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INSTITUTO FEDERAL DE SERGIPE COORDENADORIA DE TECNOLOGIA EM GESTÃO DE TURISMO ALINE ANDRADE SANTOS HELEN APARECIDA LUCAS FONTES RUA DE LAZER PARA ARACAJU SE: UMA PROPOSTA DE RESSIGNIFICAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO PARA COMUNIDADE E VISITANTES. ARACAJU 2017

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INSTITUTO FEDERAL DE SERGIPE

COORDENADORIA DE TECNOLOGIA EM GESTÃO DE TURISMO

ALINE ANDRADE SANTOS

HELEN APARECIDA LUCAS FONTES

RUA DE LAZER PARA ARACAJU – SE: UMA PROPOSTA DE

RESSIGNIFICAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO PARA COMUNIDADE E VISITANTES.

ARACAJU 2017

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ALINE ANDRADE SANTOS

HELEN APARECIDA LUCAS FONTES

RUA DE LAZER PARA ARACAJU – SE: UMA PROPOSTA DE

RESSIGNIFICAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO PARA COMUNIDADE E VISITANTES.

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Instituto Federal de Sergipe como pré-requisito para a obtenção do grau de Tecnólogo em Gestão de Turismo. Orientadora: Profª MSc. Cristiane Santos Picanço

ARACAJU

2017

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Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Geocelly Oliveira Gambardella / CRB-5 1815,

com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).

Santos, Aline Andrade S237r Rua de lazer para Aracaju-SE: uma proposta de ressignificação do

espaço público para comunidade e visitantes. / Aline Andrade Santos, Helen Aparecida Lucas Fontes. -- Aracaju, 2018.

90 f. : il. Orientadora: Cristiane Santos Picanço. Trabalho de Conclusão de

Curso (Graduação - Tecnólogo em Gestão de Turismo) -- Instituto Federal de Sergipe, 2018.

1. Lazer. 2. Espaço urbano. 3. Grupo social. 4. Conjunto Augusto Franco - Aracaju. 5. Turismo. I. Fontes, Helen Aparecida Lucas. II. Picanço, Cristiane Santos. III. Título.

CDU 338.48(813.7)

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A Deus, por ser essencial em minha vida, sem Ti nada sou, nada tenho e nada

posso. E aos meus pais, Antonio e Sueli.

Helen Aparecida Lucas Fontes

Dedico a ti, Pedro, para que meus esforços em adquirir conhecimento te sirvam de

inspiração, porque palavras influenciam, mas exemplos arrastam!

Aline Andrade Santos

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por ter guiado os meus passos até aqui. Obrigada por

cuidar de mim em cada detalhe e por nunca me deixar desistir. Te amo!

Aos meus pais, Antonio e Ana Sueli, por todo apoio e por sempre

acreditarem em mim. Se não fosse o esforço e a dedicação de vocês na minha

criação, nada disso teria acontecido. Tudo o que sou hoje devo a vocês. Amo de

paixão!

À minha irmã, Elijane, por todo o suporte e paciência. Obrigada por nos

ajudar com os livros na UFS, esse apoio foi fundamental na construção desse

trabalho. Aos meus irmãos, Erika e Evanilton, que mesmo distantes sempre

torceram por mim. E a toda minha família. Amo vocês!

Ao Sr. Jokleyne, por sempre me socorrer quando o meu notebook falhava,

nunca esquecerei disso e das demais coisas que fizeste. Muito obrigada!

À minha orientadora, professora Cristiane Picanço, por todo apoio,

amizade, dedicação, paciência e confiança depositados em mim.

Helen Aparecida Lucas Fontes

A conquista não é só minha. Ela pertence a todos aqueles que, direta ou

indiretamente, contribuíram para que meu sonho se tornasse realidade. Sou muito

grata a Deus pela força a mim dada para que eu alcançasse meu objetivo.

Obrigada aos meus amigos: Janny, Andreza, Larissa, Edjane, Igor e Helen,

minha parceira nesta empreitada, pelo companheirismo e pela troca de

conhecimentos que julgo valiosíssimos.

À orientadora, Profª. MSc. Cristiane Picanço, agradeço pela amizade e

colaboração durante a confecção deste trabalho, que não seria o mesmo sem seu

olhar e contribuições.

Ao meu Pedro, amor da minha vida, pela companhia nas madrugadas,

enquanto eu trabalhava na elaboração deste trabalho. Agradeço pelos copos com

água (sempre acompanhados de afagos) que me trazia e pelo esforço incessante

em não me deixar sucumbir ao cansaço, quando este se fazia persistentes.

Aline Andrade Santos

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“O que fazemos durante as horas de trabalho determina o que

temos. O que fazemos nas horas de lazer determina o que

somos” (George Eastman).

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RESUMO

A dimensão e a influência do lazer na qualidade de vida do ser humano são notórias. Enquanto campo de estudo, o lazer fornece uma literatura vasta e que contempla várias abordagens, sobretudo na sociologia. Também se somam à discussão a geografia e o turismo, por exemplo. Tendo em vista essas premissas sobre o lazer, a presente pesquisa objetivou “elaborar uma proposta de rua de lazer para o Conjunto Residencial Augusto Franco, em Aracaju – SE, na perspectiva de ressignificação do espaço público para comunidade e visitantes”. Especificamente, buscou-se: desenvolver uma reflexão histórica e crítica sobre os conceitos de lazer, seus espaços de desenvolvimento e sua relação com o turismo; fazer um diagnóstico das opções de lazer do Conjunto Augusto Franco, em Aracaju; identificar junto às organizações sociais e aos gestores públicos a viabilidade da oferta de rua de lazer no conjunto supracitado; construir uma proposta de rua de lazer para o Conjunto. Este trabalho explora o campo do lazer em seu contexto histórico, retratando a importância do seu papel na formação dos indivíduos, como um direito de todos, ressaltando seus reflexos na saúde e no fortalecimento das relações sociais. Além disso, analisa a relação entre o lazer e o espaço onde ele se desenvolve que pode ser público ou privado, e também apresenta argumentos a respeito da contribuição dessa atividade para com o turismo. No tocante ao espaço público, a Rua de Lazer desponta como o cerne dessa pesquisa, sendo o Conjunto Residencial Augusto Franco, o campo de estudo que motivou a elaboração de uma proposta de lazer com a configuração exigida para uma Rua desse tipo. Para atender a esse propósito foram ouvidos alguns grupos sociais da comunidade do Conjunto a fim de compreender como se dá a relação destes, suas características, necessidades e como percebem e qualificam o lazer. Trata-se de uma pesquisa exploratória, um estudo de caso com abordagem qualitativa, que traz como resultados a percepção dos representantes da comunidade a respeito do lazer e, por meio das análises das falas desses sujeitos, a sugestão de uma proposta de lazer exequível para o Conjunto supracitado.

Palavras-chave: Lazer. Rua de Lazer. Espaço Urbano. Grupos Sociais

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ABSTRACT

The dimension and the influence of leisure in the quality of the human being's life are notorious. While study field, leisure supplies a vast literature and that contemplates several approaches, mainly in sociology. Geography and tourism also added to the discussion, for example. Considering those premises on leisure, the present research aimed “to elaborate a proposal of leisure street for the Residential Complex Augusto Franco, in Aracaju – SE, in the perspective of redefining the public space for community and visitors." Specifically, it was sought: To develop a historical and critical reflection on the concepts of leisure, its development spaces and its relationship with tourism; To make a diagnosis of leisure options on the Residential Complex Augusto Franco, in Aracaju; To identify with social organizations and public managers the viability of the offer of leisure street in the residential complex referred above; To build a proposal of leisure street for the residential complex. This work explores the field of leisure in its historical context, portraying the importance of its role in the individuals' formation, as a right of all, emphasizing its reflexes in the health and strengthening of social relationships. Besides, it analyzes the relationship between leisure and the space where it grows which can be public or private, and also presents arguments regarding the contribution of that activity for tourism. Regarding the public space, Leisure Street stands out as the core of this research, being Residential Complex Augusto Franco the field of study that has motivated the preparation of a proposal for leisure with the configuration required for a Street like that. To meet this purpose some social groups in the community of the residential complex were heard in order to understand how is the relationship of these groups, their characteristics, needs and how they notice and qualify leisure. It is an exploratory research, a case study with a qualitative approach, which brings as results the perception of the community representatives regarding leisure and, through the analysis of these subjects‟ speeches, the suggestion of a feasible leisure proposal for the above-mentioned residential complex. Keywords: Leisure. Leisure Street. Urban space. Social groups

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Capa da proposta de Rua de Lazer 61

Figura 2- Associação dos Moradores do Senhor do Bonfim 88

Figura 3 - Projeto Esperança 88

Figura 4 - Igreja Batista do Augusto Franco 89

Figura 5 - Paróquia Bem Aventurado José de Anchieta 89

Figura 6 - Rádio Anchieta FM 90

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Diretrizes para a criação de uma Rua de Lazer 37

Quadro 2 - Relação das Siglas com os nomes das organizações entrevistadas 49

Quadro 3 - Diagnóstico do Lazer no Conjunto Augusto Franco 64

Quadro 4 - Articulação prévia com os grupos sociais da Comunidade e poder público

municipal 66

Quadro 5 - Definição de espaço e público alvo 67

Quadro 6 - Definição das atividades que serão desenvolvidas na Rua de Lazer 67

Quadro 7 - Materiais e equipamentos para a Rua de Lazer 68

Quadro 8 - Captação de parcerias para a Rua de Lazer 69

Quadro 9 - A comunicação de marketing sobre a Rua 69

Quadro 10 - Programação da Rua 70

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LISTA DE SIGLAS

CELAR - Centro de Estudos de Lazer e Recreação

CELAZER - Centro de Estudos do Lazer

CLT - Consolidação das Leis do Trabalho

DEA - Diretoria de Educação de Aracaju

EMBRATUR – Instituto Brasileiro de Turismo

FGTS - Fundo de Garantia do Tempo de Serviço

FUNCAJU - Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Esportes

FUNDAT- Fundação Municipal de Formação para o Trabalho

MTIC - Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio

OMT - Organização Mundial do Turismo

ONG‟s – Organizações não Governamentais

PT - Partido dos Trabalhadores

SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial

SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural

SESC - Serviço Social do Comércio

SESI - Serviço Social da Indústria

SMTT - Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito

SRO - Serviço de Recreação Operária

SRP - Serviço de Recreação Pública

UNESCO – Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 14

CAPÍTULO 1 - LAZER: CONCEITOS E PANORAMA HISTÓRICO 17

1.1 O que é o Lazer? 18

1.2 Contexto Histórico e Legal do Lazer no Brasil 22

CAPÍTULO 2 - O LAZER EM DIFERENTES ESPAÇOS 29

2.1 O Espaço Público Urbano e as Ruas de Lazer 30

2.2. Lazer no Espaço Turístico 38

CAPÍTULO 3 - PERCURSO METODOLÓGICO 44

3.1 Tipo e Delineamento da Pesquisa 44

3.2 Campo de Pesquisa: O Conjunto Residencial Augusto Franco 46

3.3 Abordagem Metodológica 47

3.4 Sujeitos da Pesquisa e Instrumentos Utilizados para Obtenção de Dados 48

3.5 Análise e Interpretação dos Dados 49

CAPÍTULO 4 - UMA RUA DE LAZER NO CONJUNTO RESIDENCIAL AUGUSTO

FRANCO EM ARACAJU, SERGIPE 51

4.1. A Visão dos Grupos Sociais do Conjunto Augusto Franco e do Poder Público,

Sobre a proposta de Rua de Lazer 52

4.2 Um Modelo para Implantação de Rua de Lazer no Conjunto Augusto Franco 60

4.2.1 Elementos Norteadores da Proposta 61

4.2.2 Organizadores da Proposta e suas Atribuições 64

4.2.3 Recursos Humanos, Financeiros e Comunicacionais (Captação de Parcerias

e Comunicação de Marketing). 68

4.2.4. Programação da Rua 70

CONSIDERAÇÕES FINAIS 71

REFERÊNCIAS 73

ANEXOS 78

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INTRODUÇÃO

A evolução dos tempos trouxe os meios para facilitar a vida das pessoas e,

simultaneamente, às incentivou a se atualizarem para se manterem coerentes com o

mundo contemporâneo. Compromissos e responsabilidades, elementos importantes

nesse contexto, também se ampliaram, acarretando a falta de tempo, o ônus mais

comum dessas mudanças, ao qual todos foram acometidos.

Nesse cenário, o trabalho também se ressignificou, exigindo do trabalhador

uma postura cada vez mais dinâmica, tornando-se muitas vezes o eixo central de

sua vida, limitando o seu tempo e, com isso, seu acesso ao lazer. Assim, o lazer,

que poderia ser um contraponto às tensões, passou a ser visto por muitos como

atividade secundária, comumente vivida por uma minoria com poder aquisitivo

superior.

Preconizado como um direito do cidadão, a sua oferta pelo poder público não

é sistemática, e tampouco se observa um alinhamento quanto ao atendimento dos

desejos e necessidade das comunidades a esse respeito. Por outro lado, o lazer

também é o propulsor da venda de serviços de entretenimento. Estes, pagos em sua

grande maioria, não são acessíveis a todos os segmentos da população, visto que,

para muitos, pagar pelo lazer é um luxo.

E nesse sentido outras lacunas surgiram, pois os espaços públicos, que

poderiam servir de motivação à convivência e ao descanso, onde outrora eram

utilizados para um convívio coletivo, transformaram-se em ambientes urbanos pouco

atraentes em função da violência e de infraestrutura inadequada. Com esses

espaços obsoletos fragilizou-se a socialização e o fortalecimento das relações

interpessoais, algo tão necessário nesta sociedade dividida por constantes tensões

sociais e oportunidades de acesso desiguais.

Também é visto como algo distante, que somente pode ser realizado por meio

das viagens turísticas, como se viajar fosse a opção mais lógica para o lazer. Algo

razoável de se pensar, pois as viagens de fato promovem o entretenimento, o

deslocamento da atenção recorrente dos desafios do cotidiano para a atenção à

paisagem, ao lúdico, dentre outras experiências. Porém, essa ideia de que o lazer

somente pode ser adquirido como algo esporádico, ou programado para apenas

uma fração das férias, distancia o homem do direito ao ócio, algo tão necessário

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para a sua saúde mental e física, assim como para a manutenção das suas relações

sociais.

Cabe salientar que o lazer é objeto de estudo de várias ciências, e para o

turismo é uma categoria importantíssima, pois se configura como uma motivação

primária para as viagens e o desfrute das atividades turísticas. Logo, entende-se que

promover o lazer para a população é também uma maneira de incentivá-la a buscar

novas formas de se divertir, de socializar, de conhecer novos espaços, sendo estes

requisitos, partes integrantes do turismo.

Às vezes, até tratados como uma única atividade, o lazer e o turismo não são

iguais, são interdependentes. O espaço, local onde o turismo se desenvolve, seja

ele urbano ou rural, em pequenas comunidades ou em grandes cidades, é muitas

vezes também o espaço onde se concretiza o lazer.

Essas análises iniciais despertaram a ideia da realização desta pesquisa, que

se propôs a mostrar a necessidade de se viver o lazer de forma plural, possibilitando

uma reinterpretação da relação da comunidade com os espaços públicos locais,

abordando as opções do lazer a partir da disponibilidade e condições destes

espaços.

Considerando, portanto, o lazer como alternativa de socialização e condição

necessária para o descanso do ser humano, além de elemento essencial para o

turismo, o referido trabalho tem a rua, um espaço público, como componente central.

Um ponto de convergência, que pode aglutinar cidadãos, por se tratar de um lugar

consolidado de encontros e de transformações social, política e cultural.

Assim, escolheu-se como tema da pesquisa a “Rua de Lazer”, pressupondo-

se que dialogar sobre a rua enquanto espaço plural, de encontros, realizações e

manifestações criativas, poderá contribuir para projetos de lazer que atendam as

pessoas das comunidades, e quiçá, outros visitantes dessa rua, sejam eles turistas

ou não.

A partir dessas premissas as seguintes questões foram propostas a fim de

nortear o estudo: como o direito ao lazer foi se constituindo ao longo dos anos e sob

quais parâmetros passou a ser ofertado? O que pensam alguns representantes da

comunidade do Conjunto Residencial Augusto Franco sobre o lazer e como avaliam

a possibilidade de uma rua de lazer no Conjunto? Qual a visão da Secretaria de

Esporte e Lazer do município de Aracaju sobre a criação de uma rua de lazer no

Conjunto Augusto Franco? De que forma pode ser elaborada uma proposta de rua

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de lazer para atender a comunidade do Conjunto, considerando os aspectos físicos,

culturais e sociais dessa localidade?

Essas questões conduziram ao objetivo geral de: elaborar uma proposta de

rua de lazer para o Conjunto Residencial Augusto Franco, em Aracaju – SE, na

perspectiva de ressignificação do espaço público para comunidade e visitantes.

E especificamente, buscou-se: desenvolver uma reflexão histórica e crítica

sobre os conceitos de lazer, seus espaços de desenvolvimento e sua relação com o

turismo; fazer um diagnóstico das opções de lazer do bairro Augusto Franco, em

Aracaju; identificar junto às organizações sociais e aos gestores públicos a

viabilidade da oferta de rua de lazer no bairro supracitado; construir uma proposta de

rua de lazer para o bairro.

Acredita-se que a proposta de rua de lazer discutida neste trabalho incida na

interpretação sobre valores importantes para a vida, onde o bem-estar seja o centro

das atenções e haja um equilíbrio entre as necessidades diárias e o entretenimento

esporádico. E da mesma forma, também indique caminhos para a operacionalização

de um projeto que contemple tais aspirações.

Atendendo a estes objetivos, o resultado da pesquisa se apresenta nas

seções dispostas em quatro capítulos, que, em síntese, tratam da diversidade dos

conceitos do lazer e o modo como este é usufruído, da trajetória do mesmo até se

transformar em um direito adquirido e a sua utilização nos diferentes espaços e, por

fim, traz uma proposta de rua de lazer para o conjunto Augusto Franco,

vislumbrando etapas viáveis para sua realização.

O conteúdo deste trabalho se baseia em autores que discutem o lazer do

ponto de vista da Sociologia, do Turismo e da Geografia, sendo possível fazer uma

reflexão a partir de múltiplas análises. Destacam-se os autores Krippendorf (2009),

Boullón (2004), Dumazedier (1976), Marcellino (1983), Gomes (2003), dentre outros.

Do mesmo modo, discute-se também o lazer, baseando-se em Requixa

(1977), Larizzatti (2005) e Melo (2001), além de autores que percebem o lazer sob

prismas distintos, mas que convergem em alguns pontos de vista. Os autores

supracitados trazem conceitos, atividades correlatas, legislação para instituição do

lazer enquanto direito social, expondo contribuições importantes para facilitar o

entendimento do tema em questão.

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CAPÍTULO 1 LAZER: CONCEITOS E PANORAMA HISTÓRICO

O homem precisa encontrar um equilíbrio entre as suas necessidades e

expectativas para que uma área de sua vida não sobrecarregue ou aniquile a outra.

O trabalho e as demais atividades do dia a dia são essenciais para a sobrevivência,

mas faz-se necessária a quebra dessa rotina pelo que se denomina “tempo

disponível”.

Marcellino (1983) considera recente a incorporação do termo “lazer” ao

vocabulário, tratando-se de um termo carregado de significados e juízos de valor,

que pode ser descrito de formas diferentes, a depender da linha de pensamento e

posição ideológica de quem o define. Do mesmo modo, a prática do lazer também

se ressignifica quando esta é analisada por meio de algumas variáveis, tais como, a

condição econômica, cultural e social do indivíduo, apenas para citar algumas.

Mesmo que de forma diferente do que existe hoje, o lazer já despontava na

sociedade primitiva, quando a agricultura de subsistência era o principal meio de

produção. Nessa época o local de trabalho se confundia com a própria moradia e as

tarefas eram desenvolvidas pelos membros da família e trabalhadores que dividiam

espaços em comum, fazendo com que, frequentemente, houvesse conversas entre

eles e o canto ditasse o ritmo do trabalho, como explica Boullón (2004). Essa

dinâmica promovia a integração e contribuía para uma jornada mais amena, pois

não havendo nas sociedades antigas tempo de descanso, estabelecia-se a

interrelação do trabalho com o tempo livre das obrigações, caracterizando-se nesse

contexto, “momentos de lazer”, associados à labuta.

A industrialização pode ser considerada como um divisor de águas entre essa

sociedade, onde o trabalho não fragmentado levava as pessoas a ter um tempo de

lazer dentro do trabalho, e a que predomina nos dias de hoje, onde o trabalho é

fragmentado, individualizado e segue o ritmo estabelecido pelas máquinas em

atividades estanques.

Observa-se, portanto, que o lazer é uma necessidade humana e a discussão

sobre o direito e condições ao seu acesso se renova com as mudanças sociais.

Sendo assim, o presente capítulo busca evidenciar os elementos centrais que

permeiam o conceito de lazer, além de situar o debate sob a perspectiva histórica,

fundamentando-se em questões científicas e instrumentos legais.

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1.1 O que é o Lazer?

As mudanças na sociedade do século XVIII, direcionando o trabalho

manufaturado para o industrial, fizeram com que o homem associasse diretamente o

lazer ao tempo livre, surgindo assim a necessidade do repouso laboral para

recomposição das energias gastas com o trabalho. Denominado como férias, esse

repouso se fixou como um costume nos tempos antigos, onde era dedicado certo

número de dias às festas religiosas, fazendo com que alguns cidadãos

suspendessem seus trabalhos.

Com a instituição da produção capitalista, as férias foram destituídas do

calendário anual pelos empregadores e só foram reestabelecidas após muita luta

iniciada pelos sindicatos, revoluções e reivindicações de toda ordem. Quando

voltaram a ser concedidas, os funcionários públicos foram os primeiros a adquirirem

esse direito. Assim, foi promulgada em 1872, no Reino Unido, a primeira lei

relacionada com o direito de férias, porém com pouca repercussão. No entanto, com

a assinatura do Tratado de Versalhes, em 1919, que formalizou o fim da Primeira

Guerra Mundial, o direito às férias estendeu-se aos trabalhadores, transformando-se

em legislação ordinária em vários países (DIAS, 2008).

Segundo Dias (2008), houve, com isso, uma mudança significativa na vida

dos que passaram a usufruir desse direito, porque foi introduzido em seu cotidiano

um novo componente, as férias remuneradas. Porém, salienta o autor, os

trabalhadores não sabiam lidar com essa nova realidade, uma vez que possuíam

tempo, dinheiro, mas não faziam ideia de como utilizá-los.

O lazer surgiu como preenchimento desse tempo livre agora conquistado e

firmado por lei, visto assim como fuga, descanso e necessidade. No que se refere à

sua conceituação, muitos são os autores que tentam defini-lo, porém ainda não há

um consenso a esse respeito. Fato que denota a complexidade do tema enquanto

objeto de estudo e que requer uma análise, sob a perspectiva de vários autores.

Desse modo, destacam-se a seguir alguns conceitos que mais exemplificam e

influenciam o estudo do lazer na atualidade.

Para Dumazedier (1976) o lazer,

É um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se ou, ainda para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora, após livrar-se ou desembaraçar-se das

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obrigações profissionais, familiares e sociais (DUMAZEDIER, 1976, p.34).

Concebendo o lazer como tempo liberado das obrigações, Boullón (2004),

exprime que

Indica aquela fração de tempo livre usada para descansar o corpo e o espírito de modo ativo. Ora, como nem sempre todo tempo livre é usado em benefício do indivíduo, resta uma parte não empregada a que vamos chamar tempo desperdiçado (BOULLÓN, 2004, p. 61).

Ratificando o conceito anterior, Medeiros (1980, p. 3) define o lazer como

“espaço de tempo não comprometido, do qual podemos dispor livremente, porque já

cumprimos nossas obrigações de trabalho e de vida”. Já Requixa (1980, p. 35),

entende-o como “ocupação não obrigatória, de livre escolha do indivíduo que a vive,

e cujos valores propiciam condições de recuperação psicossomática e de

desenvolvimento pessoal e social”.

Pode-se dizer que a palavra lazer é polissêmica e, devido às suas inúmeras

definições, constata-se que cada autor o enxerga por um prisma. Mas, seguramente,

o lazer desempenha funções essenciais à satisfação das necessidades dos

indivíduos ante à sua rotina extenuante.

O lazer desenvolve-se a partir do tempo livre disponível para realizar

atividades que não são comuns no cotidiano e que proporcionam descanso,

diversão e descobrimento. É entendido como uma válvula de escape que liberta o

indivíduo do seu ciclo exaustivo de trabalho, levando-o a um estado de recuperação,

promovendo uma “higiene mental”, principalmente em domingos e feriados, quando

ocorre uma maior liberação de funcionários em vários setores de trabalho, incitando

essa busca como condição para continuar com a rotina, para revigorar suas forças e

compensar a repetitibilidade das atividades laborais.

O lazer representa o maior agente para reestabelecimento do cansaço

causado pelo trabalho e pela rotina, pois provoca uma evasão em que o sujeito tem

a sensação de poder fazer o que quiser, quando e onde desejar, com o intuito de

livrar-se da carga de estresse, dos esgotamentos físico e psíquico que transbordam

seu corpo.

Dentro do que se denomina lazer, existem várias atividades correlacionadas,

a exemplo da recreação, que é o processo de recriar, renovar e que possui

benefícios imediatos. Já o lazer, ao contrário, apresenta resultados posteriores à sua

realização.

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Segundo Larizzatti (2005),

Muitos autores não distinguem diferenças entre lazer e recreação, pois acreditam ser a mesma coisa. Outros autores definem a recreação como uma função do lazer, isto é, a recreação seria o momento ou a atividade em que o indivíduo está se autoexpressando, mostrando suas possibilidades, faculdades, sendo, enfim, ativo (LARIZZATTI, 2005, p. 20).

Pode-se considerar a recreação como um momento em que o indivíduo está

livre de suas obrigações e disposto a divertir-se, seja em família ou sozinho. As

atividades podem ser realizadas em qualquer hora e dia, independente de lugar pré-

estabelecido. Segundo Lohmann e Panosso Neto (2008, p. 83), “na recreação, o

único objetivo que se busca é o ato de recrear-se, o aspecto lúdico, o alívio das

tensões diárias”. Recrear-se é estar aberto a realizar, em qualquer lugar, atividades

que promovam liberdade e tranquilidade.

Uma das possibilidades de classificação das atividades recreativas é proposta

por Dumazedier (1976), que estabelece uma lista com cinco divisões, baseando-se

em uma categorização por interesses. São elas: 1) Interesses físicos – Incluem as

práticas esportivas nas atividades físicas e busca, com isso, o bem-estar

(caminhada, trilha, pesca, ginástica, musculação, entre outras); 2) Interesses

artísticos –Abrangem todas as manifestações artísticas, não só contemplativas, mas

produtivas também (sessões de cinema, visitas a museus, oficinas de arte, além de

formas de divulgação da cultura popular, como escolas de samba, festas populares);

3) Interesses intelectuais – Referem-se às atividades que buscam o prazer por meio

da atividade do raciocínio (leitura de livros, participação em jogos como xadrez,

dama e trilha); 4) Interesses manuais – Buscam o prazer através da manipulação de

objetos e produtos (jardinagem, costura, carpintaria, marcenaria, bricolagem,

artesanato); 5) Interesses sociais – Presentes na maioria das propostas de lazer,

alia o interesse de congregar pessoas e estabelecer relações sociais entre os

indivíduos (passeios, piqueniques, bailes, jantares).

Camargo (2003) amplia essa classificação com a inserção do Interesse

Turístico, que traz como motivação principal a busca de novas paisagens, ritmos e

costumes como elementos destoantes do cotidiano.

As categorias expressas pelos “Interesses”, conforme expõem os autores,

explicitam a necessidade da ordenação das atividades recreativas. Destarte, torna-

se necessário que esses interesses sejam levados em consideração no momento de

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formular uma programação, para que seja contemplado o maior número possível de

atividades diferentes e, assim, aumentar a probabilidade de atender a todos os

públicos.

O planejamento das atividades recreativas é tão importante quanto a sua

realização propriamente dita. Boullón (2004) ratifica que a organização da oferta,

nos quesitos instalações e facilidades, difere o usuário protagonista do espectador,

assim como determina se as atividades serão realizadas de forma individual ou em

grupos, com base nas atividades disponibilizadas, no perfil e atitude do frequentador

do espaço.

Outra atividade ligada ao lazer é a brincadeira, que, para além do

entretenimento, ganha espaço sob as perspectivas educacional, cognitiva e social,

onde o indivíduo se entrega intensamente por se tratar de uma atividade bastante

consciente, mas que permite momentos de fuga de sua vida rotineira. A brincadeira

remonta à antiguidade, quando representava um importante meio de divertimento,

tanto para crianças quanto para adultos.

Neste sentido, Larizzatti (2005), diz que,

No senso comum, o termo brincar remete à inconsequência, futilidade, não seriedade. Contudo, será que para as crianças o brincar não é uma atividade séria? Os pequenos exprimem uma atração apaixonada pela liberdade em todos os domínios da vida cotidiana, mas, sobretudo, na forma particular de atividades construídas por brinquedos, brincadeiras e jogos. A brincadeira é a sua razão de viver, a ela se entregam, esquecendo-se de tudo, numa atitude que os adultos têm dificuldades de compreender (LARIZZATTI, 2005, p. 20).

Outra vertente do lazer se apresenta sob a forma de entretenimento que, de

acordo com Lohmann e Panosso Neto (2008), caracteriza-se pelo efeito de entreter-

se, ocupar-se com diversão, promovendo algum tipo de satisfação ou

enriquecimento cultural, a citar visitas a exposições artísticas, cinema, assistir peças

de teatro, onde é possível divertir-se e também adquirir conhecimento, além de

aliviar as tensões causadas pelo trabalho.

Possui um significado muito similar ao da recreação, no sentido de que são

praticados por livre vontade e propiciam benefícios como recuperação das

obrigações cotidianas. Do ponto de vista de quem oferta o entretenimento, a

necessidade de audiência torna-se uma exigência, pois geralmente é produzido para

um público coletivo. O rádio e a tv simbolizam bem esse conceito, pois estão ligados

de forma mais específica às indústrias cultural e de comunicação de massa,

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abrangendo amplamente todas as classes sociais, como afirma Urry (2001), quando

diz que o crescimento da tv colocou a diversão ao alcance de todos.

1.2 Contexto Histórico e Legal do Lazer no Brasil

Segundo Melo (2001), os discursos de engenheiros e sanitaristas

responsáveis pelas reformas urbanas do Brasil no século XIX mostravam

preocupação com o lazer da população. Mas é nas primeiras décadas do século XX

que emerge a necessidade de se aprofundar sobre o assunto, buscando-se

indicadores que identificassem o papel desempenhado pelo lazer na sociedade,

assim como a determinação de fragilidades e possibilidades para se promover um

avanço qualitativo na compreensão acerca da sua importância. Surgem, a partir daí,

relevantes trabalhos de pesquisa, expressando alternativas para otimizar o uso do

tempo disponível do proletariado.

Tais reflexões, que permearam a necessidade de conhecimento dos

benefícios do lazer e de controle social do tempo de não-trabalho, já inquietavam os

pesquisadores em outros países, a exemplo dos Estados Unidos, onde surgiu o

campo de estudo denominado Sociologia do Lazer1.

Durante a ditadura do Estado Novo (décadas de 1930 e 1940), o Brasil viveu

um movimento legal-institucional que provocou mudanças significativas na

educação, assistência social e saúde. Foi um período de importante produção

legislativa, destacando-se a Constituição Federal de 1934, que fala pela 1ª vez de

tempo de não-trabalho, estabelecendo direitos e deveres do trabalhador. Nesta

Constituição são instituídos limites à jornada de trabalho, direito sobre descanso

semanal e férias anuais remuneradas. Conforme descrito no Título IV, “Da Ordem

Econômica e Social”, no Artigo 121, “A lei promoverá o amparo da produção e

estabelecerá as condições do trabalho, na cidade e nos campos, tendo em vista a

proteção social do trabalhador e os interesses econômicos do País” (BRASIL, 1934,

p. 30). Sendo assim, é instaurado, de acordo o que está descrito no parágrafo 1º

deste artigo:

[...] c) trabalho diário não excedente de oito horas, reduzíveis, mas só prorrogáveis nos casos previstos em lei; e) repouso hebdomadário, de preferência aos domingos; f) férias anuais remuneradas[...] (BRASIL, 1934, p.30).

1 Ciência caracterizada como uma manifestação do pensamento moderno. Seu surgimento ocorreu,

em parte, pelos abalos provocados em meio à desagregação social feudal e a consolidação da civilização capitalista da Revolução Industrial (MARTINS, 2012).

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Esses direitos são prescritos e assegurados no artigo 137, da Constituição de

1937, onde, também, é estipulado que o repouso semanal remunerado, a que o

funcionário terá direito, será gozado aos domingos e direito às férias ao final de um

ano de trabalho ininterrupto (BRASIL, 1937).

Ainda nesse momento histórico, da década de 1930, houve elaboração e

execução de políticas de atividades recreativas, que reunia as atividades culturais e

sociais, incluindo, principalmente, as práticas da educação física.

Em 1943, por meio do Decreto-Lei nº. 5452 foi promulgada a Consolidação

das Leis do Trabalho (CLT), recebida como um avanço nas relações, mediando

interesses individuais e coletivos. Trazia em sua pauta garantias de proteção ao

trabalhador dentro e fora de sua jornada de trabalho, conferindo-lhe um tempo

assegurado pecuniariamente e, com isso, prerrogativas para que pudesse aproveitar

melhor suas horas de não-trabalho.

A CLT garantiu aos trabalhadores uma série de benefícios, como carteira

assinada, 13º salário, FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), horas

extras, férias, dentre outros. Por outro lado, segundo Gomes et al (2009):

Essa legislação desencadeou um problema de caráter social a resolver, que associou o tempo livre assegurado em lei aos operários à necessidade de desenvolver propostas de recreação encarregadas de promover a racional e útil organização desse tempo de “não trabalho” (GOMES et al, 2009, p 43).

Outro documento de grande magnitude que remete à década de 1940 e

destaca o lazer, trata-se da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948).

Embora não tenha sido elaborado para gerar obrigatoriedade legal, trouxe condições

ao trabalhador de aspirar outras conquistas sociais, através dos direitos sancionados

e que estão presentes na legislação trabalhista da maioria dos países, como explica

Boullón (2004). O art. 24 desta Declaração traz o lazer inserido em sua pauta, ao

citar que “todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive à limitação

razoável das horas de trabalho e a férias periódicas remuneradas” (UNESCO-

BRASIL, 1998, p.5).

Essas mesmas garantias também são prescritas na Constituição de 1946, no

artigo 157, onde diz que todo trabalhador terá direito ao repouso semanal

remunerado, preferencialmente aos domingos e nos feriados civis e religiosos

(BRASIL, 1946).

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Nessa direção, destaca-se, em 1943, a criação do Serviço de Recreação

Operária (SRO) no Rio de Janeiro, pelo Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio

(MTIC), durante a gestão de Alexandre Marcondes Filho, um marco na difusão das

políticas de atividades recreativas que seriam implantadas em todos os setores do

país. O intuito era proporcionar momentos de recreação, nas horas vagas, ao

operariado e sua família. Segundo, Gomes (2003):

O SRO proporcionou novas oportunidades recreativas à população economicamente desfavorecida, muitas vezes privada de vivenciar experiências enriquecedoras e significativas, seja do ponto de vista social, ou cultural (GOMES, 2003, p. 257).

Idealizado por Arnaldo Lopes Sussekind2, este projeto representou uma forma

de promover a paz e a harmonia social, que faziam parte da proposta de Governo

desenvolvida por Getúlio Vargas. Cabe um parêntese para ressaltar que muitos

autores discutem sobre a real intenção do Governo Vargas em disponibilizar

recreação e lazer para as classes menos favorecidas, pois estes entendem que esta

ação, na verdade, foi uma forma de conter e atender o interesse desta população,

para que não se rebelassem (PEIXOTO, 2007).

O projeto conquistou também o interesse dos sindicatos, pois as atividades de

recreação organizadas por ele atendiam aos desejos dos órgãos sindicais, que

enxergavam na diversão uma forma de atrair o operariado para a mobilização

política (GOMES, 2003).

Também nessa época tem início a implantação do Sistema “S”3,através da

Confederação Nacional da Indústria e da Confederação Nacional do Comércio,

como proposta das classes empresariais ao Governo Federal para resolver o

problema da falta de estrutura da cidade para comportar o contingente advindo da

zona rural, reflexo das expansões industrial e comercial pós-guerra, que impactou

profundamente a vida econômica, social e política, vislumbrando a solução para os

2 Ministro do Trabalho no Governo do General Humberto de Alencar Castelo Branco (1964-1967).

Presidiu o Serviço de Recreação Operária (1943-1946) e com base no relatório entregue ao final deste, elaborou o texto intitulado: Trabalho e Recreação: fundamentos, organização e realizações do S.R.O (1946). Para alguns estudiosos, Sussekind era um intelectual que visava os interesses burgueses da ocasião, mas para outros, principalmente os do campo do lazer, sua contribuição teve grande valor histórico para a formação da classe operária no Brasil e para a história da indústria (PEIXOTO, 2007). 3 Composto por entidades classificadas como civis (SESI, SESC, SENAI, SENAC, SENAR), que têm

a finalidade estatutária de oferecer serviços de qualificação profissional, em sua maioria não gratuitos, capacitando mão-de-obra, principalmente, para a indústria, o comércio e a agricultura (GRAEF; SALGADO, ANTERO, 2012).

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problemas emergentes na ativa contribuição compulsória do empresariado, segundo

explica Requixa (1977).

Sobre essas entidades, no tocante ao lazer, Requixa (1977) ressalta:

Criados há trinta anos, iniciaram, entre outros, programas próprios de lazer para as classes trabalhadoras. Embora sem que se designasse expressamente a palavra "lazer", as entidades passaram a promovê-lo, criando recursos e equipando-os para tal prática (REQUIXA, 1977, p. 32).

O primeiro deles, o Serviço Social da Indústria (SESI), surgiu em julho de

1946, sendo idealizado para ser um instrumento de ação social e complementar a

atuação do Estado, servindo a todos os estados da federação. Em setembro de

1946, foi a vez do Serviço Social do Comércio (SESC), concebido em um período de

transição, após a vitória dos aliados na 2ª Guerra Mundial e a queda do Estado Novo

de Getúlio Vargas (1945) (PORTAL DA INDÚSTRIA, 2017).

Em 1950, o SESC inaugurou suas primeiras colônias de férias nas unidades

de Bertioga (litoral paulista) e Garanhuns (Pernambuco), iniciando sua expansão

pelos estados brasileiros, com Departamentos Regionais dispostos de infraestrutura

baseada na educação, cultura, recreação e saúde (PORTAL SESC, 2017).

Ainda na década de 1950, outra ação que repercutiu favoravelmente para o

lazer foi a constituição da Campanha de Ruas de Recreio na cidade de Porto Alegre

(RS), como uma forma de concretização dos direitos pleiteados pelos trabalhadores

e associações de classe como estratégia de um novo modelo, perfil político social,

promovendo atividades esportivas-recreativas em ruas e praças da cidade

Esse recorte histórico até a década de 1950 apresenta alguns avanços sobre

o direito e a oferta ao lazer, porém ainda incipientes. Não obstante, a temática

“lazer” foi considerada, durante várias décadas, como assunto de menor importância

e nem era reconhecido como um direito social.

A partir de 1960, esse quadro começou a mudar gradativamente, tendo o seu

maior impulso com os grupos de pesquisas de universidades que incluíram na

discussão diferentes áreas de conhecimento, destacando as iniciativas advindas das

Ciências Sociais, da Psicologia, da Educação Física e da Comunicação Social, que

trouxeram diferentes reflexões sobre a multidisciplinaridade do tema e tinham em

comum o entendimento de que o lazer é parte integrante da cultura (MELO, 2003).

Com isso, passou-se a vislumbrar as ruas de Recreio, de um evento esporádico,

para a disponibilização permanente de equipamentos em locais delimitados e de

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acesso e utilização pública, denominadas, então, Ruas de Lazer. Desde então,

foram introduzidas de tal forma que até hoje fazem parte do modelo de política de

lazer de vários municípios e estados brasileiros.

Nessa década, a Constituição promulgada, em 1967 e a Emenda

Constitucional de 1969, trazem uma pequena mudança em relação à instituição do

dia para repouso semanal, pois, diferentemente das Constituições anteriores, onde

este era sugerido para o domingo, nesta, não mais há essa sugestão, ficando assim

a critério do empregador. Quanto aos outros direitos que se associam ao lazer,

permaneceram os mesmos (BRASIL, 1967).

A década de 1970 foi especial para o debate sobre o lazer, pois a produção

científica acerca do tema emergiu com força. Aconteceu um aumento significativo do

desenvolvimento de pesquisas e projetos científicos na área do lazer com o intuito

de promover uma melhor compreensão do fenômeno em questão. Em 1973, relata

Melo (2001), houve a criação do 1º Centro de Estudos de Lazer e Recreação

(Celar), pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul em parceria com

o poder público municipal. O sociólogo francês Joffre Dumazedier ganhou destaque

no final da década de 1970, quando passou a orientar grupos de estudo e pesquisa

do Centro de Estudos do Lazer (Celazer), desenvolvidos no SESC-SP, de onde

saíram reflexões e estudos que ajudaram a concretizar projetos e ações

relacionados com o lazer no Brasil.

Na década de 1980, o lazer passou a ser visto como força econômica,

propagando-se como tempo-espaço para consumo de várias formas de

entretenimento produzidas e difundidas pela indústria cultural. Houve um aumento

na produção e consumo de bens culturais, a exemplo do aumento da produção da

indústria fonográfica e de peças teatrais, sobretudo após 1985 com o fim da Ditadura

Militar4 e as restrições socioculturais impostas por esse regime de governo, onde a

censura era um dos elementos mais marcantes e representava o despotismo

imposto sob o argumento de defesa do país contra o perigo comunista. Com isso, a

oferta e a geração de empregos em áreas específicas do lazer foram ampliadas.

4 Em março de 1964, os militares assumiram o poder por meio de um golpe e governaram o país nos

21 anos seguintes (1964-1985), instaurando um regime ditatorial. As causas que favoreceram o golpe militar são um somatório de vários acontecimentos políticos e sociais ao longo da história republicana brasileira. Dentre as suas consequências, destacam-se a restrição ao exercício da cidadania e a repressão, com violência, a todos os movimentos de oposição (LIMA, DIAS, AYRES, 2017).

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Em 1988, é instituída a Constituição que perdura até os dias atuais, e o lazer

aparece em seu artigo 6º, como um direito social e o repouso semanal remunerado

volta a ser sugerido aos domingos. Alguns benefícios continuaram os mesmos das

Constituições anteriores e para as férias anuais remuneradas ficou estipulado que

os trabalhadores recebessem, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal

(BRASIL, 1988).

Segundo Melo (2003), ocorreu também a dissociação do lazer à cultura e sua

junção linear ao esporte. De certo modo, essa mudança que parecia ser positiva, já

que receberiam recursos conjuntamente, acabou por trazer prejuízos, pois o lazer

passou a fazer parte das políticas públicas do esporte, um segmento considerado

por muitos gestores públicos, como de menor valor na escala de necessidades

humanas.

A década de 1990 despontou com a ascensão dos mercados do esporte e do

turismo como aposta de forte produto de negócios (MELO, 2003). Porém, foi

também uma época de elevação dos níveis de desemprego no país, limitando a

vivência do lazer pelos economicamente desfavorecidos, evidenciando-se um

seletivo mercado do lazer, onde poucos o acessavam em sua plenitude.

Pinto (2008) corrobora com esse pensamento, ao descrever que:

A década de 1990, no Brasil, pode ser caracterizada por duas tendências. A primeira é representada por uma série de reformas constitucionais que enfatizavam os instrumentos da democracia direta, dando oportunidade à participação cidadã na administração pública. A segunda, impelida pelo modelo econômico neoliberal adotado, instigou os governos a livrarem-se do investimento em obrigações públicas de proteção e na garantia eficaz nos direitos sociais. Nesse caso, há um claro esforço de transferência dos serviços sociais por parte do governo central, atribuindo às comunidades papel especial nessa condução (GRAU, 1998, p.87 apud PINTO, 2008).

Na segunda tendência, ou fase, conforme cita Pinto (2008) houve expressiva

participação da população nas tomadas de decisões, renovando as formas de

planejamento e promovendo mudanças na administração municipal. As entidades de

classes aprenderam a negociar propostas para construção de políticas capazes de

minimizar as desigualdades. Com isso, foram criadas várias leis que estabeleciam o

lazer como direito, por se tratar de um elemento indispensável para uma condição

de vida digna. A exemplo, a Lei Nº. 8069, de 13 de julho de 1990, que dispõe sobre

o Estatuto da Criança e do Adolescente, à qual expressa, no Art. 59:

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Os municípios, com apoio dos estados e da União, estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para programações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância e a juventude (BRASIL, 1990 apud PINTO, 2008).

Entre os anos de 2004 e 2006 foi criado o Sistema Nacional de Esporte e

Lazer buscando a interação de entidades, organizações sociais e instituições para

estabelecer condições para a prática de lazer em municípios, estados e União,

promovendo a inclusão social e democratizando o acesso de todos os cidadãos,

determinando como dever do Estado a manutenção desse direito (PINTO, 2008).

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CAPÍTULO 2 O LAZER EM DIFERENTES ESPAÇOS

O espaço é um elemento de suma importância para a democratização e

desenvolvimento do lazer, por isso deve ser pensado e planejado de forma a

atender às necessidades de todos os grupos participantes da sociedade.

No decorrer dos anos os espaços sofreram diversas transformações, tanto no

uso, quanto na disponibilização. Com o crescimento das grandes cidades estes

tiveram de ser replanejados para que atendesse a demanda por habitação, o que

evidenciou a divisão das classes sociais, visivelmente concentradas em bairros para

classe baixa, classe média, ou classe alta. Da mesma forma, houve perda de

espaços para a prática do lazer.

Vê-se que nos dias atuais, há uma tentativa de resgate desses espaços para

utilização pública, onde os indivíduos possam desfrutar da convivência e troca de

experiências, pois “espaços públicos bem planejados podem gerar igualdade social.

Onde o espaço público é inadequado, mal projetado ou privatizado, a cidade torna-

se cada vez mais segregada” (GUIA DO ESPAÇO PÚBLICO, 2016, p. 15).

O lazer representa uma válvula de escape que proporciona aos seus

participantes momentos de prazer e alegria, onde as atividades lúdicas e a vivência

com o novo são pontos principais. Por isso, o resgate e a constante manutenção dos

espaços públicos, representam fatores de suma importância na sociedade atual,

principalmente porque a cada dia mais a oferta do lazer aos cidadãos se apresenta

por meio da iniciativa privada, estabelecendo como condição para o seu acesso, o

poder de compra.

Nesse sentido, este capítulo analisa a correlação existente entre o lazer e o

espaço onde ele possa se desenvolver, seja este espaço de convívio público, como

ruas, praças, parques, ou particular, a exemplo, da própria residência do indivíduo.

Apresenta dados importantes acerca da contribuição dessa atividade para com o

turismo e aborda, também, a discussão sobre Ruas de Lazer.

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2.1 O Espaço Público Urbano e as Ruas de Lazer

Antes de adentrar na discussão sobre espaço público, torna-se essencial falar

sobre o espaço geográfico em si, sua formação, usos e características. Segundo

Santos (2006), o espaço é

[...] formado por um conjunto indissociável, solidário e também contraditório de sistemas de objetos e sistemas de ações, não considerado isoladamente, mas como o quadro único no qual a história se dá. No começo era a natureza selvagem, formada de objetos naturais, que ao longo da história vão sendo substituídos por objetos fabricados, objetos técnicos, mecanizados e, depois, cibernéticos, fazendo com que a natureza artificial tenda a funcionar como uma máquina (SANTOS, 2006, p. 39).

Assim, a noção de espaço corresponde a uma área concreta que abarca

extensões delimitadas e objetos existentes. Segundo Suertegaray (2003), este

espaço pode ser dividido em setores relacionados com a sua organização, são eles:

paisagem (econômico/cultural); território (político); lugar (a existência objetiva e

subjetiva); e o ambiente (transfiguração da natureza). Porém, a autora cita que isto é

apenas uma possibilidade de leitura do espaço geográfico, visto que o mesmo é

dinâmico e permite diferentes concepções.

Ainda para Santos (2006), a formação do espaço se dá através de objetos

técnicos, sendo estes o espaço trabalho, onde se incluí o processo produtivo e o

espaço distância, que se refere aos deslocamentos e a circulação.

O espaço se impõe através das condições que ele oferece para a produção, para a circulação, para a residência, para a comunicação, para o exercício da política, para o exercício das crenças, para o

lazer e como condição de “viver bem” (SANTOS, 2006, p. 34).

Nesta perspectiva, os objetos, as atividades e as relações sociais tendem a

modificar o espaço, fazendo com que ele perca, muitas vezes, a sua forma original.

É importante salientar também que apesar do espaço estar associado ao território,

existe uma diferença entre ambos. Santos (2006) diz que,

A configuração territorial é dada pelo conjunto formado pelos sistemas naturais existentes em um dado país ou numa dada área e pelos acréscimos que os homens superimpuseram a esses sistemas naturais. A configuração territorial não é o espaço, já que sua realidade vem de sua materialidade, enquanto o espaço reúne a materialidade e a vida que anima (SANTOS, 2006, p. 38).

Assim, um território é um espaço físico delimitado, que surge a partir do

espaço em si e das relações de poder existentes. O autor cita ainda que essa

configuração territorial se dá em: estradas, casas, plantações, depósitos, fábricas,

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portos, cidades, entre outras; todas criadas pelos homens e que modificaram e

modificam o espaço.

Já para Balastreri (2006),

Um espaço apropriado torna-se um território, expressão de poder, poder não somente do ponto de vista político, no sentido mais concreto de fundo dominial, mas expressando também poder no sentido mais simbólico, de apropriação por meio das representações sociais (BALASTRERI, 2006, p. 305).

Neste sentido, entende-se que o território abrange uma área que possui

características físicas e criações feitas pelos homens. É a transformação feita nos

cenários naturais, capaz de produzir modos de viver, de interagir, que estão

relacionados também com a construção dos valores sociais, políticos, econômicos e

culturais de um determinado local (LIMA; YASUI, 2014).

Quanto ao lazer e ao espaço, chama-se à atenção para a relação com o

espaço público urbano. É perceptível uma interlocução, mas que nem sempre se

materializa de forma harmônica. Gomes (2002) explica que o espaço urbano,

Trata-se, portanto, essencialmente de uma área onde se processa a mistura social. Diferentes segmentos, com diferentes expectativas e interesses, nutrem-se da co-presença, ultrapassando suas diversidades concretas e transcendendo o particularismo, em uma prática recorrente da civilidade e do diálogo (GOMES, 2002, p. 163).

Observa-se que esse espaço possui diversas funções, dentre elas a de

convivência entre pessoas diferentes, de circulação, de propagação de bem estar,

onde o indivíduo pode participar também, de atividades relacionadas ao lazer.

Em via de regra, esses espaços são administrados pelo poder público, que

deve organizá-los de maneira que supra a necessidade de segurança, moradia e

proporcionem qualidade de vida aos cidadãos. Porém, o que se observa hoje é a

perda de funcionalidade do espaço urbano. Veem-se as grandes cidades cada vez

mais urbanizadas, onde o verde deu lugar ao cinza do concreto, e os espaços para

utilização do lazer desapareceram ou foram privatizados.

Segundo Rolnik (2000),

Na verdade, o espaço público vai diminuindo ao ser capturado e privatizado, restando apenas e tão somente aquele necessário para a circulação de mercadorias humanas; esvazia-se a dimensão coletiva e o uso multifuncional do espaço público, da rua, do lugar de ficar, de encontro, de prazer, de lazer, de festa, de circo, de espetáculo, de venda (ROLNIK, 2000, p. 182).

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Os vínculos associativos entre migração e o processo de urbanização, que

têm suas raízes no início da colonização do Brasil e ocorreu tantas outras vezes, de

caráter temporário ou permanente, buscando crescimento econômico com suas

concepções arquitetônicas, nos permitem identificar a divisão das cidades trazida

consigo, ou seja, as camadas mais pobres foram se aglutinando na periferia e assim

afastadas dos serviços de lazer, que na maioria das vezes chega a essas áreas em

proporções desiguais, quando se comparam às opções de lazer ofertadas em

regiões mais nobres. Um exemplo disso é a cidade de São Paulo, onde os parques,

museus e teatros estão mais concentrados nessas áreas, acentuando,

significativamente as diferenças do acesso ao lazer entre as classes sociais.

O movimento natural da urbanização das grandes cidades segue um

crescimento desordenado, causado muitas vezes por uma falta de planejamento, ou

até mesmo por interesses econômicos, acarretando assim uma grande especulação

imobiliária em certos locais, onde espaços, antes públicos, são vendidos a preços

exorbitantes, levando estes à privatização e exclusão das camadas sociais menos

favorecidas financeiramente.

Segundo Carlos (2001) apud Bortolo (2015):

[...] algumas destas transformações que vem ocorrendo no que tange a produção destes novos espaços acabam por esvaziar o sentido tradicional do espaço público do lugar que possibilita os diferentes encontros, as relações sociais, acabando por negar também o improviso, o imprevisto, sua espontaneidade (CARLOS, 2001, apud BORTOLO, 2015, p. 57).

Segundo Marcellino (2006, p. 26) “nesse processo, cada vez menos

encontramos locais para os folguedos infantis, para o futebol de várzea, ou que

sirvam como pontos de encontro das comunidades locais”.

As ruas que antes serviam como ponto de encontro para conversas,

brincadeiras e divertimento, deu lugar a um cenário incomum, onde muitas vezes é

mais seguro „não estar‟. Antes se viam crianças e jovens brincando, passeando nas

ruas, hoje isso é visto com pouquíssima frequência. A violência dos dias atuais se

alastra rapidamente, fazendo com que os indivíduos cada vez mais prefiram se

esconder em suas casas protegidas com cerca elétrica, pois vivem sob “constante

ameaça” do perigo. O espaço, antes de prazer e lazer, transformou-se em um lugar

desconhecido.

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Esse fato só contribui para que as pessoas cada vez menos usufruam do

espaço urbano para o lazer, o que as leva a aproveitar menos o seu tempo livre,

visto que, na maioria das vezes, muitos não têm condições financeiras para realizar

uma viagem ou um passeio. Um custo que nas ruas e praças talvez não existisse.

Logo, torna-se necessário fazer a junção do tempo livre e do espaço livre para que

esses indivíduos aproveitem o lazer. Segundo Lima (2007),

Isso implica uma visão do desenvolvimento do lazer na qual o poder público e a comunidade devem construir coletivamente seu uso do tempo de lazer e onde são importantes as possibilidades oferecidas pelo poder público em forma de equipamento, bem como o agir comunitário e seu poder de gerir suas formas de organização no tempo livre (LIMA, 2007, p. 75).

A perda dos espaços de lazer, antes disponíveis para a comunidade, deve ser

considerada fator de preocupação para o poder público, pois, como já citado, é dele

a responsabilidade por ofertá-los e mantê-los. Porém, o que se vê muitas vezes é a

negligência em relação a essa oferta e a população não cobra com devida

rigorosidade, por falta de uma consciência dos seus direitos.

O despertar pelos seus direitos, pelos seus espaços de lazer e descontração

deve ser estimulado nos cidadãos. É preciso se divertir gratuitamente, com

liberdade, sem precisar bancar os espaços privados criados pelos “empresários do

lazer”.

Nesse sentido, uma das questões principais é resgatar a segurança nestes

espaços, para que se reestabeleça a confiança dos moradores. Outro ponto é a

disponibilização de equipamentos de lazer em todos os bairros, sejam eles praças,

parques, quadras esportivas, que incentivem o uso desses locais. Assim, deve-se

democratizar o lazer, torná-lo um bem de todos, e também o espaço, pois como cita

Marcellino (2006, p. 66) “[...] o espaço para o lazer é o espaço urbano. As cidades

são os grandes espaços e equipamentos de lazer”.

A falta dos equipamentos de lazer ou a sua disponibilização de forma privada,

nos espaços urbanos, causam um déficit na vida dos indivíduos, pois estes são

expostos a um tipo de lazer restrito. O espaço urbano/público tem de ser recuperado

e bem administrado, com vistas a promover qualidade de vida aos cidadãos, aliando

bem estar e segurança.

Nessa direção, distingue-se uma possibilidade de ocupação do espaço

público de forma a beneficiar a comunidade, por meio de “Ruas de Lazer”. Uma

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proposta, que se sustenta, na maioria das vezes, em um projeto social, de caráter

esporádico, com tempo de duração e espaço de utilização delimitados, objetivando

proporcionar momentos de lazer através da interação entre os participantes.

Materializam-se através de eventos realizados por ONG‟s, iniciativa privada e

entidades governamentais, com o objetivo de levar diversão às pessoas das

comunidades locais, e aos que, eventualmente, tenham acesso.

Os projetos sociais, locus das “Ruas de Lazer”, tem como finalidade

proporcionar benefícios a um determinado grupo social oferecendo a estes a

oportunidade de vivenciar atividades que não são comuns no meio onde vivem.

Cabe salientar também que essas ruas servem como palco para arte ao ar livre e

para a cultura, atraindo assim pessoas e as estimulando a permanecerem mais

tempo no lugar. O foco principal é alterar as condições de vida da população-alvo, a

fim de democratizar um determinado espaço promovendo bem estar para todos

(COUTO; COUTO, 2011). Divide opinião da maioria que não faz uso de suas

benesses, no tocante à sua eficácia, mas representa um “eufemismo” frente à

realidade vivida pelos assistidos.

Em um recorte histórico, pode-se citar Porto Alegre (RS), como uma das

cidades pioneiras na adoção das ruas de lazer no Brasil, já que, em 1926, essas

ruas já ganhavam destaque na localidade. Sob a orientação de Frederico Gaelzer, o

serviço de recreação municipal estabelecia a criação dos Jardins de Recreio,

iniciando a trajetória do lazer nos contextos histórico e social. Gomes (2003) destaca

que seguindo esse modelo, foi implantado na década de 1950 o Serviço de

Recreação Pública- (SRP), com a proposta de ofertar recreação em locais públicos,

tornando o Rio Grande do Sul um precursor em estimular, coordenar, orientar e

dirigir as atividades de lazer voltadas para a população.

Esse modelo de gestão se difundiu, se espalhando por outros estados

brasileiros. Anos depois, uma experiência que também merece ser destacada

aconteceu na cidade de Belo Horizonte, onde a ideia era a de levar à comunidade

uma modalidade de recreação e lazer, integrando as pessoas participantes de forma

lúdica. Sobre Ruas de Lazer, o Programa Recrear diz que,

É um evento que utiliza espaços adaptados para o encontro e convívio de pessoas e grupos, para exercício de expressividade, criatividade e a vivência de atividades de diferentes conteúdos do Lazer buscando a melhoria da qualidade de vida e o desenvolvimento pessoal e social dos sujeitos envolvidos. A Rua de lazer busca integrar pessoas de todas as idades, sem distinção de

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raça, sexo, classe social e de pessoas portadoras de deficiência (PBH, 2002, p. 4).

É pertinente lembrar que o projeto de Ruas de Lazer precisa da cooperação

da comunidade em parceria com as iniciativas pública e privada, assim como precisa

seguir parâmetros estabelecidos por uma política de lazer. De acordo com Dias

(2001), são necessários:

Respeito e incentivo às manifestações culturais espontâneas da população; trabalho conjunto com a comunidade buscando sua autonomia e respeitando-a; trabalho conjunto com o setor privado sem abrir mão da participação do processo decisório; trabalhar na perspectiva de regiões metropolitanas-consórcio; trabalhar com o Estado, sem com isso contribuir para perpetuá-lo ou mesmo utilizar de modelos fixados a priori, acreditando sempre na possibilidade da construção conjunta de novos modelos (DIAS, 2001, p.17).

A implantação de um projeto de lazer requer uma análise mais sistemática

sobre os ideais da comunidade que será escolhida mediante pesquisa. Constará de

atividades de recreação variadas, apresentações artísticas, oficinas, de forma não-

assistencialista, com a perspectiva de que tenham reflexos sociais, significativos e

permanentes, na vida das pessoas.

Cita-se como um exemplo dessa categoria o projeto denominado “Ruas de

Lazer”, que acontece na cidade de São Paulo, que da mesma forma que o Programa

Recrear, também tem por objetivo levar diversão e recreação para a população das

comunidades. Promovido pela Secretaria de Esportes do Município, teve início na

década de 1970 e basicamente possuía a mesma roupagem de hoje. Naquela época,

as vias e praças eram fechadas com cavaletes aos domingos, dando assim espaço

para as crianças e adolescentes brincarem de skate, bicicleta, bola, entre outros.

Eram também disponibilizados aos moradores materiais como, travas para partidas

de futebol e redes para prática de vôlei. Já a organização das atividades ficava a

cargo das associações de moradores. As ruas de lazer representaram um grande

avanço na época e tornaram-se uma opção de divertimento para muitos paulistanos

(SÃO PAULO SÃO, 2015).

Em 1977, a cidade contava com cerca de 80 Ruas de Lazer distribuídas por

toda região, porém em meados de 1980 a iniciativa perdeu fôlego. Isso aconteceu

porque diminuiu a participação das associações de moradores na organização do

processo, e muitos residentes se mostravam irritados, pois precisavam acordar cedo

para retirarem seus carros da rua (SÃO PAULO SÃO, 2015).

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Poucas foram as ruas que sobreviveram. Mas, mesmo sem incentivo, elas

continuaram e somente no ano de 2014 o prefeito em exercício Fernando Haddad (à

época do Partido dos trabalhadores - PT), publicou no Diário Oficial da Cidade um

decreto que reformularia e reativaria a iniciativa. Novas regras foram impostas e uma

pesquisa foi realizada para saber se todas as ruas cadastradas estavam sendo

usadas de forma correta.

Sobre essas regras para Ruas de Lazer na cidade de São Paulo, destaca-se

que se deve ter aprovação de ao menos 80% dos moradores e não podem ser

fechadas ruas que tenham hospitais, igrejas, corpo de bombeiros, comércios e

grande fluxo de trânsito. Fora essas restrições, os procedimentos são simples:

procura-se a prefeitura, são colhidas as assinaturas e implantada a interdição, que

deverá funcionar aos domingos e feriados, das 10h às 16h. Dentre as atividades

realizadas estão jogos, brincadeiras, gincanas, entre outros (SPRESSO-SP, 2014).

Além dos aspectos citados na experiência das Ruas de Lazer de São Paulo,

observa-se que, para o sucesso das propostas dessa natureza, é indispensável

identificar as necessidades dos moradores sobre o lazer, como vivem as crianças do

bairro, conhecer a legislação disponível e, assim, planejar e implementar as ações

para que se tenha um projeto efetivo e assim direcionar esforços para se alcançar os

resultados almejados em prol da qualidade de vida dos envolvidos.

Para que melhor se entenda o processo de criação de uma Rua de Lazer,

seguem no Quadro 1, os principais passos a serem cumpridos.

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Quadro 1: Diretrizes para a criação de uma Rua de Lazer

Primeiros Passos

Se a cidade não possui legislação sobre Ruas de Lazer, deve-se encaminhar a ideia a um vereador que aceite a proposta e a apresente como projeto de Lei na Câmara.

Se a cidade já possui legislação para as Ruas de Lazer, o primeiro passo é criar um conselho de Rua.

Deve-se informar a população sobre os benefícios das Ruas e esclarecer eventuais dúvidas.

E é preciso fazer um abaixo-assinado com, no mínimo, 2/3 de assinaturas dos moradores.

Atividades Propostas

Jogos (futebol, vôlei, queimada, etc);

Brincadeiras (amarelinha, pique-esconde, corda, etc);

Gincanas (corrida de saco, cabra-cega, etc).

Organização A interdição da rua é feita pelo órgão fiscalizador de trânsito da cidade.

As atividades são organizadas pelas associações de moradores e pelos componentes do conselho de rua.

Fonte: Elaborado pelas autoras, com base em pesquisas realizadas em matérias de sites5, sobre

Ruas de Lazer no Brasil.

Este quadro, baseado numa pesquisa feita sobre a realização do projeto Ruas

de Lazer em algumas capitais brasileiras, demonstra que todos se baseiam no

mesmo viés, em que a participação da população e a colaboração do poder público

são indispensáveis.

Na pesquisa realizada, foi encontrado um modelo de decreto e de carta que

foi utilizado na cidade de São Paulo para que o projeto fosse aprovado tanto pelos

moradores, quanto pelas autoridades responsáveis. Cabe ressaltar que os mesmos

podem ser incorporados por qualquer Município ou Estado. Nos anexos I e II

seguem esses modelos.

O anexo I trata do modelo de decreto para solicitação de liberação, junto à

prefeitura e aos órgãos competentes que são responsáveis pelo movimento do

tráfego em vias públicas, de espaço delimitado na rua para realização de Rua de

Lazer e condições para que haja a permissão.

Disponibilizada no anexo II, o modelo de carta para ser enviada aos

moradores do perímetro escolhido para realização do projeto, descreve o intuito e

5 “Ruas de Lazer”; nos anos 70, brincadeira era na rua e aos domingos. Disponível em:

<http://saopaulosao.com.br/nossos-encontros/742-ruas-de-lazer-nos-anos-70,-brincadeira-era-na-rua-e-aos-domingos.html>.Acesso em: 29 de set. 2017. Quer fechar sua rua para lazer? Disponível em: http://spressosp.com.br/2014/11/13/quer-fechar-sua-rua-para-lazer/>.Acesso em: 29 de set. 2017. Prioridade absoluta. Ruas de lazer. Disponível em: <http://prioridadeabsoluta.org.br/mobilizacao/ruas-de-lazer/>. Acesso em: 29 de set. 2017.

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benefícios provenientes do resgate dessa prática de utilizar a rua como palco para

brincadeiras e encontro entre amigos.

Todos estes instrumentos servem de apoio para que os municípios que ainda

não possuem legislação sobre Ruas de Lazer, possam utilizá-los para tal. Cabe a

cada um adequá-los de acordo com as regras dos órgãos legítimos em seu estado.

Em relação às características e a estrutura das ruas que podem se tornar de

lazer, citam-se algumas regras, como por exemplo, o trânsito de veículos na via tem

de ser de baixa intensidade; nela não pode haver templos religiosos, prontos-

socorros, hospitais, cemitérios, linhas regulares de ônibus, estacionamentos

coletivos, pontos de táxi, feiras livres, estabelecimentos de alimentação de qualquer

natureza e ou qualquer outro tipo de comércio. As ruas devem ser fechadas com

materiais de sinalizações móveis, nos horários e dias pré-estabelecidos mediante a

legislação determinada pelo município. Durante esse período é proibido que veículos

automotores emitam ruídos sonoros provenientes de aparelhos de som instalados

(PREFEITURA DE SÃO PAULO, 2014).

Outra questão diz respeito à distância, pois não se pode ter duas ruas de

lazer a menos de dois quilômetros uma da outra.

No que se refere às atividades a serem realizadas, cabe ao Conselho de Rua,

grupo este formado por 10 (dez) moradores, desenvolvê-las e orientá-las. Eles

também devem gerenciar a área e preservar os equipamentos disponibilizados para

as atividades recreativas. Quanto aos tipos de atividades propostas na rua, podem

ser brincadeiras, gincanas, jogos e também oficinas (PREFEITURA DE SÃO PAULO,

2014). Sobre os custos, registra-se que ficam a cargo das entidades públicas e dos

patrocinadores do projeto.

2.2. Lazer no Espaço Turístico

Uma área em que o lazer é percebido como um diferencial é o turismo. Um

fenômeno que se configura nas viagens invocadas pela necessidade do homem de

viver condições diferentes do habitual, fora dos seus locais de trabalho e moradia,

para consumirem bens e serviços, estabelecendo uma ruptura desse cotidiano em

busca do prazer contido em novas experiências e olhares sobre cenários diferentes

do que lhe é comum. O turismo permite que os sentidos humanos se abram para um

conjunto de estímulos que contrastem com a sua realidade (URRY, 2001).

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Essa busca por situações diferentes transforma-se num motivo propulsor do

turismo, definindo o destino a ser visitado.

No que se refere ao conceito de turismo, muitas são as definições dadas, o

que faz com que a discussão sobre o mesmo seja ampla. O conceito mais

importante e válido para o seu estudo, sem dúvida é o da Organização Mundial do

Turismo – OMT:

O turismo compreende as atividades que realizam as pessoas durante suas viagens e estadas a lugares diferentes a seu entorno habitual, por um período consecutivo inferior a um ano, com a finalidade de lazer, negócios ou outras (OMT, 2001, p. 38).

Para De La Torre (1992):

O turismo é um fenômeno social que consiste no deslocamento voluntário e temporário de indivíduos ou grupos de pessoas que, fundamentalmente por motivos de recreação, descanso, cultura ou saúde, saem do seu local de residência habitual para outro, no qual não exercem nenhuma atividade lucrativa nem remunerada, gerando múltiplas inter-relações de importância social, econômica e cultural (DE LA TORRE, 1992, p. 19).

Outro conceito é o de Lundberg (1974), que salienta que,

O turismo é a atividade de transporte, cuidado, alimentação e entretenimento do turista; tem um grande componente econômico, mas suas implicações sociais são bem mais profundas. Estimula o interesse no passado, na arquitetura e na arte (LUNDBERG, 1974, p. 25).

Vê-se nos conceitos apresentados que é necessário uma série de elementos

para se compor o turismo. Estes são representados pelos serviços de apoio e

infraestrutura que se subdividem em: meios de hospedagem, alimentação,

transporte, sinalização turística, vias de acesso, entre outros. Todos estes são de

suma importância e devem trabalhar em conjunto, pois quando há falta de um, a

atividade corre o risco de ser mal efetuada. Do mesmo modo, os atrativos naturais e

culturais funcionam como impulsor de demanda para tal localidade e expõem a

vocação das mesmas para o tipo de turismo a ser empregado. Todos esses

componentes, por sua vez, formam a oferta turística (BOULLÓN, 2002).

Os atrativos naturais e culturais atuam como elementos de captação de

demanda para as localidades.

Desse modo, podemos deduzir que a atividade turística somente se desenvolve se existem certos elementos que atuam como atrativos para as pessoas que se deslocam do lugar de sua residência habitual e permanecem fora dele (DIAS, 2008, p.57).

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Dentre os atrativos naturais, Dias (2008), enumera: vegetação, paisagem,

praias, florestas e etc. Esses atrativos, conjugados ou não, dão forma ao segmento

de turismo de “sol e praia”, um dos principais na cadeia turística. Os atrativos

culturais classificam-se em museus, manifestações da cultura local, eventos

folclóricos, dentre outros.

Além dos elementos da oferta turística apresentados, salienta-se que é

necessário que o destino tenha a facilidade de promover ao turista o maior número

possível de atividades de entretenimento para que, ao final da viagem, este tenha a

sensação de que fez um bom investimento de suas economias na busca pelo bem-

estar por prazer. Boullón (2004) analisa essas atividades turísticas e recreativas,

classificando-as em três variáveis para facilitar o planejamento, que são: Espécie de

atividade; Natureza da atividade e Estrutura da atividade.

A variável “Espécie de Atividade” ordena as diferentes classes, levando em

consideração as características de cada atividade e como o turista pode praticá-las.

O autor subdivide-a em cinco categorias, que são: 1) Diversão – compreende toda a

gama de atividades que um turista recreacionista pode desenvolver numa

localidade, como passeios, excursões, ou até mesmo a ida a uma boate; 2) Visitas

culturais – Identificadas como atividades desenvolvidas em museus, ruínas

arqueológicas, igrejas, feiras e mercados municipais, além de outras; 3) Visitas a

sítios naturais – Estas utilizam as diferentes manifestações da natureza como ponto

principal, promovendo observação e desfrute de rios, praias, grutas, cavernas,

parques nacionais, dentre outros; 4) Atividades esportivas – Esta categoria dispõe

de atividades como golfe, remo, natação, esqui aquático, vela e caça e pesca

esportivas; 5) Participação em eventos programados – Compreende espetáculos de

luz e som, exposições, festivais, partidas de futebol, congressos, seminários

(BOULLÓN, 2004).

A variável “Natureza da Atividade” tem como objeto o indivíduo partícipe,

analisando seu comportamento ou atitude durante a prática de determinada

atividade ou visita a atrações. Investiga a atuação, se passiva ou ativa, as formas de

realização, se individualmente ou em grupo, se produz concentração. Informações

que podem definir os tipos de atividades recreativas ofertadas com base no nível

socioeconômico, na forma de turismo (social, interno ou receptivo) ou pelo volume

de concorrência (massivo ou seletivo).

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No tocante a terceira variável “Estrutura da Atividade”, o autor aponta a

intensidade e a distribuição do espaço como fatores importantes para sua análise. A

intensidade averigua sua importância de acordo com os turistas que a praticam e

sua duração (dias do ano, melhores horas e dias em que chegam à sua máxima

expressão). O fator, distribuição do espaço, analisa as formas de ocupação no

território por cada atividade, facilitando a distribuição do conjunto das atividades

integrantes do programa, verificando a possibilidade de se desenvolverem em

conjunto, ou se cada uma, ou alguma delas, precisam de um espaço individual por

ser incompatível com as demais (BOULLÓN, 2004).

Com relação a outro componente da oferta turística, a infraestrutura diz

respeito a todos os equipamentos que oferecem suporte e atendem às necessidades

da população em geral. Não se classifica apenas em estradas sinalizadas e

asfaltadas, mas também no conjunto de sistemas de transportes, além de bons

meios de comunicação, e saneamento (BOULLÓN, 2002).

Com vistas a compreender sua classificação, destacam-se duas subdivisões.

A primeira refere-se à infraestrutura básica que, segundo Lohmann e Panosso Neto

(2008),

Abarca todos os equipamentos que servem não só às necessidades dos residentes, mas também dos turistas, não importando se a sua construção foi responsabilidade do poder público ou da iniciativa privada, ou se ambos desenvolveram juntos o projeto (LOHMANN; PANOSSO NETO, 2008, p. 381).

A infraestrutura turística ou específica, segundo a Embratur

É o conjunto de obras e instalações de estrutura física da base, que cria condições para o desenvolvimento de uma unidade turística, tais como sistema de transportes, de comunicações, serviços urbanos (água, luz, esgoto, limpeza pública) etc (BRASIL, 1984, p. 8).

Mesmo que sejam compreendidos como serviços específicos voltados para o

turista, não impede que os residentes também usufruam deles. E, embora sejam

entendidos como básicos esse conjunto de sistemas e serviços de infraestrutura são

de suma importância e não podem faltar em nenhum lugar, pois contemplam a todos

e contribuem para o desenvolvimento do turismo. A falta de saneamento básico, de

transporte, de saúde, afeta tanto os residentes quanto os turistas, pois todos, de

uma forma ou de outra, são dependentes deles. Observa-se que, em alguns locais

turísticos onde existe essa carência, a comunidade acaba criando uma certa repulsa

em relação aos turistas, pois acham que estes, de certa forma, são „invasores‟,

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superlotam o seu espaço e usufruem dos seus serviços. Nesse sentido, vê-se que a

infraestrutura é fator de suma importância para o correto funcionamento das

localidades e deve suprir as necessidades e anseios de todos.

Considerado um dos principais instrumentos de desenvolvimento econômico,

os transportes fazem parte dessa cadeia, sobretudo na atividade turística, uma vez

que sem deslocamento não há turismo. Já em relação ao espaço destinado ao

turismo, sabe-se que este é de elevada importância para o seu desenvolvimento.

A vinculação entre turismo e espaço urbano é bastante forte, isso porque ao exigir equipamentos e áreas diferenciadas o primeiro acarreta consequências no urbano e é por este influenciado (PAIVA, 1995, p. 68).

Este espaço deve conter todos os equipamentos e atrativos necessários para

atrair e acomodar a demanda. Porém, a população local também deve usufruir e ser

participante de todas as atividades realizadas em seu habitat.

Para tal, torna-se imprescindível que o poder público formule medidas de

políticas públicas urbanas, voltadas para o turismo, a fim de planejar os espaços,

estabelecer suas funções e estimular suas vocações. As cidades deveriam ofertar

estrutura de serviços recreativos que correspondesse, proporcionalmente, ao tempo

livre disponível da sua população. Mas isso não condiz com a realidade. Sobretudo,

nos países subdesenvolvidos, há uma tendência a destinar os equipamentos de

lazer e recreação aos usuários do turismo, refletindo em uma ausência de serviços

populares e sociais. O problema da falta de instalações públicas ao ar livre aumenta

à medida que as cidades diminuem de tamanho, cedendo espaço ao crescimento

vertical.

A corroborar, Boullón (2004) explica que,

Contudo, ao comparar a capacidade das áreas recreativas com o total da população a que devem servir, constata-se que, em muitas capitais bem providas, isso não supera 10% ou 15% das necessidades. Por que isso acontece se é sempre um bom negócio instalar um cinema, uma discoteca ou um restaurante? A resposta é: se a demanda teórica compreende os 100% da população de uma cidade, a real limita-se aos que podem pagar esses serviços, os quais normalmente não superam 50% da população que, a cada fim de semana, reduz-se aos mencionados 10% ou 15%, pois o restante fica em casa ou, quando sai, não consome serviços pagos (BOULLÓN, 2004, p. 72)

Esse cenário faz crescer a sensação de que se deve morar em um lugar e

divertir-se para além deste lugar, levando a população a acostumar-se a viver na

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localidade onde está sua fonte de subsistência e usufruir do lazer, vez por outra em

seu local de moradia, ou quando houver condições, através de uma viagem.

Krippendorf (2009) expõe seu ponto de vista a respeito desse ciclo de reconstituição

do ser humano, trabalho-moradia-lazer-viagem, onde:

O ponto de partida é o homem e as esferas da sua existência -trabalho, moradia e lazer-, que representam seu universo cotidiano. Uma parte do lazer desenvolve-se no âmbito das viagens: o universo do cotidiano abre-se para o exterior. Essa evasão é marcada por influências, motivações e esperanças específicas. O destino das viagens constitui-se o outro polo, o anticotidiano (KRIPPENDORF, 2009, p. 22-24).

É essencial que se estabeleça uma hierarquia de objetivos, onde sejam

priorizados e conciliados os interesses dos turistas e da população local no mesmo

nível. Busca-se, assim, não somente o lucro advindo da atividade turística, mas

previsões otimistas para que os autóctones possam desfrutar do lazer que a cidade

oferece, enquanto cidadãos.

Da mesma maneira, ao vivenciar o lazer com frequência, o cidadão se imbui

dessa necessidade em sua vida e, certamente irá buscar formas diversificadas de

praticá-lo, o que pode levá-lo a deslocar-se do seu bairro e sua cidade, em viagens

que se configuram como turísticas.

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CAPÍTULO 3 PERCURSO METODOLÓGICO

A metodologia adotada para um trabalho de pesquisa permite ao pesquisador

ter clareza do processo de criação e das etapas de desenvolvimento necessárias ao

seu projeto. É uma parte fundamental para o trabalho, pois atua como ferramenta

norteadora que auxilia na sua concretização. Deve ser explicativa e conter as

classificações de pesquisa na qual o mesmo se fundamentará.

Nas pesquisas na área de Ciências Sociais Aplicadas o foco é estudar a

existência do homem e as características de suas relações. Nesse sentido, Villas

Boas (2007) argumenta que a pesquisa busca conhecer as condições sociais,

econômicas, históricas e políticas da sociedade em questão.

3.1 Tipo e Delineamento da Pesquisa

Conforme os objetivos propostos distingue-se esta pesquisa como

exploratória, pois “procura aprimorar ideias ou descobrir intuições. Caracteriza-se

por possuir um planejamento flexível envolvendo em geral levantamento

bibliográfico, entrevistas com pessoas experientes e análise de exemplos similares”

(DENCKER, 1998, p. 124).

O objetivo da pesquisa exploratória é se familiarizar com o tema proposto

através da busca de todas as informações que se relacionam com ele. A sua técnica

de coleta de dados se dá a partir de uma leitura detalhada sobre o local e também

de entrevista com os sujeitos envolvidos diretamente com o tema estudado. Gil

(2008, p. 27) argumenta que “o produto final deste processo passa a ser um

problema mais esclarecido, passível de investigação mediante procedimentos mais

sistematizados”.

Com base no que citam os autores, foram feitas pesquisas bibliográficas

sobre o tema, que contribuíram para que houvesse uma maior compreensão sobre o

campo de pesquisa escolhido. Sendo assim, utilizou-se para sua composição, de

livros, periódicos e matérias acerca do tema, publicadas em sites. Este tipo de

pesquisa tem como objetivo ajudar na compreensão do tema proposto, através da

consulta a vários autores. É uma espécie de revisão da literatura existente, que

conforme elucida Severino (2007, p. 122), “utiliza-se de dados ou de categorias

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teóricas já trabalhadas por outros pesquisadores e devidamente registrados. Os

textos tornam-se fontes dos temas a serem pesquisados”.

Através desta pesquisa, foi possível obter base teórica para fundamentar o

trabalho e auxiliar na construção do projeto proposto. Com os levantamentos feitos

em livros, periódicos e sites, pôde-se compreender o vasto campo do lazer e como

este, se ofertado corretamente, tem o poder de promover a inclusão e o bem estar

social.

Logo, a partir das proposições da pesquisa exploratória, consoante

bibliográfica, utilizou-se, também, exemplos de alguns locais que desenvolvem o

projeto Ruas de Lazer, como São Paulo, Belo Horizonte, a fim de entender o

processo de criação da rua, quais são suas características e, por fim, as diretrizes a

serem seguidas para implantação da mesma.

Do mesmo modo, foram realizadas entrevistas com alguns Grupos Sociais do

Conjunto Augusto Franco, com o intuito de entender a dinâmica do local, a

comunidade em si e como se dá a relação destes.

Ratificando a importância da pesquisa exploratória, Zikmund (2000) apud

Oliveira (2011), esclarece que:

Os estudos exploratórios, geralmente, são úteis para diagnosticar novas ideias. Esses trabalhos são conduzidos durante o estágio inicial de um processo de pesquisa mais amplo, em que se procura esclarecer e definir a natureza de um problema e gerar mais informações que possam ser adquiridas para a realização de futuras pesquisas conclusivas (ZIKMUND, 2000 apud OLIVEIRA, 2011, p. 39).

Quanto ao seu delineamento, a origem dos dados observados e adquiridos no

Conjunto Augusto Franco, bairro Farolândia, em Aracaju – SE, local de realização da

pesquisa, qualifica esta investigação como um estudo de caso.

Trata-se de um procedimento metodológico que visa compreender um

fenômeno através de um estudo aprofundado sobre suas causas. A partir da busca

por provas teóricas e de observação direta, pretende-se chegar a uma solução ou

formulação de uma nova teoria. Para Yin (2005, p. 32) “o estudo de caso é uma

investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu

contexto da vida real”.

Assim, o estudo de caso permite que haja uma maior descrição dos fatos

abordados, pois possibilita que o pesquisador interaja de forma direta com o objeto

pesquisado (FREITAS; JABBOUR; 2011). Nesse sentido, elegeu-se como objeto de

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observação o Conjunto Residencial Augusto Franco, a fim de se entender as

relações sociais que lá se estabelecem para assim propor uma nova forma de se

construir o lazer.

3.2 Campo de Pesquisa: O Conjunto Residencial Augusto Franco

Objeto e campo deste estudo, o Conjunto Augusto Franco está localizado no

município de Aracaju- SE, especificamente no bairro Farolândia. Foi fundado em

1982, numa área de aproximadamente 200 mil m², no período em que a cidade

passava por um momento de modernização, onde vias e acessos foram construídos

permitindo que novos bairros fossem criados. Tornou-se um dos maiores Conjuntos

da capital de Sergipe (JORNAL DA CIDADE, 2012).

Carvalho (2013) explica que no início da década de 1990, teve um impulso em

seu desenvolvimento após a implantação do Campus da Universidade Tiradentes

(UNIT), a maior universidade privada de Sergipe, resultando assim na melhoria da

infraestrutura local e acesso. Com isso, foram construídos edifícios para comportar

os estudantes vindos de cidades do interior, assim como também de programas

habitacionais, ocasionando a valorização da área.

Em contrapartida, Carvalho (2013) cita que:

Como consequência, neste bairro convivem: uma população de classe média, que ocupa os conjuntos habitacionais (atualmente, grande parte das pessoas que moram nesses conjuntos não é a mesma que se pretendia atender com a política de atendimento ao déficit habitacional); uma população paupérrima atraída pela construção dos conjuntos habitacionais, que invadiu as áreas remanescentes; uma classe alta que adquiriu grandes terrenos nesta área acreditando na elitização da região; uma grande instituição de ensino e novos empreendimentos, que atendem a demanda de ocupação desta área (CARVALHO, 2013, p. 100).

O cenário apresentado atualmente pelo bairro Farolândia, e o seu grande

Conjunto Augusto Franco, é de um local com múltiplas possibilidades, onde

convivem pessoas de várias classes econômicas e de diferentes perspectivas

sociais.

Com uma população estimada em mais de 70 mil habitantes no ano de 2012,

o local foi um dos que mais se desenvolveu na cidade, segundo a visão dos seus

moradores. Com o passar dos anos, muitas mudanças foram percebidas, desde a

configuração das casas, até ruas e asfaltos (F5 NEWS, 2012).

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O conjunto dispõe de uma gama variada de comércios e também de alguns

espaços públicos distribuídos em grandes praças, porém existe a questão da

concentração desses espaços em locais que beneficiam somente quem reside mais

próximo a eles, como dito por alguns dos entrevistados na pesquisa. Assim, esses

espaços acabam sendo atraentes apenas para uma parcela da população,

descaracterizando o seu real sentido. E é partindo desse viés, que o presente

trabalho sugere a rua de lazer.

3.3 Abordagem Metodológica

De acordo com a sua natureza, trata-se de uma pesquisa qualitativa, que se

define pelo levantamento de dados sobre o objeto ao qual se pesquisa, a fim de

entender as motivações dos indivíduos para utilizá-lo.

Segundo Dencker (1998, p. 106) “nos projetos de pesquisa qualitativa

deverão constar todas as informações que puderem ser antecipadas”. Dessa forma,

permite-se aprofundar todo o conhecimento sobre o objeto a ser pesquisado no

intuito de um melhor aproveitamento do mesmo.

Para Richardson (1999),

A pesquisa qualitativa pode ser caracterizada como a tentativa de uma compreensão detalhada dos significados e características situacionais apresentadas pelos entrevistados, em lugar da produção de medidas quantitativas de características ou comportamentos

(RICHARDSON, 1999 p. 90).

Já para Gerhardt e Silveira (2009, p. 32), “A pesquisa qualitativa preocupa-se,

portanto, com aspectos da realidade que não podem ser quantificados, centrando-se

na compreensão e explicação da dinâmica das relações sociais”. Em relação às

características desta pesquisa, o autor destaca: objetivação dos fenômenos e o

respeito ao caráter interativo entre os objetivos almejados; orientações teóricas

adotadas e seus dados empíricos; busca criteriosa de resultados, tendo em vista

que sejam os mais fidedignos possíveis.

Nesse tipo de pesquisa, as entrevistas são semiestruturadas, flexíveis e

abertas, visando sempre uma interação entre o pesquisador e o entrevistado. A sua

técnica de coleta de dados visa explorar o ambiente a ser estudado, descrever a sua

comunidade, compreender os seus processos, identificar os seus problemas e

generalizar hipóteses para futuros estudos (LAKATOS; MARCONI, 2010).

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Considerando o que os autores citam em relação à pesquisa qualitativa, vê-se

que a forma de coleta de dados deste trabalho, baseando-se em entrevistas com

perguntas abertas, possibilitou o diálogo entre entrevistador e entrevistado e pôde-

se compreender melhor a comunidade, o que favoreceu que os participantes da

pesquisa atribuíssem um grau de confiabilidade à mesma.

3.4 Sujeitos da Pesquisa e Instrumentos Utilizados para Obtenção de Dados

O critério de escolha dos sujeitos da pesquisa é decisivo em um estudo de

caso de abordagem metodológica qualitativa. Triviños (2013, p. 132) argumenta que

a pesquisa qualitativa não prioriza a quantificação da amostragem nem a

aleatoriedade. Decide pela escolha do tamanho da amostra e considera dados do

tipo: “sujeitos que sejam essenciais, segundo o ponto de vista do investigador, para

o esclarecimento do assunto em foco; facilidade para se encontrar com as pessoas;

tempo dos indivíduos para as entrevistas, etc”.

Partindo-se deste princípio, foram selecionados para participar desta pesquisa

algumas organizações sociais do Conjunto Augusto Franco, tendo em vista que

estas conhecem as fragilidades e expectativas da comunidade local e são

representantes legítimos da população.

Cabe esclarecer que, neste caso, uma organização social é uma instituição

onde pessoas com interesses e valores comuns reúnem-se buscando representação

na ideia da unicidade. A coletividade dá a voz e promove a ação de sujeitos

individuais que visam a constituição de uma comunidade de interesses baseada na

defesa de direitos sociais iguais. Nesse sentido, Blau e Scott (1970) salientam que,

Uma rede de relações sociais transforma um agregado de indivíduos em um grupo (ou um agregado de grupos em uma estrutura social mais ampla), e o grupo é mais do que a soma dos indivíduos que o compõem (BLAU e SCOTT, 1970, p. 15).

Assim, foi feito um levantamento das organizações sociais do Conjunto por

meio de visita in loco e contatos com lideranças locais e se chegou a um número de

06 organizações.

Após agendamento prévio com os seus representantes, partiu-se então para

uma entrevista, utilizando-se como instrumento para aquisição das informações, um

formulário composto por perguntas abertas (Anexo III). A expectativa desse contato

era de saber se os mesmos tinham informações acerca do acesso ao lazer pela

comunidade. Se haviam participado de alguma atividade dessa natureza, como fora,

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averiguando qual tipo, onde, quando, para quantas pessoas, investimento feito, o

índice de participação local, frequência da atividade e resultados alcançados.

As entrevistas foram realizadas no mês de outubro de 2017, nas sedes das

organizações, e durante o diálogo com os pesquisadores os entrevistados

receberam um folheto explicativo intitulado “O que é uma Rua de Lazer” (Anexo IV).

Este material informativo foi construído pelas autoras da pesquisa objetivando

esclarecer alguns quesitos essenciais sobre a organização da Rua de Lazer, tais

como: conceito, composição, onde e como pode ser desenvolvida, os responsáveis

pela organização, além dos custos e benefícios.

Para fins de sistematização das respostas e privacidade dos entrevistados,

utilizaram-se na pesquisa as Siglas GS para representar a terminologia “Grupo

Social”.

Além dos grupos sociais, foi ouvido também o Secretário de Esporte e Lazer

do município de Aracaju, a fim de que se pudessem comparar as ações promovidas

pelas lideranças locais e pelo poder público, e também para se entender as

iniciativas da secretaria quanto ao lazer da população do Conjunto Augusto Franco.

No Quadro 2, a seguir, expõem-se como foram relacionadas as siglas aos

respectivos grupos sociais:

Quadro 2: Relação das siglas com os nomes das organizações entrevistadas

Sigla Organização

GS1 Associação dos Moradores do Senhor do Bonfim

GS2 Projeto Esperança

GS3 Igreja Batista do Augusto Franco

GS4 Paróquia Bem Aventurado José de Anchieta

GS5 Igreja Adventista do Augusto Franco

GS6 Rádio Anchieta FM

Fonte: As autoras, out de 2017.

3.5 Análise e Interpretação dos Dados

Após a organização das informações obtidas com os entrevistados, dirigiu-se

à atenção para analisá-las, agrupando-se as falas com sentidos semelhantes,

tentando apreender e extrair desses depoimentos os elementos importantes para o

entendimento do lazer pela e para a comunidade e as lacunas que precisavam ser

supridas. Do mesmo modo, foram analisadas as experiências de ruas de lazer

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vividas por outras localidades e também sugeridas pela bibliografia pesquisada. A

partir disso, procurou-se fazer a interpretação dos dados, que “tem como objetivo a

procura do sentido mais amplo das respostas, o que é feito mediante sua ligação a

outros conhecimentos anteriormente obtidos” (GIL, 2008, p. 156).

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CAPÍTULO 4 UMA RUA DE LAZER NO CONJUNTO RESIDENCIAL AUGUSTO FRANCO EM

ARACAJU, SERGIPE

Escolheu-se o conjunto Augusto Franco, em Aracaju- SE como um local

adequado para se propor uma rua de lazer, por este abranger uma área

consideravelmente extensa e por estar entre os mais populosos da capital. Formado

por uma população de diferentes classes econômicas, que vivenciam o lazer, muitas

vezes, de forma individual, o projeto visa democratizar os espaços existentes no

bairro, a fim de torná-los atraentes para todos.

Sabe-se que com o passar do tempo, os espaços públicos perderam sua

funcionalidade, tornando-se apenas espaços comuns, onde os indivíduos não se

reconhecem mais como participantes. A privatização dos espaços também

contribuiu para esta problemática, como diz Fornaciari (2011, p. 48), ao expressar

que “a definição clara do limite entre os espaços públicos e privados, porém, perdeu-

se em vários momentos ao longo da história, assim como a relevância do espaço

público na constituição urbana”.

Assim, visa-se repensar sobre a função da rua, através da disponibilização de

atividades recreativas e de momentos de convivência entre os indivíduos. Esse

resgate só é feito quando se procura entender as necessidades dos residentes, seus

anseios e os meios que julgam convenientes para se chegar a isto.

Mediante esse contexto, este capítulo traz uma proposta de Rua de Lazer

para o Conjunto Augusto Franco, detalhando todo o seu processo de

desenvolvimento, possibilitando que futuramente seja possível implementá-la. Mas,

para que a proposta fosse formulada, foi preciso ouvir os grupos sociais presentes

na comunidade, a fim de compreender como se dá a relação destes, suas

características, suas necessidades e a maneira como percebem e qualificam o lazer.

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4.1. A Visão dos Grupos Sociais do Conjunto Augusto Franco e do Poder

Público, Sobre a proposta de Rua de Lazer

Foi perguntado aos entrevistados se eles promoviam ou se já haviam

promovido algum tipo de atividade de lazer para a comunidade do Conjunto. Dos

seis grupos sociais entrevistados, três responderam que sim, um disse que promovia

o lazer parcialmente, e dois disseram que não. Foi realizada também uma entrevista

com a Secretaria de Esporte e Lazer do Município, representada pelo seu diretor, o

qual relatou que o órgão já realizou atividades de lazer, porém não especificamente

para a comunidade em questão.

Dentre aqueles que realizam as atividades de lazer, foi dito: “Leva as crianças

para o campo para jogar futebol, traz as crianças para o dia da pipoca e faz bingo no

final do ano dentro do espaço da associação. Não sei quantas pessoas vem nesses

dias. Acho que mais de 50. Tudo é feito com o dinheiro de bazar e brechó feitos com

coisas que as pessoas doam. A gente faz isso uma ou duas vezes por ano e todo

mundo gosta” (GS1).

“Promove estudo bíblico, brincadeiras, corrida de bicicleta e reforço escolar

(segunda a sexta) para 75 crianças com apoio da ONG americana BCM e eles só

faltam se tiverem doentes porque tem alimentação durante todas as atividades”.

(GS2)

Observa-se que ambos desenvolvem brincadeiras. Recebem entre 50 a 70

crianças e a fonte dos recursos financeiros é diferente, pois uma delas promove

atividades para arrecadar verba e a outra tem o apoio de uma ONG. Verifica-se que

o entrevistado GS2 também cita atividades religiosas e reforço escolar, o que não se

configura como lazer, mas é uma dinâmica do Grupo.

Já segundo os relatos da Secretaria, “[...] promoveu Ruas de lazer em praças

de bairros como Olaria, Bugio, 17 de Março, em parceria com empresas aos

sábados e domingos”.

O entrevistado GS3 relatou que não fazia a atividade de lazer diretamente,

mas “alguns membros da igreja são voluntários num projeto social que atende

crianças carentes da comunidade Barroso”. Os respondentes GS4 e GS5 disseram

que não faziam.

Já a resposta do GS6 foi de que “[...] pra criança a gente sempre fez. A gente

fez a ação do dia da criança, então a gente fez assim, trouxemos brincadeiras,

distribuição de brinquedos, de lanche, deixamos a criançada a tarde toda aí

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brincando e perturbando. Foi só para as crianças do bairro e adjacentes, porque no

momento que você abre os microfones e convida pode vir gente de toda a

redondeza”.

Na continuidade da resposta, o entrevistado acima relatou que os recursos

financeiros para a execução das citadas atividades ficam a cargo da comunidade:

“pela comunidade, parceiros e gente de dentro da própria comunidade e

empresários locais, [...] nada com política, a gente não se envolve, inclusive é

proibido falar de política na nossa rádio, a gente não tem vínculo nenhum com

político” (GS6).

Foi indagado aos respondentes que relataram não promover atividades de

lazer, se já haviam pensado em realizar atividades dessa natureza e quais os tipos.

O entrevistado GS4 disse que não pensava, pois “só realiza missas, batizados e

outras celebrações e não faz nada de atividade de lazer pra o povo” e que não

pensa sobre isso “porque a igreja não tem dinheiro pra fazer essas atividades”. Do

mesmo modo, o GS3 relatou que não pensava a respeito, pois “as atividades

desenvolvidas no projeto (citado anteriormente) atendem bem à comunidade”. O

outro entrevistado teve um pensamento semelhante: “distribuímos cestas básicas

para membros necessitados da igreja e isso é mais importante” (GS5).

Verifica-se que cada qual visualiza o lazer por um aspecto diferente. Percebe-

se, nos relatos dos entrevistados, que nem todos consideram o lazer como uma

atividade prioritária. No entanto, aqueles que o desenvolvem não o ofertam para

adultos.

O entendimento sobre as denominadas ações de lazer confunde-se, muitas

vezes, com o de obras assistenciais, de caráter esporádico e que trazem consigo a

possibilidade, aos assistidos, de acesso a uma realidade agradável e bem diferente

do seu cotidiano, conforme se pode notar na resposta do entrevistado GS2. Tal

iniciativa desse entrevistado se alinha à conformação de um projeto social, que

segundo Couto e Couto (2011), se traduz como a disponibilização do espaço com

localização definida, onde as pessoas do bairro têm livre acesso e as crianças

praticam atividades e consomem, gratuitamente, produtos e serviços inter-

relacionados e coordenados para obtenção de objetivos específicos, concedidos

pela instituição durante um período determinado.

O ideal é que existam espaços adequados, disponibilizados e mantidos pelo

Estado sob forma de garantia de direito do indivíduo, para a prática do lazer, sem

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que seja necessário que instituições ou grupos sociais intervenham para promovê-lo

aos mais carentes. Que haja assiduidade no contato das pessoas com o lazer para

que os seus benefícios sejam sentidos de forma expressiva, tornando seus

resultados lugares-comuns para contrastar com a rotina da população.

Também foi perguntado aos sujeitos da pesquisa o que pensavam sobre a

promoção do lazer para a comunidade. Os entrevistados GS1 e GS4 não

forneceram resposta. Os outros argumentos foram: “é bom, mas é melhor gastar

verba com comida do que com brincadeiras” (GS5); “muito importante porque

promove inclusão social e ajuda a evitar que os jovens entrem na criminalidade”

(GS3); “o único jeito de manter os jovens longe da malandragem é mantendo eles

ocupados com coisas que eles gostem” (GS2); “se tratando de lazer para a

comunidade é uma coisa assim meio complicada, primeiro porque assim o Conjunto

Augusto Franco, bairro Farolândia é [...]um conjunto muito grande, é um bairro de

classe B, não classe A e B, não é uma classe mais inferior que precise que a gente

promova, claro que é interessante promover sim, mas no momento que você

promover vai pela necessidade do bairro, então assim, hoje o Augusto Franco,

graças a Deus, é um bairro que não precisa tanto que alguma instituição faça uma

ação como essa, até porque se você andar no Conjunto Augusto Franco a partir de

quarta-feira você vê aí todos os pontos comerciais, você vê restaurante, barzinho,

tudo bem movimentado, nossas praças movimentadas, então às vezes se você for

promover algum tipo de ação, possa até que seja um resultado positivo ou também

possa ser negativo” (GS6).

Já para a Secretaria é preciso “buscar associação de classe para saber do

que a população precisa”.

Pressupõe-se que a disponibilização de lazer, como brincadeiras e recreação,

não é a opção mais relevante para os entrevistados, porque foge ao modelo de

beneficência que eles desenvolvem. Os que pensam de maneira diferente, não se

manifestam para promovê-lo. Julgam-no desnecessário já que colocam as

necessidades “básicas” à frente do lazer. Falta a compreensão das formas de se

vivenciá-lo, já que, se houver planejamento, o lazer pode ser vivido em qualquer

lugar, em casa, bares, ruas, porém há de se ter um mínimo de esforço da esfera

pública, para que esta democratização seja feita. Segundo Marcellino (2008), o lazer

deve ser algo comum a toda a sociedade e deve estar disponível a esta quando lhe

for desejável. Ele deve ser uma atividade democratizada, a fim de atender a todos

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de forma igualitária. Não se pode pensar num lazer de forma isolada, que atenda

apenas as classes privilegiadas, mas sim de modo amplo, que supra as

necessidades da sociedade como um todo.

Buscando entender as expectativas dos entrevistados sobre o que seria

importante oferecer para a comunidade com relação ao lazer, indagou-se a esse

respeito, ressaltando que fossem considerados aspectos como atratividade, custo

baixo para realização, participação local, etc.

Um dos entrevistados disse que “como a comunidade não tem saneamento

básico e a gente que há cinco anos fizemos a encanação de esgoto com o dinheiro

que a diretora da associação juntou do seu salário, não dá pra fazer atividades na

rua. Qualquer coisa tem que fazer na área dentro da associação e pode ser futebol

ou qualquer brincadeira” (GS1).

Outros disseram: “acho que gostariam de qualquer brincadeira desde que

seja de graça” (GS5); “esportes, jogos, dependendo da faixa etária” (GS3);

“Brincadeira de roda, sessão de cinema, corrida de bicicleta” (GS2).

De acordo citado pela Secretaria, no geral, deveriam ser desenvolvidas

atividades como, “vôlei, futebol, pula-pula, corte de cabelo e tem de ser tudo

gratuito”.

Para o respondente GS6: “no Conjunto Augusto Franco, pra ser sincero, [...]

isso eu sei que vai dar certo, vou ser sincero, um showzinho, um show aberto para

que a pessoa se divirta e que a família venha participar, que sejam músicas

agradáveis, né, e que não traga violência, por que a gente tem pregar a paz, então

eu acho que show, um show gratuito seria muito interessante pra eles uma vez no

mês, fazer algum tipo desse tipo de ação, seria interessante” (GS6). Já o

entrevistado GS4 disse não saber ao certo.

Vê-se no relato dos entrevistados que existe certa conformidade em relação

às atividades a serem desenvolvidas para a comunidade e alguns enxergam a

brincadeira e a recreação como uma forma de atrair os indivíduos. Essa abordagem

leva à lembrança de que no passado tais atividades faziam parte do cotidiano de

algumas cidades, pois como cita o Guia do Espaço Público (2016, p.33), “crianças

brincando na rua, encontros em parques e praças, piqueniques, jogos, esportes,

artes ao ar livre, bancos para sentar, para conversar, esse já foi o cenário de

entretenimento de muitas gerações”.

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Pontuando ainda as atividades voltadas para o lazer, indagou-se aos

entrevistados sobre quais os tipos eles não consideravam útil ou atraente para a

comunidade. O entrevistado GS1 disse que “qualquer atividade que tenha que

pagar” (GS1). Já o entrevistado GS4 disse que não é bom “shows que tragam

muitos adolescentes porque sempre dá briga” (GS4). Para o entrevistado GS5 não

seria interessante ter “qualquer coisa que envolva álcool e drogas” (GS5). Os outros

também citaram a questão de atividades violentas, como o GS2: “alguma atividade

violenta” (GS2) e o GS3: “capoeira, karatê e qualquer luta” (GS3).

Já o entrevistado GS6 disse que é preciso estudar as necessidades da

comunidade como um todo, para que assim possa se formular uma atividade

adequada. Ele destaca que a comunidade residente no bairro não se enquadra

numa situação de vulnerabilidade social, “[...] o nosso bairro é um bairro de classe A

e B, então são pessoas que ainda tem condições de promover seus próprios

lazeres” (GS6).

Nota-se que há preocupação por parte dos respondentes no sentido de

preservar a segurança nas atividades oferecidas à comunidade. No entanto, há um

equívoco ao se associar atividades físicas com violência, visto que em todas as

atividades que envolvem contato físico, existe uma série de regras a serem

seguidas, impossibilitando assim que haja excesso de ambas as partes e agressões.

Numa outra vertente é levantada a questão socioeconômica da comunidade,

onde se sugere que a promoção do lazer gratuito não se configura como um

elemento tão importante, segundo relato do entrevistado. Sobre esse pensamento, é

preciso elucidar que o lazer, sob qualquer forma, constitui-se entre as necessidades

básicas do homem e visa criar boas condições para seu desenvolvimento individual

e coletivo através da melhoria da qualidade de vida que, segundo a Organização

Mundial do Turismo (OMT, 2001, p.10), significa “a percepção do indivíduo de sua

posição na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em

relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”, refletindo-se nos

aspectos físicos, psicológicos, em suas relações sociais e com o meio ambiente.

Em relação aos espaços voltados para o lazer, foi indagado aos entrevistados

se eles existem no bairro e se são atrativos para a comunidade. Segundo o

entrevistado GS3 o bairro “possui praças, quadras de esportes e casa de show”

(GS3). Já o entrevistado GS5 disse que “existem os espaços. Agora se são atrativos

eu não tenho como dar certeza” (GS5). Outros destacaram a questão da distância,

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“o bairro Augusto Franco e a Farolândia tem praças, quadras e fica muito longe pras

crianças irem sozinhas” (GS1); “não tem acesso próximo. Aqui é periferia e nem tem

campinho próximo que dê pras crianças irem a pé” (GS2). O entrevistado GS6 cita a

falta de espaços gratuitos, “[...] o Augusto Franco ele não tem um espaço gratuito

[...], o maior espaço hoje que nós temos na comunidade, que pertence aos Órgãos

Públicos é o Gonzagão, então até pra você pegar o Gonzagão se tem que pagar

taxa, [...] até se você conseguir através da Secretaria de Cultura, eles ainda cobram

uma taxa, [...] que a última vez que entramos em contato foi um salário mínimo”

(GS6).

Na perspectiva da Secretaria, “a cidade possui vários espaços de lazer e falta

a população utilizar mais”. Já o entrevistado GS4 não respondeu.

Observa-se, com base nas informações, que o bairro em si dispõe de alguns

espaços de lazer, porém alguns entraves são citados, dentre eles a distância, para

os que moram na zona periférica, e a não gratuidade.

Em relação à utilização do espaço público, Bortolo (2015, p 59) cita que “seus

usos são, e devem ser compreendidos, a partir das mais variadas necessidades de

cada indivíduo, sendo este uso para recreação, trabalho, etc; [...]”. A utilização dos

espaços pelos moradores depende de vários fatores que os tornam atrativos ou não.

Geralmente, buscam-se locais com infraestrutura adequada à prática de atividades

físicas ou com brinquedos para as crianças e, infelizmente, não é o que se vê na

maioria das praças do bairro. É visível o sucateamento dos equipamentos, o que se

pressupõe, pela própria população local e, por outro lado, falta de manutenção pelos

órgãos competentes.

No que tange à “Rua de Lazer”, foi perguntado aos entrevistados se eles

conheciam ou já ouviram falar a respeito. A maioria respondeu que não, porém a

Secretaria disse que já promoveu eventos como esse em alguns bairros da Capital e

que, por falta de verba, parou de promover no ano de 2012.

Após as respostas, foi entregue aos entrevistados um folheto informativo

sobre “Ruas de lazer”, seguido de uma contextualização feita pelas entrevistadoras.

Depois, os sujeitos da pesquisa foram indagados sobre qual seria a opinião deles

em relação à implantação de uma Rua de Lazer no bairro Augusto Franco.

O entrevistado GS1 afirma que “seria uma boa ideia pra ocupar a garotada”

(GS4). Para o entrevistado GS3, serviria como uma forma de inclusão social, “seria

uma ótima forma de promover lazer para os moradores, principalmente os de baixa

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renda que não tem acesso a outras formas de lazer” (GS3). Já o entrevistado GS5

ressaltou que “[...] tudo que for gratuito será bem-vindo” (GS5). No que se refere ao

melhor espaço, o entrevistado GS1 disse que “só se for no Augusto Franco porque

aqui na comunidade6 não tem lugar adequado pra fazer” (GS1). O entrevistado GS6

afirma que poderia dar certo, pois as pessoas anseiam por coisas diferentes e

destaca que “[...] o que tá levando hoje nossos adolescentes e os nossos jovens pro

mundo do crime e pro mundo da prostituição e das drogas é essa falta de lazer,

essa falta do que fazer nos seus momentos vagos [...]” (GS6). Ele ainda enfatiza que

“[...] o lazer hoje seria um dos remédios pra poder curar esse mundo de crime, [...]

porque no momento em que você tá interagindo com os amigos, [...] você tá

incentivando a criar um grupo de amizade [...]” (GS6).

Na opinião da Secretaria, poderia “[...]ser muito bom já que o bairro é grande

e teria uma participação expressiva das crianças”.

Ainda sobre “Ruas de Lazer”, foi perguntado aos respondentes sobre qual

seria o melhor local, o melhor dia, quais atividades não deveriam faltar, quem

deveria estar envolvido e o que não deveria ter nessa rua.

Em relação ao local, os entrevistados GS3 e GS2 ressaltaram que “[...]

deveria ser realizada no espaço do projeto (Esperança) porque tem uma área

grande e contemplaria as crianças que já frequentam o projeto e que não tem como

ir pra outros lugares sozinhas” (GS3); “só no espaço interno do projeto porque as

crianças não poderiam participar em um lugar distante como o Augusto Franco”

(GS2). “ser dentro do Projeto Esperança” (GS2). Já para a Secretaria, “poderia ser

numa das muitas praças ou numa das avenidas canal”.

O entrevistado GS5 não soube responder e GS1 não respondeu.

Para o respondente GS6, como o bairro é grande deve-se pensar nele como

um todo, por isso, o ideal seria que o projeto fosse em várias ruas, não apenas em

uma só. Poderia também aproveitar os espaço “[...] Gonzagão, [...]” e, “[...] praça da

Juventude [...]” (GS6). Assim, em “vez de ser rua ser a praça do lazer” (GS6). O

entrevistado GS4 também citou as praças, “pode fazer nas praças que o bairro tem”

(GS4).

6 A comunidade em referência é denominada Barroso Barrosinho. A ênfase da resposta do

entrevistado GS1 é porquê nesta comunidade não há saneamento básico, as ruas não são calçadas e, portanto, ele sugere que não há uma infraestrutura adequada para as práticas de atividades de lazer.

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Na questão do melhor dia para realização do evento, somente o entrevistado

GS2 respondeu dizendo que poderia ser “aos sábados” (GS2).

No que se refere às atividades que não poderiam faltar, o respondente GS4

citou “futebol, vôlei e brincadeiras” (GS4). Já o GS5, “[...] brincadeiras, sucos, água e

comida para os participantes” (GS5). Seguindo na mesma linha o GS2 cita “ter

lanche e atividades em grupo, desfile, dança, programa de auditório, dia da beleza”

(GS2). E para o GS6 tem de ter “[...] quadra de vôlei, de basquete, botar a galera pra

dançar, dança de rua [...]” (GS6).

Sobre quem deveria estar envolvido, somente os entrevistados GS4 e GS6

responderam, para o GS4 “os comerciantes poderiam ajudar” (GS4) e para o GS6 “a

própria comunidade, a família”. Ele também cita o apoio dos Órgãos Públicos, mas

no sentido de fornecer estrutura.

Dentre o que não deveria ter nessa rua, obteve-se somente a resposta, “[...]

nada que me levasse a álcool e a droga, porque no momento que você promove

alguma festa, um show, qualquer coisa e tem álcool, você tá incentivando a violência

[...]” GS6. Ele também ressalta a questão da religião, “[...] no momento de lazer, no

momento de descontração, você não envolver nada religioso, já ajuda bastante, eu

acho que isso deveria não ter, nada voltado pra religião” (GS6).

O conceito de Ruas de lazer ainda é algo desconhecido para grande parte

das pessoas, apesar de ser facilmente confundido com outros tipos de eventos. É

unânime a aceitação deste tipo de promoção por todos os entrevistados, apesar de

alguns acharem que isso resolveria alguns males da sociedade que, acredita-se, só

sejam sanados com resolução de problemas de várias origens, sendo a principal

delas a desestruturação familiar.

Há uma expectativa muito grande em torno dos benefícios advindos da prática

do lazer pelos jovens, no sentido de mantê-los “ocupados” de forma saudável e

segura. Um dos pontos convergentes nas entrevistas é o fato de que se faz

necessária a oferta de lanches para que se tenha público, caracterizando, de certo

modo, o assistencialismo falado anteriormente e o círculo vicioso de que se deve

participar de determinado evento para se ter, em contrapartida, acesso à

alimentação, utilizada como atrativo, deixando em segundo plano a proposta

primária onde, segundo Larizzatti (2005), o intuito é propor algo que divirta e, ao

mesmo tempo, traga de volta as brincadeiras de criança de antigamente onde se

brincava de correr, saltar e de jogar bola na rua, porque as crianças de hoje perdem

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sua infância com vídeo games e computadores, que além de afastá-los do convívio

social, traz problemas diversos de saúde.

Chama-se à atenção, que para que esse tipo de projeto obtenha êxito é

imprescindível que se promova a participação da comunidade na elaboração, no

planejamento e na execução das atividades. Pois, como endossa Marcellino (2002,

p. 50), “um dos caminhos possíveis para se chegar à população fazendo-a conhecer

e compreender o entendimento do lazer, [...] seria aumentar as políticas

participativas em detrimento das políticas representativas”. Assim, aguçaria seu

senso crítico e sua criatividade, estimulando sua autonomia para realizar ações

futuras.

4.2 Um Modelo para Implantação de Rua de Lazer no Conjunto Augusto Franco

Apresenta-se neste subitem, como resultado da pesquisa, as etapas que

devem compor uma proposta exequível de Rua de Lazer para o Conjunto

Residencial Augusto Franco, considerando para a sua construção as informações

obtidas através da literatura da área, entrevista com os sujeitos da pesquisa e

também com a observação in loco. A partir desta proposta, entende-se que o

caminho para a sua operacionalização fique mais curto e mais simples.

É sabido, no entanto, que qualquer movimento nesse sentido terá que ser

reconhecido e apropriado pela comunidade. E para que essa proposta se fortaleça,

é imprescindível que seja criado o Conselho de Rua, e assim, haja um movimento

voluntário e motivação sobre a ideia da criação da Rua.

A importância da Rua de Lazer, muitas vezes só é percebida quando se

desenvolve uma experiência a esse respeito. Logo, pressupõe-se que a oferta do

lazer no espaço da comunidade deve ser incentivada pelos órgãos públicos que se

responsabilizam por essa área, sendo possível disponibilizar espaços e atividades

de lazer gratuito e de qualidade para a população com o objetivo de resgatar

brincadeiras antigas e tradicionais através da interação entre os participantes, além

de motivá-los a participar de novas formas de recreação.

Por essa perspectiva, expõe-se a seguir as seguintes etapas para a

elaboração da proposta: 4.2.1 – Elementos Norteadores da Proposta (capa,

apresentação, benefícios, diagnóstico); 4.2.2 – Organizadores da Proposta e suas

Atribuições (equipe gestora, articulação com os grupos sociais, definição do espaço,

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definição das atividades, materiais e equipamentos); 4.2.3 – Recursos Humanos,

Financeiros e Comunicacionais (captação de parcerias, comunicação de marketing);

4.2.4 - Programação da Rua de Lazer (metodologia).

4.2.1 Elementos Norteadores da Proposta

É pertinente que a proposta de Rua de Lazer para o Conjunto Augusto Franco

desperte o interesse tanto da comunidade, quanto dos gestores e possíveis

patrocinadores. Logo, deve ser clara e conter componentes que expliquem as suas

etapas e mostre a sua exequibilidade. Sendo assim, determina-se como seus

elementos norteadores, a “Apresentação do Projeto”, precedido de uma capa

ilustrativa (Figura 1), os “Benefícios” que esta iniciativa pode proporcionar, além do

“Diagnóstico do lazer” (Quadro 3) na localidade escolhida.

Figura 1: Capa da proposta de Rua de Lazer

Fonte: usfaugustofranco.wordpress.com

Apresentação da Proposta

O lazer se distingue como o tempo que as pessoas reservam para o não

trabalho. Um momento de reencontro com suas emoções básicas como a alegria e o

afeto. Essas emoções, conforme enfatiza Krippendorf (2009), atuam como

Proposta de Rua de Lazer para o

Conjunto Residencial Augusto Franco, em Aracaju – SE

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instrumento libertador. O lazer estimula à apreciação da vida com prazer, com a

ideia de compartilhamento. E os efeitos da alegria são impulsos fortalecedores da

energia geral e contagiam as pessoas promovendo a sua aproximação.

Partindo do princípio que muitos ambientes podem se tornar lugares

adequados para se vivenciar o lazer, afirma-se que este pode ocorrer na própria

residência do indivíduo, no seio familiar, como também em espaços privados, como

clubes, cinemas, teatros, etc. E, do mesmo modo, em espaços públicos, na

comunidade.

Nessa perspectiva do lazer nos espaços públicos, apresenta-se a presente

proposta, que visa demonstrar como pode ser planejada organizada e

operacionalizada uma “Rua de lazer” no Conjunto Residencial Augusto Franco, no

bairro Farolândia, em Aracaju – SE, com o intuito de proporcionar para moradores e

visitantes desse Conjunto, opções de divertimento saudável e gratuito, e ainda, a

possibilidade de fortalecimento das relações sociais desses indivíduos.

O foco principal da Rua de Lazer é proporcionar aos moradores momentos de

lazer e recreação, trazendo as ruas como palco para isso, no sentido de resgatar

nestes o desejo de nelas estarem e poderem partilhar de novas experiências. Como

corrobora Lopes (2016, p.33), “as práticas de lazer na rua são uma possibilidade das

formas de sociabilidade entre vizinhos, moradores, amigos e familiares”.

A brincadeira, a arte e outras atividades lúdicas, fazem parte das atividades a

serem desenvolvidas nas ruas. O intuito de oferecê-las, segundo o Guia do Espaço

Público (2016, p.42), é atrair o público, pois “ter algo pra fazer dá às pessoas uma

razão para ir a um lugar e voltar”.

Período de realização - A definição da data para a realização da Rua de

Lazer depende da conclusão de algumas etapas de planejamento, conforme se

descreve nesta proposta. Porém, registra-se que pode ser em um sábado ou

domingo, ou mesmo um feriado. Quanto aos horários, são definidos de acordo com

a legislação do município. No caso de Aracaju, não existe uma legislação que fale

especificamente sobre isso, mas o evento deve ser realizado, normalmente, no

espaço de tempo entre as 10h e 16h.

Etapas para execução da proposta da Rua de Lazer - Para a implantação

da Rua de Lazer é preciso que se desenvolvam algumas ações, que permeiam

contatos, autorizações, reconhecimento de áreas, dentre outros. Tanto na parte

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estrutural, quanto na lúdica, torna-se necessário o envolvimento de alguns órgãos

públicos e também dos moradores locais,

Importante salientar que na elaboração de qualquer projeto de lazer deve-se

atentar para a possibilidade de se oferecer atividades flexíveis e acessíveis para que

se atenda ao maior número de pessoas possível.

Benefícios da Rua de Lazer para a Comunidade do Conjunto

1. Proporcionar momentos de descontração e troca de experiências aos

participantes, resgatando a importância das ruas enquanto promovedora de

encontros;

2. Facilitar o acesso ao lazer gratuito por parte daqueles que não utilizam os

espaços públicos presentes no conjunto, segundo eles, por conta da distância

destes e sua residência e da violência das ruas;

3. Disponibilizar atividades recreativas, de forma gratuita, que atendam pessoas

de faixas etárias variadas, comumente ofertadas para crianças, fazendo com que

jovens e adultos usufruam, efetivamente;

4. Trabalhar positivamente os aspectos sociais e afetivos pela integração de

gerações através do lúdico e da sociabilidade, podendo refletir em comportamentos

menos violentos e posturas orientadas pelo respeito, o que facilita e dignifica a vida

em sociedade;

5. Valorizar e reforçar a identidade local, uma vez que a comunidade pode atuar

nas apresentações culturais e artísticas desenvolvidas na rua;

6. Movimentar a economia local, de forma indireta, por meio da comercialização

de gêneros alimentícios e afins, aos frequentadores do evento, pelos próprios

moradores, contribuindo assim com um pequeno e esporádico aumento da renda.

Para se obter um resultado favorável da proposta, a etapa de diagnóstico

sobre o lazer na localidade não pode ser negligenciada. É neste momento que os

dados são levantados e analisados, fornecendo um cenário da realidade local. No

Quadro 3 demonstra-se a situação observada no Conjunto Residencial Augusto

Franco.

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Quadro 3: Diagnóstico do lazer no Conjunto Augusto Franco

Pontos Fortes Pontos Fracos

O conjunto disponibiliza diversos espaços públicos para o lazer.

Alguns espaços disponíveis para o lazer não são gratuitos, dificultando o consumo por grande parte da população.

O conjunto é um dos mais populosos da cidade e muitos moradores viveram noutra época em que havia mais opções de lazer, gratuitos, disponíveis.

Por ser um conjunto grande, os principais locais para a prática de lazer estão localizados no centro do bairro, impossibilitando a ida dos que moram na região periférica.

Há uma quantidade razoável de ruas com características e condições para desenvolver o projeto.

Não há utilização desses espaços, pelos moradores, para prática de brincadeiras.

Muitas instituições não governamentais promovem alguma atividade de lazer para a população local.

O número de pessoas contempladas é insatisfatório, se comparado ao número de habitantes do conjunto;

Não há um diálogo entre essas instituições.

Existem praças para prática de atividades recreativas.

As pessoas não vão a esses locais, segundo elas, por conta da violência.

Fonte: As autoras, out 2017.

4.2.2 Organizadores da Proposta e suas Atribuições

Para implementar e gerir a referida proposta é indispensável a união de

esforços de pessoas da comunidade, assim como de parceiros externos, visando a

sistematização de ações que resultem em um trabalho coletivo e eficaz. Para tanto,

é imprescindível que seja constituída uma equipe gestora, preferencialmente,

composta por membros de grupos sociais locais, que deve ter como sua

responsabilidade a interlocução com os gestores públicos para a definição do

espaço onde deverão ser realizadas as atividades de lazer, bem como os tipos,

materiais e equipamentos necessários para sua execução.

Por essa perspectiva, expõe-se a seguir a sugestão de formação dessa

“Equipe Gestora”, as “Ações para articulação prévia com os grupos sociais da

comunidade e poder público municipal” (Quadro 4), “Definição de espaço e público

alvo” (Quadro 5), “Definição das atividades que serão desenvolvidas na Rua de

Lazer” (Quadro 6), além dos “Materiais e equipamentos para a Rua de Lazer”

(Quadro 7).

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Equipe Gestora da Rua de Lazer

São responsáveis pela elaboração e operacionalização da proposta de Rua

de Lazer para o Conjunto Residencial Augusto Franco, as estudantes do Curso

Superior de Tecnologia em Gestão de Turismo do Instituto Federal de Sergipe:

Aline Andrade Santos ([email protected])

Helen Aparecida Lucas Fontes ([email protected])

Para a efetivação da proposta, as estudantes deverão contar com a

participação de alguns Grupos Sociais, representantes legítimos da comunidade.

Identificam-se, nesse contexto:

Grupo Social: Associação dos Moradores do Senhor do Bonfim.

Atuação Local: Atendem à comunidade oferecendo reforço escolar para

alunos dos ensinos fundamental e médio, disponibilizando também acesso à internet

nas dependências da instituição. Trabalham em parceria com o FUNDAT (Fundação

Municipal de Formação para o Trabalho) e a DEA (Diretoria de Educação de

Aracaju), ministrando cursos profissionalizantes e encaminhamento de currículos

destes às empresas cadastradas. Promovem bingos e “Dia da pipoca”, com ajuda da

população.

Grupo Social: Paróquia Bem Aventurado José de Anchieta.

Atuação Local: Não promove atividade voltada ao lazer ou assistência social.

Grupo Social: Primeira Igreja Batista do Augusto Franco.

Atuação Local: Pratica a assistência social através de doação de cestas

básicas para membros da congregação que são menos favorecidos

economicamente. Além de ajuda, voluntária, prestada por seu grupo a um projeto

que assiste às crianças da comunidade.

Grupo Social: Igreja Adventista do Augusto Franco.

Atuação Local: Não dispõe de projeto assistencial para comunidade, mas

distribuem cestas básicas aos membros necessitados da igreja. Trabalham num

projeto de recrutamento de membros da igreja para catequizar a população.

Grupo Social: Projeto Esperança.

Atuação Local: Desenvolve ações filantrópicas através das atividades

ofertadas na instituição para beneficiar às crianças e adolescentes das

proximidades, como: reforço escolar, estudo bíblico e lanches para os alunos que

têm frequência regular.

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Do mesmo modo, o processo de organização também deverá contar com a

parceria do órgão público de Aracaju responsável pela gestão do lazer, a saber:

Órgão: Secretaria Municipal de Esporte e Lazer.

Atuação em Ruas de Lazer: Desenvolve projeto de lazer em bairros, como:

Olaria, Bugio e 17 de Março, com parcerias, distribuição de água e suco.

Com a equipe de trabalho definida, as ações devem ser pensadas com foco:

Na Comunicação entre Comunidade e Poder Público. E na

sequência das atribuições dos envolvidos com a proposta, deve-se determinar:

O Espaço e Público Alvo;

As Atividades que serão Desenvolvidas na Rua de Lazer;

Escolha dos Materiais e Equipamentos para sua Execução.

Esses tópicos identificados estão representados respectivamente nos

Quadros 4, 5, 6 e 7 a seguir.

Quadro 4: Articulação prévia com os grupos sociais da comunidade e poder público municipal

Ações Como fazer

Criar um Conselho de Rua, grupo formado por 10 (dez) moradores da rua escolhida.

Através de chamada pública em Carta Convite.

Identificar a rua que melhor se adapte à proposta;

Consultar órgãos como Secretaria Municipal de Transporte de Trânsito, Corpo de Bombeiros para ver se há restrições para a realização. Deve-se levar em consideração o tamanho da rua: deve ter largura e comprimento satisfatórios para acomodar o público previsto.

Verificar junto ao Corpo de Bombeiros se existe algum impedimento para a Rua de Lazer no local selecionado, tendo em vista que esta Rua não poderá ser próxima a hospitais ou templos religiosos.

Contato com o Corpo de Bombeiros do município, para solicitar a liberação da Rua.

Fonte: As autoras, out 2017.

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Quadro 5: Definição de espaço e público alvo

Ações Como fazer

Estimar o número de pessoas que se pretende atender na Rua de Lazer.

Trabalhar com a possibilidade de atender cerca de 200 pessoas em um dia.

Esse número terá que ser avaliado no dia da atividade da Rua. De acordo explicação da Polícia Militar do Estado, é inconclusivo o número estimado de pessoas no local, visto que não haverá restrição de participantes.

Definir qual segmento que se pretende receber na Rua de Lazer.

Considerando para esse fim o critério de segmentação demográfico, e a variável faixa etária.

Estabelecer data de efetivação. Definir, junto ao Conselho da Rua, a data e período de realização do evento;

Solicitar o bloqueio da rua para o evento. O conselho da rua envia um ofício ao órgão competente, nesse caso a SMTT, informando objetivo do evento, data, período de realização e espaço necessário a ser delimitado.

Fonte: As autoras, out 2017.

Quadro 6: Definição das atividades que serão desenvolvidas na Rua de Lazer

Ações Como fazer

Físicas (mini-voleibol, dança da bexiga,

apresentação de dança, bolinha de gude,

peteca, corrida de saco, cabo-de-guerra,

pião, pula-corda).

Com a participação de crianças e jovens,

orientados por monitores. Equipes divididas

de acordo com a atividade;

Artísticas (pintura de rosto, desenho livre,

desfile infantil).

Participam crianças de 2 a 14 anos, sob

supervisão dos monitores.

Intelectuais (jogo de dama, quebra-cabeça,

dominó, baralho, roda de histórias, pega

vareta);

Atividades desenvolvidas em estilo de

competição, sem faixa etária definida. Com

exceção da roda de histórias, são disputadas

por dois oponentes por rodada.

Manuais (colagens, oficina de artesanato

reciclado, pintura em tecido).

Oficinas ministradas por instrutores

voluntários para todos os públicos.

Sociais (city tour pelo bairro). Passeio de micro ônibus pelo bairro em

companhia de animadores, onde as crianças

visitarão o farol (atração cultural) que dá

nome ao bairro, feiras e igrejas, mostrando

um pouco da história local.

Fonte: As autoras, out 2017.

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Quadro 7: Materiais e equipamentos para a Rua de Lazer

Tipos de materiais Onde e como adquirir

Bola de voleibol, bexigas, bolinha de gude, peteca, corrida de saco, pião, corda, caixa de som.

Materiais serão adquiridos com recursos advindos da parceria com iniciativa privada e FUNCAJU (Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Esportes)

Tinta guache, pincéis, canetas hidrográficas, giz de cera, papel, maquiagem e adornos.

Materiais serão comprados com recursos angariados junto a comerciantes.

Jogo de dama, quebra-cabeça, dominó, baralho, livretos, pega vareta.

Materiais serão comprados com recursos angariados junto a comerciantes

Cola, tesoura sem ponta, jornal, produtos para artesanato reciclado, tinta e tecido.

Materiais comprados com recursos angariados junto a comerciantes e doados pela comunidade.

Micro ônibus para realização do City tour. Será solicitado junto à prefeitura, através da Secretaria de Lazer do município.

Fonte: As autoras, out 2017.

4.2.3 Recursos Humanos, Financeiros e Comunicacionais (Captação de

Parcerias e Comunicação de Marketing).

Na proposta de Rua de Lazer busca-se aniquilar custos para tornar a

atividade gratuita e atender a um número maior de participantes da comunidade.

Logo, seus orçamentos e custos, não devem ser elaborados requerendo a

participação financeira da comunidade assistida. A aquisição de materiais,

suprimentos e recursos humanos necessários à sua execução, deve se efetivar

através de parcerias com a iniciativa privada, com a Secretaria municipal de esporte

e Lazer de Aracaju e outros parceiros, conforme citados no projeto.

Assim, não devem ser poupados esforços para a captação de parcerias que

resulte em recursos humanos e financeiros, conforme se propõe no Quadro 8.

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Quadro 8: Captação de parcerias para a Rua de Lazer

Ações Como fazer

Buscar contato com a FUNCAJU para solicitação de materiais para as atividades culturais.

Através de um Ofício emitido pelo Conselho de Rua

Buscar contato com a Secretaria de Esporte e Lazer para a disponibilização de materiais.

Através de um Ofício emitido pelo Conselho de Rua

Buscar contato com uma Academia de ginástica para promover atividades físicas na Rua.

Através de Carta Convite

Buscar contato com grupos artísticos locais para apresentações na Rua.

Através de Carta Convite

Buscar contato com os comerciantes locais para obtenção de recursos financeiros ou produtos como água ou lanches, para os artistas e monitores.

Através de Carta Convite

Buscar contato com instituições de ensino que ofertam cursos de educação física e turismo para firmar parcerias, objetivando que seus estudantes possam contribuir como monitores nas atividades recreativas da Rua.

Através de Carta Convite

Fonte: As autoras, out 2017.

Da mesma forma, a comunicação de marketing deve ser clara e eficiente para

despertar o interesse da população nas atividades da Rua. Nesse sentido,

apresentam-se o Quadro 9 que descreve como deve se dar esse processo.

Quadro 9: A comunicação de marketing sobre a Rua

Ações Como fazer Criar um folheto informativo sobre Rua de

Lazer

Criar um folheto informativo falando sobre o

que é uma Rua de Lazer e seus benefícios

para a comunidade.

Formulário de pesquisa de satisfação Criar um formulário, a ser preenchido após o

evento, contendo perguntas sobre o nível de

satisfação dos usuários da Rua de Lazer.

Fonte: As autoras, out 2017.

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4.2.4. Programação da Rua

Metodologia do Trabalho

A rua escolhida será dividida em núcleos de trabalho e atividades: Físicas, Artísticas,

Intelectuais, Manuais e Sociais. Nestes núcleos terão monitores que contribuirão

para a execução dessas atividades, orientando e zelando pela segurança dos

usuários. Será dividida também pela questão da faixa etária, facilitando assim a

organização e correta utilização das atividades.

A Rua de Lazer contará com diversas atividades de integração, diversão e

troca de experiências. Com o intuito de ser um dia de descanso e lazer, ao mesmo

tempo, a programação visa associar esses dois aspectos e proporcionar algo

confortável e acessível a todos. No Quadro 10, apresenta-se essa programação.

Quadro 10: Programação da Rua

Abertura da Rua: 08h, com atividade de aquecimento, alongamento e dança

Núcleo de atividades físicas

Núcleo de atividades

artísticas

Núcleo de atividades

intelectuais

09h: Mini-voleibol 09h: Jogo de dama

10h: Dança da bexiga 10h: Pintura de rosto; 10h: Quebra-cabeça

11h: Apresentação de dança 11h: Desfile infantil. 11h: Dominó

12h: Bolinha de gude, pião

13h: Peteca 13h: Desenho livre 13h: Roda de história;

14h: Corrida de saco 14h: Pega Vareta

15h: Cabo-de-guerra, pião, pula-

corda.

15h: Jogos com baralho

Núcleo de atividades sociais

Núcleo de atividades manuais

09h: City tour pelo bairro; 09h: Colagens, oficina de artesanato reciclado, pintura em

tecido.

11h: Oficina de artesanato reciclado;

14h: City tour pelo bairro 13h: Pintura em Tecido.

Fonte: As autoras, out 2017.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse trabalho se propôs a contar um pouco da história do lazer, de como ele

surgiu e como vem sendo tratado até os dias atuais, buscando estreitar a distância

entre a teoria e a prática. Faz um recorte teórico sobre os seus conceitos, assim

como aborda a sua importância para a promoção da saúde e da qualidade de vida

ao ser humano. Foi possível observar na trajetória pela qual percorreu o lazer, que

este passou de um estilo de vida a um direito constituído (e pouco respeitado) dos

cidadãos.

O resultado obtido com a pesquisa indica que não há unanimidade quanto à

definição do lazer, o que o confunde com inúmeras atividades. Ainda assim, pode-se

dizer que a descrição do que a literatura faz sobre as atividades de lazer, não se

aproximam muito da área estudada nesta pesquisa: o Conjunto Augusto Franco. Lá

estas atividades são ofertadas de maneira precária, ou até mesmo inexistem. Por

isso a importância de se trazer para crianças e adultos as brincadeiras nos moldes

antigos e atuais, para que a comunidade possa participar, entre amigos e em família,

juntamente com seus filhos, de maneira que se integrem mais ao meio onde vive.

A proposta da Rua de Lazer elaborada para o Conjunto citado tem condições

de contribuir significativamente para a implementação de um modelo de Rua de

Lazer na localidade, e com um estudo detalhado, em qualquer outro lugar.

As brincadeiras se fazem presentes na vida das crianças de maneira geral,

embora existam diferença socioculturais. Os benefícios à sua exposição são visíveis

em qualquer uma de suas formas, uma vez que o brincar tem uma dinâmica própria.

Para se tornarem concretas, faz-se necessária a adequação dos espaços

disponíveis e criação de novos locais, premissas que se relacionam com a

reponsabilidade do poder público, mas que também devem partir das comunidades.

Com a Rua de Lazer sugerida pode-se incentivar adultos e crianças a se

apropriarem da ideia do lazer por meio das suas experiências com essa Rua. Os

exercícios, além da sua função básica de trabalhar a postura física, servem para unir

pessoas e despertar a coragem para assumir riscos. Logo, a melhor premiação da

Rua de Lazer é a alegria.

Mediante a realização da pesquisa, pôde-se constatar que apesar de o

conjunto Augusto Franco ter uma grande área física e população expressivas, a

oferta e variedade de atividades de lazer aos moradores são insuficientes. Em parte

isso se deve ao fato de que os moradores não se apropriaram desses locais, no

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sentido de conservá-lo. E Igualmente se deve à ausência de políticas públicas

voltadas à implementação e manutenção de espaços públicos onde seja

minimamente seguro e agradável desfrutar o lazer por todos que compõem essa

comunidade.

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REFERÊNCIAS

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Anexo I – Modelo de Decreto do Estado de São Paulo para criação de Ruas de

Lazer

Decreto Regulamenta a Lei que dispõe sobre a implantação de áreas de lazer por meio da criação de Ruas de Lazer no perímetro urbano do Município de São Paulo e dá outras providências.

O Prefeito do Município de São Paulo, usando das atribuições que lhe são conferidas por lei, Decreta:

Art. 1º- Os interessados na criação de Ruas de Lazer em vias públicas

poderão requerer sua implantação à Administração Regional competente

apresentando:

I - Croqui indicando a via pública objeto do pedido e o trecho pretendido

para fechamento,

II - Abaixo-assinado contendo nome completo legível e assinatura de, no

mínimo, 2/3 (dois terços) dos moradores do trecho da via pública escolhida,

correspondendo a cada residência somente uma assinatura.

Parágrafo único – o croqui poderá ser apresentado com base em sites de

mapeamento.

Art. 2º - No trecho da via pública pretendido para área de lazer, não pode

haver:

I - Estabelecimentos comerciais e industriais de grande porte, com

funcionamento, nos dias e horários da interdição solicitada, a não ser em caso de

expressa autorização por parte do estabelecimento;

II- Unidades das Forças Armadas, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros ou

Delegacia Policial;

III - Unidade hospitalar de qualquer espécie;

IV - Oficina mecânica, posto de abastecimento de combustível ou garagem

comercial com funcionamento, nos dias e horários da interdição solicitada;

V - Templos Religiosos, a não ser em caso de expressa autorização por

parte do estabelecimento.

Art. 3º- Recebido o requerimento, a Administração Regional competente

vistoriará o local e se manifestará, justificadamente, sobre a sua viabilidade.

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Parágrafo único. Sendo favorável o parecer, a Administração Regional

encaminhará o processo ao Departamento de Operação do Sistema Viário, da

Secretaria Municipal de Transportes. Sendo desfavorável, deve remetê-lo, com

justificativa, diretamente à Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação –

SEMEL;

Art. 4º- Compete ao Departamento de Operação do Sistema Viário (ou

órgão competente de cada Município -adequar conforme estrutura organizacional)

I - Vistoriar o local e manifestar-se sobre a possibilidade de implantação da

área de lazer no tocante às implicações quanto ao trânsito local, e:

II - Elaborar, se for o caso, projeto de sinalização vertical, delimitando a via

ou o trecho da via a ser regulamentada como Rua de Lazer, indicando a

localização dos cavaletes.

Art. 5º- Compete à SEMEL (ou secretaria competente de cada município-

adequar conforme estrutura organizacional):

I - Avaliar se o pedido atende ao disposto nos artigos 1º e 2º deste decreto;

II - Verificar se os pareceres da Administração Regional (ou órgão similar de

cada Município) e o Departamento de Operação do Sistema Viário são favoráveis;

III - Não atendidos quaisquer dos incisos anteriores, o pedido será

indeferido;

IV - Na hipótese de ser atendido o pedido:

a) expedir portaria implantando a área de lazer, com prazo suficiente à

colocação da sinalização necessária;

b) designar representante para acompanhar e orientar a formação do

Conselho de Rua e a escolha do seu Coordenador;

c) enviar o processo ao Departamento de Operação do Sistema Viário para

providenciar a implantação da sinalização vertical (placas);

d) encaminhar o processo à Administração Regional, para entrega dos

cavaletes ao Coordenador.

e) fornecer o material solicitado pelo Coordenador do Conselho de Ruas,

desde que dentro do orçamento destinado para essa finalidade.

Art.6º-O Conselho de Rua poderá solicitar junto à SEMEL equipamentos e

materiais necessários para implementação de atividades de lazer nas Ruas que

receberam a autorização, que serão analisados por esta, respeitados os seguintes

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critérios:

1. Os equipamentos e materiais necessários devem ser para uso

comprovado para o lazer;

2. A verba empreendida para aquisição dos equipamentos deverá

respeitar dotações orçamentárias.

Parágrafo único: a SEMEL analisará o pedido e em caso de deferimento

fornecerá os equipamentos no prazo de 90 dias. Em caso de indeferimento este

deverá ser justificado por escrito ao Coordenador do Conselho de Rua, cabendo

recurso da decisão.

Art. 7º - As Ruas de Lazer serão implantadas com obediência às seguintes

regras:

I - Funcionarão nos domingos e feriados, no horário compreendido entre

07h00min e17h00min;

II - Durante o horário de funcionamento não será permitido o trânsito de

veículos no local, exceto daqueles pertencentes aos moradores dos lotes lindeiros

à área delimitada como área de lazer, que deverão trafegar com máximo cuidado,

respeitado o limite de velocidade de 10 km/h;

III - Será formado um Conselho de Rua, constituído majoritariamente pelos

moradores da própria rua;

IV - O Conselho de Rua será responsável pelo gerenciamento das

atividades da área de lazer e pela indicação de um coordenador, que o

representará junto à Administração Regional e à SEMEL;

V - A SEMEL e a Administração Regional fornecerão orientação e apoio

para o bom funcionamento das Ruas de Lazer; inclusive fornecendo o material

necessário para desenvolvimento de atividades de lazer, o que será solicitado pelo

Coordenador do Conselho.

VI - Será obrigatório o uso de cavaletes para bloqueio da via nos dias de

funcionamento, que serão fornecidos pela SEMEL.

VII – Fica vedado o uso do espaço público da Rua de Lazer para realização

de publicidade ou quaisquer ações de comunicação mercadológica.

Art. 8º - Compete aos Conselhos de Rua zelar pela preservação da

sinalização e dos equipamentos implantados nas áreas de lazer, pelas atividades

nas mesmas desenvolvidas, bem como solicitar equipamentos de fomento ao lazer

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para a Secretaria Municipal de Esportes e Lazer.

Art. 9º - As solicitações referentes a praças e largos, bem como a outros

tipos de logradouros públicos, serão devidamente analisadas pela Administração

Regional, pelo Departamento de Operação do Sistema Viário e pela SEMEL,

observados os dispositivos deste decreto.

Art. 10 - As Ruas de Lazer poderão ser desativadas a qualquer tempo,

atendendo ao interesse público ou a pedido dos próprios moradores.

Art. 11 - Os interessados na desativação de Ruas de Lazer devem

protocolizar o pedido junto à Administração Regional, a que pertence a via,

acompanhado de abaixo-assinado contendo o nome completo legível e a

assinatura de, no mínimo, 2/3 (dois terços) dos moradores do trecho em questão.

§ 1º - A Administração Regional autuará o pedido e emitirá parecer

conclusivo, enviando-o posteriormente à SEMEL.

§ 2º - Compete à SEMEL expedir portaria, quando for desativada a área de

lazer, enviando posteriormente o processo ao Departamento de Operação do

Sistema Viário para retirada da sinalização.

Art. 12 - Quando a necessidade de desativação da Rua de Lazer for

detectada por órgão da SEMEL, Administração Regional ou da Secretaria

Municipal de Transporte, o procedimento deverá ser providenciado pela SEMEL,

por meio de processo administrativo, ouvidos previamente o Departamento de

Operação do Sistema Viário, a Administração Regional e o Conselho de Rua.

Art. 13 - As despesas com a execução deste decreto correrão por conta de

dotações orçamentárias próprias.

Art. 14 - Este Decreto entrará em vigor na data de sua publicação,

revogadas as disposições em contrário.

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Anexo II – Modelo de carta convite enviado aos moradores de um bairro, para a

criação de Rua de Lazer em São Paulo.

Caro(a) Vizinho(a),

No nosso saudoso tempo de crianças, ocupávamos as ruas para brincarmos

de bola, pique-esconde, amarelinha e outras atividades infantis. Nossos pais, sem

preocupação nos deixavam nas ruas onde morávamos em um tempo em que

temíamos muito pouco; havia menos carros, as cidades eram mais tranquilas e

nós, ao ocuparmos as ruas, tornávamos a cidade ainda mais segura. Nós, se fosse

naquele tempo, nos conheceríamos, eu molharia suas plantas e você cuidaria do

meu animal de estimação, mas não é bem dessa forma que acontece atualmente.

Venho lhe escrever não para fomentar nosso saudosismo, mas sim para lhe

convidar para exercermos nossa cidadania, direito que nos é constitucionalmente

assegurado, ocupando nossa rua, eu você, seus filhos(as), amigos(as) e quem

mais quiser nos acompanhar.

Você sabia que em diversas capitais do Brasil, como Belo Horizonte, São

Paulo e Brasília, e também do exterior, como São Francisco, Bogotá e Tóquio, há

a possibilidade de criação de Ruas de Lazer, que se dá com o fechamento de vias

para lazer aos domingos e feriados desde que ela cumpra alguns requisitos, tais

como não haver hospitais, corpo de bombeiros ou templos religiosos nela?

Esse é um projeto bastante interessante que possibilita que nós, nossas

famílias e nossos amigos ocupemos as ruas, nos conheçamos, brinquemos,

exercitemos o lúdico ao ar livre, experimentemos a vivência comunitária da qual há

muito temos nos distanciado, tudo isso como forma de dar efetividade ao nosso

direito ao lazer e ao direito de nossos filhos(as) de serem prioridade absoluta da

sociedade e Estado.

Nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, modelos estes em que a

comunidade tem um papel efetivo e determinante na criação de Ruas de Lazer, há

lei que determina que basta que seja enviado um abaixo-assinado onde conste

assinatura de pelo menos 2/3 dos moradores ao órgão competente para que o

requerimento tenha sua viabilidade analisada.

Porém, em nosso Município ainda não há essa lei, em que pese a escassez

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de espaços públicos de lazer para nossas famílias.

Diante disso, sugiro que enviemos uma carta para o Prefeito e para os

Vereadores de nosso Município com a sugestão desse projeto de lei e que

marquemos, posteriormente, uma audiência presencial com essas autoridades

para explicarmos melhor o que significa esse projeto e os impactos positivos que

terão em nossa cidade. Podemos também entrar em contato com algum dos

Vereadores com quem temos maior proximidade, a fim de sugerir diretamente que

ele apresente o projeto.

Vamos nos enveredar nesse caminho e proporcionar a nossos filhos(as) a

experiência de frequentar e se divertir na rua onde moram sem muros e barreiras?

Nesta semana, no (DATA), a partir das (HORÁRIO) horas passarei nas

casas da vizinhança para recolher as assinaturas para que nosso pedido ganhe

robustez. Bastam as informações: nome completo, número de documento de

identidade e endereço. Segue anexada a carta que enviarei ao Prefeito sugerindo

o projeto de lei e quanto mais pessoas assinarem, mais força nosso pedido terá.

Caso não esteja em casa em nenhum desses horários e queira participar,

toque a campainha lá de casa, estarei por lá todos os dias a partir das (HORÁRIO)

horas até às (HORÁRIO) horas.

Abraços,

(NOME) seu vizinho(a).

Endereço:

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Anexo III – Roteiro de Entrevista Para os Grupos Sociais do Conjunto Augusto

Franco e Secretário de Esporte e Lazer do Município de Aracaju.

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Turismo Disciplina: Trabalho de Conclusão de Curso – TCC II 6º período Professora: Cristiane Picanço

Pesquisa:

UMA PROPOSTA DE RUA DE LAZER PARA ARACAJU – SE: RESSIGNIFICANDO O ESPAÇO PÚBLICO PARA COMUNIDADE E

VISITANTES

Esta pesquisa é parte do trabalho de Conclusão de Curso das estudantes

Aline Andrade Santos e Helen Aparecida Lucas Fontes, do Curso Superior de

Tecnologia em Gestão de Turismo. Tem como objetivo “elaborar uma proposta de

rua de lazer para o Conjunto Residencial Augusto Franco, em Aracaju – SE, na

perspectiva de ressignificação do espaço público para comunidade e visitantes”.

Muito obrigada!

Nome do Grupo:

Nome da pessoa entrevistada:

Cargo no Grupo em que faz parte:

1. Esta Organização promove ou já promoveu algum tipo de atividade de lazer

para a comunidade do bairro? Se a resposta for positiva, descrever a atividade

(qual tipo, onde, quando, para quantas pessoas, investimento feito, o índice de

participação local, frequência da atividade, resultados alcançados).

Caso a resposta anterior tenha sido negativa:

2. Esta Organização já pensou em realizar alguma atividade de lazer? Qual?

Caso a resposta anterior tenha sido negativa:

3. E porque isso não aconteceu?

Caso nunca tenham pensado neste tipo de atividade:

4. O que esta Organização pensa sobre promover o lazer para a comunidade?

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Justificar a resposta.

5. Qual seria o tipo de lazer mais adequado para ser ofertado à comunidade?

Adequado no sentido de ser atrativo, de não ter um custo tão elevado, de ter a

participação local, etc..

6. Qual o tipo de lazer que esta Organização não considera útil ou atraente para a

comunidade?

7. O bairro possui espaços de lazer atrativos para a comunidade?. Justificar a

resposta.

8. Você já ouviu falar, ou conhece, uma “Rua de Lazer”?.

Se a resposta for positiva, explorar as informações: o tipo de Rua, onde, quando, o

resultado, etc.

Se a resposta for negativa, explicar ao entrevistado o que seria essa “Rua” (talvez,

seja necessário um folheto explicativo).

Após a contextualização da resposta anterior, pergunta-se:

9. Qual a sua opinião sobre uma Rua de Lazer no Augusto Franco?

Se a resposta for negativa, saber o porquê.

Se a resposta for positiva, perguntar: qual seria o melhor local, em qual dia, quais

atividades não deveriam faltar, quem deveria estar envolvido, o que não deveria ter

nessa rua.

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Anexo IV - Informativo sobre as Ruas de Lazer

RUAS DE LAZER

O QUE É UMA RUA DE LAZER?

É um projeto social, de caráter esporádico, com tempo de duração e espaço de

utilização delimitados, que tem por objetivo proporcionar momentos de lazer

através da interação entre os participantes.

ONDE PODE SER DESENVOLVIDO O PROJETO DE RUA

DE LAZER?

Pode ser desenvolvido nas ruas de qualquer cidade, desde que está se enquadre

em alguns requisitos como:

1. O trânsito de veículos na via tem de ser de baixa intensidade;

2. Em sua extensão não podem estar localizados estabelecimentos de

alimentação de qualquer natureza, qualquer tipo de comércio, templos

religiosos, hospitais, prontos-socorros, cemitérios, linhas regulares de

ônibus, estacionamentos coletivos, pontos de táxi e feiras livres.

O QUE PODE SER REALIZADO NESTA RUA?

Nas ruas podem ser desenvolvidas atividades recreativas como:

1. Brincadeiras (amarelinha, pique-esconde, corda e etc);

2. Jogos (futebol, vôlei, queimada e etc);

3. Gincanas (corrida de saco, cabra-cega e etc)

QUEM ORGANIZA?

Para que seja organizada uma Rua de lazer, é preciso que o local disponha de um

Conselho de Rua, grupo formado por 10 (dez) moradores, que ficarão

responsáveis pela organização e manutenção, assim como também pelas

atividades realizadas. Cabe ao Conselho também atuar como intermediador entre

os moradores e o poder público.

QUAL O CUSTO DISSO PRA COMUNIDADE?

As ruas não demandam custo nenhum para os moradores. Todas as atividades

são gratuitas e visam a participação de todos.

QUAIS SÃO OS MAIORES BENEFÍCIOS?

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As ruas são capazes de proporcionar momentos de lazer, convivência e troca de

experiências entre quem as utilizam. Além disso, fazem com que os indivíduos se

apropriem mais do seu espaço, passando assim a valorizá-los no sentindo de

pertencimento. É uma forma de voltar ao passado, onde as brincadeiras de rua

faziam parte do dia a dia. Nesta perspectiva, percebe-se que os maiores benefícios

são os sociais.

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Anexo V - Imagens das Sedes dos Grupos Sociais Entrevistados

Figura 2: Associação dos Moradores do Senhor do Bonfim

Fonte: As autoras. Pesquisa de Campo, 2017.

Figura 3: Projeto Esperança

Fonte: As autoras. Pesquisa de Campo, 2017

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Figura 4: Igreja Batista do Augusto Franco

Fonte: As autoras. Pesquisa de Campo, 2017.

Figura 5- Paróquia Bem Aventurado José de Anchieta

Fonte: As autoras. Pesquisa de Campo, 2017.

Page 90: INSTITUTO FEDERAL DE SERGIPE COORDENADORIA DE … · várias abordagens, sobretudo na sociologia. Também se somam à discussão a geografia e o turismo, por exemplo. Tendo em vista

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Figura 6- Rádio Anchieta FM

Fonte: As autoras. Pesquisa de Campo, 2017.