IZABEL SADALLA GRISPINO

A mãe, no berço, o filho embalava,Pra ele uma canção de ninar cantava,

Meditava sobre o andar peregrino,Que nos traz o inconstante destino.

No seu pensar, já via o filho crescido,Junto a ela, no futuro, aquecido,

Uma linda casa os acolheria,Harmonia e encanto haveria!

Mas, na marcha e demarcha por vir, Transformações se imprimem no porvir,

Porvir que é instância indefinida,Não garante o caminhar da vida.

A rapidez com que o tempo passa,As desilusões que a vida traça,

Arrastam pro futuro dias amargos,Estampam na alma sofridos rasgos.

Agora, com os cabelos grisalhos,Busca no passado seus agasalhos,Tudo daria para voltar no tempo,Onde se refugia no contratempo.

Ciladas do nosso existir obscuro:O jovem põe o sonho no futuro,

O velho volta ao sonho do passado,Passado que lhe surge encantado!

Ah! Se a juventude soubesse,E se a sábia velhice pudesse,

Desfrutar-se-ia bem mais do presente,Do tempo que está em nossa frente.

Autora:Izabel Sadalla GrispinoFormatação:Francisco Graciano Grispino