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REBECCA GIOVANNA CAMPOS GOMES TRÁFICO INTERNACIONAL DE ANIMAIS SILVESTRES

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REBECCA GIOVANNA CAMPOS GOMES

TRÁFICO INTERNACIONAL DE ANIMAIS SILVESTRES

Palmas -TO

2019

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REBECCA GIOVANNA CAMPOS GOMES

TRÁFICO INTERNACIONAL DE ANIMAIS SILVESTRES

Trabalho de conclusão de curso

apresentado como requisito parcial da disciplina

de Trabalho de Curso em Direito II (TCD II), do

Curso de Direito do Centro Universitário

Luterano de Palmas – CEULP/ULBRA.

Orientador (a): Prof. Esp. Abizair Antonio

Paniago

Aprovado em: _____/_____/_______

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________________

Prof. Esp. Abizair Antonio Paniago

Orientador

Centro Universitário Luterano de Palmas – CEULP

____________________________________________________________

Prof.a Ma. Andrea Cardinale Urani Oliveira de Moraise

Centro Universitário Luterano de Palmas – CEULP

____________________________________________________________

Prof.a Ma. Denise Cousin Souza Knewtiz

Nome da Instituição

Palmas, TO

2019

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“Não importa o que aconteça, continue a nadar. ”

(Walters, Graham; Procurando Nemo, 2003)

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RESUMO

O presente trabalho visa mostrar de que maneira o tráfico internacional de animais silvestres traz efeitos negativos no meio ambiente e principalmente na fauna brasileira, buscando estabelecer que as consequências causadas não são apenas no âmbito nacional, mas também internacional, desse modo pontua os posicionamentos de legislações internacionais que tem o fulcro de cuidar do meio ambiente. Destaca sobre a eficácia na legislação de crimes ambientais, mostrando vários pontos da principal lei que define penalizações sobre os danos causados ao meio ambiente. De igual maneira estabelece a conscientização da população como um ponto importante para o cuidado com a natureza e a preservação para futuras gerações.

PALAVRAS CHAVE: Fauna silvestre; Tráfico; Proteção; Legislação.

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ABSTRACT

The present work aims to show how the international traffic of wild animals has negative effects on the environment and especially on the Brazilian fauna, trying to establish that the consequences are not only national but also international, thus punctuating the positioning of legislation which has the focus of caring for the environment. It highlights the effectiveness of environmental crimes legislation, showing several points of the main law that defines penalties for damages caused to the environment. It also establishes the awareness of the population as an important point for the care with nature and the preservation for future generations.

KEY-WORDS: Wildlife; Traffic; Protection; Legislation.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANA Agência Nacional de Águas

CETAS Centros de triagem de animais silvestres

CO2 Gás Carbono

DEMA Delegacias especializadas no combate aos crimes contra o meio ambiente

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis

ICMBIO Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

MMA Ministério do Meio Ambiente

ONGS Organizações Não Governamentais

ONU Organizações da Nações Unidas

RENCTAS Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres

WWF World Wildlife Fund

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SUMÁRIOINTRODUÇÃO..........................................................................................................10

1 MEIO AMBIENTE, DIREITO AMBIENTAL E PRINCÍPIO..............................12

1.1 DIREITO AMBIENTAL E A IMPORTÂNCIA DO MEIO AMBIENTE 12

1.2 PRINCÍPIOS 13

1.2.1 Princípio da prevenção 13

1.2.2 Princípio do desenvolvimento sustentável 14

1.2.3 Princípio da precaução 15

1.2.4 Princípio da informação 16

1.3 A FAUNA 17

1.4 EXTINÇÃO DE ESPÉCIES 18

1.4.1 Do desmatamento 19

1.4.2 Das queimadas 19

1.4.3 Da poluição 20

1.4.4 Do tráfico de animais 20

1.4.5 Espécies ameaçadas de extinção 21

2 A RESPONSABILIDADE PENAL NO DIREITO AMBIENTAL.........................23

2.1 LEI Nº 9.605/98 – OS CRIMES AMBIENTAIS 23

2.1.1 Crimes contra a fauna 23

2.1.2 Crimes contra a flora 24

2.1.3 Crimes de poluição e outros crimes 24

2.1.4 Crimes contra o ordenamento urbano e patrimônio cultural 25

2.1.5 Infrações administrativas 26

2.1.6 Legislação no âmbito internacional 26

2.1.7 Conferência de Estocolmo 28

2.1.8 Conferência do Rio de Janeiro 29

2.1.9 Protocolo de Kyoto 30

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2.2 DA PENALIZAÇÃO 31

2.3 APLICABILIDADE DA NORMA NO TRÁFICO DE ANIMAIS 31

2.4 ÓRGÃOS COMPETENTES PARA O COMBATE DO TRÁFICO DE ANIMAIS 33

2.4.1 Órgãos de proteção ambiental no Brasil 33

2.4.2 Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

- IBAMA 33

2.4.3 Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBIO 34

2.4.4 Centros de triagem de animais silvestres - CETAS 34

2.4.5 Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres - RENCTAS

34

2.4.6 Polícia Militar Ambiental 35

2.4.7 Delegacias especializadas no combate aos crimes contra o meio ambiente -

DEMA 35

3 TRÁFICO ILÍCITO DE ANIMAIS......................................................................23

3.1 CONTEXTO HISTÓRICO 23

3.2 OBJETIVOS DO TRÁFICO 37

3.2.1 Espécies para pet shop 37

3.2.2 Atividade científica 38

3.2.3 Criação de produtos 38

3.2.4 Zoológicos e colecionadores 39

3.3 COMERCIALIZAÇÃO E ANIMAIS MAIS TRAFICADOS 39

3.4 COMPETÊNCIA PARA PROTEGER A FAUNA E LEGISLAR 40

3.5 INVESTIGAÇÃO E JULGAMENTO DOS CRIMES AMBIENTAIS E OS MEIOS

PROCESSUAIS 41

3.5.1 Ação civil pública 42

3.5.2 Ação penal 43

3.6 EFICÁCIA DO CUIDADO COM A FAUNA E A CONTRIBUIÇÃO SOCIAL 44

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3.7 ORIENTAÇÃO AMBIENTAL 48

3.8 ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS - ONGs 49

CONCLUSÃO............................................................................................................52

REFERÊNCIAS.........................................................................................................54

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INTRODUÇÃO

Por muito tempo prevaleceu o antropocêntrico de que homem seria o centro da

criação e, por isso mesmo, e seus interesses vinham antes e acima dos demais, numa

constatação de que cada coisa existiria para servi-lo. Porém, com o passar do tempo, esse

pensamento equivocado mudou significativamente, observando-se atualmente que, no trato

com o meio ambiente, há constatação de que seus recursos são finitos e muitos deles

irrenováveis, o que passou a exigir uma atitude diferente, de cuidado e atenção

preservacionista, quanto à sua exploração por ser necessário para o bom funcionamento de

cada ecossistema, para o equilíbrio do meio ambiente.

Surge daí a relevância do tema do presente estudo, posto que o Tráfico internacional

de Animais hoje representa uma grande ameaça ao meio ambiente equilibrado, pois na ânsia

da busca da riqueza não há qualquer preocupação e se observar que cada animal possui sua

importância no contexto do funcionamento do ecossistema, o que reflete diretamente na

própria sociedade.

Tem-se que a fauna é uma das áreas mais atacadas do meio ambiente, trata-se de um

dos maiores mercados ilegais que movimenta ilicitamente bilhões de reais e causa danos

irreparáveis, sendo necessário despertar e estimular uma consciência ambiental que dê

atenção, em particular à fauna e à flora, de modo a se possibilitar a preservação ambiental e o

uso racional dos recursos naturais para as presentes e futuras gerações, impondo a justa

punibilidade àqueles que forem responsáveis pelos danos causados .

Desse modo, a pesquisa foi dividida em três capítulos. No primeiro busca-se mostrar

os princípios norteadores do direito ambiental, a importância dos recursos naturais para o

equilíbrio do meio ambiente, a utilidade da fauna, as formas de extinção dos animais, bem

como os animais que estão ameaçados de extinção.

No segundo capítulo trata-se da Lei nº 9.605/98, denominada como “Lei dos Crimes

Ambientais”, abordando-se seus principais aspectos, as normas no âmbito internacional,

protocolos e conferências. A penalização dos crimes contra a fauna, a aplicabilidade da norma

em relação ao Tráfico de animais, os órgãos competentes para averiguação dos atos ilícitos

em relação ao meio ambiente de forma geral e com atenção aos da fauna.

No terceiro capítulo aborda-se o contexto histórico do tráfico internacional de

animais, evidenciando-se como se estabeleceu essa cultura de fazer mercado com os animais,

de como foram os primeiros atos de venda de animais e para os países que primeiro se

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interessaram em comprar e vender a fauna brasileira. De igual modo busca mostrar para qual

destinação se compra esses animais traficados, para qual objetivo se obtinham os animais,

possuindo vários os interesses como, zoológicos, colecionadores, científicos, bem como

várias outras intenções de se obter esses animais e causar danos a fauna ambiental. Aborda-se

ainda sobre as principais rotas de mercado do tráfico internacional de animas, comercialização

de cada um desses animais e de igual modo os mais almejados pela mercantilização dos

animais que mais sofrem para com esse mercado ilegal. Esclarece-se sobre as competências

de legislar e proteger a fauna, os meios processuais cabíveis, a eficácia do cuidado com a

fauna.

O presente trabalho buscará também conscientizar a sociedade sobre o cuidado com

o meio ambiente, a educação ambiental, que busca ensinar em todos os âmbitos possíveis

sobre o cuidado e proteção do meio ambiente, sempre se atentando com a necessidade da

natureza estar equilibrada e funcionando como deve. É de direito de cada cidadão um meio

ambiente saudável e eficaz, porém também é dever de cada um fazer um pouco para cuidar e

o manter equilibrado, visa dessa forma mostrar como pode ajudar a atingir o objetivo de

cuidar e proteger a fauna e flora.

No final observa-se como a sociedade pode interferir na expansão desse ato ilícito,

bem como para abolir essa prática, pois tais atitudes de enfrentamento têm muita importância

na continuidade ou não desse ato ilícito. É de suma importância a conscientização da

população, a propagação da informação para atingir um bom resultado para o bom

funcionamento do meio ambiente.

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1 MEIO AMBIENTE, DIREITO AMBIENTAL E PRINCÍPIO

1.1 DIREITO AMBIENTAL E A IMPORTÂNCIA DO MEIO AMBIENTE

A Carta Magna brasileira de 1988, elevou ao nível de premissa constitucional a

preocupação com o meio ambiente, prevendo expressamente a necessidade de preservação

para as presentes e futuras gerações. Essa previsão se mostrou correta na medida em o ser

humano necessita do meio ambiente para tudo, o ar natural, água potável, as plantas e

alimentos, tudo é interferido pelo bem-estar do ambiente.

Com a certeza de que a natureza não poderia ser levada de qualquer forma e que os

seus recursos não eram inesgotáveis, positivou-se a preocupação com sua preservação nos

seguintes termos:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

O direito ambiental é um conjunto de princípios norteadores, regras e normas que

visam a proteção do meio ambiente, de acordo com a Lei nº 6.938/81 que dispõe sobre a

Política Nacional do meio ambiente, em seu art. 3º, inciso I, ele é “o conjunto de condições,

leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a

vida em todas as suas formas”. Desta forma o meio ambiente abrange todas as formas da

natureza, as relações naturais do meio ambiente e sua necessidade de preservação.

Constatada a importância do meio ambiente e da regulamentação das atividades na

natureza, a exploração e devastação do meio ambiente, percebeu-se que deveria se estabelecer

um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e social de um ambiente alinhado a

preservação e o cuidado com a natureza. Com isso a Lei nº 6.938/81 no art. 4º, inciso I,

estabelece que a Política Nacional visará “à compatibilização do desenvolvimento

econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio

ecológico”.

No âmbito internacional há algum tempo já se fala sobre o desenvolvimento e a

preservação ao meio ambiente, observando a importância de se estabelecer tratados sobre esse

assunto. Na conferência das Nações Unidas Rio 92, foram estabelecidos vários princípios que

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versam sobre o desenvolvimento e o meio ambiente, estipulando que se tem o direito

desenvolver, de crescer, porém sempre se atentando com o cuidado da preservação da

natureza para que as presentes e futuras gerações possam desfrutar dessa natureza. Assim, o

principio 3 da Rio 92 definia que “o direito ao desenvolvimento deve ser exercido de modo a

permitir que sejam atendidas equitativamente as necessidades de desenvolvimento e de meio

ambiente das gerações presentes e futuras”. Esse princípio mostra que há necessidade de

equilíbrio na relação de desenvolvimento e meio ambiente, para garantir que se possa

desenvolver sem esgotar os recursos ambientais.

1.2 PRINCÍPIOS

O direito ambiental possui seu grupo de princípios próprios ao qual esses versam de

forma especifica sobre como deve-se desenvolver no meio ambiente e ao mesmo tempo

preserva-lo para que os recursos não se esgotem.

O doutrinador Celso Antônio Bandeira de Mello (1993, pg.408-409) dispõe sobre a

função dos princípios:

Princípio, já averbamos alhures, é, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido humano. É o conhecimento dos princípios que preside a intelecção das diferentes partes componentes do todo unitário que há por nome sistema jurídico positivo.

Os princípios estabelecem as condutas e limites que devem ser seguidas para que se

tenha um meio ambiente equilibrado para toda sociedade usufruir, cuidando assim que, em

especial, as futuras gerações tenham a possibilidade de viver de forma agradável e com a

natureza a sua disposição. De modo a se assegurar a todos esse direito, foram instituídos os

seguintes princípios.

1.2.1 Princípio da prevenção

De acordo com o Dicionário Aurélio, trata-se de “Dispor as coisas buscando evitar

um mal, um dano; evitar”. O princípio da Prevenção busca fazer um estudo, uma análise para

que se cause o menor dano possível e aos eventuais impactos causados possa haver uma

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compensação, de modo a se evitar que ocorra um efeito negativo ao meio ambiente além do

previsto e aceitável, por isso a importância do estudo de cada caso de forma individual e

prévio.

Explica (Granziera, 2014,p. 61) o princípio da prevenção:

Com base no princípio da prevenção, havendo uma análise prévia dos impactos que um determinado empreendimento possa causar ao meio ambiente, é possível, adotando-se medidas compensatórias e mitigadoras, e mesmo alterando-se o projeto em análise, se for o caso, assegurar a sua realização, garantindo-se os benefícios econômicos dele decorrentes, sem causar danos ao meio ambiente.

Deve-se ter um equilíbrio na realização do projeto e na prevenção do meio ambiente,

sendo que os lucros dos processos devem ser mantidos, porém causando o menor impacto

possível ao meio ambiente. As medidas mitigatórias ocorrem antes da execução do projeto,

elas estabelecem as formas que causem menos danos, mudando alguns detalhes do projeto

que ajude a diminuir cada vez mais o dano, é feito juntamente com todos os profissionais a

fim de que se possa alterar passos que previnam mais a natureza, sem modificar muito o

orçamento do projeto.

Para cada dano causado ao meio ambiente, deve estar estabelecido previamente as

medidas compensatórias, sendo ela uma forma de reparar o dano causado, não

necessariamente no mesmo lugar que se realizou o projeto, visa uma forma de reparar o dano

que de todo modo será inevitável. Como exemplo, seria plantar uma determinada área para

compensar o que teve de ser desmatado.

1.2.2 Princípio do desenvolvimento sustentável

Para que se obtenha um desenvolvimento sustentável é necessário que aja um

equilíbrio entre três pontos: a) crescimento econômico; b) preservação ambiental; c) equidade

Social.

Esses processos elencados devem ter uma relação harmônica, deve-se obter os três

pontos para que se alcance o desenvolvimento Sustentável. Importante também são as

políticas de equidade, que servem para assegurar que a sociedade viva de uma forma mais

igualitária podendo assim promover uma qualidade de vida para todos de forma mais

adequada e justa. A Rio 92 trouxe vários princípios que versam sobre a forma de se

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desenvolver sustentavelmente ressaltando também que a erradicação da fome é um ponto

muito importante nesse processo.

No princípio 5 do Rio 92 dispõe:

Para todos os Estados e todos os indivíduos, como requisito indispensável para o desenvolvimento sustentável, irão cooperar na tarefa essencial de erradicar a pobreza, a fim de reduzir as disparidades de padrões de vida e melhor atender às necessidades da maioria da população do mundo.

O Princípio 5 da Rio 92, estabelece que é importante se preocupar com a erradicação

da pobreza, buscando pôr fim às diferenças sociais existentes tanto no Brasil como no mundo,

podendo assim proporcionar uma qualidade melhor e atender as necessidades diversas de cada

sociedade e que cresçam juntos e atinjam o desenvolvimento sustentável.

No art. 225, III, a Constituição Federal determina como deve ser o desenvolvimento

sustentável “proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em

risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a

crueldade”.

1.2.3 Princípio da precaução

De acordo com o Dicionário Aurélio, precaução significa “ação antecipada feita para

evitar ou para prevenir um mal ou algo ruim. ” Assim, tem-se que esse princípio trata de se ter

prudência para quando se for estabelecer alguma atividade, se antecipar de possíveis danos e

já o prevenir antes que o fato se consume, deve-se evitar licenciar quando não se pode

precaver os impactos associados a essa atividade. O principal objetivo desse princípio é a

proteção do meio ambiente, para a preservação para futuras gerações.

[...] o conteúdo cautelar do princípio da prevenção é dirigido pela ciência e pela detenção de informações certas e precisas sobre a periculosidade e o risco corrido da atividade ou comportamento, que, assim, revela situação de maior verossimilhança do potencial lesivo que aquela controlada pelo princípio da precaução. (LEITE ,2003, p. 226)

Ocorre uma grande confusão entre o princípio da prevenção e da precaução, o

importante a se ressaltar é que no princípio da prevenção as medidas tomadas são para

prevenir algo que já se conhece, já se sabe onde e como vai ocorrer o dano. Por outro lado, o

princípio da precaução faz uma análise futura e de possíveis impactos, não se sabe certamente

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como vai ser e se vai ser causado danos, mas ela prever medidas para evitar esses possíveis

atos.

1.2.4 Princípio da informação

A informação é um mecanismo de grande importância, pois através dela que se pode

ter embasamento necessário para analisar e decidir sobre atos e sobre o que se acreditar e se

defender ser coerente.

A administração pública tem como princípio base o princípio da publicidade, pois

observa que a transparência e a informação são importantes para a sociedade saber e julgar os

atos efetuados pela administração, devendo esta suprir na ausência de publicidade, mesmo

sendo de interesse privado ou coletivo. No art. 5º, XXXIII, a Constituição Federal estabelece

que deve haver informação na administração pública, devendo ser prestada no prazo da lei:

Art. 5º [...][...]XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; 

No mesmo sentido a Lei nº 10.650/03 estabelece estar disponível à sociedade o

acesso a dados e informações que estão constantes nos órgãos e entidades integrantes ao

Sistema Nacional do Meio Ambiente. No seu art. 2º a Lei estabelece que ficam obrigados os

órgãos da administração pública a divulgar os processos que versem sobre o meio ambiente e

a disponibilizar informações ambientais, em todos os meios possíveis, escrito, sonoro,

eletrônico, in verbis:

Art. 2o Os órgãos e entidades da Administração Pública, direta, indireta e fundacional, integrantes do Sisnama, ficam obrigados a permitir o acesso público aos documentos, expedientes e processos administrativos que tratem de matéria ambiental e a fornecer todas as informações ambientais que estejam sob sua guarda, em meio escrito, visual, sonoro ou eletrônico, especialmente as relativas a: I - qualidade do meio ambiente;II - políticas, planos e programas potencialmente causadores de impacto ambiental;III - resultados de monitoramento e auditoria nos sistemas de controle de poluição e de atividades potencialmente poluidoras, bem como de planos e ações de recuperação de áreas degradadas;IV - acidentes, situações de risco ou de emergência ambientais;V - emissões de efluentes líquidos e gasosos, e produção de resíduos sólidos;VI - substâncias tóxicas e perigosas;VII - diversidade biológica;

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VIII - organismos geneticamente modificados.

A sociedade tem o direito a informação, com direito a proteção da saúde, sendo

obrigado o poder público a prestar as informações necessárias, resguardando o Direito a Vida.

A administração pública deve prestar informações de forma organizada para que seja de fácil

entendimento da sociedade.

1.3 A FAUNA

A Fauna Brasileira é rica em diversidade e em beleza natural. Cada região do país

encontra seus grupos típicos de animais, sendo eles, terrestres, aquáticos, todos eles fazendo

parte de um todo. O THOME (2015, p.37) cita o Brasil como sendo o país com a maior

diversidade tanto de fauna como de flora.

O Brasil é o país mais rico do mundo em biodiversidade. A variedade de biomas reflete a riqueza da flora e fauna brasileiras, com mais de 20% do número total de espécies do planeta. Por este motivo, o Brasil é o principal dentre os chamados países megadiversos.

Dentro desse grupo estão os que, segundo a Lei nº 9.605/98, os animais que mantém

seu ciclo de vida dentro do território brasileiro e nas águas jurisdicionais brasileiras, esses

compõem a fauna brasileira ficando de fora apenas os animais exóticos, mas ainda assim esses

animais têm garantia de proteção.

Art. 29. [...][...]§ 3º São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécimes nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou em águas jurisdicionais brasileiras.

Na fauna aquática pode se dividir em fauna marinha, sendo as que habitam em águas

do mar sendo litorânea, recifes e outros, e fauna de água doce, são os que podem ser

encontrados vida desses animais em rios, riachos e córregos.

A Fauna terrestre se divide em duas, fauna das florestas e das regiões abertas. A

fauna das florestas por sua vez se subdivide em duas, possuindo animais arborícolas que

vivem de forma geral somente nas árvores e os terrícolas que ficam basicamente na terra. Elza

de Fátima Araújo (2009, p. 23), exemplifica esses dois tipos de fauna das florestas.

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Entende-se por arborícolas o conjunto de animais que vivem nas árvores e que raramente descem ao solo, como por exemplo, macacos, preguiças, araras, tucanos, formigas, mosquitos, etc. Já os terrícolas têm por habitat a terra, e são representados por animais como anta, a onça, as aves terrícolas, os lagartos, dentre outros.

A fauna das regiões abertas possui mais desafios, com o tempo, predadores,

alimentação, entre outros. Podem ser citados como exemplos de animais que fazem parte

dessa espécie de fauna o tatu, a coruja e os roedores.

1.4 EXTINÇÃO DE ESPÉCIES

A extinção trata-se de um fenômeno que tem como resultado o desaparecimento de

uma espécie, esse pode ser considerado um processo natural do próprio meio ambiente, ocorre

através de milhares e milhares de anos, sem a interferência do homem ou qualquer outro

processo. Em se tratando da fauna brasileira, o que se tem constatado é que várias espécies

têm entrado em processo de extinção em decorrência direta da ação humana, em um processo

muito mais rápido que o esperado, gerando preocupações e a necessidade de uma atuação

mais efetiva dos órgãos de proteção ambiental.

Essa extinção de forma não natural gera consequências, causando um desequilíbrio

na cadeia alimentar e de vivência dos animais e seres vivos, afetando toda a natureza. As

principais fontes de informação e regulamentação desses fatos são o IBAMA e o Ministério

do Meio Ambiente, que visa levantar os dados e estabelecer medidas de reparar tal impacto.

Dados do IBAMA mostram que são mais de 650 espécies estão ameaçadas de

extinção, sendo elas terrestres e aquáticas. Ao seu turno o Ministério do Meio ambiente

afirma que na verdade esse número seria ainda maior, mais de mil espécies, a cada ano esse

número cresce e fica mais preocupante a extinção dos animais.

São muitas as causas que podem acelerar o processo que deveria ser natural de

evolução e extinção de animais, catástrofes naturais, por meio de enchentes, que poderia

dizimar o habitat e espécies, mas de toda forma com influência do homem, e responsabilidade

dos humanos, exploração de minerais, construções, poluição, desmatamento, tráficos de

animais, aquecimento global, caça e pesca predatória.

Cerca de 45% das áreas originais de florestas tropicais do Planeta já foram destruídas, a maior parte no último século. Mais de 10 barreiras de corais - um dos

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mais ricos ecossistemas do Planeta - já foram destruídas e 1/3 do que resta vai desaparecer nos próximos 10 a 20 anos. Os manguezais, que são berçários de inúmeras espécies, foram reduzidos a 50% de sua área original . (SILVA, OLIVEIRA, SILVA, 2015, p.01)

Os ecossistemas possuem um solo especifico, temperatura, plantas, árvores e animais

que habitam neles, cada um tem sua peculiaridade, assim cada ação humana que modifique

esse ambiente provoca um desequilíbrio da forma natural, esse fenômeno como consequência

pode causar perda de biodiversidade, pode se perder muitas espécies ou até mesmo chegar ao

fim dos próprios ecossistemas. O desequilíbrio causado pela ação do homem gera um

processo inverso, onde ao invés desse ecossistema crescer e evoluir, ele começa a se acabar,

uma espécie crescendo mais que a outra, essa espécie que cresce mais, acaba se alimentando

mais, e acaba destruindo as espécies ao qual ele necessita para sobreviver, e assim vai

alterando a forma natural dos ecossistemas até ele chegar ao fim.

1.4.1 Do desmatamento

O desmatamento de áreas vegetais gera desequilíbrio natural, isso ocorre porque

quando se desmata gera-se um efeito cascata, onde causa diversos malefícios àquela

localidade, além de tirar o habitat natural de muitas espécies que vivem na natureza, causa

problemas no solo, desequilíbrio climático, podendo deixar mais seco, causando queimada,

resultando na falta de proteção da natureza, propiciando enchentes, que só agravam a

situação. Outro ponto que se pode apontar como causa, deve-se à fuga de animais de áreas

degradas para outros lugares onde muitas vezes não se adaptam, podendo resultar em sua

extinção.

1.4.2 Das queimadas

As queimadas geram diversos prejuízos a natureza, ela gera um aumento de CO2 que

causa danos a camada de ozônio e agrava o aquecimento global. Entre outros fatores as

queimadas causam destruição nos habitats naturais, deixando assim diversas espécies sem

onde viver, sem onde se reproduzir, os animais para fazer sua reprodução necessitam de um

ambiente específico, o qual eles estão acostumados, se muda esse ambiente interfere na

reprodução e na evolução da espécie. Se essa queimada alcançar os animais ela causa um

desequilíbrio ambiental com as mortes de vários animais de uma espécie ou várias espécies.

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1.4.3 Da poluição

Para as espécies viverem bem e se reproduzirem é necessário um meio ambiente

estável para que os animais habitem, para esse meio ser ideal tem que possuir um ar limpo e

puro, um ambiente natural e uma água potável para os animais possam se alimentar, beber e

viver de forma saudável, assim podendo evoluir e reproduzir com excelência.

A principal alteração negativa do meio ambiente e que afeta o ecossistema se dá com

relação ao ar. Notadamente, na atmosfera o aumento de forma crescente a quantidade do gás

carbônico (CO2), que traz como consequência graves danos à camada de ozônio, que é

responsável pela proteção do planeta dos perigosos raios solares que causam o aquecimento

global.

As fontes naturais de água, que são vitais para a sobrevivência, geralmente são

poluídas pela ação de lixos e matérias tóxicos na água jogados pelas pessoas e pelas

indústrias, por despejos de esgoto sem tratamento correto, entre outros fatores que podem

causar poluição das águas, deixando-a imprópria para o uso e dificultando a sobrevivência dos

animais que habitam essas localidades.

Ao interferir nos habitats, a poluição pode levar a desequilíbrios que provocam a diminuição ou extinção dos elementos de uma espécie, causando uma perda da biodiversidade. As variações da temperatura da água do mar levam a dificuldades da adaptação de certas espécies de peixes, é igualmente uma das causas da invasão de águas salinas em ambientes tradicionalmente de água doce, causando assim uma pressão adicional nesses ecossistemas, e potenciando a diminuição ou extinção das espécies até então ai presentes.( SILVA , OLIVEIRA, SILVA , 2015, p.01)

A interferência no meio ambiente através da poluição, modifica todo aspecto natural

da natureza, sendo no ar, na água e no solo, até mesmo a salinidade das águas marítimas pode

ser influenciada, atrapalhando a vivência das espécies. Essa modificação da naturalidade do

ambiente causa desequilíbrio, podendo causar perda da biodiversidade.

1.4.4 Do tráfico de animais

Os animais têm sido tratados por uma parte da população como objetivo ou forma de

benefício próprio, só se prestando para servir. Nesse contexto o tráfico é um exemplo disso,

sendo esta uma atividade ilegal em que pessoas caçam, capturam e vendem os animais de

forma degradante, com maltrato, desprezando-se por completo o bem-estar do animal, tudo

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isso para se enriquecer ilicitamente. Por outro lado, as pessoas que compram, mesmo que seja

para criar ou domesticar, também são criminosas e estão financiando um mercado ilegal, estão

sendo cúmplices de um crime grave que afeta a todos, não se preocupam com as condições

dos animais, estão pensando apenas em suas satisfações pessoais e assim o tráfico de animais

só cresce e cada vez mais aumenta os valores e os maus tratos, afetando de forma destacada o

meio ambiente. Com a falta de fiscalização e a dificuldade da polícia em monitorar essas

ações ilícitas, a resultante é o aumento dessas práticas em razão da sensação de impunidade,

que ainda é agravada pela brandura com que a lei de regência estabelece.

1.4.5 Espécies ameaçadas de extinção

Segundo o Ministério do Meio Ambiente do Brasil, o país possui mais de 103.870

espécies de animais, no território brasileiro ocupa mais de 20% de todas as espécies, dessa

forma no âmbito internacional têm a necessidade de acompanhar o brasil com suas espécies.

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) juntamente com o Instituto Chico Mendes de

Conservação da Biodiversidade (ICMBio) divulgou no ano de 2014 uma lista de espécies que

estão sendo ameaçadas de extinção, segue abaixo algumas dessas espécies:

Araraju: Ave que vive na Amazônia Arara Azul: Ave que vive na Amazônia e Pantanal Ariranha: Considerada o lobo do rio, vive no pantanal e na AmazôniaBaleia-franco-do-sul: Vive no litoral brasileiro Cervo-do-pantanal: Vive predominantemente no Pantanal, mas também encontra-se na Amazônia e Cerrado.Gato-macarajá: Pode ser encontrado na Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal.Lobo- Guará: Vive no Pantanal, Pampas e CerradoMacaco-Aranha: Vive predominantemente na AmazôniaMico-Leão-dourado: Habitava na Mata Atlântica Onça-Pintada: Podendo se encontrada em quase todo o BrasilTamanduá-bandeira: Vive na Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica e Pantanal. Tartaruga-oliva: Vive no Litoral brasileiro.

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2 A RESPONSABILIDADE PENAL NO DIREITO AMBIENTAL

Sabe-se que no direito penal, via de regra, não se admite a responsabilidade objetiva

para se impor punição ao agente. De modo que ante a prática de um fato juridicamente

relevante, faz-se necessário apreciar a conduta do agente sob o aspecto subjetivo, ou seja,

verificar se ele atuou ou se omitiu dolosa ou culposamente. Significando dizer que se deve

apurar se sua conduta foi livre e consciente no sentido de se exaurir o núcleo do tipo e obter o

resultado naturalístico ou assumiu o risco da produção desse resultado, ou se sua conduta não

observou o cuidado objetivo que se deveria ter ante a tal situação, levando-se em conta, entre

outros fatores a previsibilidade do resultado.

A exceção à essa regra se encontra justamente no âmbito do direito ambiental, em

que a Constituição Federal/1988, tendo por escopo assegurar o meio ambiente ecologicamente

equilibrado, dentre outras medidas, prevê no § 6º do art, 225, a responsabilização penal

objetiva das pessoas físicas ou jurídicas responsáveis por lesão ao meio ambiente, in verbis:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.[...]§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

Em 12 de fevereiro de 1998 fui publicada a Lei nº 9.605, denominada “Lei dos

Crimes Ambientais”, dispondo sobre as sanções penais e administrativas derivadas de

condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e outras providências, regulamentando o

texto constitucional.

2.1 LEI Nº 9.605/98 – OS CRIMES AMBIENTAIS

O meio ambiente é um direito adquirido de todo ser humano, trata-se de direito

difuso, significando dizer que ele não possui um sujeito determinado. Justamente por esse

entendimento é que a Constituição Federal de 1988 destinou um capítulo especial ao tema de

modo a se estabelecer que todos possuem direito a um ambiente equilibrado garantindo uma

vida digna e qualidade de vida para todos. Deve ser responsabilidade do poder público e dos

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cidadãos para cuidar e preservar o meio ambiente para que futuras gerações tenham as

mesmas condições de ambiente e vida.

A norma geral traçada pela Carta Magna necessitava ser regulamentada, detalhando-

se os aspectos relativos ao meio ambiente e a responsabilidade de sua preservação e racional

exploração, bem como definindo as sanções administrativas e penais por atos lesivos que o

atinjam.

Nesse cenário foi que se construiu a Lei nº 9.605, publicada em 12 de janeiro de

1998, logo denominada de “Lei Contra os Crimes Ambientais”, tendo por escopo definir

sanções administrativas e penais aos que praticassem condutas lesivas ao meio ambiente

(fauna, flora, recurso naturais e patrimônio cultural), seja a agente pessoa física ou jurídica.

Os crimes previstos na Lei nº 9.605/98, quanto ao sujeito passivo, nos termos do que

dispõe o art. 2º, são comuns, significando dizer que podem ser praticados por qualquer pessoa

física e, tratando-se de pessoa jurídica, em particular, o diretor, o administrador, o membro de

conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário, neste caso,

quando cientes da conduta criminosa de outrem, não a impeça, quando podia agir para evitá-

la.

A maior novidade trazida pela lei, todavia, se observa em seu art. 3º, ao prever a

responsabilização penal das pessoas jurídicas, nos casos em que a infração seja cometida por

decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou

benefício da sua entidade. Destacando-se que tal responsabilização não exclui a das pessoas

físicas, coautoras ou partícipes do mesmo fato (Parágrafo único).

Assim, com essa regulamentação legal, reforçou-se a previsão constitucional quanto

a se estabelecer a garantia do meio ambiente equilibrado e bem cuidado para a presente e

futuras gerações, atribuindo-se a legitimidade para propor a responsabilização civil e penal ao

Ministério Público nos casos relacionados aos danos ao meio ambiente.

2.1.1 Crimes contra a fauna

Dos artigos 29 a 37 da Lei nº 9.605/98, estão previstos os crimes contra a fauna,

sendo eles os atos lesivos contra os animais silvestres, nativos ou em rota migratória, podendo

ser através da caça, pesca, transporte e comercialização de forma ilegal, os maus tratos,

realizar atividade dolorosas ou cruéis, da mesma forma é crime o atos contra o habitat natural

dos animas, modificando, danificando, alterando os ninhos ou abrigo, bem como os ambiente

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de reprodução dos animais, como também a introdução de espécies estrangeiras no meio

ambiente, da mesma forma a extinção de espécies.

O tráfico de animais é um dos mais graves crimes contra a fauna, sendo atraente

porquanto movimenta bastante dinheiro nesse mercado e causando grandes danos ao meio

ambiente. Devido ao fator financeiro, os animais passaram a ser vistos como mercadoria,

deixando de se analisar ou se dar importância para o equilíbrio natural do meio ambiente,

desprezando-se as consequências que tal atividade ilícita causa ao meio ambiente, em razão

da falta de cada animal traficado. O sujeito desse ato ilícito pode ser qualquer pessoa que

causa ao animal qualquer dano previsto em lei, sem a autorização, licença ou permissão da

autoridade competente.

2.1.2 Crimes contra a flora

Dos artigos 38 a 53 da Lei dos Crimes Ambientais, acham-se as formas de crimes

contra a flora, sendo entre elas, destruir ou gerar dano as áreas de preservação permanente, ou

unidade de conservação, destruir ou danificar vegetação, provocar incêndio ao meio ambiente,

soltar balão ou fabricar, vender ou transportar que possa causar incêndio, desmatar, adquirir

produtos de origem vegetal sem devida licença, impedir a regeneração da vegetação, explorar,

desmatar economicamente toda forma de vegetação sem autorização.

2.1.3 Crimes de poluição e outros crimes

Dos artigos 54 a 61, tem-se os crimes de poluição do meio ambiente. Nesse aspecto

deve-se ter em conta que é normal que cada cidadão produza uma quantidade de poluentes a

natureza (lixos e resíduos), necessários para vida humana, porém a quantidade não pode

ultrapassar a estabelecida em lei. Essa poluição não poderá causar dano a saúde do humano,

nem causar morte de animais ou morte da flora.

Constituem também crimes causados ao meio ambiente, tornar as áreas de habitat

impossível de se viver, danificar os recursos hídricos os deixando impróprios para uso da

população, impedir ou dificultar o uso das praias, pesquisar ou extrair recursos minerais sem

autorização e sem fazer a reparação necessária da área explorada, disseminar doenças ou

pragas, espalhar espécies que possa causar danos ao ecossistema, sendo a fauna, flora e até

mesmo agricultura.

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2.1.4 Crimes contra o ordenamento urbano e patrimônio cultural

A Lei dos Crimes Ambientais também se preocupou com os aspectos do

ordenamento urbano e do patrimônio cultural, prevendo condutas ilícitas que de qualquer

modo venham a destruir, inutilizar ou deteriorar esses ambientes, dispondo que:

Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar:I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial;II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou similar protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial:Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

É crime alterar a edificação ou local protegido, por causa do valor paisagístico,

ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou

monumental, sem autorização da autoridade competente. Como também pichar ou desonrar a

edificação ou monumento urbano.

Os artigos 66 a 69 tratam dos crimes que impedem o poder público de exercer sua

função de fiscalizar e proteger o ambiente. O funcionário público comete crime ambiental

quando fornece informações falsas, que omiti a verdade ou informações técnicas na execução

de autorização ou processo de licenciamento. Da mesma forma, aquele funcionário que

realiza autorização, permissão e licenciamento contrário às normas ambientais. E ainda,

comete crime o funcionário que impedir a realização da ação de fiscalização do poder público

nos atos de direito ambiental. De acordo com a Lei nº 9605/98 sendo crime da mesma forma:

Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no licenciamento, concessão florestal ou qualquer outro procedimento administrativo, estudo, laudo ou relatório ambiental total ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive por omissão. Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.§ 1o Se o crime é culposo.Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.§ 2o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se há dano significativo ao meio ambiente, em decorrência do uso da informação falsa, incompleta ou enganosa.

Nos casos previstos no artigo acima trata-se de um crime próprio, onde o agente

precisa de uma qualificação especifica, nesse caso ser funcionário público, esse crime tem

como pena, reclusão de 3 a 6 anos e mais multa, podendo ser aumentada de 1 a 2/3 se o dano

ao qual gerou foi muito danoso.

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2.1.5 Infrações administrativas

Além dos ilícitos penais, a Lei dos Crimes Ambientais, traz também disposições que

tratam das infrações administrativas, estabelecendo o poder de polícia da Administração

Pública que visa disciplinar o direito, regulando o bem-estar coletivo.

Machado conceitua o poder de polícia ambiental nos seguintes termos:

Poder de Polícia ambiental é a atividade da administração pública que limita ou disciplina direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou a abstenção de fato em razão de interesse público concernente à saúde da população, à conservação dos ecossistemas, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício das atividades econômicas ou de outras atividades dependentes de concessão, autorização/permissão ou licença do Poder Público de cujas atividades possam decorrer poluição ou agressão à natureza (MACHADO, 2017, p.393).

A Lei nº 9.605/98 dispõe sobre a possibilidade de se enquadrar nos atos de infração

administrativa toda ação ou omissão que viole de forma direta o uso dos direitos ao meio

ambiente, bem como sua recuperação, dos artigos 70 a 76 da presente lei estabelece as

infrações administrativas e suas punições podendo ser mediante: a) advertência; b) multa

simples; c) multa diária; d) apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora,

instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na

infração; e) destruição ou inutilização de produtos; f) suspensão de venda e fabricação de

produto; g) embargo de obra ou atividade; h) demolição de obra; i) suspensão parcial ou total

de atividades; j) restritiva de direitos.

O Poder Público tem o poder de fiscalizar, devendo assim averiguar os atos e realizar

os autos de infração e estabelecer as sanções necessárias, valorando a conduta do ato, os

antecedentes e a situação econômica do infrator, se necessário for haverá também a

penalização de crime ambiental, não sendo excluído pela infração administrativa.

2.1.6 Legislação no âmbito internacional

O direito ambiental evoluiu para ser uma área autônoma nas décadas de 1960 e 1970,

período em que ocorreram vários desastres ambientais, em especial pela forma irresponsável

do uso dos recursos naturais, os quais, achava-se que era inesgotável, causando: efeito estufa,

aquecimento global, desaparecimento de espécies, falta de água, despejo de lixo e resíduos.

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Contudo, a necessidade de se ter uma norma especifica que regulamentasse e

fiscalizasse as ações no âmbito ambiental. Com o crescimento do direito internacional houve

a entendimento de que esse tema se tratava de grande afetação, onde o dano causado ao meio

ambiente não ficaria restrito somente dentro da fronteira de um determinado país, mas afetaria

a todos de alguma forma. Com isso desenvolveu-se o direito internacional ambiental.

O Direito internacional tem como uma das suas responsabilidades a cooperação,

estabelecida na Carta das Nações Unidas, passou a ser muito utilizada a cooperação que visa

buscar a solução para as dificuldades encontradas em muitas áreas do direito, nesse particular

no Direito Ambiental.

A Lei nº 9605/98, dispõe sobre a cooperação do sistema internacional a outras nações

quando solicitado, sem ferir a soberania do país, nos seguintes termos:

Art. 77. Resguardados a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes, o Governo brasileiro prestará, no que concerne ao meio ambiente, a necessária cooperação a outro país, sem qualquer ônus, quando solicitado para:I - produção de prova;II - exame de objetos e lugares;III - informações sobre pessoas e coisas;IV - presença temporária da pessoa presa, cujas declarações tenham relevância para a decisão de uma causa;V - outras formas de assistência permitidas pela legislação em vigor ou pelos tratados de que o Brasil seja parte.

O pedido será enviado ao Ministério da Justiça se entendido pelo mesmo será

encaminhado ao Poder Judiciário para que ele analise a necessidade e a possiblidade, sendo

aceito o pedido os países e órgãos devem manter uma forma de comunicação sobre todos

acontecimento para assim facilitar o trabalho entre todos.

Estabelece o artigo 3º da Carta das Nações Unidas como propósito e princípio sobre

a cooperação:

Art.3º Conseguir uma cooperação internacional para resolver os problemas internacionais de caráter econômico, social, cultural ou humanitário, e para promover e estimular o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião.

O direito a um ambiente equilibrado e saudável pode ser considerado importante para

a garantia dos Direitos Humanos, sendo até considerado a quarta geração dos direitos

humanos. Dessa forma as nações têm como dever agir com cooperação e proteção recíproca

com todos e com a natureza, com isso são estabelecidos tratados de várias espécies para se

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criar uma conscientização da importância do cuidado para com o meio ambiente e normatizar

e regular os atos para melhoria e prevenção da ocorrência de crimes ambientais. É dever e

direito de todos o meio ambiente equilibrado, dessa forma o Estado sozinho não conseguiria,

sendo importante a participação de toda sociedade, com isso foram criadas organizações não

governamentais - ONGS para ajudar na proteção e fiscalização dos atos delituosos.

Normalmente quando se vai criar normas no âmbito de direito internacional, tem-se

por base a necessidade econômica ou política, ou ambas, porém quando se trata de direito

ambiental não é diretamente o financeiro que preocupa e sim a preservação do meio ambiente

para que as presentes e futuras gerações possam viver, busca-se também debater sobre a

normatização e fiscalização para que se assegure o desenvolvimento com sustentabilidade.

O responsável por tutelar as questões de direito ambiental ainda é o Estado, porém

assim como em outras áreas do direito internacional as Nações Unidas (ONU) têm ganhado

espaço e força nessa relação de fiscalizar e debater sobre esse assunto de grande importância,

bem como outras organizações como a Unesco e outras.

No âmbito do direito internacional duas são as formas de se estabelecer tratados, os

multilaterais, que são firmados por várias nações onde o conteúdo é de uma forma mais

genérica, e os bilaterais que são estabelecidos entre duas nações tendo por objeto assuntos

mais específicos aos países tratantes. Os primeiros tratados que versaram sobre o direito

ambiental foram de cunho bilateral, sendo a Convenção entre a França e a Grã-Bretanha em

1867, em relação a pesca de ostra em determinadas épocas do ano, e a convenção para

proteção de aves em 1902.

Com a criação da Organização das Nações Unidas (ONU) em 1945, começou-se a

criar normativas de direito internacional ambiental, podendo-se citar: a) a Conferência das

Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, 1972; b) a Conferência das

Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro, 1992.

Os tratados multilaterais possuem uma grande importância na formação de princípios

norteadores e a discursão sobre a regulamentação da aplicação da norma no âmbito interno de

cada Nação.

2.1.7 Conferência de Estocolmo

Como exemplo de um dos primeiros atos a demonstrar a preocupação com o meio

ambiente e a busca de sua conservação, foi realizada uma Conferência em 1972 na capital da

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Suécia, Estocolmo. Oportunidade em que se começou a se discutir que era necessário

preservar, cuidar, conservar, tentando-se afastar a visão antropocentrista, que colocava o

homem e suas necessidades acima de tudo, onde a natureza servia apenas para satisfazer as

necessidades humanas, e onde acreditava-se ser inesgotável as fontes naturais, sendo difícil

acreditar na necessidade da preservação.

Com a Conferência ficou demonstrada a realidade onde já era visível os efeitos

causados por tanto tempo sem responsabilidades, deixando as Nações cientes do que estava

acontecendo, fazendo assim com que gerasse uma responsabilidade em cuidar e preservar o

meio ambiente, criando uma corrente chamada “desenvolvimento zero”, porém não foi muito

aceita por parte dos países subdesenvolvidos que queriam crescer para se equiparar aos países

desenvolvidos, criando uma vertente paralela à primeira que defendia “desenvolvimento a

qualquer custo”.

Por mais que algumas nações inicialmente ficassem contra as medidas estabelecidas

pela Conferência, vários princípios foram estabelecidos para direcionar nas medidas adotadas

de prevenção e cuidado da natureza, crescendo a preocupação com futuras gerações.

O princípio 2 da Conferência estabelece que o meio ambiente deve ser preservado

para as presentes e futuras gerações:

Os recursos naturais da terra incluídos o ar, a água, a terra, a flora e a fauna e especialmente amostras representativas dos ecossistemas naturais devem ser preservadas em benefício das gerações presentes e futuras, mediante uma cuidadosa planificação ou ordenamento.

A regulamentação estabelecida em Estocolmo é clara sobre a preocupação as futuras

gerações e especifica quanto a todos os recursos naturais serem detentores de direito a ser

cuidado e preservado, sem preferência, cada uma dessas áreas da natureza possui aspectos

específicos e necessários para todas as gerações, desse modo a conferencia se preocupou em

nortear como princípio o cuidado com os recursos naturais.

2.1.8 Conferência do Rio de Janeiro

Realizada no Rio de Janeiro em 1992, a Conferência veio para renovar o

compromisso que as nações estabeleceram e complementar as falhas que foram observadas

durante os anos de aplicação e evolução das normas vigentes. Os principais pontos debatidos

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na Conferência foram: a) a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da

erradicação da pobreza; b) e a estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável. 

A Conferência trouxe um novo modelo de desenvolvimento sustentável que visa

promover o crescimento sem exagerar no método de consumismo, fazendo assim com que se

estabeleça uma forma de desenvolvimento que cresça apenas o necessário sem exagerar na

exploração e degradação do meio ambiente.

O Princípio 4 dispõe que “A proteção ambiental deve ser considerada parte integral

do processo de desenvolvimento sustentável”, fazendo assim que gere uma responsabilidade

no processo de evolução e crescimento, garantindo um meio ambiente equilibrado para

futuras gerações. Essa reunião contou com mais de 172 países que foram acompanhados por

mais de 10 mil pessoas representando, 116 Chefes de Estado e mais de 1400 ONGS.

2.1.9 Protocolo de Kyoto

Ocorreu no ano de 1997 no Japão, onde mais de 160 Nações assinaram se

comprometendo com seus termos. Essa Convenção foi estabelecida para buscar conscientizar

e compromissar os países desenvolvidos quanto à diminuição das emissões de gases

causadores do efeito estufa, para buscar o controle da temperatura do mundo, pois acredita-se

que esses gases são os responsáveis pelo aquecimento global e fazendo assim com que

amenizasse os efeitos causados pelo aquecimento global.

Porém, os principais causadores de liberação de gases, demonstraram dificuldades

em ratificar o Protocolo, por alegarem que seus termos interfeririam diretamente na economia

do país, como os Estados Unidos que não assinou já que sua emissão é uma das maiores, o

Cazaquistão assinou, porém, não ratificou, dificultando o projeto de cuidado com a natureza e

preservação para futuras gerações.

Foram estabelecidos os principais pontos que deveriam ser seguidos, porém com

graus diferentes de intensidades para os países desenvolvidos, que já causaram mais danos e

os países em desenvolvimentos com metas diferenciadas, sendo elas: a) reformar os setores de

energia e transporte; b) promover o uso de fontes energéticas renováveis; c) eliminar

mecanismos financeiros e de mercados que sejam inapropriados; d) limitar as emissões de

metano no gerenciamento de resíduos e dos sistemas energéticos; e) proteger florestas e outras

sumidouros de carbono.

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2.2 DA PENALIZAÇÃO

A penalização da conduta típica do ato ilícito é a resposta do Estado ao agente como

forma de repressão ao que comete ato criminoso. O Estado estabelece a pena como forma de

castigo por ter cometido o ato ilícito e reprovável para sociedade, buscando dessa forma que

não seja repetido a conduta criminosa.

Algumas correntes doutrinarias defendem que a aplicação da pena não tem uma

ligação direta com causar prevenção do ato, mas sim apenas a consequência da prática

criminosa. Para Kant a pena realiza a justiça, seguindo o paradigma que a justiça é a

retribuição do ato ilegal causado.

A teoria da prevenção que é uma das correntes defendidas por alguns doutrinadores,

acredita-se que a pena além da retribuição do mal causado, vem também para inibir para que

não ocorra o fato novamente, evitando dessa forma a reincidência. A prevenção especial foca

no agente do ato ilícito, dessa forma o criminoso que não volte a ter a mesma pratica, leva em

consideração o agente e não o ato delituoso.

Outra vertente conhecida e defendida por alguns doutrinadores, acredita que o Estado

não deveria ter a função punitiva, que prega o fim do Direito Penal, defendido por Baratta, ele

acredita que o Estado na prática não consegue estabelecer o que estipula no teórico. Defende

também a falha do sistema penal que na maioria das vezes desfavorece as classes mais

vulneráveis, onde só chega a tutela do Estado parcela dos delitos, muitas vezes por falta de

conhecimento, ou a por proteção de parte dos autores.

Contudo é impossível viver sem a tutela do Estado, teria que se estabelecer um

processo totalmente contrário ao tomado até hoje, apesar de todas falhas e defeitos não se faz

possível desconsiderar o Direito penal estabelecendo as diretrizes necessárias.

No que tange o âmbito do direito ambiental é necessário que haja sempre a atenção

voltada na proteção do ambiente, tanto a prevenção para que não ocorra novamente o delito,

quanto a retribuição pelo ato realizado contra o meio ambiente, contudo o intuito da

penalização no direito ambiental tem ligação direta com a proteção ao meio ambiente.

2.3 APLICABILIDADE DA NORMA NO TRÁFICO DE ANIMAIS

Com o passar dos anos observou-se o significativo aumento do tráfico de animais

silvestres. Esse crescimento se deu devido ao grande interesse por animais, particularmente os

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mais raros da fauna brasileira, o que fez com que o seu preço atingisse cifras tentadoras,

tornando convertendo o tráfico em um verdadeiro “negócio” clandestino, ilícito, mas que

movimenta milhões de dólares por ano, sendo assim um mercado cada dia mais atraente aos

criminosos.

O tráfico internacional de animais silvestres tem sido um assunto bem preocupante entre os Estados pelo fato de não afetar somente uma determinada região, mas sim todo um ecossistema, do qual também fazemos part. (MAIA, 2016, p.01).

O tráfico de animais causa grandes danos ao meio ambiente, os quais podem ser

irreparáveis, não obstante, a Lei dos Crimes Ambientais não traz um dispositivo específico

que trata dessa conduta, fazendo o enquadramento da comercialização de animais silvestres

no inciso III, do § 1º, do art. 29, in verbis:

Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.§ 1º Incorre nas mesmas penas:[...]III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente.

Em seu parágrafo segundo o legislador previu a não aplicação da pena, caso o animal

seja mantido em guarda doméstica e não esteja sua espécie ameaçada de extinção.

§ 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.§ 3º São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras.

No parágrafo quarto o legislador trouxe as causas de aumento da pena, podendo

ocorrer o aumento em até metade da pena.

§ 4º A pena é aumentada de metade, se o crime é praticado:I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que somente no local da infração;II - em período proibido à caça;III - durante a noite;

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IV - com abuso de licença;V - em unidade de conservação;VI - com emprego de métodos ou instrumentos capazes de provocar destruição em massa.

Analisando a realidade da dificuldade da aplicação da norma de forma justa, a difícil

tarefa que se tem de fiscalizar o ato ilícito, com a lei pode se observar que as penas são

extremamente brandas, não impedindo assim a execução do crime de tráfico de animais

silvestres, e sendo assim tornando pouco eficaz, já que a penalização não inibe de realizar

novamente o crime.

Pode observar que há críticas nas penalizações pela norma de crimes ambientais,

escreve SILVA (2018, p.01):

O tráfico de animais deve ser regido levando em consideração os princípios da razão e proporção, tendo como objetivo punir o traficante de forma mais severa e evitar a reincidência.

Dessa forma fica o conflito de ideias, vertentes que acreditam que se deve criar

normas mais severas, acreditando assim que fará que diminua os crimes, e outra linha que não

acredita na severidade das penas.

2.4 ÓRGÃOS COMPETENTES PARA O COMBATE DO TRÁFICO DE ANIMAIS

2.4.1 Órgãos de proteção ambiental no Brasil

Tendo por objetivo a proteção ambiental, no Brasil oficialmente tem-se os seguintes

órgãos na esfera federal: Ministério do Meio Ambiente; Instituto Chico Mendes

(ICMBIO), Serviço Florestal Brasileiro; ANA-Agência Nacional de Águas e o IBAMA-

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis.

Possui também os órgãos de competência estadual como, Secretária Estadual de

Meio Ambiente, os Ministérios Públicos, Policias Militares Ambiental e Delegacias de

Polícia Civil Especializadas em crimes contra o meio ambiente.

2.4.2 Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis -

IBAMA

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O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis -

IBAMA, tem como principal função preservar o meio ambiente, recuperação do meio

ambiente e cuidar do desenvolvimento sustentável. Trata-se de uma autarquia ligada ao

Ministério do Meio Ambiente.

O IBAMA é responsável por regular a execução da Política Nacional do Meio

Ambiente, Lei nº 6.938/81, fiscalizar e cuidar do controle ambiental, em âmbito federal,

conceder licenciamento e autorização do uso dos recursos naturais e analisar a qualidade do

meio ambiente.

2.4.3 Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBIO

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, é uma autarquia que

trabalha na atividade do Estado na conservação da fauna brasileira, definindo projetos e ações

para cuidar dos animais, estando em extinção ou não, utilizando para isso três mecanismos: a)

avaliar o risco que cada animal tem de ser extinto, proporcionando a atualizações das listas

oficiais da Fauna brasileira ameaçadas de extinção; b) Identificar as áreas mais propensas para

perder espécies e populações; c) estabelecer planos de Ações Nacionais para buscar definir as

coisas importantes para a conservação das espécies ameaçadas de extinção.

2.4.4 Centros de triagem de animais silvestres - CETAS

Incumbe-se aos Centros de Triagem de Animais Silvestres – CETAS, receber,

cuidar, triar, marcar, avaliar, recuperar e reabilitar, os animais que são recuperados de

cativeiros, de comercialização ilegal, transporte contra a norma ou estando eles em qualquer

lugar que não seja no seu devido habitat natural, de modo a coloca-los em condições de voltar

para seu ambiente de vivência natural.

2.4.5 Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres - RENCTAS

Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres é uma organização não

governamental, sem fins lucrativos, que conta com a ajuda de empresas privadas, o poder

público e o terceiro setor, suas ações estão presentes em todo o país, trabalha diretamente nos

casos de tráfico de animais, busca a preservação da biodiversidade do Brasil, faz campanhas

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em vários lugares fixos, como aeroporto, e desenvolve projetos educacionais em relação do

cuidado com o meio ambiente.

2.4.6 Polícia Militar Ambiental

A polícia militar ambiental tem a função de fiscalizar e preservar, através disso

cuidar das áreas de controle das queimadas, poluídas, de caça e pesca, além disso fazem

programas educacionais em relação ao cuidado ao meio ambiente.

Busca como aumento de meta a redução do tráfico de animais, do comercio ilegal de

animais, maior controle do desmatamento da Mata Atlântica, controle dos atos de exploração

ilegal de minerais, apoio a projetos de pesquisas científicas, implementar os programas de

educação ambiental.

2.4.7 Delegacias especializadas no combate aos crimes contra o meio ambiente -

DEMA

São unidades especializadas presentes em todos os estados da federação e no Distrito

Federal, que tem por escopo atuar na repressão aos crimes contra o meio ambiente,

instaurando os procedimentos cabíveis, Termos Circunstanciados e Inquéritos Policiais,

remetendo-os ao Poder Judiciário, a fim de fazer valer os termos da Lei nº 9.605/98,

subsidiando o Ministério Público de elementos de convicção para a formação de sua opinio

delecti, a fim de propor a respectiva ação penal.

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3 TRÁFICO ILÍCITO DE ANIMAIS

3.1 CONTEXTO HISTÓRICO

Os indígenas sempre tiveram um contato forte com os animais, pois, além de serem

necessários para a alimentação, também eram utilizados em rituais religiosos, com suas partes

faziam ferramentas necessárias para o dia a dia dele e com as penas das aves faziam adereços,

ornamentações para rituais, festas, brincos. Contudo, apesar de todo esse emprego, as diversas

tribos que utilizavam dos animais e plantas para suprir suas necessidades, o faziam de forma

racional, a sua cultura não permitia o abatimento de fêmeas que estivem para dar cria e nem

aqueles animais propícios para reprodução.

Por volta de 1500 eram comuns as atividades mercantis e as grandes navegações dos

europeus. Com a chegada dos portugueses ao Brasil e sua colonização, os europeus passaram

a ter conhecimento da grande biodiversidade à época existente na nova colônia, representada

por uma diversidade de plantas e animais jamais vistos que chamou atenção de todos, com

despertando o interesse de muitos que passaram a levar para todo o mundo para a venda

dessas novas descobertas.

Assim se deu a origem do tráfico de animais, que eram comercializados por todo o

mundo, sem qualquer preocupação com a fauna, a flora e as condições dos animais. Os

traficantes não tinham limites, se apropriando de tudo aquilo que pudesse lhes dar lucro.

Por serem animais exóticos, despertou-se em muitos o interesse de possui-los para as

mais diversas finalidades: para criação, para a moda, para a indústria, para teste de produtos

cosméticos, remédios, para produzir bolsas e sapatos, entre outras, sem qualquer preocupação

com a preservação e equilíbrio do meio ambiente.

Com o passar do tempo e o crescente interesse do comércio, os contrabandistas

aprimoram seus métodos de caça, de modo a obter mais exemplares, sendo auxiliados pela

própria comunidade local, em busca de recursos, daí surgindo também feiras livres de venda

de animais abertamente, desenvolvendo-se um verdadeiro costume da comercialização ilegal

da fauna e flora.

ARAÚJO (2009,pag. 38) traz um dado alarmante:

Em menos de 500 anos, o Brasil já perdeu cerca de 94% da sua cobertura original de Mata Atlântica, um dos principais ecossistemas do país. São cada vez mais constantes as incursões nas matas tropicais para fomentar o tráfico nacional e

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internacional, e manter animais silvestres em cativeiro contínuo sendo um hábito cultural da população brasileira.

O transporte dos animais era feito por trens e em péssimas condições, sem qualquer

preocupação com a integridade dos mesmos, sem condições de reprodução, de espaço para

locomoção, sem alimentação adequada, sofrendo maus-tratos, o que gerava estresse, e a morte

de muitos antes de chegar aos seus destinos.

Vê-se que até hoje os animais contrabandeados são tratados como objetos, meras

mercadorias e não são levadas em consideração suas necessidades naturais, vez que por serem

animais silvestres necessitam de seu habitat natural, não podendo ser domesticado.

Sabe-se que para o equilíbrio do meio ambiente cada animal possui uma função

natural, sendo que a retirada, diminuição ou extinção de uma espécie impacta diretamente em

outras, posto que fazem parte de um ecossistema que precisa de equilíbrio para tudo funcionar

bem, entretanto com a ação de contrabandistas, infelizmente a cada dia esse quadro se torna

pior, mais grave, tudo em nome do lucro fácil.

Desse modo, o tráfico de animais não pode ser visto apenas como a proibição do

Estado para um ato, mas que entenda que não é apenas a lei é o ato de devastar com a fauna, é

ferir o direito de cada animal em ser respeitado, em ser livre dentro das suas condições

naturais, é de se buscar o bem da natureza em seu todo, com o que também se estará buscando

o melhor para toda a sociedade, não só restrito a localidade, mas a um todo de forma geral,

pois se trata da futura das próximas gerações.

3.2 OBJETIVOS DO TRÁFICO

São várias as razoes que levam ao tráfico de animais, podendo-se se destacar como a

principal delas a financeira, justamente pelos altos valores atingidos, sendo este um mercado

bem lucrativo. Porém, algumas indagações surgem quanto à esse comércio ilícito e tão danoso

à natureza: o que leva as pessoas a adquirirem animais dessa maneira? Quais as necessidades

de se possuir animais nessas condições, financiando essa prática criminosa?

Algumas explicações são apresentadas, como se vê nos tópicos seguintes.

3.2.1 Espécies para pet shop

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Os animais silvestres, especialmente os mais exóticos e raros, são bastante visados

por possuir uma grande procura, a maioria das espécies se encaixa nesse tipo de interesse, já

que depende diretamente da vontade das pessoas que irão adquirir os animais, essa

modalidade é trabalhada mais através de encomenda do bicho, segundo RENCTAS (2001)

para pet shop procura-se bastante aves, jiboia, tartarugas, entre outros dependendo do

interesse do comprador.

Os valores podem variar de 5 a 10 mil reais.

3.2.2 Atividade científica

Muito conhecida como biopirataria, essa modalidade de tráfico pode-se dividir em

duas formas: a) tráfico de animais vivos; b) tráfico de substâncias extraídas dos animais, um

exemplo desse caso é o veneno das espécies, em particular as peçonhentas.

Em que pese a justificativa de que essa modalidade tenha por objetivo final o bem de

todos, se funda em práticas criminosas para se atingir seus resultados finais, o que a converte

em ilegal e inadmissível. Busca-se os animais para se pesquisar a produção de medicamentos,

para o tratamento e até mesmo a cura de doenças. Ocorre que a constante procura de

novidades, novas espécies e novos testes, agravam ainda mais os danos à natureza.

De acordo o RENCTAS (2001), o valor de uma jararaca para fins científicos pode

ultrapassar a 20 mil reais, sendo uma das mais caras. Já se tratando apenas das substâncias dos

animais, os valores podem ultrapassar a 31 mil reais, como é o caso do veneno extraído da

Coral-verdadeira.

3.2.3 Criação de produtos

Nessa modalidade os animais silvestres são traficados para serem utilizados na

fabricação de bolsas, sapatos, roupas, e diversos outros produtos, podendo ser utilizadas as

peles e couros, a construção de objetos, enfeites. As penas servem como acessórios de várias

formas, decoração de casa, acessórios de moda.

Alguns dos animais mais utilizados nesse tipo de tráfico são: a) jiboia; b) jacarés; c)

onça-pintada; d) lontra; e) gatos-do-mato; f) insetos.

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3.2.4 Zoológicos e colecionadores

Essa modalidade visa principalmente os animais mais raros, ameaçados de extinção,

e os mais difíceis de serem encontrados. Quanto mais raro consequentemente mais caro e o

lucro maior para esse mercado devastador.

Segundo a RENCTAS (2001), é na Europa onde estão localizados os principais

colecionadores, sendo: a) Alemanha; b) Portugal; c) Holanda; d) Bélgica; e) Itália; f) Suíça; g)

França; h) Espanha; i) Reino Unido. Na Ásia são mais frequentem em, Singapura, Hong

Kong, Japão e Filipinas, e na América do Norte (EUA e Canadá).

Os valores nessa modalidade podem ultrapassar a cifra de 60 mil reais, sendo a

Arara-Azul uma das espécies mais desejadas e de valores mais altos também.

3.3 COMERCIALIZAÇÃO E ANIMAIS MAIS TRAFICADOS

A comercialização dos animais é feita de uma forma bem tranquila, o que se deve à

notória deficiência na fiscalização desse crime. Sendo assim, não é difícil ver animais de

diversas espécies sendo vendidos em feiras, exposições, sites. Porém há os que conduzem as

coisas de forma mais discreta, criando pet shop para servir de faixada para o negócio ilegal.

Depósitos nos quais deixam os animais em situações degradantes, ou até mesmo a residência

do comerciante, colocando a todos em risco, dependendo do animal que está pretendendo

comerciar.

Basicamente não se faz necessário um grande investimento para efetuar o tráfico

criminoso de animais silvestres, tornando-se uma prática comum e lucrativa, tendo a ONU

classificado esse mercado como o terceiro maior do mundo.

Mencione-se ainda a prática de alguns criminosos que, para tornar o ato mais eficaz,

buscam formas e mecanismos para a realização do crime, disfarçando com outras entregas

pelos correios, caixa de eletrodomésticos, tentando fugir cada vez mais da fiscalização que já

se encontra em baixa, sempre utilizando formas que causa danos aos animais, levando a

maioria deles a morte.

As principais espécies que se buscam para fazer o tráfico, são as mais raras, mais

ameaçadas de extinção, e que por isso mesmo aumenta o interesse e a procura por esses

animais.

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3.4 COMPETÊNCIA PARA PROTEGER A FAUNA E LEGISLAR

Consoante estabelece a Constituição Federal de 1988, a competência para legislar

sobre essa matéria é concorrentemente, sendo exercido simultaneamente por dois ou mais

órgãos. Nesse caso têm competência para legislar a União, Estados e o Distrito Federal, sobre

a defesa e proteção do meio ambiente sendo importante que haja conjuntamente para atingir

um melhor resultado na aplicação da norma, in verbis:

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;

Tratando-se de assunto que é de interesse local, a competência para legislar pode ser

estendida aos municípios, nos termos do que determina a Constituição Federal artigo 30,

inciso I e II.

3.5 INVESTIGAÇÃO E JULGAMENTO DOS CRIMES AMBIENTAIS E OS MEIOS

PROCESSUAIS

O Ministério Público tem grande importância no Poder Judiciário, umas das suas

funções estabelecidas na Carta Magna é a de proteção e cuidados com os Poderes, serviços e

dos direitos da própria Constituição, deve da mesma forma realizar dos meios possíveis para

conseguir essa garantia, podendo quando necessário promover inquérito civil e ação civil

pública, buscando proteger vários direitos entre eles o de zelo com o meio ambiente.

O Ministério Público irá realizar as diretrizes que são de suas funções, como

inquérito civil, para as investigações direcionará o fato a uma Delegacia de Polícia que sendo

comprovado o ato criminoso, irá instaurara o inquérito policial, e ao Ibama terá a função de

contribuir com informações em relação aos danos causados, consequências, do agente

causador, tudo ao qual possa contribuir para informação.

De toda forma é dever de todo cidadão que presenciar, que souber de alguma lesão

ao direito ambiental, de igual forma em relação ao tráfico de animais, deve denunciar ao

Promotor, para que possa ser feita as atitudes necessárias para cessar essa lesão ao bem

coletivo.

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A regra no que tange o processo e julgamento dos crimes de caráter ambiental segue

sendo competência da Justiça Comum Estadual, sendo apenas de competência da Justiça

Federal aqueles que afetam bens e serviços da União, ressalta-se que a fauna e flora do país

não é propriedade de nenhum poder, órgão, nem mesmo a União, de acordo com a

Constituição Federal os animais, florestas, matas é bem permanente do povo, sendo apenas

regulado pelo Estado para a busca de proteção e preservação do meio ambiente para todos.

O artigo 109, IV, estabelece quando trata da competência da Justiça Federal:

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:[...]IV - Os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;

O artigo acima apresenta que a competência da Justiça Federal para processar crimes

ambientais somente será possível quando for efetuado em terras ou águas da União Federativa

ou quando atingir autarquias, empresas públicas ou se afetar os serviços dos órgãos deles.

3.5.1 Ação civil pública

A Lei nº 7.347/85 disciplinas a ação civil pública de responsabilidade por danos

causados ao meio-ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético,

histórico, turístico e paisagístico e dá outras providências.

Dessa forma o meio processual cabível para buscar a proteção da fauna na esfera

civil é a ação civil pública, tendo como objetivo a condenação em dinheiro ou a obrigação de

fazer ou não fazer (art. 3º).

O juízo competente para processar e julgar a ação civil pública é do foro local do

dano causado, sendo que a legitimidade para propor essa ação, nos seguintes termos: a)

Ministério Público; b) Defensoria Pública; c) União; d) Estados; e) Distrito Federal; f)

Municípios; g) Autarquias; h) Empresa Pública; i) Fundação ou Sociedade de economia mista

(art.5º).

As Associações poderão ter legitimidade desde que tenham sido constituídas por pelo

menos um ano e cumprindo os requisitos da lei civil, e que dentre suas finalidades

institucionais também contemplem a proteção ao patrimônio público e social, ao meio

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ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, a livre concorrência, os direitos de grupos

raciais, étnicos ou religiosos, ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e

paisagismos (artigo 5º, V, da Lei nº 7347/85).

Quando manifesto o interesse social, pela dimensão ou a natureza do dano, bem

como a relevância do bem jurídico a ser protegido o juiz poderá dispensar a pré-constituição,

segundo o artigo 5º, § 4º, da mesma Lei.

De acordo com a lei, o objetivo principal do Ministério Público é juntar as provas

necessárias antes da propositura da ação civil pública, in verbis:

Art. 8º Para instruir a inicial, o interessado poderá requerer às autoridades competentes as certidões e informações que julgar necessárias, a serem fornecidas no prazo de 15 (quinze) dias.§ 1º O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer organismo público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) dias úteis.

De acordo com o art. 9º da mesma Lei, o Ministério Público, se esgotada as

instruções previamente regulamentadas, ao qual define inexistente a razão para propositura da

ação civil pública, prosseguira então o arquivamento do inquérito civil. Podendo incorrer em

falta grave, se no prazo de 3 dias não fizer o encaminhamento dos autos do inquérito civil ou

das peças de informação arquivada ao Conselho superior do Ministério Público, podendo

assim homologar o pedido de arquivamento ou encaminhar outro do Ministério Público para o

ajuizamento da ação.

3.5.2 Ação penal

A Lei nº 9.605/98 dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de

condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e outras providências, no particular,

tipificando cada ilícito relacionado aos danos causados ao meio ambiente. Nos artigos 29 a 37

trata dos crimes relacionados a fauna brasileira, sendo todos de ação pública incondicionada

tendo o Ministério Público como titular da ação penal.

A Legitimidade para processar e julgar os crimes ambientais por meio de ação penal,

via de regra, é da Justiça Estadual, por ser competência comum que abrange essa matéria, e no

que se refere ao rol taxativo do artigo 109 da Constituição Federal, a competência passa para a

Justiça Federal.

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De acordo com a Lei nº 9.605/98, a autoridade competente analisará a gravidade do

fato para a aplicação da pena, levando em consideração os motivos, bem como as

consequências a saúde pública e do meio ambiente. Os antecedentes de cumprimento da

legislação ambiental do autor também serão analisados, e no caso de aplicação de multa como

pena, para se estipular o valor, será analisada a condição econômica do autor do ilícito.

O artigo 8º estabelece quais as possibilidades das penas restritivas de direito sendo:

a) serviços a comunidade; b) interdição temporária de direitos; c) suspensão parcial ou total

de atividade; d) prestação pecuniária; e) recolhimento domiciliar. Será possível como pena a

realização de serviços à comunidade, tendo a responsabilidade de cumprir atividades de forma

gratuita em parques públicos e em unidade de conservação. No caso de danificação de bens

particulares, pública e tombada de restaura-la quando possível.

A prestação pecuniária trata-se da reparação em dinheiro a vítima ou a entidade

pública ou privada com fins sociais, sendo fixada pelo juiz, o valor que será pago nessa

prestação pecuniária será abatido da reparação civil ao qual o autor do crime for condenado.

O recolhimento domiciliar priva o condenado da sua liberdade parcialmente,

podendo ele somente trabalhar, frequentar cursos e outras atividades autorizadas previamente

e de resto permanecer em casa nos momentos de folga e descanso, conforme foi estabelecido

na sentença pelo juiz. A suspensão de atividades será de igual modo possível desde que estas

não estejam cumprindo as prescrições legais.

Em relação às pessoas jurídicas, as penas atribuídas as elas podem ser através de

multa, restritiva de direito e serviços a comunidade, nesse caso as penas podem ser aplicadas

isoladamente, cumulativamente ou alternativamente.

Das restritivas de direito da pessoa jurídica, entende-se por suspensão parcial ou total

das atividades; interdição temporária do estabelecimento, obra ou atividade; proibição de

contratar o Poder Público e nem receber dele subsídios, subvenções ou doações, essa restrição

não pode ultrapassar 10 anos.

Na prestação de serviços a comunidade da pessoa jurídica engloba o custeio de

programas e projetos ambientais; promover a execução de obras para restaurar as áreas

degradadas; estabelecer manutenções aos espaços públicos; realizar contribuições para as

entidades ambientais ou culturais públicas.

3.6 EFICÁCIA DO CUIDADO COM A FAUNA E A CONTRIBUIÇÃO SOCIAL

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O tráfico internacional de animais silvestre é uma das causas que geram danos a

fauna brasileira, as consequências desse ato ilícito podem trazer a extinção de diversas

espécies, fim de habitats naturais, desequilíbrio na cadeia alimentar, danificando o meio

ambiente de formas irreparáveis e o tráfico de animais silvestres pode promover doenças.

A falta de controle sanitário também traz grandes danos, cada uma das espécies de

animais da fauna tem o seu meio natural e específico, o qual sendo alterado poderá gerar

doenças, que podem vir a ser espalhadas através do transporte dos animais em condições

degradantes. Esse tráfico feito sem o controle sanitário pode promover a proliferação das

doenças para aos lugares a que esses animais serão traficados e os meios utilizados. Algumas

doenças podem ser citadas: a) primatas (Macacos): febre amarela, capilariose,

equinostomíase, esofagostomíase, esparganose, febre de mayaro, hepatite A, Herpes simples,

malária dos primatas, bertelíase, tuberculose, shigelose, salmonelose, toxoplasmose, raiva,

entre outras; b) Quelônios (Tartarugas e jabutis): doença enterobacteriana por arizona e

salmonelose; c) psitacídeos (Araras, periquitos e papagaios): toxoplasmose, psitacose

(RENCTAS, 2001).

No artigo 29 da Lei 9605/98, estabelece-se pena de seis meses a um ano e multa,

sendo essa penalização considerada pouco e incapaz de inibir a realização desses crimes,

dessa forma fica difícil a proteção a fauna brasileira.

Segundo Pedro Luiz Ávila (2006, p.01) a norma regulamentadora que gera sanções

civil, penal e administrativa, ele analisa ser necessário mais para que se obtenha a eficácia

necessária.

A política ambiental concebida no Brasil foi, sem dúvida, um grande passo para que nos ajustássemos à marcha global em defesa da qualidade do meio ambiente. Entretanto, essa política deveria partir do princípio de que não é bastante em si mesma. Ainda que nos esqueçamos, faz parte de outras políticas governamentais, com as quais deverá compatibilizar-se para o bom desenvolvimento econômico, social, urbano, rural e tecnológico de nosso país.

De acordo com Ávila, é necessário que aja uma a participação efetiva do governo,

com programas que visem o bom desenvolvimento do país e o cuidado com o meio ambiente,

com programas governamentais para que se torne mais eficiente a norma.

Celso Adão Portella (2013, p.116) ressalta que as normas estão postas, bem

estudadas e regulamentas, porém, o grande ponto de tudo está relacionado a eficácia de toda

essa norma, para ele é necessário que o ser humano seja conscientizado que o homem está

acabando com o planeta.

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As normas estão postas, válidas, produto de um trabalho legiferante do poder legalmente constituído para tal finalidade. A eficácia dessas normas é que concentra o cerne do problema. Talvez num futuro que esperamos esteja próximo o homem se dê conta de sua incrível finitude e respeite a vida dos seus semelhantes. Deus nos deu a biosfera e nós a matamos com a tecnosfera, tornando ineficazes nossas ações de preservação da vida.

Portella afirma que o homem ainda não entendeu que o meio ambiente é finito e

precisa ser cuidado e preservado, porque se não vai acabar, ele acredita que as normas

jurídicas são validas e tem finalidade clara, porém é necessário mais do homem.

Por outro lado, há aqueles que acreditam que as normas não são o suficiente para

atingir o objetivo necessário, acredita-se ser de extrema necessidade uma reforma substancial

ao que tange a legislação dos crimes ambientais GURGEL e ROCHA (2017, p.01) fez críticas

às normas do meio ambiente em relação a alguns pontos da norma as quais considerando

incoerente:

Com relação ao tratamento dado à aplicação das penas em decorrência da prática de crimes ambientais há uma série de incongruências. Alguns erros demonstram claramente o total desapego à técnica em matéria criminal, a exemplo do destaque dado à pena de prestação de serviços aplicada às pessoas jurídicas, colocada à margem das penas restritivas de direitos, como se delas não fizesse parte.

GURGEL e ROCHA (2017, p.01) citaram como possibilidade uma confusão do

legislador ao estabelecer a norma jurídica, por ter sido indeciso sobre a finalidade da norma,

se seria mais rígida ou branda.

Em se tratando dos crimes em espécie, a crítica é muito mais acirrada. Logo no primeiro tipo penal incriminador, apelidado de crime de caça, é estarrecedor notar a tamanha complacência do legislador no que diz respeito à escala penal cominada. O delito, que é de ação múltipla, prevê condutas de extrema gravidade, como, por exemplo, a destruição da vida de centenas de golfinhos. Barbáries como essa, já exibidas pelos meios de comunicação, que flagraram ondas de sangue no litoral brasileiro, são punidas com pena de três meses a um ano, ou seja, infração de menor potencial ofensivo que, certamente, será solucionada por meio de uma transação penal, poupando o delinquente de eventual acusação, processo, condenação, e efeitos da sentença penal condenatória, como os da reincidência e dos maus antecedentes.

Os autores GURGEL e ROCHA (2017, p.01) fazem críticas severas aos termos

utilizados na lei, alegando ser técnicos demasiadamente, afirmam também que as normas

possuem penas brandas, podendo observar a desvalorização da vida animal, da proteção a

fauna em comparação com outros crimes com penas bem mais severas. Com tudo se acredita

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que a norma penal tenha suas vantagens, tenha o seu benefício ao ser criada em busca da

preservação e da reparação do meio ambiente, porém sendo clara a necessidade de uma

reforma para que a torne mais eficiente na prática.

Com isso é possível notar que alguns autores defendem que embora haja legislação

para regulamentar os crimes ambientais, fora as normas penais e constitucionais, mas não

seria eficaz na prática, não sendo capaz de inibir e muito menos de conscientizar a população

para o cuidado com o meio ambiente e proteção da fauna. Sendo visto como necessário a

aplicação de normas mais rígidas e com políticas educativas para o cuidado com o meio

ambiente.

Sabe-se que o tráfico de animais, bem como os crimes ambientais de forma geral,

tem relação com as questões culturais, vindo dos colonizadores e que ficou incrustrado na

sociedade e com isso se faz necessário que se haja uma conscientização na população para

que entenda a importância e que possa tirar do povo a cultura de comercialização dos animais,

de que mercantilização da fauna e flora brasileira.

A base está na Constituição Federal, Art. 225, onde prevê a garantia de um meio

ambiente equilibrado para futuras gerações, porém vai além de um direito básico de cada

cidadão e se torna também um dever de cada um a responsabilidade para cuidar e proteger já

que o interesse ao direito é de âmbito geral.

Na Lei nº 6938/81, que trata da Política Nacional do Meio Ambiente, já havia

assentado a necessidade de políticas educacionais em relação a esse tema, no seu art. 2º,

inciso X, estabelece que é preciso implementar a educação ambiental nas escolas, na

comunidade, para que cada um esteja preparado para a defesa do meio ambiente.

Segundo Elza de Fátima Araújo (2009, p.51), é de suma importância a

conscientização da sociedade.

Mesmo que seja complicado, a introdução da educação no meio social é essencial para o combate ao tráfico ilícito de animais e outros crimes praticados contra a natureza, tendo em vista a prática de tais delitos decorrerem, principalmente, de questões sociais e culturais, de acordo com o mencionado alhures, só a conscientização da população pode mudar a situação atual.

Se faz importante entender que a natureza é a parte de um todo, necessária para o

desenvolvimento, necessária para o equilíbrio e necessária para a sobrevivência, é preciso

deixar pra trás os pensamentos antropocentrista que foram instaurados, onde acreditava-se que

a natureza tinha o objetivo de servir ao homem, onde podia-se usar, desmatar, utilizar e não

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acabaria, porque a natureza era infinita e servia apenas para o homem em suas necessidades,

hoje já se sabem que não é assim e a finitude da natureza é algo visível e preocupante para

todos.

Por isso, o consumo dos recursos naturais deve ser feito de forma consciente, de

forma responsável, que possa ser instaurado uma cidadania ambiental, educação ambiental,

consciência ambiental e ética ambiental, para que a sociedade evolua na cultura de exploração

ambiental, que essa evolução alcance a busca da preservação dos recursos naturais.

O mercado ilegal do tráfico de animais silvestres é grande e devastador, porém isso

só acontece porque existem pessoas que financiam, fornecem e contribuem para esse crime,

por isso é necessário a conscientização para o entendimento dos danos que essas pessoas estão

causando ao participar desse crime, para que se possa ter uma responsabilização dos efeitos

causados por se contribuir esse mercado. É importante a sensibilização da sociedade com os

assuntos voltadas ao meio ambiente, e principalmente com o tráfico que ocorre de forma que

não visa o cuidado com o animal ao ser transportado, não se preocupa com as necessidades

deles, sendo doloroso e estressante esse mercado.

3.7 ORIENTAÇÃO AMBIENTAL

A orientação ambiental é necessária para que entenda que é direito de cada cidadão o

meio ambiente equilibrado, porém também é de responsabilidade de cada um cuidar,

preservar, proteger de todas as formas possíveis, buscar uma relação com o sistema ecológico

de forma harmônica.

O art. 225, § 1º, inciso VI da Constituição Federal, estabelece ser benéfico que haja a

educação ambiental em todos os níveis de ensino para que se busque a preservação ambiental,

sendo essa principalmente atribuída ao Poder Público.

A educação ambiental acha-se definida no art. 1º da Lei nº 9795/99, que trata da

instituição da Política Nacional de Educação Ambiental estabelece a educação intes termos:

Art 1º Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

Com isso, resta claro que a educação não fica restrita apenas ao âmbito escolar, dos

currículos institucionais, mas também toda e qualquer ação e projeto que vise o ensino sobre o

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cuidado com o meio ambiente, preservação e sustentabilidade, sendo de forma formal e

informal da educação ambiental.

No art. 3º da Lei nº 9.795/99, estabelece-se os órgãos, instituições, empresas,

instituições públicas e privadas, terão um papel fundamental quanto a contribuir com a

educação ambiental, cooperando nesse processo evolutivo que é educar sobre a defesa do

meio ambiente. Sendo dever de todos da população promover soluções aos problemas

ambientais e se atentar a formação cultural sobre os valores ambientais inerentes aos cidadãos

de forma individual e coletiva.

A conscientização promovida pelas orientações e educação ambiental, de forma

formal e informal, pode afetar diretamente a eficácia da norma de crimes ambientais. Isso

acontece porque as pessoas estando cientes da importância do meio ambiente, da preservação

dos recursos naturais, passarão a evitar cometer infrações ambientais, ter mais cuidado com o

meio ambiente, velando para que as leis regulamentadoras sejam mais respeitadas pela

sociedade, a conscientização da população tem tudo para trazer efeitos das formas mais

positiva possíveis, visto que com essa é uma forma de se criar um nova cultura de cuidado

com o meio ambiente, deixando para traz a ideia de antropocentrismo e buscando alcançar o

fim do tráfico de animais.

A população tem uma das funções mais importante, deixando de comprar os animais,

não financiando o mercado ilegal, cuidando, protegendo, deixando os animais silvestres em

seus habitat naturais, bem como cuidando desses habitats, e outra coisa muito importante é

que os cidadão ao se deparar com esse crime possa denunciar, é importante informar a

autoridade e buscar medidas para finalizar esse ato ilícito imediatamente e posso se permitir

que os animais obtenha a recuperação necessária e volte ao meio ambiente para se manter o

equilíbrio da natureza.

O Estado precisa estabelecer as informações que são importantes para a população,

essas informações corroboras para a conscientização da população, bem como a educação

ambiental que pode ser promovida de várias maneiras que todas elas visam o objetivo de se

estabelecer um cuidado e atenção com a natureza, bem como a fauna e o ato ilícito do tráfico

de animais.

3.8 ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS - ONGS

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ONG se trata de organizações não governamentais, fazem atividades sem fins

lucrativos e as pessoas trabalham de forma voluntaria em defesa de uma causa em comum,

com a democracia se tornou cada vez mais efetiva as ONGs nos movimentos sociais.

Segundo ARAÚJO (2009. p.55) defende a atuação das ONGs pois acredita-se ser

mais efetivas as ações realizadas dessa maneira.

O Estado de Direito Ambiental deve dar preferência ao exercício da cidadania coletiva, pois só assim exercerá mais pressão e força nas suas reivindicações de proteção ambiental, obviamente sem menosprezar a cidadania individual.

No que tange ao enfrentamento do tráfico de animais silvestres, o Poder Público

dispõe da atuação de vários órgãos como: IBAMA, Polícia Florestal, Polícia Militar, Polícia

Civil, entre outros. Já as organizações não governamentais que buscam a preservação e

proteção dos animais têm, mais atuantes são: a WWF, o Greenpeace, o RENCTAS, entre

outras.

O RENCTAS é uma organização sem fins lucrativos que atua diretamente nas causas

de tráfico de animais silvestres, promove ações de combate a esse mercado ilegal e prevenção

da execução desse crime. Trabalha principalmente na capacitação para melhorar a efetividade

da fiscalização dos órgãos ambientais, para isso buscou estabelecer parcerias com o Poder

Público, iniciativa privada e outras organizações. Realizando cursos, programas,

treinamentos, tanto no âmbito nacional e internacional.

A Greenpeace é a ONG (organização não governamental) mais famosa e conhecida

internacionalmente, fundada em 1971, é muito conhecida por seus grandes movimentos e

protestos em prol das florestas, animais e oceanos. Desde o início soube ser ousada e atraiu

olhares para suas missões de salvamento, promovendo a paz e o bem-estar com o meio

ambiente. A maioria dos seus movimentos acontece na água, em navios e usa faixas grandes,

pinta animais para que suas peles não venham a ser utilizadas, busca chamar atenção da

televisão e dos meios de comunicação para que aumente sua voz.

A SOS fauna é também uma organização não governamental que trabalha

diretamente nas lutas de combate à destruição da fauna silvestre, defendendo o que for

necessário na mudança da legislação de crimes ambientais, fazem trabalhos importantes de

recuperação de animais presos em cativeiros, cuidados a animais feridos e buscando devolver

as condições a esses animais para que possam voltar a seus habitat natural, faz um forte

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combate aos tráfico de animais silvestres instaurando projetos de preservação da fauna

brasileira e meio ambiente natural.

A WWF é uma ONG (organização não governamental) bem conhecida que trabalha

no âmbito nacional e internacional, fundada em 1961, a sigla significa “World Wildlife Fund”

que traduzindo fica “Fundo Mundial da Natureza”, porém a ONG desvinculou de seu

significado literal e passou a ser chamada somente de WWF. Conhecida por seus trabalhos de

preservação e conservação da natureza, funciona de forma gigantesca, com vários

funcionários e em diversos países, a luta é grande, por isso a organização faz diversas

parcerias para ajudar nessa luta. Eles almejam que o homem possa chegar ao ponto de viver

de forma harmônica com a natureza. Seus projetos são bem estudados e trabalhados em várias

áreas, o WWF possui profissionais de todas as áreas, cientistas especializados em

conservação, advogados, área de comunicação, tudo para fazer um trabalho mais eficiente

possui e alcance êxito em seus planejamentos.

Segundo o site do WWF-Brasil, a sede dessa organização não governamental, foi

fundada me 1996, possuem mais de 67 projetos atuando na Amazônia, Cerrado, Pantanal e

Caatinga, bem como nos ecossistemas marinhos e as costas. Possuem estatutos social e

regimentos internos para que dessa forma possa manter os princípios e objetivos estabelecidos

pela ONG, e cumprir os projetos e missões estabelecidos pelo WWF no Brasil.

O combate ao tráfico de animais silvestres é importante para garantir o futuro das

gerações, dessa forma é necessário que todos contribuam de todas as formas possíveis para

inibição desse mercado devastador, o Poder Público, as organizações e as organizações não

governamentais se unam para cumprir essa difícil missão que é fiscalizar, cuidar, proteger e

preservar a fauna brasileira.

A população ao ver a comercialização desses animais, tem uma função primordial,

que é a de denunciar, proteger a fauna brasileira é dever de todos que acreditam em futuro

para outras gerações em harmonia e equilíbrio com a natureza, dessa maneira não basta

apenas não comprar, não financiar o mercado ilegal, é importante denunciar, procurar a

polícia e organizações para que possa ser feito as medidas necessárias.

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CONCLUSÃO

Com a presente pesquisa, buscou-se analisar a questão da efetiva proteção do meio

ambiente que é matéria prevista na Constituição federal, bem como em legislação

infraconstitucional, nesse aspecto a Lei nº 9605/98 tem um papel fundamental na

regulamentação dos atos danosos contra o meio ambiente, os crimes em relação a fauna e

flora, o importante que essas normas sejam feitas valer, que alcance a eficácia da norma

necessária para a proteção do meio ambiente.

Constatou-se que, embora existentes as normas em relação ao meio ambiente, a

fiscalização se mostra insuficiente para se obter a eficácia da norma jurídica, e outra vezes

não são nem conhecidas as normas.

O estado tem a competência na gestão do meio ambiente, tendo como função

principal preservar e aplicar medidas punitivas aos eventuais infratores para a manutenção do

meio ambiente, em especial em relação ao tráfico de animais, de modo a se impedir o

mercado ilegal da fauna brasileira. O Poder Púbico é responsável por promover as políticas de

conscientização da população frente a proteção do meio ambiente, e, consequentemente, com

relação ao tráfico de animais.

Para melhorar a proteção do meio ambiente e impedir que haja exploração ilícita e a

exportação da fauna brasileira é necessário que ocorra o aumento na fiscalização,

principalmente nas fronteiras para que não ocorra a passagem com os animais nesse mercado

ilegal, para isso acontecer é preciso aumentar o número de servidores públicos e a estrutura de

atuação.

Outro fator importante defendido por muitos doutrinadores é dar mais rigidez às

normas de regência, posto que a atuais têm se mostrado ineficazes para coibir a prática dos

atos ilícitos, o que se daria por meio do estabelecimento de penas mais duras para os autores

de crimes contra a fauna e a flora, principalmente no que se refere ao tráfico internacional de

animais que causa danos devastadores.

É preciso que se crie uma cultura de proteção ambiental unificada que envolva a

União, Estados e Municípios a fim de se buscar a prevenção do meio ambiente e combater o

tráfico de animais. Nesse contexto as ONGs também representam um papel muito importante

quanto à fiscalização, a proteção e a recuperação de animais vítimas desse crime. Os danos

causados a fauna por esse fator são enormes e não podem ser aceitos. Juntos cada um pode

fazer mais, e a sociedade pode ajudar nessa função, não adquirindo animais silvestres e

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denunciando quando verem essa mercantilização ilegal, a conscientização é de suma

importância e deve ser passada de geração a geração para proteger a fauna do tráfico de

animais.

Portanto, através da conscientização da população estará cada vez mais próximo de

se alcançar o fim ou ao menos a minimização do tráfico de animais, bem como o alcance de

uma eficaz proteção e prevenção do meio ambiente, respeitando a beleza da fauna, deixando-o

equilibrado e saudável para essa e futuras gerações.

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