introduÇÃo À literatura · nosso céu tem mais estrelas, nossas várzeas têm mais flores,...
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INTRODUÇÃO À LITERATURA
Professora Michele Arruda
O que é Literatura?
A Literatura, como toda arte, é uma transfiguração
do real, é a realidade recriada através do espírito
do artista e retransmitida através da língua para
as formas, que são os gêneros, e com os quais
ela toma corpo e nova realidade.
(COUTINHO, Afrânio. Notas de teoria literária.
2ª ed. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1978.
p. 9-10)
A PLURISSIGNICAÇÃO DA LINGUAGEM
Palavra com significação
restrita.
Palavra com sentido
comum, o do dicionário.
Palavra usada de modo
objetivo.
Linguagem exata e
precisa.
Palavra com significação
ampla.
Palavras cujos sentidos
extrapolam o sentido
comum.
Palavra usada de modo
criativo, artístico.
Linguagem expressiva,
rica em sentidos.
Denotação Conotação
POLISSEMIA E AMBIGUIDADE
Polissemia representa a multiplicidade
de significados de uma palavra.
Um termo polissêmico é aquele que pode
apresentar significados distintos de acordo
com o contexto.
Ambiguidade é variedade de interpretação
que um discurso pode conter.
LINGUAGEM
Linguagem denotativa
Linguagem impessoal
Linguagem informativa
Linguagem conotativa
Linguagem pessoal
Linguagem pautada em
sentimentos
LiteráriaNão Literária
TEXTO LITERÁRIO E TEXTO NÃO LITERÁRIO
Descuidar do lixo é sujeira
Diariamente, duas horas antes da
chegada do caminhão da
prefeitura, a gerência de uma das
filiais do McDonald’s deposita na
calçada dezenas de sacos
plásticos recheados de papelão,
isopor, restos de sanduíches. Isso
acaba propiciando um banquete
de mendigos. Dezenas deles vão
ali revirar o material e acabam
deixando os restos espalhados
pelo calçadão.
(Veja São Paulo, 23-29/12/92)
O bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um
homem.
(Manuel Bandeira. Em Seleta em
prosa e verso. Rio de Janeiro: J.
Olympio/MEC, 1971, p.145)
INTERTEXTUALIDADE
A intertextualidade é um recurso utilizado entre textos, de
maneira que estabelece uma analogia mediada por um
diálogo existente entre eles, sejam da mesma natureza ou
não (por exemplo a intertextualidade entre um texto
escrito e um texto visual).
Note que para que a intertextualidade ocorra, é necessário
a existência de um texto que influencie a produção deste,
denominado de “texto-fonte”, ou seja, aquele em que o
autor se inspirou para fazer referência.
Em suma, a intertextualidade é a criação de um texto a
partir de outro já existente.
INTERTEXTUALIDADE EXPLÍCITA
No anúncio publicitário há uma forte referência
ao texto fonte, facilmente identificada pelo leitor
através dos elementos fornecidos pela
linguagem verbal e pela linguagem não verbal.
A composição do anúncio nos transporta
imediatamente para o filme “Tropa de Elite”, do
cineasta José Padilha, e isso só é possível em
razão do forte apelo popular da produção, que
ganhou grande projeção em nossa sociedade.
INTERTEXTUALIDADE IMPLÍCITA
No anúncio há um elemento verbal que
permite a retomada do texto fonte, mas
essa inferência depende de um
conhecimento prévio do leitor: se ele não
souber que há uma referência à música
“Mania de você”, da cantora Rita Lee,
provavelmente o texto não será
compreendido em sua totalidade.
TIPOS DE INTERTEXTUALIDADE
Paródia: Trata-se de uma releitura cômica, geralmente
envolvida por um caráter humorístico e irônico a qual
altera o sentido original, criando assim, um novo.
Paráfrase: Diferente da paródia, ela faz referência a um
ou mais textos sem que a ideia original seja alterada.
Citação: A citação acontece quando há uma transcrição
de um texto ao longo de outro, marcada normalmente
pelo uso de aspas.
CANÇÃO DO EXÍLIO (GONÇALVES DIAS)
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite–
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
CANÇÃO DO EXÍLIO
(MURILO MENDES)
Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza.
Os poetas da minha terra
são pretos que vivem em torres de ametista,
os sargentos do exército são monistas, cubistas,
os filósofos são polacos vendendo a prestações.
A gente não pode dormir
com os oradores e os pernilongos.
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.
Eu morro sufocado
em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
nossas frutas mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia.
Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
e ouvir um sabiá com certidão de idade!