
à filtração, com teor de sólidos totais entre (8 a 11) % e, com aparência pouco
densa.
Ainda segundo esta Instrução Normativa, o açaí (grosso, médio e fino) deve
apresentar sua composição de acordo com as características do fruto que lhe deu
origem, sem apresentar alterações ou mistura com outros frutos. As características
organolépticas devem compreender uma emulsão estável, cor roxa violáceo, sabor
não adocicado e não azedo e cheiro característico. No caso do açaí pasteurizado e
mantido à temperatura ambiente, é permitida a adição de ácido cítrico.
O açaí, além de ter um sabor muito apreciado, é uma boa fonte de energia,
proveniente dos seus altos teores de lipídios e carboidratos. A fruta possui uma
elevada concentração de cálcio (120 mg/100g de polpa), razoável quantidade de
vitaminas C e E, que ajudam a combater os radicais livres, e de vitamina B1. A fruta
também possui elevada concentração de ácidos graxos, particularmente o oléico,
palmítico e linoléico e de antocianinas (CTENAS, CTENAS, QUAST, 2000;
EMATER, 2005; YUYAMA et al., 2005).
A composição centesimal média do açaí apresenta 85 % de umidade e em
relação à matéria seca: 13 g/100g de proteína; 48 g/100g de lipídios; 1,5 g/100g de
açúcares redutores e 34 g/100g de fibra bruta (COHEN; ALVES, 2007).
Antes da etapa de extração da polpa comestível do açaí, os frutos colhidos e
selecionados passam por uma pré-lavagem, amolecimento e lavagem. A etapa de
amolecimento do epicarpo e do mesocarpo tem a finalidade de facilitar o processo
de despolpamento. O tempo de amolecimento das frutas depende da procedência
dos frutos, do grau de maturidade e do período do ano, podendo variar entre (10 a
18
60) min; tempos superiores a uma hora levam à modificações irreversíveis da cor do
açaí. A temperatura da água de amolecimento pode ser desde a temperatura
ambiente (25-30) oC ou até 60 oC, pois temperaturas superiores ressecam os frutos
(COHEN; ALVES, 2007; ROGEZ, 2000).
As despolpadeiras utilizadas para a obtenção da polpa são constituídas por
um corpo cilíndrico de aço inoxidável, com um eixo armado de palhetas do lado de
dentro. O movimento circular das palhetas provoca atrito com os frutos que são
primeiramente batidos sozinhos e depois com água gradativamente adicionada,
formando assim uma emulsão. As dimensões da máquina, velocidade de rotação, o
grau de maturação do fruto e o tipo de açaí (fino, médio ou grosso) influenciam
tempo de batimento, podendo este variar entre (3 e 10) min. Depois da formação da
emulsão, o açaí é descarregado progressivamente por gravidade e passa finalmente
através de uma peneira com pequenos furos (d < 0,6 mm); a borra e os caroços são
eliminados (ROGEZ, 2000).
A polpa de açaí possui uma vida de prateleira muito curta, no máximo 12 h,
mesmo sob refrigeração. A sua alta perecibilidade está associada, principalmente, à
elevada carga microbiana presente no fruto, e à atividade das enzimas peroxidase e
polifenoloxidase, responsáveis por mudanças nas suas propriedades organolépticas
e nutricionais (ROGEZ, 2000).
Os processos de conservação usualmente empregados para a polpa de açaí
são: pasteurização, branqueamento, congelamento e desidratação. Na
pasteurização, normalmente é utilizado um trocador de calor do tipo tubular,
temperatura entre (80 e 85) oC, por 10 s, seguido de resfriamento até 5 oC. No
branqueamento, os frutos são imersos em água à temperatura de 80 ºC por 10 s. O
congelamento é o método comumente utilizado para a conservação do açaí
utilizando temperaturas de (-20 a -18) ºC ou mais baixas. E o método de
desidratação utilizado para o açaí é a secagem por atomização (ROGEZ, 2000).
Todos os métodos de conservação do açaí provocam modificações no seu
sabor original, além de encarecer o produto; por isso, para a Região Amazônica, seu
consumo ainda se restringe à compra do produto processado na hora. No entanto,
em outras regiões do País e no exterior, onde o açaí é bastante apreciado, o seu
consumo só é viável se for submetido a um processo adequado de conservação.
A produção nacional de frutos de açaí totalizou 108.000 t, em 2007, sendo
6,6 % maior que a de 2006. Em termos de valores, essa produção correspondeu a
19
R$ 16,6 milhões. Apesar de haver um aumento em relação ao ano de 2006, a
produção de açaí ainda está abaixo da produção de 2003 que foi de 144.500 t. O
principal estado produtor continuou sendo o Pará com uma concentração de 86,8 %
da produção. Nesse estado encontram-se dezessete dos vinte maiores municípios
produtores de frutos de açaizeiros nativos do País, sendo que os outros três
municípios encontram-se no Maranhão. Os vinte maiores municípios juntos
responderam, em 2007, por 83,7 % da produção nacional de frutos de açaí nativo
(IBGE, 2008).
A valorização do fruto do açaí nos últimos anos contribuiu para consolidar o
manejo de açaizais nativos como a principal atividade do Programa de Apoio ao
Desenvolvimento do Extrativismo (PRODEX), criado em junho de 1996, componente
do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO). O grande interesse pela
cultura e por esses recursos fizeram com que a área manejada e de cultivo
aumentasse de 9.200 ha, em 1996, para 18.8 ha, em 2002, tanto para produção de
frutos como para extração de palmito, atendendo mais de cinco mil produtores, dos
quais 92,1% são do Estado do Pará (HOMMA, 2007).
O açaí tem recebido crescente interesse internacional, não apenas devido ao
seu sabor exótico, mas também devido ao seu potencial benéfico para a saúde
associado com sua composição fitoquímica (COÏSSON et al., 2005;
LICHTENTHALER et al., 2005; PACHECO-PALENCIA; HAWKEN; TALCOTT, 2007;
del POZO-INSFRAN; BRENES; TALCOTT, 2004). Os polifenóis presentes no açaí,
principalmente as antocianinas, possuem ação antioxidante, podendo prevenir várias
doenças degenerativas, incluindo câncer e doenças coronarianas. As placas de
colesterol de alta densidade (HDL) se fixam nas paredes das artérias por meio de
uma reação de oxidação e as antocianinas, pela sua ação antioxidante, dificultam a
reação, impedindo o entupimento dos vasos, que pode levar ao infarto. Da mesma
forma, em certos tipos de câncer em que estão presentes reações de oxidação,
como o de próstata e de ovário, a substância impede a multiplicação das células
cancerígenas, freando a progressão da doença (BURDA; OLESZEK, 2001;
COÏSSON et al., 2005; del POZO-INSFRAN; PERCIVAL; TALCOTT, 2006;
PACHECO-PALENCIA; MERTENS-TALCOTT; TALCOTT, 2009; NORONHA, 2005).
20
2.2 Antocianinas
A cor roxa avermelhada do açaí preto se deve à presença de pigmentos
naturais chamados de antocianinas. A antocianina pertence ao grupo dos
flavonóides e constitui a classe mais importante de pigmentos hidrossolúveis, o que
facilita sua incorporação em produtos alimentícios aquosos. As antocianinas são
responsáveis pela variação de cor de rosa à púrpura das flores, frutos e legumes,
sendo o principal parâmetro de qualidade nos produtos a base de frutas (ASEN;
STEWART; NORRIS, 1972; BERNARDINO et al., 2005; COOPER-DRIVER, 2001;
FRANCIS, 1977; ROGEZ, 2000).
2.2.1 Estrutura
Os flavonóides constituem uma classe de pigmentos encontrados somente
em vegetais. São compostos heterocíclicos com oxigênio na molécula, apresentando
uma estrutura (-C6-C3-C6-), sendo que as duas partes da molécula com 6 carbonos
são anéis aromáticos. São glicosídeos de polihidroxi e polimetoxi derivados do íon
flavilium (Figura 2.1). Os flavonóides são subdivididos em antocianinas e outros
flavonóides (GIUSTI; WROLSTAD, 2003; GROSS, 1987; HASSIMOTTO, 2005;
KÄAKÖNEN; HEINONEN, 2003; RIBEIRO; SERAVALLI, 2004).
Quimicamente as antocianinas são glicosídios das antocianidinas. A estrutura
fundamental das antocianidinas consiste no núcleo flavilium (2-fenilbenzopirilium)
(Figura 2.1) (FRANCIS, 1977; GROSS, 1987; RIBEIRO; SERAVALLI, 2004).
21
Figura 2.1 – Representação da estrutura do íon flavilium e da antocianidina. Fonte: Ribeiro; Seravalli (2004)
Contam-se vinte variedades de antocianinas, mas apenas seis com
importância alimentícia (Figura 2.2): pelargonidina (Pg), cianidina (Cn), peonidina
(Pn), delfinidina (Df), petunidina (Pt) e malvidina (Mv). A substituição dos grupos
hidroxia e metoxila influencia a cor das antocianinas (FRANCIS, 1977; GIUSTI;
WROLSTAD, 2003; GROSS, 1987; KÄAKÖNEN; HEINONEN, 2003; MAZZA,
BROUILLARD, 1987; MOREIRA JÚNIOR, 2003; ROGEZ, 2000).
3`
6`
5`
4`
7
65 4
3
2O+
2
Íon flavilium
R2
R1
OH
HO
3`
6`
5`
4`
7
65 4
3
2O+
2
OH
OH
Antocianidina
22
Figura 2.2– Antocianinas com maior importância alimentícia: pelargonidina, cianidina, delfinidina, peonidina, petunidina, malvidina. Fonte: Gross, 1987
As antocianinas são antocianidinas ligadas a açúcares; muito frequentemente
esses açúcares estão ligados a ácidos. Os açúcares mais comuns são os
monossacarídeos: glicose, ramnose, galactose, xilose, arabinose ou frutose, e os
dissacarídeos: rutinose, sambubiose e latirose. A natureza individual dos açúcares
não é significante, entretanto, sua posição na molécula exerce uma influência
profunda na reatividade da antocianina (GROSS, 1987; KÄAKÖNEN; HEINONEN,
2003; MALACRIDA; MOTTA, 2006; MOREIRA JÚNOR, 2003; RIBEIRO;
SERAVALLI, 2004). Em muitas antocianinas, os resíduos de açúcares podem
também ser acilados pelos ácidos: p-coumárico, caféico, ferrúlico, acético, malônico
e p-hidroxibenzóico (GIUSTI; WROLSTAD, 2003; MAZZA; BROUILLARD, 1987).
A substituição dos grupos hidroxila e metoxila influencia a cor das
antocianinas. O aumento do número de grupos hidroxilas aumenta a coloração
azulada, enquanto o aumento no número de grupos metoxilas causa a coloração
vermelha (ASEN; STEWART; NORRIS, 1972; COOPER-DRIVER, 2001; JACKMAN;
SMITH, 1996). Sendo assim, essas antocianinas comportam-se como indicadores de
pH, sendo vermelhas em pH baixo, azuladas em pH intermediário e incolores em pH
alto (HENDRY; HOUGHTON, 1996; MAZZA; BROUILLARD, 1987).
23
Devido à possibilidade de diferentes substituições com ácidos e carboidratos
em diferentes posições, o número de antocianinas é de quinze a vinte vezes maior
que o de antocianidinas (RIBEIRO; SERAVALLI, 2004).
2.2.2 Estabilidade da cor
As antocianinas são pigmentos instáveis que apresentam maior estabilidade
em condições ácidas. Tanto a cor do pigmento quanto a sua estabilidade são
fortemente influenciadas pelos substituintes da aglicona. A degradação das
antocianinas pode ocorrer durante a extração vegetal, processamento e estocagem
de alimentos.
As antocianinas são moléculas relativamente instáveis e sua cor é
dependente do pH do meio, da temperatura, da presença de luz, do oxigênio, de
enzimas e de interações com componentes do alimento (ex. ácido ascórbico, íons
metálicos, açúcares e copigmentos) (ASEN; STEWART; NORRIS, 1972; JACKMAN;
SMITH, 1996; MARKAKIS, 19821 apud GIUSTI; WROLSTAD, 2003; MOREIRA
JÚNOR, 2003; SINGLETON, 19722 apud PACHECO-PALENCIA; TALCOTT, 2010).
Em meios ácidos e neutros, quatro espécies de antocianinas ocorrem em
equilíbrio: base quinoidal (A), cátion flavilium (AH+), pseudobase carbinol (B) e
chalcona (C). A estrutura e cor das antocianinas são profundamente afetadas pela
natureza de seu ambiente físico-químico, principalmente as variações do pH do
meio. As antocianinas exibem coloração vermelha intensa apenas em uma faixa
muito limitada de pH (1,0 a 3,0) que corresponde a um equilíbrio entre o cátion
flavilium (AH+) (vermelho) e a base carbinol (incolor). Se o pH aumentar, o cátion
perde um próton e ganha uma molécula de água para formar a pseudobase incolor
carbinol (B). Esta, por sua vez, pode numa taxa mais lenta se equilibrar com a forma
incolor de chalcona (C). Em pH de 4,0 e 6,5, o cátion flavilium perde um próton,
formando uma base quinoidal (A) de cor púrpura clara, que lentamente se hidrata
para a pseudobase carbinol, com desaparecimento progressivo da cor. Todas essas
1 MARKAKIS, P. Stability of anthocyanins in foods. In: MARKAKIS, P.Anthocyanins as Food Colors. New York: Academic Press, 1992.
24
reações são endotérmicas, portanto, qualquer aumento de temperatura favorece a
forma chalcona (COOPER-DRIVER, 2001; KÄAKÖNEN; HEINONEN, 2003;
LAPEMM, 2005; MAZZA; BROUILLARD, 1987; REVILLA; RYAN; MARTÍN-
ORTEGA, 1998; RIBEIRO; SERAVALLI, 2004).
Em geral, a estrutura característica que aumenta a estabilidade em relação ao
pH também aumenta a estabilidade térmica das antocianinas. No aquecimento, o
equilíbrio desloca-se para a forma chalcona, e as formas AH+ e A diminuem. O
resfriamento provoca uma rápida transformação da base quinoidal (A) e da
pseudobase carbinol (B) para a forma catiônica AH+. Essas reações são reversíveis,
transformando as formas incolores das antocianinas em formas catiônicas (BRIDLE;
TIMBERLAKE, 1997). Com poucas exceções a degradação da antocianina segue a
cinética de primeira ordem. Alguns autores recomendam o uso de processos de alta
temperatura e curto tempo para obtenção do máximo teor de antocianinas. O curto
intervalo de tempo deve prevenir uma degradação significativa das antocianinas
e/ou a transformação em espécies incolores (JACKMAN, SMITH, 1996).
O ácido ascórbico é comumente adicionado em sucos de frutas para prevenir
a reação de escurecimento enzimático e aumentar as propriedades nutricionais
(FREEDMAN; FRANCIS, 1984; TALCOTT, 2007). De acordo com Ozkan; Kirca;
Cemeroglu (2004), alimentos com baixo teor de ácido ascórbico, como o suco de
açaí (ROGEZ, 2000) seriam bons candidatos à fortificação, se não fosse o fato de a
presença do ácido ascórbico em muitos sistemas ricos em antocianinas estar
relacionada à sua oxidação. Nesse caso, ocorre perda de cor devido à quebra do
anel pirílico pelo mecanismo do radical livre em que o ácido ascórbico atua como
molécula ativadora de oxigênio, produzindo radicais livres (BRENES; del POZO-
INSFRAN; TALCOTT, 2005; GARCÍA-VIGUERA; BRIDLE, 1999; PACHECO-
PALENCIA; HAWKEN; TALCOTT, 2007; ROSSO; MERCADANTE, 2007).
O oxigênio pode causar degradação das antocianinas pelo mecanismo de
oxidação direta e/ou indireta dos constituintes do meio que reagem com as
antocianinas. Ácido ascórbico e oxigênio podem apresentar uma ação sinérgica de
degradação da antocianina. A destruição da antocianina induzida pelo ácido
2 SINGLETON, V. L. Common plant phenols other than anthocyanins, contributions to colouration and discolouration. Advances in Food Research Supplement, 3, 143-191, 1972.
25
ascórbico resulta da oxidação indireta do peróxido de hidrogênio (H2O2) formado
durante a oxidação aeróbica do ácido ascórbico (JACKMAN; SMITH, 1996).
As antocianinas são geralmente instáveis quando expostas à luz UV ou visível
ou outras fontes de radiação ionizante. As antocianinas com substituição do C5 no
grupo hidroxila, que apresentem fluorescência, são mais suscetíveis a
decomposição fotoquímica que as antocianinas que não apresentam a substituição
nessa posição (JACKMAN; SMITH, 1996).
Várias enzimas presentes em tecidos vegetais como as glicosidases e
polifenoloxidases (PFO), podem degradar antocianinas, resultando em concomitante
perda de cor. As glicosidases hidrolisam as antocianinas em antocianidinas e
açúcares, as antocianidinas são instáveis e facilmente degradadas em compostos
incolores. As polifenoloxidases oxidam antocianinas na presença de o-difenóis e
oxigênio. Primeiramente, a PFO oxida o-difenol em o-benzoquinona, a qual
posteriormente reage com antocianinas por um mecanismo não enzimático para
formar produtos de degradação (JACKMAN; SMITH, 1996; RIBEIRO; SERAVALLI,
2004).
O uso de elevadas concentrações de açúcar (> 20 %) ou xarope para
preservação de frutas e de produtos derivados apresenta um efeito de proteção dos
cromóforos de antocianinas pela redução da atividade de água (aw). A hidratação
dos cromóforos de antocianinas produzindo as espécies incolores torna-se menos
favorável quando a quantidade de água é limitada (JACKMAN; SMITH, 1996).
A copigmentação intermolecular da antocianina com outros flavonóides,
ácidos fenólicos, alcalóides, proteínas, aminoácidos, polissacarídeos e outros
compostos, incluindo as antocianinas, aumenta a intensidade de sua cor, resultando
em tonalidades que variam de púrpura a azul. A intensidade dos efeitos de
copigmentação depende de vários fatores, incluindo tipo e concentração de
antocianinas e copigmentos, pH e temperatura. A intensificação da cor por
copigmentação aumenta com o aumento da proporção copigmento/antocianinas. O
aumento de temperatura reduz fortemente o efeito intensificador da cor. Esse
fenômeno da copigmentação está amplamente distribuído na natureza e também
ocorre em produtos de frutas e vegetais (COOPER-DRIVER, 2001).
26
2.2.3 Antocianinas presentes na polpa de açaí
A ocorrência natural e predominante de certos grupos de co-fatores
polifenólicos na fruta do açaí, incluindo ácidos fenólicos, flavona-C-glicosídeo e
procianidina, resulta em significante ação na estrutura e estabilidade das
antocianinas presentes no suco de açaí (GALLORI et al., 2004; PACHECO-
PALENCIA; HAWKEN; TALCOTT et al., 2007; SCHAUSS et al., 2006a).
Bobbio et al. (2000) identificaram e quantificaram o teor de antocianinas
presentes no açaí, pela análise do extrato obtido da polpa congelada e liofilizada.
Após a extração com solução de HCl em etanol, o extrato bruto foi submetido a
cromatografia e duas antocianinas (Z1 e Z2) foram encontradas: cianidina-3-
arabinosídeo e cianidina-3-arabinosil-arabinosídeo. O teor de antocianinas
encontrado foi de 50 mg por 100 g de frutos descascados e 263 mg por 100 g de
casca.
Pacheco-Palência; Hawken; Talcott (2007) analisaram a polpa de açaí e
confirmaram a predominância da cianidina-3-rutinosídeo e cianidina-3-glucosídeo. A
concentração encontrada para cianidina-3-rutinosideo foi de 202,3 mg. Esse valor foi
similar às concentrações citadas por Lichtenthaler et al. (2005) em 11 marcas
comerciais de polpa de açaí, nas quais cianidina-3-rutinosídeo foi encontrada numa
concentração variando de (8 a 456) mg/L e cianidina-3-glucosídeo de (1 a 54) mg/L
de polpa de açaí. Gallori et al. (2004) determinaram a composição polifenólica da
polpa de açaí por HPLC e confirmaram a presença de cianidina-3-glucosídeo e
cianidina-3-rutinosídeo como principais compostos antociânicos.
Schauss et al. (2006a) identificaram e quantificaram as antocianinas
presentes no açaí em pó. A quantidade total de antocianinas foi de 3,19 mg/g de
açaí em pó, sendo que as principais antocianinas encontradas foram a cianidina-3-
glicosídeo e a cianidina-3-rutinosídeo, nas concentrações de 1,17 mg/g e 1,93 mg/g,
respectivamente.
Rosso e Mercadante (2007) compararam a quantidade de antocianinas
presentes em solução de açaí puro e fortificado com ácido ascórbico. Os autores
observaram que a adição de 276 mg /100 mL de ácido ascórbico na solução de açaí
causou um aumento de 109 a 116 vezes na taxa de degradação (sob nitrogênio e ar,
respectivamente), quando comparado ao açaí sem adição de ácido ascórbico ambos
na ausência de luz.
27
2.3 Processamento a alta pressão
A busca por alimentos naturais, saudáveis e minimamente processados vem
crescendo cada vez mais. No caso dos sucos de frutas, a tendência é buscar manter
o sabor fresco e a integridade das vitaminas tão próximos quanto possível dos sucos
naturais (BIGNON, 19973 apud CAMPOS, DOSUALDO, CRISTIANINI, 2003;
GOULD, 2000).
Os produtos derivados de frutas são tradicionalmente produzidos por
processamento térmico, que inibe a deterioração microbiana e reduz a atividade
enzimática. Embora o processo térmico garanta a segurança do alimento e aumente
a sua vida de prateleira, muitas vezes causa alterações indesejáveis na cor, sabor e
perdas funcionais ou nutricionais. Dessa maneira, tratamentos como a alta pressão,
pulsos elétricos, aquecimento ôhmico, irradiação, engenharia genética e
biotecnologia, entre outros vêm sendo estudados como alternativas na melhor
preservação da qualidade dos produtos frescos (CAMPOS; DOSUALDO;
CRISTIANINI, 2003; COSTA; DELIZA; ROSENTHAL, 1999; OLIVEIRA; OLIVEIRA,
1999).
Existem dois métodos utilizados para o processamento de alimentos por alta
pressão: o método de alta pressão hidrostática (APH), no qual o produto é
pasteurizado já dentro da embalagem final; e o de homogeneização a alta pressão
(HAP), no qual o produto é pasteurizado de forma contínua e depois assepticamente
embalado (CAMPOS, DOSUALDO, CRISTIANINI, 2003; MERMELSTEIN, 1999).
2.3.1 Alta pressão hidrostática
No método de alta pressão hidrostática, o produto é submetido a uma pressão
muito alta (100 a 1000) MPa, dentro de um vaso pressurizado (Figura 2.3), durante
poucos segundos, causando a destruição microbiológica e uma parcial inativação
enzimática (CAMPOS, DOSUALDO, CRISTIANINI, 2003).
A aplicação de alta pressão hidrostática surgiu como uma tecnologia atrativa
28
de processamento para preservação de alimentos. À temperatura ambiente,
pressões na faixa de (200 a 600) MPa reduzem o número de micro-organismos e
inativam enzimas envolvidas na deterioração dos alimentos, enquanto que o produto
retém seu frescor, características organolépticas e qualidade nutricional (HEIJI et al.,
2007).
Figura 2.3 – Equipamento de Alta Pressão Hidrostática. Fonte: Menezes (2005).
Desde a introdução dos produtos processados por alta pressão em 1990, a
gama de produtos foi gradualmente se expandindo e em 2003 já eram encontrados
nos mercados dos Estados Unidos, Japão e Europa alguns produtos como: geléias,
gelatinas, molhos para salada, sucos de fruta, purê de abacate, produtos cárneos e
presunto fatiado. O efeito da alta pressão sobre os micro-organismos é comparável
ao da pasteurização e os produtos apresentam vida prateleira prolongada sob
refrigeração (HEIJI et al., 2007; SIZER; BALASUBRAMANIAM; TING, 2002).
3 BIGNON, J. Cold pasteurizers hiperbar for the stabilization of fresh fruit juices. Fruit Processing, 6(2), 46−48, 1997.
Vaso de pressurização
29
2.3.2 Homogeneização a alta pressão
O tratamento de Homogeneização a Alta Pressão (HAP) ou Alta Pressão
Dinâmica (APD) se refere ao processo contínuo que utiliza um homogeneizador de
alta pressão (até 400 MPa) com o intuito de romper células. O termo “alta pressão”
descreve a tensão da qual o produto é submetido antes da etapa de
homogeneização. No homogeneizador Stansted Fuid Power Ltd., o fluido do produto
é forçado a passar axialmente em alta pressão através da parte móvel da válvula e
com alta velocidade (podendo chegar a 200 m/s em pressão de 350 MPa) passa por
um estreito espaço radial (gap) formado entre a parte fixa da válvula e o pistão,
antes de sair para a pressão atmosférica, como apresentado no esquema da (Figura
2.4) (FLOURY et al., 2004; FLOURY; LEGRAND; DESRUMAUX, 2004; LACROIX;
FLISS; MAKHLOUF, 2005).
Figura 2.4 – Esquema da válvula de pressão do homogeneizador Stansted Fuid Power Ltd. Fonte: Floury et al. (2004).
Um aumento na temperatura de processo a certo nível de pressão resulta em
aumento na inativação microbiana pelo processo de homogeneização a alta
pressão. Como a viscosidade do fluido geralmente diminui com o aumento da
30
temperatura e vice-versa, este efeito da temperatura na inativação microbiana pode
ser parcialmente explicado como um efeito indireto da redução da viscosidade do
fluido. A inativação é inversamente proporcional à viscosidade, e níveis mais baixos
de inativação são obtidos em fluidos com viscosidade maior. Isto pode ser explicado
pela redução da cavitação, turbulência e pressão de impacto de fluidos viscosos
(THIEBAUD et al., 2003).
Similar ao processo de homogeneização convencional, o aumento da pressão
causa a redução do tamanho de partículas de emulsões e suspensões, aumentando
a estabilidade e a vida de prateleira dos produtos. Como o processo de
homogeneização a alta pressão foi desenvolvido inicialmente para a indústria de
laticínios, o número de trabalhos publicados sobre leite e seus derivados é grande.
Atualmente, o processo é estudado e aplicado pela indústria farmacêutica, química e
de biotecnologia para dispersar, misturar e processar emulsões e suspensões
(PAQUIN, 1999; FLOURY et al., 2004; SERRA et al., 2007).
Kheadr et al. (2002) compararam a estabilidade da rede de caseína em queijo
tipo cheddar produzido com quatro amostras de leite, uma amostra de leite integral
tratada por homogeneização a alta pressão (200 MPa por cinco ciclos de 1 min);
uma amostra de leite desnatado pressurizado nas mesmas condições, com adição
de nata até a quantidade presente no leite integral; leite integral pasteurizado a
72 oC por 15 s; leite pressurizado com 2 % de gordura, para fabricação de queijo
com teor reduzido de gordura. A pressurização apresentou um aumento significativo
na retenção da umidade na rede de caseína formada que pode ser explicado pela
coagulação ou associação das proteínas, particularmente β - lactoglobulina, com a
caseína, reduzindo assim o efeito de sinerese do queijo.
O tratamento a alta pressão resulta numa grande redução nos glóbulos de
gordura e no tamanho das micelas de caseína, além de mudanças nos componentes
do leite, como proteínas, polissacarídios e uma maior interação caseína-caseína
e/ou caseína/gordura (PAQUIN, 1999). Uma grande redução no tamanho dos
glóbulos de gordura permite que as micelas de caseína se associem mais
fortemente, dessa forma reforçando a rede do queijo, obtendo assim um lento
desenvolvimento de textura durante o período de maturação (KHEADR et al., 2002).
Serra et al. (2007) compararam o efeito de dois tratamentos de leite, o de
homogeneização a alta pressão com o processo térmico do leite integral para
produção de iogurte. No processo de homogeneização a alta pressão (HAP) foram
31
empregadas temperaturas de entrada de (30 e 40) oC e pressões de (100, 200 e
300) MPa no primeiro estágio e (130, 230 e 330) MPa no segundo estágio. O
tratamento térmico foi realizado submetendo o leite a 90 oC por 90 s, em trocador de
calor tubular e posteriormente em homogeneizador a 15 MPa; 3 % de nata de leite
em pó foi adicionada.
A maior redução do tamanho dos glóbulos de gordura foi obtida no tratamento
de HAP para os valores de 100 MPa e 200 MPa no primeiro estágio. Amostras de
leite tratado com pressões de 200 MPa e 300 MPa apresentaram melhor taxa de
agregação dos glóbulos/partículas, melhor firmeza e menor sinerese. A variação de
temperatura de entrada do leite não resultou em diferença significativa nos
parâmetros estudados e o uso do segundo estágio da válvula de homogeneização
não acrescentou vantagem ao processo.
Em um estudo posterior, Serra et al. (2008) realizaram os mesmos
tratamentos com leite desnatado (< 0,1 % teor de gordura), utilizando os mesmos
valores de pressão (100, 200 e 300) MPa no primeiro estágio e (130, 230 e 330)
MPa no segundo estágio e temperatura de entrada de 30 oC, utilizando para
comparação leite tratado termicamente em trocador tubular a 90 ºC por 90 s e
homogeneizado a 15 MPa, e leite tratado nas mesmas condições e fortificado com
30 g/L de nata de leite em pó.
Os autores constataram que houve desnaturação protéica em ambos os
processos, e que quanto maior a pressão aplicada, maior a desnaturação. Porém
mesmo a maior taxa de desnaturação não ultrapassou a taxa causada pelo
tratamento térmico. Os autores ressaltaram a importância do intervalo de tempo no
efeito da desnaturação, pois no processo a 300 MPa a temperatura chegou a 90 oC,
mas como o tempo foi muito curto (1 s) comparado com o tempo do processo
térmico (90 s), a desnaturação não foi a mesma. Com o tratamento do leite por HAP,
os iogurtes obtidos tiveram uma maior retenção de água na estrutura com o aumento
da pressão, de acordo com o grau de desnaturação da proteína do soro de leite e
com o aumento do número de fragmentos de caseína dispersos. O segundo estágio
de homogeneização resultou em aumento significativo na retenção de água, no
entanto, essa retenção não foi superior a obtida pelo leite tratado termicamente.
Lacroix, Fliss; Makhlouf (2005) compararam o efeito apenas do tratamento
unicamente com homogeneização a alta pressão e do tratamento de alta pressão
com um pré-tratamento térmico sobre a atividade enzimática da pectinesterase
32
(PME) presente em suco de laranja. Suco de laranja fresco com pH 3,8 foi tratado
com pressão de 170 MPa e temperatura de 30 oC. Esse tratamento resultou numa
redução de 20 % da atividade enzimática. Amostras de laranja com pH ajustado para
3,0; 3,5; 3,75 e 4,0 foram pré-aquecidas a 50 oC por 10 min e parte dessas amostras
pré-aquecidas foi posteriormente submetida ao tratamento de alta pressão. O
tratamento térmico se apresentou eficaz na redução da atividade enzimática,
principalmente para os menores valores de pH. O tratamento combinado do pré-
aquecimento com a homogeneização a alta pressão resultou em uma redução de
(50-75) % na atividade enzimática, causada pelo rompido das ligações de
hidrogênio, deixando-as mais suscetíveis à quebra quando aplicado o tratamento de
homogeneização a alta pressão.
Campos; Cristianini (2007) estudaram o efeito do tratamento de
homogeneização a alta pressão na inativação da Saccharomyces cerevisiae e
Lactobacillus plantarum presentes em suco de laranja. O suco de laranja natural foi
esterilizado em autoclave, inoculado com 107 UFC/mL de S. cerevisiae e 105
UFC/mL de L. plantarum e posteriormente tratado por homogeneização a alta
pressão nas pressões de (100, 150, 200, 250 e 300) MPa, com temperatura de
entrada de 10 oC, teor de sólidos solúveis de 10,5 oBrix e pH de 4,1. Tanto a
S.cerevisiae quanto L. plantarum apresentaram uma considerável sensibilidade ao
tratamento de homogeneização a alta pressão, com redução de 5,6 e 7,1 ciclos
logarítmicos, respectivamente.
O tratamento de homogeneização a alta pressão difere da aplicação de alta
pressão hidrostática, pois introduz fenômenos reológicos como: cavitação, fricção,
alta taxa de cisalhamento e turbulência, que são responsáveis pela ruptura de
células de micro-organismos e inativação enzimática, causando mínimas alterações
nas células do alimento (FLOURY; LEGRAND; DESRUMAUX, 2004; LACROIX;
FLISS; MAKHLOUF, 2005; POPPER; KNORR, 1990).
33
2.4 Comportamento reológico
O açaí, apesar de ser um fruto, apresenta uma composição química
particular, rica em lipídeos e com a presença de uma elevada quantidade de
partículas irregulares suspensas, oriundas da maceração da casca no processo de
obtenção da polpa. Assim a polpa de açaí é um sistema heterogêneo, que apresenta
um comportamento reológico significativamente diferente em comparação às frutas
em geral (ALEXANDRE, 2002). Na literatura, existem poucas publicações sobre o
comportamento reológico de polpa de açaí.
Tonon et al. (2009) avaliaram o comportamento reológico de polpa de açaí em
diferentes temperaturas (10, 25, 40, 55 e 70) oC em reômetro com geometria de
placas paralelas e tensão constante. Para as curvas com 3 ciclos (ascendente,
descendente e ascendente), os autores observaram uma tixotropia reversível em
baixas taxas de cisalhamento no segundo ciclo ascendente, comparado com o ciclo
descendente. O valor de viscosidade aparente obtida foi de 19 mPa.s a 30 oC e taxa
de cisalhamento de 100 s-1.
Após eliminar a tixotropia e ajustando os dados ao modelo de Herschel-
Bulkley, os autores encontraram um índice de comportamento de fluxo (n) entre 0,39
e 0,79, índice de consistência (Κ) de (0,17 a 1,28) Pa.sn e tensão de cisalhamento
(τ0) de (2,29 a 4,74) Pa, para superfície de geometria lisa.
Em outro trabalho realizado com polpa de açaí, Pereira; Queiroz; Figueiredo
(2002) compararam o comportamento reológico de polpas de açaí com diferentes
concentrações de sólidos totais (9,7; 12,5 e 15,20) %, na temperatura de 30 oC. A
polpa de açaí apresentou um comportamento pseudoplástico e o ajuste dos dados
ao modelo Herschel-Bulkley mostrou um índice de comportamento de fluxo (n) entre
0,302 e 0,549. Tanto o índice de consistência (Κ) quanto a tensão de cisalhamento
(τ0) diminuíram com redução do teor de sólidos.
Kim et al. (2010) correlacionaram a composição de ácidos graxos de óleos
vegetais com o comportamento reológico e demonstraram que a viscosidade
depende da composição de ácidos graxos. Especialmente, os autores observaram
que quanto maior a proporção de ácido oléico (18:1), maior a viscosidade, enquanto
que uma alta proporção de ácido linoléico (18:2) reduz o valor desta propriedade.
34
As viscosidades a 15 oC encontradas para os óleos de oliva e canola foram de 0,059
Pa.s e 0,054 Pa.s, respectivamente.
De acordo com Neida; Elba (2007), a polpa de açaí apresenta elevado
conteúdo de lipídios (aproximadamente 40 g/100g em base seca) e 71 % desses
lipídios são ácidos graxos. É alto teor de ácido oléico (18:1), seguido do linoléico
(18:2) e ácido α-linoléico (18:3), sendo o teor de ácido oléico presente na polpa de
açaí comparável ao do óleo de oliva (77,0 %) e de canola (61,5 %). Nascimento et
al. (2008) também quantificaram o teor de ácido graxo em polpa de açaí e obtiveram
um teor de ácido oléico (18:1) de 52,54 %, valor inferior ao citado por Neida; Elba
(2007).
Domingues et al. (2005) avaliaram o comportamento reológico de suco de
abacaxi processado por alta pressão hidrostática (100, 300 e 600) MPa, temperatura
de 35 oC, por 10 min. Os resultados obtidos indicaram um comportamento
pseudoplástico e foram ajustados ao modelo de Lei de Potência. A viscosidade
aparente foi maior quanto maior a pressão aplicada, chegando a 7,48 MPa.s para a
pressão de 350 MPa. Os autores observaram o efeito que a alta pressão hidrostática
pode causar na formação ou destruição de ligações não-covalentes, acarretando
mudanças na viscosidade do suco de abacaxi. Os autores também ressaltaram que
a gelatinização da pectina através do tratamento de pressão é semelhante ao
causado pelo tratamento térmico, dependendo do conteúdo de pectina, teor de
sólidos solúveis e valores de pH e, nesse caso, a gelatinização da pectina pode ter
causado as mudanças na viscosidade do suco de abacaxi tratado por alta pressão.
35
3 MATERIAIS E MÉTODOS
A parte experimental desse trabalho foi dividida em duas etapas. Na primeira,
foram realizadas análises do comportamento reológico da polpa de açaí, tipo média.
As medidas reológicas foram realizadas em reômetro (PHYSICA, modelo MCR 300,
Alemanha) com geometria de placas paralelas (49,96 mm), gaps de: (1,0; 1,2; 1,5;
1,7 e 2,0) mm, e temperatura variando de (10 a 50) ºC. Essas análises foram
realizadas no Laboratório de Reologia em Sistemas Organizados do Departamento
de Química Fundamental do Instituto de Química da USP.
Cada lote de polpa de açaí foi caracterizado mediante análises físico-
químicas de acidez titulável, pH, teor de cinzas, sólidos totais e polpa.
Na segunda etapa, foi aplicado o tratamento de homogeneização a alta
pressão da polpa de açaí, tipo grossa, em equipamento contínuo (STANSTED Fluid
LTD, modelo G7400H:350, Reino Unido). Os tratamentos foram realizados a
temperatura de entrada de 20 oC e 30 oC a pressão variando de (0, 100, 200 e
300) MPa, com uma repetição de processo. Em cada condição foram coletadas
amostras, imediatamente congeladas e armazenadas para posteriores análises
físico-químicas, determinação do teor de antocianinas monoméricas, de fenólicos
totais, atividade antioxidante, análise de cor e atividade enzimática residual da
peroxidase e polifenoloxidase. Todas as atividades da segunda etapa foram
realizadas no CTAA (Centro de Tecnologia Agrícola e Alimentar) da Embrapa
Agroindústria de Alimentos, localizado em Guaratiba, RJ, sob co-orientação do Dr.
Amauri Rosenthal.
Para caracterização de cada lote de polpa de açaí, tipo grossa, não
submetida ao tratamento, foram realizadas análises de acidez titulável, pH, sólidos
totais e solúveis, teor de cinzas, teor de lipídios, teor de nitrogênio total, teor de
antocianinas, atividade antioxidante, atividade enzimática residual da peroxidase e
polifenoloxidase, teor de fenólicos totais e cor.
36
3.1 Matéria prima
� Primeira etapa: polpa de açaí comercial pasteurizada e congelada, tipo
média, adquirida da Nichirei do Brasil Agrícola Ltda. (Niagro), Petrolina-
Pernambuco. Foram comprados 140 pacotes de 100 g de polpa de açaí
cada, mantidos armazenados em freezer plasma vertical (FANEM, modelo
349 FV) a – 30 oC. Para cada dia de análise, 4 pacotes de 100 g,
escolhidos aleatoriamente, para garantir uma maior homogeneidade da
amostra, foram descongelados e mantidos em banho de gelo.
A composição média da polpa de açaí fornecida pelo produtor foi:
85,7 g/100g de umidade, 5 g/100g de carboidratos, 1 g/100g de gordura,
3 g/100g de fibra alimentar, 27,5 mg/100g de cinzas, e 70 Cal/100g de
valor calórico.
� Segunda etapa: polpa de açaí grossa, congelada, não pasteurizada e sem
adição de conservantes, adquirida da Cooperativa Agrícola Mista de
Tomé-Açu (CAMTA), Tomé-Açu-Pará, no total de 150 pacotes de 1 kg de
polpa cada. Para cada ensaio, 20 kg de polpa foram descongelados,
filtrados (malha de nylon com furos de 150 µm), e então submetidos ao
processo de homogeneização.
3.2 Parte experimental
3.2.1 Caracterização reológica
Para a caracterização reológica da polpa de açaí, quatro tipos de ensaios
foram conduzidos: ensaios em diferentes taxas de cisalhamento, em temperatura
constante e com diferentes gaps; ensaios com taxa de cisalhamento e temperatura
constantes durante 25 min; curvas ascendentes e descendentes da taxa de
cisalhamento, nas temperaturas de (10, 20, 30, 40 e 50) ºC; e testes de recuperação
37
de estrutura. Os ensaios foram conduzidos em triplicata, sempre utilizando nova
amostra.
Inicialmente, foram conduzidos ensaios para determinação do gap (distância
entre as placas preenchida pelo material) mais adequado, de modo a garantir o
cisalhamento completo da amostra, porém sem escorregamento do material. Os
ensaios foram realizados em reômetro (PHYSICA, MCR 300, Áustria), com
geometria de placas paralelas (49,96 mm), com interface acoplada a computador
para controle e aquisição de dados. A temperatura da amostra foi mantida
constante, controlada pelo sistema Peltier instalado na placa inferior, apresentado na
Figura 3.1. Os ensaios foram realizados com gaps de: (1,0; 1,2; 1,5; 1,7 e 2,0) mm,
em temperatura constante de 30 ºC, com taxa de cisalhamento variando de (1 a
500) s-1, e tempo de aquisição de dados de 15 min, à taxa de 180 pps (pontos por
segundo).
Figura 3.1 - Reômetro marca PHYSICA, modelo MCR 300, com geometria de placas paralelas, utilizado na caracterização reológica da polpa de açaí.
Os ensaios de taxa de cisalhamento ascendente e descendente foram
realizados no intervalo crescente de (10 a 500) s-1, por 5 min, à taxa de aquisição de
150 pps, com intervalos de 2 s cada, e em sequencia da taxa de cisalhamento
decrescente de (500 a 10) s-1. O gap utilizado foi de 1,0 mm, e temperaturas de (10,
20, 30, 40 e 50) ºC.
Ensaios à taxa de cisalhamento constante de (100 e 500) s-1, com gap de 1,0
mm, em temperatura constante de 30 oC, durante 25 minutos, também foram
realizados, para avaliar o comportamento da polpa em função do tempo, ou seja,
para verificar se a viscosidade aparente varia em função do tempo de cisalhamento.
38
Ensaios nas temperaturas de (10, 20, 30, 40 e 50) ºC foram realizados para
avaliar a recuperação de estrutura após o cisalhamento. Esses ensaios
compreendiam um período de 5 min à taxa de cisalhamento constante de 10 s-1
simulando repouso da amostra, seguido de um período de 5 min de taxa de
cisalhamento alta (500 s-1), seguido novamente por um período de taxa a 10 s-1, por
10 min.
3.2.2 Tratamento de homogeneização à alta pressão
Para cada ensaio, um lote de 20 kg de polpa de açaí, tipo grossa,
previamente descongelado e mantido em banho de gelo, foi submetido à filtração
utilizando uma centrífuga de cesto provido de malha de nylon de 150 µm, malha
no. 100, (ASTM E11-09) (Figura 3.2) a 4.000 rpm por 5 minutos, para redução do
número de partículas presentes na polpa, impedindo assim o entupimento da
válvula de homogeneização.
Figura 3.2 - Centrífuga de cesto multiuso, modelo K 7165, utilizada para filtrar a polpa de açaí, tipo grossa, antes do tratamento à alta pressão.
O homogeneizador de alta pressão (STANSTED Fluid LTD, modelo
G7400H:350, Reino Unido), apresentado na Figura 3.3, é constituído por dois
intensificadores de pressão sincronizados que bombeiam o produto através de uma
39
válvula de homogeneização e provido de registrador de temperatura (AHLBORN,
modelo Almemo 2590, Alemanha). Após a passagem pela válvula, o produto é
resfriado em um trocador de calor tubular acoplado ao homogeneizador, logo após a
válvula de homogeneização. O homogeneizador é acoplado a um sistema de
alimentação composto por duas válvulas de abertura e fechamento, de modo a
alternar entre a água e o produto. Esse sistema de alimentação permite a
estabilização da temperatura e pressão de processo, para cada condição, utilizando
água ao invés do próprio produto.
Os tratamentos da polpa de açaí foram conduzidos com temperaturas de
entrada de (20 e 30) oC e pressões manométricas de (0,100, 200 e 300) MPa. Esses
tratamentos foram realizados com uma repetição de processo e a cada condição,
foram coletadas amostras para posteriores análises: físico-químicas, teor de
antocianinas, determinação de fenólicos totais, atividade antioxidante, análise de cor
e atividade enzimática da peroxidase e polifenoloxidase.
Para caracterização da polpa de açaí, tipo grossa, não submetida ao
tratamento, foram realizadas análises de acidez titulável, pH, sólidos totais e
solúveis, teor de cinzas, teor de lipídios, proteínas, teor de antocianinas, atividade
antioxidante, atividade enzimática residual da peroxidase e polifenoloxidase, teor de
fenólicos totais e cor.
Figura 3.3 - Homogeneizador de alta pressão (STANSTED Fluid LTD, modelo G7400H:350, Reino Unido): (a) parte da frente com dois intensificadores de pressão; (b) parte de trás com o trocador de
calor para refrigerar o produto na saída da válvula de homogeneização; (c) esquema representando a passagem do produto pela válvula de homogeneização.
(a) (b) (c)
40
3.2.3 Análises
3.2.3.1 Análises físico-químicas
As análises físico químicas de acidez titulável, pH, teor de sólidos
solúveis, teor de polpa e cor foram realizadas em triplicata. As análises de teor
de sólidos totais, cinzas, proteínas e lipídios foram realizadas em duplicata.
� Acidez titulável: determinada em 5 g de amostra de polpa de açaí, diluída em
100 mL de água destilada, no pH-Stat (RADIOMETER, modelo PHM-290,
França) até atingir pH 8,2, referente ao pH de mudança de coloração do
indicador fenolftaleína (AOAC, 1995), e expressa como porcentagem de ácido
cítrico;
� pH: medido diretamente no pH - STAT (RADIOMETER, modelo PHM-290,
França), com auto bureta ABU 901, precisão 0,001 pH (INSTITUTO ADOLFO
LUTZ, 2005);
� Teor de sólidos solúveis: medido em Refratômetro (CARL ZEISS, modelo
711849, Alemanha), precisão 0,1 ° Brix (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 2005);
� Teor de polpa: determinado de acordo com o método de Kimball (1991),
centrifugando (TRIPOD SUSPENSION CENTRIFUGE, modelo TD-65,
Tominaga works Ltd, Tóquio) a polpa de açaí em tubo graduado de vidro com
volume de 50 mL por 10 min a 378 g.
� Cor: avaliada por reflectância em colorímetro (S&M COLOUR COMPUTER,
modelo SM-4-CH, Tóquio) ilustrado na Figura 3.4. Com os seguintes
parâmetros: luz branca, luz incidente a 45 º, observação à 0 º, com abertura
de 30 mm. A escala utilizada foi a CIELAB L*, a*, b*, que mede as três
dimensões da cor: L*, que representa a luminosidade, variando de 0 (preto)
até 100 (branco); a*, que representa o eixo verde (valores negativos)
vermelho (valores positivos); b*, que representa o eixo azul (valores
41
negativos) amarelo (valores positivos). O equipamento foi calibrado com placa
branca (L* =90,22; a* =-2,34; b* =1,39). Foram realizadas 4 repetições para
cada amostra disposta em placa de Petri com 5,0 cm de diâmetro e 2,0 cm de
altura.
Figura 3.4 – Colorímetro, marca S&M Colour Computer, modelo SM-4-CH (SUGA TEST INSTRUMENTS CO., LTD, Tokyo), utilizado para análise de cor.
� Sólidos totais: obtidos segundo o método da AOAC (1995) e Instituto Adolfo
Lutz (2005), secando 5 g da amostra de polpa de açaí em estufa a vácuo
(MARCONI, modelo MA 030, Brasil) a 70 °C, sob baixa pressão
(≤ 100 mmHg). Como a polpa de açaí apresentava elevado conteúdo de
água, as amostras foram previamente secas em banho-maria;
� Teor de cinzas: determinado por incineração do resíduo obtido na
determinação de sólidos totais, em mufla (QUIMIS, modelo Q 318, Brasil) a
550 ºC (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 2005);
� Teor de proteínas: determinada pelo teor de nitrogênio total (g/100 g),
baseada no método de Kjeldahl, método 46-13 modificado das normas AACC
(1999). O teor protéico bruto da polpa foi calculado pelo produto da
quantidade de nitrogênio total (g) pelo fator de conversão 6,25 (INSTITUTO
ADOLFO LUTZ, 2005).
� Teor de lipídios: determinado pelo teor de extrato etéreo (g/100g), por
hidrólise ácida e destilação em éter de petróleo e éter etílico, baseado no
método 933.05, AOAC (2000).
42
3.2.3.2 Análise da atividade enzimática
Preparação das soluções utilizadas:
A solução tampão fosfato de sódio 0,3 M (pH 6,5) foi preparada a partir de
44,75 % (v/v) de solução fosfato de sódio dibásico (Na2HPO4) 0,3 M (VETEC)
(42,6 g/L) com 55,25 % (v/v) de solução fosfato de sódio monobásico (NaH2PO4)
0,3 M (VETEC) (36,0 g/L). A solução tampão fosfato de sódio 0,05 M foi preparada a
partir de 32 % (v/v) de solução fosfato de sódio monobásico 0,05 M (6,0 g/L) com
68 % de solução fosofato de sódio dibásico 0,05 M (7,1 g/L).
A solução de catecol 0,07 M foi preparada adicionando-se 0,3855 g de
substrato fenólico catecol (VETEC - 120809), em 50 mL de solução fosfato de sódio
0,05 M.
A solução ρ-fenilenodiamina 1 % foi preparada adicionando-se 0,25 g de
substrato fenólico ρ-fenilenodiamina 1 % (SIGMA - 106503) com água destilada em
um balão volumétrico de 25 mL.
A solução de peróxido de hidrogênio (H2O2) 1,5 % foi preparada diluindo
0,5 mL de H2O2 (MERCK) 30 % em balão volumétrico de 10 mL de água destilada.
Obtenção do extrato enzimático:
Para a obtenção do extrato enzimático, 15 g da polpa de açaí foram
misturados com 24,2 mL de solução tampão fosfato de sodio 0,3 M e 11,4 mL de
água destilada. Essa mistura foi então homogeneizada em vórtex por 3 min em
intervalos de 30 s, mantendo sempre a mistura em banho de gelo. Posteriormente, a
mistura foi filtrada em papel de rápida filtragem, faixa preta (Paper Filtro Quanty –
JP41; diâmetro: 18,5 cm e maioria dos poros 28 µm) e mantida em banho de gelo
(DOMINGUES, 2003).
43
Atividade da enzima polifenoloxidase (PFO)
A determinação da PFO foi realizada de acordo com a metodologia proposta
por Cano, Hernandez e Ancos (1997), modificada por Domingues (2003): em um
tubo de ensaio, imerso em banho de água termostatizado à temperatura de 25 oC,
foram adicionados e homogeneizados 0,2 mL de solução tampão fosfato de sódio
0,3 M (pH 6,5) e 3,0 mL de solução de catecol 0,07 M. Essa mistura foi transferida
para a cubeta e inserida no espectrofotômetro UV-VIS (SHIMADZU, modelo UV-
1800, Brasil). Com a cubeta já no espectrofotômetro, foram adicionados 0,2 mL do
extrato enzimático, utilizando a própria ponteira da pipeta para agitação. O valor de
referência (0,000 de absorbância) foi obtido misturando 3,0 mL da solução de
catecol 0,07 M com 0,2 mL de solução tampão fosfato 0,3 M.
A absorbância foi lida no espectrofotômetro ajustado ao comprimento de onda
de 420 nm em intervalos de tempo de 10 s, por 5 min.
Todas as análises da atividade enzimática foram realizadas em duplicata. A
unidade da atividade da PFO foi definida como a variação de uma Unidade de
absorbância por unidade de tempo e de volume (U.s-1.oBrix-1.g-1 extrato seco).
Atividade da enzima peroxidase (POD)
A determinação da POD foi realizada de acordo com a metodologia proposta
por Cano, Hernandez e Ancos (1997): em um tubo de ensaio, mergulhado em banho
de água termostatizado à temperatura de 25 oC, foram adicionados e
homogeneizados 2,7 mL de solução tampão fosfato de sódio 0,05 M (pH 6,5) e
0,2 mL de solução ρ-fenilenodiamina a 1 % e 0,1 mL de peróxido de hidrogênio
1,5 %. Essa mistura foi transferida para a cubeta e inserida no espectrofotômetro
UV-VIS (SHIMADZU, modelo UV-1800, Brasil). Com a cubeta no espectrofotômetro,
foram adicionados 0,025 mL do extrato enzimático, utilizando a própria ponteira da
pipeta para agitação. O valor de referência (0,000 de absorbância) foi obtido
misturando 2,7 mL da solução tampão fosfato de sódio 0,05 M, 0,2 mL de solução
ρ-fenilenodiamina 1 %, 0,1 mL de peróxido de hidrogênio e 0,025 mL de solução
tampão fosfato de sódio 0,3 M.
A absorbância foi lida no espectrofotômetro ajustado ao comprimento de onda
44
de 485 nm em intervalos de tempo de 10 s, por 5 min.
Todas as análises da atividade enzimática foram realizadas em duplicata. A
unidade da atividade da POD medida foi definida como a variação de uma Unidade
de absorbância por unidade de tempo e de volume (U.s-1.oBrix-1.g-1 extrato seco).
3.2.3.3 Determinação do teor de antocianinas pelo método do pH diferencial
Preparação das soluções utilizadas:
A solução tampão de cloreto de potássio (pH 1,0) foi preparada a partir de
125 mL da solução de KCl 0,2 M com 385 mL de HCl 0,2 M. A solução de KCl 0,2 M
foi preparada dissolvendo 3,725 g de cloreto de potássio em 250 mL de água
destilada e a solução de HCl 0,2 M foi preparada diluindo 13,10 mL de ácido
clorídrico concentrado em 770 mL de água destilada.
A solução tampão acetato de sódio (pH 4,5) foi preparada a partir de 400 mL
de acetato de sódio 1 M (136 g/L), 240 mL de HCl 1 N (83 mL/L) e 360 mL de água
destilada. A solução de acetato de sódio 1 M foi preparada dissolvendo 54,40 g de
acetato de sódio em 400 mL de água destilada e a solução de ácido clorídrico 1 N foi
preparada diluindo 19,90 mL de ácido clorídrico concentrado em 240 mL de água
destilada.
Procedimento:
A metodologia para a determinação do teor de antocianinas, pelo método do
pH diferencial, foi realizada conforme proposto por Giusti; Wrolstad (2003). Foram
preparadas duas diluições da amostra, cada uma com 2 g da polpa de açaí diluída
em balão volumétrico de 10 mL, uma com a solução tampão de cloreto de potássio
(pH 1,0) e a outra com solução tampão de acetato de sódio (pH 4,5). O fator de
diluição (FD) da amostra foi obtido de modo que a leitura no comprimento de
absorbância máxima estivesse dentro da linearidade do espectrofotômetro. As
amostras diluídas permaneceram por 15 min no escuro e posteriormente foram
filtradas com papel de filtro de rápida filtragem, faixa preta (Paper Filtro Quanty –
JP41; diâmetro: 18,5 cm e maioria dos poros 28 µm).
As leituras foram feitas em comprimentos de absorbâncias de 510 e 700 nm,
após 15 min da preparação das amostras. O espectrofotômetro foi zerado com água
45
destilada nesses dois comprimentos de absorbância e todas as amostras foram lidas
nos dois comprimentos de onda. As análises de antocianinas foram realizadas em
duplicata.
A absorbância da amostra diluída (Abs) é calculada por:
Abs = (A510nm – A700nm) pH 1,0 - (A510nm – A700nm) pH 4,5
O teor de antocianinas monoméricas (Am) (mg/100g) foi obtido pela
equação 3.1:
Am (mg/100g) = ( )1ε
100FDPMAbs×
××× (3.1)
O peso molecular (PM) e a absortividade molar (ε) utilizados na equação
correspondem à antocianina predominante na amostra. Nos casos em que o
pigmento predominante não foi identificado, utilizam-se os dados referentes à
cianidina-3-glucosídeo (PM = 449,2 e ε = 26900).
3.2.3.4 Determinação de teor de fenólicos totais
Procedimento:
A metodologia para a determinação do teor de fenólicos totais foi realizada
conforme proposto por Georgé et al. (2005). Para obtenção do extrato bruto (EB)
foram utilizadas de (2 a 3) g de amostra para que a absorbância da solução ficasse
entre 0,1 e 0,6. Essa amostra foi diluída em balão de 50 mL com solução extratora
acetona/água 70:30, seguida de agitação por 30 min e posteriormente filtrada em
papel de filtro quantitativo. Do filtrado, 1 mL foi diluído em 10 mL de água destilada,
para que a concentração de acetona na solução fosse de 7 %.
Em um tubo de ensaio foram adicionados 0,5 mL da solução a ser analisada
(diferentes extratos) e para o branco foi utilizada a solução de acetona aquosa 7 %,
2,5 mL de solução de Folin-Ciocalteu 10 % (MERCK), agitação em vórtex seguido de
repouso à temperatura ambiente por 2 min. Após esse período de repouso, foram
adicionados 2,0 mL de solução de carbonato de Sódio (QUIMEX) 7,5 %, agitação
em vórtex e banho-maria à 50 ºC por 15 min, seguido por imersão em banho de
gelo. As análises de fenólicos totais foram realizadas em duplicata. A absorbância
46
da solução foi lida no espectrofotômetro a 760 nm, de modo que a leitura não
ultrapassasse 30 minutos após a adição da Solução Folin-Ciocalteau.
A curva padrão de ácido gálico (GAE) foi obtida a partir de diferentes
concentrações (0 a 100 mg/L) da solução padrão diluída em solução acetona 7 %
(ISOFAR). A solução padrão foi preparada com 5,0 mg de ácido gálico diluído em
50 mL de solução de acetona 7 %. O teor de fenólicos totais (mg GAE/100 g) foi
obtido pela equação 3.2:
FT (mg/100g) = ( )[ ]100
ma
VAbs -BcoEB×
×
× (3.2)
Sendo: FT – teor de fenólicos totais
Abs – diferença entre absorbância média do extrato bruto (EB) e o branco (Bco)
a – coeficiente angular da reta
V – volume final das diluições (L)
m – massa da amostra (g)
3.2.3.5 Atividade antioxidante
Soluções utilizadas:
• Solução estoque ABTS (2,2´-Azino-Bis (3-ethylbenzo-thiazoline -6-sulfonic
acid) 7mM – Foram dissolvidos 0,1920 g de ABTS (SIGMA) (PM = 548,68
g/gmol) em água destilada sob agitação. A solução foi transferida,
quantitativamente, para um balão volumétrico de 50 mL e o volume foi
completado com água destilada. A solução foi armazenada em um frasco
âmbar, sob refrigeração por até um mês;
• Radical ABTS+ - Em 5 mL da solução de ABTS 7 mM foram adicionados 88 µL
da solução de persulfato de potássio (VETEC) 140 mM e homogeneizados. A
solução ficou em repouso por 16 horas para obtenção do cátion ABTS+
(coloração escura).
• Solução de ABTS+ diluído em etanol - 1 mL da solução de ABTS+ foi diluída
em 80 mL de etanol PA (VETEC). Antes do uso, à solução ABTS+ foi
adicionado etanol até a obtenção de solução com Abs734nm 0,700 ± 0,02.
47
• Solução padrão de Trolox (6-Hidroxi-2,5,7,8-tetrametilchroman-2-carboxilic
acid) 2000 µM - Em um béquer, foram pesados 5 mg de Trolox (ALDRICH)
(PM = 250,29 g/gmol) e dissolvidos em etanol PA. A solução foi transferida,
quantitativamente, para um balão volumétrico de 10 mL e o volume foi
completado com etanol PA.
Procedimento:
A metodologia para a determinação da atividade antioxidante pelo método
ABTS, foi realizada conforme proposto por Kuskoski et al. (2006) e Re et al. (1999).
O peso da amostra variou entre (0,7 e 1,3) g dependendo do teor de sólidos da
polpa de açaí da amostra, para que a absorbância final ficasse entre 0,1 e 0,6. A
amostra foi diluída em 10 mL de etanol PA 50 %, homogeneizada e mantida em
repouso por 60 min à temperatura ambiente. Após esse tempo, a amostra diluída foi
centrifugada a 15000 rpm por 15 min e o sobrenadante recolhido num balão
volumétrico de 50 mL. O resíduo da primeira extração foi diluído em 10 mL de
acetona 70 %, homogeneizado e mantido em repouso por 60 minutos à temperatura
ambiente. Após esse tempo, houve uma nova centrifugação a 15000 rpm durante
15 min, o sobrenadante foi recolhido junto com o primeiro sobrenadante e o balão
volumétrico foi completado com água destilada. As análises de determinação da
atividade antioxidante foram realizadas em duplicata.
A reação foi realizada adicionando 1,5 mL da solução de ABTS+ diluído com
15 µL do extrato, homogeneizado e mantido em repouso por 6 min. O branco da
reação foi obtido substituindo o extrato pela solução padrão Trolox. O comprimento
de onda utilizado foi de 734 nm.
A curva padrão foi obtida a partir de soluções preparadas com diferentes
concentrações da solução padrão Trolox. A partir da absorbância e da concentração
das amostras foi obtida a equação da reta do gráfico em que o valor obtido para “x”
da equação corresponde à concentração da amostra (g/L) equivalente a
1000 µmol Trolox.
48
3.3 Tratamento de dados
Os resultados obtidos foram analisados estatisticamente utilizando o
programa Stagraphics Centurion XV® v. 15.2.06 (Stat Point, Warrenton, USA).
As diferenças significativas foram confirmadas pelo teste de Tukey, no intervalo
de confiança de 95 %. O ajuste aos modelos reológicos foi realizado com base
no coeficiente de determinação (r2), nível de significância (p<0005) e análise de
resíduos.
49
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Na parte experimental desse trabalho foram utilizados dois lotes de polpa de
açaí, o lote 1 com polpa de açaí tipo média, utilizada na caracterização reológica e o
lote 2, polpa de açaí tipo grossa, utilizada no tratamento de homogeneização a alta
pressão.
Os resultados apresentados nesse capítulo estão divididos em quatro partes:
� Na primeira parte: estão apresentados os resultados obtidos das análises
realizadas com a polpa não processada dos lotes 1 e 2;
� Na segunda parte: estão apresentados os resultados das análises realizadas
com a polpa do lote 2 que passou pela etapa de filtração, antes do tratamento
de homogeneização a alta pressão;
� Na terceira parte: estão apresentados os resultados obtidos nos ensaios de
caracterização reológica;
� Na quarta parte: estão apresentados os resultados das análises realizadas
com a polpa de açaí tratada em homogeneizador a alta pressão.
4.1 Polpa de açaí não processada
Para os ensaios de caracterização reológica, foram utilizadas 4 amostras de
400 g de polpa de açaí do lote 1 e dessas 4 amostras, foram realizadas análises
físico-químicas de: acidez total (expressa em ácido cítrico), pH e teor de polpa e
análises de composição centesimal: sólidos totais (ST) e cinzas.
Para o tratamento de homogeneização a alta pressão, foram utilizadas 2
amostras de 20 kg cada. Antes do processo de filtração, essas amostras foram
analisadas em relação às análises físico-químicas: acidez total, pH e teor sólidos
solúveis (SS); composição centesimal: teor de sólidos totais (ST), lipídios, proteínas,
cinzas e o teor de carboidratos foi calculado por diferença; teor de antocianinas
monoméricas (Am), atividade antioxidante (AA), fenólicos totais (FT), cor, atividade
enzimática da peroxidase (POD) e polifenoloxidase (PFO).
50
Os resultados de acidez total, sólidos solúveis e teor de polpa estão
mostrados na Tabela 4.1 e na Tabela 4.2, a composição centesimal de ambos os
lotes.
Tabela 4.1 – Acidez total (AT), pH, sólidos solúveis (SS) e teor de polpa, da polpa de açaí não processada dos lotes 1 e 2.
Lote Amostra AT1 (g/100g) pH SS
(oBrix) Teor de polpa
(%)
1 A1 0,30 ± 0,01b 4,64 ± 0,02ª - 37,50 ± 0,00b
1 A2 0,27 ± 0,01ª,b 4,70 ± 0,02ª - 37,00 ± 0,00b
1 A3 0,26 ± 0,01ª 4,65 ± 0,02ª - 31,70 ± 0,72a
1 A4 0,26 ± 0,01ª 4,69 ± 0,02ª - 32,50 ± 0,00a
2 A1 0,23 ± 0,01ª 5,58 ± 0,02b 2,91 ± 0,21b -
2 A2 0,24 ± 0,01ª 5,54 ± 0,02b 1,71 ± 0,07a -
Tukey
(5 %) 0,04 0,10 0,68 1,54
Valores na mesma coluna com a mesma letra não apresentam diferença significativa (p> 0,05). 1em ácido cítrico.
ANOVA aplicada, no intervalo de confiança de 95 %, indicou diferenças
significativas do teor de acidez total da amostra A1 em relação às demais; os valores
de pH das amostras A1 e A2 do lote 2 foram significativamente superiores aos das
amostras do lote 1; o teor de sólidos solúveis da amostra A1 do lote 2 foi
significativamente superior ao da amostra A2 do mesmo lote e no teor de polpa, as
amostras A1 e A2 foram significativamente superiores em relação as demais
amostras do lote 1.
Os valores médios de acidez total encontrados nesse trabalho foram
superiores aos encontrados na literatura: 0,19 % (NASCIMENTO et al., 2008);
0,21 % (PEREIRA; QUEIROZ; FIGUEIREDO, 2002) e 0,17 % (BUENO et al., 2002)
e inferior a 0,31 % (ALEXANDRE; CUNHA; HUBINGER, 2004) e 0,34 % (TONON;
BRABET; HUBINGER, 2008). Os valores médios de pH variaram entre (4,64 e 5,58)
ficando dentro dos valores de literatura: 5,00 (NASCIMENTO et al., 2008); 5,20
(ALEXANDRE; CUNHA; HUBINGER, 2004); 5,23 (PEREIRA; QUEIROZ;
51
FIGUEIREDO, 2002) e 5,18 (TONON; BRABET; HUBINGER, 2008). Os valores de
sólidos solúveis foram inferiores aos encontrados na literatura: 3,20 oBrix
(ALEXANDRE; CUNHA; HUBINGER, 2004) e 4,80 oBrix (PEREIRA; QUEIROZ;
FIGUEIREDO, 2002).
Tabela 4.2 – Sólidos totais (ST), teores de lipídios, proteínas, cinzas e carboidratos, da polpa de açaí não processada dos lotes 1 e 2.
Lote Amostra ST
(g/100g)
Lipídios
(g/g)1
Proteínas (g/g) 1
Cinzas
(g/g) 1
Carboidratos2 (g/g) 1
1 A1 10,98 ± 0,19b - - 0,04 ± 0,01ª -
1 A2 10,92 ± 0,07ª,b - - 0,03 ± 0,01ª -
1 A3 10,93 ± 0,26ª,b - - 0,04 ± 0,01ª -
1 A4 10,34 ± 0,24ª - - 0,04 ± 0,01ª -
2 A1 14,63 ± 0,06c 0,51 ± 0,01a 0,10 ± 0,00a 0,04 ± 0,01ª 0,35 ± 0,01a
2 A2 11,44 ± 0,42b 0,49 ± 0,02ª 0,11 ± 0,00a 0,04 ± 0,01ª 0,36 ± 0,06a
Tukey
(5 %) 0,64 0,07 0,01 0,03 0,18
Valores na mesma coluna com a mesma letra não apresentam diferença significativa (p> 0,05). 1em base seca 2Calculado por diferença.
ANOVA aplicada, no intervalo de confiança de 95 %, indicou diferenças
significativas no teor de sólidos totais entre as amostras A1 e A4 do lote 1 e as
amostras do lote 2 também apresentaram diferença significativa entre si, porém a
amostra A2 desse lote não apresentou diferença significativa em relação as amostras
A1, A2 e A3 do lote 1. De acordo com a legislação brasileira (BRASIL, 2000) a polpa
de açaí extraída com água pode ser classificada em açaí grosso, médio ou fino
dependendo do teor de sólidos totais da polpa. Pelos resultados obtidos nesse
trabalho, as amostras do lote 1 seriam classificadas em açaí média (10 a 14) % de
ST. O teor de sólidos totais da amostra A1 do lote 2 está de acordo com a legislação
para açaí tipo grossa (acima de 14 % de ST), porém a amostra A2 apresentou um
teor inferior.
52
ANOVA aplicada aos demais resultados não indicou diferenças significativas
nos teores de lipídios, proteínas, cinzas e carboidratos entre as amostras.
Na literatura existem trabalhos que utilizaram a polpa de açaí tipo média e
outros com polpa de açaí tipo grossa. Para efeito de comparação, serão citados
apenas os trabalhos com teores de sólidos totais próximos de 14 % e com a
composição centesimal expressa em base seca. Alexandre; Cunha; Hubinger (2004)
caracterizaram a polpa de açaí com 13,99 % de sólidos totais e obtiveram: 0,107 g/g
de proteína; 0,482 g/g de lipídios; 0,030 g/g de cinzas e 0,036 g/g de açúcares totais.
Tonon; Brabet; Hubinger (2008) caracterizaram a polpa de açaí com 14,04 % de
sólidos totais e obtiveram: 0,102 g/g de proteína; 0,486 g/g de lipídios; 0,031 g/g de
cinzas e 0,356 g/g de açúcares e fibras.
A variação nos resultados obtidos e nos encontrados na literatura pode ser
explicada por diferença no grau de maturação da fruta, época do ano (safra e entre-
safra) e influências ambientais como umidade e potencial nutricional do solo, além
da maneira como essa polpa foi processada, embalada e armazenada.
As análises do teor de antocianinas monoméricas (Am), atividade antioxidante
(AA), fenólicos totais (FT), diferença total de cor (∆E*) e atividade enzimática da
peroxidase (POD) e da polifenoloxidase (PFO) foram realizadas apenas com as
amostras do lote 2 da polpa de açaí, cujos resultados estão apresentados nas
Tabela 4.3 e Tabela 4.4.
53
Tabela 4.3 – Teores de antocianinas monoméricas (Am), atividade antioxidante (AA) e fenólicos totais (FT), do lote 2 de polpa de açaí
Lote Amostra
Am (mg/g)1
AA2 (µmol TE/g)1
FT3 (mg GAE/g)1
2 A1 2,20 ± 0,02ª 7,68 ± 0,31ª 25,51 ± 0,50ª
2 A2 2,54 ± 0,07b 8,27 ± 0,78ª 34,57 ± 2,18b
Tukey
(5 %)
0,12 1,35 3,59
Valores na mesma coluna com a mesma letra não apresentam diferença significativa (p> 0,05). 1em base seca 2expresso em µmol de equivalente Trolox (TE)/g 3 expresso em mg de ácido gálico (GAE)/g ANOVA aplicada, no intervalo de confiança de 95 %, indicou diferenças
significativas no teor de antocianinas monoméricas e fenólicos totais entre as duas
amostras, porém em relação à atividade antioxidante não houve diferenças.
O teor de antocianinas monoméricas variou de (2,20 ± 0,02 a 2,54 ± 0,07)
mg/g de extrato seco. Esse valor é comparável ao encontrado por Tonon; Brabet;
Hubinger (2008) de 2,337 mg/g de extrato seco em polpa de açaí, tipo grossa.
Schauss et al. (2006a) estudaram a composição fitoquímica e nutricional da polpa de
açaí de origem da Amazônia e relataram a presença de duas antocianinas
predominantes: cianidina-3-glucosídeo e cianidina-3-rutinosídeo e relataram um teor
de antocianinas de 3,192 mg/ g de extrato seco.
Pacheco-Palencia; Duncan; Talcott (2009) estudaram a composição
fitoquímica da polpa de açaí das espécies E. oleracea e E. precatoria e constataram
que as antocianinas são os compostos polifenólicos predominantes, correspondendo
a mais de 90 % do teor total de polifenólicos. Os autores identificaram e
quantificaram as seguintes antocianinas na espécie E. oleracea: cianidina-3-
glucosídeo (947 ± 29) mg/kg; cianidina-3-rutinosídeo (1256 ± 38) mg/kg e peonidina-
3-rutinosídeo (44 ± 3) mg/kg. Por determinação espectofotométrica o total de
antocianinas encontrado foi de (2056 ± 83) mg/kg, enquanto que na espécie E.
precatoria, esse valor foi bem maior (4227 ± 104) mg/kg.
54
Pacheco-Palencia; Duncan; Talcott (2009) também caracterizam as duas
espécies de polpa de açaí em relação à atividade antioxidante e encontraram os
seguintes valores: (87,4 ± 4,4) µmol mol equivalente trolox (TE)/g para a espécie E.
oleracea e (114 ± 6,9) µmol mol TE/g para a espécie E. precatoria. Os teores de
atividade antioxidante citados por Pacheco-Palencia; Duncan; Talcott (2009) estão
dentro da faixa dos teores de atividade antioxidante encontrados para as amostra A1
e A2, expressos em base úmida: (112,34 ± 4,59) µmol TE/g e (94,66 ±
8,93) µmol TE/g, respectivamente. Ainda nesse trabalho, os autores quantificaram a
atividade antioxidante apenas da fração de antocianinas e da fração de compostos
não-antociânicos. Os resultados obtidos foram: (82,4 ± 2,3) µmol mol TE/g para E.
oleracea e (105 ± 3,9) µmol mol TE/g para E. precatoria, confirmando que as
antocianinas são responsáveis por 90 % da atividade antioxidante total.
Os valores encontrados na literatura para atividade antioxidante em polpa de
açaí diferem bastante, Pacheco-Palencia; Hawken; Talcott (2007) encontraram um
valor de (54,4 ± 1,7 µmol TE/mL) e del Pozo-Insfran; Brenes; Talcott (2004) (48,6
µmol TE/mL).
A polpa de açaí possui uma atividade antioxidante relativamente alta em
comparação com outras frutas fontes de antocianinas como o morango
(20,6 µmol TE/g); framboesa (21,4 µmol TE/g) e mirtilo (60,1 µmol TE/g) (KALT et
al., 1999). Seeram et al. (2008) compararam a atividade antioxidante de bebidas
ricas em polifenóis, comercializadas no Estados Unidos os seguintes valores foram
encontrados: suco de romã (41,6 µmol TE/mL); suco de mirtilo (13,3 –
17,2 µmol TE/mL); suco de cereja preta (11,4 – 17,8 µmol TE/mL); suco de açaí
(11,4 – 16,2 µmol TE/mL) e suco de uva do monte (oxicoco) (6,7 –
14,8 µmol TE/mL).
O teor de fenólicos totais presente na polpa de açaí variou de (25,51 ± 0,50 a
34,57 ± 2,18) mg GAE/g de extrato seco ou (373,04 ± 7,36 a 395,44 ± 24,90) mg
GAE/g polpa, valor superior ao reportado por Schauss et al. (2006b) em polpa de
açaí em pó, 13,9 mg GAE/g de extrato seco. Hassimotto; Genovese; Lajolo (2005)
avaliaram a composição fenólica de frutas e vegetais frescos e polpa de fruta
congelada e apresentaram os seguintes resultados: jambolão (583 mg.GAE/100g de
polpa); amora silvestre (373 mg GAE/100g de polpa); polpa de açaí congelada
(328 mg GAE/100g de polpa); casca de maça Gala (309 mg GAE/100g de polpa);
55
repolho roxo (178 mg GAE/100g de polpa); alface roxa (170 mg GAE/100g de
polpa). Pantelidis et al. (2007) encontraram um teor de fenólicos totais inferior para
groselha vermelha (657 – 1193) mg GAE/100g de extrato seco), em relação a polpa
de açaí.
Essa variação de resultados reportados na literatura pode ser causada pela
variação natural das frutas (clima, solo, época do ano), mas o maior problema
encontrado foi a falta de informação em relação ao teor de sólidos da polpa utilizada.
Na análise de cor, o parâmetro L* representa a medida de luminosidade do
produto e varia e 0 (preto) até 100 (branco). As escalas verde-vermelho e azul-
amarelo são representadas pelos parâmetros a* e b*, respectivamente. A Figura 4.1
ilustra como varia a escala CIELAB L*, a*, b*, utilizada para a análise de cor da
polpa de açaí. A diferença total de cor (∆E*) foi calculada pela Eq. 4.1:
(eq. 4.1) A diferença total de cor (∆E*) indica de maneira global o quanto uma amostra
é diferente da outra, mas não indica no espectro como diferem (KONICA MINOLTA,
2009). Na Tabela 4.4 os resultados da diferença total de cor (∆E*) e atividade
enzimática da POD e PFO do lote 2 de polpa de açaí estão apresentados.
56
Figura 4.1 - Escala de cor CIELAB L*, a*, b* (KONICA MINOLTA, 2009)
Tabela 4.4 – Diferença total de cor (∆E*), atividade enzimática da peroxidase (POD) e polifenoloxidase (PFO) da amostra do lote 2 de polpa de açaí não processada
Lote Amostra
∆E* POD
(U/s.oBrix.g)1 PFO
(U/s.oBrix.g)1
2 A1 99,19 ± 0,76b 1,02E-2 ± 8,15E-3a 2,87E-2 ± 2,38E-3ª
2 A2 89,36 ± 0,27a 3,73E-2 ± 3,21E-3b 7,59E-2 ± 5,20E-3b
Tukey
(5 %)
0,99 0,02 0,01
Valores na mesma coluna com a mesma letra não apresentam diferença significativa (p> 0,05). 1 em base seca
(preto)
+a* (vermelho)
(verde)
+b* (amarelo)
(azul)
+L* (branco)
57
ANOVA aplicada, no intervalo de confiança de 95 %, indicou diferenças
significativas em todos os resultados da Tabela 4.4. Como a coloração da polpa de
açaí não é influenciada apenas pelo teor de antocianinas, pois a alteração de cor
pode também ser causada pelo escurecimento enzimático, estes fatores justificam a
diferença no ∆E* entre as amostras, uma vez que os teores de antocianinas
monoméricas e as atividades das enzimas POD e PFO também foram diferentes.
Como o açaí é uma fruta reconhecida pelo seu alto teor de antocianinas e
atividade antioxidante, a maioria dos trabalhos publicados é nessa área, havendo
escassez de publicações em relação à quantificação da atividade das enzimas
presentes. Lima; Lucena: Orlanda (2007) apresentaram uma atividade da PFO de
0,420 U/mL.min e da POD sendo 0,001U/mL.min. Apesar de as atividades não
estarem expressas na mesma unidade apresentada nesse trabalho, pode-se
observar que a atividade da PFO também foi superior a da POD.
4.2 Polpa de açaí filtrada
Para o tratamento de homogeneização a alta pressão, a polpa de açaí, tipo
grossa, foi submetida a um tratamento de filtração em centrífuga de cesto com
malha de 150 µm. Essa filtração foi necessária para retirar parte das partículas em
suspensão, evitando assim o entupimento da válvula de homogeneização.
Foram realizadas duas filtrações, obtendo as amostras F1 e F2, e dessas
amostras foram realizadas análises físico-químicas (acidez, pH e sólidos solúveis)
(Tabela 4.5), composição centesimal (sólidos totais, cinzas, lipídios, proteínas e
carboidratos) (Tabela 4.6), teor de antocianinas monoméricas, atividade
antioxidante, teor de fenólicos totais (Tabela 4.7) e cor e atividade enzimática da
POD e PFO (Tabela 4.8). Esses resultados estão apresentados em comparação
com a polpa de açaí não processada (A1 e A2), do mesmo lote.
58
Tabela 4.5 - Acidez total (AT), pH, sólidos solúveis (SS) da polpa de açaí filtrada do lote 2, em comparação com a não filtrada
Valores na mesma coluna com a mesma letra não apresentam diferença significativa (p> 0,05). 1em ácido cítrico
ANOVA aplicada, no intervalo de confiança de 95 %, indicou diferenças
significativas na acidez total e no pH para todas amostras, porém em relação ao teor
de sólidos solúveis, apenas a amostra A1 apresentou diferença significativa em
relação as demais.
Tabela 4.6 - Sólidos totais (ST), cinzas, lipídios, proteínas e carboidratos, da polpa de açaí do lote 2 em comparação com a não filtrada
Amostra ST
(g/100g)
Cinzas
(g/g)1
Lipídios
(g/g) 1
Proteínas (g/g) 1
Carboidratos2 (g/g) 1
A1 14,63 ± 0,06c 0,04 ± 0,00a 0,51 ± 0,01c 0,10 ± 0,00a 0,35 ± 0,01ª
F1 4,47 ± 1,25a 0,11 ± 0,00b 0,20 ± 0,00a 0,09 ± 0,01ª 0,61 ± 0,28ª
A2 11,44 ± 0,42b 0,04 ± 0,00a 0,49 ± 0,02c 0,11 ± 0,00a 0,36 ± 0,06ª
F2 3,54 ± 0,67a 0,11 ± 0,00b 0,27 ± 0,02b 0,11 ± 0,00a 0,51 ± 0,17a
Tukey
(5 %) 3,01 0,00 0,06 0,03 0,68
Valores na mesma coluna com a mesma letra não apresentam diferença significativa (p>0,05). 1em base seca 2Calculado por diferença.
Amostra AT1 (g/100g) pH SS
(oBrix)
A1 0,23 ± 0,00c 5,58 ± 0,00d 2,91 ± 0,21b
F1 0,16 ± 0,00b 5,37 ± 0,00b 2,09 ± 0,07a
A2 0,24 ± 0,00d 5,54 ± 0,00c 1,71 ± 0,07a
F2 0,13 ± 0,00a 5,05 ± 0,00a 1,74 ± 0,00a
Tukey
(5 %) 0,00 0,00 0,48
59
ANOVA aplicada, no intervalo de confiança de 95 %, indicou diferenças
significativas no teor de sólidos totais entre as amostras não processadas A1 e A2 e
como esperado, também em relação às filtradas F1 e F2, sendo que estas não
apresentaram diferença entre si. Apesar do teor de sólidos totais da amostra A2 ter
apresentado um valor significativamente menor, os resultados após a filtração se
apresentaram coerentes, pois a retenção de sólidos no processo de filtração foi
muito próxima de 69,45 % na A1 e 69,06 % na A2. Em relação ao teor de cinzas, a
diferença apresentada é devido ao próprio processo de filtração. Em relação ao teor
de lipídios, apenas as amostras A1 e A2 não apresentaram diferença significativa,
porém em relação ao teor de proteínas e carboidratos, nenhuma diferença
significativa foi encontrada. Estas diferenças apresentadas são inerentes ao
processo da filtração, uma vez que cinzas e carboidratos são hidrossolúveis, e,
portanto, justificam os valores superiores na amostras filtradas.
O teor de antocianinas monoméricas (Am), atividade antioxidante (AA) e
fenólicos totais (FT) das amostras não processadas e filtradas estão apresentados
na Tabela 4.7.
Tabela 4.7 - Teor de antocianinas monoméricas (Am), atividade antioxidante (AA) e teores de fenólicos totais (FT), das amostras filtradas do lote 2 em comparação com as não filtradas
Amostra Am
(mg/g)1 AA2
(µmol TE/g)1 FT3
(mg GAE/g)1
A1 2,20 ± 0,02a 7,68 ± 0,31a 25,51 ± 0,50a
F1 4,77 ± 0,17c 16,24 ± 2,14b 54,94 ± 2,27c
A2 2,54 ± 0,07b 8,27 ± 0,78a 35,83 ± 0,05b
F2 5,77 ± 0,09d 18,27 ± 1,44b 74,45 ± 0,20d
Tukey
(5 %) 0,282 3,26 3,60
Valores na mesma coluna com a mesma letra não apresentam diferença significativa (p> 0,05). 1em base seca 2expresso em µmol de equivalente Trolox (TE)/g 3 expresso em mg de ácido gálico (GAE)/g
60
ANOVA aplicada, no intervalo de confiança de 95 %, indicou diferenças
significativas para todas as amostras em relação ao teor de antocianinas
monoméricas e fenólicos totais, no entanto a atividade antioxidante das amostras
apresentou diferença significativa somente em relação à etapa de filtração.
Os resultados obtidos com a filtração são coerentes e confirmam o fato das
antocianinas serem pigmentos hidrossolúveis, por esse motivo, o teor de
antocianinas monoméricas foram superiores aos teores da polpa não filtrada e como
a amostra F2 apresentou um teor menor de sólidos totais em relação à amostra F1,
também apresentou maior teor de antocianinas. A atividade antioxidante e o teor de
fenólicos totais também seguiram essa mesma tendência.
Tabela 4.8 - Diferença total de cor (∆E*), atividade enzimática da peroxidase (POD) e polifenoloxidase (PFO)
Amostra DE* POD (U/s.oBrix.g)1
PFO (U/s.oBrix.g)1
A1 99,20 ± 0,76d 1,02E-2 ± 8,15E-3a 2,87E-2 ± 2,38E-3a
F1 81,60 ± 0,47a 4,04E-2 ± 4,75E-3b 1,33E-1 ± 2,89E-3c
A2 89,40 ± 0,27c 3,73E-2 ± 3,21E-3b 7,59E-2 ± 5,20E-3b
F2 84,20 ± 1,27b 6,95E-2 ± 6,01E-3c 1,41E-1 ± 2,65E-3c
Tukey
(5 %) 1,55 0,01 0,01
Valores na mesma coluna com a mesma letra não apresentam diferença significativa (p> 0,05). 1 em base seca ANOVA aplicada, no intervalo de confiança de 95 %, indicou para a diferença
total de cor, uma redução com a filtração. Em relação à atividade enzimática da POD
e PFO, as amostras após filtração não apresentaram diferença significativa entre si.
A etapa de filtração resultou atividades enzimáticas da POD e PFO superiores à
atividade enzimática da polpa não filtrada, para as duas amostras. Esse aumento
pode ser explicado pelo tempo prolongado que a polpa ficou exposta, durante a
filtração, propiciando um contato maior da enzima com os substratos presentes na
polpa de açaí.
61
Nas Figuras 4.2 e 4.3 são apresentadas, como exemplo, as curvas da
absorbância versus tempo (s), obtidas no espectrofotômetro, para as enzimas POD
e PFO, respectivamente, da amostra filtrada (F1).
Figura 4.2 - Curvas da absorbância versus tempo (s) para a peroxidase (POD), presente na polpa de
açaí (amostra F1)
Figura 4.3 - Curvas da absorbância versus tempo (s) para a polifenoloxidase (PFO), presente na
polpa de açaí (amostra F1)
62
4.3 Caracterização reológica
4.3.1 Determinação da distância entre placas (gap)
A determinação da distância entre as placas (gap) do reômetro para a
caracterização reológica é importante, pois a polpa de açaí apresenta elevada
quantidade de partículas irregulares em suspensão. O gap mais adequado deve
garantir o cisalhamento completo da amostra, sem que haja escorregamento do
material dependendo da faixa de taxa de cisalhamento utilizada.
A distância entre placas, ou seja, o gap, testado nos ensaios foi de (1,0; 1,2;
1,5; 1,7 e 2,0) mm, sempre à temperatura de 30 ºC. A taxa de cisalhamento variou
de (1 a 500) s-1, com aquisição de dados à taxa de 180 pps, durante 15 min.
Na Figura 4.4 observa-se claramente que a polpa de açaí para os gaps (1,0;
1,2 e 1,5) mm, apresenta um comportamento não-newtoniano e que quanto maior foi
o gap utilizado, à mesma taxa de cisalhamento, maior foi a tensão de cisalhamento
(τ) obtida. As curvas obtidas para os valores de gap de (1,7 e 2,0) mm não estão
apresentadas, pois a polpa foi lançada para fora da placa na faixa de taxa de
cisalhamento aplicada. O mesmo foi observado por Tonon et al. (2009), isto é,
durante as análises realizadas com os gaps de (1,7 e 2,0) mm, uma separação da
polpa de açaí (14 % de sólidos totais) foi claramente visível.
63
Figura 4.4 – Curvas de escoamento da polpa de açaí, tipo média, obtidas para diferentes gaps e
temperatura de 30 oC
Usualmente, as polpas de frutas são caracterizadas como não-Newtonianos e
são descritas pelos modelos Lei de Potência (eq. 4.2) e Herschel-Bulkley (eq. 4.3),
se apresentar uma tensão inicial de cisalhamento. Os dados obtidos
experimentalmente foram ajustados a esses modelos por regressão linear e não
linear, usando o programa Statgraphics Centurion XV® v. 15.2.06 (Stat Point,
Warrenton, USA), e os parâmetros obtidos estão apresentados na Tabela 4.9.
( )nyK &×=τ (eq. 4.2)
( )nyK &×+=
0ττ (eq. 4.3)
Sendo: τ − tensão de cisalhamento (Pa)
τ0 − tensão inicial de cisalhamento (Pa)
Κ − índice de consistência (Pa.sn)
γ& − taxa de cisalhamento (s-1)
n – índice de comportamento de fluxo (adimensional)
64
Os resultados obtidos para as curvas de escoamento com gaps de
(1,0; 1,2 e 1,5) mm apresentaram um maior coeficiente de determinação (r2) para o
modelo de Herschel-Bulkley, em comparação ao modelo Lei de Potência, e o gap de
1,0 mm foi o que apresentou melhor ajuste (r2 = 0,960 e 0,982 para os modelos de
Lei de Potência e Herschel-Bulkley, respectivamente), sendo assim escolhido para
as demais análises reológicas. O índice de comportamento de fluxo (n) obtido pelo
modelo Lei de Potência, variou de 0,594 a 0,632, confirmando o caráter não-
newtoniano da polpa de açaí.
Tabela 4.9 – Parâmetros obtidos dos modelos de Lei de Potência e Herschel Bulkley, a aprtir do ajuste dos dados experimentais obtidos da polpa de açaí, tipo média, em função do gap
utilizado.
Gap
(mm)
Modelo Lei de Potência
Κ (Pa·sn) n r2
1,0 0,149 ± 0,013 0,633 ± 0,006 0,960
1,2 0,198 ± 0,011 0,625 ± 0,005 0,950
1,5 0,218 ± 0,015 0,595 ± 0,007 0,920
Gap
(mm)
Modelo Herschel-Bulkley
τ0 (Pa) Κ (Pa·sn) n r2
1,0 0,946 ± 0,059 0,018 ± 0,002 0,969 ±0,018 0,982
1,2 1,056 ± 0,106 0,037 ± 0,005 0,893 ± 0,022 0,953
1,5 1,350 ± 0,092 0,012 ±0,002 1,067 ±0,027 0,947
65
4.3.2 Curvas ascendentes e decrescentes
As curvas de up and down (taxa ascendente e decrescente) foram obtidas
com polpa de açaí média, gap de 1,0 mm e intervalo de temperatura variando de (10
a 50) ºC. Na Figura 4.5 exemplos de curvas obtidas para cada temperatura são
mostradas.
Claramente observa-se a presença de histerese, indicando os efeitos do
cisalhamento na estrutura molecular da polpa de açaí. Além disso, para todas as
temperaturas, foi observado um ciclo de histerese em sentido anti-horário, e quanto
maior a temperatura, menor foi a histerese. O ciclo anti-horário da histerese denota
um comportamento anti-tixotrópico, induzindo a formação de estrutura durante o
cisalhamento.
Figura 4.5 - Curvas up and down (taxa de cisalhamento crescente e decrescente) obtidas da polpa de açaí, tipo média, com gap de 1,0 mm e diferentes temperaturas (10 a 50) oC.
Novamente, os dados obtidos experimentalmente para as curvas com taxa
crescente e decrescente foram ajustados separadamente aos modelos de Lei de
Potência (eq. 4.2), Herschel-Bulkley (eq. 4.3) e Bingham (eq. 4.4) e os parâmetros
obtidos estão apresentados nas Tabela 4.10, 4.11 e 4.12, respectivamente.
66
γ×+τ=τ &B0 K (eq. 4.4)
Sendo: τ − tensão de cisalhamento (Pa)
τ0 − tensão inicial de cisalhamento (Pa)
ΚΒ − viscosidade plástica de Bingham (Pa.s)
γ& − taxa de cisalhamento (s-1)
Tabela 4.10 – Parâmetros obtidos do modelo Lei de Potência, a partir do ajuste dos dados experimentais obtidos da polpa de açaí tipo média, para as curvas de escoamento ascendente
e decrescente.
T
(ºC)
Modelo Lei de Potência
Taxa crescente Taxa decrescente
Κ (Pa·sn) n r2 Κ (Pa·sn) n r2
10 0,514 ± 0,122 0,490 ± 0,037 0,941 0,345 ± 0,012 1,354 ± 0,293 0,979
20 0,498 ± 0,034 0,476 ± 0,016 0,936 0,316 ± 0,004 1,460 ± 0,109 0,988
30 0,331 ± 0,002 0,498 ± 0,006 0,898 0,322 ± 0,002 1,143 ± 0,051 0,998
40 0,493 ± 0,061 0,458 ± 0,016 0,957 0,300 ± 0,009 1,369 ± 0,130 0,993
50 0,431 ± 0,073 0,453 ± 0,019 0,957 0,281 ± 0,007 1,320 ± 0,145 0,996
67
Tabela 4.11 - Parâmetros obtidos do modelo de Herschel-Bulkley, a partir do ajuste dos dados experimentais obtidos da polpa de açaí tipo média, para as curvas de escoamento ascendente e decrescente.
T
(ºC)
Modelo Herschel-Bulkley
Taxa crescente Taxa decrescente
τ0 (Pa) Κ (Pa·sn) n r2 τ0 (Pa) Κ (Pa·sn) n r2
10 2,222 ± 0,456 0,030 ± 0,007 0,932 ± 0,044 1,000 2,794 ± 0,349 0,224 ± 0,086 0,605 ± 0,036 0,999
20 2,088 ± 0,114 0,028 ± 0,007 0,922 ± 0,031 0,999 2,423 ± 0,142 0,339 ± 0,045 0,515 ± 0,013 1,000
30 1,300 ± 0,070 0,015 ± 0,001 0,990 ± 0,006 0,994 0,870 ± 0,019 0,689 ± 0,046 0,388 ± 0,004 0,999
40 1,392 ± 0,405 0,099 ± 0,058 0,721 ± 0,090 0,997 1,564 ± 0,325 0,575 ± 0,246 0,420 ± 0,049 0,997
50 1,232 ± 0,194 0,078 ± 0,011 0,709 ± 0,015 0,997 0,511 ± 0,397 1,052 ± 0,363 0,316 ± 0,048 0,998
68
Tabela 4.12 – Parâmetros obtidos do modelo de Bingham a partir do ajuste dos dados experimentais obtidos da polpa de açaí tipo média, para as curvas de escoamento ascendente
e decrescente.
T
(ºC)
Modelo Bingham
Taxas crescentes Taxas decrescentes
τ0 (Pa) ΚB (Pa·s) r2 τ0 (Pa) ΚB (Pa·s) r2
10 2,464±0,334 0,019±0,003 0,998 4,662±0,840 0,016±0,002 0,973
20 2,346±0,080 0,017±0,001 0,998 4,645±0,294 0,013±0,000 0,968
30 1,449±0,047 0,014±0,001 0,996 3,832±0,154 0,010±0,001 0,948
40 2,393±0,225 0,014±0,001 0,981 4,206±0,326 0,010±0,001 0,940
50 2,077±0,244 0,011±0,001 0,985 3,862±0,387 0,008±0,001 0,924
Os dados foram bem ajustados ao modelo Herschel-Bulkley (r2 ≥ 0,994),
apresentando índice de consistência (Κ) variando de (0,030 ± 0,007 a
0,078 ± 0,011) Pa.sn para as curvas com taxa de cisalhamento crescente e de (0,224
± 0,086 a 1,052 ± 0,363) Pa.sn para as curvas com taxa de cisalhamento
decrescente, confirmando o comportamento anti-tixotrópico. De acordo com Neida;
Elba (2007), a polpa de açaí da Amazônia, em base seca, apresenta elevado
conteúdo de lipídios (aproximadamente 40 g/100g), proteínas (15 g/100g) e fibras
totais (25 g/100g) e com relação a qualidade da gordura, foi observada a
predominância de ácidos graxos, que representa 71 % dos lipídios totais.
Notavelmente, é alto o teor de ácido oléico (18:1), seguido do linoléico (18:2) e ácido
α-linoléico (18:3), sendo o teor de ácido oléico presente na polpa de açaí
comparável ao do óleo de oliva (77,0) e de canola (61,5) %. Kim et al. (2010)
correlacionaram a composição de ácidos graxos de óleos vegetais com o
comportamento reológico e demonstraram que a viscosidade variou dependendo da
composição de ácidos graxos, especialmente foi observado que quanto maior a
proporção de ácido oléico (18:1) maior foi a viscosidade, enquanto que uma alta
proporção de ácido linoléico (18:2) reduziu a propriedade do óleo. As viscosidades a
15 oC encontradas para os óleos de oliva e canola foram de 0,059 Pa.s e 0,054 Pa.s,
respectivamente. Os autores explicaram que a presença das ligações duplas nas
69
moléculas dos ácidos dificultam a sua proximidade, e portanto não formando uma
estrutura rígida e fixa. Por essa razão, devido à gordura presente na polpa de açaí
ser rica em ácido oléico, isso pode explicar o comportamento de escoamento
encontrado, ou seja, maior a temperatura, menor a histerese.
O índice de comportamento de fluxo (n) diminuiu nas curvas de escoamento
com taxas de cisalhamento decrescente de (0,605 ± 0,036 a 0,316 ± 0,048), em
comparação ao obtido para as curvas com taxas crescentes (0,932 ± 0,044 a
0,709 ± 0,015). Tonon et al. (2009) determinaram em tensão constante e
temperatura de (10 a 70) oC o comportamento de escoamento da polpa de açaí do
Belém (PA), com 14 % de sólidos totais. Após eliminar a tixotropia e ajustando os
dados ao modelo de Herschel-Bulkley, os autores encontraram um índice de
comportamento (n) entre 0,39 e 0,79, o índice de consistência (Κ) de (0,17 a
1,28) Pa.sn e tensão inicial de cisalhamento (τ0) de (2,29 a 4,74) Pa, para superfície
de geometria lisa.
4.3.3 Viscosidade aparente em função do tempo cisalhamento
Curvas da viscosidade aparente em função do tempo de cisalhamento foram
obtidas para taxas de cisalhamento de (100 e 500) s-1, com gap de 1,0 mm, à
temperatura de 30 oC, durante 25 min e estão mostradas na Figura 4.6. Pode-se
observar que a viscosidade aparente da polpa de açaí diminuiu com o tempo em
direção a um pequeno valor constante de viscosidade aparente (η0). Após esse
ponto a viscosidade aparente da polpa de açaí aumentou, demonstrando um
aumento dependente do tempo, provavelmente devido a um rearranjo estrutural. Os
valores de viscosidade aparente (η0) obtidos foram (21,3 mPa.s e 12,4 mPa.s) para
100 s-1 e 500 s-1, respectivamente. Tonon et al. (2009) encontraram um valor similar
de viscosidade aparente (19 mPa.s) a 30 oC e taxa de cisalhamento de 100 s-1. É
importante mencionar que os valores de viscosidade aparente relatados por Tonon
et al. (2009) foram obtidos depois de 3 ciclos de escoamento (ciclo ascendente,
decrescente e ascendente), e os autores observaram uma tixotropia reversível em
baixas taxas de cisalhamento no segundo ciclo ascendente, comparado com o ciclo
decrescente.
70
Figura 4.6 – Viscosidade aparente (η) da polpa de açaí, tipo média, a taxa de cisalhamento constante de 100 e 500 s-1, com gap de 1,0 mm entre placas e à temperatura de 30oC.
4.3.4 Análise de recuperação de estrutura
Na Figura 4.7 as curvas obtidas para o teste de duas fases da polpa de açaí
no intervalo de temperatura de (10 a 50) oC estão mostradas. O teste de duas fases
foi conduzido a taxa de cisalhamento de 10 s-1, simulando o estado de repouso,
durante 5 min, 5 min a alta taxa de cisalhamento constante (500 s-1), seguido de um
tempo de recuperação de 10 min a taxa de cisalhamento de 10 s-1.
A viscosidade aparente aumentou após o período de alta taxa de
cisalhamento indicando um rearranjo estrutural da polpa de açaí, o que explica o
comportamento anti-tixotrópico, caracterizado pela histerese em sentido anti-horário
apresentado na Figura 4.5. O aumento na estrutura da polpa de açaí é medido pela
razão da viscosidade aparente de equilíbrio alcançada após a aplicação da alta taxa
de cisalhamento (η’e) e a viscosidade aparente de equilíbrio (ηe) após a condição de
estado de repouso. A razão do aumento de estrutura variou de (128 a 159) % de
acordo com a variação de temperatura. Com o aumento da temperatura o efeito do
rearranjo estrutural da polpa de açaí diminuiu. Esse resultado é importante para
71
processos nos quais altas taxas de cisalhamento estão envolvidas, como processo
de mistura e agitação, escoamento por tubos, pulverização e homogeneização
(STEFFE, 1996).
Além disso, modificações estruturais durante o processo de pasteurização,
congelamento e descongelamento da polpa; presença de partículas dispersas que
podem ter sofrido aglomeração durante o cisalhamento; e possibilidades de
formação de emulsão pela quebra dos glóbulos de gordura pelo cisalhamento
podem explicar o aumento da viscosidade aparente no período de repouso após o
cisalhamento.
Figura 4.7 – Curvas obtidas dos testes de duas fases (taxa de cisalhamento de 10 s-1, simulando o estado de repouso, durante 5 min, 5 min de alta taxa de cisalhamento constante (500 s-1), seguido de um tempo de recuperação de 10 min em taxa de 10 s-1) da polpa de açaí, em temperaturas de (10 a
50) oC e gap de 1,0 mm.
Abu-Jdayil e Mohameed (2004) estudaram a dependência de escoamento de
pastas de amido-leite-açúcar (SMS) em relação ao tempo de cisalhamento. As
propriedades de escoamento foram avaliadas pelas medidas da tensão de
cisalhamento versus o tempo de cisalhamento à taxa constante. Pastas de SMS
aquecidas a (95 e 85) ºC apresentaram um comportamento tixotrópico, enquanto a
ηe
η’e
72
pasta aquecida a 75 ºC apresentou comportamento anti-tixotrópico. Os autores
concluíram que essa diferença de comportamento, ocorreu devido a parcial ou total
gelatinização do amido, a (75 ºC e a 85) ºC, respectivamente, e portanto o rearranjo
estrutural da pasta foi diferente devido ao cisalhamento.
Tiziani e Vodovotz (2005) compararam as propriedades reológicas do suco de
tomate contendo 1 % proteína de soja com o suco padrão de tomate. O suco padrão
apresentou um comportamento tixotrópico e com adição de soja exibiu um
comportamento tixotrópico a baixas taxas de cisalhamento seguido por uma
transição para o comportamento anti-tixotrópico em taxas mais elevadas. Essa
transição do comportamento tixotrópico para anti-tixotrópico foi explicada pela
possível formação de agregados. Esses agregados podem ser resultado de um
rearranjo das proteínas durante o cisalhamento, tornando-se mais disponíveis para
interações com a pectina e todas outras partículas presentes no suco do tomate.
Alvarez et al. (2007) destacaram a influência de um processo de
congelamento e descongelamento nas modificações estruturais de dispersões de
lecitina de soja. Um congelamento e descongelamento lento podem causar rupturas
na estrutura do material, e posterior formação de aglomerados quando submetidos a
uma taxa de cisalhamento.
4.4 Tratamento de homogeneização a alta pressão
A polpa filtrada foi submetida ao processo de homogeneização de alta
pressão, com uma repetição, com temperaturas de entrada de (20 e 30) oC e
pressões de (0,100, 200 e 300) MPa.
Nas Figuras 4.8 e 4.9 pode-se observar a variação da temperatura do produto
durante a passagem da polpa de açaí na válvula de acordo com a pressão aplicada.
Verifica-se que a temperatura do produto ao passar pela válvula sem pressão não
variou em relação a sua temperatura de entrada. No entanto, a temperatura da polpa
aumentou significativamente com o aumento da pressão aplicada na válvula de
homogeneização, ou seja, a temperatura de entrada de 20 oC, à 100 MPa a
temperatura chegou próximo de 40 oC, à 200 MPa próxima de 65oC e na de
300 MPa, a temperatura alcançou 80 oC. Para temperatura de entrada de 30 oC, à
100 MPa a temperatura chegou próximo de 50 oC, à 200 MPa próxima de 70 oC e a
73
de 300 MPa, a temperatura alcançou 90oC. Após o resfriamento a que foi submetido
o produto na saída do equipamento variou entre variou entre (20 e 35) oC.
Independentemente da temperatura do produto na entrada do
homogeneizador, o aumento da temperatura ao passar pela válvula de
homogeneização foi de aproximadamente 20 oC/ 100 MPa.
Figura 4.8 – Variação de temperatura da polpa de açaí filtrada (temperatura na entrada de 20 oC) na entrada do equipamento, durante a passagem pela válvula de homogeneização e após resfriamento,
no processo de homogeneização a cada pressão.
Figura 4.9 - Variação de temperatura da polpa de açaí filtrada (temperatura na entrada de 30 oC) na entrada do equipamento, durante a passagem pela válvula de homogeneização e após resfriamento,
no processo de homogeneização a cada pressão.
T após válvula de homogeneização
T de entrada
T após resfriamento
300 MPa
200 MPa
0 MPa
100 MPa
0 MPa
74
Na Tabela 4.13, os resultados obtidos das análises de antocianinas
monoméricas (Am), atividade antioxidante (AA) e fenólicos totais (FT), das amostras
F1 e F2 do lote 2, tratadas no homogeneizador a alta pressão estão apresentados de
acordo com a temperatura na entrada e a pressão aplicada.
Tabela 4.13 - Teor de antocianinas monoméricas (Am), atividade antioxidante (AA) e fenólicos totais (FT), das amostras F1 e F2 do lote 2, da polpa de açaí filtrada, tratadas no
homogeneizador a alta pressão, em função das temperaturas de entrada de (20 e 30) oC e da pressão aplicada de (0, 100, 200 e 300) MPa
Amostra T (oC) P (MPa) Am (mg/g extrato)1
AA2 (µmol TE/g)1
FT3 (mg GAE/g) 1
F1 20 0 3,65 ± 0,09 15,14 ± 0,17 48,26 ± 3,46
F1 20 100 3,95 ± 0,07 12,05 ± 0,12 42,66 ± 1,92
F1 20 200 3,65 ± 0,15 14,99 ± 0,38 44,77 ± 4,70
F1 20 300 3,08 ± 0,15 13,46 ± 0,73 39,93 ± 0,37
F1 30 0 3,69 ± 0,43 18,82 ± 0,01 46,78 ± 3,19
F1 30 100 4,03 ± 0,12 17,38 ± 0,93 43,88 ± 0,92
F1 30 200 2,82 ±0,89 14,73 ± 0,14 43,28 ± 1,63
F1 30 300 3,38 ± 0,21 12,08 ±0,94 44,54 ± 0,50
F2 20 0 5,14 ± 0,09 17,98 ± 0,29 64,54 ± 2,37
F2 20 100 5,51 ± 0,10 18,40 ± 2,07 60,51 ± 1,44
F2 20 200 4,87 ± 0,03 20,02 ± 1,54 58,90 ±3,92
F2 20 300 4,79 ± 0,15 17,90 ± 0,51 58,09 ± 2,56
F2 30 0 4,95 ±0,15 21,93 ± 1,63 61,49 ± 2,13
F2 30 100 5,17 ± 0,08 19,61 ± 0,06 60,62 ± 1,45
F2 30 200 4,72 ± 0,17 20,12 ± 1,98 51,54 ± 2,14
F2 30 300 5,96 ± 0,28 17,97 ± 1,40 57,63 ± 6,86 1em base seca 2expresso em µmol de equivalente Trolox (TE)/g 3 expresso em mg de ácido gálico (GAE)/g
75
Na Tabela 4.14 estão apresentados os resultados obtidos das análises de cor
e da atividade enzimática da POD e PFO, das amostras F1 e F2 do lote 2, tratadas
no homogeneizador a alta pressão com temperaturas de entrada de (20 e 30) oC e
pressões de (0, 100, 200 e 300) MPa.
Tabela 4.14 - Diferença total de cor (∆E*), atividade enzimática da peroxidase (POD) e polifenoloxidase (PFO), das amostras F1 e F2 do lote 2, da polpa de açaí filtrada, tratadas no homogeneizador a alta pressão, em função das temperaturas de entrada de (20 e 30) oC e da
pressão aplicada de (0, 100, 200 e 300) MPa
Amostra T
(oC)
P
(MPa) ∆E* POD
(U/s.oBrix.g)1 PFO
(U/s.oBrix.g)1
F1 20 0 81,08 ± 0,16 1,11E-01 ± 6,25E-02 2,16E-01 ± 1,65E-03
F1 20 100 98,36 ± 4,77 6,26E-02 ± 1,51E-03 1,29E-01 ± 1,47E-03
F1 20 200 97,09 ±1,83 8,84E-02 ± 2,86E-02 1,65E-01 ± 5,13E-03
F1 20 300 99,63 ± 3,32 5,03E-02 ± 6,22E-03 1,18E-01 ± 1,24E-02
F1 30 0 87,04 ±1,70 7,83E-02 ± 7,29E-02 2,63E-01 ± 1,82E-01
F1 30 100 97,30 ± 3,67 7,06E-02 ± 1,62E-02 1,38E-01 ± 5,73E-03
F1 30 200 97,97 ± 2,53 9,13E-02 ± 1,14E-02 1,66E-01 ± 7,49E-03
F1 30 300 90,66 ± 2,00 8,49E-02 ± 1,06E-02 6,11E-02 ± 4,97E-03
F2 20 0 81,50 ± 0,06 1,19E-01 ± 1,20E-02 2,19E-01 ± 9,46E-03
F2 20 100 92,54 ± 1,52 9,87E-02 ± 2,75E-03 1,99E-01 ± 1,43E-03
F2 20 200 89,41 ±4,00 1,18E-01 ± 1,22E-02 8,69E-02 ± 4,38E-03
F2 20 300 98,21 ± 1,49 7,96E-02 ± 5,17E-03 1,02E-01 ± 6,36E-03
F2 30 0 82,42 ± 0,50 9,88E-02 ± 6,94E-03 1,95E-01 ± 1,19E-02
F2 30 100 88,14 ± 1,99 1,10E-01 ± 1,09E-02 1,73E-01 ± 7,64E-03
F2 30 200 104,44 ± 3,00 9,13E-02 ± 6,29E-03 8,42E-02 ± 6,94E-03
F2 30 300 108,62 ±1,13 6,54E-02 ± 8,35E-03 2,11E-01 ± 1,95E-02 1em base seca
76
Para verificar a influência da temperatura na entrada e da pressão aplicada,
análise de variância multifactor (vários fatores) foi aplicada sobre os valores
residuais, uma vez que diferenças na polpa de açaí não tratada não são inerentes
ao processo. Em relação aos resultados apresentados na Tabela 4.13, a ANOVA foi
aplicada para a antocianina monomérica residual
0AmAm
; atividade antioxidante
residual
0AAAA
e para os teor residual de fenólicos totais
0FTFT
, sendo o índice 0,
o valor correspondente obtido da polpa filtrada não tratada.
Do mesmo modo, em relação aos resultados apresentados na Tabela 4.14, a
análise de variância “multifactor” (vários fatores) foi aplicada para a diferença total de
cor (∆E*), e para as atividades enzimáticas residuais da
0PODPOD
e
0PFOPFO
.
Dos três fatores estudados (amostra, temperatura de entrada e pressão),
somente a pressão influenciou significativamente, no intervalo de confiança de 95 %,
a antocianina monomérica residual, o teor residual de fenólicos totais, a diferença
total de cor e atividade enzimática residual da PFO, como pode ser observado na
Tabela 4.15.
Tabela 4.15 - Residuais de antocianinas monoméricas, fenólicos totais, diferença total de cor e atividade enzimática da PFO das amostras F1 e F2 , processadas no homogeneizador a alta
pressão, de acordo com a pressão aplicada
P (MPa)
0AmAm
0FTFT
∆E*
0PFOPFO
0 0,997a,b 1,000b 83,00a 1,000b
100 1,070b 0,948a,b 93,40b 0,730a
200 0,977a 0,927a 95,80b,c 0,556a
300 0,975a 0,938a,b 100,00c 0,530a
Tukey (5 %)
0,087 0,072 5,79 0,202
Valores na mesma coluna com a mesma letra não apresentam diferença significativa (p> 0,05).
77
Pela análise estatística, pode-se observar que para a antocianina monomérica
residual, a amostra tratada com pressão de 100 MPa apresentou um valor
significativamente maior em relação as amostras tratadas com 200 e 300 MPa e
mesmo assim, o tratamento de homogeneização a alta pressão preservou 97,5 %
das antocianinas. Em relação aos fenólicos totais, apenas as amostras tratadas com
(0 e 200) MPa apresentaram diferença significativa entre si e da mesma maneira que
para as antocianinas, o tratamento preservou bem o teor de fenólicos totais (92,7 %).
Em relação à atividade residual da PFO, apesar das amostras tratadas com
pressões de (100, 200 e 300) MPa não terem apresentado diferença significativa,
apresentaram uma tendência de redução da atividade residual com o aumento da
pressão. A inativação máxima alcançada para a PFO foi de 47 %. Observando os
resultados da análise estatística para a diferença total de cor (∆E*), houve um
aumento com o aumento da pressão.
Na atividade residual da POD, tanto a temperatura quanto a pressão
influenciaram significativamente os resultados. Os resultados da análise estatística
estão mostrados na Tabela 4.16
Tabela 4.16 - Atividade enzimática residual da POD das amostras F1 e F2 , processadas no homogeneizador a alta pressão de acordo com a pressão e temperatura de entrada aplicada ao
produto
T
(oC)
P (MPa) Tukey (5 %) 0 100 200 300
20 0,872b,A 0,724a,b,A 0,897b,A 0,563a,A 0,273
30 0,998a,A 1,010a,B 1,050a,A 0,873a,A 0,229
Tukey (5 %) 0,227 0,234 0,243 0,255
Valores na mesma linha com a mesma letra em minúsculo e na mesma coluna com a mesma letra em maiúsculo não apresentam diferença significativa (p> 0,05).
Pela análise estatística da atividade residual da POD, as diferentes
temperaturas de entrada (20 e 30) oC só influenciaram significativamente a amostra
tratada com 100 MPa, também é possível observar que a peroxidase é uma enzima
barorresistente, com uma sobreativação nos tratamentos realizados com
temperaturas de entrada de 30 oC a à pressões de (100 e 200) MPa. A máxima
78
inativação obtida para a POD foi de 43,7 %, no tratamento à pressão de 300 MPa e
temperatura de entrada de 20 oC.
Segundo Robinson (1991), existem naturalmente vários compostos fenólicos
nos tecidos vegetais que podem ser oxidados pela peroxidase, na presença de uma
pequena quantidade de hidroperóxido e devido à diversidade dos compostos
suscetíveis à sua oxidação, a variedade de produtos formados é muito extensa. A
peroxidase utiliza na reação, tanto um substrato oxidante, que pode ser o peróxido
de hidrogênio (ROOH), quanto um redutor. Geralmente, a peroxidase catalisa a
seguinte reação:
ROOH + AH2 H2O + ROH + A-
Nessa primeira etapa da reação, ocorre a oxidação inicial do substrato doador
(AH2) produzindo um radical (A-) livre. Essa reação pode ser reversível, como
apresentado na Figura 4.10. O composto I é produzido pela adição de dois elétrons
à forma nativa da peroxidase e a redução do composto II resulta na reformulação da
peroxidase nativa.
Figura 4.10 – Reação de redução do composto II resultando na reformação da peroxidase nativa.
Fonte: Robinson (1991)
No caso da polifenoloxidase, a sua ação até a formação de compostos
escuros é mais complexa e lenta. Numerosos métodos descritos na literatura
demonstram que a determinação precisa da PFO ainda é um desafio, isto devido à
presença das quinonas formadas durante o curso da reação enzimática, proveniente
de reações secundárias, substratos não reagentes, oxigênio e outros constituintes
da enzima. Estas reações levam à formação de moléculas poliméricas complexas
Per – Fe V = 0 + e- + H+ Per – Fe IV – OH Composto I Composto II
Per – Fe IV – OH + e- + H+ Per – Fe III – H2O Composto II Enzima nativa
79
interferindo na análise. A PFO é uma enzima que contém cobre na sua estrutura, e é
capaz de catalisar diferentes tipos de reação: a hidroxilação de monofenóis a
O-difenóis e a de hidrogenação de O-difenóis a O-quinonas, sendo estes últimos,
produtos que conduzem uma série de reações não enzimáticas, produzindo
pigmentos e melanina de cor marrom escura.
Essas diferenças no mecanismo de atuação enzimática da POD e da PFO
explicam os diferentes valores de atividade enzimática obtidos.
Quanto a influência na atividade antioxidante, os três fatores (amostra,
temperatura e pressão) influenciaram significativamente os resultados, como
mostrado na Tabela 4.17.
Tabela 4.17 – Atividade antioxidante residual das amostras F1 e F2 , processadas no homogeneizador a alta pressão de acordo com a pressão e temperatura de entrada aplicada ao
produto
Amostra F1
T
(oC)
P (MPa) Tukey (5%) 0 100 200 300
20 1,000b,A 0,795a,A 0,990b,B 0,890ª,b,B 0,117
30 1,000c,A 0,923c,B 0,783b,A 0,643a,A 0,108
Tukey
(5 %) 0,043 0,108 0,055 0,110
Amostra F2
T
(oC)
P (MPa) Tukey (5%) 0 100 200 300
20 1,000a,A 1,020a,A 1,110a,A 0,997a,A 0,194
30 1,000a,A 0,895a,A 0,977a,A 0,867a,A 0,257
Tukey
(5 %) 0,128 0,277 0,242 0,168
Valores na mesma linha com a mesma letra em minúsculo e na mesma coluna com a mesma letra em maiúsculo não apresentam diferença significativa (p> 0,05).
80
Pela Tabela 4.17, observa-se que apesar das duas amostras terem
apresentado diferença significativa entre si, as pressões e temperaturas de entrada
só influenciaram os resultados da amostra F1, no caso da amostra F2, os resultados
não apresentaram diferença significativa para nenhum dos 2 fatores. Apenas na
amostra F1, para temperatura de 30 oC, foi possível observar um tendência de
redução da atividade antioxidante com o aumento da pressão.
A diferença total de cor não depende apenas da degradação das
antocianinas, mas também da alteração de cor provocada pelo escurecimento
enzimático. Comparando os resultados obtidos para a diferença total de cor (∆E*)
com o teor de antocianinas e atividade enzimática da POD e PFO, observa-se que
para as pressões de (200 e 300) MPa houve uma redução do teor de antocianinas e
das atividades da POD e PFO que correspondeu aos maiores valores de (∆E*),
indicando que a degradação das antocianinas influencia mais na coloração da polpa
de açaí processada que o escurecimento enzimático causado pela atividade
enzimática.
Na literatura, não existem muitas publicações sobre tratamentos de
preservação da polpa de açaí. Alexandre; Cunha; Hubinger (2004) estudaram o
efeito da tecnologia de obstáculos na conservação microbiana e na aceitação
sensorial de polpa de açaí. Os fatores utilizados foram: redução de pH a 3,5 pela
adição de 0,5 % de ácido cítrico; tratamento térmico (82,5 oC por 60 s), redução da
atividade de água pela adição de sacarose (10,25 e 40) % e adição de sorbato de
potássio (0,075 e 0,15) %. Os autores ressaltaram a importância da adição de
sorbato de potássio e sacarose na conservação do açaí e em relação à análise
sensorial, foi constatada a necessidade da adição de: 40 % de sacarose, ou 40 % de
sacarose e 0,15 % de sorbato de potássio, ou 25 % de sacarose e 0,075 % de
sorbato de potássio, para que a polpa de açaí tivesse aceitação por 5 meses de
armazenamento.
Menezes et al. (2008) estudaram o efeito da alta pressão hidrostática na
atividade das enzimas POD e PFO presentes na polpa de açaí. Os tratamentos
foram realizados com pressões (300, 400 e 500) MPa, temperaturas (25, 30 e
15) min e tempos (5, 10 e 15) min. A POD se apresentou estável ao processo de
alta pressão, apresentando sua máxima inativação (9,26 %) para o processo de
300 MPa, 25 oC e 15 min. Assim como no processo a homogeneização a alta
pressão, a alta pressão hidrostática também apresentou uma sobreativação da POD,
81
tratamento a 500 MPa, 25 oC e 5 min apresentou uma sobreativação de 32,98 %. A
PFO também apresentou um aumento de sua atividade para os processos de
500 MPa, 25 oC, (5 e 15) min, mas de maneira geral, processos a 35 oC
apresentaram uma inativação máxima de 46,75 %.
Pacheco-Palencia; Duncan; Talcott (2009) avaliaram a estabilidade dos
polifenóis presentes em polpas de açaí (E. precatoria e E. oleracea) tratadas
termicamente a 80 oC por (1, 5, 10, 30 e 60) min. Os autores constataram que as
taxas de degradação das antocianinas foram diretamente proporcionais ao tempo de
processamento e que as diferentes composições de antocianinas e polifenóis não-
antociânicos conferem diferentes estabilidades, nas mesmas condições de processo
(80 oC; 60 min), a cianidina-3-rutinosídeo apresentou uma maior estabilidade térmica
(apenas 7 % de degradação) que a cianidina-3-glicosídeo (degradação de mais de
72 %). Dessa maneira, a maior estabilidade térmica obtida para a polpa de açaí (E.
precatoria) foi devido à alta concentração de cianidina-3-rutinosídeo
(aproximadamente 90 % do total de antocianinas), comparado com a polpa de açaí
(E. oleracea) (aproximadamente 55 %). Pacheco-Palencia; Talcott (2010) também
avaliaram essas duas antocianinas predominantes na polpa de açaí em relação a
presença de co-fatores presentes naturalmente e adicionados num sistema modelo
em relação a diferentes valores de pH (3,0; 3,5 e 4,0) e temperatura de
armazenamento (5, 20 e 30) oC. Os autores constataram que a presença da flavona-
C-glicosídeo provocou o aumento de coloração das antocianinas (45,5 %) e um
aumento de 40,7 % na estabilidade do teor de antocianinas, independente da
variação de pH e da temperatura de armazenamento.
Lacroix, Fliss; Makhlouf (2005) estudaram o efeito da homogeneização a alta
pressão a 170 MPa, sozinha e combinada com um pré-aquecimento de 50 oC por 10
min, sobre a atividade da pectinesterase e sobre a estabilidade da opalescência do
suco de laranja. O tratamento de homogeneização a alta pressão (HAP) sem o
aquecimento reduziu a atividade da pectinesterase em 20 %, enquanto que, o
tratamento do suco a 50 ºC por 10 min sem HAP se apresentou eficaz na inativação
da enzima e a inativação foi maior para valores menores de pH. O tratamento
combinado de pré-aquecimento e HAP apresentou uma redução maior da atividade
enzimática que o tratamento térmico sozinho.
Campos; Cristianini (2007) estudaram o efeito do tratamento de
homogeneização a alta pressão na destruição de Lactobacillus plantarum e
82
Saccharomyces cerevisiae inoculados em suco de laranja tratado com pressões
variando de (100 a 300) MPa, temperatura de entrada de 10 oC, pH 4,1 e teor de
sólidos solúveis de 10,0 oBrix. Esses dois micro-organismos se mostraram sensíveis
a alta pressão, pois pressões acima de 250 MPa apresentaram uma redução de 7,1
ciclos logarítmicos de 107 UFC/mL de L. plantarum e 5,6 ciclos logarítmicos de
105 UFC/mL de S. cerevisiae. Os autores concluíram que o tratamento de
homogeneização a alta pressão é um bom processo alternativo à pasteurização
térmica.
Briñez et al. (2007) trataram leite e suco de laranja inoculados com 7 CFU/mL
de Staphylococcus aureus e S. carnosus, em homogeneizador a alta pressão, com
pressões de até 300 MPa na primeira válvula e 30 MPa na segunda, temperatura de
(6 e 20) oC. S. carnosus apresentou maior resistência quando inoculado em leite e
pressurizado com temperatura de 6 oC do que o S. aureus. Os resultados obtidos
indicaram um aumento da letalidade com o aumento da temperatura de entrada e o
tratamento de homogeneização se apresentou mais eficiente para o leite do que
para o suco de laranja.
Floury et al. (2004) estudaram o comportamento do fluido submetido a alta
pressão de homogeneização e encontraram um valor crítico do número de Reynolds
para a pressão de 170 MPa, em que o regime laminar passa a ser turbulento. Os
autores citaram que essa pressão de transição pode variar de um equipamento para
outro e que nessa transição fica complicado entender o mecanismo de destruição
das partículas, podendo assim, explicar a variação dos resultados obtidos nesse
trabalho, como o aumento da atividade enzimática e do teor de antocianinas na
polpa de açaí tratada por homogeneização a alta pressão.
Na literatura, a maior parte de artigos publicados em relação à inativação
enzimática, teor de antocianinas e atividade antioxidante de produtos a base de
frutas são sobre a utilização da alta pressão hidrostática.
Indrawati; Loey; Hendrickx (2004) estudaram o efeito combinado do
tratamento a alta pressão hidrostática com diferentes temperaturas na atividade
antioxidante de suco de laranja e cenoura. Os sucos foram tratados com pressões
de (100-800) MPa e temperaturas de (30 a 65) oC. Os autores também constataram
um aumento da atividade antioxidante de 3 para 12 % nos sucos de cenoura
tratados a (200 e 400) MPa, por 30 minutos. No caso do suco de laranja esse efeito
83
não foi observado, pelo contrário, houve uma redução significativa de 17 % para o
tratamento a alta pressão de 600 MPa por 30 min a 30 oC.
Cano; Hernandez; Ancos (1997) estudaram o efeito do tratamento de
pressurização entre 50 e 400 MPa, por 15 min, combinado com o tratamento térmico
de (20 a 60) ºC, sobre a atividade residual da peroxidase (POD) e da
polifenoloxidase (PFO) em purê de morango e em suco de laranja. No purê de
morango, a atividade residual da peroxidase (POD) diminuiu com o aumento da
pressão até 300 MPa à 20 ºC, enquanto que tratamentos com pressão acima de 300
MPa causaram um ligeiro aumento da atividade. A melhor condição de inativação foi
à 230 MPa, 43 ºC por 15 min, com a atividade residual de 75%. A atividade da
polifenoloxidase (PFO) foi afetada pelo tratamento a alta pressão e temperatura de
maneira diferente. À temperatura ambiente, a atividade residual da PFO diminuiu
drasticamente até 285 MPa (da ordem de 40%), entretanto, para tratamentos na
faixa de (285-400) MPa, houve uma redução da taxa de inativação. Os autores
também constataram que o efeito da temperatura de processo não apresentou para
a faixa de pressão de (50 a 200) MPa, resultados significativos sobre a inativação da
enzima. Com os resultados obtidos, a inativação enzimática também não apresentou
um comportamento linear com o aumento da temperatura e pressões aplicadas.
No suco de laranja, em processos à temperatura ambiente e pressões até
400 MPa, por 15 minutos, a atividade residual da POD diminuiu com o aumento da
pressão, e uma redução de 25 % da atividade inicial foi observada. Tratamento a
400 MPa e à 32ºC, provocou redução da atividade da POD presente no suco de
laranja em 50% (CANO; HERNADEZ; ANCOS 1997).
A barorresistência observada para a POD, presente na polpa de açaí tratada
por homogeneização à alta pressão, também foi observada em outros produtos
vegetais tratados por alta pressão hidrostática. Buggenhout et al. (2006) estudaram
o efeito de diferentes combinações de pressão/temperatura (0,1 – 500 MPa/20 a -
26 oC) na atividade da pectinesterase, poligalacturonase, lipoxigenase, peroxidase e
polifenoloxidase presentes em sistema modelo, extratos e alimentos (tomate,
cenoura e batata). Os tratamentos aplicados a peroxidase de cenoura não
apresentaram notável diferença nem no extrato e nem na própria cenoura tratada.
No extrato, a peroxidase não apresentou inativação quando tratada até 500 MPa em
temperatura ambiente e apenas apresentou uma leve inativação a 500 MPa em
temperaturas abaixo de zero. A menor inativação enzimática da peroxidase em
84
pedaços de cenoura foi observada no tratamento a 500 MPa em temperatura
ambiente e após tratamentos em pressões menores (100-200) MPa combinado com
temperatura ambiente ou -10 oC. Os autores ressaltam a barorresistência da
peroxidase em tratamentos a alta pressão e temperaturas abaixo de zero. Para a
polifenoloxidase extraída da batata e presente em pedaços de batata o tratamento
de alta pressão com baixa temperatura não afetou sua atividade enzimática.
Os autores relataram que a pectinesterase, poligalacturonase, peroxidase e
polifenoloxidase em sistemas congelados são mais barorresistentes que a
lipoxigenase. Tratamentos a (300-500) MPa em temperaturas entre (-10 e -20) oC
foram eficientes na inativação da lipoxigenase, mas não para as demais enzimas
presentes nos alimentos. No caso da polpa de açaí tratada em homogeneização a
alta pressão, a peroxidase também apresentou uma barorresitência, porém a
inativação da polifenoloxidase aumentou com o aumento da pressão.
Gomes; Ledward (1996) estudaram o efeito do tratamento de alta pressão na
atividade enzimática da polifenoloxidase de cogumelos e batatas com pressões
variando de (100-800) MPa e intervalos de tempo de (1 a 20) min. O extrato
enzimático de batata, tratada por 10 min, apresentou uma redução da atividade com
o aumento da pressão. No caso do extrato enzimático de cogumelos, houve uma
pequena redução da atividade para a pressão de 200 MPa, na pressão de 400 MPa
houve uma sobreativação da atividade enzimática da PFO, porém para pressões
acima de 400 MPa houve um aumento da atividade enzimática. Os autores
explicaram que esse aumento pode ter sido causado por interações entre outros
constituintes do extrato ou pela liberação das ligações da membrana da enzima,
havendo uma sobre-ativação enzimática.
85
5 CONCLUSÕES
Os resultados deste estudo apontam o tratamento de homogeneização a alta
pressão como um processo que retém o teor de antocianinas e que promove a
redução da atividade das enzimas peroxidase (POD) e polifenoloxidase (PFO)
presentes na polpa açaí. Esse tratamento pode se tornar uma boa alternativa ao
processo de pasteurização térmica da polpa de açaí, de modo a aumentar sua vida
de prateleira e viabilizar sua comercialização no mercado nacional e internacional.
Em relação ao estudo do comportamento reológico da polpa de açaí, tipo
média, os resultados obtidos para as curvas de escoamento com taxas de
cisalhamento variando de (1 a 500) s-1, temperatura de 30 oC e gaps de (1,0; 1,2 e
1,5) mm apresentaram o melhor ajuste ao modelo Herschel-Bulkley, sendo que o
gap de 1,0 mm foi escolhido por apresentar o melhor ajuste (r2 = 0,982).
Nas curvas obtidas com taxas de cisalhamento ascendente (10 a 500) s-1 e
decrescente (500 a 10) s-1 foram observados ciclos de histerese em sentido anti-
horário, denotando um comportamento anti-tixotrópico da polpa de açaí. Os dados
apresentaram um bom ajuste ao modelo Herschel-Bulkley (r2 ≥ 0,994) e os valores
de índice de consistência (Κ) variando de (0,030 ± 0,007 a 0,078 ± 0,011) Pa.sn para
as curvas com taxa de cisalhamento ascendente e de (0,224 ± 0,086 a
1,052 ± 0,363) Pa.sn para as curvas com taxa de cisalhamento decrescente,
confirmando o comportamento anti-tixotrópico. As curvas obtidas para o teste de
duas fases para análise de recuperação de estrutura apresentou um aumento da
viscosidade aparente após o período de alta taxa de cisalhamento, indicando um
rearranjo estrutural, o que explica o comportamento anti-tixotrópico.
Em relação ao processo de filtração da polpa de açaí, tipo grossa, houve uma
redução no teor de sólidos totais das amostras de (69,45 e 69,06) %. Como as
cinzas e carboidratos são hidrossolúveis, seus teores apresentaram valores
superiores na amostra filtrada enquanto que os teores de lipídios foram menores.
Em relação ao teor de antocianinas, atividade antioxidante e fenólicos totais, os
valores obtidos após a filtração foram superiores, confirmando o fato de as
antocianinas serem pigmentos hidrossolúveis. O processo de filtração apresentou
86
uma redução na diferença total de cor (∆E*), e um aumento da atividade enzimática
da peroxidase e polifenoloxidase.
Os tratamentos de homogeneização a alta pressão da polpa de açaí nas
pressões de (0, 100, 200 e 300) MPa, com temperaturas de entrada do produto de
(20 e 30) oC, apresentaram um valor máximo do teor residual de antocianinas de
97,5 %, para a pressão de 300 MPa e 92,7 % para o teor residual de fenólicos totais
para pressão de 200 MPa. A diferença total de cor aumentou com o aumento da
pressão e a atividade enzimática residual da polifenoloxidase apresentou redução
com o aumento da pressão, com inativação máxima de 47 %, para tratamento a
pressão de 300 MPa. A peroxidase apresentou uma barorresistência com
sobreativação enzimática nos tratamentos com temperatura de entrada do produto
de 30 oC e pressões de (100 e 200) MPa. A máxima inativação enzimática obtida
para a peroxidase foi de 43,7 %, na pressão de 300 MPa e temperatura de entrada
de 20 oC. Analisando a atividade antioxidante residual, os tratamentos com
temperatura de entrada do produto de 20 oC e pressões de (200 e 300) MPa,
apresentaram valores superiores aos obtidos para temperatura de entrada do
produto de 30 oC.
De maneira geral, a homogeneização com pressão de 300 MPa e
temperatura de entrada do produto de 20 oC mostrou ser uma boa condição de
tratamento em polpa de açaí, pois obteve-se a maior retenção do teor de
antocianinas e da atividade antioxidante, além da maior inativação das atividades
enzimáticas da peroxidase e polifenoloxidase.
87
6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Estudo da vida de prateleira da polpa de açaí tratada por homogeneização a
alta pressão, em relação aos teores de antocianinas, atividade enzimática, aceitação
sensorial e segurança microbiológica.
Estudos que avaliem o mecanismo de atuação da homogeneização a alta
pressão na estrutura molecular das antocianinas e das enzimas peroxidase e
polifenoloxidase.
Estudos que avaliem a estabilidade da emulsão formada em produtos que
possuem alto teor de lipídios, como a polpa de açaí, em função das pressões
aplicadas no homogeneizador.
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