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PROFESSOR CARLOS ALFAMA 1 Prof. Carlos Alfama INQUÉRITO POLICIAL – PARTE I 01) INTRODUÇÃO Em um primeiro momento, é necessário compreender onde o inquérito policial se insere no estudo do Direito Processual Penal. Trata-se de um PROCEDIMENTO PERSECUTÓRIO, pois se insere como fase da persecução criminal. Persecução criminal, ou persecução penal, é o poder-dever do Estado de investigar um delito e processar o seu autor visando a se obter do Estado-Juiz o exercício do seu “Jus Puniendi”. A persecução criminal se divide em duas fases: o 1ª Fase: A investigação preliminar consubstancia a fase pré-processual. Tem como finalidade a colheita de elementos de informação que possam subsidiar a ação penal a ser proposta em juízo; e o 2ª Fase: A ação penal é a fase processual em que se busca a aplicação da sanção penal aos autores e partícipes da infração penal. Apesar de existirem outras formas de investigação preliminar, normalmente essa primeira fase da persecução penal é realizada através do inquérito policial. 02) CONCEITO O inquérito policial é um procedimento destinado a apurar a materialidade 1 e a autoria 2 de uma infração penal através da realização de um conjunto de diligências investigativas 3 , a fim de que o titular da ação penal possa ingressar em juízo. 1 Apurar a materialidade significa apurar se o fato investigado configura crime e, caso configure, qual foi o crime praticado. 2 Apurar a autoria significa apurar quem praticou o crime e em quais circunstâncias. 3 Diligências investigativas são as ações de investigação realizadas pela autoridade policial para apuração da conduta investigada. Exemplo: Oitiva das testemunhas, perícias, etc.

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Page 1: INQUÉRITO POLICIAL PARTE I · 2019-04-08 · PROFESSOR CARLOS ALFAMA 1 Prof. Carlos Alfama INQUÉRITO POLICIAL – PARTE I 01) INTRODUÇÃO Em um primeiro momento, é necessário

PROFESSOR CARLOS ALFAMA

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Prof. Carlos Alfama

INQUÉRITO POLICIAL – PARTE I

01) INTRODUÇÃO

Em um primeiro momento, é necessário compreender onde o

inquérito policial se insere no estudo do Direito Processual Penal.

Trata-se de um PROCEDIMENTO PERSECUTÓRIO, pois se insere

como fase da persecução criminal.

Persecução criminal, ou persecução penal, é o poder-dever do Estado

de investigar um delito e processar o seu autor visando a se obter do

Estado-Juiz o exercício do seu “Jus Puniendi”.

A persecução criminal se divide em duas fases:

o 1ª Fase: A investigação preliminar consubstancia a fase

pré-processual. Tem como finalidade a colheita de

elementos de informação que possam subsidiar a ação penal a ser proposta em juízo; e

o 2ª Fase: A ação penal é a fase processual em que se

busca a aplicação da sanção penal aos autores e

partícipes da infração penal.

Apesar de existirem outras formas de investigação preliminar,

normalmente essa primeira fase da persecução penal é realizada

através do inquérito policial.

02) CONCEITO

O inquérito policial é um procedimento destinado a apurar a

materialidade1 e a autoria2 de uma infração penal através da

realização de um conjunto de diligências investigativas3, a fim de que

o titular da ação penal possa ingressar em juízo.

1 Apurar a materialidade significa apurar se o fato investigado

configura crime e, caso configure, qual foi o crime praticado.

2 Apurar a autoria significa apurar quem praticou o crime e em quais

circunstâncias.

3 Diligências investigativas são as ações de investigação realizadas

pela autoridade policial para apuração da conduta investigada. Exemplo: Oitiva das testemunhas, perícias, etc.

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03) FUNÇÕES ESSENCIAIS DO IP

• Trata-se de PROCEDIMENTO PREPARATÓRIO: A primeira função do Inquérito policial é preparar elementos que possam

auxiliar na formação da convicção do titular da ação penal

(opinio delicti) para que se seja ou não proposta a peça

acusatória em juízo.

Tanto é que o CPP determina que “O inquérito policial

acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a

uma ou outra” (art. 12, CPP).

• Trata-se de PROCEDIMENTO PRESERVADOR: O Inquérito

policial também tem como função evitar um processo penal

infundado, preservando a imagem do investigado e evitando custos desnecessários ao erário.

A investigação preliminar, apurando a prática do delito antes da

propositura da ação penal, reduz a possibilidade de um inocente vir a

ser acusado erroneamente em juízo.

04) NATUREZA JURÍDICA DO INQUÉRITO POLICIAL

A natureza jurídica do inquérito policial é de PROCEDIMENTO

ADMINISTRATIVO!

• Não é processo. E não é processo porque não se estabelece, no

inquérito policial, a relação processual (partes e juiz imparcial). Além disso, no inquérito policial ainda não há o exercício da

pretensão acusatória, em outras palavras, ninguém é acusado da

prática de delitos no curso do inquérito policial, tanto é que o

resultado das investigações não é a aplicação de uma sanção

penal, mas sim um relatório das ações de investigação realizadas.

• Não é judicial, pois não é conduzido por um juiz, mas por uma

autoridade policial.

# INQUÉRITO POLICIAL JUDICIALIFORME: É o inquérito policial

conduzido por juiz. Atualmente não há no nosso ordenamento jurídico

hipótese de inquérito policial judicialiforme. O instituto existia na

antiga lei de falências (Decreto-Lei nº 7.661/45), que foi revogada

pela Lei nº 11.101/05.

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05) DESTINATÁRIOS DO INQUÉRITO POLICIAL

Destinatários imediatos: São os titulares da ação penal:

• O Ministério Público, titular exclusivo da ação penal pública

(CF/88, art. 129, I); e

• O ofendido, titular da ação penal privada (CPP, art. 30).

Destinatário mediato: o Poder Judiciário, que se utilizará dos

elementos de informação constantes do inquérito policial para auxiliar

na formação de seu convencimento sobre o mérito e para decidir

sobre a decretação de medidas cautelares.

06) PROVAS X ELEMENTOS INFORMATIVOS

No Direito Processual Penal, há uma distinção conceitual entre a

terminologia “prova” e a terminologia “elemento informativo”.

Essa diferença entre prova e elementos de informação é expressa no

art. 155, do Código de Processo Penal:

CPP, art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da

prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar

sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos

na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e

antecipadas.

Da análise do dispositivo e da doutrina, podemos sintetizar a

diferença existente no seguinte quadro:

PROVAS ELEMENTOS DE INFORMAÇÃO

Em regra, são informações sobre a

materialidade e a autoria produzidas na fase judicial.

São informações sobre a

materialidade e a autoria produzidas na fase de investigação

preliminar.

Assim, no inquérito policial, em regra, não há colheita de provas,

mas sim de elementos de informação.

Exceções são as provas cautelares, as provas não repetíveis e as

provas antecipadas, que são informações sobre o crime produzidas na

fase investigatória, mas que possuem natureza jurídica de “prova”.

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As provas cautelares, as provas não repetíveis e as provas

antecipadas serão estudadas na apostila referente às PROVAS NO

PROCESSSO PENAL. Neste momento inicial, apenas nos cabe entender as diferenças entre provas e elementos informativos.

Em relação a essa distinção, outras diferenças que podem ser

apontadas são as seguintes:

PROVAS ELEMENTOS DE INFORMAÇÃO

Na produção das provas é assegurado o contraditório e a

ampla defesa.

Não é assegurado o contraditório e ampla defesa na produção de

elemento informativos.

A produção da prova se sujeita ao

princípio da identidade física do

juiz (art. 399, §2º, CPP). As provas devem, via de regra, ser

produzidas na presença do juiz que

vai proferir a sentença.

Os elementos informativos não são

produzidos na presença do juiz, mas sim na presença da autoridade

policial.

Finalidade da produção das

provas: Formar a convicção do juiz

da causa acerca do fato em

julgamento.

Finalidades da produção dos

elementos informativos:

• Auxiliar na formação da opinio

delicti (opinião do MP acerca

do fato investigado);

• Fundamentar a decretação de

medidas cautelares.

ATENÇÃO! Por ser um procedimento destinado a colher elementos

informativos sobre o crime, o inquérito policial é classificado como

PROCEDIMENTO INFORMATIVO.

07) VALOR PROBATÓRIO DO INQUÉRITO POLICIAL

Analisar qual é o valor probatório do inquérito policial é identificar a

possibilidade de o juiz fundamentar sua decisão com base nos

elementos nele colhidos.

Nesse sentido, podemos dizer que o inquérito policial tem um VALOR

PROBATÓRIO RELATIVO.

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Isso porque, isoladamente, os elementos informativos produzidos

nos IP não podem servir de fundamento para uma condenação. Ou

seja, o juiz não pode condenar alguém exclusivamente com base em elementos informativos.

Todavia, em conjunto com provas produzidas em contraditório

judicial, os elementos produzidos no IP podem sim influenciar na

formação da convicção do julgador (STF, HC 83.348).

CUIDADO! Em relação à sentença absolutória (decisão judicial que

absolve o réu), é certo que o juiz pode concedê-la somente com base

nos elementos do IP.

08) IRREGULARIDADES EXISTENTES NO INQUÉRITO

POLICIAL

É recorrente em questões de concursos a questão sobre o efeito de

eventuais irregularidades ou vícios que porventura ocorram no

transcorrer do inquérito policial.

Em decorrência do caráter meramente informativo do inquérito

policial, o posicionamento pacificado dos tribunais superiores é no

sentido de que, em regra, os eventuais vícios ocorridos no

inquérito policial não são hábeis a contaminar a ação penal.

EXCEÇÕES! Haverá a extensão da nulidade à eventual ação penal

nos seguintes casos:

1. Se houver violações de garantias constitucionais e legais

expressas e o órgão ministerial, na formação da opinio delicti,

não consiguir afastar os elementos informativos maculados

para persecução penal em juízo. Exemplo: Situação em que

todos os elementos informativos do inquérito policial derivaram

de uma interceptação telefônica ilícita.

2. Se o advogado nomeado do investigado for impedido de assisti-

lo em seu interrogatório policial. Esse vício ensejará nulidade

absoluta do ato de interrogatório e dos atos dele derivados, nos

termos da Lei nº 13.245/2016.

09) INQUÉRITO POLICIAL X TERMO CIRCUNSTANCIADO

O termo circunstanciado, previsto na Lei nº 9.099/95, é o método

investigativo destinado a apurar as infrações de menor potencial

ofensivo (IMPO).

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Infrações de menor potencial ofensivo são:

• As contravenções penais; e • Os crimes cuja pena máxima não seja superior a 02 anos,

cumulados ou não com multa.

As infrações de menor potencial ofensivo são investigadas através do

termo circunstanciado, por ser um procedimento que garante maior

celeridade e simplicidade nas investigações. Em verdade, o termo

circunstanciado é extremamente simples, muito semelhante a um

boletim de ocorrência, onde se registram as informações sobre o

delito prestadas pelos envolvidos (vítima, testemunhas e

investigado).

ATENÇÃO 01! O STJ entende que, nas infrações de menor potencial

ofensivo, a autoridade policial pode substituir o termo circunstanciado pelo inquérito policial quando

ATENÇÃO 02! No âmbito da violência doméstica e familiar contra a

mulher nenhuma infração penal é classificada como de menor

potencial ofensivo, pois a Lei Maria da Penha (art. 41) afasta a

aplicação da Lei nº 9.099/95. Como consequência, nas infrações

penais praticadas nesse contexto a investigação deve ser sempre

feita por inquérito policial. Ou seja, nunca (em hipótese alguma!) se

lavra termo circunstanciado no âmbito da Lei Maria da Penha.

ATENÇÃO 03! Nos crimes de ação penal pública condicionada a

representação que forem infrações de menor potencial ofensivo, o termo circunstanciado pode ser lavrado sem a manifestação de

vontade da vítima, tendo em vista que, de acordo com o art. 74,

parágrafo único, da Lei nº 9.099/95, a representação, no

procedimento destinado ao julgamento das IMPO pode ser oferecida

na audiência preliminar, caso não haja acordo de composição civil

entre os envolvidos.

IMPO

AS CONTRAVENÇÕES PENAIS

CRIMES CUJA PENA MÁXIMA NÃO

SEJA SUPERIOR A 2 ANOS

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10) TITULARIDADE DO INQUÉRITO POLICIAL

A titularidade do Inquérito policial é da autoridade policial nas funções de polícia judiciária:

Art. 4º. A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais

no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a

apuração das infrações penais e da sua autoria.

Didaticamente a doutrina separa as funções exercidas por órgãos

policiais em duas, quais sejam, a polícia administrativa e a polícia

judiciária.

POLÍCIA ADMINISTRATIVA POLÍCIA JUDICIÁRIA

É aquela destinada a prevenir a

prática do crime.

É aquela destinada a reprimir o

crime já ocorrido.

Nessa função a polícia atua antes

da ocorrência da infração penal.

Nessa função a polícia atua após a

ocorrência da infração penal.

É exercida através da presença

ostensiva dos agentes policiais.

É exercida através da investigação

criminal.

Obs.: Há doutrina minoritária (Denílson Feitosa e Renato Brasileiro],

p. ex.) que entende que a investigação criminal seria realizada no

âmbito da função de “polícia investigativa”, sendo que a polícia

judiciária seria a função de cumprir ordens do Poder Judiciário. Não é

o entendimento que deve ser levado para provas objetivas de

concursos públicos.

A) ÓRGÃOS QUE EXERCEM A FUNÇÃO DE POLÍCIA

JUDICIÁRIA

A Polícia Federal exerce, com exclusividade, as funções de polícia

judiciária da União (art. 144, §1°, IV, CF/88).

ATENÇÃO! A exclusividade da Polícia Federal no exercício de funções

de polícia judiciária da União se refere apenas aos órgãos de

segurança pública previstos no art. 144 da CF/88. Não impede a

investigação criminal por outros órgãos da União, como, por exemplo,

o Ministério Público Federal.

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No âmbito dos estados-membros e do DF, as funções de Polícia

Judiciária são exercidas pelas Polícias Civis (art. 144, § 4°, CF/88).

Em relação aos crimes militares, as corporações militares exercem

a função de polícia judiciária (Exército, Marinha e Aeronáutica,

Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares), conforme previsão

do Decreto-Lei nº 1.002/69 (CPPM).

B) TITULARIDADE DO INQUÉRITO POLICIAL EM RAZÃO DA

NATUREZA DA INFRAÇÃO PENAL

i. Polícia Federal (art. 144, §1º, I, CF/88).

Cabe à Polícia Federal investigar:

1. Infrações penais contra a ordem política e social;

2. Infrações penais em detrimento de bens, serviços e interesses

da União ou de suas entidades autárquicas e empresas

públicas;

3. Infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou

internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser

em lei (a Lei nº 10.446/02 regulamentou tal atribuição).

4. Crimes de competência da Justiça Eleitoral (TSE, HC 439: Em

município onde não houver PF a investigação pode ser realizada a investigação pela Polícia Civil).

5. Terrorismo (art. 11, Lei nº 13.260/16).

ATENÇÃO! A atuação investigativa da Polícia Federal em um crime

não permite concluir que a competência para julgamento será da

Justiça Federal. Há crimes investigados pela PF que são julgados pela

Justiça Estadual. Exemplos: Tráfico Interestadual de Drogas, Roubo

Interestadual de Cargas.

ii. Polícias Civis: Há uma atribuição investigativa residual. São

investigadas pelas polícias civis as infrações penais que não sejam de atribuição da Polícia Federal nem das corporações militares.

iii. Corporações Militares: Investigam os crimes militares.

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C) TITULARIDADE DO INQUÉRITO POLICIAL EM RAZÃO DO

LOCAL DO DELITO

A determinação de qual será a delegacia de polícia responsável pela

instauração do Inquérito policial é feita com base no local em que

se consumou o delito, ainda que outro seja o local da prisão em

flagrante do agente.

Importante observar que a titularidade do inquérito policial não se

confunde com a atribuição para lavratura do Auto de Prisão em

Flagrante (APF):

TITULARIDADE DO I.P. ATRIBUIÇÃO PARA LAVRATURA

DO APF

Autoridade policial do local do crime. Autoridade policial do local da

prisão.

D) AVOCAÇÃO/REDISTRIBUIÇÃO DE INVESTIGAÇÃO CRIMINAL EM ANDAMENTO

LEI Nº 12.830/13. Art. 2º, §4º. O inquérito policial ou outro

procedimento previsto em lei em curso somente poderá ser avocado

ou redistribuído por superior hierárquico, mediante despacho

fundamentado, por motivo de interesse público ou nas hipóteses de inobservância dos procedimentos previstos em regulamento da

corporação que prejudique a eficácia da investigação.

A avocação ou redistribuição de investigação criminal conduzida

por delegado de polícia por superior hierárquico somente pode ser

feita, mediante despacho motivado, em duas situações:

• Motivo de interesse público.

• Inobservância dos procedimentos previstos em

regulamento da corporação que prejudique a eficácia da

investigação.

E) REMOÇÃO DO DELEGADO DE POLÍCIA

LEI Nº 12.830/13. Art. 2º, § 5o A remoção do delegado de polícia

dar-se-á somente por ato fundamentado.

O delegado de polícia não goza da garantia da inamovibilidade. No

entanto, seu ato de remoção deve ser fundamentado de forma a

permitir o controle de legalidade dessa decisão da administração

pública.

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F) REALIZAÇÃO DE DILIGÊNCIAS EM CIRCUNSCRIÇÃO

DISTINTA

Em relação à realização de diligências, em regra a autoridade

policial que precisar efetuar qualquer ato em outra circunscrição

policial deve solicitar a diligência por carta precatória à autoridade

responsável.

As exceções ficam por conta do Distrito Federal e das

comarcas em que houver mais de uma circunscrição policial, em que

a autoridade com exercício em uma delas poderá, nos inquéritos a

que esteja procedendo, ordenar diligências em circunscrição de outra,

independentemente de precatórias ou requisições (art. 22, CPP).

G) FALTA DE ATRIBUIÇÃO

Não obstante as disposições sobre a competência das

autoridades policiais, entende-se que a falta de atribuição destas

não invalida os seus atos, pois, não exercendo atividade

jurisdicional, a polícia não se submete à competência jurisdicional em

razão do lugar! (RT, 531/364, 542/315).

H) INVESTIGAÇÕES CRIMINAIS EXTRAPOLICIAIS

Não obstante a regra da titularidade do Inquérito policial, a

atribuição para apurar infrações penais não é exclusiva da

Polícia Judiciária, já que, conforme preceitua o parágrafo único do

art. 4º:

Art. 4º. Parágrafo Único. A competência definida neste artigo não

excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja

cometida a mesma função.

I – Investigação de magistrados e membros do MP

Exemplo de investigação criminal que não é realizada por órgão

policial é a investigação feita pelo Ministério Público e pelo Poder

Judiciário em relação às infrações penais praticadas por seus

membros. Eventual delito praticado por membro do MP ou por

magistrado deve ser investigado pelo órgão a que pertence.

Assim, quando, no curso das investigações, surgir indício da prática

de infração penal por parte de membro da magistratura ou do MP,

imediatamente os autos devem ser remetidos ao tribunal ou órgão

ministerial a que pertencer.

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II – Crimes ocorridos nas dependências da Câmara dos

Deputados e do Senado Federal

Também são exemplos de órgãos responsáveis pela apuração de

infrações penais e de sua autoria, no âmbito da União, a Câmara dos

Deputados e o Senado Federal, que, através das respectivas Polícias

Legislativas Federais, têm atribuição de instaurar o Inquérito

policial em caso de crime cometido nas suas dependências (Súmula

397, STF):

“Súmula nº 397, STF: O poder de polícia da Câmara

dos Deputados e do Senado Federal, em caso de crime

cometido nas suas dependências, compreende,

consoante o regimento, a prisão em flagrante do

acusado e a realização do inquérito”.

III – Investigação criminal pelo Ministério Público

No dia 14 de maio de 2015, o Plenário do STF, no julgamento do

RE 593727, recurso esse que teve reconhecida a repercussão geral,

confirmou seu entendimento de que o Ministério Público tem

atribuição para promover, por autoridade própria e por prazo

razoável, investigações de natureza penal.

REQUISITOS:

i. Devem ser respeitados os direitos e garantias fundamentais

dos investigados. ii. A atuação do MP fica sob permanente controle jurisdicional;

iii. Devem ser respeitadas as hipóteses constitucionais de reserva

de jurisdição;

iv. Devem ser respeitadas as prerrogativas garantidas aos

advogados.

v. EXCEPCIONALIDADE! A investigação criminal não é

atividade ordinária do Ministério Público, somente podendo ser

exercida em casos excepcionais, como nos casos de

procrastinação da investigação pelos órgãos policiais, crimes

de abuso de autoridade, crimes contra a Administração Pública

e crimes praticados por policiais.

Vale lembrar ainda a Súmula nº 234, STJ: “A participação de

membro do MP na fase investigatória não acarreta o seu impedimento

ou suspeição para oferecimento da denúncia”.

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O principal fundamento da investigação pelo Ministério Público é a

TEORIA DOS PODERES IMPLÍCITOS.

Segundo essa teoria, a expressa outorga ao Ministério Público da

competência para promover a ação penal pública pressupõe que se

reconheça, ainda que por implicitude, a titularidade de meios

destinados colheita de informações sobre a infração penal,

conferindo-se, com isso, efetividade aos fins constitucionalmente

reconhecidos órgão.

IMPORTANTE! Apesar de o MP poder investigar crime, jamais pode

presidir inquéritos policias. A investigação pelo MP é feita através

de procedimento próprio, qual seja o PIC – Procedimento

Investigatório Criminal.

IV – Investigação Criminal Defensiva

Consiste no conjunto de atividades investigativas desenvolvidas pelo

investigado/acusado, em qualquer fase da persecução penal,

inclusive antes do início da ação penal, o qual poderá ser realizado

com ou sem assistência de investigador particular, objetivando a

colheita de elementos informativos que possam ser utilizados em

benefício de sua defesa.

A investigação criminal defensiva tem fundamento no princípio da

paridade das armas (ou igualdade processual), derivado de uma

concepção moderna de contraditório (justo e equilibrado), que

garante iguais oportunidades às partes no processo penal.

V – Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI’s)

As Comissões Parlamentares de Inquérito, conforme o art. 58, §3º,

da CF/88, são comissões temporárias (com prazo certo de duração),

criadas pelo Senado Federal e pela Câmara dos Deputados, em

conjunto ou separadamente, por meio de requerimento de, no

mínimo, 1/3 de seus membros (171 Deputados e/ou 27 Senadores),

com o objetivo de apurar fatos determinados, possuindo, para tanto,

poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, cujas

conclusões devem ser encaminhadas ao membro do Ministério Público, para eventual promoção da responsabilização civil ou

criminal de infratores, se for o caso.

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ESTUDO DIRIGIDO

01) O que é a persecução penal? Quais são as suas

fases?

02) O que é o inquérito policial?

03) Quais são as funções essenciais do inquérito

policial?

04) Qual é a natureza jurídica do inquérito policial?

05) O que é o inquérito judicialiforme? Existe hipótese

em nosso ordenamento jurídico atual?

06) Quais são os destinatários do inquérito policial?

07) É correto afirmar que o inquérito é um

procedimento destinado a produzir provas sobre o

crime?

08) Qual a diferença entre prova e elemento informativo

da investigação? Essa diferença apenas doutrinária ou é

expressa no Código de Processo Penal?

09) O que significa dizer que o inquérito policial é um

“procedimento informativo”?

10) Qual é o valor probatório do inquérito policial?

11) O juiz pode condenar alguém exclusivamente com

base nos elementos informativos da investigação?

12) O juiz pode utilizar os elementos informativos da

investigação para fundamentar uma condenação?

13) O juiz pode absolver alguém se valendo unicamente

dos elementos informativos do inquérito policial?

14) Em regra, qual a consequência dos eventuais vícios

ocorridos no inquérito policial?

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15) Qual a consequência de não ser assegurado ao

investigado no inquérito policial o acesso a advogado

quando ele assim desejar?

16) O que é o Termo Circunstanciado de Ocorrência?

17) O que é uma infração de menor potencial ofensivo

(IMPO)?

18) Diante de uma IMPO, a autoridade policial deve

instaurar inquérito policial?

19) Em caso de infração de menor potencial ofensivo

praticada no contexto da violência doméstica e familiar

contra a mulher, pode a autoridade policial lavrar Termo

Circunstanciado?

20) De quem é a titularidade do inquérito policial?

21) Quais são os órgãos que exercem a função de

polícia judiciária?

22) A norma constitucional que atribui à polícia federal

a exclusividade do exercício das funções de polícia

judiciária no âmbito da União (art. 144, §1º, IV) impede

a investigação criminal por outros órgãos federais?

23) Quais são os crimes investigados pela polícia

federal?

24) Definido qual o órgão vai investigar determinado

crime, como se define de qual delegacia é a titularidade

da investigação? Essa titularidade inicial pode ser objeto

de avocação ou redistribuição?

25) Como deve proceder uma autoridade policial que,

no curso de uma investigação, desejar realizar uma ação

investigativa na circunscrição de outra?

26) A investigação criminal realizada por autoridade

policial sem atribuição é inválida?

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27) A investigação criminal é exclusiva da polícia

judiciária?

28) Uma autoridade policial pode investigar um

magistrado ou um membro de MP?

29) A quem cabe a investigação dos crimes ocorridos

nas dependências da Câmara dos Deputados e do Senado

Federal?

30) O Ministério Público pode investigar crimes? Quais

os requisitos?

31) O Ministério Público pode presidir inquérito policial?

32) Qual a principal teoria que fundamenta a

investigação criminal pelo MP?

33) O que é a investigação criminal defensiva?

34) As comissões parlamentares de inquérito podem

investigar crimes? Podem promover a responsabilidade

civil e criminal?

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NATUREZA JURÍDICA E LOCALIZAÇÃO NO PROCESSO PENAL

1. (NUCEPE – 2017 – SEJUS/PI – AGENTE

PENITENCIÁRIO) Marque a alternativa CORRETA acerca do

Inquérito policial.

a) Toda e qualquer infração penal é investigada através do inquérito

policial.

b) A natureza do inquérito policial é de jurisdição, própria do poder

judiciário.

c) Inquérito policial, ação processual penal e processo penal são

sinônimos.

d) A natureza do inquérito policial é administrativa.

e) Caso ocorra alguma irregularidade no inquérito policial, o

Ministério Público, mesmo diante das evidências e provas lícitas de

que o acusado cometeu o crime, não poderá oferecer a denúncia.

2. (NUCEPE – 2017 – SEJUS/PI – AGENTE PENITENCIÁRIO) O inquérito policial tem como finalidade,

EXCETO,

a) apurar a materialidade do crime.

b) apurar a autoria do crime.

c) colher elementos para informar o titular da ação penal.

d) formar a convicção do juiz e fundamentar sua decisão, de forma

exclusiva.

e) subsidiar a decretação de medidas cautelares.

3. (FUNIVERSA – 2015 – PCDF – DELEGADO DE

POLÍCIA) O inquérito policial, cuja natureza é cautelar,

constitui uma das fases processuais.

4. (CESPE – 2009 – Polícia Federal - Agente de Polícia

Federal) O inquérito policial tem natureza judicial, visto

que é um procedimento inquisitório conduzido pela polícia

judiciária, com a finalidade de reunir elementos e

informações necessárias à elucidação do crime.

DESTINATÁRIOS DO I.P.

5. (CESPE - 2008 - PC-TO - Delegado de Polícia) O

inquérito policial, procedimento persecutório de caráter

administrativo instaurado pela autoridade policial, tem como destinatário imediato o Ministério Público, titular único e

exclusivo da ação penal.

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INQUÉRITO POLICIAL X TERMO CIRCUNSTANCIADO

6. (PCSP – 2012 – PCSP – DELEGADO DE POLÍCIA) O

inquérito policial e o termo circunstanciado são espécies de

investigação criminal, disciplinadas no Código de Processo

Penal, sendo que a única distinção existente entre elas recai sobre o objeto da apuração.

7. (FCC – 2009 – MPE/CE – PROMOTOR DE JUSTIÇA)

Se o ofendido requerer a instauração de inquérito policial,

em crime de ação penal pública incondicionada que

configura infração de menor potencial ofensivo, a

autoridade policial poderá, por critério discricionário,

instaurar inquérito policial ou elaborar termo circunstanciado.

8. (CEPERJ – 2009 – PCRJ – DELEGADO DE POLÍCIA)

Com relação aos crimes de violência doméstica e familiar

contra a mulher não é possível a elaboração de um

simples termo circunstanciado, previsto na Lei 9.099/95,

com exceção do crime de ameaça em que a pena

máxima cominada não ultrapassa 2 (dois) anos.

PROVAS X ELEMENTOS INFORMATIVOS

9. (MPDFT – 2013 – MPDFT – PROMOTOR DE

JUSTIÇA) O Código de Processo Penal faz distinção entre

provas e elementos informativos.

10. (CESPE – 2014 – Juiz de Direito – TJDFT) No CPP, não

há distinção entre prova e elemento informativo da

investigação.

VALOR PROBATÓRIO DO INQUÉRITO

11. (CESPE – 2013 – Escrivão da Polícia Federal – DPF) O

valor probatório do inquérito policial, como regra, é

considerado relativo, entretanto, nada obsta que o juiz

absolva o réu por decisão fundamentada exclusivamente

em elementos informativos colhidos na investigação.

12. (FAPEMS – 2017 – PCMS – DELEGADO DE POLÍCIA A

possibilidade de o juiz condenar ou não o réu com base nos

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elementos de informação contidos no inquérito policial, sem

o crivo no contraditório na fase judicial, é tema de antiga

discussão no processo penal brasileiro. Nesse contexto,

assinale a alternativa correta.

a) Apesar de o inquérito policial ser um procedimento

administrativo, os elementos informativos não necessitam ser

corroborados em juízo, em virtude da oficialidade com que agem as autoridades policiais.

b) No Tribunal do Júri, vigora o sistema do livre convencimento

motivado do julgador, por isso os jurados podem julgar com base em

qualquer elemento de informação exposto ou lido em plenário, sem

fundamentar a sua decisão.

c) A condenação do réu deve sempre ser fundamentada em provas

colhidas com respeito ao direito do contraditório judicial, ainda que o

magistrado utilize elementos informativos na formação de seu

convencimento.

d) Os elementos de informações colhidos no inquérito policial podem

fundamentar sentença condenatória, quando não há prova judicial

para sustentar a condenação, haja vista o princípio da verdade real.

e) Com a reforma introduzida em 2008 no Código de Processo

Penal, restou definido que o juiz não pode condenar o réu com base

nos elementos informativos e provas não repetíveis colhidos na

investigação.

VÍCIOS/IRREGULARIDADES OCORRIDOS NO IP

13. (CESPE - 2011 - DPE-MA - Defensor Público) A recente

jurisprudência do STJ, em homenagem ao princípio

constitucional do devido processo legal, firmou-se no

sentido de que eventuais irregularidades ocorridas na

fase investigatória, mesmo diante da natureza inquisitiva do inquérito policial, contaminam a ação penal dele oriunda.

14. (CESPE - 2011 - TRF - 1ª REGIÃO - Juiz) Os vícios

ocorridos no curso do inquérito policial, em regra, não

repercutem na futura ação penal, ensejando, apenas, a

nulidade da peça informativa, salvo quando houver violações de garantias constitucionais e legais expressas e

nos casos em que o órgão ministerial, na formação da

opinio delicti, não consiga afastar os elementos

informativos maculados para persecução penal em juízo,

ocorrendo, desse modo, a extensão da nulidade à eventual

ação penal.

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TITULARIDADE DO I.P.

15. (FUNIVERSA – 2015 – PCDF – DELEGADO DE

POLÍCIA) Há, no ordenamento jurídico brasileiro, expressa

previsão do inquérito policial judicialiforme.

POLÍCIA FEDERAL: EXCLUSIVIDADE NO EXERCÍCIO

DA FUNÇÃO DE POLÍCIA JUDICIÁRIA DA UNIÃO

16. (MPE-PR – 2012 – MPE-PR – PROMOTOR DE JUSTIÇA)

Quando a Constituição da República, ao tratar das funções

da Polícia Federal, utiliza a expressão “exercer com

exclusividade as funções de polícia judiciária da União”

deve ser interpretada no sentido de excluir das demais

polícias (Civil, Militar, etc.) a destinação de exercer as

funções de Polícia Judiciária da União e não no sentido de

afastar o Ministério Público da atividade investigativa em

procedimento próprio.

17. (CESPE - 2012 - PC-AL - Delegado de Polícia) O

comércio ilegal de drogas envolvendo mais de um estado

faz surgir o tráfico interestadual de entorpecentes,

deslocando-se a competência para apuração e atuação da

Polícia Federal, todavia, a competência para processar e

julgar o criminoso continua a ser da justiça estadual.

18. (CESPE - 2013 - Polícia Federal - Delegado de Polícia)

Uma quadrilha, em determinado lapso temporal, realizou,

em larga escala, diversos roubos de cargas e valores

transportados por empresas privadas em inúmeras

operações interestaduais, o que ensejou a atuação da

Polícia Federal na coordenação das investigações e a

instauração do competente inquérito policial. Nessa situação

hipotética, findo o procedimento policial, os autos deverão

ser remetidos à justiça estadual, pois a atuação da Polícia Federal não transfere à justiça federal a competência para

processar e julgar o crime.

19. (CESPE - 2013 - Polícia Federal - Delegado de

Polícia) Uma quadrilha efetuou ilegalmente diversas

transações bancárias na modalidade de saques e

transferências eletrônicas em contas de inúmeros clientes de determinada agência do Banco do Brasil. A instituição

financeira ressarciu todos os clientes lesados e arcou

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integralmente com os prejuízos resultantes das fraudes

perpetradas pelo grupo. Nessa situação hipotética, cabe à

Polícia Federal a instauração do inquérito policial, porquanto a ela compete, com exclusividade, a apuração

de crimes praticados contra bens e serviços da União.

REALIZAÇÃO DE DILIGÊNCIAS FORA DA CIRCUNSCRIÇÃO DA

AUTORIDADE POLICIAL

20. (FUNIVERSA – 2015 – SESIPE/DF – AGENTE DE

ATIVIDADES PENITENCIÁRIA) No Distrito Federal e

nas comarcas em que houver mais de uma circunscrição

policial, a autoridade com exercício em uma delas

poderá, nos inquéritos a que esteja procedendo, ordenar

diligências em circunscrição de outra, desde que mediante precatórias ou requisições.

AVOCAÇÃO E REDISTRIBUIÇÃO DE INQUÉRITOS POLICIAIS

21. (CESPE – 2017 – PC/MT – DELEGADO DE POLÍCIA) O

inquérito policial instaurado por delegado de polícia para

investigar determinado crime

a) não poderá ser avocado, nem mesmo por superior hierárquico.

b) poderá ser avocado por superior hierárquico somente no caso de

não cumprimento de algum procedimento regulamentar da

corporação.

c) poderá ser redistribuído por superior hierárquico, devido a motivo

de interesse público.

d) poderá ser avocado por superior hierárquico, independentemente

de fundamentação em despacho.

e) não poderá ser redistribuído, nem mesmo por superior

hierárquico.

22. (CESPE – 2016 – PCPE – DELEGADO DE POLÍCIA) A

redistribuição ou a avocação de procedimento de

investigação criminal poderá ocorrer de forma casuística,

desde que determinada por superior hierárquico.

23. (FMP – 2015 – MPE/MA – PROMOTOR DE JUSTIÇA) O

inquérito policial somente poderá ser avocado ou

redistribuído, mediante decisão fundamentada de superior

hierárquico, por motivo de interesse público ou por

inobservância dos procedimentos previstos em regulamento

da corporação que prejudique a eficácia da investigação.

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24. (FCC – 2015 – DPE/MA – DEFENSOR PÚBLICO) O

inquérito policial em curso poderá ser avocado por superior

por motivo de interesse público.

25. (CESPE – 2014 – POLÍCIA FEDERAL – AGENTE

ADMINISTRATIVO) Suponha que um delegado da Polícia

Federal, ao tomar conhecimento de um ilícito penal

federal, instaure inquérito policial para a apuração do fato

e da autoria do ilícito e que, no curso do procedimento,

o seu superior hierárquico, alegando motivo de interesse

público, redistribua o inquérito a outro delegado. Nessa

situação, o ato do superior hierárquico está em

desacordo com a legislação, que veda expressamente a

redistribuição de inquéritos policiais em curso.

26. (CESPE – 2015 – TJDFT – JUIZ DE DIREITO) O

superior hierárquico do delegado pode determinar a

redistribuição de inquérito policial por motivo de interesse

público e mediante despacho fundamentado.

INVESTIGAÇÃO PELO MP

27. (CESPE – 2016 – PCPE – DELEGADO DE POLÍCIA) A

investigação de crimes é atividade exclusiva das polícias civil

e federal.

28. (FUNIVERSA – 2015 – PCDF – DELEGADO DE POLÍCIA) Segundo jurisprudência pacificada no STF, o

poder de investigação do Ministério Público é amplo e

irrestrito.

29. (TRF 4ª REGIÃO – 2016 – TRF 4ª REGIÃO – JUIZ

FEDERAL) O Ministério Público dispõe de competência para

promover, por autoridade própria e por prazo razoável,

investigações de natureza penal, desde que respeitados os

direitos e as garantias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado, observadas,

sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva

constitucional de jurisdição e, também, as prerrogativas

profissionais de que se acham investidos, em nosso País,

os advogados, sem prejuízo da possibilidade – sempre

presente no Estado Democrático de Direito – do permanente

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controle jurisdicional dos atos, necessariamente

documentados, praticados pelos membros daquela

instituição.

30. (CESPE – 2014 – TJCE – ANALISTA JUDICIÁRIO) O

MP, que é o dominus litis, pode determinar a abertura de IPs, requisitar esclarecimentos e diligências

investigatórias, bem como assumir a presidência do IP.

31. (FMP – 2015 – DPE/PA - DEFENSOR PÚBLICO) De

acordo com a jurisprudência consolidada do Superior

Tribunal de Justiça, entre as causas de impedimento que

afetam o Ministério Público, está o fato de que todo

membro, ao atuar na presidência de investigação criminal

realizada por aquela instituição, estará impedido de

oferecer a ação penal condenatória que derivar dessa

apuração.

32. (CESPE – 2015 – TJDFT – JUIZ DE DIREITO) Segundo

interpretação do STF, a participação de procurador da

República na fase de investigação policial acarreta o seu

impedimento para o subsequente oferecimento da

denúncia.

33. (FGV – 2016 – MPE/RJ – TÉCNICO DO MINISTÉRIO

PÚBLICO) Chega notícia através da Ouvidoria do Ministério

Público da prática de determinado crime e que

possivelmente haveria omissão da Delegacia de Polícia na

apuração. Em razão disso, o Promotor de Justiça instaura

procedimento de investigação criminal no âmbito da própria

Promotoria. Sobre o poder investigatório do Ministério

Público, de acordo com a atual jurisprudência dos Tribunais

Superiores, a conduta do promotor foi:

a) ilegal, pois o Ministério Público não tem poder para investigar

diretamente e por meio próprio a prática de qualquer crime;

b) legal, pois tem o Ministério Público poder de investigação direta,

desde que haja omissão da Polícia Civil, ainda que não exista

inquérito policial instaurado anteriormente;

c) ilegal, pois o Ministério Público somente pode investigar

diretamente se houver inquérito policial instaurado previamente e

confirmada a omissão da autoridade policial;

d) legal, pois tem o Ministério Público poder de investigação

direta, respeitados os direitos constitucionais do investigado, assim

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como eventual foro por prerrogativa de função;

e) ilegal, somente cabendo ao Ministério Público exercer o

controle da atividade policial.

INVESTIGAÇÕES EXTRAPOLICIAIS

34. (CESPE - 2008 - OAB - Exame de Ordem Unificado)

Quando, no curso das investigações, surgir indício da

prática de infração penal por parte de membro da

magistratura, após a conclusão do inquérito, a denúncia

deve ser remetida ao tribunal ou órgão especial competente

para o julgamento.

35. (CESPE - 2008 - OAB - Exame de Ordem Unificado)

As comissões parlamentares de inquérito têm poderes de

investigação próprios das autoridades judiciais para a

apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas

conclusões encaminhadas à respectiva mesa do Senado ou da Câmara para promover a responsabilidade civil e criminal.

36. (CESPE - 2008 - OAB - Exame de Ordem Unificado) O

poder de polícia da Câmara dos Deputados e do Senado

Federal, em caso de crime cometido nas suas

dependências, compreende a prisão em flagrante do

agente e a realização do inquérito.

GABARITO

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10

D D E E E E E E C E

11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

C C E C E C C C E E

21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

C E C C E C E E C E

31 32 33 34 35 36

E E D E E C