inquisidores
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Livro de Thales DonatoTRANSCRIPT
Inquisidores
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Thales Donato
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Aventura
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Sumário
Capítulo 1 ............. 7
Capítulo 2 ............. 27
Capítulo 3 …………. 35
Capítulo 4 …………. 41
Capítulo 5 …………. 51
Capítulo 6 …………. 59
Capítulo 7 …………. 65
Sobre o Autor …….. 69
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Capítulo 1
Acordei ao toque terrivelmente chato do
despertador. Era segunda-feira e eu não tinha
a mínima vontade de levantar às seis horas
para uma aula horrível de matemática.
Meu nome é Will Rider, tenho 14 anos
e, bem... Fiz este livro para contar a reviravolta
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que aconteceu em poucas horas na minha
vida. Eu fui encontrado em um trem, poucos
dias depois de ter nascido, rodeado por lobos
e, depois de alguns meses, uma mulher me
encontrou. Era minha mãe. Tenho vivido
normalmente, desde então.
Pelo menos, o período de aula mais
odiado, matemática, era o último. Haveria
tempo para fazer o tema “de casa”, que
sempre era feito em aula, em cima da hora.
Eu realmente estava quase dormindo
de novo. Quando desci as escadas, só
consegui ouvir um leve barulho e lá estava eu
no chão. Eu estava esquecendo alguma coisa,
alguma coisa realmente importante, mas não
fazia ideia do que era.
Olhei o relógio e vi que tinha ficado no
chão tempo demais. Saí correndo em direção
à escola, sem tomar café da manhã e nem
pegar dinheiro para o lance. Eu sabia que ia
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me arrepender disso no recreio.
Há 500 metros da escolar, me lembrei
de mais coisas que tinha esquecido: mochila,
uniforme, trabalho para entregar, tênis, etc. De
pijama, voltei para casa e, rapidamente,
peguei minhas coisas, coloquei o uniforme, e
saí correndo desesperado, logo em seguida,
pois a aula já tinha começado fazia uma hora.
Depois de ser xingado pela porteira da escola,
consegui, enfim, entrar. Andei até minha sala e
abri a porta, bem a tempo de ouvir:
-...será amanhã, e não se atrasem! –
Disse a professora – Ah, Sr. Rider, chegou
bem a tempo de fazer a redação.
Sentei calmamente no meu lugar e comecei a
escrever. Estava sem ideias e com sono.
Obviamente, isso só poderia resultar em uma
coisa: eu dormindo.
Acordei ao toque do sinal que avisava o
último e odiado período: Matemática. A
professora chegou na sala, olhando friamente
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seu aluno mais odiado, que inesperadamente
não era eu. Mas, se eu não era o primeiro na
lista negra dela, com certeza eu era o
segundo.
Os óculos velhos e embaçados da
professora Michelle viraram em minha direção,
revelando aquela face obscura e temível.
Desviei o olhar no mesmo instante. Naquele
momento, quem mirasse os olhos dela,
certamente, não estaria vivo para vê-los de
novo.
Minha mente claramente dizia:
“Nenhum movimento brusco, nenhum
movimento brusco”.
-Então alunos... – Ela falou com uma
voz fina e estridente - Como todos sabem,
amanhã será um dia especial, onde nossa
linda cidade completará 150 anos. Espero que
vocês não nos desapontem na frente da
cidade toda, durante o desfile cívico…
O período se arrastou lenta e
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dolorosamente até o sinal salvador tocar.
- Ei Will vai estar em casa hoje? –
perguntou meu único e melhor amigo, John.
-Hoje não, tenho que visitar minha tia. –
Respondi.
-Ok, então até amanhã no desfile –
Disse John
-Até!
Voltei tranquilamente para casa. Me
esqueci de absolutamente qualquer tarefa,
tema ou compromisso e simplesmente dormi.
Acordei já de noite, então... dormi de novo.
Era o tão não esperado dia do desfile.
Fui até o centro com minha mãe, Karin, e
encontrei lá meus colegas. Era um desfile
normal, nada de especial.
Quando todos estavam preparados deram a
ordem de início e a marcha, demoradamente
lerda, começou.
Não sei como nem por quê, mas o
desfile, de repente, parou. Só depois de cinco
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minutos de cochichos e murmúrios consegui
enxergar: Um menino estranhamente parecido
comigo, cabelo preto, calça jeans, olhos azuis,
mas algo era diferente nele... não sei dizer o
que era. O ar em sua volta era pesado, frio. É
difícil de explicar, é como se ele não fosse
desse mundo...
Ou melhor, desse universo.
- Onde está o leão? – Perguntou ele.
Mais murmúrios começaram, agora
sobre ele ser louco. Ele olhou diretamente
para mim, com ar de curiosidade.
-Ah, então é você? – Disse minha
“semi-cópia do mal”.
Tudo aconteceu muito rápido, ele
esticou a mão em um movimento anormal e
abriu-se uma fenda sob meus pés. Caí, sem
saber o que acontecera, mas aquilo pouco
importava naquele momento. A fenda não
acabava além de ser fria e escura.
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Eu caí em algum lugar que me deixou
encharcado, era um pequeno lago dentro de...
uma fazenda? Não... aquilo era maior que uma
fazenda. Uma cidade? Talvez, era possível,
mas as construções eram muito bem
arquitetadas, como se tivessem (talvez tenham
sido) feitas por um gênio.
Muitas pessoas de armadura olharam curiosas
para o menino encharcado, sujo e cansado, ou
seja: eu. Uma menina chegou mais perto.
Devia ter minha idade e cabelos loiros quase
dourados e olhar frio.
Ela segurou minha camisa e me puxou
para fora do lago com uma força assustadora.
A garota me olhou diretamente e
desembainhou uma espada que parecia, e
devia ser, incrivelmente afiada e a fincou no
solo, a um centímetro da minha cabeça.
Meus pensamentos naquele momento
eram: “assustadora”, “mais assustadora”,
“incrivelmente assustadora”, “fome”.
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Eu estava com realmente muita fome e
apavorado, mas entre os dois, ainda me
preocupava mais a fome.
-Quem é você? –Perguntou a menina
-Sou Will e, a propósito, vocês vendem
pizza por aqui?
Ela olhou com raiva pra mim e disse,
com uma repentina alegria na voz:
-Sim, vendemos, mas primeiro eu quero
saber quem é você e de onde você apareceu.
Não é qualquer um que invade as 12 casas e
sai sem uma punição.
Novamente o olhar aterrorizante voltou
à sua face. Em seguida, ela me puxou para
dentro de uma casa gigante, murmurando algo
como “invasor” e “interrogar”.
Um rapaz com idade em torno de 18 anos
olhou para mim e perguntou a menina:
-Quem é ele?
Ela respondeu com ar de dúvida:
-Não sei, mas estava no meio do
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campo. Nunca o vi antes. Parece um invasor.
-Traga ele aqui – Disse o homem.
Realmente, aquele não era o lugar mais
feliz do mundo. Fui arrastado para um quarto
com várias decorações... maléficas. Era
chamada pore les de “sala do julgamento” e,
por algum motive, aquilo não me passava uma
boa sensação. Os dois viraram para mim e,
com uma voz ameaçadora, a menina falou:
-Você é um espião, não é? Fique
sabendo que aqui o tratamento a esse tipo de
gente não é agradável.
-Espião? – Disse eu, quase rindo – É
sério, onde está o resto das pessoas? É uma
brincadeira, né?
O rosto da menina claramente dizia que
não. Provavelmente, se eu falasse mais
alguma coisa eu não teria muito tempo de
vida.
-Não... – Disse o garoto – Ele não é um
espião, sua aura claramente diz isso.
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-Como você chegou aqui? – Perguntou
a menina.
Seguiu-se então minha longa,
definitivamente longa, explicação de como eu,
possivelmente, era de outro lugar e caí ali por
acaso, após um menino quase igual a eu ter
me mandado para lá.
Quando disse que quem fez aquilo foi
um menino quase igual a mim, os dois
permaneceram em silêncio, como se eu
tivesse tocado em um ponto delicado.
O mais velho murmurou alguma coisa
para a menina. Logo após isso, ela me levou
para fora daquela sala e me mostrou o lado de
fora.
-Bem, em uma explicação breve sobre
este lugar. Ele é a Casa dos Inquisidores,
pessoas que possuem magia em seus corpos.
Aqui há 12 casas, cada qual com seu signo:
Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão, Virgem,
Libra, Escorpião, Sagitário, Capricórnio,
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Aquário e Peixes. Eu sou da casa de
Escorpião e utilizo uma magia diferente das
outras, criada por mim mesma. As pessoas
são selecionadas para as diferentes casas
zodiacais de acordo com o que diz o mestre,
aquele cara de agora há pouco. Ele seleciona
e indica cada inquisidor novo à sua respectiva
casa.
-Então... -Disse eu - Isso foi um “breve
resumo”...? Mas, enfim, você disse que
vendiam pizza aqui. Onde, exatamente?
- Ah, entre os Inquisidores do Zodíaco,
magia, etc., seu primeiro pensamento é pizza?
- Perguntou ela, rindo.
-Exato. –Respondi, retribuindo o sorriso.
Ela me guiou até uma gigantesca praça
de alimentação. Tinha tudo que eu conseguia
pensar, desde hambúrgueres grelhados no
ponto até rodízios de pizza. Várias pessoas,
na grande maioria meninos da minha idade, se
reuniam ali para jantar. Mesmo o pavilhão
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sendo enorme, estava lotado.
Logo após o jantar, conversei um pouco
com a menina e perguntei mais sobre aquele
lugar:
- Quando eu entro para alguma casa?
- Na verdade o mestre está anunciando,
neste exato momento, os novos membros do
temple. Mas você não quis ir, Will, certo?
- Eu queria ir sim, você não disse nada
– Respondi apressado – Vamos logo... Qual
seu nome?
-Vamos. A propósito meu nome é Luna.
Saímos correndo da praça de
alimentação. No meio do trajeto eu vi muitos
lugares “épicos”, quase tudo feito com
mármore, mas não tive muito tempo para
olhar, afinal estava correndo à toda e...
Quando vi, estava perdido e Luna não estava
mais ali. Era como um palco. Olhei para a
frente e fiquei assustado, quando vi uma
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multidão, todos olhando diretamente pra mim.
Olhei para o lado e avistei uma imagem
familiar... Era o mestre, mas ele estava
anunciando os novos inquisidores, então ele
não podia estar ali... Dei-me conta, tarde
demais, que estava no meio da cerimônia de
entrada dos inquisidores.
-Então, temos um último e atrasado
novato? – Disse, sorrindo, o mestre.
-Ãhn...
-Pois bem, vamos checar qual sua
casa, menino? – Perguntou ele.
-S-Sim! – Respondi gaguejando.
O mestre ficou em silêncio e me olhou
fixamente por alguns segundos.
-Bem menino, a julgar pela sua aura e
características, decidi colocá-lo na casa
principal: Leão! – Anunciou ele, com um brilho
no olhar.
Gritos de alegria e vivas se ouviram por
todo lugar, mas, por algum motivo eu estava
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em hesitante... Ah sim, eu não sabia usar
magia, era horrível lutador, era burro e estava
no que ele dizia ser a principal casa da ordem
dos inquisidores.
Saí desajeitado do palco, sendo
recebido por todos com vivas e cumprimentos.
Sentei ao lado de Luna. Depois disso, a
cerimônia seguiu, com cada novato sendo
escolhido para uma casa diferente.
-Próximo novato, Johnny Clarke.
Um menino baixinho e magricela de
cabelo loiro apareceu no palco com um olhar
baixo, todos olharam, desejosos que o mestre
não começasse um discurso de “como a sua
horrível casa não iria atrapalhar seu
rendimento mágico”. Bem, felizmente, ele não
começou.
-Bem, Sr. Clarke, presumo que seja
bem corajoso e feroz, não? - Perguntou o
mestre.
-Er... “meio que sim”. – Disse tímido
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Johnny.
- Se não possui essas características, é
bom adquiri-las, pois são a base da sua nova
casa: Leão! – Falou o mestre.
Gritos de alegria ecoaram na multidão,
e o garoto foi recebido de braços abertos pela
casa.
-Próximo! Suba ao palco, Srta. Mary
Gray! – Berrou o mestre, como se fosse um
show na TV.
Passaram-se alguns segundos e
nenhum novato subiu no palco. Passaram-se
minutos e nada... Até que uma menina de
cabelos ruivos foi empurrada para o palco,
seguida de uma voz atrás dela dizendo: “Ela
estava dormindo”.
Risos se ouviram por toda multidão. O
mestre olhou para ela mais tempo do que o
comum. Ele estava indeciso, algo que,
Segundo me disseram, não ocorria há tempo.
- Pois bem. Faz algum tempo que isso
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não ocorre, mas... Sua aura não é totalmente
plena. Eu não posso colocá-la em uma casa
sem saber isso. Então, diga-me, qual sua
principal característica?
- Perseverança. – Disse a menina, em
um tom nada formal, como se não estivesse
nervosa.
- Essa é a principal característica de
uma específica casa: Capricórnio!
A menina foi acolhida por vários
inquisidores e assim seguiu-se, até o último
nome ser chamado.
-Pois bem alunos, como sabem esse é
o templo sagrado dos Inquisidores. Cada casa
possui uma finalidade, com específico tipo de
magia. Assim como... – Começou o mestre,
mas foi interrompido por vários “Ah não!”,
“discurso de novo?”.
Antes que o famoso discurso
começasse, eu e Luna saímos rápido daquele
lugar, antes que o mestre não parasse de falar.
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Logo em seguida ouvimos algumas explosões,
mas Luna me “tranquilizou”, dizendo que era
só o barulho do mestre cuidando dos “Anti-
Discurso”.
- Essa é a casa de Leão. Eles vão lhe
mostrar qual seu colega de quarto, o horário
de treino, etc. – Disse Luna.
-Ok, nos vemos amanhã! – Respondi.
-Até amanhã!
-Até!
Entrei na casa de mármore branco.
Realmente parecia uma mansão. Era a maior
construção que eu já tinha visto pessoalmente.
Andei até a pessoa mais próxima e perguntei
onde era meu quarto. Ele me levou a uma sala
em que havia a planta de toda casa, incluindo
os donos do quarto. Inesperadamente, meu
nome, que acabara de ser anunciado na
cerimônia já estava lá. Meu colega de quarto
era... Johnny, o garoto novo.
- Meu nome é Blade, pode me procurar
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sempre que tiver qualquer dúvida, sou o chefe
da casa. – Disse o homem forte que se
encontrava à minha frente.
-Prazer, meu nome é Will –Disse eu –
Hoje o dia foi cansativo, vou para o meu
quarto. Noite!
-Noite.
Fui até o lugar onde o mapa mostrava.
No caminho encontrei esculturas, parques e
quase tudo possivelmente imaginável dentro
de uma casa. Cheguei no quarto e abri a
porta. Era um quarto completamente normal,
com uma cama beliche, mesa e cadeiras.
-Você é Will, certo? Sou Johnny, seu
colega de quarto.
- Prazer, você também é novo aqui? –
Respondi sorridente.
-Sim, acabo de entrar, parece que
amanhã começa nosso treinamento, mas eu
ainda estou em dúvida se devo continuar com
isso porque eu não sei usar magia. – Falou
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Johnny
-Ah, que bom que mais uma pessoa
não sabe usar magia, achei que era o único! –
Disse aliviado por saber que, para se começar
a ser Inquisidor, não se precisava ser um
“mago nato”.
Atirei-me na cama, não sei se primeiro
dormi ou fechei os olhos, mas tenho certeza
que nunca estive tão cansado na vida.
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Capítulo 2
Eu tive de reunir todas minhas forças
para conseguir levantar de manhã. Johnny
ainda estava esticado na cama, roncando
como um porco. Preparei-me para o café da
manhã. Deduzi que era feito diferentemente,
casa por casa, pois, no dia anterior vi um
enorme restaurante no caminho para meu
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quarto.
Joguei um copo de água no rosto de
Johnny. Ele levantou rápido e furioso por
“alguém” tem atirado água nele.
Fomos conversando para o café da
manhã, quando chegamos nos deparamos
com um enorme buffet de pães e bolos, todos
rigidamente organizados de acordo com nome.
Era incrível como havia de tudo ali,
enchi o meu prato e sentei-me junto a outros
novatos.
-Alguém sabe quando vai começar o
treinamento? – Perguntou um gordinho
chamado Michel
-Não sei, mas, pelo que me disseram, é
terrivelmente difícil aprender magia – Disse
uma menina chamada Rachel.
Cada um, após terminar o café, se
dirigiu aos respectivos campos de treinamento.
Todas as casas estavam lá. Encontrei Luna,
que me explicou que deveríamos formar times
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com 3 novatos e um integrante veterano dos
Inquisidores. O grupo designado foi: Eu, Luna,
Johnny e Mary. A única que sabia usar magia
era Luna e isso me deixava um pouco
preocupado, em um grupo de 4 pessoas.
Luna avisou que logo seríamos
transportados para os verdadeiros campos de
treinamento. Eu já acreditava fortemente em
teletransporte, àquela altura, pois já vira
magia, já fora teletransportado, etc.
Logo eu e o restante do time nos
encontrávamos em um longo campo lotado de
armas e equipamentos.
-Primeiro, vocês devem encontrar a
arma com que mais se adaptam e concentrem
toda, absolutamente toda, sua energia nela. –
Disse Luna, sacando a adaga e
transformando-a em diferentes objetos – Essa
é a primeira forma de magia, “Adeptus”. Cada
pessoa pode usar somente uma forma de
magia, sendo essa uma delas, se não
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sentirem nada quando fazem isso, essa,
literalmente, não é a sua magia, mas dizem
boatos que há pessoas chamadas “escolhidas”
que conseguem manipular mais de uma
magia.
Todos tentaram, fracassando um após o
outro. Luna seguiu falando:
- Bem, a próxima magia consiste em
dominar completamente um element. Seu
nome é “Dominium”. Eu não sei utilizar esse
tipo de magia, mas sei o básico. Aqui em
frente iremos encontrar vários elementos.
Tentem tocar eles com sua aura.
Nós nos entreolhamos
-Então... Como tocamos com a aura? –
Perguntou Johnny.
-Ah, é simplesmente se focar, sem
nenhuma distração, e tocar o elemento, se
concentrando COMPLETAMENTE. – Disse ela
com ênfase na última palavra.
Seguimos pelo caminho que,
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repentinamente, aparecera à nossa frente.
Depois de alguns minutos encontramos várias
salas com os tais elementos. Eu andei até a
primeira sala.
Primeiramente eu gostaria de dizer que não foi
uma experiência nada agradável: eu saí
correndo da sala, com meu casaco pegando
fogo. Atirei-me na segunda sala, esperando
que fosse água, mas infelizmente era terra.
Depois de me ajudarem a limpar a terra do
rosto, prosseguimos com o treino. Um após
um, tentamos as salas e, ou saímos
encharcados ou pegando fogo. Ouvimos um
grito, vindo de dentro de uma sala, e logo
descobri o motivo: Mary manipulava o fogo
como se fosse ar. Mesmo sendo pouca a
quantidade, era incrível.
- Isso aí. Já encontramos a primeira
magia de alguém. Mary, parabéns, agora você
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já pode estudar Dominium e aperfeiçoá-la. Eu
estou surpresa de já ter conseguido manipular
um elemento sem ao menos treinar, é
impressionante – Disse Luna
Depois da surpresa, eu avistei uma última
porta e senti uma certa ligação com ela. Andei
quase hipnotizado até a maçaneta e a abri. Eu
senti calor, mas nada me aguardava depois da
porta além de Gelo. Quase como por instinto,
fiz um movimento de mãos e aquele gelo
expandiu. Ele congelou um raio de quinhentos
metros além da sala. Eu conseguia manipulá-
lo como bem quisesse, era como se fosse
parte do meu corpo, não sei como nunca
percebera isso antes.
-Minha nossa – Disse Luna surpresa,
demonstrando a reação de todos. - Manipular
magia assim... Isso requer um ano inteiro de
treinamento, além de muito esforço físico e
mental.
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Depois que ela disse isso percebi meu
cansaço. Caí, mas o gelo amorteceu minha
queda. Quando dei-me por vivo, todos
olhavam pra mim sorrindo. Eu estava na casa
de Leão, onde o mestre sorria alegremente
para mim. Eu realmente não sabia o que
estava acontecendo, mas a alegria deles me
acalmou. Eu não tinha percebido até agora,
mas Luna sorria frequentemente e eu só
percebera naquele momento o quanto radiante
ela ficava.
Mas o que eu não sabia era que não
veria seu sorriso de novo por muito tempo.
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Capítulo 3:
Eu dormira novamente. Agora
acordado, eu percebera que era o caos total.
Pessoas corriam assustadas pelos campos,
que pegavam fogo. Eu tentava, mas ninguém
me explicava o que estava acontecendo.
Então eu vi: Um monstro de 3 metros de
altura, era dali que o fogo surgira. Já havia
visto essa figura nos livros. Era um elfo
incandescente, que atacava ferozmente as
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pessoas à sua volta.
O mestre acalmava outro bem maior,
mas ainda estava tendo dificuldades. Então
finalmente encontrei um rosto familiar no meio
da multidão: Johnny estava lá, parado.
olhando perplexo os monstros. Corri até ele e
perguntei o que estava acontecendo:
-Logo depois que você dormiu, isso
ficou uma bagunça. Monstros invadiram as
casas e atacaram as pessoas, ninguém sabe
de onde eles vieram. Parece que o maior é o
comandante deles e o menor é um simples
soldado. Eles são elfos que usam magia de
fogo. - Disse Johnny.
-Nossa, então é melhor fugirmos, deixa
que os veteranos cuidam disso. - Disse eu,
com um pouco de remorso.
No meio da correria eu vi: o monstro
menor iria atacar Luna pelas costas, que
cuidava dos menores.
Eu não me controlei. Começou a nevar.
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Eu me sentia mais forte, impulsionado pela
neve. Todo fogo, então, começou a se apagar.
Corri e chutei o pescoço do monstro, que
quase não sentiu. Afinal, ele era de fogo,
acabara de lembrar.
-Saia da frente, pequeno. - Disse ele
ferozmente me arremessando longe.
Ele segurou Luna, que só percebera
agora o que acontecia. Ela sacou a adaga,
desferindo um golpe no monstro, mas de nada
adiantou, pois ele já a segurava.
- Oh, já entendi. O que você fará se eu
machucar ela, pequeno Inquisidor? -
Perguntou ironicamente o elfo.
-Solte ela... AGORA – Respondi,
bravamente.
Meus olhos estavam brancos, o cabelo
estava também em um tom de branco, eu
simplesmente sentia raiva. Minhas unhas
cresceram se transformando em garras de
gelo, eu podia sentir o gelo como se fosse
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parte de mim.
-Iced... Crush – Gritei, sem nem pensar
em um nome decente.
Eu estendi as duas mãos. Eu não sabia
o quanto de neve havia ali. Simplesmente virei
minhas mãos em direção ao monstro e disse:
-Bang.
Espadas de gelo se formaram no ar e
todas voaram em direção ao elfo em uma
velocidade incrível.
Ele arremessou Luna e inutilmente fez
uma parede de fogo, que congelou. Nenhum
de nós, nem eu nem ele esperava que aquilo
fosse tão forte. As lâminas perfuraram seu
corpo, deixando-o incapaz de se mexer. No
meu braço apareceu uma lâmina, e meus
olhos brancos se fixaram no elfo. Ele tentou
correr, mas eu estava rápido. Muito rápido. Eu
já aparecera na frente dele e, como últimas
palavras que ele ouviria, eu disse:
-Nunca mais... pense em tocar em
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alguém daqui.
Em um movimento rápido meu, ele
congelou e se desfez em pó. Meus olhos
voltaram ao azul original, mas meu cabelo
continuou branco. Bem, aquele era o menor
dos problemas agora. Quando olhei para onde
o monstro havia arremessado Luna, ela não
estava lá.
-Essa garota possui muita magia, irei
levá-la comigo. - Ouviu-se a voz do elfo
grande.
Procurei por ele, desesperadamente, e
o avistei combatendo diversos inquisidores
enquanto facilmente segurava Luna. Ele olhou
diretamente para mim com um olhar
desafiador e uma voz ecoou na minha cabeça:
-Vamos ver se consegue resgatar sua
colega, gelinho.
Eu corri em direção a ele e saltei,
mirando um chute na sua cabeça. Ele
defendeu e me acertou um golpe de fogo. Era
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minha fraqueza, descobri.
Caí incapacitado no chão, enquanto ele ria. Eu
não tinha dúvidas: iria atrás dele. E então,
adormeci prometendo, silenciosamente,
matálo.
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Capítulo 4:
Quando acordei de novo, estava na
casa central. O mestre me olhava pensativo.
-Will... Eu percebi que você usa 2 tipos
de magia. Isso é bem raro. - Disse ele, e,
antes que eu pudesse perguntar como,
continuou – Você usa Dominium para controlar
o gelo e usa Reencarnus para se transformar.
Só não percebemos isso antes pois Luna não
conseguiu terminar o treino, além de você ser
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extremamente hábil usando Dominium.
Eu pensei um pouco, então me lembrei
de Luna. Corri até a porta e, repentinamente,
não podia sentir minhas pernas e braços.
-Você não pode se mexer, sua luta
exigiu muito esforço físico. Eu vim até aqui
para avisar que o seu treino começa amanhã.
Eu tentei perguntar alguma coisa, mas
logo compreendi.
-Vamos salvar Luna – Disse o mestre,
sério.
Outros aprendizes me ajudaram a
chegar no meu quarto. Lá estava Johnny que,
logo que me viu, disse:
-Amanhã começa o treino, né?
-Como você... Ah, então formaremos
uma equipe? - Disse eu.
-Sim, dá para ver que ele não contou os
detalhes... Enfim, iremos invadir uma torre
com cerca de 1000 monstros. Eles formam 4
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esquadrões, cada um com apenas um capitão.
E tambem há um comandante, ele é
incrivelmente forte. Esteja preparado, a
batalha será árdua. Não podemos nos permitir
perder.
Sorri para mim mesmo. Antes de cair
novamente no sono, pensei: “isso acaba de
ficar interessante”.
O dia logo chegou. Fomos acordados
às cinco horas para começarmos o treino.
Mesmo não estando acostumados, todos
estavam empenhados. Na casa central
encontramos Mary e o mestre já prontos.
-Bem, já que estão todos aqui, vamos
começar – Disse o mestre.
Ele estalou os dedos e estávamos em
um bioma. Era algo inexplicável, realmente
incrível.
-Bem, do início, vamos ver as magias
de cada um. Vocês irão treinar individualmente
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sua técnica. Mary, você ultiliza magia de fogo,
certo? - Perguntou o mestre.
- S-Sim... – Respondeu, nervosa, Mary.
- Johhny, você usa magia do estilo
trovão, certo?
-Correto! - Respondeu Johhny, como se
estivesse no quartel.
O mestre deu uma leve risada e
continuou:
-Ah, isso para nós é novo, você é o
primeiro a explorar esse elemento. Mas, enfim,
Will usa magia de gelo e se transforma?
- Aham – Respondi, despreocupado.
-Muito bem. - Disse o mestre - Mary,
seu trabalho será desenvolver seu controle
total sobre o fogo, dando a você as mais
diversas possibilidades de ataque. Johnny,
quero que você foque seu treinamento em
centralizar o raio em um único ponto,
tornando-o letal. Depois eu dou detalhes,
podem começar.
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Ele novamente estalou os dedos e eles
desapareceram. Só sobrara eu e o mestre.
-E você... Primeiro quero que foque em
velocidade, quando estiver rápido o suficiente
eu dou mais instruções. - Disse ele, logo antes
de desaparecer.
Eu não sabia por onde começar, mas
decidi primeiro me transformar. Desde aquela
primeira vez, eu já aprendera como se fazia.
Meus cabelos ficaram brancos e eu senti uma
nova energia no meu corpo.
Tentei correr, deslizar e escalar, mas
nada dava certo. Então, depois de umas cinco
horas ali, sem nenhum resultado, tive uma
ideia: usar o gelo.
Me foquei nos meus pés, mas nada.
Tentei manipular o gelo, deslizar sobre ele,
mas nada aconteceu também. Então sentei-
me e descansei. Tive outra idéia: Fiz o mesmo
movimento que fizera para me transformar,
mas um pouco modificado. Logo, eu estava
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com enormes garras de gelo. Tentei correr
mas, nos primeiros passos, caí e bati com o
rosto em uma árvore.
Continuei tentando, persistindo, até que
descobri o segredo: pisar primeiro com o pé,
para não perder o equilíbrio, e ganhar impulso
com as garras, apoiando-as no chão com
força. Para parar, eu simplesmente criava
garras na sola do pé e as enterrava no chão.
- Consegui, mestre! E agora? – gritei.
Ele apareceu, olhando atentamente
para mim, e disse:
-Agora desfaça isso.
Eu pensei um pouco, fiz alguns
movimentos e disse:
-Não sei.
Ele gargalhou alto e perguntou:
-Do que adianta aprender a fazer e não
saber desfazer? E, a propósito, suas garras
estão cada vez mas embaixo da terra.
E ele desapareceu novamente, me
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deixando ali, olhando para meus pés, que já
estavam totalmente enterrados na terra e eu
nem percebera.
E assim, eu passei uma noite bem
difícil.
Pela manhã eu estava realmente
empolgado, porque minhas garras já haviam
desaparecido. Eu pisquei e levei um susto, ao
perceber que estava agora em uma montanha
muito alta e estava... voando? Não... Caindo!
Me desesperei e tentei mover os
braços, nada aconteceu, então manipulei o
gelo que havia na montanha e pelo menos
amorteci minha queda.
- Ops! Errei um pouco o lugar de
teletransporte. - Disse o mestre, se
desculpando.
-Um pouco? Você errou quase um
quilômetro. - Respondi furioso.
- Ah, é? - Disse ele, de um jeito
sarcástico, mas assustador.
Inquisidores
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Logo, lá estava eu caindo da montanha
de novo. Somente depois de quase duas
horas de quedas, machucados e desculpas,
ele finalmente se acalmou.
- Pois bem, já que todos conseguiram
aprender alguma coisa ontem, iremos ao
treino de luta. Me ataquem! - Disse ele.
Eu não pensei duas vezes e parti para
cima dele sem nem pensar. Meus olhos já
estavam brancos e as garras prontas para
cortar. Ele simplesmente desviou e me deu um
tapa que me fez voar uns 500 metros para o
lado.
-De onde vem toda essa força? - Pensei
eu.
Eu, Johhny e Mary fomos juntos ao
ataque. Johnny liberou um raio que quase
acertou, forçando o mestre a se desviar, mas
Mary já lançava uma rajada de fogo. Ele se
defendeu com os braços e eu dei um soco
com as garras nele. Eu achava que ele estava
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tendo dificuldades e já estava queimado, mas
ele quebrou minhas garras facilmente e eu
olhei surpreso que suas roupas estavam
intactas.
Eu estava realmente assustado e caira
sentado no chão:
- Mas como..? Nossos ataques foram
perfeitamente sincronizados.
-O sincronismo foi formidável, mas a
força e velocidade foram terríveis. Eu poderia
ter aguentado, sem nem me mexer, todos eles.
Vocês nunca irão conseguir resgatar Luna
assim. - Disse o mestre.
Ao ouvir aquele nome eu perdi os
sentidos e disse em um tom baixo e audível:
- Iced Crush.
- O que... - Disse o mestre.
- Bang – Disse, estendendo as mãos na
direção dele.
Espadas de gelo se criaram da enorme
quantia de neve que havia ali. Todas voaram
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em direção ao mestre que, surpreso, porém
perspicaz, levantou as mãos e formou uma
barreira de luz para impedir meu ataque, mas
era tarde demais.
-Lento... - Disse eu, já ao lado dele.
Investi com as garras contra ele, ele se
defendeu com as próprias mãos, sendo
empurrado para trás, sendo ferido em ambas
as mãos.
Eu olhei fixamente para ele, mas meu
cabelo voltou ao normal, preto, e eu caí no
chão atordoado.
- De onde veio toda essa força? -
Perguntou ele - Bom trabalho menino.
Esgotado, mas satisfeito, fechei
lentamente os olhos, para compensar a
horrível noite que eu tivera.
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Capítulo 5
Senti dor em minha cabeça e percebi
que tinha sido acordado com uma pancada. O
mestre estava olhando raivoso para mim. No
momento eu me perguntei o porquê daquilo,
notei o enorme roxo na cabeça dele.
- É normal as pessoas serem
sonâmbulas, mestre. - Disse Mary,
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desesperada.
- Me solte, eu vou matar aquele
moleque - Respondeu o mestre, fervendo em
raiva.
O mestre se soltou das mãos de Mary e
avançou, me acertando de novo, direto na
cabeça.
-Mas por que? - Perguntei, me
segurando para não soltar um grito.
Depois que me foi contada a história
que eu havia empurrado o mestre de um
penhasco, durante o sono, eu entendi.
-Então vamos ao treinamento! - Disse
ele. - Algumas formas de magia não são
ensinadas aos novatos, então não se
surpreendam se houve algo que Luna não
contou.
Todos assentiram pensativos sobre
isso.
- Depois de analisar... - Começou o
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mestre. - Eu quero descobrir o real ponto forte
da magia de cada um.
Naturalmente, ninguém entendeu:
- Como assim? - Falaram os três em
coro.
- Simples. Mary, você pode controlar
fogo e até criá-lo a partir do nada; tudo o que
precisa é de um pequeno... impulso
emocional? - Disse o mestre.
Ele me segurou pelo colarinho e
simplesmente me arremessou da montanha.
Ouvi gritos de cima da montanha, mas
bem... Afinal eu estava caindo, nada
importava. Infelizmente, aquela montanha não
possuia nem mesmo uma pequena quantidade
de neve. Então, simplesmente, podiam me
considerar morto.
Poucos metros antes do chão eu senti
reduzir a velocidade e caí, mas com menos
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impacto, mas ainda assim com muita força…
no topo da montanha. O mestre havia me
teletransportado para lá. Me contorci no chão
e ouvi uma frase:
- Realmente não é nenhum impulso
emocional... Não faço ideia - Disse ele
passando a mão nos cabelos. O mestre havia
me usado para provocar Mary, mas não havia
funcionado como ele esperava.
Antes de eu poder protestar sobre
minha queda semi-mortal ele continuou:
-Johnny, seu ponto forte é a
perseverança, nunca desistir, assim como
seus clones.
-Mas o quê? Clon... - Respodeu Johnny
antes de ser tocado por um clone.
- Apresento um clone seu, você o fez
sem perceber.
Os dois idênticos se entreolharam
surpresos até um deles desaparecer.
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- Ele só dura por certo tempo e já que
você não o domina muito bem...- Disse o
mestre - E por fim, nosso pequenino Will. Seu
ponto forte é a coragem de enfrentar até o
mais forte dos inimigos. Uma bela utilidade
para você, menino-gelo, é a transformação.
Você nasceu já uma semi-lenda. O que lhe
falta é treinamento. Habilidade é sua natureza
- Disse ele, já sorrindo.
O resto do dia foi, simplificando,
treinamento. O mestre nos contara, enfim, seu
nome, era Astaroth Hudges.
Treinamos noite e dia sem descanso.
Quando amanhecia, ainda não havíamos
dormido. A partir dali, tínhamos somente três
horas livres por dia, que podiam ser gastas
para dormir, se alimentar e descansar. Sempre
que nos enfrentávamos, eu percebia como
mudávamos de dia em dia. Cada um de nós já
controlava suas habilidades excepcionalmente
bem.
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- Pausa! – Gritou Astaroth, anunciando
o fim de mais um dia de treinamento.
Todos se dirigiram para onde agora se
localizava nosso acampamento, no topo de
uma montanha.
- Hoje é nosso último dia treinando e eu
queria avisar a vocês que, aqui onde estamos,
o tempo passa incrivelmente devagar. Acho
que não sabiam ainda, mas um mês aqui
equivale a um dia lá fora, por isso escolhi esse
lugar.
-Então só se passou um dia normal
desde que chegamos aqui? Legal! - Disse eu.
Depois de discutirmos muito, todos
estavam preparados, Astaroth nos entregou
vestes de inquisidores “formados”.
Eu não percebera o quanto estava cansado,
mas naquela noite eu não consegui dormir. A
ansiosidade realmente não me deixaria dormir.
Já de dia, todos haviam acordado,
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depois de tomarmos um bom café da manhã,
Ast (eu já o chamava pelo diminutivo) nos
disse:
- Eu irei nos teleportar diretamente à
torre. Estejam preparados para enfrentar os
capitães de cada esquadrão. Eles são fortes o
suficiente para lutar de igual para igual com os
nossos melhores lutadores. Aqui vamos nós.
E, com uma forte luz, lá estávamos, prontos
para derrotar quatro esquadrões gigantes e
seus capitães.
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Capítulo 6
O azul edifício que estava diante de nós
era simplesmente gigante. Na sua portaria,
emu ma placa, estava escrito: "Onde vivem os
monstros?"
Nossa recepção foi bem animada pois,
nos primeiros segundos, três monstros
avançaram na nossa direção. Ao leve agito da
mão de Ast eles se desfizeram em pó.
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Entramos no prédio sem nenhuma hesitação.
Monstros pulavam de todas as partes, cada
um era morto quase no mesmo instante em
que agia. Nós andávamos calmamente como
se estivéssemos em um prédio normal. Eu
criava neve e a transformava em lanças que,
rapidamente, perfuravam os inimigos. Já não
éramos mais aquele trio desorganizado e fraco
de antigamente. Agora éramos Inquisidores.
Após andarmos daquele jeito por mais
algum tempo, apareceu um grande monstro,
diferente dos normais. Logo após esse,
surgiram mais dois, maiores que o primeiro.
Eles nos olharam e disseram:
-A partir desse ponto, nenhum humano
passou ou passará. - Disse o maior.
- Como tradição nos inquisidores, eu lhe
darei cinco segundos para fugir, antes de
aplicar sua punição. - Disse Ast. - Um... Dois...
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Três... Quatro...
- O pequenino inquisidor quer tentar nos
arranhar, ainda não percebeu que somos os
capitões dos esquadrões?
- Cinco... - Disse o mestre, logo antes
de os três capitães caírem sangrando no chão
da torre. - E eu sou o homem que derrotou os
três.
-Mas não eram quatro? - Perguntei.
-O outro deve estar de guarda. Ele é
provavelmente o mais forte entre os quatro.
Comecei a ouvir ruídos vindos de trás,
então olhei. Eram os "ajudantes dos capitães".
- Eu cuido deles. - Disse o mestre
apontando para a escada mas com olhos fixos
nos mil soldados prestes a avançar contra nós.
- Vão!
- Mas... - Começou Johnny.
Mary nos puxou em direção às escadas.
Ela sabia que o mestre poderia se virar muito
bem, era melhor que nos preocupássemos
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conosco.
-Se o Mestre derrotou três capitães
em... um segundo, ele ficará bem cuidando
dos soldados, acredito eu. - Disse Mary.
-Então quem sobra é... - Disse
pensativo.
-O capitão mais forte e o comandante
que nem um grupo de todas as casas
conseguimos derrotar no passado. -
Completou Johhny.
Durante três segundos houve silêncio,
antes do nosso grito de pavor.
Subimos correndo as escadas, no 12°
andar nos deparamos com um monstro
enorme. Ele era do tamanho do andar inteiro,
o que realmente nos apavorou.
-Vão! - Disse Mary – Eu cuido dele.
Eu e Johnny nos entreolhamos para decidir
secretamente quem iria ficar ali para derrotar o
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capitão.
-Eu fico. - Disse Johnny com uma
imutável determinação no olhar.
Decidi que não seria capaz de mudar a
opinião dele, então simplesmente sorri e disse:
- Se cuidem. - Antes de ir correndo até o
último andar.
O que me esperava lá não era nada
agradável. Terminei de subir as escadas e
reparei em um enorme portão. O quebrei com
um chute, mas, para minha surpresa quem
estava lá dentro não era um elfo gigante
super-poderoso.
Era pior.
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Capítulo 7
Lá dentro me aguardava não um
monstro de olhar agressivo ou um dragão
horrivelmente forte. De cabelos pretos, calças
jeans e idêntico a mim, a pessoa que havia me
mandado para as 12 casas disse:
- Bem vindo. Esse é o início do inferno.
Por algum motivo “ Início do Inferno”
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não era exatamente o lugar que eu escolheria
passar as férias de verão. O ar estava
diferente... mesmo para mim, um inquisidor de
gelo, aquele ar era pesado e frio. Não havia
nada vivo nele, o único barulho que se ouvia
era minha respiração ofegante.
-Onde está Luna? - Perguntei em tom
agressivo.
- Me derrote e saberá. - Disse minha
cópia.
Investi ferozmente contra ele, usando o
impulso das garras que se criaram
rapidamente em meus pés e cheguei em um
piscar de olhos em minha cópia. Senti uma dor
insuportável, olhei para meu ombro e vi um
corte horrível desde meu ombro até minha
cintura. Dois segundos depois, uma torrente
de sangue esvaía de mim.
Antes de cair, usei o restante das
minhas forças e ataquei. Ele parou meu chute
com uma mão e me arremessou longe com
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apenas um soco.
Mas então eu vi. Luna estava parada,
gravemente ferida, em seus provavelmente
últimos esforços. A visão de Luna me deu a
força que precisava. Levantei, já com uma
cortina de gelo atrás de mim. Meus olhos
brilhavam de raiva. Corri em direção ao
inimigo e decidi que tudo seria definido
naquele golpe.
Era o movimento secreto que o mestre
me ensinara. Cruzei as mãos, formando um
“X” e, logo em seguida, estendi um dos
braços. Todo o gelo começou a se acumular
em minha mão, compactado, formando uma
espécie de soqueira.
Minha cópia correu em minha direção e
em sua mão se formou uma espada de fogo.
Pouco antes das duas forças se chocarem eu
perguntei:
-Quem é você?
-Eu? Sou você. - Disse com um riso
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maléfico no rosto.
Quando as duas forças se chocaram, o chão
do prédio tremeu, antes de despencar abaixo,
ouviu-se uma explosão enorme e não vi mais
nada.
-Will? Acordou? - Perguntou Luna.
Eu olhei ao redor, mas não conseguia
distinguir objetos. Estava bastante
machucado:
-Onde estamos? – Perguntei.
- Na casa de Leão, tudo deu certo no final. -
Disse Luna, sorridente.
Depois disso, tudo voltou à rotina de
Inquisidor: elfos, magia e batalhas, nada muito
emocionante.
Mas eu não previa – ninguém previa - o
que ainda estava por vir...
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Dados sobre o Autor:
Thales Donato, 13 anos, nasceu em
Porto Alegre. Atualmente (2012) mora em
Taquara (RS) e estuda no Centro Sinodal de
Ensino Médio Dorothea Schafke.
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