iras - módulo 3 - investigação e controle de surtos hospitalares
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I NVESTIGAO
E
MDULO 3: C ONTROLE DE E PIDEMIAS (S URTOS ) H OSPITALARES
Eduardo Alexandrino Servolo de Medeiros
Coordenador: Eduardo Alexandrino Servolo de Medeiros So Paulo - SP 2004 - verso 1.0
S UMRIO : C ONTEXTO A SPECTOSDAS EPIDEMIAS HOSPITALARES .....
2 4 5
MICROBIOLGICOS ENVOLVIDOS NAS EPIDEMIAS HOSPITALARES .....
C ONCEITOS
BSICOS .....
. Endemia . Pseudo-epidemia . Surto ou epidemia
A GENTES
ENVOLVIDOS EM EPIDEMIAS HOSPITALARES .....
7
E TAPAS E STUDOS
PARA UMA INVESTIGAO .....
11 16
DE INVESTIGAO EPIDEMIOLGICA .....
. Problemas encontrados . Tipos de estudo
M EDIDAS
DE CONTROLE ..... DE
23
E STUDOS
c ASO ..... 30
Q UESTES ..... 38 B IBLIOGRAFIA c ONSULTADA ..... 44 G ABARITO ..... 47 A VALIAODO
m DULO..... 49
I NVESTIGAO
E
C ONTROLE
DE
E PIDEMIAS (S URTOS ) H OSPITALARES
Para este mdulo, esto previstos os seguintes OBJETIVOS DE ENSINO : . Conceituar epidemias hospitalares; . Definir aspectos relacionados investigao de epidemias (endemia, epidemia ou surto, pseudo-epidemia, colonizao, infeco, transmisso etc); . Identificar a importncia da deteco precoce das epidemias hospitalares; . Enumerar as etapas de investigao de uma epidemia; . Elaborar orientaes sobre medidas de preveno das epidemias hospitalares.
1. Contexto das epidemias hospitalares
TPICOS
2. Aspectos microbiolgicos envolvidos nas epidemias hospitalares 3. Conceitos bsicos: 4. Agentes envolvidos em epidemias hospitalares 5. Etapas para uma investigao 6. Estudos de investigao epidemiolgica 7. Medidas de controle . Problemas encontrados . Tipos de estudo . Endemia . Pseudo-epidemia . Surto ou epidemia
Mdulo 3Curso Infeco relacionada Assistncia Sade - IrAS - verso 1.0 - 2004
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1. C ONTEXTO
DAS EPIDEMIAS HOSPITALARES
VOCLembre-se que, atualmente, tem sido sugerida a mudana do termo infeco hospitalar por Infeco relacionada Assistncia Sade (IrAS), que reflete melhor a causa de aquisio dessas infeces.
J SABE QUE:
A Infeco relacionada Assistncia Sade (IrAS) nasceu com os servios de sade, principalmente nos hospitais, que podem ser considerados um ecossistema particular, um ambiente ideal para o surgimento de epidemias onde se verifica: A presena de indivduos debilitados, imunodeprimidos; A realizao de procedimentos invasivos; O uso freqente de antimicrobianos; A presena da equipe de sade necessria para assistncia ao doente.
E PIDEMIAS
OU SURTOS SO CONSIDERADOS SINNIMOS ?
De modo geral, pode-se dizer que sim. Entretanto, aceito que o conceito de surto est relacionado com uma forma particular de epidemia. O Centers for Disease Control and Prevention (CDC), Atlanta, EUA, conceitua surto como a ocorrncia de dois ou mais casos - relacionados entre si no tempo e/ou espao - atingindo um grupo especfico de pessoas e claramente, um excesso de ocorrncias quando comparadas freqncia habitual da situao analisada. Este conceito de surto aplica-se perfeitamente s infeces hospitalares, e utilizaremos a partir de agora esse termo.Curso Infeco relacionada Assistncia Sade - IrAS - verso 1.0 - 2004
Mdulo 3
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C OM
QUE FREQNCIA OCORREM OS
S URTOS H OSPITALARES ?
Os dados so preocupantes e representam srios problemas: Os surtos hospitalares ocorrem numa freqncia estimada de uma para cada 10.000 admisses. 40% dos surtos tem soluo espontnea e podem passar despercebidos - segundo os dados do Centers for Disease Control and Prevention, Atlanta, EUA. Na maioria das vezes, so infeces da corrente sangnea e freqentemente, acometem doentes internados em unidades de tratamento intensivo - tanto peditricas quanto de adultos. As UTIs neonatais so de alto risco para o desenvolvimento de surtos. Cerca de 4% dos pacientes que adquirem uma infeco hospitalar da corrente sangnea esto envolvidos em surtos.
P OR
QUE PERCEBEMOS QUE OS SURTOS VM AUMENTANDO ?
sabido que, nos ltimos anos, o avano tecnolgico tem permitido o tratamento de doenas consideradas incurveis no passado. Por isso, pacientes mais idosos e portadores de doenas cada vez mais graves so internados e, por vezes, submetidos a teraputicas clnicas e/ou cirrgicas que agravam ou desencadeiam o processo de comprometimento imunolgico tornando-os particularmente suscetveis infeco. Um dos principais objetivos de um programa de controle de infeco hospitalar a identificao precoce e o controle de surtos hospitalares. Para isso, um Servio de Controle de Infeco Hospitalar (SCIH) deve ser composto: por uma equipe que tenha conhecimento sobre a epidemiologia das infeces e formao cientfica para fornecer respostas rpidas ao problema e, conseqentemente, intervenes adequadas.
V OC
ACHA QUE SUA EQUIPE EST PREPARADA ?
E SPERAMOS
QUE ESTE CURSO POSSA CONTRIBUIR
PARA QUE ESTEJAM MAIS APTOS A AGIR EM CASOS DE EPIDEMIAS OU SURTOS .Curso Infeco relacionada Assistncia Sade - IrAS - verso 1.0 - 2004
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2. A SPECTOS
MICROBIOLGICOS ENVOLVIDOS NOS
S URTOS H OSPITALARES
Para melhor responder a este desafio, necessrio relembrar alguns aspectos MICROBIOLGICOS ENVOLVIDOS :
. O paciente, quando submetido a procedimentos invasivos e ao uso de antimicrobianos de amplo espectro, vai alterando sua microbiota (colonizao da orofaringe, da pele e do trato digestivo) permanecendoVoc sabia que o
S. aureus
colonizado por microorganismos resistentes aos antimicrobianos administrados.
pode permanecer por trs horas nas mos do profissional de sade, sendo eliminado com a higienizao adequada destas?
. O profissional de sade pode se colonizar transitoriamente no manuseio desses pacientes. Estudos de surtos hospitalares j mostraram que profissionais de sade e diversos instrumentos (circuitos de ventiladores, termmetros, estetoscpios, etc) podem ser responsveis pela
manuteno de colonizao/infeco - alm da reconhecida implicao de dispositivos invasivos (cateteres venosos centrais, sondas urinrias, cateteres arteriais, entre outros), no desenvolvimento de surtos, muitas vezes associadas quebra de normas bsicas de manuseio. Aps a colonizao, caractersticas individuais, j citadas anteriormente, determinaro a evoluo para infeco.Vale lembrar que importante reconhecer a transmisso inter-hospitalar de bactrias, por vezes, resistentes a diversos antimicrobianos.
V OC
SABIA QUE EM UMA REVISO DE
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SURTOS COMUNITRIOS E HOSPITALARES , A
INFECO POR BACTRIAS RESISTENTES A VRIOS ANTIMICROBIANOS AUMENTOU POR , NO MNIMO , DUAS VEZES O TEMPO DE HOSPITALIZAO E A MORTALIDADE , QUANDO COMPARADA S INFECES POR BACTRIAS SENSVEIS ?
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3. Conceitos BsicosPara compreender melhor o que um surto, voc precisa entender dois conceitos importantes:
E NDEMIAS e P SEUDO - SURTOOQUE CARACTERIZA UMA
E NDEMIA ?
O
QUE CARACTERIZA UM
P SEUDO - SURTO ?
um falso surto. Embora exista um aumento significante da notiUma endemia ocorre quando a freqncia de uma determinada doena, agente ou evento relacionado sade, presente em um determinado grupo populacional, em um espao geogrfico delimitado e num determinado perodo de tempo, mantm-se dentro de intervalos regulares. ficao do nmero de casos de uma determinada infeco, na verdade, no est ocorrendo um aumento real de casos. Por exemplo: uma instituio apresenta modificao do sistema de vigilncia epidemiolgica, laboratorial ou alterao das caractersticas da populao atendida e conseqentemente, um aumento na identificao de determinada doena, agravo ou outro evento relacionado sade. Este processo caracteriza-se como uma Pseudo-epidemia ou pseudo-surto.
ATENO! Os investigadores de um surto devem estar atentos para variveis que podem influir naTAXA DA INFECO em estudo e levar INTERPRETAO ERRNEA de que se trata de um surto. Os
mais importantes fatores que conduzem a esse erro so: mudanas nas TCNICAS DE LABORATRIO para identificao de agentes envolvidos; mudana na tcnica de COLETA DE DADOS sobre infeco hospitalar e mesmo, a contaminao de FRASCOS DE COLETA de material. Todas elas, causas importantes dePSEUDO - SURTOS .
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GRFICOS
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Voc j entendeu o que uma ENDEMIA , e tambm aprendeu a identificar um PSEUDO - SURTO . A partir da voc pode estar se perguntando:
ENTO.... OQUE DEFINE UM
S URTO
OU
EPIDEMIA ?
Como j apresentado, um SURTO DE INFECO HOSPITALAR definido quando existe um aumentoESTATISTICAMENTE SIGNIFICATIVO de uma determinada infeco, acima dos valores mximos espe-
rados ou do limite superior endmico (p