introdução a geografia de mato grosso

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A apostila descreve os primeiros anos da colonização bandeirante dentro do estado de Mato Grosso até por volta de 1970

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Geografia de Mato Grosso1Seleo de contedo para o concurso pblicodo Governo de Mato Grosso 2009OrganizadorasGislaene MorenoTereza Cristina Souza HigaColaboradoraGilda Tomasini MaitelliAutoresAriovaldo Umbelino de OliveiraCornlio Silvano Vilarinho NetoCristina Maria Costa LeiteGilda Tomasini MaitelliGislaene MorenoJurandyr RossLunalva Moura SchwenkMrio Diniz de Arajo NetoPrudncio Rodrigues de Castro JniorTereza Cristina Souza HigaTereza Neide Nunes VasconcelosCuiab, 2009(^) entrelinhasEditora Maria Teresa Carrin CarracedoProduo Grfica Ricardo Miguel Carrin CarracedoChefia de arte e capa Helton BastosProjeto grfico Maike VanniPaginao Ronaldo GuarimDesenho digital de mapas, infogrficos e ilustraes Marcus LemosReviso cartogrfica Leodete Miranda Reviso de textos Cristina CamposAdaptao nova ortografia Walter GalvoFicha CatalogrficaG343Geografia de Mato Grosso: Seleo de Contedo para o Concurso Pblico do Governo de Mato Grosso - 2009./ Gislaene Moreno (org.), Tereza Cristina Souza Higa (org.), Gilda Tomasini Maitelli (colab.). Cuiab: Entrelinhas, 2009.ISBN 978-85-87226-93-81. Geografia - Mato Grosso. 2. Geopoltica de Mato Grosso.3. Mato Grosso - Regio Centro Oeste. I. Moreno, Gislaene (org.). II. Higa, Teresa Cristina Souza (org.). III. Maitelli, Gilda Tomasini(colab.). IV. Ttulo.CDU 913 (817.2)Nota da reviso e abreviaturasEsta publicao utiliza o singular para designar povos indgenas por adotar a grafia convencionada pela Antropologia, como por exemplo: "os Apiac" "os Paresi""os Bororo".ANI: autor no identificado.Todos os direitos desta edio reservadosENTRELINHAS EDITORAAv. Senador Metello, 3.773 Jardim Cuiab CEP.: 78.030-005 Cuiab, MT, Brasil Distribuio e vendas: Telefax: (65) 3624 5294 3624 8711www.entrelinhaseditora.com.br e-mail: [email protected] proibidaArt. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.Nenhuma parte desta edio pode ser repreduzida ou utilizada - em quaisquer meio ou forma, seja mecnico ou eletrnico, fotocpia ou gravao, etc, -nem apropriada ou estocada em sistema de banco de dados sem expressa autorizao da editora.SUMRIOe fronteira agrcola matogrossense68Polticas e estratgias de ocupao68Gisiaene MorenoA Economia do Estado no Contexto Nacional74Agricultura: transformaes e tendncias74Gisiaene MorenoA Urbanizao do Estado85Dinmica urbana regional85Gisiaene Moreno Tereza Cristina Souza HigaProduo e as Questes Ambientais88O relevo no processo de produo do espao88Jurandir RossMato Grosso e a regio Centro-Oeste4Desenvolvimento socioeconmicono contexto da regio Centro-Oeste4Mrio Diniz de Arajo Neto Cristina Maria Costa LeiteGeopoltica de Mato Grosso7Cotidiano e Modernidade7Tereza Cristina Souza HigaOcupao do Territrio11Processo de ocupao e formao territorial11Tereza Cristina Souza HigaA colonizao no sculo XX15Gisiaene MorenoAspectos fsicos e domniosnaturais do espao matogrossense21Estrutura e formas de relevo21Tereza Neide Nunes Vasconcelos Prudncio Rodrigues de Castro JniorI nteraes atmosfera-superfcie29Gilda Tomasini MaiteiiiDomnios Biogeogrficos34Lunaiva Moura SchwenkHidrografia40Gilda Tomasini Maiteiii Aspectos poltico-administrativos44A reordenao do territrio44Tereza Cristina Souza HigaAspectos socioeconmicos de Mato Grosso50Polticas pblicas de infraestruturae de desenvolvimento regional50Gisiaene MorenoFormao tnica61Os povos indgenas em Mato Grosso61Ariovaido Umbeiino de OliveiraDinmica da Populao em Mato Grosso64Dinmica populacional de Mato Grosso64Corniio Siivano Viiarinho NetoProgramas governamentais#Geografia de Mato GrossoGeografia de Mato Grosso#1. Mato Grosso e a regio Centro-OesteDesenvolvimento socioeconmicono contexto da regio Centro-OesteA estrutura do espao regionalPara compreender o processo de desenvolvimento de Mato Grosso, preciso conhecer o contexto da regio Centro-Oeste do Brasil (Figura 1). Neste captulo, vamos falar sobre a estrutura do espao regional, suas condies anteriores e atuais. Vamos analisar, tambm, o desenvolvimento de Mato Grosso com o foco voltado para os Programas de Desenvolvimento Regional implementados a partir de 1970.O territrio mato-grossense resultado de um conjunto de espaos geogrficos moldados ao longo do processo de formao econmico-social do pas, posto em prtica de forma efetiva a partir do sculo XVIII (Figura 2).Isso significa dizer que a estrutura regional do Centro-Oeste relaciona-se ao contexto nacional como uma totalidade, sendo regida pela dinmica capitalista. Essa dinmica pode ser entendida como a crescente integrao das regies brasileiras a partir da homogeneizao da economia nacional.Assim, a estrutura espacial resultante de um processo temporal onde o territrio continuamente estruturado e reestruturado. Essa dinmica expressa-se pela articulao interregional entre os Estados brasileiros, atravs de fluxos de diversas ordens: bens e servios, capitais, investimentos e fora de trabalho. Esses fluxos determinaram os processos que moldaram a regio Centro-Oeste.Embora no tenha sido a nica responsvel pela construo do espao regional, a minerao de ouro foi o fator inicial de apropriao da terra e construo do espao regional, sendo responsvel pelo assentamento das primeiras populaes no-indgenas na regio.No Brasil, o desenvolvimento do capitalismo foi caracterizado por forte interveno do Estado atravs de vrios instrumentos, que tinham por objetivo a valorizao do capital e a insero econmica do pas no contexto mundial.A interveno estatal imprimiu, na regio Centro-Oeste, profundas transformaes estruturais:Implantao de programas de desenvolvimento (dcada de 1970);diviso territorial do Estado de Mato Grosso (1977);Regio Centro-Oeste Capital do Estado Rodovias Cidades Estradas de ferroo Distrito Federal diviso territorial de Gois, com a criao do Estado de Tocantins (1981).Pode-se constatar, ento, que as estratgias de interveno do Estado Nacional foram variadas. Consequentemente, os impactos na estrutura regional tambm foram diferenciados. Assim, em busca da homogeneizao econmica nacional - expressa pela integrao das regies brasileiras -, ocorreram transformaes que afetaram as relaes de produo e modificaram o inter-relacionamento dos ncleos urbanos com as reas produtivas rurais.Como resultado, evidencia-se na regio Centro-Oeste:Espaos estruturados pela iniciativa privada sem a interveno direta de polticas governamentais; eReproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610/98.Figura 2PERIODIZAO DOS PRINCIPAIS PROCESSOS QUE ESTRUTURARAM A PRODUO DO ESPAO DA REGIO CENTRO-OESTEMinerao e fortificaes;Formao das primeiras cidades.Pecuria extensiva;Intercmbio comercial.Internacionalizao da navegao do rio Paraguai;Diversificao da produo.Construo de estrada de ferro at o sul de Gois;Implantao da cidade de Goinia;Ocupao do sul e sudeste de Mato Grosso. Processo inicial de Integrao Regional.Final do Sculo XVII18001870193519401960/1970Espaos reestruturados por polticas governamentais.Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610/98.Espaos estruturados sem ainterveno direta de polticas governamentaisO processo de produo do espao da regio foi descontnuo, nucleado e desarticulado. Assim, para explicar a estruturao desses espaos, deve-se buscar na histria as razes que desencadearam a ocupao desse territrio. Nessa perspectiva, observa-se que, em Mato Grosso, se identificam, conforme mostra a Figura 2, as seguintes fases de ocupao:Minerao e fortificaes - sculo XVIII;Pecuria extensiva - sculo XIX, at o final da Guerra do Paraguai, em 1870;Internacionalizao da navegao do rio Paraguai e diversificao da produo econmica - aps 1870;Processo inicial de integrao econmica regional e modernizao de algumas reas produtivas - dcadas de 1940, 1950 e 1960.A primeira fase de ocupao da regio deu-se em decorrncia da expanso do bandeirantismo paulista durante o domnio da Coroa Portuguesa, nos sculos XVII e XVIII. Da minerao, surgiram cidades como Cuiab (1727) e Vila Bela da Santssima Trindade (1752), em Mato Grosso, e as cidades de Gois (1725) e Pirenpolis (1727), em Gois. A necessidade de abastecimento desses ncleos incentivou a agricultura de subsistncia nos vales prximos s atividades minera- doras.Posteriormente, buscando consolidar a posse do territrio no interior do Brasil, a metrpole portuguesa ergueu fortificaes militares na fronteira com a Colnia espanhola. Dessa forma, surgiram ncleos urbanos militares s margens dos rios Guapor e Paraguai.Com a decadncia da minerao, foi desacelerada a ocupao da regio. Tal fato pode ser apontado como responsvel pelo longo perodo de estagnao econmica de Mato Grosso e Gois, entre fins do sculo XVIII e incio do sculo XX.A segunda fase de ocupao da regio Centro-Oeste insere-se no contexto histrico do sculo XIX, at a Guerra do Paraguai (1864/1870). Nesse perodo, a ocupao do oeste deuse atravs da criao extensiva de gado de forma dispersa, acompanhando os vales procura de campos nativos para serem utilizados como pastagens.Uma terceira fase remonta ao perodo aps a Guerra do Paraguai, com a internacionalizao da navegao do rio Paraguai. Tal fato desencadeou transformaes no espao regional, em decorrncia do crescimento econmico que se deu pela instalao de charqueadas no Pantanal, pela extrao de erva-mate, poaia e borracha e pela indstria aucareira na Depresso Cuiabana.Os perodos subsequentes no processo de ocupao da regio Centro-Oeste referem-se integrao econmica das vrias localidades espalhadas pelo seu territrio ao contexto re- gional/nacional, atravs da abertura de novas vias de escoamento da produo, como rodovias, ferrovias e estradas vicinais, ao lado da diversificao de atividades econmicas, consolidao das atividades preexistentes e modernizao das atividades produtivas.Assim, entre as medidas que ocorreram nas primeiras dcadas do sculo XX que contriburam para a estruturao do espao regional, destacam-se: instalao de empresas do eixo So Paulo-Santos no interior de Mato Grosso; melhoria do re banho pantaneiro; projetos de colonizao; e estmulo imigrao.O conjunto dos fatores descritos evidencia que a regio Centro-Oeste apresentou, na primeira metade do sculo XX, um processo prprio de estruturao territorial, desvinculado, em grande parte, das polticas de desenvolvimento do governo federal. As atividades econmicas implantadas e consolidadas foram apoiadas em diversas articulaes, inclusive com o capital externo.Espaos reestruturados por polticasgovernamentais a partir da dcada de 1970A dcada de 1970 marcou uma fase significativa no processo de desenvolvimento do pas. As indstrias, que elevaram o pas ao grupo dos pases em desenvolvimento, j estavam concentradas no Sudeste brasileiro. O governo federal considerou que era necessrio levar os seus planos de desenvolvimento para as demais regies brasileiras.A disseminao desse processo foi empreendida sob o argumento de necessidade de integrao nacional, embasada pela doutrina de segurana nacional. Para difundir o modelo econmico pretendido, era preciso integrar as regies que estavam "desconectadas" do centro hegemnico de poder econmico (eixo Rio-So Paulo).Na realidade, essa pregao integracionista visava camuflar os interesses existentes naqueles centros, que demandavam um aumento da sua rea de influncia pela conquista de novos mercados. Da a necessidade de integrao, que se estabeleceu com a incorporao de reas do Centro-Oeste no amplo processo de modernizao das bases produtivas brasileiras.Desse modo, o governo federal redefiniu uma "nova funo" para a regio Centro-Oeste no contexto do desenvolvimento capitalista nacional, com a estratgia econmica de estabelecer a agropecuria em moldes empresariais. At aquele momento, a atividade agropecuria era extensiva, considerada de baixa produtividade. Para mudar esse quadro, seria necessrio transformar toda a estrutura produtiva do setor.Tal inteno concretizou-se. O governo federal, ento, no s planejou detalhadamente sua atuao, como tambm a divulgou em documentos denominados "Planos Nacionais de Desenvolvimento - PNDs". Esses planos explicitam todas as transformaes que se pretendiam alcanar.Como principal agente na reestruturao do espao no Centro-Oeste, o poder pblico foi o incentivador e avalista da expanso espacial do processo capitalista na regio. Para isso:destinou recursos do setor pblico para viabilizar a implantao de infraestrutura de transporte, energia e armazenagem;expandiu o processo de ocupao, anexando novas reas ao processo produtivo atravs de incentivos fiscais e financeiros - o que atraiu grandes empresas;disponibilizou poltica creditcia queles considerados aptos a inserir a regio no cenrio econmico nacional.Os espaos, antes da ao poltica do Estado NacionalAo final da dcada de 1960, a regio Centro-Oeste e, por extenso, Mato Grosso, apresentavam dois tipos de estrutura espacial j consolidada.O primeiro tipo refere-se s reas de povoamento estabilizado e espaos estruturados pela pecuria modernizada. Nessas reas, os proprietrios de terras (pecuaristas) foram beneficiados duplamente: pela infraestrutura implantada na regio e pela sua consequente valorizao. Assim, tiveram a chance de acumular capital por outras vias que no a comercializao de sua produo. Quando a terra, valorizada pela infraestrutura colocada pelo Estado, torna-se mercadoria de maior valor, as possibilidades de acumulao de capital podiam ocorrer atravs do arrendamento ou venda da terra.Nesse contexto, distinguem-se dois tipos de produtores:Os produtores capitalizados, provenientes do Sul, que reproduziam o capital trazido, transformando-se em empresrios rurais atravs do crdito e infraestrutura de armazenagem disponveis;Os produtores descapitalizados e pequenos produtores, que, no conseguindo usufruir da poltica creditcia, acabam vendendo suas terras ou posses, cedendo lugar concentrao capitalista (de terras ou da produo).O segundo tipo de rea representado pelos locais de economia tradicional de pecuria extensiva, extrativismo vegetal, garimpagem de ouro e diamantes. So reas pouco povoadas e distantes dos grandes centros de consumo. Integram-se s reas extra-regionais atravs do comrcio do boi magro e dos produtos do extrativismo e minerao.Esses locais foram considerados como reas de reserva, que poderiam ser incorporadas ao processo produtivo que se pretendia implantar. Algumas delas receberam grandes investimentos de infraestrutura, tendo como resultado imediato a valorizao da terra e a especulao fundiria.Em Mato Grosso e na regio Centro-Oeste, o processo de ocupao do territrio e a implantao de novos sistemas de produo gerou, alm dos conflitos fundirios, problemas ambientais como a degradao dos solos, perdas de fauna e flora, de biodiversidade, diminuio dos estoques pesqueiros por assoreamento e poluio dos rios, com forte reflexo no ndice de Desenvolvimento Humano no Estado.Com a implantao do Polonoroeste, em 1981, ocorreu a alocao de recursos financeiros em infraestrutura rodoviria, social, e amparo financeiro e creditcio para promover a integrao nacional de reas prximas fronteira agrcola. O programa visava absorver o fluxo migratrio de forma ordenada e sustentvel, medida em que o governo reconhecia os problemas ambientais e socioeconmicos causados pela migrao de colonos para a fronteira agrcola de Mato Grosso e Rondnia.O programa causou grandes transformaes na economia das regies em que atuou. Os seus investimentos viabilizaram as atividades empresariais de criao de gado e agroindus- triais, articuladas com o eixo So Paulo-Rio de Janeiro.Esse Programa, com financiamento internacional, teve, entre seus vrios componentes, um zoneamento agroecolgico, que abrangia uma rea de 55.000 km2, aproximadamente, entre Cceres e parte do Vale do Guapor. Em 1989, a Fundao de Pesquisas Cndido Rondon - extinta no Governo de Carlos Bezerra - finalizou um trabalho de vocao dos solos em todo o Estado. A Fundao completou, assim, a primeira aproximao de um zoneamento socioeconmico/agroecolgico de Mato Grosso, que definiu sete grandes zonas com base nas caractersticas de fertilidade do solo, clima, relevo e socioeconomia.Embora o Polonoroeste tenha tido como estratgia o dire cionamento dos migrantes, mantendo-os distantes das reas ecologicamente frgeis e/ou ocupadas por ndios, infelizmente no obteve o sucesso esperado. Sua execuo foi pontuada por dificuldades tcnicas, institucionais e financeiras. Apenas as obras de pavimentao de rodovias cumpriram as metas, enquanto os servios agrcolas e de apoio social, e programas de proteo ambiental e indgena fracassaram, pelo pouco alcance que tiveram.O programa recebeu pesadas crticas por ter apresentado um resultado questionvel na reverso da ocupao acelerada e do desmatamento. Enfatizou a execuo de obras de infraestrutura, como abertura de estradas para assentamento de colonos, sem que se atentasse para os problemas ambientais gerados. Proposto pelo governo federal para o Estado, este programa no teve nenhuma articulao com os municpios ou a sociedade local.Com o insucesso do Polonoroeste, o governo federal decidiu tentar pr um fim na ocupao desordenada do espao, atravs da contratao de novo emprstimo internacional para a realizao de outro programa, com o objetivo claro de "firmar as bases para o desenvolvimento sustentvel" do Estado: o Programa de Desenvolvimento Agroambiental do Estado de Mato Grosso (Prodeagro).A ao do ProdeagroO Prodeagro teve incio em 1992, com a assinatura pelo governo brasileiro, junto ao Banco Mundial, do contrato que estabelecia as bases do emprstimo destinado sua implementao. Apesar de protocolado, vrios problemas dificultaram o incio dos trabalhos, entre os quais destacaram-se: a no- viabilizao do zoneamento socioeconmico-ecolgico, grave depredao de reas indgenas e fragilidade institucional dos rgos do Estado envolvidos na execuo dos seus componentes.O Programa comeou com a liberao da primeira parcela do financiamento, em 1993, aps compromisso do governo do Estado em sanar os problemas apontados. Organizava- se em quatro componentes e dezenove sub-componentes, formando um bloco de atividades vinculadas proteo ambiental para todo o territrio estadual. Entre estes, estavam os seguintes: zoneamento socioeconmico-ecolgico; regularizao fundiria; conservao ambiental e proteo e controle de reas indgenas.No decorrer de sua execuo, o Prodeagro teve a cooperao tcnica do Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), cuja misso principal foi conceber um sistemaInformaes complementaresFronteira agrcola: Linha que demarca a rea explorada agri- colamente.Posseiros: Indivduos que ocupam terra devoluta ou abandonada e passam a cultiv-la.Grileiros: Pessoas que se apoderam ou procuram apossar-se de terras alheias, mediante falsas escrituras de propriedade.Expropriao: Ato de privar o proprietrio daquilo que lhe pertence.Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610/98.Fonte: HOUAISS, 2001.Reproduo proibida. Art. 184 do Cdigo Penal e Lei 9.610/98.de gerenciamento eficiente para programar, monitorar, avaliar e realimentar, de forma contnua, a execuo do Programa.Ao longo da implementao do Programa, foram realizadas trs avaliaes de desempenho. Os problemas referiam-se ao atraso na execuo dos componentes, pela falta de coordenao e preparao tcnica e institucional dos rgos governamentais encarregados da execuo do Programa para trabalhar de forma orgnica. Aliado a isto, a falta de frum para discusses e maior envolvimento da iniciativa privada para que esta incorporasse a ideia de desenvolvimento sustentvel gerou dificuldades na implementao do Programa. Foi detectado, ainda, que os prprios beneficirios - pequenos produtores e comunidades indgenas - desconheciam as propostas do Programa, que se apresentavam de forma muito tcnica e foram pouco divulgadas, falhando no processo de comunicao com a comunidade.As restries de ordem oramentria impostas em mbito federal impediram que o Prodeagro prosseguisse com a execuo de suas aes no Estado. Entretanto, o Zoneamento So- cioeconmico-ecolgico foi concludo em 2002. Este foi um dos seus principais componentes, concebido para garantir que a utilizao dos ativos ambientais seja compatvel com os interesses de conservao/preservao ambiental, e a consequente melhoria das condies de vida da populao.O Prodeagro, inegvel, possibilitou o fortalecimento dos rgos gestores do meio ambiente em Mato Grosso, havendo capacitao dos tcnicos para o entendimento da questo ambiental no Estado.ConclusesDiante do exposto, pode-se concluir que:A estruturao do territrio de Mato Grosso e da regio Centro-Oeste foi resultado de um amplo processo de integrao regional, entendido como a insero dessas regies no contexto econmico nacional;Foram os ciclos econmicos de ocupao do territrio nacional que justificaram o povoamento (por populaes no-ndias) destas regies;Essa integrao regional significou a ampliao da rea de influncia do centro hegemnico de poder no Brasil (eixo So Paulo-Rio);A modernizao da atividade agropecuria preexistente na regio foi a forma encontrada para viabilizar o processo deproduo/reproduo do capital doeixoRio-So Paulo;O processo de modernizao foi custeado pelo Estado brasileiro, que instalou a infraestrutura necessria para tal fim, disponibilizou poltica creditcia e incorporou novos espaos do territrio ao processo produtivo;O processo de modernizao foi efetuado para atender os interesses do centro hegemnico do poder econmico, em detrimento dos interesses das populaes locais j estabelecidas na rea;A estruturao do territrio poderia ocorrer naturalmente, sem a interveno do Estado;Do ponto de vista social, a atuao estatal foi desastrosa, uma vez que foi responsvel pelos processos de concentrao fundiria e de produo, que por sua vez desencadearam os conflitos pela posse da terra por parte dos expropriados; A tendncia para a regio a continuidade de expanso da fronteira agrcola com monoculturas de exportao;Programas de desenvolvimento, como o Prodeagro, que visam a gesto territorial e ambiental, devem comear em uma determinada regio do Estado, de forma a permitir que a experincia adquirida possa ser, gradualmente, aplicada s demais regies;Os futuros programas de gesto territorial e ambiental a serem implementados devem ter mecanismos capazes de assimilar as demandas coletivas e monitorar os impactos de suas aes. Que, ao lado disso, estimulem a descentralizao, o fortalecimento das localidades em que atuam e a sustentao das instituies. Este conjunto, bem articulado, ser capaz de promover o desenvolvimento sustentvel.2. Geopoltica de Mato GrossoCotidiano e ModernidadeContextualizando Mato GrossoMato Grosso o terceiro Estado em rea da Federao brasileira, com rea total de 906.807 km2. Encontra-se na regio Cen- tro-Oestedopas,centrodocontinenteSul-americano(Figura3).A sua localizao privilegiada - territrio fronteirio internacional e que faz parte da Amaznia brasileira - confere-lhe a condio de espao estratgico, ao qual tem sido atribudo relevante papel nos planos de desenvolvimento nacional e de integrao sul-americana.Com importncia geopoltica e econmica reconhecida desde o Brasil Colnia, Mato Grosso comeou a ser amplamente explorado a partir da segunda metade do sculo XX e, a partir da dcada de 1970, passou a receber estmulos para a ocupao do seu territrio provenientes de diversos programas federais e estaduais que rapidamente o transformaram em um dos maiores produtores agropecurios do pas.O desencadeamento desse processo provocou a interio- rizao da economia, crescimento populacional e, consequentemente, intensa urbanizao que, ao lado de outros fatores, sobretudo polticos, foram decisivos para contnuas divises territoriais originando dezenas de municpios nas ltimas duas dcadas do sculo XX. Assim, a rea do atual territrio mato-grossense que, em 1970, contava com 34 municpios, chegou a 2000 com 142 unidades municipais e uma populao de 2.498.150 habitantes (IBGE, 2000a). Em 2006, com as mesmas 142 unidades municipais, a projeo populacional do IBGE para o Estado de 2.856.999, podendo chegar a 3.066.046 habitantes, em 2010.Modernidade, neoliberalismo e mundializaoAt o final do sculo XIX, poucos eram os indicadores da modernidade no cotidiano mato-grossense, em relao a algumas regies do pas, principalmente na ento capital Rio