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Interação de resíduos de agrotóxicos em
banana, maçã e tomate é prejudicial à saúde10/03/2004
Uma pesquisa realizada na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP analisou a interação deresíduos de agrotóxicos permitidos pela legislação, em banana, na maçã e no tomate. Osresultados apontaram riscos de efeitos tóxicos à saúde humana.
A engenheira agrônoma Rita de Cássia Lourenço escolheu esses três alimentos por seremrelevantes na dieta do brasileiro. Em geral, são consumidos in natura, ou seja, não sofremnenhum tipo de processamento - como o cozimento, que pode degradar os resíduos.
Em sua dissertação de mestrado apresentada à FSP, Rita utilizou dados do consumo levantadospelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) em nove regiões metropolitanas: SãoPaulo, Curitiba, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Salvador, Porto Alegre, Belém, Fortaleza eRecife. Em seguida, verificou os agrotóxicos autorizados para cada cultura, a quantidadeaceitável para os resíduos e para a ingestão diária. O estudo também utilizou dados daOrganização Mundial de Saúde e não foram realizados testes em laboratório.
Grupos de agrotóxicosOs agrotóxicos foram divididos em dois grupos, segundo os efeitos que têm na saúde: o deorganoclorados e piretróides, e o de organofosforados e carbamatos. Os primeiros afetam oequilíbrio da bomba Sódio/Potássio, podendo causar danos no sistema nervoso, por exemplo. Jáos organofosforados e os carbamatos inibem a ação da enzima acetilcolinesterase, com prejuízopara a transmissão dos impulsos nervosos.
O estudo tem como diferencial o agrupamento das substâncias segundo os efeitos tóxicos. "Asanálises, geralmente, são feitas com moléculas isoladas. A idéia é chamar a atenção para asinterações entre agrotóxicos e para os efeitos que elas podem ter", explica a pesquisadora.
Rita teve que lidar com uma variedade de moléculas nos dois grupos de defensivos. Para aanálise ela selecionou as de maior toxicidade e de menor toxicidade.
"Os tomates têm maior risco de interações do que o aceitável, tanto para as moléculas maistóxicas, do grupo organofosforados e carbamatos, quanto para as menos tóxicas, do grupoorganoclorados e piretróides", descreve Rita. "A banana-prata apresentou risco para todas asmoléculas dos dois grupos. E a maçã mostrou risco não tolerável para as moléculas menostóxicas do grupo organoclorados e piretróides. Na banana-d´água e na banana-prata o risco foiaceitável."
Segundo a pesquisadora, os efeitos da interação entre agrotóxicos ainda são pouco
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mencionados. "Há a necessidade de novos estudos com equipes multidisciplinares envolvendotoxicologistas, nutricionistas, processadores de dados, para que as pessoas tenham o direito desaber o que vão consumir", recomenda. "Os dados gerados devem nortear as decisões dasautoridades competentes."
Problemas da legislaçãoRita de Cássia verificou ainda que a legislação não considera as diferenças de consumo entreregiões e não prevê variações da quantidade de resíduos permitida para as variedades dealimentos, ou seja, a existência de diferentes tipos de bananas (banana-prata, banana-maçã,banana-d´água), por exemplo, é descartada. Já para o cálculo da ingestão diária aceitável, oproblema é que ele é feito com base em um adulto que pese 70kg, não havendo adaptação paracrianças, idosos ou convalescentes.
Fonte: USP
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