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Influência dos ritmos lunares sobre o rendimento de cenoura (Daucus carota), em cultivo biodinâmico. Influence of moon rhythms on yield of carrot (Daucus carota), under biodynamic management. JOVCHELEVICH, Pedro 1; CÂMARA, Francisco Luis Araújo 2 1 Associação Biodinâmica, FCA/UNESP, Brasil, [email protected] ; 2 FCA/UNESP, Brasil, [email protected] RESUMO O presente trabalho teve como objetivo avaliar a influência dos diversos ritmos da Lua sobre o rendimento de cenoura semeada em diferentes datas, sob as mesmas condições de manejo, em propriedade de agricultura familiar com manejo biodinâmico, em Botucatu-SP. Os tratamentos foram as datas de semeadura, que variaram de 5 de maio até 4 de junho em 2005, e de 25 de abril a 25 de maio, em 2006. A colheita ocorreu aos 82 dias após cada semeadura, sendo avaliadas a massa fresca de raízes e de folhas, e massa seca de raízes. Foi utilizada a metodologia de avaliação estatística do cálculo do Índice Estacional. Nos dois períodos avaliados, a variável massa seca de raízes foi a única que, no contraste entre médias, apresentou diferença significativa nos ritmos sinódico tradicional e sinódico caboclo. No ritmo sinódico tradicional, a fase nova foi superior às fases crescente e cheia, e no ritmo sinódico caboclo, a fase cheia foi inferior às demais. PALAVRAS-CHAVE: Fases da Lua, cronobiologia, agricultura biodinâmica. ABSTRACT The purpose of this work was to evaluate the influence of moon rhythms on yield of carrot roots under biodynamic management sowed in different dates. The experiment was carried out over a two period on a biodynamic farm, in Botucatu, São Paulo State, Brazil. Rhythms were tested observing the effects of seeding at different planting dates. The experiment was performed with four randomized blocks and 31 treatments (different dates) in 2005, and fourteen treatments in 2006. The harvest was made 82 days after sowing. Effects associated with planting at a specific lunar position were measured by the deviations from the trend curve. The following characteristics had been evaluated: fresh mass of roots and leaves and dry mass of roots. Dry mass was the only one that in the contrast between averages showed significant results in the two periods of the experiment. Result was that the synodic new phase was superior to the first quarter, and full phases and in the “caboclo” synodic rhythm, the full phase was inferior to the other. KEY WORDS: Lunar phases, cronobiology , biodynamic agriculture. Revista Brasileira de Agroecologia Rev. Bras. de Agroecologia. 3(1): 49-57 (2008) ISSN: 1980-9735 Correspondências para: Pedro Jovchelevich, [email protected] Aceito para publicação em 24/03/2008 Rev. Bras. de Agroecologia. 3(1): 49-57 (2008) 49

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  • Influência dos ritmos lunares sobre o rendimento de cenoura(DDaauuccuuss ccaarroottaa), em cultivo biodinâmico.Influence of moon rhythms on yield of carrot (Daucus carota), under biodynamicmanagement.

    JOVCHELEVICH, Pedro 1; CÂMARA, Francisco Luis Araújo 2

    1Associação Biodinâmica, FCA/UNESP, Brasil, [email protected] ; 2FCA/UNESP, Brasil,[email protected] presente trabalho teve como objetivo avaliar a influência dos diversos ritmos da Lua sobre orendimento de cenoura semeada em diferentes datas, sob as mesmas condições de manejo, empropriedade de agricultura familiar com manejo biodinâmico, em Botucatu-SP. Os tratamentos foram asdatas de semeadura, que variaram de 5 de maio até 4 de junho em 2005, e de 25 de abril a 25 de maio,em 2006. A colheita ocorreu aos 82 dias após cada semeadura, sendo avaliadas a massa fresca deraízes e de folhas, e massa seca de raízes. Foi utilizada a metodologia de avaliação estatística docálculo do Índice Estacional. Nos dois períodos avaliados, a variável massa seca de raízes foi a únicaque, no contraste entre médias, apresentou diferença significativa nos ritmos sinódico tradicional esinódico caboclo. No ritmo sinódico tradicional, a fase nova foi superior às fases crescente e cheia, e noritmo sinódico caboclo, a fase cheia foi inferior às demais.

    PALAVRAS-CHAVE: Fases da Lua, cronobiologia, agricultura biodinâmica.

    ABSTRACTThe purpose of this work was to evaluate the influence of moon rhythms on yield of carrot roots underbiodynamic management sowed in different dates. The experiment was carried out over a two period ona biodynamic farm, in Botucatu, São Paulo State, Brazil. Rhythms were tested observing the effects ofseeding at different planting dates. The experiment was performed with four randomized blocks and 31treatments (different dates) in 2005, and fourteen treatments in 2006. The harvest was made 82 daysafter sowing. Effects associated with planting at a specific lunar position were measured by thedeviations from the trend curve. The following characteristics had been evaluated: fresh mass of rootsand leaves and dry mass of roots. Dry mass was the only one that in the contrast between averagesshowed significant results in the two periods of the experiment. Result was that the synodic new phasewas superior to the first quarter, and full phases and in the “caboclo” synodic rhythm, the full phase wasinferior to the other.

    KEY WORDS: Lunar phases, cronobiology , biodynamic agriculture.

    Revista Brasileira de AgroecologiaRev. Bras. de Agroecologia. 3(1): 49-57 (2008)ISSN: 1980-9735

    Correspondências para: Pedro Jovchelevich, [email protected] para publicação em 24/03/2008

    Rev. Bras. de Agroecologia. 3(1): 49-57 (2008) 49

  • Introdução

    Hoje em dia a maior parte das pessoas vivenas cidades, e poucas ainda conhecem algumaconstelação no céu. A história das grandescivilizações do passado (egípcios, babilônios,gregos, incas, astecas, etc.) mostra a importânciados ritmos astronômicos, não apenas naagricultura, mas em todas as atividadescotidianas. Os tupis-guaranis conhecem e utilizamas fases da lua na caça, no plantio e no corte demadeira (AFONSO, 2006). Este conhecimentoestá desaparecendo, mas ainda se constatamresquícios da sabedoria camponesa no uso dasfases da Lua na agricultura, silvicultura e manejoanimal (RESTREPO-RIVERA, 2005).

    A agricultura biodinâmica, segundo STEINER(2001), valoriza esse conhecimento popular e oamplia, incorporando os outros ritmos da lua e omovimento dos planetas relacionados com asatividades agrícolas em geral. No movimentobiodinâmico internacional, o calendárioastronômico-agrícola mais conhecido,atualmente, é o de THUN (2006), o qual étraduzido para várias línguas. Ela tem pesquisadoessas interações de maneira sistemática e práticahá quase 50 anos.

    Na Biologia moderna, Cronobiologia é a áreaque estuda as manifestações rítmicas da vida(ENDRES & SCHAD, 2002). Nesta linha, hápesquisadores que trabalharam com plantascultivadas, como SPIESS (1994). Por seis anos,ele fez semeaduras seqüenciais de hortaliças ecereais, e averiguou as interações. Porém, naliteratura mundial há poucos trabalhos sobrehorticultura.

    A agricultura biodinâmica não se resume aouso dos ritmos astronômicos nas culturas, massim, a transformação da propriedade emorganismo agrícola, ou seja, um local onde várioscomponentes tenham suas interações otimizadas(produção vegetal , criação animal, criação

    animal, florestas, mananciais, cercas vivas,corredores de fauna, quebra-ventos e outros).Também trabalha intensivamente os processosbiológicos por meio de práticas comuns àagricultura orgânica, como adubação verde,compostagem, consórcio e rotação de cultivos,agrossilvicultura e cobertura de solo. Além dissocaracteriza-se pela utilização dos preparadosbiodinâmicos, elaborados com base em plantasmedicinais, esterco e sílica, os quais sãoutilizados de forma homeopática, estimulando aatividade dos organismos do solo, nacompostagem e na qualidade da produçãovegetal (JOVCHELEVICH,2007).

    O objetivo desta pesquisa foi estudar asinterações entre os ritmos lunares e o rendimentoda cenoura, a qual foi escolhida devido ao seuciclo de 85 a 120 dias, importância econômica ereferências de outros trabalhos na literaturamundial.

    MMaatteerriiaall ee MMééttooddoossO experimento foi conduzido na propriedade

    Chácara Santo Antonio, do horticultor biodinâmicoJoaquim Geraldo Baldini, onde se cultiva cenouraem rotação com outras hortaliças. A propriedadelocaliza-se em Botucatu/SP, com as seguintescoordenadas geográficas: latitude 22o44’00” S elongitude 48o34’00” W, altitude de 800 m. O climaé classificado como Mesotérmico Cwa,subtropical úmido com estiagem no período deinverno, conforme o sistema internacional deKöppen (SETZER, 1946). O solo é um LatossoloVermelho-Escuro, textura média.

    O delineamento experimental utilizado foi o deblocos ao acaso com 31 tratamentos e quatrorepetições, em 2005, e 14 tratamentos e quatrorepetições, em 2006. Cada parcela tinha asseguintes dimensões 1,5 x 1,0m, contendo quatrofileiras de plantas, espaçadas de 0,25 x 0,05m,totalizando 120 plantas por parcela. Cada blocofoi composto por um canteiro de cenoura dividido

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  • em 31 partes, em 2005, e 14 partes em 2006. Ostratamentos foram reduzidos no segundo ano,para que o semeio ocorresse quando a luaocupasse posição central em determinadaconstelação (ritmo sideral), isso para evitar-se atransição da lua entre as constelações.

    Para o cultivo foram utilizadas sementescomerciais da cultivar Brasília, selecionadas pelaHortec. Todas as parcelas receberam os mesmostratos culturais, segundo o manejo biodinâmicoadotado pelo produtor, isto é, adubação comcomposto biodinâmico a base de esterco de gadoe restos de culturas, rotação de culturas eaplicação dos preparados biodinâmicos deesterco (500) e sílica (501).

    Os tratamentos consistiram em diferentesdatas de semeio, compreendidos entre 05 demaio a 04 de junho em 2005, e de 25 de abril a25 de maio em 2006, sempre realizados entre 13e 15hs. No início da semeadura considerou-se aposição da Lua na mesma constelação, com baseno ritmo sideral.

    Utilizou-se o canteiro com 1,0m de largura e0,20m de altura. O sistema de irrigação foi poraspersão (média de 20 mm/dia), e a calagem nãofoi necessária, pois, o pH estava acima de 5,5 e aporcentagem de saturação de bases acima de60%. Utilizou-se semeador manual e a adubaçãofoi somente de cobertura com compostobiodinâmico na linha de plantio (7.500 kg/há).Eliminou-se a comunidade infestante doscanteiros para o semeio da cenoura.

    Aos 27 DAG (Dias Após Germinação) efetuou-se o desbaste das plantas, para obtenção de umapopulação de 20 plantas por metro linear. Ocontrole da comunidade infestante foi realizadomanualmente, não realizou-se adubações decobertura e nenhum tipo de controle fitossanitário.A colheita foi efetuada 82 DAS (Dias ApósSemeio), entre os dias 25 de julho e 24 de agostode 2005 e 16 de julho e 15 de agosto de 2006,equivalente a três ciclos da luz sideral (3 ciclos de27,3 dias) e também pelo padrão da cenoura no

    ponto que o consumidor de produtos orgânicos ebiodinâmicos valoriza. Para a colheitadesprezaram-se as laterais das parcelas, sendoconsideradas as porções centrais dos canteiros edas parcelas. Algumas parcelas foramconsideradas perdidas: dia 24/5/05 foi descartadodevido a uma chuva de 95 mm. Outras 10parcelas foram eliminadas devido a ação decachorros. Em 2006 apenas 3 parcelas foramdescartadas.

    Os dados astronômicos dos ritmos lunaresutilizados para correlação com a produção, foramextraídos de THUN (2005) e THUN (2006). Paraisto foram considerados os dados astronômicosreferentes às datas de semeadura, em relaçãoaos seguintes ritmos lunares:

    Ritmo Sinódico da Lua (fases da lua: quartocrescente, cheia, minguante e nova). Também seconsiderou as fases da lua cabocla, que nãocontempla o conceito tradicional de fases, masindica que o impulso se inicia três dias antes dafase tradicional, até três dias depois desta(RESTREPO-RIVERA, 2005).

    Como complemento foi avaliado o calendárioastronômico agrícola desenvolvido por THUN(2005), baseado em efemérides astronômicas, enão astrológicas. Um dos princípios básicos destecalendário está relacionado à movimentação daLua através das doze regiões do Zodíaco (RitmoSideral da Lua). O Zodíaco é o conjunto deconstelações diante das quais a Lua e todos osplanetas se movimentam, do ponto de vista doobservador na Terra. Em cada um destes dias asplantas receberiam estímulos que atuariam sobreo desenvolvimento de seus diferentes órgãosconstituintes: raiz (constelações de Touro, Virgeme Capricórnio), caule e folhas (constelações dePeixes, Câncer e Escorpião), flores (constelaçõesde Gêmeos, Balança e Aquário) e frutos(constelações de Áries, Leão e Sagitário), e queexerceriam efeitos benéficos sobre eles. (THUN,2000).

    Este Calendário baseia-se também nos

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  • períodos de Lua Ascendente e Descendente, nosquais a Lua corta seis constelações a cada,aproximadamente, quatorze dias (tambémdenominado de Ritmo Tropical da Lua). Adescendente, seria boa, para atividades detransplante, podas e plantios em geral, e aascendente, boa para, enxertos, colheitas defrutos, flores e folhas. Outro princípio docalendário M. THUN é evitar atividades agrícolasnas chamadas épocas desfavoráveis. Sãoperíodos de Eclipses, posições de Nodos lunares(ponto de interseção onde o plano da trajetória daLua em torno da Terra corta a linha imaginária datrajetória da Terra em torno do Sol-ritmodraconiano) e Perigeu (momento em que a Luaesta mais perto da Terra durante sua órbita-ritmoanomalístico).

    Foram avaliadas as seguintes características:- Massa fresca de raízes e folhas: As plantas

    foram pesadas separadamente, por tratamento epor repetição. Após a pesagem das plantasinteiras, foram destacadas as raízes e pesadasem separado. Pela diferença foi determinado opeso das folhas.

    - Percentagem de massa seca: Foramescolhidas três raízes de cada parcela portratamento, cortadas em fatias de 5 mm deespessura, pesadas em balança de precisão,colocadas em saco de papel por separado, edeixadas a secar em estufa a 60o C/72 h, sendoa seguir pesadas novamente.

    Os dados de produção foram submetidos àanálise de variância e regressão, considerando-se o componente quadrático; para retirar o efeitode tendência foi calculado o Índice Estacional (yobservado/y estimado X 100), e verificados osseguintes contrastes entre tratamentos:

    a) Fase da Lua cheia com nova, minguante ecrescente; nova com crescente e minguante,crescente com minguante (para fases da luacabocla foram feitos os mesmos contrastes quenas fases tradicionais); b) Ritmo ascendente comdescendente; c) Perigeu com apogeu; d) Nodo

    ascendente com descendente; e) Dia de raiz comdia de folha, flor e fruto (quando avaliada a raiz dacenoura), f) Dia de folha com raiz, flor e fruto paramassa fresca de folhas; 3 dias antes da Lua cheiae 3 dias antes da Lua nova em 2005, e 1 diaantes da Lua cheia e 2 dias antes da Lua novaem 2006.

    Também foi feita correlação dos valores doíndice estacional de todas variáveis estudadascom a temperatura média dos dias de semeaduraUtilizou-se o programa de análise estatística SAS.

    RReessuullttaaddooss ee DDiissccuussssããooMMaassssaa ffrreessccaa ddee rraaíízzeessAvaliando-se a massa fresca das raízes notou-

    se que esta foi diminuindo nas semeaduras maistardias (Figura 1). Esta ocorrência foi devida aoaumento do frio e diminuição de horas de luz/diaao longo do período de outono/inverno. As figuras2 e 3 referem-se a dados de índice Estacional damassa fresca das raízes, em 2005 e 2006.

    No contraste entre médias de massa fresca deraízes de 2005, houve diferença significativa (aonível de 5% de probabilidade) no ritmo sinódicocaboclo na fase cheia com crescente, cheia comminguante e, entre os nodos ascendente edescendente. Entre médias de massa fresca deraízes referentes aos dados de 2006 houvediferença significativa (significativa a 5% deprobabilidade) apenas para o ritmo sinódicocaboclo na fase nova com minguante. No ano de2005, a fase cheia cabocla foi inferior a crescentee minguante. Em 2006 estes resultados não serepetiram, e a fase nova cabocla foi menor que aminguante como pode-se observar na Tabela 1.

    Outros autores trabalhando com a cenoura eutilizando o Índice Estacional (IE) tiveramresultados distintos. GOLDSTEIN (2000), emexperimento nos EUA, constatou que asemeadura um dia antes da Lua cheia apresentouo efeito mais positivo, resultando em aumento de15% na produtividade (significativo a p=1%). Osemeio durante a lua minguante reduziu 17% da

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  • produtividade (significativo a p=2%). SPIESS(1994), também obteve maior produtividade coma cenoura semeada 3 dias antes da lua cheia, ena constelação de Virgem, alcançando até 22 % amais na produtividade. Na Lua em Sagitárioobteve-se a menor produtividade para cenoura,notando-se influência dos ritmos sinódico, siderale tropical no cultivo da cenoura.

    O melhor resultado do nodo descendente, em2005, não se repetiu em 2006 (Tabela 1).Segundo THUN (2000) 4 horas antes ou depoisdos nodos lunares são períodos impróprios parasemeio e outras atividades agrícolas. Nos doisanos da pesquisa, o horário da semeaduraocorreu no período de 4 h antes e depois do nodoascendente. O horário do nodo descendentenestes anos não influenciou as datas de semeio.texto

    MMaassssaa ffrreessccaa ddee ffoollhhaassAs figuras 2 e 3 referem-se a dados de IE da

    massa fresca das folhas, em 2005 e 2006. Estesdados estão relacionados com os ritmosastronômicos em 2005 e 2006. No contraste entremédias de 2005 houve diferença significativa a

    5% de probabilidade) no ritmo sinódico caboclona fase cheia com crescente, cheia comminguante e no ritmo anomalístico - apogeu comperigeu.

    No contraste entre médias da massa fresca defolhas referente a 2006 não houve diferençasignificativa a 5% de probabilidade. O resultadode 2005 repete o ocorrido com a massa fresca

    de raiz no ritmo sinódico caboclo, quanto aomenor valor de IE da fase cabocla cheia emrelação à minguante e crescente (Tabela 1).

    O menor desempenho para o semeio em diade perigeu, quando comparado com o apogeu em2005, resultado semelhante ao obtido por THUN(2000), que afirma que o efeito ocorre 12 horasantes e 12 horas depois do evento astronômico.Resultado estes que discordam de SPIESS(1994) que obteve melhor desempenho com asemeio no perigeu (Tabela 1).

    PPeerrcceennttaaggeemm ddee mmaassssaa sseeccaa ddaass rraaíízzeessOs dados colhidos a campo foram

    relacionados com os ritmos astronômicos em2005 e 2006 (Figuras 2 e 3 ). No contraste entremédias da massa seca (%) de 2005 houve

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  • diferença significativa a 5% de probabilidade nosseguintes ritmos: sinódico tradicional: fase novacom as fases minguante, crescente e cheia; ritmosinódico caboclo: fase cheia com as fasescrescente, nova e minguante.

    No contraste entre médias da massa seca de2006 houve diferença significativa a 5% deprobabilidade) nos seguintes ritmos: ritmosinódico tradicional: fase nova com as fasescrescente e cheia; ritmo caboclo: fase nova comas fases crescente, cheia e minguante, fase cheiacom fases crescente e minguante; ritmo sideral,no trigono raiz versus folha e raiz com fruto e noritmo draconiano, no nodo ascendente comdescendente.

    O valor do IE do nodo ascendente em 2006 foisuperior ao nodo descendente. (Tabela 1),contrariando a indicação de THUN (2000), e

    também os resultados de massa de raízes em2005, ano em que, para massa seca, a diferençaentre os nodos não foi significativo.

    Avaliando-se o ritmo sideral em 2006, observa-se que o valor do IE do trigono folha foi superiorao da raiz, e este superior ao do fruto e flor.Segundo THUN (2000) o trigono de raiz deveriaser superior aos de folha, fruto e flor. ParaSPIESS (1994), trabalhando com %MS decenoura, os trigonos de raiz também foramsuperiores aos demais. Em 2005 não houveresultados significativos.

    Para o ritmo sinódico tradicional em 2005 afase nova teve IE superior às outras fases. Em2006 o IE da fase nova foi superior a cheia ecrescente, e igualou-se a minguante (Tabela 1).

    Quanto aos contrastes no ritmo sindicocaboclo em 2005, a fase cheia teve o IE mais

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  • baixo, enquanto as demais se igualaram. Em2006, a fase cheia também teve o IE mais baixo,seguido da nova. As fases minguante e crescenteforam semelhantes, porém superior às demais(Tabela 1). Resultado semelhante ao encontradopara massa de raízes e folhas, em 2005.

    Dos parâmetros avaliados a massa seca foisuperior aos demais apresentando o maiornúmero de resultados significativosestatisticamente. E também foi a única que teveresultados semelhantes nos dois anos doexperimento.

    TTeemmppeerraattuurraa mmééddiiaaA correlação entre a temperatura média dos

    dias de semeadura dos anos 2005 e 2006 e amassa seca e fresca de raízes não foramsignificativos. A correlação entre a temperaturamédia dos dias de semeadura com a massafresca das folhas mostrou-se significativa apenasno ano de 2005 (Tabela 2).

    TTaabbeellaa 22:: Correlação entre a temperatura média(TEMP) dos dias de semeadura com massa fresca deraízes (MR), massa fresca de folhas (MF) e massaseca (MS) das raízes em 2005 e 2006. Botucatu –UNESP, 2007.

    Obs: r = coeficiente de correlação; p = probabilidade dasignificância de r; N.S. – Não significativo ao nível de 5% deprobabilidade; * significativo ao nível de 5% de probabilidade.

    ConclusõesNos dois períodos avaliados, a massa seca de

    raízes foi a única que, no contraste entre médias,apresentou diferença significativa nos ritmossinódico tradicional e sinódico caboclo.

    No ritmo sinódico tradicional, a fase nova foisuperior às fases crescente e cheia. No sinódico

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  • caboclo, a fase cheia foi inferior às demais. Osemeio na lua nova possibilita o melhor resultadoao produtor.

    No contraste entre médias, o ritmo sinódico(fases da lua) foi o que mais apresentouresultados significativos, e em menor proporção,os ritmos anomalístico, draconiano e sideral.Justamente o ritmo das fases da lua é o maisutilizado pelo agricultor familiar.

    O ritmo tropical (ascendente X descendente)não apresentou resultados significativos;

    Os dois anos de avaliação da influência dosritmos lunares no cultivo da cenoura ainda nãosão conclusivos, mas mostram uma tendênciaque demanda mais pesquisas. Um dos caminhospara pesquisas futuras é o aumento do períodode semeadura para pelo menos três mesesconsecutivos.

    Constatou-se o efeito negativo do nodo namassa fresca de raízes em 2005 e o efeitonegativo do perigeu, em relação ao apogeu, paramassa fresca de folhas em 2005. Estes

    resultados ainda não são conclusivos quanto aouso do calendário astronômico agrícola M. THUN,necessitando de mais dados experimentais.

    AAggrraaddeecciimmeennttoossAo produtor Didi Baldini pela disponibilidade

    para troca de conhecimento durante a pesquisa eao apoio estrutural da Associação Brasileira deAgricultura Biodinâmica.

    LLiitteerraattuurraa cciittaaddaaAFONSO, G. Mitos e estações no céu tupi-

    guarani. SScciieennttiiffiicc AAmmeerriiccaann BBrraassiill, ano 4, nº.45, pp. 38–47, São Paulo, fev. 2006.

    ENDRES, K.P.;SCHAD,W. MMoooonn RRhhyytthhmmss iinnNNaattuurree:: HHooww LLuunnaarr CCyycclleess aaffffeecctt lliivviinnggoorrggaanniissmmss. Edinburg: Floris Books, 2002. 300 p.

    GOLDSTEIN, W. The effects of planting datesand lunar positions on the yield of carrots.BBiiooddyynnaammiiccss, EUA, July/August 2000.

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  • JOVCHELEVICH, P. Rendimento, Qualidade econservação pós-colheita de cenoura (Daucuscarota L.), sob cultivo biodinâmico, em funçãodos ritmos lunares. 2007. Dissertação(mestrado em Agronomia / Horticultura).Faculdade de Ciências Agronômicas,Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2007.

    RESTREPO-RIVERA, J. La Luna: EEll SSooll nnooccttuurrnnooeemm llooss ttrróóppiiccooss yy ssuuaa iinnfflluueenncciiaa eemm llaaaaggrriiccuullttuurraa. Manágua: Fundação JuquiraCandiru, 2004.

    SPIESS, H. CChhrroonnoobbiioollooggiisscchhee UUnntteerrssuucchhuunnggeennmmiitt bbeessoonnddeerreerr BBeerrüücckkssiicchhttiigguunngg lluunnaarreerrRRhhyytthhmmeenn iimm bbiioollooggiisscchh--ddyynnaammiisscchheennPPffllaannzzeennbbaauu. Darmstadt: Institut für Biologisch-Dynamische Forschung, 1994.

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