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Informativo das CEBs - Diocese de São José dos Campos - SPTRANSCRIPT
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FORMAÇÃO E INFORMAÇÃO PARA ANIMADORES
Lá vem o Trem das CEBs...
Vocação e Palavrade Deus
Diocese de São José dos Campos - SP - Informativo das CEBs - Ano IX - Julho/Agosto/Setembro de 2013 - Nº 87
5 VOCAÇÃO4 CANtOS DA COMuNIDADE
6 MEMÓRIA & CAMINHADA 7 PAPA FRANCISCO E A CEBs 8 ACONtECEu
2 PALAVRA DO ASSESSOR
2
:: Palavra do Assessor
Formação e Informaçãopara Animadores
Publicação trimestral das Comunida-
des Eclesiais de Base (CEBs) da Diocese de
São José dos Campos. Diretor: Pe. Djalma
Lopes de Siqueira - Administrador Dioce-
sano – Diretor técnico: Pe. Fabiano Kleber
Cavalcante do Amaral. Jornalista responsá-
vel: Ana Lúcia Zombardi - Mtb 28.496.
Realização da Equipe de Formação/As-
sessores das CEBs
Revisão Redacional: Diácono José Apa-
recido de Oliveira (Cido) - Diagramação: Fa-
brício Gustavo Flausino - Impressão: Katú
Editora Gráfica. CNPJ: 556.333.347/0001-
00 - tiragem: 4.000 exemplares.
“As matérias assinadas e opiniões expressas
são de responsabilidade de seus autores”.
Sugestões, críticas, artigos, envie para:[email protected]
exPedIenteCNBB - Ouvir o clamor que vem das ruas
as Vocações, rezemos pelos Ministros Or-denados, pelos Religiosos, pelos Consa-grados, pelos Leigos, pelos Missionários e por todos que vivem com intensidade esta dádiva confiada por Deus aos ho-mens – a VOCAÇÃO. Um abraço e minha bênção a todo o povo de Deus que faz parte das Comunidades Eclesiais de Base!
Pe. Fabiano Kleber Cavalcante do Amaral
Vocação e Palavra de DeusOlá, queridos amigos e amigas das
Comunidades Eclesiais de Base!Agosto, mês das vocações, vocação
vem do latim “vocare”, que significa cha-mado. Todos nós somos chamados, de uma forma ou de outra a fazer algo, al-guma coisa. Antigamente este termo sig-nificava qualquer espécie de aptidão. Por exemplo: aptidão para medicina, música, artes, etc. Depois ele foi adquirindo um significado religioso passando a designar o chamado de Deus.
Primeiramente Deus nos chama a partir do Amor para Amar. Pois aquele que se encontra em Deus está totalmente aberto para viver em plenitude o Amor. O Amor exige de cada um de nós renúncias e respostas, que nos colocam diante da-quele que nos chama à Vida – DEUS.
Vocação sempre indica um chamado. E quem chama sempre deseja alguma resposta da pessoa a quem chama. Deus não age de forma diferente. Só que, ao chamar, Deus, antes de pedi, Ele dá. Deus chamando o homem lhe dá a vida, a exis-
tência, e com a vida, dá-lhe também a liberdade.
Depois de ter chamado o homem para a vida, Deus torna a chamá-lo, por-que há muitas coisas que Deus deseja fa-zer no mundo através do homem. Deus não quer agir sozinho. Por isso, quando Deus chama, Ele chama para pedir algu-ma coisa, confiar alguma missão.
O chamado de Deus é sempre um desafio. Podemos dizer que, vocação é a oferta divina que exige uma resposta e um compromisso com Deus. Essa respos-ta deve ser constantemente reassumida. É no dia-a-dia que se deve ir fazendo ca-minho e assumindo os riscos do nosso sim, sem ter medo de Amar.
A vida não é feita só de momentos claros, nos quais se percebe perfeita-mente a vontade de Deus. Muitas vezes é necessário seguir por caminhos escuros e até incomuns na busca dessa vontade, e a Palavra de Deus ilumina nossos cami-nhos e nos orienta a um porto seguro.
A Palavra de Deus não dispensa nin-
guém de pensar, de buscar, de tomar decisões. E neste sentido, nossa primeira decisão é não ter medo de Amar, é atirar-se nos bra-ços de Deus.
Com a Palavra de Deus e pela Palavra de Deus, alimentamos e somos alimentados, cativamos e somos cativados, proclamamos e vivenciamos a presença do Ressus-citado em nosso meio.
“O verbo se fez carne e habitou entre nós”, esta Palavra é a Sabe-doria de Deus vislumbrada nas maravilhas do mundo e no desenrolar da história, de modo que, em todos os tem-pos, os homens sempre tiveram e têm algum conhecimento dela.
Jesus, Palavra de Deus, é a luz que ilumina a consciência do homem, for-mando-o para a missão no mundo e con-duzindo-o ao encontro das respostas às suas dúvidas corriqueiras.
Como Igreja, iluminados pela Palavra de Deus, elevemos nossos votos a todas
Nós, bispos do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunidos em Brasília de 19 a 21 de junho, declaramos nossa solida-riedade e apoio às mani-festações, desde que pa-cíficas, que têm levado às ruas gente de todas as ida-des, sobretudo os jovens. Trata-se de um fenômeno que envolve o povo bra-sileiro e o desperta para uma nova consciência. Re-querem atenção e discer-nimento a fim de que se identifiquem seus valores e limites, sempre em vista à construção da sociedade justa e frater-na que almejamos.
Nascidas de maneira livre e espontâ-nea a partir das redes sociais, as mobili-zações questionam a todos nós e atestam que não é possível mais viver num país com tanta desigualdade. Sustentam-se na justa e necessária reivindicação de po-líticas públicas para todos. Gritam contra a corrupção, a impunidade e a falta de transparência na gestão pública. Denun-
ciam a violência contra a juventude. São, ao mesmo tempo, testemunho de que a solução dos problemas por que passa o povo brasileiro só será possível com
participação de todos. Fa-zem, assim, renascer a es-perança quando gritam: “O Gigante acordou!”
Numa sociedade em que as pessoas têm o seu direito negado sobre a condução da própria vida, a presença do povo nas ruas testemunha que é na prática de valores como a solidariedade e o serviço gratuito ao outro que en-
contramos o sentido do existir. A indife-rença e o conformismo levam as pessoas, especialmente os jovens, a desistirem da vida e se constituem em obstáculo à transformação das estruturas que ferem de morte a dignidade humana. As ma-nifestações destes dias mostram que os brasileiros não estão dormindo em “ber-ço esplêndido”.
O direito democrático a manifesta-ções como estas deve ser sempre ga-
rantido pelo Estado. De todos espera-se o respeito à paz e à ordem. Nada justi-fica a violência, a destruição do patri-mônio público e privado, o desrespeito e a agressão a pessoas e instituições, o cerceamento à liberdade de ir e vir, de pensar e agir diferente, que devem ser repudiados com veemência. Quando isso ocorre, negam-se os valores inerentes às manifestações, instalando-se uma incoe-rência corrosiva que leva ao descrédito.
Sejam estas manifestações fortaleci-mento da participação popular nos des-tinos de nosso país e prenúncio de novos tempos para todos. Que o clamor do povo seja ouvido!
Sobre todos invocamos a proteção de Nossa Senhora Aparecida e a bênção de Deus, que é justo e santo.
Brasília, 21 de junho de 2013
Cardeal Raymundo Damasceno AssisArcebispo de Aparecida - Presidente da CNBB
Dom José Belisário da SilvaArcebispo de São Luís - Vice-presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich SteinerBispo Auxiliar de Brasília - Secretário Geral da CNBB
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:: Mês da Bíblia
Lucas: Mensagem aos Seguidores de Jesus
Chaves de LeituraAs leitoras e os leitores do evange-
lho encontrarão várias chaves de leitu-ra. Seguem algumas pistas para ler com proveito esta mensagem do apóstolo:
• Lucas é o evangelho do Espírito (Lc 1,35.41; 2,26; 4,1.14; 10,21; 12,10; 3,22). O espírito agia nos profetas e se mostrou decisivo na vinda de Jesus.
• É o evangelho dos pobres e mar-ginalizados, dos pecadores e perdi-dos (Lc 5,29-32; 7,36-50; 15,1-32).
• A riqueza do perdão transforma mulheres e homens em fonte de amor para outros. Para ser cristão é necessário partilhar com os pequenos (Lc 12,13-21; 12,33-34; 19,8-9). É preciso ter cora-gem de dar a própria vida (Lc14,26,33).
• É o evangelho da fraternidade exi-ge abertura para a igualdade entre ho-mens e mulheres (Lc 7,11-17.36-50;
Nossas comunidades conhecem bem o evangelho de Lucas. Não somen-te por encontrarmos no evangelho vinte indicações ao termo casa – berço e base da vida humana - (Lc 4,38; 5,29; 6,48; 7,6; 18,29; 22,10), mas por ser obra de um verdadeiro historiador. Por volta do ano 150 d.C., os cristãos definem ser Lucas também o autor do livro dos Atos dos Apóstolos. Essas obras deixadas por Lucas são duas importantes pérolas no modo de compreender a mensagem e vida de Jesus e o crescimento da igreja.
Como evangelista procurou anunciar a boa nova de Jesus. Como historiador,
8,1-3; 8,43-56; 13,10-17). Maria (Lc 1,28); Isabel (Lc 1,41); Discípulas (Lc 8,1-3; 23,49.55); Filha de Abraão (Lc 13,16
• É o evangelho do caminho. A exigência radical revela todo o cami-nho do discipulado. A oração é fun-damental (Lc 11,1-13); a misericór-dia (Lc 10, 29-37); a renúncia de tudo o que possui (Lc9, 57-62; 18,28-30).
Com a páscoa a existência de Jesus não termina, mas alcança o seu ponto máximo. Sua pessoa se torna salvado-ra: sobe aos céus e sua obra se expan-de e se plenifica no espírito (At 2,1-13).
Antonio Carlos Frizzo, 55,padre e professor de teologia no
ITEFIST, São José dos Campos.E-mail: [email protected]
Lucas, conhece como ninguém as leis da historiografia do seu tempo e reflete os acontecimentos em torno da pessoa de Jesus e dos primeiros passos da Igreja, no contexto cultural do mundo romano.
No evangelho encontramos inúme-ras definições sobre a pessoa de Jesus. Lucas apresenta Jesus como o ̋ Salvador
Títulos
Pe. Antonio Carlos Frizzo
do mundo˝ (Lc 2,30-32; 24,47), como ˝libertador dos pobres, oprimidos e
marginalizados˝ (Lc 4,18-19; 6,17-26), como o ˝Senhor˝ (Lc 1,43; 5,8), como o ˝revelador da misericórdia do Pai˝ (Lc 15,1-32), como o ̋ profeta de Deus˝ (Lc 24,19), como pessoa de muita ação e oração (Lc 6,12; 11,1-13). Mostra também que ser discípu-lo é ir caminhando com Jesus de Na-zaré (Lc 9,57-62), ser misericordioso (Lc 10,29-37), ter cuidado com toda a forma de ganância (Lc 12,33-34), ser servo do Senhor (Lc 12,35-49),
enfim, fazer o que Jesus fez seguindo--o em seu caminho (Lc 14,25-33).
A data da composição do tercei-ro evangelho está por volta dos anos 80-85 d.C. Deve ter sido escrito em algum lugar da Ásia ou da Grécia.
Pe. Antonio Carlos Frizzo
Lucas e Atos: uma teologia da história O livro apresenta em quatro capítulos uma
visão de toda a obra atribuída a Lucas. Inicia-se com questões introdutórias, como autoria, data-ção, contexto das comunidades subjacentes e a suposta unidade inicial da obra lucana, quando evangelho e Atos formavam juntos uma unida-de. Não havia separação entre o evangelho, que retrata a experiência de Jesus (evangelho de Lu-cas), e a experiência que as primeiras comunida-des cristãs fizeram de Jesus (Atos dos Apóstolos). Há uma relação estreita entre o retrato de Jesus apresentado ao longo do evangelho, e reprodu-zido numa releitura fidedigna, e os personagens centrais da vida das primeiras comunidades, como Estêvão e Paulo.
Caminho aberto para o próximoEntendendo o Evangelho de LucasO evangelho de Lucas foi escrito para
pessoas e comunidades em cidades grandes, com a presença de ricos e de pobres. Havia fome de pão, justiça, liberdade e fraternida-de. Esse evangelho insiste na misericórdia e na solidadriedade com as pessoas excluídas e à margem da sociedade, apresentando a prática de Jesus, que revela o rosto de um Deus amoroso e fraterno. Ainda se destaca a necessidade da oração e da conversão per-manente, pois a salvação acontece no hoje e na história para as pessoas que se abrem aos seus semelhantes. Caminho aberto para o próximo é um convite para retomar o pro-jeto da partilha e da solidariedade com os pobres, os preferidos de Deus: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou pela unção para evangelizar os pobres” (Lc 4,18).
PARA APROFuNDAMENtO Sugerimos para leitura e estudo:
DICA DELEITURA
CEBs
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:: Cantos da Comunidade
A partir dessa edição, iremos refletir sobre os Cantos das Comunidades, anali-sando a letra de uma música, seu sentido, espírito e ação. Uma Igreja a partir das bases expressa seus cantos nas situações do dia-a-dia, iluminados à luz da Palavra de Deus e alimenta o Espírito, trazendo ânimo e força para a Caminhada rumo ao Reino.
Para começar, a música é “Bendito dos Romeiros”, de autoria do Zé Vicente. Para ouvir a melodia, acesse:www.youtube.com/watch?v=mOaZOgePmd8.
A Música que embala nossa Mística
Bendita e louvada sejaesta santa romaria.
Bendito o povo que marcha,bendito o povo que marcha,
tendo Cristo como guia
Sou, sou teu, Senhor,sou povo novo, retirante e lutador,
Deus dos peregrinos, dos pequeninos,Jesus Cristo redentor.
No Egito, antigamente, no meio da escravidão,
Deus libertou o seu povo. Hoje ele passa de novogritando a libertação.
Para a terra prometida o povo de Deus marchou, Moisés andava na frente.
Hoje Moisés é a gente quando enfrenta a opressão.
Quem é fraco, Deus dá força!Quem tem medo sofre mais.
Quem se une ao companheiro vencetodo cativeiro, é feliz e tem a paz.
Somos um povo em Romaria, o que recorda a caminhada do Povo de Deus no deserto. Esse período, na história do povo da Bíblia, foi de grande aprendiza-
gem: como se organi-zar como sociedade para não voltar a ser escravo, conquistar uma nova terra, garan-tir a liberdade e viver plenamente com fartu-ra para todos.
A escravidão ain-da ocorre em nossos dias: nas situações de morte, de opressão, de miséria, desemprego, injustiça. Deus ouve o clamor de seu Povo, toma posição, está do lado dos pobres, dos oprimidos.
Para garantir essa liberdade, preci-samos de Profetas, novos Moisés para apontar a direção: Para onde vamos se-guir? Como nos organizar, para que nos-sas lutas sejam eficientes e eficazes?
Discernimento e Coragem são dons do Espírito. São frutos da ação de Deus em nosso meio. Saber o que fazer e como fazer, para avançar na Caminhada, con-quistando liberdade e dignidade cada vez mais; acreditar no Povo e na Força que tem. Unir-se na organização popular para lutar por uma outra sociedade.
E quem nos guia: Jesus Cristo, seu Evangelho, seus gestos, suas palavras, suas atitudes. Bem-aventurados aqueles que se colocam nessa Marcha, rumo ao Reino Definitivo!
Grito dos Excluídos 2013convoca jovens ao protagonismo social.
7 setembro - Grito dos Excluídos nas paróquias.Organizem! Planejem! Participem!
Zé Vicente
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:: Vocação
“Às vésperas do terceiro milênio, afir-mava Paulo VI, é lícito esperar uma nova fase do anúncio do Evangelho, fase essa caracterizada pela exigência de auten-ticidade, de unidade, de verdade, de fi-delidade e caridade apostólica. O mundo reclama evangelizado-res e evangelizadoras que falem de Deus. É necessário, portanto, evangelizar de forma vital, em profundidade, até atingir as cul-turas dos homens. Não se trata somente de pregar o Evangelho em faixas geográficas cada vez mais vastas, mas também alcan-çar e transformar, com a potên-cia do Evangelho, os critérios de juízo, os valores determinantes, as linhas de pensamento, as fon-tes inspiradoras e os modelos de vida da humanidade que contras-tam com a Palavra de Deus e seu plano de salvação”.
Com essa análise, Paulo VI nos con-vence da grande exigência de uma nova formação missionária para todo(a) cristão(ã) e de todas as comunidades eclesiais de base.
Podemos constatar hoje com muita clareza:
- Que estamos vivendo num momen-to de profundas e rápidas transforma-ções. Os próprios valores mais essenciais são postos em discussão até nas famílias de tradição cristã.
- Que a Igreja (dos poucos fiéis) e o mundo (dos muitos), parecem não se en-tender, se encarando com desconfiança e falando uma linguagem diferente.
- Que são poucos os cristãos que se en-tusiasmam pela sua fé, a ponto de empe-nhar-se a fundo pela construção do Reino.
Esta nossa época está se findando, e, mal conhecemos as exigências do “novo” que já iniciou.
Nessa situação embaraçosa, o primei-ro esforço deve ser no sentido de conhe-
cermos o mundo em que vivemos para anunciar a Boa Nova de uma forma bem mais inculturada.
Os evangelizadores precisam dialogar mais, refletir... e arriscar, buscando novos rumos, atentos aos sinais dos tempos.
Não está agindo corretamente quem se deixa levar por um excesso de prudên-cia e não faz acontecer nada, ficando sa-tisfeito com os que continuam fiéis.
A missão é missão de uma comuni-dade eclesial em defesa da vida. Por isso, envolve a imagem de Deus. É a luta por algo absoluto. Essa missão, porém, não envolve somente uma imagem abstrata de Deus, mas um Deus Emanuel, um Deus Conosco, que se encarnou no mundo. A missão é histórica, com passado, presen-te e futuro, e é ambivalente, com santos
e pecadores. Nas sandálias da comunida-de missionária há poeira e sangue.
A missão só tem uma origem. Tudo brota do coração do Pai, “o amor fontal”. A fonte da missão é o projeto de Deus
Pai, que é amor. Este proje-to do Pai é “a criação (que) geme em dores de parto” (Rm 8,22). É a vida, vida comuni-cada. É a criação do mundo, onde homem e mulher vivem a comunhão e humaniza essa mesma criação, enchendo-a de vida. Deus chama este ser humano a viver a comunhão com Ele, a participar plena-mente de sua vida. O projeto de Deus Pai se concretiza no envio de seu Filho ao mundo. “Deus tanto amou o mundo que entregou o seu Filho úni-co para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha
a vida eterna” (Jo 3,16). Jesus veio para que todos tenham vida em plenitude e para sempre.
Realiza-se, também, o projeto do Pai no dom do Espírito Santo. O Espírito nos faz filhos e filhas, à imagem do Filho ama-do, que nos ajuda a clamar “Abbá”, Pai, a fonte da vida.
A comunidade missionária vive no in-terior da Igreja, que é Povo de Deus, co-munidade constituída por comunidades que lutam pela vida a partir de sua fé. Ela decorre de sua “natureza missionária”, que tem sua origem no envio do Filho e na missão do Espírito Santo, segundo o desíg-nio de Deus Pai (cf. Ad Gentes 2). Falar da Igreja significa falar da missão. E falar da missão significa falar da Igreja. A estrutu-ra dessa Igreja–missão é trinitária porque
ela é “Povo de Deus”, “Corpo do Senhor” e “Templo do Espírito Santo” (LG 17).
A Igreja é servidora do Reino. A mis-são é expressão da transitoriedade da Igreja, de sua caminhada histórica e pere-grinação escatológica, de seu caráter dia-conal e instrumental. A Igreja tem um iní-cio e um fim. Suas realizações históricas são relativas em face do Reino. Para não se tornar (cf. Ez 37), “ossos ressequidos” necessita permanentemente da “puri-ficação”, “inspiração”, e “animação” do Espírito. Quem nasce e renasce ao pé da cruz, na fuga e na peregrinação desconfia dos brilhantes falsos do poder e dos ven-cedores. A Igreja essencialmente missio-nária não tem pátria, nem cultura, nem é dona de verdades. Ela é serva, peregrina, hóspede, instrumento, sinal, profecia.
Mas ela tem rumo. Sua missão se realiza com certa urgência. O anúncio do Reino através da realização do “novo mandamento” é uma questão urgente, de vida e morte. A missão não pode espe-rar para amanhã porque a vida não pode esperar. “A caridade de Cristo nos compe-le” (2Cor 5,14) a destruir as estruturas da morte, interromper a lógica dos sistemas e questionar a lentidão das burocracias. A vida é sempre para hoje. A esperança é para agora.
Como cumprir essa missão de anun-ciar a vida e a esperança nesse mundo concreto, onde a miséria não é um aci-dente, mas um produto de sua organi-zação social e de sua civilização? Onde encontrar um horizonte que dá sentido à caminhada? Tudo isso desafia a missão como projeto. E é nesse sentido que que-remos nos comprometer como Igreja a sermos fiéis à nossa missão, e, assim sen-do peçamos a Maria, “perfeita discípula e pedagoga da evangelização, que nos ensine a ser filhos e filhas em seu Filho e a fazer o que Ele nos disser” (DAp, n. 1). Guiados por ela queremos manter os olhos fixos em Jesus, autor e realizador da nossa fé (cf. Hb 12,2).
Nivaldo Aparecido SilvaMembro da Equipe Diocesana de
Assessores das CEBs
A Missão a Serviço da Vida Plena.Convocados e enviados a sermos Servos e Testemunhas do Reino
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Participar do 12º Intereclesial das CEBs, foi uma experiência transforma-dora em minha existência. No segundo dia do Intereclesial, meu terceiro dia em Porto Velho, aconteceu a Caminhada dos Mártires, uma procissão da terra, da água, dos mártires, do cosmo.
Ao chegar ao local de onde par-tiríamos em caminhada, local que foi preparado para nos receber, o sol estava alto, fazia um calor inten-so. Logo teve início a chegada das delegações. Uma imensa multidão.
Começada a caminhada, eu ia buscando compreender o que acontecia... caminhava em um local de rara beleza, me doía saber que aquela era a primeira e última vez , que já não haveria outro caminhar por aquela estrada, tudo seria inun-dado dada a construção de uma barra-gem.
Com muita dificuldade eu caminhava, calçados inadequado, calor, o coração apertado por inteirar-me da destruição que estava acontecendo.
De repente um fortíssimo estrondo se fez ouvir, logo uma nuvem de poeira se formou e gritos de susto de milhares de pássaros ecoaram no ar. Foram detona-
das toneladas de dinamite...Eu parava devido à dificuldade em ca-
minhar e via famílias que “surgiam” por entre as árvores, outras que paciente-mente aguardavam aquela multidão pas-
sar; pessoas que relataram os seus deses-peros, suas angustias: onde há gerações fora de seus lares, seriam alagados e não sabiam para onde ir, pois não tinham o papel ( escritura das terras) para receber alguma indenização e também que fica-riam sem serviço, pois há gerações, sem-pre foram ribeirinhos... Muitos acredita-vam que aquele pessoal que para lá foi, iria ajudar a resolver seus problemas...
Mais adiante um forte cheiro de mor-te impregnava o ar, criaturas do rio que foram mortas no processo da construção da barragem e ainda se ouviam gritos de pássaros que pareciam choros de dor,
pois retornavam a sua casa, árvore para repousar e nada mais havia...
Quando chegamos à Capela San-to Antonio, eu estava muito mal, um aperto enorme no coração, me sentindo tão pequena, como ajudar, o que fazer diante do sistema opres-sor, o que fazer se essa energia que virá a ser gerada é para ser consu-mida em meu estado, o que fazer diante dessa realidade imutável de destruição e morte da natureza, o que fazer para os irmãos que serão desalojados e terão apagadas suas estórias???
Teve início a Celebração das Boas Aventuranças, sentei-me à margem do Rio Madeira e chorei, chorei, chorei... Neste momento começou a chover e mi-nhas lágrimas foram lavadas pela água da chuva; tive um encontro pessoal comigo mesma e com Ele.
No dia seguinte eu estava bem. Foi uma experiência transformadora, o sen-tir que é urgente ir a todas as direções
:: Memória & Caminhada
As margens do Rio Madeira, sentei e chorei... Dia 22 de julho de 2009 - Segundo dia do 12º Intereclesial das CEBs
“CEBs: Ecologia e Missão - Do ventre da terra, o grito que vem daAmazônia”, em Porto Velho, Rondônia.
para proclamar que o mal e a morte não têm a última palavra, que fomos libertos e salvos pela vitória pascal do Senhor da história... que somos testemunhas e mis-sionários nas grandes cidades e nos cam-pos, nas montanhas e nas florestas, na convivência social, nos areópagos da vida das nações, que temos o dever de nos fa-zer sempre presentes.
Maria MatsutackeComissão Diocesana das CEBs
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PapaFranciscoconcelebrou com as CEBs!!!
Algumas tentações contra o discipulado missionário
:: Papa Francisco e as CeBs
Durante a V Conferencia de Apare-cida, em 2007, aconteceu a VII Romaria Estadual das CEBs CNBB Sul 1 ao Santu-ário Nacional. Dom José Bertanha, então presidente da Comissão para o Laicato da CNBB, presidiu a Celebração Eucarís-tica tendo como concelebrantes, entre outros, Dom Julio Cabrera Ovalle, Dom Demetrio Valentini, e Dom Jorge Mario Bergoglio, hoje papa Francisco!
Com certeza esta missa ficou na me-mória de nosso papa, dado que Dom Bergoglio, hoje Papa Francisco, naquele domingo, 20 de maio de 2007, fez ques-tão de concelebrar a Santa Missa na Ba-sílica Nacional, pois “ele queria ver de perto as Comunidades Eclesiais de Base” – nos relata Dom Demetrio Valentine.
Viagem Apostólica ao BrasilDiscurso do Papa Francisco
Encontro com os dirigentes do CELAMSábado, 28 de julho de 2013
- Transcrevemos aqui o item de número 4 - 4. Algumas tentações contra o disci-
pulado missionárioA opção pela missionariedade do discí-
pulo sofrerá tentações. É importante saber por onde entra o espírito mau, para nos ajudar no discernimento. Não se trata de sair à caça de demônios, mas simplesmen-te de lucidez e prudência evangélicas. Limi-to-me a mencionar algumas atitudes que configuram uma Igreja “tentada”. Trata-se de conhecer determinadas propostas atu-ais que podem mimetizar-se em a dinâmi-ca do discipulado missionário e deter, até fazê-lo fracassar, o processo de Conversão Pastoral.
1. A ideologização da mensagem evangélica. É uma tentação que se verifi-
cou na Igreja desde o início: procurar uma hermenêutica de interpretação evangélica fora da própria mensagem do Evangelho e fora da Igreja. Um exemplo: a dado mo-mento, Aparecida sofreu essa tentação sob a forma de assepsia. Foi usado, e está bem, o método de “ver, julgar, agir” (cf. n.º 19). A tentação se encontraria em optar por um “ver” totalmente asséptico, um “ver” neutro, o que não é viável. O ver está sem-pre condicionado pelo olhar. Não há uma hermenêutica asséptica. Então a pergunta era: Com que olhar vamos ver a realida-de? Aparecida respondeu: Com o olhar de discípulo. Assim se entendem os números 20 a 32. Existem outras maneiras de ide-ologização da mensagem e, atualmente, aparecem na América Latina e no Caribe propostas desta índole. Menciono apenas algumas:
a) O reducionismo socializante. b) A ideologização psicológica.
c) A proposta gnóstica. d) A proposta pelagiana. 2. O funcionalismo. A sua ação na Igre-
ja é paralisante. Mais do que com a rota, se entusiasma com o “roteiro”. A concep-ção funcionalista não tolera o mistério, aposta na eficácia. Reduz a realidade da Igreja à estrutura de uma ONG. O que vale é o resultado palpável e as estatísticas. A partir disso, chega-se a todas as modalida-des empresariais de Igreja. Constitui uma espécie de “teologia da prosperidade” no organograma da pastoral.
3. O clericalismo é também uma ten-tação muito atual na América Latina. Curiosamente, na maioria dos casos, trata--se de uma cumplicidade viciosa: o sacer-dote clericaliza e o leigo lhe pede por favor que o clericalize, porque, no fundo, lhe resulta mais cômodo. O fenômeno do cle-ricalismo explica, em grande parte, a falta de maturidade adulta e de liberdade cristã
em boa parte do laicato da América Lati-na: ou não cresce (a maioria), ou se abriga sob coberturas de ideologizações como as indicadas, ou ainda em pertenças parciais e limitadas. Em nossas terras, existe uma forma de liberdade laical através de experi-ências de povo: o católico como povo. Aqui vê-se uma maior autonomia, geralmente sadia, que se expressa fundamentalmente na piedade popular. O capítulo de Apareci-da sobre a piedade popular descreve, em profundidade, essa dimensão. A propos-ta dos grupos bíblicos, das comunidades eclesiais de base e dos Conselhos pasto-rais está na linha de superação do clerica-lismo e de um crescimento da responsabi-lidade laical.
Poderíamos continuar descrevendo outras tentações contra o discipulado mis-sionário, mas acho que estas são as mais importantes e com maior força neste mo-mento da América Latina e do Caribe.
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gendo a todos nós com seu manto e olhar materno, agradecer e pedir sua proteção materna para nossa caminhada rumo ao 13º Intereclesial nas terras do Padre Cíce-ro e da Mãe das Dores.
“Animados pelo Espírito Santo, quere-mos evangelizar e sermos evangelizados e não inventar outras formas de vida. So-mos missionários da comunicação clara e objetiva da Palavra de Deus”.
São José dos Campos, 19 de maio de 2013.Colegiada Estadual das CEBs Sul 1
“A paz esteja com vocês, assim como o Pai me enviou eu também os envio” e
soprou sobre eles dizendo: “Recebam o Espírito Santo”. João 19,22-23
No dia 18 de maio de 2013, o Regio-nal Sul1 se reuniu para o IV Encontro de assessores e assessoras de CEBs, com o tema: “Justiça e Profecia a Serviço da Vida”. Representantes das oito sub regi-ões que lá estiveram desde sexta-feira para a reunião da Colegiada Estadual das CEBs, companheiras e companheiros, ir-mãs e irmãos chegando à São José dos Campos e sendo acolhidos na Comunida-de da Igreja Matriz do Sagrado Coração de Jesus, Bosque dos Eucaliptos, Diocese de São José dos Campos.
Para bem receber o pessoal, foram--nos preparados caldinhos à moda da re-gião, com os acompanhamentos e parti-lhado o famoso bolinho caipira, que tanta disputa gerou na região para saber qual cidade tinha inventado tal delícia!
O encontro foi assessorado pelo Pe. Benedito Ferraro, que sabiamente nos
levou a perpassar por todos os temas do Texto Base do 13º Intereclesial, para aprofundar o tema em preparo ao 13º. A seguir, divididos em quatro grupos para refletir, depois os grupos apresentaram suas reflexões, que foram partilhadas.
As CEBs são chamadas a exercer o profetismo! “Desempenhar sua missão a partir dos pobres e se deixar tocar pela compaixão para com o outro e fazer do sofrimento alheio um elemento priori-tário no discernimento para que não fi-quemos somente na compaixão, mas que possamos ajudá-los a descobrirem que são sujeitos de libertação e protagonistas de evangelização”.
Encerramos o IV Seminário com Ofi-cio Divino das Comunidades, véspera da Festa de Pentecostes, e com o tema: CEBs na casa de Maria, com Fé, Juventu-de, Justiça e Profecia, saímos para nossa XIII Romaria CEBs Sul1, à Casa da Mãe Negra de Aparecida, da Mãe de Jesus e nossa, que desde as primeiras comuni-dades está presente na vida da Igreja animando com seu jeito simples e prote-
:: Aconteceu
IV Encontro de Assessores e Assessoras de CEBs
Agradecemos a todos que tornaram possível esta realização em prol da parti-cipação da Delegação da Diocese de São José dos Campos no 13º Intereclesial das CEBs e do nosso gesto concreto, que é construção de cisterna para nossos ir-mãos do nordeste.
1º Prêmio 01056R$ 2.000,00 - Joaquim Justino2º Prêmio 03632Notebook - Luiz Mageli3º Prêmio 04035Câmera Digital - Andreli4º Prêmio 00712Bicicleta - José Milton5º Prêmio 00033Purificador de Água - Daiane Cavalcante6º Prêmio 04955Jogo Talheres 72 peças - Maria Aparecida7º Prêmio 08337Cafeteira Elétrica - Onézio8º Prêmio 01922Jogo de Panela - Joaquim Gouveia
RELAÇÃO DOS PREMIADOS:
AçãO ENTRE
AMIGOS
Dom José e Dom Moacir Pe. Afonso e Pe. Ferraro Pe. Ronildo e Bernadete Mota Pe. Lessa e Pe. Fabiano
Pe. Paulo Renato e Dom José