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REVISTA INSEPE | Belo Horizonte | Volume 4 - Número 4 | 4º trimestre de 2019 |
http://insepe.org.br/revistainsepe
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INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO PÚBLICO: RECEITAS PÚBLICAS
AUTORES (AS): Alan da Silva Melo, Alessandra Correia de Lourenza, André Luiz Silva
Rosa, Cristiane Aparecida de Almeida, Dênis Gregório Batista, Fernando José Sandim;
Gabriela Sampaio Colácio, Gustavo Ferreira Ramos, Jhonny Tcharllys Santos, José dos
Santos Costa, Luana Samara de Souza Rocha, Marlúcio Cândido, Pedro Paulo Rezende Diniz,
Samuel Vitor Campos,Vander Lúcio Sanches
1 INTRODUÇÃO
O orçamento público tem demonstrado a sua importância com o passar dos anos,
devido a necessidade do controle das despesas e das arrecadações públicas. A sua necessidade
também vem além, onde as demonstrações das movimentações públicas devem ser
transparentes para que qualquer cidadão consiga consultar, analisar e visualizá-las.
Para Machado Jr. e Reis (2010), a integração do planejamento/orçamento é a tônica
hoje em dia, capaz de consertar as distorções administrativas e remover os empecilhos
institucionais, ou seja, o orçamento público é a ferramenta que vai auxiliar o governo a ter
noção de suas despesas e a previsão de arrecadação das receitas, podendo se planejar quanto
aos investimentos que serão realizados e a análise de quais impostos devem ter seu foco para
cobranças e apurações.
Diante do atual cenário orçamentário público, existem as despesas e receitas, que se
tornam os dois pontos principais de análise do orçamento, se baseando pelas regras de
orçamento público podemos destacar que uma cidade pode apenas arcar com gastos previstos,
pois, a receita prevista é equivalente, ou seja, apenas se gasta o que tem de receita, sem sobrar
ou faltar, mas, podemos observar diversos municípios tendo problemas em arcar com as
despesas, sendo assim, neste artigo irá ser desenvolvido um texto com enfoque no estudo e
análise das receitas previstas, arrecadação e seus possíveis impactos para as contas públicas
em caso de não efetivação.
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Neste trabalho terá como objetivo a abordagem dos instrumentos públicos e o
funcionamento da classificação das receitas listadas no orçamento público.
Destacando os instrumentos públicos tais como PPA, LOA, LDO, o que são, quais são
suas definições e possíveis legislações que os compõe.
A classificação das receitas públicas suas definições.
A demonstração das etapas de recebimento das receitas.
Diante desses objetivos aqui expostos, vamos estar adentrando em cada um dividindo
o trabalho em capítulos mostrando cada um dos referidos.
2 INSTRUMENTOS DE CONTABILIDADE PÚBLICA
O orçamento é um instrumento que a administração dispõe para tomar determinadas
decisões, com a diretriz condicionada ao interesse público, pode ser usado como curso de
ação, um programa operacional.
A Lei de orçamento deverá evidenciar a política econômico-financeira e programa de
trabalho do Governo, os quais devem ser executados pelos órgãos da Administração indireta e
direta.
De acordo com o art.30 II, da Constituição do Brasil, o Município poderá legislar
suplementarmente, no que couber, a legislação federal ou estatal.
Sendo assim o Município determinará metas especificas de controle interno e de
administração financeira orçamentária.
No §9º, do art.165, da constituição determina que caberá a lei complementar:
I-Dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a
organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentarias e da lei
orçamentaria anual.
II-Estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e
indireta, bem como condições para instituição e funcionamento de fundos.
Segundo a lei 4.320 comentada por Machado Jr. e Reis (2010), os princípios se
fundamentam no fato que o orçamento e a contabilidade são instrumentos que possibilitam
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informações sobre transações/operações das entidades jurídicas governamentais, tais como
expressa no caput do artigo, inclusive das fundações, autarquias, empresas públicas e
sociedade economia mista, as quais produzem reflexos sobre respectivos patrimônios.
Na lei 4.320, no artigo 2, determina que a lei do Orçamento cumprirá os seguintes
princípios:
•Princípio da Unidade: A Lei Orçamentária deve ser uma só e indivisível,
contendo os orçamentos fiscal, de investimentos das empresas, e o de seguridade
social, para um dado exercício financeiro:
•Princípio da Anualidade: A Lei Orçamentária deve ser elaborada com a vigência
de um ano, normalmente igualando-se com o ano civil (1 de janeiro a 31 de
dezembro).
•Princípio da Universalidade: A Lei Orçamentária deverá conter todas as receitas e
despesas de todos os seus órgãos tanto da Administração direta e indireta, como
também as fundações. O referido princípio está contido nos Artigos 2,3 e 4 da
mencionada Lei.
Na Constituição Federal de 1988, no art. 165, do 5 ao 8 parágrafo consta além dos
princípios citados anteriormente o princípio da exclusividade: “A Lei Orçamentaria não
conterá dispositivos estranhos a previsão de receita e a fixação da despesa, exceto a
autorização para a abertura de créditos adicionais suplementares, contratações de operações
de credito, inclusive por antecipação de receitas”.
2.1– PLANO PLURIANUAL - PPA
Segundo Kohama (2006), o Plano Plurianual – PPA é o instrumento de planejamento
de médio prazo da administração pública. Sua função é estabelecer as diretrizes, objetivos e
metas. De modo geral, o plano retrata as intenções do gestor público para um período de
quatro anos, podendo ser revisado durante sua vigência, por meio de inclusão, exclusão ou
alteração de programas.
Segundo Machado Jr. e Reis (2010), o plano Plurianual, deve constar, portanto, os
recursos necessários para os investimentos a serem realizados pelos órgãos de administração
direta e indireta.
Sendo assim, as previsões para o Plano Plurianual é o que visa manter a continuidade
das projeções ano a ano e a duração do PPA é do segundo ano de um mandato governamental
até o final do primeiro ano do mandato seguinte. Um dos Objetivos do plano é estabelecer a
necessária relação entre as ações a serem desenvolvidas e a orientação estratégica de governo,
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alinhando a alocação de recursos nos orçamentos anuais com as diretrizes e metas do Plano.
Essa visão reflete a natureza estratégica do PPA, a realização de ações estruturantes e
permanentes para alavancar o desenvolvimento humano, social e econômico (Santos,2010).
A lei 4.320/64 mostra que o processo de previsão é continuo mostrando que a previsão
se faz de algum acontecimento futuro.
2.2 LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS – LDO
A Lei de Diretrizes Orçamentárias-LDO foi feita pela Constituição Federal de 1988,
tendo com o instrumento a finalidade da elaboração do Orçamentária Anual com as diretrizes
estabelecidas no Plano Plurianual.
Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: (EC no 86/2015):
II–As diretrizes orçamentárias: §2º A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as
metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital
para o exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei orçamentária
anual, disporá sobre as alterações.
De acordo com Gameiro e Ferreira Jr. (2015), a Lei de Diretrizes Orçamentárias é um
planejamento elaborado anualmente e tem a finalidade de nortear a elaboração dos
orçamentos anuais. Com a obrigatoriedade de elaboração de metas e prioridades da
administração pública, estabelecidos no PPA, para o exercício financeiro seguinte, ajudando
no desenvolvimento para o controle das contas públicas.
A Lei de responsabilidade Fiscal foi criada pela Lei complementar nº 101 de 4 de
maio de 2000, onde a edição da LRF, a LDO passou a ter novas e essenciais funções,
associando regras de planejamento que prezam pelo equilíbrio entre as receitas e despesas na
execução do orçamento:
Art. 9o: Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita poderá não
comportar o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas
no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato
próprio e nos montantes necessários, nos trinta dias subsequentes, limitação de
empenho e movimentação financeira, segundo os critérios fixados pela lei de
diretrizes orçamentárias.
§ 1o No caso de restabelecimento da receita prevista, ainda que parcial, a
recomposição das dotações cujos empenhos foram limitados dar-se-á de forma
proporcional às reduções efetivadas.
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§ 2o Não serão objeto de limitação as despesas que constituam obrigações
constitucionais e legais do ente, inclusive aquelas destinadas ao pagamento do serviço
da dívida, e as ressalvadas pela lei de diretrizes orçamentárias.
§ 3o No caso de os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério Público
não promoverem a limitação no prazo estabelecido no caput, é o Poder Executivo
autorizado a limitar os valores financeiros segundo os critérios fixados pela lei de
diretrizes orçamentárias. (Vide ADIN 2.238-5)
§ 4o Até o final dos meses de maio, setembro e fevereiro, o Poder Executivo
demonstrará e avaliará o cumprimento das metas fiscais de cada quadrimestre, em
audiência pública na comissão referida no § 1o do art. 166 da Constituição ou
equivalente nas Casas Legislativas estaduais e municipais.
§ 5o No prazo de noventa dias após o encerramento de cada semestre, o
Banco Central do Brasil apresentará, em reunião conjunta das comissões temáticas
pertinentes do Congresso Nacional, avaliação do cumprimento dos objetivos e metas
das políticas monetária, creditícia e cambial, evidenciando o impacto e o custo fiscal
de suas operações e os resultados demonstrados nos balanços.
De acordo com Mognati (2008) observa, entretanto, que a importância do Anexo de
Metas e Prioridades da LDO para a lei orçamentária tem sido relativizada pelo governo
federal nos últimos orçamentos, sendo inclusive motivo de crítica por parte do Tribunal de
Contas da União.
Conforme Da Silva (2007) questionou a existência de compatibilidade entre as metas
constantes no PPA, na LDO e na LOA: “Se esses instrumentos de planejamento devem
manter perfeita sintonia entre si, então, depreende-se que a inconsistência de um refletirá no
resultado do outro”.
A análise da Lei 4.320 de 1964 também será fundamental na meta do governo, pois
representa o principal instrumento de suporte às ações de planejamento, execução e controle
orçamentário, devido vários problemas com este tipo de instrumento de planejamento.
2.3 LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL - LOA
A lei Orçamentária Anual possui vigência de um ano e tem como objetivo definir as
prioridades contidas no PPA estimando as receitas e prefixando as despesas do ano seguinte
para o exercício financeiro não podendo gastar nada além daquilo que foi previsto. Reza o §
5º do artigo 165 da Constituição de 1988:
§ 5º - A lei orçamentária anual compreenderá:
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I - O orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades
da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo
Poder Público;
II - O orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou
indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto;
III - O orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela
vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações
instituídos e mantidos pelo Poder Público.
Ainda segundo Miranda (2011), a LOA constitui o mais importante instrumento de
gerenciamento orçamentário e financeiro da Administração pública, pois a principal
finalidade é manter o equilíbrio entre receitas e despesas públicas. Ainda de acordo com
Gameiro e Ferreira Jr. (2015) a descrição das receitas e despesas constantes no LOA constará
todos os movimentos do período em questão, os recursos destinados a cada programa e a
distribuição para cada secretaria municipal, pois são elas que executarão cada uma das ações
planejadas.
Em diversas situações, a LOA pode também autorizar a abertura de créditos
suplementares ou a realização de empréstimos pelo prefeito, sem prévia autorização da
Câmara:
Dito o § 8º do artigo 165 da Constituição de 1988: A lei orçamentária anual não
conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se
incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e
contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos
da lei.
3 RECEITAS PÚBLICAS
Para Kohama (2006) as receitas podem ser apresentadas como qualquer recolhimento
feito aos cofres públicos, podendo ser efetivado através de numerário ou quaisquer outros
bens representativos de valores, aos quais o Governo tem o direito de arrecadar em virtude de
leis, contratos ou outros títulos que derivem em direitos a favor do mesmo, podendo ser de
originado de alguma finalidade especifica, cuja a arrecadação lhe pertença ou caso figure
como depositário dos valores que não lhe pertencerem.
Sendo assim podemos considerar que as receitas públicas são as entradas de recursos
financeiros para a aquisição de bens e serviços, com o objetivo de atender as necessidades
sociais.
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Ainda sobre a arrecadação as receitas públicas elas podem se dar através da aplicação
de impostos que de acordo com o Código Tributário Nacional, os tributos podem ser
definidos como “toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se
possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante
atividade administrativa plenamente vinculada” (Brasil,1966, art. 3º).
Segundo Kohama (2006) as Receitas Públicas podem ser classificadas em dois grupos:
a) Receita orçamentária
b) Receita Extraorçamentária
3.1 Receitas Orçamentarias
Para Kohama (2006) a definição da receita orçamentaria se dá através de análise, se a
receita que está sendo recolhida pertence ao tesouro ou ao órgão que a está recebendo, caso
seja positivo indubitavelmente estaremos recolhendo uma receita classificável como
orçamentaria, pois, certamente não se tratará de uma entrada compensatória no ativo e passivo
financeiro, ou seja, valor que estejamos recebendo com a obrigação de devolvermos ou
pagarmos a quem de direito.
A classificação econômica da receita orçamentaria é estabelecida pela Lei nº
4320/64, art.11: “A receita classificar-se-á nas seguintes categorias econômicas: Receitas
Correntes e Receitas de Capital. ”
Ainda de acordo com a Portaria Interministerial STN/SOF nº 338, de 26 de abril de
2006, que alterou a Portaria Interministerial STN/SOF nº 163, de 2001, essas classificações
foram detalhadas em Receitas Correntes Intra-orçamentárias e Receitas de Capital Intra-
orçamentárias, sendo classificadas da seguinte forma:
De acordo com o Manual Técnico de Orçamento (2018) receitas de Operações Intra-
orçamentárias são: Aquelas realizadas entre órgãos e demais entidades da Administração Pública
integrantes dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social do mesmo ente federativo.
Não representam novas entradas de recursos nos cofres públicos do ente, mas apenas
remanejamento de receitas entre seus órgãos. As receitas intra-orçamentárias são
contrapartida de despesas classificadas na modalidade de aplicação 91 - Aplicação
Direta Decorrente de Operação entre Órgãos, Fundos e Entidades Integrantes do
Orçamento Fiscal e do Orçamento da Seguridade Social, que, devidamente
identificadas, evitam a dupla contagem na consolidação das contas governamentais.
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3.1.1 – Receitas Correntes
Conforme o Manual Técnico de Orçamento (2018) elas são as arrecadas dentro do
exercício e aumentam o fluxo financeiro do Estado, com um consenso geral de efeito positivo
sobre o Patrimônio Líquido, constituindo como um instrumento para financiar os objetivos
definidos nos programas e ações correspondentes ás políticas públicas.
De acordo com a Lei 4320/64 Art.11 § 1º:
São Receitas Correntes as receitas tributária, de contribuições, patrimonial,
agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as provenientes de recursos
financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando
destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes.
Quanto as origens podem ser detalhadas em (Manual de Orçamento Público,2018):
a) Impostos, Taxas e Contribuições de Melhoria: são decorrentes da arrecadação dos tributos previstos no art. 145 da Constituição Federal.
b) Contribuições: são oriundas das contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, conforme preceitua o art. 149 da CF.
c) Receita Patrimonial: são provenientes da fruição de patrimônio pertencente
ao ente público, tais como as decorrentes de aluguéis, dividendos, compensações financeiras/royalties, concessões, entre outras.
d) Receita Agropecuária: receitas de atividades de exploração ordenada dos
recursos naturais vegetais em ambiente natural e protegido. Compreende as atividades de cultivo agrícola, de cultivo de espécies florestais para produção de madeira, celulose e para proteção ambiental, de extração de madeira em florestas nativas, de coleta de produtos vegetais, além do cultivo de produtos agrícolas.
e) Receita Industrial: são provenientes de atividades industriais exercidas pelo
ente público, tais como a extração e o beneficiamento de matérias-primas, a produção e a comercialização de bens relacionados às indústrias mecânica, química e de transformação em geral.
f) Receita de Serviços: decorrem da prestação de serviços por parte do ente público,
tais como comércio, transporte, comunicação, serviços hospitalares, armazenagem, serviços recreativos, culturais, etc. Tais serviços são remunerados mediante preço público, também chamado de tarifa.
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g) Transferências Correntes: são provenientes do recebimento de recursos
financeiros de outras pessoas de direito público ou privado destinados a atender despesas de manutenção ou funcionamento que não impliquem contraprestação direta em bens e serviços a quem efetuou essa transferência. Por outro lado, a utilização dos recursos recebidos vincula-se à determinação constitucional ou legal, ou ao objeto pactuado. Tais transferências ocorrem entre entidades públicas de diferentes esferas ou entre entidades públicas e instituições privadas.
h) Outras Receitas Correntes: constituem-se pelas receitas cujas características
não permitam o enquadramento nas demais classificações da receita corrente, tais como indenizações, restituições, ressarcimentos, multas previstas em legislações específicas, entre outras.
3.1.2 – Receitas de Capital
Conforme o Manual Técnico de Orçamento (2018) as receitas de capital são
responsáveis pelo aumento das disponibilidades financeiras do Estado, sendo que de forma
contraria elas não provocam efeito sob o Patrimônio Líquido.
De acordo com a Lei 4320/64 Art.11 § 2º:
São Receitas de Capital as provenientes da realização de recursos financeiros oriundos
de constituição de dívidas; da conversão, em espécie, de bens e direitos; os recursos
recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, destinados a atender
despesas classificáveis em Despesas de Capital e, ainda, o superávit do Orçamento
Corrente.
Quanto as origens podem ser detalhadas em (Manual de Orçamento Público,2018):
a) Operações de Crédito: recursos financeiros oriundos da colocação de títulos públicos
ou da contratação de empréstimos junto a entidades públicas ou privadas, internas ou
externas.
b) Alienação de Bens: ingressos financeiros provenientes da alienação de bens móveis,
imóveis ou intangíveis de propriedade do ente público. O art. 44 da LRF veda a
aplicação da receita de capital derivada da alienação de bens e direitos que integram o
patrimônio público para o financiamento de despesa corrente, salvo se destinada por
lei aos regimes de previdência social, geral e próprio dos servidores públicos.
c) Amortização de Empréstimos: ingressos financeiros provenientes da amortização de
financiamentos ou empréstimos que o ente público haja previamente concedido.
Embora a amortização do empréstimo seja origem da categoria econômica Receitas de
Capital, os juros recebidos associados ao empréstimo são classificados em Receitas
Correntes / de Serviços / Serviços e Atividades Financeiras / Retorno de Operações,
Juros e Encargos Financeiros, pois os juros representam a remuneração do capital.
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d) Transferências de Capital: recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito
público ou privado destinados a atender despesas com investimentos ou inversões
financeiras, independentemente da contraprestação direta a quem efetuou essa
transferência. Por outro lado, a utilização dos recursos recebidos vincula-se ao objeto
pactuado. Tais transferências ocorrem entre entidades públicas de diferentes esferas
ou entre entidades públicas e instituições privadas.
e) Outras Receitas de Capital: registram-se nesta origem receitas cujas características não
permitam o enquadramento nas demais classificações da receita de capital, tais como
resultado do Banco Central, remuneração das disponibilidades do Tesouro, entre
outras.
3.3 Etapas da Receita Orçamentaria
De acordo com o Manual de Procedimentos – Receitas Públicas (2008) existem
estágios a serem seguidos para as receitas orçamentarias e cada passo identificado evidencia o
comportamento da receita e facilita o conhecimento e gestão dos ingressos de recursos.
Para o Manual Técnico de Orçamento (2018):
“As etapas da receita seguem a ordem de ocorrência dos fenômenos econômicos,
levando-se em consideração o modelo de orçamento existente no País. Dessa forma, a ordem
sistemática inicia-se com a etapa de previsão e termina com a de recolhimento. ”
3.3.1 – Previsão
De acordo com o Manual De Orçamento Público – Receitas (2008) esse é o Estagio
onde é gerado a estimativa de arrecadação da receita, constante da Lei Orçamentaria Anual –
LOA;
Na lei 101, Art. 12 é definido que:
As previsões de receita observarão as normas técnicas e legais, considerarão os efeitos
das alterações na legislação, da variação do índice de preços, do crescimento
econômico ou de qualquer outro fator relevante e serão acompanhadas de
demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para os dois
seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de cálculo e premissas
utilizadas.
3.3.2 – Lançamento
De acordo com o Manual Técnico de Orçamento Público a Etapa denominada como
lançamento se situa em um contexto para a constituição do crédito Tributário, sendo aplicado
a impostos, taxas e contribuições de melhoria.
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No Art. 53 da Lei nº 4.320/64 é definido que “O lançamento da receita é ato da
repartição competente, que verifica a procedência do crédito fiscal e a pessoa que lhe é
devedora e inscreve o débito desta. ”
Também é definido a Lei 5172/66 que:
Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito
tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a
verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a
matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo
e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível.
3.3.3 – Arrecadação
Segundo o Manual de Receitas (2008) essa etapa de trata da entrega realizada pelos
contribuintes ou devedores aos agentes arrecadadores ou bancos autorizados pelo ente, dos
recursos devidos ao Tesouro.
3.3.4 – Recolhimento
De acordo com Manual Técnico de Orçamento (2018) esta etapa se trata da
transferência dos valores arrecadados a conta especifica do Tesouro Nacional, responsável
pela administração e controle da arrecadação e pela programação financeira.
Deve ser observado o princípio da unidade de tesouraria ou de caixa (Lei nº 4.320/64,
Art. 56): “O recolhimento de todas as receitas far-se-á em estrita observância ao princípio de
unidade de tesouraria, vedada qualquer fragmentação para criação de caixas especiais. ”
3.2 Receitas Extraorçamentárias
De acordo com Kohama (2006) a receita Extraorçamentária, que se trata do segundo
grupo da receita pública pode ser compreendida pelos recolhimentos feitos que vão constituir
de com compromissos exigíveis, que o pagamento independe de uma autorização
orçamentaria, sendo assim independe de autorização legislativa. Por conseguinte o Estado fica
sendo obrigado a arrecadar valões que, de início não lhe pertencem. O Estado atua como uma
figura de depositário dos valores que ingressam a esse título, como por exemplo: as cauções,
as fianças, as consignações e outras, sendo sua arrecadação classificada como receita
extraorçamentária.
Segundo Bernardo (2014) as receitas extraorçamentária são aquelas que não estão
previstas no orçamento e correspondem a ingressos financeiros de caráter temporário.
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o objetivo do nosso trabalho exposto, sendo o estudo e analise das receitas e dos
instrumentos públicos, foi de surpreender o nivel de detalhamento, regras e definições
encontradas na legislação orçamentaria.
Sendo que com os intrumentos da Contabilidade Pública conseguimos verificar o
quanto elas são importantes para o equilibrio e controle das despesas e receitas dos Governos,
apesar de que se forem feitas analises de varios municipios e estados possuem em seus
fechamentos anuais dos gastos e recebimentos um desequilibrio que acabam por gerar uma
grande fratura na prestação dos serviços públicos.
Sejam munícipios que possuem um valor de despesas maior que as receitas ou um
municipios que possuem um valor de receitas maior que as despesas, ambos cenarios são
prejudiciais a sociedade, pois deixam de haver novos investimentos públicos, a manutenção
pública começa a se degradar por falta de verbas, isso vai gerando varios efeitos em cadeia.
Por isso é necessario que os orgãos gornamentais de controle acompanhem os
orçamentos publicos e realizem a comparação com o fechamento anual, para identificar as
diferenças e minimizar as irregularidades, e tambem por parte dos Governos ter mais
transparência quanto a divulgação das lei orçamentarias para que a sociedade possa visulizar e
acompanhar os gastos e as receitas que estão sendo projetadas, assim podendo acompanhar e
cobrar a possivel efetivação das mesmas e o questionamento de outras.
O estudo das receitas foi de grande valia, o estudo das diversas classificação das
mesmas, permite que possamos identificar e separar do que se trata todo o recebimento
público.
Sendo as receitas a maior prioridade para os Governos, pois são elas que vao arcar
com todas as depesas, é indispensavel o conhecimento de cada uma delas para saber onde
serão lançadas e alocadas no orçamento, é de responsabildide do Estado, identifica-lás,
divulga-lás e realizar o processamento das mesmas passando por cada etapa.
De um modo geral esse trabalho serviu para dar uma visão empirica dos processos da
Contabilidade Pública lidando com os seus intrumentos e as suas receitas, apliou nossos
conhecimentos e fez ampliar nossos horizontes sobre o funcionamentos dos orgãos públicos
que possuem todo seus lançamentos previstos em lesgislações.
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REFERÊNCIAS
REIS, H. da C.; MACHADO JR., J. T. – A Lei 4.320 Comentada E A Lei DE
Responsabilidade Fiscal, 33ª Edição, Editora Lumens Juris,2010
KOHAMA, H. – Contabilidade Pública – Teoria e Prática, 10ª Edição, Editora atlas, 2006
SANTOS, R. de C. – Plano plurianual e orçamento público. Brasília. CAPES, 2010.
GAMEIRO, D; FERREIRA JR., W. O. – Orçamento Público: Uma Análise Sobre a
Representatividade do Orçamento Participativo Na Administração Pública, 5ª Edição, R.
Liceu On-Line, 2015, p. 70-89
MOGNATTI, M. C. de F. – Transparência e Controle na Execução das Emendas
Parlamentares ao Orçamento da União - Monografia – Curso de Especialização em
Orçamento Público – Tribunal de Contas da União, Câmara dos Deputados e Senado Federal
– 2º Semestre 2008. Brasília
Da SILVA, L. C. – Efetividade do Sistema de Planejamento no Brasil: Uma análise da
efetividade do planejamento no sistema orçamentário (PPA, LDO e LOA) - Monografia
apresentada para aprovação no curso de Especialização em Orçamento Público da Câmara dos
Deputados - Brasília - 2007.
MIRANDA, S. – Orçamento Participativo: Uma Sugestão de Implementação no
Município de Cascavel PR. Curitiba, Monografia de Especialização, 2011
SECRETARIA DE ORÇAMENTO FEDERAL – Manual Técnico de Orçamento – MTO,
Edição 2018, Brasília 2017
SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL – Receitas Públicas – Manual de
Procedimentos, 4ª Edição, Brasília 2007
BERNARDO, F. D. – Contabilidade Pública, Instituto Federal Santa Catarina (IFSC),
Florianópolis 2014