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“Hoje é o último dia deste curso tão legal/ Que veio nos ajudar a trabalhar por igual/ Nas escolas de Horizonte de forma sensacional/
Este curso do Humanas veio da UFC/ Já é o segundo curso que veio favorecer/ E nas escolas de Horizonte o ensino fortalecer/
A Helena e o Joselito e também o Aldemir/ Lutam pra trazer os cursos para no ensino contribuir/ Recebam os agradecimentos de todos que estão aqui/
As temáticas deste curso nos levam a tempos atrás/ Quem é que não tem lembran-ças do que foi seus ancestrais/ E o que vem no pensamento guardado em memoriais/
Muito obrigado a todos que do curso participou/ Faça o máximo que puder com o que o curso ofertou/ De mapas, mentes e memórias, lembre de tudo com amor/
E à universidade com nome UFC/ Todos os que aqui estão querem muito agrade-cer/ Esperamos que em breve outros cursos possam haver/.”
Maria Neide Alves, coordenadora pedagógica da Escola de Ensino Fundamen-tal Maria Rejeane da Silva, em Horizonte, Região Metropolitana de Fortaleza.
As Humanidades em curso
Informativo do Núcleo Humanas/UFC • N° 5• Maio 2008
De prosa em prosa, uma poesia. De cursoem curso, projetos e realizações. Os versos dacoordenadorapedagógicadeHorizonte,partici-pantedeumdoscursosoferecidosnomunicípiopeloNúcleodeEstudosePesquisasemEducaçãoContinuadaparaasHumanidades–Humanas-UFC, são reveladoresdo retorno e significadosdapropostade formaçãocontinuadaemCiên-cias Humanas e Sociais para profissionais daeducaçãobásicanoCeará,experiênciaqueteveinícioem2004.“Osprofessoresnãoestãofazendoumcurso,elesestãoemcurso.Aidéiaéqueelespercebamque o movimento é contínuo, não deve parar.Nãoqueremosoferecer‘maisumcurso’,masumcursoemqueelesseapropriemdasreflexõesesevejam como autores dos projetos nas escolas edosprópriosprojetosdevidaquequeremter”,avaliaacoordenadora-geraldoHumanas-UFC,professoraNeyaraAraújo,paraquemograndediferencialdoscursosépropiciarumtipodere-flexão e metodologia que procura mobilizar aspessoas. “Nãoémaisumcurso,masumcursodife-rente. Com a construção de projetos para se-rem trabalhados dentro da escola, o curso nãotermina,continuaemsaladeaula”,reforça,emsintoniacomaproposta,JoséAldemirdaSilva,diretordaEscolaMunicipaldeEnsinoFunda-mental Maria Luiza Barbosa Chaves, tambémemHorizonte.Eleéumdostutoresquecondu-ziramnomunicípioa formaçãode três turmasdo“FalandodoLugardaMinhaEscola”,umdosquatrocursosatéagoraoferecidosaprofissionaisdaeducaçãoemFortaleza,RegiãoMetropolitanaeInterior. O Humanas-UFC tem um programa para
formação de tutores e professores que envolveuma formação geral, vinculando conceitos comaexperiênciadocente,paraquaisquerprofessores,independentedadisciplinaquelecionem,masdi-recionado para as áreas de Sociologia, Filosofia,História eGeografia.OProgramadeFormaçãoe Tutoria em Células de Educação Continu-ada para as Humanidades é o curso que formatutores, dividido em dois módulos: “Trabalho,DesenvolvimentoeEducação:ProcessosSociaiseAçãoDocente”,com120horas-aulas,e“ProjetosColaborativoseComunidadesdeAprendizagem”,com60horas-aulas.Umpromoveareflexãogeralapartirdoscon-ceitosde trabalho,desenvolvimentoeeducação.O outro permite que os participantes se quali-fiquemparaaplicaressareflexão,operandocomomaterial analítico-reflexivodoprimeiro curso.As atividades acontecempelo sistemapresenciale semipresencial,numaarticulaçãocomoInsti-tuto UFC Virtual. Todos os cursos empregamrecursosmateriais–bibliográficos–evirtuais–oambiente para a criação de Projetos Colabora-tivos eComunidadesVirtuaisdeAprendizagemé o SistemaOn-lineparaCriaçãodeProjetos eComunidades(Sócrates),queauxiliaaformaçãodosprofessores,fornecendosuporteparapráticaspedagógicasinovadorasnaescola.
“Trabalho,DesenvolvimentoeEducação:Proc-essosSociaiseAçãoDocente”e“ProjetosColabo-rativos e Comunidades de Aprendizagem” inte-gramtambémaformaçãoparaprofessores,masosegundoéopcionalparaeles.Paraosprofessores,oHumanas-UFCofereceaindaocurso“Respeit-arasDiversidadeseCombaterasDesigualdades”,divididoemcincoabordagens:“Áfricamãepreta”;“Tododiaédiadeíndio”;“Terra,trabalhoepão”;
“Acidadequedevora”;e“Deusémeninoemenina”.Omaterialdidáticoparatrabalharocurso“Falandodolugardaminhaescola”compreende fascículos intitulados “Mapas,memórias e mentes: espaço, tempo e con-hecimentonasaçõeshumanas”–“Mapas:omundoestánasmãosenasmentesdequembusca conhecê-lo”; “Memórias: asmãos, asmenteseomundo”;“Mentes:nasmãosdequem procura conhecimento está o mun-do”.Emcontatocomessemundodeconheci-mentosoportunidadesdereflexões,ospartic-ipantesvislumbramoutrasenovaspossibili-dades.“Aformaçãosignificouaoportunidadede trocar informaçõese,aomesmotempo,atualizar conteúdos específicos a serem tra-balhadosno‘chãodaescola’”,observaEleo-marRodrigues,supervisorescolardaEscoladeEnsinoFundamentalFranciscaFernandesMagalhães,emFortaleza,queparticipoudocurso“RespeitarasDiversidadeseCombaterasDesigualdades”. “Aomesmotempoemquemedeparavacomtantostemasimportantes,aumentavaaminharesponsabilidadedeeducador,pois,apartirdaquelasinformaçõessobreaquestãodasafricanidades,dos indígenas,daviolên-cia,dotrabalhoedegênero,tratadoscomotemastransversais,nãocabiaamimnenhu-ma desculpa para não levá-los ao meu tra-balho.Poroutrolado,apósocurso,senti-memais seguropara trabalharcomosassuntosabordados.Asleituras,osdebates,asvivênciascontribuíramparaestasensação.Afinal,quandoconhecemososassuntosficamosmaisàvontadeparatratardeles”,complementaEleomar.
Fiz o curso no primeiro semestre de 2008. Muitas professoras desejaram fazer o curso, mas foram impedidas por não poderem ‘abandonar’ a sala de aula. Daí tive a confiança das minhas companheiras de representá-las no curso e depois socializar as aprendizagens obtidas. Sinceramente, teria sido mais proveitoso para elas que tivessem pessoalmente participando, mesmo não me negando a fazer meu papel de interlocutor. É como ver um filme contado por outra pessoa. Por mais que o narrador se dedique, nada melhor do que assistir você mesmo. Pude ter a oportunidade de dialogar com palestrantes e professores(as) da rede pública de ensino de Fortaleza sobre temas, que no meu ponto de vista, são fundamentais para a formação de educadores, pois são assuntos que estão na vanguarda da educação, mas que são tratados de forma pontual ou super-ficial nas escolas. Assim, o Núcleo Humanas da UFC traz esta contribuição importante para o processo de formação dos educadores de todo Ceará.”
Eleomar dos Santos Rodrigues, supervisor escolar da Escola de Ensino Fundamental Francisca Fernandes
Magalhães, na Regional III, em Fortaleza.
Infelizmente, um graduado que é jogado em sala de aula possui muitas dificuldades e inseguranças, porque apenas os estágios curriculares não são suficientes para garantir um bom resultado do trabalho com os alunos e não tranqüilizam os professores, daí ser fundamental a busca pela profissionalização na prática, numa formação continuada, seqüencial. Quando nos preparamos para ensinar, certamente aprendemos bem mais. O diálogo proporciona desenvolvimento, dessa dinâmica já estou convencida pela observação própria. Venho observando que tudo o que nos é colocado é no plano do ideal, mas, até se concretizar, há muito o que se fazer. Sou uma estudante preocupada com o modo de orientar uma turma de alunos, sem desmotivá-los e sem roubar-lhes o que ninguém tem direito a fazer: seus sonhos.
Kleiane Bezerra de Sá, 20, estudante do quinto semestre do curso de Letras na UFC, egressa de escola
pública de São Benedito, na Serra da Ibiapaba.
Universidade Federal do Ceará Instituto UFC Virtual
CampusdoPiciBl901-1andar60455-760
Fone/fax:(85)33669509-ramal29www.vdl.ufc.br/humanas
GrupoGestorProfª Drª. Maria Neyara de Oliveira Araújo
Prof. Dr. José Aires de Castro FilhoGestorFinanceiroedeEAD
Vera Maria Soares FickCoordenaçãoPedagó[email protected]
Vinícios Rocha de SouzaCoordenaçãoPedagógica
DiagramaçãoDanielBenevides
FotosArquivo Humanas/UFC
Arquivos pessoais
Tiragem1.250exemplares
JornalistaresponsávelRaimundo Madeira - CE 001221JP
A palavra de quem está em sala de aula
O professor como produtor de conhecimentos
O Núcleo Humanas-UFC atua na áreade Ciências Humanas e Sociais juntamentecom a Universidade Federal do Amazonase aUniversidadeCatólicadeMinasGerais.Fazpartedeumaredeformadaporoutros19núcleosatuantesnorestantedoPaís.Elerea-lizaatividadesformativasarticulandoosabercientíficoesuasferramentasdeproduçãoacu-muladospelaUniversidadeaoensinorealiza-donasescolaspúblicasdeEducaçãoBásica.
O Humanas reconhece que a formaçãodeprofessoresdessasescolasnãodeveseefeti-varporreciclagensisoladas,maspormeiodeumapolíticapúblicadeformaçãocontinuadaqueresultenaconstituiçãodeumcampodesaberesexperimentadospelosagentesemfor-mação,demaneiracríticaereflexiva.
Busca-se fortalecer o professor comoagenteprodutordeconhecimentosenãoape-nascomomeroreprodutordeles.Destaca-seaidéiadequeno“chãodaescola”professorese professoras enfrentam situações cotidianascomplexas,sendo-lhespossívelexperimentá-las,sejapeladenegaçãooupeloseuenfrenta-mentomedianteatitudereflexiva.
Consoanteaesteentendimento,oscursosdoHumanasarticulamcontribuiçõesteórico-metodológicasdosvárioscamposdesaberdasCiênciasHumanaseSociaisqueresultememtrês dimensões intelectuais dos professores:saberconhecer,saberpensaresaberintervir.
Paraisto,sãotrêseixosteórico-metodo-lógicos dos seus cursos. O primeiro funda-menta-senosconceitosTrabalho,Desenvol-
vimentoeEducaçãoevisaàcompreensãodequeaescolaéumespaçosocialmentecontextualiza-doondeseentrecruzamdiferentesdimensõesdoconhecimento.Osegundofunda-senatrilogiaMapas,MemóriaseMentes,cujoobjetivoéoderefletirsobreasconexõeshistóricasesociaisdaes-colaedastrajetóriaslocaisqueinstituemaescolaemconsonânciacomoconjuntodastransforma-çõesdasociedadebrasileira.
O terceiro eixo–Respeitar a diversidade ecombaterasdesigualdades–possibilitaummer-gulhonocotidianodaescolaeasrelaçõescom-plexasqueaconstituem.Paraestecampodere-flexão,foramdesenvolvidoscincotemascentrais:1)Áfricamãepreta;2)Tododiaédiadeíndio;3)Terra,trabalhoepão;4)Acidadequedevora;e5)Deusémeninoemenina.
Geovani Jacó de FreitasPesquisador,doutoremSociologiaemembrodoHumanas-UFC
ARTIGO
deumlado,eascaracterísticasepossibilidadesdi-ferenciadasqueelesassumememcontatocomasdi-versidadesculturais,étnicas,econômicasepolíticasdasociedadebrasileira,deoutrolado,constituemoeixoteóricobásicodaformação”,acrescentaaequipe. Apartirdessacompreensão foramelaboradososcursos“Trabalho,DesenvolvimentoeEducação:ProcessosSociaiseAçãoDocente”e“RespeitarasDiversidades e Combater as Desigualdades”, queganhamdimensãoimportantedentrodoprogramadeformaçãodeprofessoresetutores.“AformaçãocontinuadadoHumanassignificouapossibilidadedepôrempráticaumprojetodedesconstruçãoerupturacomoqueestáposto,noqueconcerneàpráticaeducativanaáreadeHumanidadesenaedu-caçãoemgeraleaomododevidamodernocomoumtodo”,dizJosédoEgitoAraújodaMota,tutordoHumanasediretordaEscoladeEnsinoFunda-mentaleMédioPoetaPatativadoAssaré,naGranjaLisboa, emFortaleza. “Osdois cursosmefizeramvislumbrar outras perspectivas de leitura da reali-dade,quevieramsomaràminhaformação,oquepodenospossibilitaracriaçãodesituaçõesnovasnocampopolítico-pedagógico equem sabe com issopossamos (docentes e discentes) sonhar com ummundodiferenteparaalémdofetichismodamerca-doria,dovalor,docapital”,acrescentaJosédoEgito.Asuperaçãodadesigualdadesocialeorespeitoàs diferenças étnicas e culturais que configuramhistoricamente a sociedade brasileira são um de-
Conhecer, pensar e intervir.Énes-ses três saberes que o processo ensino-aprendizagemsetraduz,deacordocomapropostapedagógicadeformaçãocontin-uadadoHumanas-UFC:oconhecimentoespecífico, pedagógico e integrador dosconteúdosdeformação;areflexãosobrea própria prática profissional; e o po-tencial para transformá-la e melhorá-la.“Apropostadeformaçãoteóricageral,dirigidaaprofessoresetutores,partedoentendimentodequeaescolaéumespaçosocialmentecontextualizado,ondeseen-trecruzamdiferentesdimensõesdaexpe-riênciaedoconhecimentodosagenteses-colareseemcujadinâmicasemanifestamos campos de ação da prática docente,requerendo o aprofundamento teórico-críticodosprocessossociaisqueabrangemcontinuamente, embora de forma dife-renciada, o cotidiano de todos aqueles
agentes”,descreveaequipedoHumanas. “Taisprocessospodemserdefinidoscomosendodelargoalcanceequalifica-dosemfacedarelaçãohistórico-dialéticaquedizemrespeitoàsexperiênciasrelati-vasàsdinâmicasdotrabalho,desenvolvi-mento e da educação, vivenciadas pelosindivíduosegrupos.Portanto,osmodosde imbricação destes processos entre si,
safio e um compromisso a ser assumidotambémnapráticadocente.Seoprofessortemcomotarefaprimordialprepararnovasgeraçõesparaomundodotrabalho,paraapráticasocialeparaoexercíciodacidada-nia, como preconiza aLei deDiretrizes eBasesdaEducação,aatitudedecombateàdesigualdadeerespeitoàdiversidadedefen-didapeloHumanas-UFCimplicaumapos-turapolíticade“repúdioaoutilitarismoedeincentivoaohumanismo”.AperspectivadaformaçãocontinuadadoHumanasére-pensarteoriasemétodos,emespecial,paraconstruirumnovosignificadoparaoensinodasCiênciasHumanaseSociaisnasescolasdeEnsinoInfantil,FundamentaleMédio.“Seaformaçãoinicialdosprofissionaisdeensinolhesconcedecompetênciasbási-casparadarinícioaoexercíciodacarreira,oprincípiodaformaçãocontinuadaasseguraonecessárioprocessodeumapráticaprofis-sionalassentadanaconstantereflexão,sis-temática e disciplinada, sobre o trabalhopedagógico. Isto significa dizer que a for-mação continuada não pode ser reduzidasimplesmente à realização de cursos detreinamentoe‘reciclagem’emperíodospre-determinadosesemanecessáriavinculaçãocomaspráticaspedagógicasvivenciadasemsaladeaula”,demarcaaequipedoHumanas.
Proposta pedagógica voltada para o conhecimento, a reflexão e a intervenção
Vivência do curso “Respeitar as diversidades e combater as desigualdades”, realizada no campus do Pici, em março de 2008, com professores da rede municipal de educação de Fortaleza
Jornal das Humanidades–Como a Undi-me compreende a formação continuada de profissionais de educação para a melhoria da qualidade do processo ensino-aprendizagem nos sistemas municipais de educação?Flávio Barbosa – É necessária até porquemuitos dos professores tiveram formaçãoinicialedepoishouvetodoumprocessodemudançasdevisão.Aformaçãocontinuadaépara aprimoraroprofessorna formaçãoinicialqueteve.
JH – Como o senhor tem acompanhado o processo de formação continuada no Ceará e como avalia os resultados a partir da experi-ência do projeto Humanas?FB – DesdeaimplantaçãodoFundef(Fun-dodeDesenvolvimentodoEnsinoFunda-mentaledeValorizaçãodoMagistério),em1998,commaisrecursos,osmunicípiosco-meçaramapensarrealmentenacapacitaçãoeformaçãocontinuada.Oqueeuvejodasexperiências, principalmente a do Huma-nas,éateoriasendocolocadaemprática.Aacademiadáateoria,nãodáavisãoampla,masaformaçãocontinuadatrabalhadequeformaoprofessorcolocaesseconhecimen-tonasaladeaula.OHumanasestáfazendoisso.Oprofessor,colocandoempráticaesseconhecimento,fazcomqueoalunosejain-seridodentrodoprocessotodo.
JH – Os conteúdos e as metodologias traba-lhados na formação continuada atendem a expectativas e necessidades dos profissionais e dos estudantes? Nesse aspecto, o que deveria ser modificado ou aperfeiçoado?FB – A cada dia a educação tem novoscamposdevisão:lançamentodoPDE(Pla-nodeDesenvolvimentodaEducação),do Fundeb (FundodeManutenção eDesen-volvimentodaEducaçãoBásicaedeValo-rizaçãodosProfissionaisdaEducação), leiquecolocaaeducaçãoafrodescendente,leique coloca o ensino de Sociologia e Filo-sofiacomoobrigatório...Comisso,háne-cessidade de a formação continuada estarembasada,acompanhandotudo.
“Sociologia e Filosofia no Ensino Médio para aumentar a visão do aluno e ele passar a ser visto como cidadão”.
JH – Essas estão entre as dificuldades para implementação de políticas de formação con-tinuada dos professores nos municípios?FB – Devemos unir governo municipal,estadualefederal,comseusprogramasere-cursos;asuniversidades,comseuconheci-mento;einstituiçõesquepossamtrabalharessaformação.Muitasvezes,umaformaçãocontinuada que dá certo num municípionãoéoqueomunicípiovizinhoestápreci-sando.OHumanassentoucomsecretários,apresentouoprograma,foiaomunicípioedepois começou o trabalho. E é essencialtrabalharSociologia eFilosofianoEnsinoMédio para aumentar a visão do aluno eparaelepassaraservistocomocidadão.
JH – O que fazer para interiorizar mais o processo de formação continuada? FB – Muitasvezes,hámunicípiossempar-ticiparporqueachamquevãogastarmuito,que não vai ter efeito, que é só mais umprograma de formação, mas se o vizinhoque fez o programa mostrar o ganho queteve equeogasto foiomínimopossível,émuitomaisfácilmunicípiotrazermuni-cípio. Para interiorizar mais, é necessáriocriarmultiplicadoresquenãosejamuniver-sidadenemUndime–asduassãoparceirasdessa multiplicação –, mas que sejam os
municípiosquejáfizeramacapacitação.
JH – Como o senhor vê a articulação entre os sistemas municipais de educação e as univer-sidades com vistas à formação continuada de professores?FB – Auniversidadeestavaformandoprofes-soresparaatuarnosmunicípiossemdiscutira realidade dos municípios. Então, chegavaaomunicípioumprofessorqueeraomelhoralunodauniversidade,masnãosabiatrataroalunohiperativo,aquelecomproblemasocialou familiar...Auniversidade jáestá fazendodiscussõesnessesentido.Ocaminhoéoalu-no sair da universidade com conhecimentoda realidade do município, do Fundeb, doPDE... As universidades deram um grandesalto quando abriram as portas e deixaramque nós pudéssemos dizer o que sentimos,masaindahá,comcerteza,muitooqueavan-çar.
JH – A Undime poderia colaborar mais nesse processo de formação continuada? Qual é a participação dela hoje e como fazer para tor-ná-la mais presente?FB – AfunçãodaUndimeéarticulaçãoemobilização com os secretários. Em todaformaçãocontinuada,osmunicípiosligamparasaberoqueachamos,seconhecemosainstituição...Agora,paratermosumme-lhor relacionamento, seria importanteumplano de formação continuada entre asinstituições,quenãofossesóodaUFCouodaUeceouodeoutrosinstitutos,eres-paldadopelaUndimeepelaAprece,dandocredibilidade às instituições. Passamos al-gunssufocosnoiníciodoFundef.Hoje,te-mosaUFCeoutrasinstituições,masantesapareciamunsescritórioscomnomesbelís-simos,dandoformaçãoaosprofessores,eoque mudou na aprendizagem dos alunos?Nada.Foidinheirojogadofora.
JH –Mas a Undime poderia participar mais ativamente?FB – Com certeza, podemos mobilizar earticularmuitomais.
Entrevista
Flávio Barbosa
Os municípios que já passaram pela experiência da formação continuada de professores devem atuar como multiplicadores con-tribuindo para ampliar a interiorização desse processo. É o que pensa o presidente licenciado da União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime-Ceará), Flávio de Araújo Barbosa. “Se o vizinho que fez o programa mostrar o ganho que teve e que o gasto foi o mínimo possível, é muito mais fácil município trazer mu-nicípio”, argumenta Flávio, que durante 12 anos, desde 1997, foi secretário de Educação de São Gonçalo do Amarante, na Região Metropolitana de Fortaleza.
Presidente da Undime-Ceará por dois mandatos, ex-presidente da Undime Nordeste, Flávio vê a universidade como parceira, mas mantém o distanciamento necessário para preservar o olhar críti-co. “As universidades deram um grande salto quando deixaram que nós pudéssemos dizer o que sentimos, mas ainda há muito o que avançar”. Para ele, a academia oferece a teoria sem uma visão ampla, e a formação continuada permite ao professor aplicar o conhecimento em sala de aula. E quando essa formação trabalha ciências como Sociologia e Filosofia, é importante “para aumentar
a visão do aluno e para ele passar a ser visto como cidadão”.