inmet normais climatologicas 1961-1999
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Normais Climatológicas do Brasil / 1961-1990
APRESENTAÇÃO
NORMAIS CLIMATOLÓGICAS DO BRASIL, PERÍODO 1961-1990
Fundamentos das Normais Climatológicas
Em 1872, o Comitê Meteorológico Internacional decidiu compilar
valores médios climatológicos sobre um período uniforme, a fim de
assegurar a compatibilidade entre os dados coletados em várias estações,
resultando daí a recomendação para o cálculo das normais de 30 anos . A
Regulamentação Técnica No . 49, Volume 1, Seção B, determinou que cada
membro estabeleceria e, periodicamente, revisaria as Normais para as
estações cujos dados climatológicos eram distribuídos pelo Sistema Global
de Telecomunicações, de acordo com o Manual de Códigos, enviando-as
ao Secretariado . O período inicial determinado foi 1901-1930, seguindo-se
os períodos sucessivos que deveriam ocorrer a intervalos de 30 anos, isto
é: 1931-1960, 1961-1990 .
Em 1956, na Nota Técnica No . 84, a Organização Meteorológica
Mundial (OMM) recomendou a atualização das Normais de 30 anos, a cada
10 anos completos, o que vem sendo feito por muitos países membros .
Contudo, pouca orientação existia, à época, no sentido de estabelecer
métodos estatísticos para o cálculo das Normais, para preencher lacunas
de dados, para trabalhar dados errados e períodos incompletos ou para
definir o número de dados requeridos na distinção entre as Normais-
Padrão e as Provisórias, lacunas que só mais tarde seriam preenchidas
pela própria OMM .
Em 1989, com o objetivo de estabelecer procedimentos gerais para
o cálculo das médias mensais e anuais, para o período de 1961 a 1990
e subsequentes, a OMM publicou o Documento Técnico WMO-TD/No .
341 (OMM, 1989), que permite obter as NORMAIS CLIMATOLÓGICAS
PADRONIZADAS e as PROVISÓRIAS, sugerindo ainda outras variáveis
climáticas . Coerentemente, estabeleceu-se que tais procedimentos devam
ser seguidos por todos os países membros .
As Regulamentações Técnicas definem normais como “valores médios
calculados para um período relativamente longo e uniforme, compreendendo
no mínimo três décadas consecutivas” e padrões climatológicos normais
como “médias de dados climatológicos calculadas para períodos consecutivos
de 30 anos, iniciando-se em 1º de janeiro de 1901 até 31 de dezembro de
1930, 1º de janeiro de 1931 até 31 de dezembro de 1960, etc .” . No caso
de estações para as quais a mais recente Normal Climatológica não esteja
disponível, seja porque a estação não esteve em operação durante o período
de 30 anos, seja por outra razão qualquer, Normais Provisórias podem ser
calculadas . Normais Provisórias são médias de curto período, baseadas em
observações que se estendam sobre um período mínimo de 10 anos .
Importância das Normais Climatológicas
Segundo a própria OMM, os dados climáticos são frequentemente
mais úteis quando comparados com valores normais padronizados, assim
considerados aqueles obtidos segundo suas próprias recomendações
técnicas . Torna-se, assim, de suma importância o cálculo e a publicação
das Normais Climatológicas “Padronizadas” . Na ausência destas, por
escassez ou má qualidade de dados, o uso das Normais “Simples” ou
“Provisórias” são alternativas aceitáveis . Embora a Agroclimatologia
seja a principal área técnica beneficiária das informações contidas nesta
publicação, praticamente todas as atividades humanas dependem das
informações climatológicas, do setor produtivo à saúde pública, das
atividades esportivas ao lazer .
Normais Climatológicas para o Brasil
No Brasil, como as observações meteorológicas só começaram a ser
realizadas, de forma sistemática, a partir de 1910, as primeiras Normais
Climatológicas foram publicadas pelo Escritório de Meteorologia do
Ministério da Agricultura, em 1970, correspondentes ao período 1931-
1960 . Tal publicação restringiu-se aos valores médios mensais e anuais
das seguintes variáveis: pressão atmosférica, temperatura máxima,
temperatura mínima, temperatura máxima absoluta, temperatura
mínima absoluta, temperatura média, umidade relativa, nebulosidade,
precipitação total, precipitação máxima em 24 horas, evaporação total
e insolação total .
Em 1992, o INMET, então denominado Departamento Nacional de
Meteorologia do Ministério da Agricultura e Reforma Agrária, publicou as
Normais Climatológicas 1961-1990, reunindo 209 estações meteorológicas
e abrangendo o mesmo conjunto de variáveis das Normais 1931-1960 .
Em face dos limitados recursos computacionais disponíveis e da não
existência, à época, de uma base de dados centralizada, esta iniciativa
demandou esforço considerável de uma grande equipe de colaboradores . A
publicação tem sido até hoje uma referência fundamental para os trabalhos
relacionados aos estudos climáticos no Brasil . Não obstante, ao longo
dos anos, uma série de erros e de inconsistências foi sendo registrada no
âmbito da própria Instituição .
No final do ano 2000, foi inaugurado, no INMET, o Sistema de
Informações Meteorológicas (SIM), um banco de dados relacional
de envergadura, que veio centralizar e organizar, eficientemente, o
acervo de dados meteorológicos digitalizados, antes distribuídos entre
a Sede e os 10 Distritos Meteorológicos da Instituição, localizados
em 10 Estados distintos da Federação . Com a implantação do SIM,
foram criadas as condições objetivas para uma revisão sistemática das
Normais 1961-1990 . Motivados ainda pela necessidade de aprimorar as
referências utilizadas na modelagem numérica do tempo, que passou a
ser praticada pelo Instituto, pesquisadores do INMET e colaboradores
Apresentacã o
externos realizaram, entre 2000 e 2003, um rigoroso trabalho de revisão .
Contudo, o produto final deste importante esforço (SUGAHARA et alli,
2005), denominado, internamente, “Normais CMN 1” , por contingências
diversas, não chegou a ser oficializado, resultando em utilização e
divulgação bastante restritas .
A partir de 2006, com a criação, no INMET, da Coordenação-Geral
de Desenvolvimento e Pesquisa, surgiu o interesse por resgatar e dar
ampla utilização às “Normais CMN”, idealizando-se sua publicação em
substituição àquela de 1992 . Os trabalhos nesse sentido revelaram,
contudo, alguns problemas, dentre os quais o fato de que parte dos
dados utilizados à época tinham sido corrigidos posteriormente, no
processo de aprimoramento do SIM . Adicionalmente, o critério “3:5”2 ,
preconizado pela OMM e adotado com rigor nas Normais CMN, mostrou-
se bastante restritivo, eliminando diversas estações que constavam
da publicação de 1992, uma consequência pouco desejável tendo em
vista o número limitado de estações disponíveis no território nacional,
particularmente em algumas regiões como a Norte e a Centro-oeste .
Além disso, entre as variáveis ali tratadas, não foram incluídas algumas
de particular interesse para a Agricultura, como o número médio de
dias chuvosos, em escalas mensal e decendial, e a frequência de dias
consecutivos sem chuvas .
A alternativa adotada, que gerou esta publicação, foi bastante
pragmática: decidiu-se combinar a publicação de 1992 com as Normais
CMN e as médias climatológicas oferecidas pelo SIM, de forma
a corrigir erros da publicação original e, ao mesmo tempo, ampliar,
tanto quanto possível, o número de estações e o conjunto de variáveis
analisadas . As recomendações da OMM foram observadas sempre que
possível, mas não ao ponto de se eliminar dados aparentemente de boa
qualidade, particularmente no caso de variáveis ou regiões geográficas
com baixa densidade de informações . A metodologia adotada para tal
fim é descrita, nesta publicação, no capítulo Metodologia . Para cada
variável, além de tabelas de dados, decidiu-se, ainda, acrescentar os
respectivos mapas mensais e anuais .
Como usar as Normais Climatológicas
Todos os estudos climáticos são baseados nas observações
meteorológicas . Portanto, as variáveis ambientais apresentadas nesta
publicação são baseadas nas observações realizadas, diariamente, às 12,
18 e 24 UTC3, na Rede de Observações de Superfície do INMET, com as
limitações quantitativas e qualitativas discutidas na metodologia .
1 - Sigla da Coordenacão-Geral de Modelagem Numérica do INMET.
2 - Por este critério, não são considerados no cômputo da média aqueles meses
em que há falta de dados em três dias consecutivos ou em cinco dias alternados.
3 - UTC é o acrônimo em inglês para Tempo Universal Coordenado, o fuso
horário de referência a partir do qual se calculam todas as outras zonas horárias
do mundo. É o sucessor do Tempo Médio de Greenwich, abreviado por GMT.
As normais apresentadas nesta publicação, sob a forma de tabelas e
mapas, correspondem às seguintes variáveis:
1 . Temperatura média compensada (°C)
2 . Temperatura máxima (°C)
3 . Temperatura mínima (°C)
4 . Temperatura máxima absoluta (°C)
5 . Temperatura mínima absoluta (°C)
6 . Pressão atmosférica no nível do Barômetro (hPa)
7 . Insolação total (horas)
8 . Evaporação total (Evaporímetro Piché) (mm)
9 . Nebulosidade (décimos)
10 . Nebulosidade às 12 UTC (décimos)
11 . Nebulosidade às 18 UTC (décimos)
12 . Nebulosidade às 24 UTC (décimos)
13 . Umidade relativa do ar compensada (%)
14 . Umidade relativa do ar às 12 UTC (%)
15 . Umidade relativa do ar às 18 UTC (%)
16 . Umidade relativa do ar às 24 UTC (%)
17 . Precipitação acumulada mensal e anual (mm)
18 . Máximo absoluto da precipitação acumulada em 24 horas (mm)
19 . Número de dias no mês ou no ano com precipitação maior ou igual a 1 mm (dias)
20 . Precipitação acumulada decendial (mm)
21 . Número de dias no decêndio com precipitação maior ou igual a 1 mm (dias)
22 . Número de períodos, no mês ou no ano, com 3 ou mais dias consecutivos sem precipitação (períodos)
23 . Número de períodos, no mês ou no ano, com 5 ou mais dias consecutivos sem precipitação (períodos)
24 . Número de períodos, no mês ou no ano, com 10 ou mais dias consecutivos sem precipitação (períodos)
-125 . Intensidade do vento (m .s )-126 . Componente zonal do vento (m .s )
-127 . Componente meridional do vento (m .s )
28 . Direção resultante do vento (graus)
29 . D ireção predominante do vento (pontos cardeais e colaterais)
A organização dos dados em tabelas torna a consulta autoexplicativa,
permitindo ao usuário a obtenção de informações diretas e derivadas, além
de inúmeras possibilidades de construção de gráfi cos e tabelas para variáveis
isoladas ou combinadas entre si, conduzindo a estudos climáticos com
diferentes objetivos e confi gurações, como segue, a título de exemplos.
A Figura 1 mostra a variação média mensal da pressão atmosférica no
nível do barômetro, para as localidades de Belém-PA e Florianópolis-SC,
observando-se maior amplitude barométrica em Florianópolis, em contraste
com Belém . Tal situação, decorrente da diferença de latitude entre as duas
localidades, explica em parte as diferenças do tempo meteorológico e do
clima entre as duas cidades .
Normais Climatológicas do Brasil / 1961-1990
Normais Climatológicas do Brasil / 1961-1990
Figura 1 . Comparação das Normais Climatológicas da pressão
atmosférica no nível do Barômetro, para Belém e Florianópolis .
De forma análoga, pode-se analisar a temperatura média para
localidades situadas em diferentes latitudes, como se vê na Figura 2
para Porto Alegre, Belo Horizonte e Macapá . Constata-se, também aqui,
a infl uência do fator latitude na marcha mensal da temperatura, com
amplitudes decrescentes do sul para o norte do Brasil . Enquanto em
Macapá, no extremo norte do País, as temperaturas médias mensais pouco
oscilam, mantendo-se valores médios elevados ao longo do ano, em Porto
Alegre, no sul do Brasil, observa-se uma expressiva variação do verão para
o inverno . Belo Horizonte, situada em latitude intermediária, apresenta-se
entre os dois extremos, com verões e invernos mais suaves .
Figura 2 . Comparação entre as Normais Climatológicas da temperatura
média compensada para Belo Horizonte, Macapá e Porto Alegre .
As fi guras que seguem mostram outras combinações entre localidades
distintas, para um mesmo elemento climático e, entre diferentes elementos
climáticos, para a mesma localidade . A Figura 3 ilustra a diferença marcante
entre os regimes pluviais de duas localidades situadas em latitudes próximas,
mas distantes entre si quanto ao fator climático continentalidade . Enquanto
Salvador, situada no litoral, mostra chuva acumulada anual superior, com
máximas precipitações no outono e início do inverno, Cuiabá, localidade
continental da região Centro-oeste, apresenta chuvas mais escassas, com
máximos no fi nal da primavera e ao longo do verão. Por outro lado, a Figura 4,
para Brasília, mostra uma defasagem de quase 180 graus entre as curvas da
umidade relativa do ar e da evaporação . O verão úmido, com médias mensais
de umidade em torno de 75%, limita a evaporação a aproximadamente 100
mm mensais, contrastando com o inverno seco, próximo de 50%, e elevadas
taxas de evaporação, que se aproximam de 250 mm mensais .
Figura 3 . Comparação entre as Normais Climatológicas da precipitação
acumulada mensal para Salvador e Cuiabá .
Comparando as Normais Climatológicas 1931-1960, publicadas pelo
INMET, então Escritório de Meteorologia do Ministério da Agricultura, em
1970, com as Normais Climatológicas 1961-1990, pode-se ter uma idéia da
variabilidade climática entre os dois períodos, como se vê nas Figuras 5 e 6 .
Enquanto o regime se manteve e o total das chuvas pouco alterou, Figura 5, as
temperaturas sofreram um aumento de, aproximadamente, 2°C ao longo do ano,
Figura 6, o que não deve ser interpretado de pronto como eventual mudança
climática associada ao aquecimento global, sendo mais provável tratar-se de
efeitos da urbanização, hipótese que exigirá estudos mais detalhados .
Figura 4 . Comparação entre as Normais Climatológicas de evaporação e
umidade relativa do ar para Brasília .
Normais Climatológicas do Brasil / 1961-1990
Apresentacão
Figura 5 . Comparação entre as Normais Climatológicas dos períodos 1961-
1990 e 1931-1960 para a precipitação acumulada mensal de Manaus .
O conhecimento da média histórica ou Normal Climatológica é essencial
para a aplicação do conceito de “desvio” ou “anomalia” de uma variável,
diuturnamente empregado em meteorologia para significar a diferença
entre o valor observado e a normal climatológica correspondente .
Figura 6 . Comparação entre as Normais Climatológicas dos períodos
1961-1990 e 1931-1960 para a temperatura média de Goiânia .
As Figuras 7 e 8 ilustram a utilização deste conceito . A primeira
mostra o mapa do desvio da precipitação acumulada para o mês de julho
de 2009, para todo o Brasil, destacando-se, a título de exemplo, que neste
mês de julho as chuvas observadas situaram-se bem acima da Normal
Climatológica (anomalias positivas) no Estado do Paraná, sudeste de
São Paulo e nordeste de Santa Catarina, com menores anomalias em
Mato Grosso do Sul, em contraste com anomalias negativas em quase
todo o Rio Grande do Sul .
Figura 7 . Desvio da chuva acumulada mensal, observada, em relação à
Normal Climatológica 1961-1990, para o mês de julho de 2009, no Brasil .
A Figura 8 mostra, para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa
Catarina, as anomalias de chuvas previstas para o mês de outubro de 2009 e
as isoietas correspondentes à Normal Climatológica para o mesmo mês . Como
as anomalias previstas eram todas positivas, obviamente, os acumulados totais
esperados resultariam da soma dos valores normais e das anomalias previstas .
Figura 8 . Desvio (anomalia) da precipitação acumulada mensal, prevista, em
relação à Normal Climatológica 1961-1990 (isoietas), para o mês de outubro
de 2009, no Rio Grande do Sul . Fonte: 8º DISME/INMET e CPPMet/ UFPel)
Normais Climatológicas do Brasil / 1961-1990
Segue-se um exemplo de informação climatológica indireta, obtida
a partir das tabelas das Normais Climatológicas 1961-1990, de grande
interesse para finalidades socioeconômicas, particularmente para a
agricultura . Extraindo-se os dados de temperaturas e chuvas médias
mensais, para a localidade de Rio Verde-GO, e valendo-se do Método
de Thornthwaite e Matter (l948 e 1955), podem-se estimar os termos do
Balanço Hídrico Climatológico para o período 1961-1990, construindo-se,
em seguida, os gráficos apresentados nas Figuras 9 e 10, a seguir.
Na Figura 9 são observadas as componentes do Balanço Hídrico
Climatológico para a localidade de Rio Verde-GO, com excedentes
hídricos ao longo da estação chuvosa, de novembro a abril e, déficits
hídricos, de maio a setembro . Completando o balanço, observam-se as
retiradas e as reposições de água no solo, antecedendo e sucedendo,
respectivamente, o período seco .
Figura 9 . Balanço hídrico climatológico baseado na Normal Climatológica
1961-1990, para a localidade de Rio Verde-GO .
A Figura 10 mostra o limite superior do conteúdo de água no solo, 100 mm,
e a curva representativa da disponibilidade hídrica no solo, de abril a novembro,
período de deficiência hídrica, com consequências negativas para as culturas
submetidas ao estresse hídrico, atingindo o máximo no final de setembro, mês
de transição da estação seca para a chuvosa, naquela localidade .
Figura 10 . Armazenamento de água no solo baseado na Normal
Climatológica 1961-1990, para a localidade de Rio Verde-GO .
Tais gráficos devem ser construídos a partir de uma tabela que
expressa, quantitativamente, todas as componentes do Balanço .
Na escala decendial, a maior relevância recai sobre as aplicações
agrícolas, em especial, na escolha de culturas e de práticas agrícolas mais
adequadas para uma região . A comparação entre o tempo real monitorado
e os valores decendiais médios permitirá identificar condições favoráveis
ou anômalas para as práticas agrícolas, de resto, aplicável também a
quaisquer outras atividades produtivas ou sociais . Em especial, o Balanço
Hídrico Decendial é uma ferramenta essencial no monitoramente agrícola,
com destaque para o cálculo do déficit hídrico e da evapotranspiração,
potencial e real, parâmetros que permitem quantificar o nível de estresse
hídrico a que se acha submetida uma cultura, bem como estimar índices
de aridez e quebras de produtividade . O monitoramento da temperatura
de per si é também de grande importância em todas as fases fenológicas
da cultura, sendo fator crítico em alguns processos como, por exemplo, no
abortamento de flores da cultura do café, quando os limites térmicos de
tolerância da planta são superados naquela fase fenológica .
Considerando a representatividade regional de cada estação
meteorológica, a análise criteriosa dos valores mensais e decendiais normais
é de grande valia na escolha de variedades mais adequadas para a região, na
melhor época de semeadura, no manejo e nas práticas culturais, bem como
nas atividades de colheita e de processamento de safras, sem embargo para
quaisquer outras aplicações técnico-científicas e socioeconômicas.
A estatística do número de dias chuvosos e secos e dos intervalos
consecutivos secos são informações úteis para muitas atividades,
desde a estimativa de dias trabalháveis com máquinas no campo até
a quantificação de veranicos ou períodos de invernadas, informações
relevantes na agricultura, na pecuária, na vida urbana e em tantas outras
atividades humanas .
O financiamento de safras agrícolas e as atividades securitárias
em geral são altamente dependentes do conhecimento das condições
climáticas, em especial dos eventos extremos, que podem ser identificados
pela comparação das condições meteorológicas rotineiramente observadas
e as médias anuais, mensais e decendiais .
Sob outro enfoque, os mapas apresentados após as respectivas
tabelas conduzem à visualização espacial das informações climatológicas,
permitindo análises panorâmicas, instrumentos úteis para a tomada de
decisões por parte das autoridades e dos planejadores e executores das
atividades agrosilvipastoris, dentre tantas outras . O mapa da Figura 11, por
exemplo, mostra as chuvas acumuladas anuais normalmente esperadas
para todo o Brasil . Se determinada cultura exige chuvas anuais acumuladas
superiores a 1500 mm, por exemplo, então um agricultor de Minas Gerais
somente poderá cultivá-la em algumas áreas do Sul e do Triângulo Mineiro,
onde tais montantes são normalmente atingidos . É óbvio que outras
exigências climáticas devem ser também analisadas, principalmente a
temperatura . Esta é, aliás, uma análise básica nos zoneamentos agrícolas .
Figura 11 . Normal climatológica da precipitação acumulada anual para
o período 1961-1990 .
O prognóstico climático sazonal ilustra outra importante aplicação dos
mapas climatológicos trimestrais, que podem ser obtidos a partir da soma
dos valores das Normais dos meses abrangidos . Como tais prognósticos
são, em geral, expressos em termos de probabilidades de ocorrência de
valores acima, abaixo ou dentro da média climatológica, o mapa com
a média histórica do período em análise complementa a informação do
prognóstico, permitindo avaliar, imediata e quantitativamente, o valor do
parâmetro previsto em qualquer região de interesse, com a respectiva
probabilidade de ocorrência . As Figuras 12 e 13 ilustram esta observação
para o período de janeiro a março de 2009 .
A Figura 12 apresenta a previsão elaborada pelo INMET, em dezembro
de 2008, para o trimestre de janeiro a março de 2009 . Indica, por exemplo,
uma maior probabilidade de ocorrência de chuva acima da média no
sudeste de Minas Gerais, grande parte de São Paulo e norte do Paraná .
Consultando o mapa climatológico da Figura 13, o usuário verifica que a
chuva média, para esse período varia, na região em foco, de 400 a 700
milímetros, segundo as Normais Climatológicas 1961-1990 . Assim, o
prognóstico estaria indicando que, provavelmente, a chuva nessas regiões
iria situar-se acima deste patamar, no primeiro trimestre de 2009, o que
de fato ocorreu conforme verificação posterior, ou seja, naquele trimestre,
foram registradas anomalias positivas na região, variando de 100 até 400
mm de chuva acumulada4 , evidenciando a relevância da informação para
atividades agrícolas e para a defesa civil, dentre outros beneficiários.
4 - Informacão disponível no sítio do INMET, www.inmet.gov.br, em Clima> Ano-
malias de Precipitacão> Desvio de Chuva Trimestral.
Figura 12 . Previsão probabilística sazonal da precipitação acumulada no
trimestre de janeiro a março de 2009 .
Figura 13 . Média histórica da precipitação acumulada no período de
janeiro a março (Referência: Normais 1961-1990)
Concluindo, é possível afirmar que incontáveis análises podem ser
realizadas a partir de tabelas e mapas das Normais Climatológicas, dependendo
apenas das necessidades da pesquisa e da imaginação dos pesquisadores .
Apresentacão
Normais Climatológicas do Brasil / 1961-1990
Normais Climatológicas do Brasil / 1961-1990
Referências Bibliográficas
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