introdução à higiene e à toxicologia ocupacional · atuação do sgsst . fonte: ipcs-ehc 155...
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Introdução à Higiene e à toxicologia ocupacional
Introduzir conceitos básicos de:
1. Higiene do Trabalho
2. Toxicologia Ocupacional
Necessários:
A) ao raciocínio clínico e
B) ao estabelecimento de nexo causal
A Título de Introdução
Perguntas?
Que perguntas você faria a respeito da notícia anterior?
• O que são valores limites de exposição (VLE)?
• Por que reduzir VLE?
• E se a proposta de mudança for aceita:
– Há necessidade de considerar implicações de saúde para quem esteve exposto a concentrações acima dos novos limites propostos?
• Quem e como define esses VLE?
– Será que a definição desses valores envolve apenas uma decisão técnica?
Sobre a exposição ocupacional ao Chumbo
• “No Brasil, segundo a NR-7, o valor de referência da normalidade (valor encontrado em população não exposta), para o chumbo no sangue é de 40 μg/dL e o Índice Máximo Biológico Permitido (IMBP) é de 60 μg/dL.
• Quando este valor é ultrapassado indica exposição excessiva do trabalhador ao metal, causando possíveis riscos a saúde.
• A American Conference of Government Industrial Hygienists (ACGIH) dos Estados Unidos, apresenta como índice biológico de exposição o valor de 30 μg/dL.10
Minozzo et al, 2009
Perguntas?
Que perguntas você faria a respeito da notícia anterior?
• Você sabe o que é a NR-7?
• Você saberia explicar razões para diferenças apontadas:
– Entre valor de referencia da normalidade (SIC!) e Índice Biológico Máximo Permitido (IBMP)?
• Lembra de alguma outra situação em medicina que esse tipo de situação exista?
– Entre os valores sugeridos de valor de referência no Brasil e o do índice biológico de exposição nos EUA?
Higiene Ocupacional
• É a ciência ambiental da antecipação, reconhecimento, avaliação e controle dos perigos e riscos à saúde nos ambientes de trabalho com os objetivos de proteger o bem- estar e a saúde dos trabalhadores e salvaguardar as comunidades em geral.
• Inclui a prevenção de condições de saúde agudas e crônicas devidas a perigos associados a agentes físicos, químicos e biológicos, assim como ao estresse em ambientes ocupacionais e se interessa pelo ambiente externo
Smith, T.J. & Meeker, J.D.
Conhecimentos
a mobilizar
Conhecimentos
a mobilizar
Momento da prevenção no
local de trabalho: controle da
exposição na situação
Momento da ação no indivíduo:
efeitos precoces e reversíveis.
Doenças significa fracasso da
atuação do SGSST
Fonte: IPCS-EHC 155
http://www.inchem.org/pages/ehc.html)
TOXICOCINÉTICA absorção distribuição deposição biotransformação excreção
SUSCEPTIBILIDADE idade raça sexo estado geral
concentração
duração da exp.
freqüência da exp.
período
imediato
retardado
Exposição Organismo Efeito Agente
propriedades
forma física
Exposição
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Homeostase
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Compensação
Não Compensação
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Morte
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Irreversível
Depledge et al., 1993, modificado por Lepera, S.
Atenção:
Visando à prevenção valores de
referência (VR), do índice biológico
máximo permissível (IBMP) ou
limite de tolerância biológica (LTB)
devem situar-se até a zona de
compensação
Tipos de Exposições
• O que considerar em caso de:
– Agentes químicos (asbesto, sílica, cloreto vinila ...)
– Agentes físicos (radiação ionizante, UV) ...)
– Agentes biológicos (vírus ...)
– inadequações ergonômicas (TTN ...)
• E se forem cancerígenos?
• Diferentes situações suscitam diferenças em estratégias de avaliação e de controle.
– Brasil, MTE: NR 9 (PPRA); NR 32 (estabelecimentos de saúde), NR 17 (ergonomia)
Tipos de Consequências Para Saúde
• Paciente sadio, efeitos compensáveis
– Exposição excessiva sem efeitos detectáveis
– Exposição excessiva com efeitos precoces, reversíveis, considerados aceitáveis
• Dano instalado (inaceitável) passível de cura, sequela:
– Traumas e impactos (acidentes),
– Iintoxicações agudas e crônicas (dose efeito)
– Alergopatias,
– Cânceres ...
• Diferentes situações suscitam diferenças em estratégias de avaliação e de controle.
– Brasil, MTE: NR 7 (PCMSO)
Etapas da Higiene
do Trabalho
Origens
/ fontes
Reconhecer
ou
Controlar
ou
Antecipar
Avaliar
1. Antecipação
• Se refere à aplicação e domínio de conhecimentos que permitam que o higienista antecipe o potencial para doenças e lesões
• Higienista deve atuar no planejamento da tecnologia, no desenvolvimento de processo e na concepção do local de trabalho
• Mais facilmente conduzida usando revisão do processo de produção que descreve o fluxo de produção completo:
– Da matéria prima ao produto acabado
2. Reconhecimento
• Requer engajamento na coleta de informações anteriores do leiaute de produção, processos e matérias primas
• Usualmente começa com visita ao local de trabalho visando familiarização com os processos e seus perigos.
• Exemplos de informações a serem coletadas:
– Tipo, composição e qt de substâncias e materiais (matérias primas, produtos intermediários e aditivos)
– Concepção de processos de trabalho e tarefas
– Fontes de emissões
– Concepção e capacidade de sistemas de ventilação e outras medidas de controle
– Práticas de trabalho, posição do trabalhador em relação às fontes, duração de tarefas, rotinas de limpeza ...
– Incluir variabilidades de trabalho normal e manutenção
3. Avaliação
• Para os perigos reconhecidos ou suspeitos o higienista mede com técnicas baseadas na natureza dos perigos, fontes de emissão, rotas de propagação até o trabalhador e compara com valores de referência (apropriados)
– Amostras de ar ou de material biológico
– Coletores (“wipe”) de pele
– Registros de dosimetria de ruído
• Decisão é baseada em 3 fontes de informação:
– Literatura científica e limites de exposição / tolerância
– Requisitos legais (NRs, ACGIH ...)
– Problemas identificados por outros profissionais de saúde que examinaram trabalhadores expostos
4. Controles
• Eliminar ou reduzir a exposição a níveis aceitáveis
• Avaliar efetividade
• Definir prioridades
• Pode ter duas fases
– Resposta imediata (provisória) com EPI ou redução do tempo de exposição para diminuir rapidamente o risco
– Controles de engenharia, para solução efetiva:
• Mudança de processo industrial ou material para eliminar o perigo
• Isolar a fonte e instalar controles de engenharia, tais como sistemas de ventilação
• Controles administrativos de duração da exposição, ou, como última solução, programa para uso prolongado de EPI
Como o Trabalho Pode Tornar-se Nocivo ou Perigoso?
• Processos de trabalho intrinsecamente nocivos ou perigosos
– Do objeto de trabalho
– Dos meios de trabalho
– Ambientes de trabalho desconfortáveis, incômodos ou nocivos
– Surgidos de interações entre objetos, meios de trabalho e atividade
– Surgidos da organização e da divisão do trabalho
• Caminhos possíveis da investigação diagnóstica
Exemplo 1: Trabalho no Acabamento de Peças em Fábrica de Metais Sanitários
Filme: Trabalho no Acabamento de Torneiras em Fundição
• Analise com planilha guia de PPRA e conceitos da higiene
– Antecipar perigos e riscos e adotar medidas de prevenção e proteção, na fase de projeto ou concepção.
• Etapa perdida em empresas instaladas ou funcionando
– Reconhecer perigos e exposições ocupacionais
• Consultar documentos, observar (fluxograma), entrevistar e mobilizar conhecimentos
– Avaliar ou estimar riscos à saúde do trabalhador
• Quando avaliar? Como? Selecionar pontos? Interpretar achados?
– Controlar perigos e riscos respeitando hierarquia de medidas a serem usadas
• Etapa possível nos sistemas em que não existem.
Analisar usando planilha de reconhecimento de riscos
• Descrição: O visível e o invisível do trabalho
– Sentado, trabalho repetitivo, com torneira na mão, aproxima e força a peça contra o rebolo do rebarbador / lixa:
• Exigências biomecânicas (cervical, lombar, mmss ...) poeira, vibrações localizadas, ruído
– Rosto se aproxima da ferramenta e poeira se acumula no corpo: braços, rosto
– Origem da poeira: peça recém fundida
• Metal líquido colocado em molde gruda na areia e gera cristais de sílica mais agressivos
– O filme não comenta isso
– Outras condições: duração jornada, metas ...
• EPC, EPI, medidas administrativas ...
Exemplo de Aspectos a Observar no Reconhecimento de Riscos
Sistema de Exaustão Não Deve Permitir Passagem de Contaminantes na Zona Respiratória do Trabalhador
(Fonte: Niosh, 1973; apud
Levy et al 2011)
Posição do Trabalhador é Crucial. Não Deve Aproximar Zona Respiratória da Fonte de Emissões.
(Fonte: Niosh, 1973; apud
Levy et al 2011)
Trabalhador Fora do Fluxo de Ar
(Fonte: Niosh, 1973; apud
Levy et al 2011)
Fontes de Confusão
• Impressões de órgãos dos sentidos podem subestimar ou superestimar exposições
• Limiar de cheiro (odor) para maioria dos solventes é menor que aquele em que a exposição se torna tóxica
• Reconhecimento completo deve abranger todas as fases da atividade de trabalho – operação normal e variabilidades, incluindo manutenção, limpeza, disfunções (incidentes) etc
• Propriedades dos agentes
– Densidade de vapor: Compara peso do vapor do produto com o do ar.
• Se >1 tende a ficar perto do solo
SUBSTÂNCIA
NO AR
EXPOSIÇÃO
REAL
DOSE REAL
ESTIMATIVA DA
EXPOSIÇÃO
ESTIMATIVA DA
DOSE
Dosagem de amostras
Dosagem de amostras
EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL E DOSE
forma física (gás, fumo, neblina, poeira ...)
variações da concentração: diferentes locais, momentos ...
tamanho e aerodinâmica das partículas (poeiras)
solubilidade da substância
vias de absorção alternativas
eficiência dos mecanismos de proteção
volume respiratório (carga de trabalho)
hábitos pessoais
exposições extra-laborais.
VOLUME MINUTO RESPIRÁTÓRIO
SITUAÇÃO LITROS/MINUTO
REPOUSO 9,0
ESFORÇO MODERADO 30,0
ESFORÇO INTENSO 40,0
ESFORÇO MÁXIMO 130,0
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DORMINDO 6,0
ESFORÇO MUITO INTENSO 90,0 –100,0
ESFORÇO LEVE 20,0
Como interpretar resultados de exames? (1/2)
• Chumbo no sangue (PbS). 25, 45 ou 60 μg/dl de sangue
– Valor de referência: 40 μg/dl de sangue
– Limite de tolerância biológico (IBMP): 60 μg/dl de sangue
• Ácido delta-aminolevulínico na urina (ALAu)
– Valor de referência: 4,5 mg/g de creatinina
– Limite de tolerância biológico (IBMP): 10 mg/g de creatinina
Como interpretar resultados de exames? (2/2)
• Dosagem de atividade da AChase (eritrocitária):
– inibição de 15% da atividade (mesmo indivíduo antes da exposição): exposição
– Limite de tolerância biológico (IBMP): Inibição de 30% da atividade
• A variação individual da AChE eritrocitária oscila em torno de 10%, enquanto a oscilação plasmática corresponde a uma
média de 14,5%.
• Sintomas de intoxicação tendem a iniciar após 50% de inibição da atividade enzimática
Monitoramento Ambiental e Biológico
• Objetivo: Prevenção
• Pressupostos para a definição de indicadores biológicos.
– O gráfico dos 3 eixos:
• Concentração no ambiente
• Parâmetro biológico (de exposição e de efeito)
• Efeito de saúde
• Cuidados na interpretação: – Valores de referência são construções sociais ancoradas
em evolução de conhecimentos
Introdução ao Monitoramento Ambiental e Biológico de Exposições
Agente no ambiente
(concentração,
intensidade ...)
Efeito ou manifestação de saúde: reversível, precoce, [...].
Politicamente definido como “Aceitável”
Agente,
metabólito ou
produto de efeito
à exposição no
organismo
VMin
VMin VMin
VMax
VMax
VMax
Zona de não
correlação
entre as
variáveis
Correlação 1
Correlação 2
NEGOCIAÇÃO POLÍTICA
TRABALHADORES
ESTADO
EMPRESÁRIOS
TÉCNICOS
Toxicidade da substância
Benefícios advindos de seu uso
Possibilidade de substâncias alternativas
Efeitos sobre o ambiente
ECONÔMICOS
Exposição
Efe
ito
Man
ifes
to
Homeostase
sa
ud
áve
l
Compensação
Não Compensação
do
en
ça
Reversível
Cu
ráve
l
Morte
Seq
uel
a
Irreversível
Depledge et al., 1993, modificado por Lepera, S.
Atenção:
Visando à prevenção valores de
referência (VR), do índice biológico
máximo permissível (IBMP) ou
limite de tolerância biológica (LTB)
devem situar-se até a zona de
compensação
DE EXPOSIÇÃO: Quantidade de uma substância ou de seus metabólitos detectada no organismo (no ar exalado e, ou sangue e, ou urina e, ou tecidos) que se correlaciona com a qt ou concentração desse agente (substância ou produto) presente no organismo. Nesse caso o que se mede é o próprio agente (ex: chumbo no sangue) na forma em que penetrou, ou um metabólito produzido no organismo visando diminuir sua toxicidade e ou facilitar sua eliminação. Indica exposição do trabalhador ao agente. Se ultrapassar valor de referência = exposição excessiva (de risco à saúde)
1. DE EFEITO:
1. Substância cuja presença no organismo (sangue,
urina, fezes ou tecidos) aparece alterada em
decorrência de ação induzida por determinado
agente tóxico que penetrou nesse organismo, ou
por um de seus metabólitos e interagiu com o
mesmo
2. Medida de uma alteração bioquímica reversível
causada pela absorção de uma substância, sendo
o grau de alteração abaixo de um efeito tóxico e
não associado com efeito patológico irreversível
Exemplo
• A alteração, “aumento da ALA-U” decorre da ação do chumbo na síntese do heme, notadamente inibindo a ALA desidratase, levando a aumento do ALA no sangue e na urina.
• A diminuição da atividade da colinesterase se dá na exposição a organofosforados e ou carbamatos.
• Tem dois significados: exposição (excessiva se acima do VR) ao produto e significado clínico de presença de efeitos decorrentes dessa exposição.
Quadro comparativo Indicador de Exposição e Indicador de efeito
• O agente ou metabólito
• Indica exposição ao agente.
• Valores acima de VR ou LTB indicam exposição excessiva ou de risco à saúde
• Exs: Chumbo no sangue
• Parâmetro alterado por ação do agente ou metabólito no organismo
• Indica exposição ao agente.
• Valores acima de VR ou LTB têm dois significados: – Exposição excessiva ou de
risco à saúde
– Efeito de saúde ou significado clínico em etapa inicial ou reversível
• Exs: ALA-U, atividade de Chase
Índice Biológico Máximo Permissível
“Valor máximo do indicador biológico para o
qual se supõe que a maioria das pessoas
ocupacionalmente expostas não corre risco
de dano à saúde. A ultrapassagem deste
valor significa exposição excessiva” (Norma
Regulamentadora Nº 7 - NR 7)
Princípios de Prevenção e Controle de Riscos
• Prevenção de risco na fonte
• Controle da propagação dos agentes de riscos
• Outras medidas relativas ao ambiente de trabalho
– Leiaute e organização do trabalho; limpeza; armazenagem e rotulagem, sinalização; vigilância ambiental e sistemas de alarme
• Medidas relativas ao trabalhador
• Programas de prevenção e controle de riscos
O Que Estabelece a Legislação Brasileira? A Norma Regulamentadora 09
Hierarquia de Medidas de Controle
• 9.3.5.2 - O estudo, desenvolvimento e implantação de medidas de proteção coletiva deverão obedecer à seguinte hierarquia:
– Medidas que eliminam ou reduzam a utilização ou a formação de agentes prejudiciais à saúde
– Medidas que previnam a liberação ou disseminação desses agentes no ambiente de trabalho
– Medidas que reduzam os níveis ou a concentração desses agentes no ambiente de trabalho
EPI é a Última Medida a Ser Adotada
• 9.3.5.4. Quando comprovado pelo empregador ou instituição, a inviabilidade técnica da adoção de medidas de proteção coletiva ou quando estas não forem suficientes ou encontrarem-se em fase de estudo, planejamento ou implantação ou ainda em caráter complementar ou emergencial, deverão ser adotadas outras medidas obedecendo-se à seguinte hierarquia:
– Medidas de caráter administrativo ou de organização do trabalho. Exemplos:
• Reduzir tempo de exposição
• Separar atividades no tempo
– Utilização de Equipamento de Proteção Individual - EPI
ATENÇÃO:
CONSIDERE ESSA
HIERARQUIA NA REDAÇÃO
DO SEU TRABALHO DE
CAMPO E NAS
RECOMENDAÇÕES DE
ANAMNESES
OCUPACIONAIS