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INTERPRETAÇÃO DE ÁREAS DE PRESERVAÇÃOPERMANENTE NO MUNICÍPIO DE ALTOS-PI1
Liriane Gonçalves Barbosa
Mestranda do programa de pós-graduação em Geografia
Universidade Estadual Paulista, campus de Presidente Prudente
Larissa Piffer Dorigon
Mestranda do programa de pós-graduação em Geografia
Universidade Estadual Paulista, campus de Presidente Prudente
Renata dos Santos Cardoso
Mestranda do programa de pós-graduação em Geografia
Universidade Estadual Paulista, campus de Presidente Prudente
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objetivo discutir o conceito de Áreas de Proteção
Permanente definido no Novo Código Florestal Brasileiro e sua aplicação “hipotética”
levando em consideração a análise da organização topográfica e fitogeográfica do município
de Altos-Piauí. A discussão teórica está centrada nas normativas definidas no Novo Código
Florestal Brasileiro, enfaticamente aquelas que dizem respeito às APPs a partir da
abordagem sistêmica de paisagem na perspectiva geográfica.
O Código Florestal Brasileiro (LEI n. 12.651) é um instrumento legal de
ordenamento do território brasileiro reformulado para atender aos anseios e necessidades
do país no que diz respeito à questão econômica e de desenvolvimento sustentável. Oferece
parâmetros normativos e norteadores de uso e manejo dos bens naturais do país,
1 Esse texto é um ensaio preliminar acerca da discussão de Áreas de Preservação Permanente definida no novo Código Florestal Brasileiro. A pesquisa está em fase de desenvolvimento do interesse das autoras pela interpretação do Código Florestal Brasileiro.
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principalmente em relação à proteção da vegetação. Esta lei dispõe de instrumentos legais
de proteção da vegetação nativa do país.
DISCUSSÃO TEÓRICA
A origem normativa do conceito de área de preservação permanente - APP está
relacionada à inserção legal do termo “preservação permanente” no âmbito da Lei nº
4.771/1965, considerada o segundo Código Florestal Brasileiro. O primeiro Código Florestal
Brasileiro, Decreto nº 23.793, de 23/01/1934, não classificava as florestas e demais formas
de vegetação como de preservação permanente.
Com relação à sua definição, de acordo com o Novo Código Florestal, Lei nº
12.651/2012, Artigo 3º, Inciso II, entende-se por área de preservação permanente - APP: área
protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os
recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo
gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas
(BRASIL, 2012).
O Novo Código Florestal trouxe novos parâmetros para a definição e delimitação
das APPs. Anteriormente, a Lei nº 4.771/65 (BRASIL, 1965) considerava os topos de morros
como APP e a Resolução 303/02 do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA
apresentava os parâmetros, definições e limites. Após a publicação dessa nova Lei, não
somente tais parâmetros foram alterados como também a forma de calcular sua
delimitação, uma vez que a linha imaginária que define a base do morro (base legal, que se
difere da base hidrológica) agora é dada pela cota do ponto de cela mais próximo à elevação
(OLIVEIRA; FERNANDES FILHO, 2013).
É importante ressaltar que na legislação revogada, se o morro apresentasse
declividade superior à 17º na linha de maior declividade e altura mínima de 50 metros, o seu
topo seria considerado como APP. Porém, o Artigo 4º, Inciso IX do Novo Código Florestal
estabelece como APP as áreas no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura
mínima de 100 metros e inclinação média maior que 25°, aproximadamente 47%, as áreas
delimitadas a partir da curva de nível correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima da
elevação sempre em relação à base, sendo esta definida pelo plano horizontal determinado
por planície ou espelho d’água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de
sela mais próximo da elevação (BRASIL, 2012).
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Com esse novo conceito, grande parte das elevações existentes deixará de ter
proteção permanente, pois não será mais considerada como morro. Os novos parâmetros
de altura e declividade estabelecidos pelo Novo Código Florestal refletirão significativamente
na proteção da paisagem dos relevos ondulados e nas elevações isoladas. Dessa forma,
praticamente só as que hoje são consideradas montanhas poderão se enquadrar no novo
conceito (AHMAD; RAMOS, 2012).
Sobre as áreas de APP de cursos d’água, consta no Artigo 4º, Inciso I que foram
mantidas as mesmas dimensões da lei anterior, porém, são delimitadas a partir da borda da
calha do leito regular e não do seu nível mais alto (BRASIL, 2012). Tendo em vista que o leito
maior sazonal compreende o local onde as águas extravasam no período de cheias,
correspondentes às planícies de inundação, a proteção dos cursos d’água foi drasticamente
reduzida, pois a faixa ao longo dos mesmos será alocada onde que se entende ser o próprio
corpo d’água (AHMAD; RAMOS, 2012).
No que se refere às nascentes e olhos d’água, tem-se no Artigo 3º, Incisos XVII e
XVIII, e Artigo 4º, Inciso IV, o caráter perene para o conceito de nascente, mantendo o de
intermitência somente para olho d’água, com a definição de APP somente no entorno das
nascentes e dos olhos d’água perenes, no raio mínimo de 50 m (BRASIL, 2012).
De acordo com Ahmad e Ramos (2012), estes aspectos resultarão em menor
proteção dos recursos hídricos, pois além da mudança na definição das nascentes, a nova
Lei não faz menção à proteção da bacia hidrográfica contribuinte. Esta questão,
contemplada na Resolução CONAMA 303/02, possui desdobramento preocupante, uma vez
que deixará de ser viabilizada a proteção adequada da área de recarga das nascentes,
restringindo-a ao seu entorno imediato. Isso nos leva à conclusão de que as mudanças
na legislação ambiental, que deveriam ser no sentido de possibilitar mecanismos para evitar
maiores danos aos recursos naturais, na realidade constituem um sério agravante, pois o
Novo Código Florestal contém valores mínimos de proteção. No texto atual, por exemplo,
“as áreas que devem ser obrigatoriamente recuperadas nas APPs foram reduzidas em 50%
para os rios com menos de 10 metros de largura e não foram definidas para rios mais
largos” (SILVA, 2012, p. 27).
Os solos e a vegetação nas zonas de influência de rios e lagos são sistemas de
reconhecida importância no condicionamento de fluxos, na regulação de
nutrientes minerais e condicionamento da qualidade da água, no abrigo da
biodiversidade, com seu provimento de serviços ambientais e na manutenção de
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canais. Existe consenso científico de que essas faixas precisam ser mantidas o
mais próximo possível do seu estado natural (SILVA, 2012, p. 103).
Em relação às APPs de topo de morro e de encostas, estas compõem áreas de
proteção para a vegetação natural dentro das propriedades. A presença de vegetação
protetora em tais circunstâncias aumenta a estruturação do solo e, com isso, a
permeabilidade, o que resulta em maior amortecimento do aporte e na infiltração da água e
contribui para uma recarga lenta de aquíferos (SILVA, 2012).
Nesse contexto, as constantes alterações no uso e cobertura da terra, não
respaldadas por uma legislação ambiental coerente com a realidade paisagística do
território brasileiro, resultam em impactos ambientais das mais diversas ordens. Logo, o
monitoramento das modificações na paisagem, bem como a demarcação das áreas que por
Lei devem ser protegidas, é necessário para evitar possíveis degradações ambientais
decorrentes de ocupações irregulares e falta de manejo adequado.
A vegetação atua como agente regulador de processos atmosféricos e
intempéricos do solo e relevo, pois regula os diversos fluxos de troca de matéria e energia.
Os fluxos de partículas de água na atmosfera e no solo através dos processos de
evapotranspiração e infiltração. Influenciam nas características do solo, através da
produtividade e fornecimento de matéria orgânica na sua composição química, textural e
volumétrica. Atua ainda regulando os processos, “quantidade e velocidade” (BARBOSA;
AUGUSTIN, 2000), de erosão de encostas.
No caso da demarcação de APPs, objeto de estudo nesse trabalho, Oliveira e
Fernandes Filho (2013, p. 4443) destacam que a realização desse procedimento em campo
demanda conhecimento técnico e instrumentos específicos (GPS, altímetro, mapas
topográficos etc.), além de grande esforço por se tratar muitas vezes de áreas de difícil
acesso. “Se por um lado é impraticável que isto seja feito pelos próprios produtores rurais
(em sua grande maioria), por outro, é logisticamente inviável que os técnicos ambientais
percorram todas as propriedades para fazê-lo”.
Como alternativa esse procedimento pode ser viabilizado através da utilização
de técnicas de geoprocessamento e sensoriamento remoto. Suas técnicas e métodos
possibilitam a identificação e análise de alvos de interesse e a aplicação da legislação que
dizem respeito à questão ambiental, o que se torna um meio viável de análise e
monitoramento de áreas de preservação ambiental (HOTT et al., 2004; NERY et al., 2013;
OLIVEIRA, 2014).
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Portanto, a delimitação em sistemas de informação geográfica (SIG) apresenta
maior rapidez e padronização nas medições, incluindo um banco de dados
georreferenciado. Dessa forma, este trabalho se propõe a apresentar um “cenário
hipotético” de aplicação de APPs no município de Altos-PI, conforme o disposto no Novo
Código Florestal, a partir da análise da organização da cobertura vegetal e da topografia do
relevo do município.
ÁREA DE ESTUDO
Altos é um município localizado no estado do Piauí (Figura 1) entre as
coordenadas geográficas de 5 º02' Sul de latitude e 42º28' Oeste de longitude e faz parte
região urbana da Grande Teresina (IBGE, 2014).
Figura 1. Localização do município de Altos.
Organização e geoprocessamento: Barbosa; Dorigon e Cardoso (2014). Fonte: Base Cartográfica, IBGE 2011.
Encontra-se a 42 km de Teresina, capital do Estado, na zona fisiográfica do Médio
Parnaíba, microrregião de Teresina e macrorregião do Meio-norte do Piauí (MORAES et al,
2007).
Dentre suas principais características físicas destacam-se a precipitação média
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de 1240 mm/ano, concentrada (89%) no período de janeiro a junho, segundo dados médios
de 70 anos e o solo classificado texturalmente como areia franca, com baixos valores de pH
e índices de fertilidade (MACHADO et al, 2012).
A região do município de Altos começou a ser ocupada a partir de 1800, com a
chegada, proveniente do Ceará, da família Paiva. A família e seus descendentes ocuparam o
lugar denominado de Altos de João de Paiva (IBGE, 2014).
Em 1891, o Capitão Francisco Raulino estabeleceu ali a primeira loja de tecidos
nacionais e estrangeiros e outras mercadorias, iniciando também, a exportação.
Nessa época, o Povoado contava com 9 casas cobertas de palha.
O seu desenvolvimento foi pautado no comércio, ou seja, no setor terciário, e em
1922 foi elevado à categoria de município com a denominação de Altos, pela lei estadual nº
1401, de 18-07-1922, desmembrado dos municípios de Teresina, Campo Maior e Alto Longá.
Atualmente o município conta com uma área de aproximadamente 958 km2 e
população de 38.822 habitantes (IBGE, 2010) e tem o ecoturismo como crescente atrativo
turístico e econômico.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A concretização deste artigo ocorreu a partir de duas etapas, uma de ordem
prática e a outra teórica, sendo que estas não foram realizadas de formas separadas,
estiveram sempre correlacionadas.
Iniciou-se com a com a leitura e interpretação do novo Código Florestal
Brasileiro, a fim de identificar os elementos e parâmetros a serem mapeados quando se
pretende analisar as atuais Áreas de Preservação Permanente (APP).
As etapas práticas, ou seja, as delimitações das APP’s em topos de morros e em
corpos d’água foram realizadas através de uma série de processos que localizaram estas
áreas com base em funções matemáticas no SIG ArcGIS 10.1. A base de dados utilizada foi o
Projeto Topodata com resolução espacial de 30 metros, disponibilizado gratuitamente pelo
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais2, além da base cartográfica do município de Altos
obtida junto ao site do Instituto Brasileiro de Cartografia e Estatística (IBGE)3.
Especificamente para a delimitação das áreas de APP em topos de morros foram
2 http://www.dsr.inpe.br/topodata/.
3 http://downloads.ibge.gov.br/downloads_geociencias.htm.
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geradas cartas de hipsometria e declividade do município. A hipsometria foi obtida a partir
da carta de altitude do projeto Topodata e classificada automaticamente. A fim de auxiliar a
visualização das altitudes do relevo foram também extraídas as curvas de nível, a cada 50
metros, através da ferramenta Contour existente no software utilizado.
Já a declividade foi extraída a partir da imagem Topodata e também classificada,
porém de forma manual, com intervalos de 11,75%,. Com a carta finalizada foi realizado um
processamento na ferramenta Raster Calculator, o qual gerou um novo raster contendo
somente áreas com declividade inferiores ou superiores à 25 graus.
A delimitação das APP’s em torno dos corpos d’água e das nascentes foi efetuada
a partir da extração da drenagem do município e a criação de “buffers”. Segundo Teixeira e
Christofoletti (1997), a ferramenta “buffer” é uma forma de análise de proximidade, nas
quais zonas de uma determinada dimensão são delimitadas em volta de uma feição ou de
um elemento geográfico.
Sendo assim, para os cursos d’água foram criados as delimitações proporcionais
à largura aproximada dos mesmos. Para rios com largura inferior a 10 metros os buffers
apresentam 30 metros, enquanto que rios cuja largura varia entre 10 e 50 metros foram
construídos buffers de 50 metros.
As nascentes foram extraídas das drenagens, uma vez que foram criados pontos
em cada início de segmento (drenagem) dando origem ao arquivo das nascentes da região e
então, aplicou-se novamente o buffer nos pontos, utilizando-se o parâmetro legal de 50
metros.
A próxima etapa desse trabalho será a conclusão do mapa fisionômico da
vegetação (em estágio de elaboração) do município de Altos, com a delimitação dos padrões
de cobertura vegetal e usos e ocupação da terra. Por fim, tendo o mapeamento completo
será gerado, a partir do cruzamento dos dados obtidos nos demais mapeamentos, um
mapa final das áreas de APPs e a análise textual da realidade encontrada no município de
Altos em comparação com a regulamentação de Áreas de Preservação Permanentes
presente no Novo Código Florestal Brasileiro.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O Código Florestal Brasileiro (LEI n. 12.651) define e normatiza, com base em
parâmetros geomorfométricos e hidrográficos as áreas prioritárias a preservação ambiental
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de maneira permanente em todo território nacional e estabelece normas legais para
proteção da vegetação dessas áreas. Perante esta lei, APP é toda área com ou sem
cobertura vegetal nativa que cumpri a múltipla função de preservar recursos hídricos e a
paisagem, proteger o solo e promover a manutenção da estabilidade geológica e da
biodiversidade, facilitando o fluxo gênico da fauna e da flora e assegurando o bem estar da
sociedade.
Considerando as normas e parâmetros estabelecidos no CFB para delimitação
de APPs, os dados preliminares obtidos através do levantamento cartográfico inicial
realizado para Altos, apontam a existência de uma quantidade significativa de áreas de APPs
no município. Tais dados permitem inferir a identificação de pelo menos quatro categorias
de APPs: áreas marginais a cursos d’água tanto de nível superior a 10 metros de largura
quanto inferior a essa metragem. Reservatórios artificiais resultados de represamento de
cursos d’água, nascentes e olhos d’água e topos de morros.
A geomorfologia de Altos obedece a uma organização espacial de formas de
relevo esculpidas em terrenos da bacia sedimentar do Parnaíba, constituída de superfícies
aplainadas e dissecadas em interflúvios tabulares e degraus e patamares de planaltos
residuais esculpidos sobre sedimentos do terciário (CPRM, 2010). A topografia do município
oscila entre as altitudes de 100 a 270 metros, predominando superfícies cuja altitude não
ultrapassa os 180 metros.
O mapeamento hipsométrico e das curvas de nível (fig.2) mostra a concentração
de superfícies topográficas de altitudes acima dos 200 metros a oeste do município na
direção norte/sul e maior concentração de terrenos com altitudes inferiores a 180 m a leste,
norte e nordeste do município.A declividade dos terrenos não ultrapassa o percentual de
45%.A maioria dos terrenos das região são planos e suave ondulados com declives que não
superam 3% e 8 %, respectivamente.Os maiores percentuais de declividade são
apresentados pelos terrenos de maiores altitudes, concentrados ao sul do município, com
declividade fortemente ondulada e percentuais de 20 a 45% (fig.3).
Na carta de declividade (fig.3) é possível observar a organização espacial das
feições de relevo de Altos, de acordo com a declividade.A declividade tem papel importante
no controle da erosão do solo, uma vez que a taxa de perda de energia e matéria orgânica
do solo é tanto maior quanto maior for a declividade.Ricardo et al, (2001) ao avaliarem os
efeitos da declividade no solo e da energia cinética decorrente das chuvas, inferiram
proporcionalidade nos valores de declividade do terreno e nas taxas de perda de solo e
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energia.Assim à medida que aumenta os percentuais de declive do terreno, aumentam as
taxas de perda do solo e energia da superfície do relevo.
O mapeamento fitofisionômico do município, em estágio de elaboração, tem
indicado outro fator importante quanto à declividade desse município. Nos patamares de
planaltos residuais e interflúvios tabulares de altitude superior a 180 metros predomina um
padrão fisionômico de vegetação de floresta arbórea mesclada nos interflúvios, com a
vegetação de cocais, indicando que a vegetação dessa região também obedece a fatores
morfométricos do relevo.
Figura 2. Carta imagem de Hipsometria e Curvas de Nível do município de Altos.
Sistema de Coordenada: SIRGAS 2000; Projeção Transversa de Mercator. Banco de Dados: Imagem SRTM TOPODATA(INPE-2009);Malhas Digitais IBGE (2010). Organização e geoprocessamento:Barbosa;Cardoso; Dorigon (2014).
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Figura 3. Carta imagem de Declividade do município de Altos.
Sistema de Coordenada: SIRGAS 2000; Projeção Transversa de Mercator. Banco de Dados: Imagem SRTM TOPODATA(INPE-2009);Malhas Digitais IBGE (2010). Organização e geoprocessamento: Passos (2013).
Levando em consideração os parâmetros estabelecidos pelo CFB para APPs de
encostas, e as condições geomorfométricas apresentadas no mapeamento topográfico, o
município não apresenta terrenos que atendam tais critérios. Por outro lado, apresenta
quantidade significativa de terrenos com características que se encaixam nos critérios da Lei
para delimitação de APPs de topos de morros.
O CFB estabelece para delimitação de APPs de topo de morros altitude mínina
de 100 metros e inclinação de 25º graus.A carta de declividade geoprocessada em graus
(fig.4) mostra concentração de feições topográficas na região sul de Altos, com padrões
geomorfométricos que atende aos parâmetros normativos da Lei. Essa área do município
apresenta morros com altitudes entre 100 e 270 metros e declividade que chega a 45% e
25°, assumindo características de feições fortemente onduladas.
Na figura 5, a partir do zoom das imagens SRTM (A), gerada no Global Mapper e
imagem 3D (B), do Google Earth é possível inferir os dados demonstrados na carta de
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declividade em graus do imageamento de morros residuais testemunhos.A figura mostra a
imagem de morro residual testemunho com altitude acima de 200 metros e inclinação
média maior que 25°, esculpido durante um longo período de geológico.A ilustração da
imagem B representa um modelo esquemático de como pode ser feito o cálculo para
delimitar o topo de morro para fins de criação de uma APP.
A Lei determina que só será APP de topo de morro, o topo ou feição
geomorfológica de curvatura de nível correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínina da
elevação em relação a sua base com altitude mínima de 100 metros e inclinação média
maior que 25°, sendo sua base definida pelo ponto de sela mais próximo da elevação para o
caso de relevos ondulados como o de Altos.No exemplo esquemático da imagem B (fig.5),
em caso de aplicação do CFB naquela região, se cosntitui APP o terço superior do morro
com altitude entre 190 e 210 metros .
Figura 4. Carta de Declividade em graus do município de Altos.
Sistema de Coordenada: SIRGAS 2000; Projeção Transversa de Mercator. Banco de Dados: Imagem SRTM TOPODATA(INPE-2009);Malhas Digitais IBGE (2010). Organização e geoprocessamento: Barbosa;Cardoso;Dorigon (2014).
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Figura 5. Imagens SRTM e Google Earth de feição topográfica no município de Altos.
SRTM A: padrão do relevo, altimetria e morros testemunhos ao sul de Altos. Google Earth B:morro em destaque commodelo esquemático de delimitação de APP. Banco de Dados: EMBRAPA (2006);STM Global Mapper v 14; Google
Earth (2014). Processamento e organização: Barbosa;Cardoso;Dorigon (2014)
Outras categorias de APPs constatadas no município de Altos são aquelas que
atendem aos parâmetros de drenagem estabelecidos no código.Assim, hipoteticamente,
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temos, três tipos de APPs de cursos e corpos d’água.As APPs que margeiam os cursos de
rios com dimensão métrica de 30 e 50 e as caterias de APPs do entorno de lagos, nascentes
e olhos d’água.Ainda não é possível inferir com sem por cento de precisão o quantitativo de
APPs dessas categorias no município, mas uma análise breve da sua drenagem permite
verificar a existência de cerca de 20 nascentes de córregos e riachos (fig.6), o que requer a
delimitação de um número equivalente de APPs para essas áreas.A afirmação precisa dessa
informação carece de inferência em campo, uma vez que apenas atende aos critérios da Lei
aqueles corpos hídricos perenes, nascentes e olhos d’água e reservatórios naturais.
É possível constatar ainda, de acordo com a carta de drenagem (fig.6) que a
drenagem do município segue o padrão desarranjado e irregular com bacias de 1ªa 6ª
ordem.Os cursos d’água são perenes e intermitentes, logo seu mapeamento preciso e
consequentemente, dos reservatórios oriundos do represamento de parte de suas águas ao
longo do seu trajeto permitirá a delimitação de quantidade considerável de APPs dessa
natureza.
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Figura 6. Carta de drenagem do município de Altos.
Sistema de Coordenada: SIRGAS 2000; Projeção Transversa de Mercator. Banco de Dados: Imagem SRTM TOPODATA(INPE-2009);Malhas Digitais IBGE (2010). Organização e geoprocessamento: Barbosa;Cardoso;Dorigon (2014).
É importante ressaltar que a vegetação em Altos também está, de uma forma ou
de outra, relacionada a sua rede de drenagem.No mapeamento inicial da sua vegetação já é
possível averiguar essa correlação.Um padrão de vegetação predominantemente de cocais
aparece quase sempre nas margens dos cursos d’água.Esse tipo de vegetação se estende
geralmente até a alta encosta do relevo, dependendo da declividade do terreno e raramente
superam a altitudes superiores a 170 metros.Esse padrão é constituido principalmente pela
espécie de palmeira babaçu (Attaleyaspeciosa ou Orbygniamartiana).Tipo de vegetação que
se desenvolve em ambientes úmidos próximos a lenções freáticos, embora rarammente
ocupe áreas inudáveis.
A Mata do Cocais é uma vegetação de transição que ocorre nos Estados do
Maranhão, Piauí e Ceará, em grande, média e pequena quantidade, respectivamente.
A fitofisionomia do município se apresenta conforme três padrões principais:
vegetação de floresta arbórea e arbórea- arbustiva densa (padrão I), vegetação de cocais
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com predomício quase que absoluto de palmeira babaçu (Attaleyaspeciosa ou
Orbygniamartiana)(padrão II) e vegetação arbórea arbustiva e campos abertos (padrão
III).Esses padrões fitofionômicos da vegetação estão dispostos conforme a organização das
feições geomorfológicas e a drenagem. De noroeste a sudoeste do município se alternam
os padrões I e II e de nordeste a sudeste predomina o padrão III com pequenas mesclas dos
dois primeiros padrões no entorno de cursos e corpos d’água e em morros residuais e
colinas.
CONSIDERAÇÕES
Este trabalho teve como área de estudo o município de Altos e como objetivo
discutir o conceito de Áreas de Preservação Permanente definido no Novo Código Florestal
Brasileiro e sua aplicação “hipotética” levando em consideração a análise da organização
topográfica e fitogeográfica do município de Altos/ Piauí.
A partir dos resultados preliminares obtidos com o mapeamento das formas
morfométricas, da drenagem e com os parâmetros estabelecidos no CFB foi possível inferir
que o município de Altos possui três categorias de APPs.
Num cenário hipotético de aplicação do CFB em Altos ficariam protegidas por
Lei, áreas de topos de morros localizadas no sul do município, as áreas de nascentes, cursos
e reservatórios d’água, representando seguramente menos de um terço da área total de seu
território.
O município de Altos está localizado numa região de divisor topográfico de três
importantes bacias hidrográficas do Estado do Piauí: a bacias do rio Parnaíba e de seus
afluentes Poti e Longa. O manejo adequado da cobertura vegetal é importante por se tratar
de uma área de recarga de bacias. Portanto, a análise mesmo que “hipotética”, de uma
significativa região vegetacional (vegetação de transição com alternância de manchas de
palmeiras, campos abertos e vegetação de floresta) como a de Altos pode servir de
embasamento a um planejamento ambiental ou como exemplos para outros ordenamentos
territoriais.
Do ponto de vista social, a vegetação é um fator de amenidades climáticas e
causadora de sensação de bem estar térmico. Cumpri funções fundamentais na dinâmica
natural do meio ambiente, na recarga hídrica de reservatórios, lençóis freáticos e cursos
d’água, na proteção e fertilização do solo, no modelado do relevo, na manutenção e
proteção da fauna, na purificação do ar e no controle da erosão.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AB SABER, Aziz Nacib. Os domínios da naturezano Brasil: potencialidades paisagísticas.
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INTERPRETAÇÃO DE ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE NO MUNICÍPIO DE ALTOS-PI
EIXO 5 – Meio ambiente, recursos e ordenamento territorial
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo discutir o conceito de Áreas de Proteção Permanente definido no
Novo Código Florestal Brasileiro e sua aplicação “hipotética” levando em consideração a análise
da organização topográfica e fitogeográfica do município de Altos-Piauí. A discussão teórica está
centrada nas normativas definidas no Novo Código Florestal Brasileiro, enfaticamente aquelas que
dizem respeito às APPs a partir da abordagem sistêmica de paisagem na perspectiva geográfica.
O estudo tem como “cenário hipotético” de proposta de “aplicação” de APPs o referido município.
A análise da organização da cobertura vegetal e da topografia do relevo do município está sendo
feita com base em dados fornecidos por cartas topográficas, imagens SRTM e imagens de
satélites. Os procedimentos da pesquisa contemplam a interpretação do Código Florestal, leitura
de manuscritos de Geografia referentes à abordagem sistêmica da paisagem e o mapeamento de
parâmetros topográficos do relevo (declividade, hipsometria e curvas de nível), da drenagem e da
cobertura vegetal. A vegetação, o relevo e a hidrografia são elementos da paisagem
contemplados no Código Florestal, seja como parâmetro para delimitação de uma APP, seja como
elemento mantenedor do equilíbrio de um sistema. O Novo Código Florestal define como APPs
aquelas faixas que margeiam rios, corpos e reservatórios (lagos e lagoas) de água, sejam eles,
perene ou intermitente; topos de morros, montanhas, montes e serras com altura mínima de 100
metros e inclinação maior que 25°; áreas com altitude superior a 1800 metros; veredas e outras. O
município de Altos está localizado na região centro-norte do Estado do Piauí e do ponto de vista
hidrográfico, abrange uma área de divisor topográfico de três importantes bacias hidrográficas da
região: a bacias do rio Parnaíba e de seus afluentes Poti e Longá, e o manejo adequado da
cobertura vegetal é importante por se tratar de uma área de recarga de bacias. Portanto, a análise
mesmo que “hipotética”, de uma significativa região vegetacional (vegetação de transição com
alternância de manchas de palmáceas, campos abertos e vegetação de floresta) como a de Altos
pode servir de embasamento a um planejamento ambiental ou como exemplos para outros
ordenamentos territoriais.
Palavras-chave: Código Florestal; Áreas de Preservação Permanente; Altos-PI.
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