investigador: se possível, de forma breve, gostaria que me...

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Entrevista Inicial: 16/03/2009 Investigador: Se possível, de forma breve, gostaria que me dissesse há quanto tempo é que lecciona, se lecciona por vocação, se começou a leccionar por acaso...enfim, como veio para à profissão? Professora: Este ano é o 30º ano que sou professora, sou professora há 30 anos. Vim cá parar por condições do destino. Terminei o 7º ano logo a seguir ao 25 de Abril, em 76 e tínhamos uma no de serviço cívico. Como no ano em que eu acabei, no ano de serviço cívico já não íamos fazer nada, já não nos era atribuída nenhuma tarefa fora da cidade, fora do que se fazia, resolvi aproveitar o ano de serviço cívico, para não perder um ano e ir para o Magistério. Tinha duas hipóteses: (vivia em Castelo Branco) ou ia para o Magistério ou ia para enfermagem. Grande parte dos meus colegas...a gente dividiu-se, uns foram para o Magistério outros foram para enfermagem, no fundo para não perdermos um ano de vida. Não podia ver sangue, não gostava de ver sangue, não podia ir para enfermagem, fui para o Magistério. Fiz o primeiro ano do Magistério, cheguei ao fim desse primeiro ano fiz aptidão à faculdade (nesse ano fazia-se aptidão), entrei... ainda tentei fazer as duas coisas, eu já trabalhava na altura, dava explicações...não tendo condições tive de me sujeitar, ainda vim a Lisboa nos segundo ano, matriculei-me, tentei fazer umas cadeiras mas era um esforço muito grande pois não podia deixar de dar

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Entrevista Inicial: 16/03/2009

Investigador: Se possível, de forma breve, gostaria que

me dissesse há quanto tempo é que lecciona, se lecciona

por vocação, se começou a leccionar por acaso...enfim,

como veio para à profissão?

Professora: Este ano é o 30º ano que sou professora,

sou professora há 30 anos. Vim cá parar por condições do

destino. Terminei o 7º ano logo a seguir ao 25

de Abril, em 76 e tínhamos uma no de serviço cívico.

Como no ano em que eu acabei, no ano de serviço cívico

já não íamos fazer nada, já não nos era atribuída nenhuma

tarefa fora da cidade, fora do que se fazia, resolvi

aproveitar o ano de serviço cívico, para não perder um

ano e ir para o Magistério. Tinha duas hipóteses: (vivia

em Castelo Branco) ou ia para o Magistério ou ia para

enfermagem. Grande parte dos meus colegas...a gente

dividiu-se, uns foram para o Magistério outros foram para

enfermagem, no fundo para não perdermos um ano de vida.

Não podia ver sangue, não gostava de ver sangue, não

podia ir para enfermagem, fui para o Magistério. Fiz o

primeiro ano do Magistério, cheguei ao fim desse primeiro

ano fiz aptidão à faculdade (nesse ano fazia-se aptidão),

entrei... ainda tentei fazer as duas coisas, eu já

trabalhava na altura, dava explicações...não tendo

condições tive de me sujeitar, ainda vim a Lisboa nos

segundo ano, matriculei-me, tentei fazer umas cadeiras mas

era um esforço muito grande pois não podia deixar de dar

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explicações...depois de um tempo conflituoso terminei o

Magistério, tive de me render à evidência e disse que

estaria como profissional cerca de 5 anos para ver o que

é que isto dava...Fui colocada no Alentejo no primeiro ano

a dar telescola, sem televisão, sem electricidade, sem

estrada, sem água, sem luz...foi uma ano de intervenção

social. Fazia-se alfabetização, naqueles anos quentes

tínhamos um grupo de intervenção social e portanto era

tudo muito quente... e aquele ano até foi interessante.

Mas eu não podia ficar no Alentejo até porque dependíamos

das pessoas. As pessoas davam-nos cama, davam-no comer...

davam-nos tudo... transportes para os transportes, enfim.

Não era uma situação em que eu pudesse continuar de modo

que fiquei outra vez na telescola em Sacavém e fui

apanhada muita vez com a televisão desligada, os miúdos

não percebiam o que estava a dar na televisão e aquilo

era aquela hora...achei que não era sítio para eu continuar.

Entretanto fiz um concurso para a CGD para trabalhar

como bancária.

Inv: Não se estava a ver como professora...

Prof: Nunca foi a minha intenção ser professora exactamente

por causa da estrutura, do sistema em que isto funcionava

Então ser professora do 1º ciclo era uma coisa naquela

altura muito complicada, estava conotada com um conjunto de

coisas... e não era só isso, era também a estrutura em que

eramos metidas, era a maneira como as escolas funcionavam,

eram as delegações mais "o chefe manda"...realmente a

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estrutura do ensino era uma desgraça e eu não me estava a

ver a viver toda a vida enfiada naquela estrutura com

aquelas colegas, a viver naquele meio.

Parecendo que não, a gente passa muito tempo na escola,

parecendo que não passa-se muito tempo na escola e depois

é um meio fechado em que a gente está ali.

Entretanto optei por dar aulas do 1ºciclo,

o primeiro ano que dei a um segundo ano gostei muito

gostei muito de ver os miúdos aprender. Depois fui para

um bairro da periferia...enfim, da segunda circular mas era

com casos muito complicados e tive um conjunto de colegas,

já todas tinham tirado o Magistério mais ou menos

na mesma altura que eu, portanto comecei a contactar

com professores diferentes daqueles onde eu não me estava a

ver trabalhar e no ano seguinte fui trabalhar para uma escola

na Rua Actor Vale ao pé da fonte luminosa em que

trabalhei com senhoras que tinham 70 e 72 anos...estavam à

espera dos 72 anos para se reformar. pessoas que tinham

sido formada na escola normal superior antes do Magistério

Primário e...eu tinha um 4º ano, ela também, fizemos um

grupo...trabalhámos em grupo e...elas conquistaram-me para

isto de ser professor, porque eram pessoas que estavam nisto

hà muito tempo, tinham uma postura completamente diferente e

eu consegui perceber...além disso tive uma turma que teve

uma evolução incrível, e eu comecei a gostar de ver os miúdos

aprender. Nesse ano ainda frequentei Psicologia, fiz 4

cadeiras... fazia as duas coisas ao mesmo tempo, reentrei na

faculdade, fazia Psicologia ao mesmo tempo, mas já não aceitei

o lugar para ir para CGD porque não me estava a ver toda a

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vida tratar de papéis, enquanto que o trabalho com os miúdos

era muito mais criativo e tinha muito mais a ver comigo,

com outra maneira de estar. Depois desse ano, ao fim de 5

anos decidi que ficava na profissão e a partir daí comecei

a investir em formação dentro da profissão, e comecei a

gostar de ser professora.

Inv: Queria mesmo perguntar-lhe isso, tem feito então formação

ao longo do tempo visando a valorização profissional...

Prof: Sim, portanto houve ali uns anos, quando as filhas

são mais pequenas que estamos mais presos, mas mesmo assim,

logo naqueles anos, a primeira ligação foi ao Sindicato e ao

MEM, Movimento Escola Moderna, depois reentrei outra vez na

faculdade pela terceira vez e fiz Ciências da Educação,

demorei 6 anos a fazer mas tinha duas filhas pequenas e havia

que conciliar muita coisa...depois, realmente estive um ano

que não estudei, depois entrei logo para o mestrado. Foi

sempre um grande investimento na profissão. Primeiro para

perceber onde é que andava, depois quais eram as opções,

depois onde é que se podia mudar isto da educação depois...

como é que eu me podia situar.

Inv: Isso foi a nível pessoal, e com alunos, costuma

envolver-se em projectos de natureza pedagógica?

Prof: Sim desde sempre, desde que haja possibilidades

Isto é assim, durante 18 anos fui professora vinculada,

portanto raramente estava mais de ano numa escola, de vez

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em quando estava dois anos numa escola e houve um ano que

eu escolhi uma escola muito "mazinha" que ninguém queria e

eu consegui estar 3 anos com os meninos, do primeiro ao

terceiro, no quatro alguém se enganou a concorrer e eu sai.

Os primeiros investimentos desse ponto de vista com alunos

e com a escola toda foi com a Mediateca, com o Centro de

Recursos e mediateca, depois estive ligada à criação do

Centro de Recursos de VFXira, depois nos Novos Programas

fizemos um grande encontro, mobilizamos o pessoal todo,

todos os professores de VFranca foram aquele grande

encontro quando foram os programas aí em 91, 92 penso eu,

na sequência da reforma de 80 e tal, depois novamente o

Centro de Recursos de uma escola grande, do Forte da Casa

e foi o trabalho de montar um grande centro de recursos

que correspondesse a uma escola que tinha 800 alunos.

Portanto, uma escola do primeiro ciclo com 800 alunos era

uma escola muito grande, estive um ano lá em que era a

mais nova estava em apoio, mas esse trabalho deu para

montar projectos que no fundo envolviam todos os

professores, envolviam o trabalho pedagógico, mexiam com

trabalho pedagógico, gostei muito desse trabalho. A partir

da dinâmica de um centro de recursos, influenciar o tipo

de trabalho que um professor tem na sala de aulas, ou

obrigar um conjunto de pessoas a reflectir sobre como é que

as coisas se fazem na sala de aulas, quais as finalidades,

isso é uma coisa muito interessante. Depois acabei por fazer

o trabalho final em Ciências da Educação nessa área, e

realmente, sem mexer numa escola, a partir de uma destas

coisas, ou da biblioteca ou do centro de recursos é

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possível mexer com os professores todos e mexer na prática

pedagógica deles...isso é possível com dinâmicas, com

estruturação do trabalho certo, organização de actividades...

Inv: Se calhar, é por isso também que veio parar à APM...

sucintamente pode dizer que cargos foi desempenhando além

deste da APM (vice-presidente)?

Prof: Começando pelo Centro de Recursos de VFXira em

que estive da direcção, na fundação, fui muitas vezes

directora e subdirectora de escolas quando

eram escolas pequenas, estive nesse projecto do Forte

da Casa, ganhei um dinheiro muito grande, na altura era

muito dinheiro num projecto de mediatecas, depois ganhei

um projecto do IIE, mas como num ano concorríamos,

apresentávamos o projecto mas o dinheiro só vinha no ano

seguinte, e nesse ano já não estava na escola, portanto o

Director devolveu o dinheiro porque ninguém assumiu...

Depois estive na APM destacada a tempo inteiro durante

dois anos, aprendi imenso, foi nos dois anos antes de

acabar a licenciatura em Ciências da Educação, aprendi

imenso, envolvi-me em imensas coisas, estive ligada ao

centro de recursos, depois entrei para a redacção da

revista onde estou até agora, também ligada ao centro de

recursos aqui da APM. Depois mantive-me no grupo do primeiro

ciclo, onde desde os encontros, às formações...enfim,

várias coisas que se vão fazendo pelo caminho sempre nesta

dinâmica. Depois fui Directora da escola onde estou.

Antes disso estive na Uarte, porque estava efectiva

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na outra escola e para não voltar para trás.

Estive na Uarte um ano depois, depois um ano de

sabática e depois outra vez na Uarte. Também aprendi

imenso a nível desta coisa das TIC a nível nacional,

das autarquias, das ESE, da dinâmica da formação a partir

das ESE, era eu que estava muito responsável por esses

projectos e pelos projectos em modalidade on-line que

mobilizava imenso as escolas. Portanto foram dois anos

muito cheios, muito ricos que também deram muitos

conhecimentos.

Inv: E a Matemática, sendo professora primária tem de

ensinar também outras disciplinas, mas a Matemática, é

a disciplina que mais prazer lhe dá a ensinar, ou nem por

isso é como outra qualquer? Tem uma relação especial com a

Matemática?

Prof: Eu vim de ciências, do liceu vim de ciências e sempre

gostei da área de ciências, mas gostei mais da área de

Biologia, no primeiro ciclo dá-se muito pouco...Biologia e

Química. Depois, entrei para o MEM muito cedo e percebi as

dinâmicas do ensino da língua. Quando acabei o Magistério

era aquele método analítico-sintético e a partir de certa

altura houve um grande investimento para passar para o

método natural, e com outros colegas, isto nunca foi feito

sozinha,e com grupos, um ano tinha companhia e abalancei-me

ao método natural, achei muita piada, aprendi imenso,

estudei imenso como é que aquilo se fazia e depois havia um

grande desnível, uma grande décalage entre a forma como se

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ensinava a língua, a forma como se ensinava o Estudo do

Meio e a forma como se ensinava a Matemática que andava ali

sempre a reboque. A Matemática era uma coisa que gostava

e gosto de estudar e de ensinar, essencialmente gostava

muito de ensinar e andava ali sempre...era diferente a forma

como nós montávamos actividades para os miúdos dentro da

língua e de estudo do meio, e depois no fim enfiava-se a

Matemática, isso levantava-me imensas questões. Por isso

resolvi estudar como é que a Matemática entrava

no currículo, dentro da sala de aula. Quando fiz o mestrado,

já fiz o mestrado em ensino e aprendizagem da Matemática.

Inv: Relativamente à aprendizagem, O que acha fundamental

que os alunos aprendam neste nível de escolaridade em

Matemática?

Prof: Eu acho fundamental que aprendam a pensar. Durante

muitos anos, já tenho dito às estagiárias, durante muitos

anos escrevíamos na avaliação dos alunos que era muito bom

a Matemática e mas muito fraco a raciocínio, não

tem raciocínio nenhum. Nós escrevíamos isto naqueles

boletins de avaliação...ora isto não fazia sentido nenhum.

O que é que a gente dizia quando ele era muito bom a

Matemática, quer dizer que do ponto de vista processual

resolvia tudo, fazia as contas, do ponto de vista da

mecânica, agora punha-se-lhe um problema e ele não sabia

para que lado se virar e isto não é aprender Matemática.

Não é preciso dizer que quando eu comecei a dar

aulas no Primeiro Ciclo não ensinava Matemática,

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ensinava aritmética, a Matemática aparece nos

anos 90, muito mais tarde. No Primeiro Ciclo a Matemática

só aparece com os novos programas basicamente.

Inv: Mas agora o currículo parece-lhe adequado?

Prof: O novo programa que vai entrar...para o ano já vai

entrar em algumas escolas que queiram e que para o outro

ano vai ser generalizado, este novo programa está mais

ajustado mas ainda tem muita coisa que...

Inv: Então mudaria alguma coisa? Quer precisar?

Prof: Essencialmente está muito...o que é que fez...

pegou no antigo programa e mudou-lhe algumas coisas,

lavou-lhe a cara e isto em termos de ir para a

prática, de ir para o real, de entrar nas escolas vai

ser assimilado com muita facilidade. Não é muito claro

neste novo programa o tipo de trabalho que se exige e

o tipo de coisas que é preciso por as crianças a trabalhar

para se desenvolverem de uma forma equilibrada em termos

de raciocínio e em termos de pensamento e em termos de

compreensão matemática. O programa precisava de ir mais

além, por exemplo na geometria não praticamente

alterações nenhumas.

Inv: Então acha que a aprendizagem deve ser feita pela

descoberta do aluno, pondo o aluno a resolver desafios,

problemas, fazer investigações...como é que deve ser feito?

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Prof: Perante um conjunto de alunos, nós temos um desafio

que é adaptar aquilo que dizemos, aquilo que queremos que

eles aprendam à natureza deles, à maneira como eles

funcionam e não nos podemos esquecer que os miúdos trazem

expectativas para a escola, portanto não há uma resposta

linear para isso. Há alunos que têm um tal nível de

expectativas que lhe sejam dadas coisas que esses alunos,

primeiro temos de lhes dar coisas para depois os conquistar

para as descobertas. Há um conjunto de alunos mais abertos,

têm um nível sociocultural diferente e aí é inteiramente

de os levar à descoberta, levá-los a sistematizar o

que descobrem e pô-los perante situações que sejam

muito desafiantes e que os levem a tirar conclusões.

Inv: Mas como é que gostaria de ensinar Matemática?

Dessa forma que acabou de dizer?

Prof: Sim, eu ensino Matemática dessa forma se bem que de

vez em quando...tenho de ter em conta os alunos que tenho

à frente, os pais que tenho à frente, as expectativas que

eles têm, e às vezes há choques que é preciso resolver.

Com o tempo, quando eu tenho os alunos quatro anos como

tem sido agora esta experiência, essas coisas vão sendo

superadas, são trabalhadas, há formas de intervir que

superam...mas nitidamente há pais que, muito traumatizados

com a sua escola, essencialmente muito traumatizados e

que depois refletem isso nos alunos e os alunos precisam

de ter alguma segurança. Primeiro é criar segurança nos

alunos e a partir daí podemos então entar... mas não se

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pode entrar num trabalho destes de qualquer maneira.

Nem o tipo de trabalho de os por à descoberta ou um tipo

de trabalho de natureza mais aberta...há alunos que ficam

de tal maneira incapazes de se mexer de ...que é

contraproducente. Este tipo de trabalho tem de se ganhar

os alunos para ele. Não pode ser imposto.

Inv: Na sequência do que diz, quais são então as suas

preocupações principais ao preparar as suas aulas?

Prof: As preocupações principais é que a situação de

aprendizagem perante a qual os alunos são colocados,

essa situação tenha pontes com algumas coisas que o aluno

já tenha, com conhecimentos que o aluno já tenha, que

estabeleça ligações com conhecimentos que o aluno já

tenha e depois alicerçado em alguns conhecimentos que

já têm seja desafiante, mas que seja desafiante e que

os alunos se sintam em segurança, que sejam capazes de

corresponder. Nunca os deixar numa situação de confronto

em que eles não se sintam seguros senão era

contraproducente, senão...essencialmente tem de haver

gosto, tem de haver prazer. Eu tenho prazer e muito gosto

em vê-los crescer, desenvolver-se e mexer nas coisas com

muita vontade. É preciso que eles também se sintam à

vontade para eles estarem à vontade para os ver crescer,

para os ver raciocinar sobre as coisas é preciso que eles

se sintam à vontade então é preciso criar esse clima,

essa cultura de desenvolvimento.

É preciso depois também ter muito cuidado porque os

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alunos vêm para a escola, e eu quando os apanho no

primeiro ano... são "pequenos reizinhos" e são muito rudes

e são muito cruéis uns para os outros. Ao mesmo tempo

que se faz este trabalho, do ponto de vista da relação

social, que na minha tese eu chamei normas

socio-matemáticas, há normas de respeito pela opinião

do outro, de respeito pelo desenvolvimento do outro...

Há que criar entre os alunos a capacidade de respeitar

que o outro ainda lá não chegou mas que não podem

rir-se, que não podem gozar, que têm é que explicar,

que têm é que estar cooperantes e isto leva muito

tempo a criar. Há um conjunto de normas que é preciso

seguir que não é só para a Matemática, mas na Matemática

às vezes são muito...ficam muito em destaque, porque um

miúdo diz um disparate e o outro rapidamente...

Inv: Atendendo a todas essas preocupações, era capaz

de caracterizar uma aula-tipo? como é que é uma

aula-tipo? Que tarefas faz?

Prof: Uma aula-tipo, e isso é feito por mim quase todos

os dias, é colocar as crianças perante uma situação

que pode ter origem ou numa história que leram, ou numa

situação da sala, uma situação real, ou uma situação da

vida deles, ou uma situação que eu levo, que é preparada,

e os alunos ou em grupo de dois ou em grupo mesmo, são

obrigados a questionar essa situação. Ou eles colocam

questões, algumas vezes, ou quando eu quero a coisa um

bocadinho mais desembaraçada já eu levo as questões

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colocadas...isso não pode ser sempre igual.

Inv: Mas na maneira de apresentar as coisas...ao longo

do tempo tem sofrido alterações ou tem sido feito sempre

da mesma forma?

Prof: Não, tem sofrido muitas alterações. E depois

dos alunos trabalharem é discutido...põem à discussão o

sitio onde chegaram. Podem não ter chegado a uma solução,

mas podem por à discussão o raciocínio, como é que

pensaram sobre a situação. Ou podem ter chegado a várias

soluções ou podem ter chegado por diferentes caminhos e

esses caminhos são todos mostrados, depois escolhemos o

caminho mais económico, aquele que nos dá mais gosto,

aquele que a gente percebe melhor, que é comum a todos,

isto no sentido de caminhar para...como a Matemática

funciona tradicionalmente, porque no fundo a Matemática

já está de tal maneira tão apurada que já tem formas muito

económicas de funcionar, agora os alunos vão chegando lá.

Inv: Falou como costuma organizar os alunos...gosta mais

de os organizar em grupos de dois, três, quatro grupo-turma...

como é que isso funciona?

Prof: Há tempos de trabalho em turma, há sempre tempos

de trabalho em grande grupo. Há trabalho em grupos de

dois, depois do que é solicitado e da natureza da tarefa.

Podem ser grupos de dois ou grupos de quatro. Eles estão

normalmente na turma em quatro grupos, quatro mesas, quatro

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grandes grupos.

Nem sempre funcionam os grupos, às vezes partem-se os

grupos ao meio, mas também há grupos que nem todos os alunos

acompanham neste tipo de trabalho, portanto vamos gerindo

conforme, consoante o que se pretende, mas normalmente há

uma descoberta em grupo, e mesmo se não é bem um trabalho

de grupo, que isso exige que só tem um resultado final,

um papel em comum...podem conversar entre eles.

Inv: Na gestão das aulas e relativamente às tarefas que

propõe, costuma disponibilizar materiais diversos como

os manipuláveis, sólidos ou o que seja para envolver os

alunos de uma maneira mais efectiva? E o manual é muito

utilizado?

Prof: Eles em princípio têm muito material na sala e

depois tenho aqui o centro de recursos, posso levar

tudo o que me faz falta, normalmente a partir do terceiro

ano passam todos a ter calculadora para explorar, para

investigar. É uma maneira de usar a tecnologia, normalmente

para fazer em pouco tempo 100 operações, para chegar, para

retirar uma conclusão. Imagine que quer tirar uma conclusão

que a soma de dois ímpares é sempre qualquer coisa...ou

que um número quadrado é sempre a soma de dois ímpares...

Têm de se fazer muitas operações e eles nunca chegam à

demonstração, eles vão por exaustão, têm de fazer muita

coisa em pouco tempo, nesse caso a calculador a mobilizada.

Depois têm muito material manipulável, todo o que precisam,

estruturado e não estruturado, têm tampinhas, têm essas

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coisas...o manual serve normalmente para fazer trabalho de

casa. Dentro da aula são discutidas algumas situações,

levantam dúvidas, quando não percebem, para reinterpretar

algumas questões, fundamentalmente é para trabalho de casa.

Inv: em geral, como ocupa a maior parte do tempo da aula,

com que tipo de actividade? na resolução de exercícios,

exposição...

Prof: Não, não. O que ocupa mais tempo é mesmo este trabalho

de procura de soluções para um problema e depois a partilha

das soluções encontradas e de sistematização de um caminho que

seja comum à turma toda que seja partilhado.

Inv: Não é portanto, claramente em exercícios repetitivos.

Prof: Não raramente eles fazem exercícios. Fazem exercícios

mas em tempo de trabalho autónomo no PIT no chamado PIT.

Quando sou eu a organizara a aula toda, eu deixo um tempo

ao fim do dia... têm um trabalho forte de manhã, têm um

trabalho forte das 11 ao meio dia, têm um trabalho forte à

uma e um quarto e depois até às três e um quarto há ali um

tempo em que eles fazer as suas fichas e que ganha quem

tiver mais coisas pintadas... eles aí fazem muito.

Inv: Nesse clima de aprendizagem que vai criando, gostaria

de perceber se considera que de algum modo as tarefas

investigativas podem contribuir par uma melhoria das

aprendizagens, ou isso não é relevante?

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Prof: Eu acho que as tarefas...nem todas as tarefas que eu

proponho são investigativas, mas as investigativas têm um

grande contributo e têm um grande contributo porque

obrigam os alunos a pensar para todos os casos e a dizer

" e se..., e virando, e se puder, e será que já fiz tudo o

possível?", ora isto obriga a um trabalho muito grande da

parte dos alunos e principalmente obriga-os a virar a

situação ao contrário, a ver a situação do fim para o

princípio e pensar na situação no seu contexto todo, e

isso é muito importante para os alunos.

Quando eles começam a agarrar o tipo de dinâmica de uma

tarefa investigativa e começam a trabalhar dessa maneira,

depois nas outras situações todas eles começam a colocar

essas questões todas, "então e se...", imaginemos, estamos

a ver o terço ou a ver..."então e se fosse o sexto, se fosse

o quarto..."e esse tipo de questões que eles colocam a si

próprios é que é fundamental.

Inv: Mas a implementação de tarefas investigativas de forma

regular é complicada ou até por haver constrangimentos

acaba por não o fazer tantas vezes como gostaria?

Prof: Tento fazer pelo menos uma vez por semana nos alunos

de 2º, 3º, 4ª ano. No primeiro ano é diferente, investigam

muita coisa mas às vezes não é bem ainda...mas tentamos

fazer uma vez por semana. Às vezes é mais do que eu

gostaria, se eles me colocam noutra situação qualquer uma

questão e já estão eles a colocar a questão e a conjecturar

e nunca a deixo fugir, agarro-a logo, essas são as que dão

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mais luta, normalmente tenho esse cuidado. Também faço

alguma gestão entre isso e o desenvolvimento de projectos,

e o desenvolvimento de projectos demora mais do que um dia,

arrastam-se um pouquinho mais no tempo. E preciso conciliar

isto tudo, e depois é preciso dar situações problemáticas

para desenvolver, no fundo, as ferramentas necessárias para

depois se conseguirem fazer as investigações efazerem os

projectos. Isto tem de ser muito bem caldeado para se

chegar lá.

Inv: E acha que as investigações contribuem para que o

aluno tenha uma visão da Matemática diferente, para mudarem

de algum modo a opinião que têm da Matemática?

Prof: Sim, desse ponto de vista tem muito peso, porque

estes alunos não têm ainda muito bem formada uma

opinião sobre a Matemática, eles transmitem, eles

reflectem a opinião que os pais têm. Os mais pequenino,

o no que eles nos trazem para a sala é a opinião dos pais,

é o reflexo, é aquilo que os pais lhes dizem. Quando

a gente começa a trabalhar e os miúdos começam a sentir-se

muito potentes a resolver certas situações a opinião

deles altera-se e depois começam eles próprios a

querer colocar questões e andar para a frente e

sentem-se capazes de fazer muita coisa e isso é muito

importante até porque o que mais acontece é um choque

com os pais indirectamente. É um choque quando não aparecem

as contas em pé, é um choque quando eles começam a ter um

grande raciocínio mental sem fazer contas e os pais não

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percebem como é que aquilo acontece, nem como é

que eles fazem e portanto há que fazer sessões de

esclarecimento aos pais. Isto tem de ser muito

acompanhado. Para se ter este tipo de trabalho, e

para que os pais não tenham muita influência,

porque às vezes os pais têm tendência a ensinar as contas

em pé, os algoritmos muito cedo, e a dizer-lhes que

assim é que se faz, e como os pais não encontram

solução para aquilo que os miúdos levam para casa,

porque às vezes têm preguiça de fazer...e pedem aos pais

para partilhar, os pais aí não encontram solução, não

se sabem desembaraçar e primeiro que tenham à vontade

para dizer "eu não sei"...a esta altura que eu já tenho

um ano e meio de trabalho com eles...já me escrevem no

caderno, "professora, não sei esta lição..." ainda

hoje me apareceu e então eu explico lá, explico à menina,

e agora chegas a casa e explicas à mãe. É para haver

alguma relação, isto exige um trabalho bem “caldeadinho”

com os pais, porque se não sentem-se inseguros e

transmitem insegurança aos miúdos.

Inv: E ao nível das TIC, quando lhe é possível, utiliza as

TIC ou não lhe é muito possível? Tem motivação para o fazer?

Prof: Motivação não me falta. Quando estou em casa às vezes

perco-me naqueles sites...depois digo, não tenho nada disto

sistematizado, havia imensas coisas que os miúdos podiam

fazer, se eu levasse esta situação isto dava-me saltos

muito mais avançados mais rapidamente com as crianças...

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a verdade é que na escola não temos computador ligado à

internet. Já tive trabalho sistemático com as TIC porque

tínhamos sete computadores ligados à internet e portanto...

a turma tinha treze alunos e portanto era possível fazer

isto regularmente. Com estes alunos o ano passado iniciei

um processo muito acelerado, todos têm mail, tenho uma

plataforma Moodle, os pais alguns estão lá inscritos...

mas depois quando quero trabalhar isso na sala de aulas,

mesmo para uma reunião de pais tenho de levar a minha

internet, às vezes funciona outras vezes não, depois às

vezes há projector e às vezes não. E estes últimos anos,

até pelas condições em que as escolas estão metidas por

todas as leis que saíram, nestes últimos anos as escolas

foram avassaladas, submergidas por um conjunto de leis, e

então a maneira como isso está a ganhar forma nas escolas,

cada vez se tem menos acesso, cada vez tenho menos acesso

às TIC. Não sei se está bem se está mal, mas a verdade,

o que acontece é isto.

Inv: Mas a utilização das TIC, sempre que possível e

quando o faz...que conclusões tira para si ao nível da

aprendizagem, contribui para uma melhoria das aprendizagens

ou torna-se irrelevante?

Prof: Com as TIC, nós podemos envolver os alunos em

situações muito desafiantes e que contribuem para muitas

aprendizagens em simultâneo. Há uma situação que tenho

pena ainda não ter feito com estes alunos mas que ainda

vou montar que é...existem possibilidades na internet de

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fazer alguns jogos que dão pontos, da ordem dos duzentos,

cento e tal, duzentos e tal, trezentos e tal...e eu não

lhes ensinei o algoritmo...e agora cada um joga três jogos...

e agora têm de saber os resultados. Esta situação em que

têm de saber quantos pontos é que eu tenho a mais que o

outro, é uma situação extraordinariamente desafiante,

extraordinariamente envolvente, eles arranjam todas as

estratégias e mais uma para perceber como é que se juntam

pontos, ou como é que se subtraem, ou como é que...qualquer

coisa.

Existem aplicativos na internet e existe o excel...

tenho uma vizinha que foi lá para casa e disse para a

minha filha, "deixa-me brincar com o x grande verde"

porque e tinha-a posto um dia destes a brincar como o x

grande verde, e os meus alunos também gostam de brincar

com o x grande verde. Eu abro-lhes uma tabela e eles põem

os números, e depois têm de por de 5 em 5, de 10 em 10...

e no fim da tabela toda feita, aquilo imprime-se e aquilo

está ali uma relação para eles...ou pintam, ou seleccionam,

ou põem a cor. Isso são coisas fundamentais em que eles

estão a estabelecer as relações todas da multiplicação,

das relações entre os números de uma forma automática, não

é preciso mais nada.

Inv: Torna-se difícil implementar de forma regular as TIC,

mas essa dificuldade não passa pela motivação, passa pela

gestão dos recursos materiais. E a nível do tempo que lhe

ocupa na aula? Por aí não haveria problema, tem só a ver

com a gestão material...

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Prof: Sim. Até porque os alunos estão muito habituados a

que, os alunos estão a trabalhar em grupo, e há um ou

outro que sai e vem passar o seu texto em computador, está

lá a lista, ele deixa de fazer o que está a fazer e vai

fazer aquilo. Pode haver uma tarefa ou outra que ele não

faz como os outros, e como só há um computador ou dois,

temos de nos optimizar, temos que rodar e eles desde que

se habituem a esse ritmo não têm problema. Agora vieram

os Magalhães...não se podem ligar a um projector...

Inv: Perguntei-lhe se as investigações podiam mudar a

visão que os alunos tinham sobre a Matemática, agora

gostaria de perceber se utilizando as TIC na

aprendizagem da Matemática, podem ou não as TIC mudar

a opinião que os alunos têm da Matemática? Podem

contribuir para uma visão que têm da Matemática?

contribuem de forma efectiva?

Prof: Sim se forem trabalhadas de certa maneira, nem

todos os trabalhos com as TIC... a visão que os alunos

têm da Matemática tem a ver com a visão que o professor

tem da Matemática, a maneira como o professor encara a

Matemática. Se o professor encarar de certa maneira,

tanto faz utilizando TIC como não utilizando TIC. Já

vi as TIC serem muito mal utilizadas, o ME subscreve

um site que tem múltiplos exemplos da Matemática

pessimamente mal posta em prática com as TIC nomeadamente

com quadros interactivos que é o R21, se for ao R21, tem

lá exemplos bastante lamentáveis e ... está ali.