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Joana Machado
Coimbra, 2006
Ficha Técnica Título: Pobreza Urbana em Portugal
Trabalho realizado por: Joana Andreia Gaspar Machado
Nº 20060841
1º Ano de Sociologia
Imagem
Fotografia da Capa:
Fonte: http://www.olhares.com/pobreza/foto498203.html
Trabalho realizado no âmbito da cadeira de Fontes de Informação
Sociológica, leccionada pelo professor Paulo Peixoto.
Coimbra, 31 de Dezembro de 2006
Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra
Sem abrigo
Olhamos para eles e sentimo-nos incomodados. Incomodados e impotentes.
Podemos aliviar a consciência com uma moeda. Ou com comida.
Ficamos aliviados mas não curados. Há qualquer coisa que continua a roer por dentro.
A culpa não é nossa. Individualmente.
Se calhar nem deles. Individualmente.
É bom que nos sintamos incomodados.
Será ainda melhor que façamos alguma coisa. Alguma coisa significativa. Alguma coisa que os alivie.
E também alguma coisa que evite o aparecimento de outros como eles
(eventualmente nós próprios).
http://semabrigo.no.sapo.pt/
ÍNDICE
1. Introdução ……………………………………………………………………………………….. 1
2. Desenvolvimento …….………………………………………………………………………… 2
2.1. Estado das Artes ……………………………………………………………………. 3
2.1.1 O que é a Pobreza …………………………………………………………. 4
2.1.2 Indicadores de Pobreza …………………………………………………. 5
2.1.3 Grupos de Risco …………………………………………………………….. 8
2.1.4 Exclusão Social ……………………………………………………………… 10
2.1.5 Erradicação da Pobreza …………………………………………………. 12
2.2. Descrição detalhada da Pesquisa .………………………………………….. 15
3. Ficha de leitura …………………………………………………………………………………. 18
4. Avaliação da página da Internet ……………………………………………………….. 22
5. Conclusão …………………………………………………………………………………………. 24
6. Referências Bibliográficas …………………………………………………………………. 25
Anexo A
“Os sem abrigo”. Capítulo do livro Exclusões Sociais de Alfredo Bruto da
Costa.
Anexo B
Página da Internet avaliada: Fundação A. A. Santos.
Pobreza Urbana em Portugal
Fontes de Informação Sociológica 1
1. Introdução
A pobreza urbana é um fenómeno característico não só de Portugal,
mas de toda a humanidade.
Este problema há muito que deixou de ser secundário, para se tornar
num dos problemas mais preocupantes, quer por parte de entidades
Governamentais, quer a nível social. Estamos perante um fenómeno
complexo e pluri-dimensional, que se encontra de forma enraizada nas
nossas sociedades (Silva, 1989; Costa et al. 19851).
A elaboração deste trabalho centra-se num estudo exaustivo e de
longa data, dada à sua abrangência e importância actual.
No âmbito da cadeira de fontes de informação sociológica, optei pela
realização de um trabalho académico, ou seja, por fazer o regime de
avaliação continua, uma vez que sendo uma cadeira segundo a qual o seu
objectivo é formar o instruendo na realização/ utilização de fontes de
informação nada melhor que meter em prática todas as aulas leccionadas
ao longo do semestre e meter de lado o estudo tipo para a preparação de
exame.
Na realização do trabalho, o primeiro obstáculo que me surgiu foi
sem dúvida a escolha de um tema, na medida em que todos se
apresentavam particularmente aliciantes.
Optei pelo tema “Pobreza urbana em Portugal” porque é um tema
actual e estudá-lo do ponto de vista sociológico pareceu-me bastante
interessante. Confesso que inicialmente encontrava-me bastante assustada
no que diz respeito à cadeira e à realização do trabalho em si, mas a partir
do momento em que me dediquei completamente à realização deste, o
“medo” passou a interesse por saber mais e por explorar cada vez melhor o
assunto em si.
Sendo assim optei por cinco sub-temas que não sendo os mais
importantes, no seu todo e interligados entre si, permitem ter uma boa
percepção do que é de facto o problema da Pobreza Urbana em Portugal.
Sendo assim, formulei o meu estado do artes da seguinte forma: “2.1.1 O
1 Inicialmente achei o livro antigo, mas depois de o ter lido e uma vez que o problema da pobreza não é um fenómeno recente optei por o usar como fonte de informação para o meu trabalho.
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Fontes de Informação Sociológica 2
que é a pobreza”; “2.1.2 Indicadores de pobreza”; “2.1.3 Grupos de risco”;
“2.1.4 Exclusão social”, “2.1.5 Erradicação da Pobreza”. Numa fase
posterior do trabalho, elaboro o ponto 3. com a Descrição detalhada de toda
a minha pesquisa, seguidamente do ponto 4. Avaliação da página da
Internet, 5. Ficha de leitura e o respectivo ponto número 6 com conclusão.
Também é de extrema relevância fazer as devidas Referências bibliográficas
que correspondem ao ponto 7 do trabalho.
As fontes de informação segundo as quais este trabalho se baseia
têm origem, essencialmente, em páginas da Internet e em livros.
Pobreza Urbana em Portugal
Fontes de Informação Sociológica 3
2. Desenvolvimento da Pesquisa
2.1 Estado das Artes
A pobreza é um fenómeno característico de todas as sociedades, nas
quais Portugal não é excepção.
Em primeiro lugar é de extrema importância definir o que é de facto o
conceito de pobreza. Este apresenta uma diversidade de definições. O
próprio conceito tem sofrido alterações ao longo das décadas, em função de
um melhor conhecimento do conceito em si e das manifestações por este
apresentado (Baptista et al. 1995: 18 e 27). Deste modo a definição
adoptada desde 1984 na União Europeia diz-nos que:
“Por pobres devem entender-se as pessoas, famílias e grupos de pessoas cujos recursos (materiais, culturais e sociais) são tão limitados que os excluem do nível de vida minimamente aceitável do Estado membro onde residem” (OIT, 2003: 17) (sublinhado por mim).
Depois de esclarecido o que é a pobreza é necessário perceber quais
os motivos causas/ efeitos deste desencadeamento, os grupos mais
afectados e as suas consequências, para que à priori seja possível a sua
erradicação e prevenção.
Deste modo, há muito que a pobreza deixou ser interpretada como
um problema superficial, sendo hoje um imperativo de ordem social, do
qual o futuro dependerá de todas as acções presentes, tendo consciência
que a sua erradicação total só é possível numa sociedade perfeitamente
igualitária, o que do meu ponto de vista está longe de algum dia se tornar
possível.
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2.1.1 O que é a Pobreza Urbana
Para se definir pobreza urbana é necessário descrever os principais
conceitos de pobreza. Estes conceitos apesar da sua diversidade assentam
fundamentalmente em três características fundamentais: Pobreza absoluta,
pobreza relativa e a pobreza subjectiva (Baptista et al. 1995: 16; Costa et
al. 1985: 21).
No que diz respeito à pobreza absoluta e à pobreza relativa ambas se
caracterizam por serem objectivas, na medida que resultam de uma
avaliação das condições de vida concretas das pessoas e das famílias,
independentemente do modo como estas se caracterizam.
Já no que diz respeito à pobreza relativa esta apresenta-se
contrariamente à anterior, na medida em que são as próprias pessoas e as
famílias que se auto caracterizam relativamente à sua condição
comparativamente com os outros e com a sociedade em geral.
O conceito de pobreza absoluta está intimamente ligado às
necessidades elementares como as de subsistência física, (não se
restringindo unicamente a estas), independentemente do desenvolvimento
da sociedade em que se está inserido e da distribuição do rendimento da
riqueza. Por sua vez o conceito de pobreza relativa resulta de uma
comparação tendo em conta a sociedade em geral. Ou seja, pobres são “os
que se vissem «excluídos dos padrões de vida, costumes a actividades
correntes»” (Costa et al. 1985: 21).
De acordo com o que já mencionei anteriormente é notório que a
pobreza urbana não se limita a uma simples população urbana pobre que
vive em habitat degradado. Este conceito traz repercussões bastantes mais
graves e bastantes mais abrangentes.
“No meio Urbano, a pobreza é mais perceptível, pois os contrastes entre luxo/ riqueza e fome/ miséria são extremamente flagrantes. A cidade é palco de um novo tipo de pobreza que propicia a perda de laços sociais, a dependência inerente à especialização do trabalho e a desorganização social”. (Garcia et al. 2000: 17) (sublinhado por mim).
A definição deste conceito vai ser concebido ao longo do meu trabalho, uma
vez que este dispõe de uma diversidade de factores que se complementam
entre si.
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2.1.2 Indicadores de pobreza
Os vectores de pobreza são importantes na medida em que nos
permite saber de facto de onde provem a pobreza em si, as principais
causas, e as fundamentais diferenças. De acordo com o livro “Pobreza
urbana em Portugal, os principais indicadores são: o rendimento e
despesas; Saúde e alimentação, Habitação e conforto2. No que diz
respeito ao primeiro vector, e de acordo com os autores Silva et al. 1989)
“Precaridade de rendimentos traduz-se em dificuldades no acesso aos bens e serviços que determinam níveis aceitáveis de satisfação das necessidades fundamentais da população… baixos níveis de rendimento condicionam fortemente a acessibilidade aos activos materiais e não materiais…”.
De facto podemos concluir que o vector rendimento é um dos mais
importantes, se não mesmo o mais importante na caracterização deste
indicador, uma vez que é este, que faz movimentar grande parte da
população do seu habitat natural (rural) para um meio citadino (Silva et al.
1989). Mas estas pessoas quando confrontadas com a dificuldade que as
cidades lhes colocam, (integração social e económica), vêem-se obrigadas
em adaptar modos de vida que não sendo os melhores são os mais
alcançáveis.
“ A pobreza é por outro lado, um fenómeno estrutural e as suas características (intensidade, incidência e tipologia) no momento presente são determinadas pelo(s) crescimentos seguido(s) nas ultimas décadas pela economia portuguesa, originando a marginalização de certos grupos sociais e criando situações de vulnerabilidade nestes grupos”( idem, 1989).
Um outro indicador também extremamente importante é o que diz
respeito à saúde e à alimentação destes indivíduos. A saúde resulta em
grande parte do factor já mencionado anteriormente devido à precariedade
monetária deste tipo de grupos, uma vez que em Portugal grande parte dos
cuidados intensivos continuam dependentes dos recursos económicos
disponíveis das famílias (Almeida et al. 1992: 45). 2 Para a indicação dos diferentes vectores de pobreza, recorri ao livro “Pobreza Urbana em Portugal”(Costa et al. 1985), deste modo e seguindo a tipologia do livro, estes indicadores embora relativos à cidades de Portugal continental, apresenta-se restringido a espaços urbanos degredados de Lisboa, Porto e Setúbal.
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Embora a saúde seja sinónimo de ser saudável, na realidade, nem
sempre é assim. Este vector enquanto bem adquirido está relacionado com
a herança genética. (Silva et al. 1989: 115).
A saúde não se distribui de forma homogénea, e ao contrário do que se
pensa não é nos bairros de lata que se encontram a maior parte de
população debilitada, esta encontra-se nos bairros de realojamento
(Almeida et al. 1992)3.
Segundo o meu ponto de vista e de acordo com o que li sobre o
indicador saúde acho que é relevante mencionar que grande parte das
mulheres que residem neste tipo de habitações e no que respeita a
mulheres grávidas estas revelam ter cuidados mínimos de controlo durante
a gravidez e grande parte delas nunca ter ido mesmo ao médico; o mesmo
acontece com as crianças que sendo um grupo extremamente vulnerável
são os que de certa forma se encontram mais expostos a propensão de
doenças, resultado de uma má alimentação… “influência determinante na
saúde” (Silva et al. 1989).
A alimentação em primeiro lugar é uma necessidade básica
segundo a qual sem ela nenhum individuo consegue viver4.
“A alimentação de uma determinada dieta alimentar, está, por seu lado, dependente de diversos factores, não só sensoriais, mas sobretudo sociais e económicos” (idem, 1989)
Não é preciso debruçarmo-nos muito sobre o indicador para perceber que a
alimentação deste tipo de população não é igual à dos indivíduos com
remunerações mais elevadas, “com efeito, a maioria das famílias viu-se
excluída do acesso a determinados produtos alimentares” (Silva, 1989;
Costa, 1989).
Por último a habitação e o conforto, tendo em conta os autores
Silva et al. 1989)
“ A situação habitacional dos sectores mais desfavorecidos da população urbana nunca fui boa… «deploráveis condições de salubridade» em que viviam os seus habitantes”.
3 Esta informação aparentemente contraditória resulta do facto destes indivíduos ter sido transferida de bairros degradados, os chamados bairros de lata, para bairros de realojamento por motivos essencialmente de saúde, pois pessoas com problemas graves de saúde/ deficientes são uma prioridade no que diz respeito há habitabilidade. 4 Referira-se, por curiosidade, que nas áreas urbanas a alimentação é mais elevada no consumo de leite e queijo, peixe, manteigas, óleos alimentares, produtos hortícolas e frutas (Silva, 1989).
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São os elevados custos habitacionais que fazem com que grande
parte da população se resigne a uma habitação deplorável. “Os bairros de
lata constituem um dos aspectos mais chocantes da segregação social e
espacial a que certas camadas pobres da população urbana foram
«condenadas»” (idem, 1989). Sendo os bairros de lata os mais patentes,
não são os únicos. Também existem bairros de realojamento precário/
definitivo, barracas e casas velhas. Independentemente da habitação todos
apresentam condições precárias e deploráveis (ausência de água, luz,
saneamento etc.), deste modo as condições de segurança dos habitantes
são bastantes difíceis (Almeida et al. 1992 e Silva et al. 1989).
È importante mencionar que a população residente neste tipo de
habitação apresenta-se bastante numerosa (Silva et al. 1989; Almeida et al.
1992). Outros aspectos bastante peculiares são os que se estabelecessem
entre vizinhos e amigos (relação de inter ajuda). O facto de pertencerem a
um “habitat à parte” não os impede de compadecer com a cidade em si,
mas embora a sua convivência seja possível, esta apresenta-se bastante
limitada aos contactos impostos pelo quotidiano (Silva et al. 1989).
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2.1.3 Grupos de risco
Não precisamos de fazer uma leitura exaustiva sobre este sub tema
para percepcionar quais são de facto os actores institucionais mais
vulneráveis a este tipo de fenómeno [pobreza Urbana em Portugal].
Tendo em conta os indicadores mencionados atrás, e uma vez que
estes se apresentam inter ligados entre si, poderei aludir que são grupos de
risco: as crianças, os idosos pensionistas, as famílias monoparentais, os
sem abrigo/ mendigos, os toxicodependentes, desempregados, alcoólicos e
por fim as famílias de etnias ciganas bem como imigrantes de países de
leste e do continente africano (Almeida et al. 1992; Baptista et al. 1995;
Costa, 1998: 57 e Ministério da solidariedade e da segurança social,
1997:81).
“ A evolução dos grupos mais atingidos pelo fenómeno da pobreza, tais como os actores institucionais, permite-nos afirmar que o agravamento da situação, nos últimos anos, se traduz, não apenas nas mudanças quantitativas que se havia anteriormente salientado, mas também numa clara mudança qualitativa, em termos da emergência de novos grupos sociais, também eles agora atingidos pelo alastrar da pobreza” (Baptista et al. 1995: 50).
De acordo com Baptista et al. (1995) podemos concluir que nem
sempre se mantiveram estes grupos de risco, e que no fluir dos anos estes
se foram alastrando e reafirmando de forma incessante na sociedade:
“«novos pobres», i. e., indivíduos e famílias em situações de empobrecimento recente, devido a factores inerentes à crise económica e às políticas adoptadas para a enfrentar( situações de desemprego, de precariedade dos esquemas de segurança social, de erosão do poder de compra dos rendimentos fixos, por efeito da inflação)” (Silva et al. 1989). No que respeita aos idosos e às crianças estes são grupos em relação
aos quais a sua autonomia se encontra estritamente limitada, na medida
em que são grupos que não possuem responsabilidade própria (Baptista et
al. 1995). Os idosos são pessoas condenadas a uma reforma miserável, o
que os acaba por condicionar numa ausência de integração social e familiar.
Resultados deste são os reflexos hoje observáveis nos quais os mergulha
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em situações de pobreza extrema e de total solidão (Baptista et al. 1995;
Almeida et al. 1992; Castanheira, 2006).
Outros grupos de risco com exposição imediata à pobreza são as
famílias monoparentais, onde o agregado familiar se centraliza na maior
parte dos casos em mulheres “Ela [A pobreza] tem um rosto feminino,
especialmente quando esta condição se associa à situação familiar
monoparental” (Ministério do trabalho e da solidariedade, 1995: 10), que
por sua vez são jovens, oriundas também de famílias nitidamente
empobrecidas e em grandes parte dos casos dependentes de álcool e
drogas, e é neste contexto que também posso mencionar grupos de risco os
alcoólicos, os toxicodependentes, sem abrigo/ mendigos.
Outro grupo também muito importante e com especial ênfase nos
nossos dias são os desempregados, que se vêem privados de participarem
na esfera social e económica. Por consequência leva os indivíduos a
aceitarem condições de empregos descabidas, situações muito precárias,
com salários muito baixos, pois destes desempregadas só uma pequena
minoria possui o subsídio de desemprego que na maior parte das vezes
corresponde a um pequeno montante insuficiente para cobrir as despesas
(Almeida et al. 1992)5. Em jeito de conclusão é importante perceber que “a
saída eventual do desemprego nem sempre corresponde a fugir à pobreza
ou à vulnerabilidade à pobreza” (Almeida et al. 1992).
5 Quando menciono que os subsídios se apresentam insuficientes para cobrir as despesas, é importante perceber que na maior parte das vezes tratam-se de despesas em necessidades primárias as quais são obrigados a abdicar.
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2.1.4 Exclusão Social
“Para eliminar a pobreza em Portugal, pelo menos 11% do total das despesas em consumo deveria ser transferida das famílias «não pobres»
para as famílias pobres” (Costa et al. 1985:57)6
“O combate à exclusão social e à pobreza serão dois temas relevantes da
presidência portuguesa da União Europeia (UE) …” (Vieira da Silva7)
(Saraiva, 2006)
Primeiramente estar excluído significa estar fora, ser rejeitado, ser visto
com um outro olhar.
Segundo Marc – Hery Soulet a palavra exclusão “Propõe uma
definição puramente negativa daqueles aos quais é aplicada” (2000: 11).
Para o mesmo autor “falar de excluídos constitui desde logo um certo
abuso, o único fio condutor é o facto de se viver uma existência marcada
pela falta” (2000:12). Robert Castel define:
“ «Exclusão social» como a fase extrema de «marginalização», entendido este como um percurso «descendente», ao longo do qual se verificam sucessivas rupturas na relação do indivíduo com a sociedade… A fase extrema - a da «exclusão» - é caracterizada não só pela ruptura com o mercado de trabalho, mas por rupturas familiares, afectivas e de amizade” (Robert Castel apud Costa, 1998: 9).
Do ponto de vista da classificação, podem-se considerar diversos tipos de
exclusão:
• De tipo económico: Caracteriza-se pela carência e pela
privação de recursos, resultante da escassez económica que
atinge esta população tipo. Esta exclusão manifesta-se, pelas
más condições de vida, baixos níveis de instrução e
qualificação profissional, emprego precário, actividade da
economia no domínio da economia informal etc. (Costa, 1998)
• De tipo social: Este tipo de exclusão situa-se no domínio dos
laços sociais. Este apresenta-se intimamente ligado à privação
6 Apesar do livro poder ser considerado antigo, ele torna-se importante na medida que nos é útil para comparar e verificar o quanto o fenómeno da pobreza se tem agravado. 7 Ministro do trabalho e da solidariedade social
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da relação entre indivíduos. Esta privação resulta na maior
parte das vezes em isolamento, consequência da falta de auto
– suficiência e autonomia pessoal
• De tipo cultural: são fenómenos como o racismo a xenofobia
que originam exclusões deste tipo e que propagam a exclusão
de certas minorias étnico culturais.
• De origem patológica: Este tipo de exclusão manifesta-se a
nível psicológico ou mental. Grande parte dos excluídos
apresenta características bastantes peculiares. A agressão, e
de acordo com o que Bruto da Costa menciona, é uma das
causas segundo as quais empurra sujeitos para a rua, na
medida que se torna impossível a convivência dos familiares
com os referentes. Mas cada caso é um caso (1998).
• Por comportamentos auto – destrutivos: Podemos
considerar por comportamentos auto – destrutivos todos os
comportamentos relacionados com toxicodependência,
alcoolismo, prostituição, entre outros. Este tipo de exclusão
pode ser resultado de uma outra exclusão ocorrida
posteriormente. (Sublinhado do autor) (Costa 1998: 21).
“Como facilmente se depreende, estes tipos de exclusão social muitas vezes
aparecem sobrepostos na prática (…) consequência de uma forma de
exclusão”. (Costa 1998: 23).
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2.1.5 Erradicação da Pobreza
"O mundo fez progressos em relação aos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, mas são insuficientes", …mensagem a propósito do Dia Internacional da Erradicação da Pobreza, este ano subordinado ao tema "Trabalhar em conjunto para vencer a pobreza". (s. a., 2006)
Uma vez explicado de facto o que é a pobreza, os indicadores que a
desencadeiam em conjuntura com os grupos mais vulneráveis à sua
admissão num reflexo de exclusão social, torna-se pertinente enumerar
quais as medidas de intervenção a ter em conta para que a sua erradicação
seja possível ou, melhor, seja atenuada. Deste modo apresentarei de forma
sucinta e clara políticas de combate à pobreza. Tendo como base
fundamental o livro “Pobreza em Portugal” de Alfredo Bruto da Costa et al.
(1985), apresentarei de certo modo a mesma tipologia na medida que esta
se revela simples e bastante acessível.
Deste modo uma política de erradicação da pobreza deverá estar em
concordância com as seguintes políticas específicas:
1. “Política de emprego” _ Como já mencionei anteriormente o
emprego é um dos elementos diferenciadores da pobreza com
extrema importância, e como tal lutar contra o desemprego é
extremamente relevante. Nesta “luta” é necessário a criação de um
modelo de desenvolvimento que permita a criação de novas
oportunidades de emprego com condições dignas e com uma
remuneração dentro do valor mínimo do salário nacional.
2. “Política educativa” _ A criação de uma nova política educativa
deve basear-se em duas concepções: A primeira baseada numa
aposta no ensino e formação dos indivíduos para um adequado
desenvolvimento a nível pessoal e humano de modo a permitir um
acesso na vida activa, de maneira a assegurar condições de acesso
afectivo aos variados níveis de ensino; O segundo diz respeito
exclusivamente aos pobres, uma vez que não basta (e já sabemos
que não resulta); o facto da educação ser gratuita para que deste
modo se torne mais acessível a estas pessoas. “A política educativa
Pobreza Urbana em Portugal
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não pode, porem, confinar-se às crianças e adolescentes” (Costa et
at., 1985: 196), esta política deve também ser alastrada aos adultos,
na medida que neste ponto de vista permita a diminuição e a
formação profissional de adultos.
3. “Política de salários, produtividade e preços”_ Em Portugal a
pobreza é também resultado dos salários estritamente baixos, para
determinadas categorias e sectores de actividade, no que resulta
numa precariedade extrema mesmo para aqueles em que o emprego
se apresenta regular. De acordo com esta política “há que associar
políticas de salários com políticas de preço; políticas de preço com
politicas de produtividade; políticas de produtividade com políticas de
Salários” (Costa et al. 1985: 197).
4. “Política de dotação de Capital”_ No meio urbano ter acesso a
meios de produção por parte da população mais pobre é uma tarefa
difícil. Sendo assim confrontando uma política que aposte nesta área
iria permitir por parte destes o acesso a novos empregos e
aumentaria a sua produtividade de trabalho. De acordo com as
dificuldades de mulheres e jovens na inserção no mercado de
trabalho o ideal era a criação de programas específicos que
facilitassem a sua integração. Neste contexto e como já referi em
pontos anteriores nas famílias apenas um cônjuge consegue ter
acesso à entrada do mundo do trabalho, com a introdução deste tipo
de política, o ideal era permitir dar às família a entrada de ambos.
5. “ Política de segurança social”_ As políticas de segurança social
são os meios possíveis e necessários segundo as quisl o seu trabalho
se baseia no decréscimo da pobreza, nas suas manifestações e
consequências. Deste modo, e com a aplicação desta política o ideal é
realçar a função que lhe é atribuída na prevenção da pobreza.
6. Política de urbanismo e equipamento colectivo_ “ A falta de
uma urbanização adequada, aliás, a um modelo de crescimento
económico assenta na concentração espacial da indústria e na sub
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estimação da satisfação de necessidades colectivas…” (Costa). Este
tipo de política não atinge unicamente as famílias pobres, mas
também as famílias com rendimentos médios. Para erradicar os
problemas mais graves implantados nas cidades, o ideal é investir
num programa de emergência, de carácter integrado que conta
também com a envolvência das próprias pessoas integradas.
7. Política de participação social_ Nada melhor e mais apropriado
que terminar a apresentação destas políticas apresentando o papel
do próprio pobre na erradicação deste problema. Como já mencionei
anteriormente os pobres apresentam uma relação de afinidade que
se reduz a vizinhos e amigos. O objectivo da introdução de uma
política deste género é inculcar o pobre na esfera social.
Embora todas estas políticas apresentem métodos solucionáveis para a
erradicação da pobreza não podemos esquecer que estas políticas sociais,
“São políticas que infelizmente, não actuam num prazo curto. Elas exigem, frequentemente, processos de maturação e assimilação complexos e
prolongados” (Ministério da solidariedade e da segurança social 1998: 7). Sendo assim:
“Do ponto de vista estratégico, uma substancial componente de uma acção bem sucedida para a erradicação da pobreza passa por organizar o sistema de protecção e segurança social numa óptica de prioridade à integração dos mais desfavorecidos, quer formatando as prestações sociais nesta perspectiva, quer desenvolvendo uma Acção Social cada vez mais adaptada às mutações da realidade social” (Ministério da solidariedade e da segurança social, 1998: 11).
Em jeito de conclusão acho que é pertinente terminar o trabalho com
um slogan de uma página da Internet: “ A erradicação da pobreza diz
respeito a todos nós” (Pires, 2006) (sublinhado por mim).
“… Parece não haver nada que possamos fazer a não ser confiar nos nossos líderes e na sua capacidade de discernimento no que toca às melhores opções. No entanto, todo e qualquer indivíduo desempenha um papel vital no complexo ecossistema que constitui a Terra, e cada acção tem a sua consequência… “.
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2.2. Descrição pormenorizada do processo de
Pesquisa
Uma vez ultrapassado o obstáculo da escolha do tema dediquei-me
inteiramente à realização do trabalho. Antes de mais é importante
mencionar que a escolha deste, passou por vários critérios sendo um deles
o facto deste fenómeno ser um dos problemas mais notórios da actualidade.
A primeira fonte de pesquisa utilizada para a realização do trabalho
foram livros, e pesquisas na Internet.
As palavras-chave utilizadas no trabalho foram: “Pobreza”, “Pobreza
Urbana”, pobreza Portugal” e “exclusão social”. Em primeiro lugar devo
mencionar que a minha pesquisa inicialmente foi na biblioteca geral da
universidade de Coimbra, na expectativa de poder encontrar de forma
rápida tudo o que queria, sem ter que andar de biblioteca em biblioteca,
mas depois de várias pesquisas cheguei à conclusão que de facto a
biblioteca da faculdade de economia é bastante boa, e que não havia
necessidade de me deslocar até à biblioteca geral. Deste modo abandonei a
biblioteca geral da universidade de Coimbra e centralizei o meu estudo
única e simplesmente a partir do catálogo da biblioteca da faculdade de
economia, com pesquisa simples (“opção todas as palavras”). A minha
primeira palavra – chave foi <pobreza urbana em Portugal> onde obtenho
um registo: Pobreza Urbana em Portugal: Um inquérito a famílias em
habitat degradado, nas cidades de Lisboa, Porto e Setúbal de Manuela Silva
et al. (1989). Considerando que a pesquisa deste modo se tornava muito
restrita continuei com a “opção todas as palavras” mas desta vez com
<pobreza urbana> e obtive 3 livros, onde dois deles se encontravam em
língua estrangeira e desde logo excluídos, e um terceiro que já tinha obtido
com a palavra – chave atrás procurada. Deste modo, e uma vez que ao
palavras-chaves escolhidas até ao momento me remetiam para obras muito
restritas, optei por uma palavra – chave que fosse mais abrangente, sendo
assim, continuando com a “opção todas as palavras”, utilizei <Pobreza>,
onde obtive 139 registos. Sendo o ruído densamente grande optei por uma
palavra – chave que permitisse nem muito ruído, nem que fosse muito
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limitada. Sendo assim optei pela palavra <pobreza Portugal> e obtive 25
livros, destes escolhi 6 que me pareceram mais importantes, uma vez que
quando dirigida à biblioteca alguns deles já se encontravam requisitados,
limitando deste modo as fontes utilizadas. Sendo assim os livros segundo o
qual elaborei o meu trabalho foram: A Luta contra a Pobreza e a Exclusão
Social em Portugal: Experiências do Programa Nacional de Luta contra a
pobreza, (2003); Pobreza Exclusão: Horizontes de Intervenção: Debate
promovido pelo Presidente da República durante a deslocação a projectos
de luta contra a pobreza, autores variados, (2000); Dizer não à pobreza,
um combate para ganhar: erradicação da Pobreza 1997 – 2006, do
departamento de estudos do Ministério do trabalho e da Solidariedade
(1998); A Pobreza no Porto: Representações Sociais e praticas institucionais
de Isabel Baptista et al. (1995); Exclusão Social: factores e tipos de
Pobreza de João Ferreira de Almeida et al. (1992); A Pobreza em Portugal
de Alfredo Bruto da Costa et al. (1985); Exclusões Sociais de Alfredo Bruto
da Costa (1998). Uma vez encontrado um número relativamente bom de
livros para a realização do trabalho, por curiosidade, pesquisei no catálogo
da faculdade de economia mas desta vez em pesquisa avançada e por
assunto pesquisei só a palavra <pobreza>, o que me deu 125 registos, uma
vez que o resultado de registos foi tão grande, por motivos de curiosidade,
pesquisei a palavra – chave igualmente em assunto <pobreza urbana em
Portugal>, onde não foram encontradas entradas. Sendo assim e para não
concluir a minha pesquisa sem comparar as palavras – chave todas, voltei a
pesquisar mas desta vez <pobreza urbana> e os resultados obtidos foram
dois livros em inglês. No que diz respeito à palavra – chave <exclusão
social> quer na pesquisa simples, quer na avançada foram encontrados
livros com um ruído muito grande onde na primeira pesquisa me deu 78
registos e na segunda 75 registos, segundo o qual os temas se
apresentavam muito redundantes para a realização do meu trabalho.
Também é de extrema importância referir que quando me dirigi às
estantes dos livros à procura das cotas que consegui com a pesquisa a
partir do catálogo, encontrei ocasionalmente dois livros importantes sendo
eles: Da não – integração de Marc – Henry Soulet (org.), (2000), e um
outro livro Estranhos de José Luís Garcia et al. (2000).
Pobreza Urbana em Portugal
Fontes de Informação Sociológica 17
No que diz respeito à pesquisa da Internet, os meus motores de
busca foram o Google e o Altavista para que deste modo fosse possível
comparar resultados. No que diz respeito ao primeiro pesquisei de forma
simples com a palavra <pobreza> onde os resultados obtidos foram
22.000.000. Considerando os registos estrondosamente grandes optei por
restringir <pobreza+urbana> tendo obtido 1.770.000 registos. Continuando
a considerar valores muito elevados tentei restringir ainda mais com
<pobreza+urbana+Portugal> e obtive 571.000. Do mesmo modo e
seguindo a mesma tipologia, pesquisei no Altavista e obtive os seguintes
resultados: 730.644, 66.018, 18.485. De acordo com as palavras – chave
inicialmente seleccionadas para a pesquisa de livros, utilizei com o mesmo
intuito para pesquisar na Internet. Deste modo no Google pesquisei
<exclusão social> e os registos foram 1.610.000. Já no que diz respeito ao
Altavista foram encontrados 63.852. Uma vez mudado as palavra – chave
os registos continuavam extremamente grandes optei por restringir ao
máximo da seguinte forma <exclusão+social+pobreza+urbana+Portugal>
onde no Google recebi 106.000 e no Altavista 1.101.
Perante numerosa recolha seleccionei os seguintes sites:
http://www.youngreporters.org/article.php3?id_article=1729
http://www.noticiaslusofonas.com/view.php?load=arcview&article=15937&c
atogory=Manchete
http://sol.sapo.pt/Solidariedade/Noticias/Interior.aspx?content_id=5008
http://jn.sapo.pt/2006/10/01/sociedade_e_vida/solidao_pobreza_e_analfab
etismo.html
Pobreza Urbana em Portugal
Fontes de Informação Sociológica 18
3. Ficha de Leitura
Titulo da publicação: Exclusões Sociais
Autor da obra: Alfredo Bruto da Costa
Local onde se encontra: Biblioteca da Faculdade de Economia da
Universidade de Coimbra
Data de publicação: Maio de 1998
Edição: 1ª
Local de edição: Lisboa
Editora: Gradiva
Título do capitulo: Os sem abrigo
Cota: 304 - Cos
Número de páginas do capitulo: 8
Assunto: Os sem abrigo, problemas e instrumentos indispensáveis à
compreensão do problema em si.
Palavras-chave: sem abrigo, grupo social, exclusão social, integração
social.
Data de leitura: 16 e 17 de Dezembro de 2006
Observações: «Cadernos Democráticos» são uma colecção que se
pretende de divulgação, portanto, acessível a um vasto público, mas de
rigorosa informação, apresentada num estilo didáctico e atraente para o
leitor. Sai sob a chancela da Fundação Mário Soares. A autoridade científica
e cívica dos autores que a subscrevem é uma garantia suplementar de
qualidade. Os «Cadernos Democráticos» versam temas de grande
actualidade, mesmo quando têm a ver com a memória ou a identidade
portuguesas, e pretendem responder ao interesse de um público alargado,
que privilegia os jovens.
Nota sobre o autor Alfredo Bruto da Costa autor deste livro e de outros relacionados com este
tema. Este autor nascido em 1938, em Goa. Após o ensino primário (em
português), e o curso secundário (em inglês), tirou os preparativos de
Pobreza Urbana em Portugal
Fontes de Informação Sociológica 19
engenharia na Universidade de Bombaim. Em 1957, ingressou no Instituto
Superior Técnico, de Lisboa, onde tirou o curso de engenharia civil.
Tratou como engenheiro durante um ano.
Em 1967, ingressou no órgão central de planeamento económico, onde fez
a sua carreira profissional.
Entre 1974 e 1980 foi Provedor de Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
Em 1979, foi Ministro dos assuntos Sociais do V Governo Constitucional,
chefiado por Maria de Lurdes Pintasilgo.
Em 1993, doutorou-se pele Universidade de Bath (Reino Unido), com tese
intitulada: O Paradoxo da Pobreza_ Portugal 1980 – 1989.
Entre 1990 e 1994 foi consultor da Comissão Europeia, para o programa
«Pobreza 3».
Actualmente, mantém actividade docente e de investigação, mormente em
domínios ligados à pobreza e exclusão social. É membro da Comissão de
Peritos Independentes da Carta Social Europeia, do Conselho da Europa.
Resumo Esta capìtulo apresenta uma abordagem segundo a qual o autor tenta
alertar para a questão dos sem abrigo em Portugal, tendo em conta os
grupos sociais mais afectados, a estrutura etária, sexo, o nível de
qualificação, motivos e as suas consequências que à priori advêm desta
exclusão social, pois nestes casos a degradação psicológica, como
consequência, é um reflexo bem patente. Este capítulo tenta também
arranjar soluções possíveis para a resolução do problema em si.
Estrutura O autor inicialmente expõe uma abordagem geral dos sem abrigo,
mas apresenta valores absolutos no que respeita à cidade de Lisboa. A
partir deste ponto inicial apresenta todo um esqueleto relativamente à
composição deste tipo de indivíduos. Primeiramente expôs-nos que a
maioria destes indivíduos são homens com idades médias de 45 anos, onde
a maior parte destes não apresenta qualquer nível de qualificação e nunca
obtiveram qualquer formação profissional. Tratam-se de minorias étnicas,
onde o maior número se concentra em indivíduos das ex- colónias
Pobreza Urbana em Portugal
Fontes de Informação Sociológica 20
portuguesas. Tudo isto em comparação às mulheres que em minoria
apresentam-se mais desfavorecidas em todos os pontos já mencionados
atrás. Estas mulheres contrariamente aos homens já tinham estado em
união de facto e actualmente apresentam-se viúvas. Grande parte destas
pessoas não possui bilhete de identidade sendo a percentagem superior em
homens que em mulheres, e o mesmo sucede no que respeita ao estado de
saúde, onde grande parte destes consideram-se não estar bem de saúde.
Assim como a percentagem conjunta de inquiridos que diz respeito a
indivíduos que sofre de doenças mentais, assim como de alcoolismo ou
toxicodependência. Destas pessoas, a maiorias dorme na rua e os restantes
pernoitam em escadas, edifícios, automóveis/camionetas e em estações. Só
uma pequena minoria tem acesso a abrigos criados para os sem abrigo. É
de salientar também que grande parte destas pessoas anteriormente viviam
numa casa (desconhecem-se as condições e os tipos de casa em si), e
quando confrontadas com a questão dos motivos que as levou para a rua
estas são diversificadas, destacando-se o desemprego e os problemas
familiares e relacionais.
Numa fase posterior do texto o autor destaca que a pobreza é um
factor determinante que conduz a situações de sem abrigo, ou seja, que a
pobreza é a forma extrema de exclusão social. E quando eventualmente se
fala em pobreza a primeira imagem que ocorre é de sem obrigo, uma vez
que se trata da forma de exclusão mais visível, e em muitos aspectos
paradigmática.
Na fase seguinte o autor traduz que são nestas situações que melhor
se reflecte as medidas de emergência que visam recorrer a carências mais
urgentes, e que por ventura são nestes casos que existe maior facilidade de
identificação no que diz respeito à degradação psicológica que a pobreza e a
exclusão social traduzem. Deste modo o autor tenta fazer transparecer
soluções possíveis para a solução do problema e primeiramente indica que
um dos instrumentos indispensáveis à percepção do problema é a da
compreensão das histórias de vida de cada um, bem como não considerar
que a resolução deste problema se centraliza em arranjar casa para estas
pessoas, pois o problema é bem mais complexo, na medida que a maioria
destas tem casa, mas não habitam nelas por corte das relações familiares.
Sendo assim, uma causa das estratégias consiste na «integração social».
Pobreza Urbana em Portugal
Fontes de Informação Sociológica 21
O ponto fulcral do texto assenta na compreensão de tentar saber
porque é que de uma percentagem considerada elevada só uma minoria cai
na rua. Segundo Bruto da Costa a resposta a estas questões assenta
primordialmente na situação habitacional_ stress habitacional.
O último ponto mencionado pelo autor diz respeito a quadros em que
a situação dos sem abrigo tem outros tipos de explicações, sendo eles: o
desemprego, doenças mentais, alcoolismo, toxicodependência.
Na minha opinião este texto de Alfredo Bruto da Costa è bastante
bom, na medida que o tema dos sem abrigo é exposto de forma clara e
sucinta, utilizando uma linguagem acessível a todos aqueles que o
pretendam ler, não apresentando qualquer tipo de obstáculo à sua leitura.
Pobreza Urbana em Portugal
Fontes de Informação Sociológica 22
4. Avaliação da página da Internet
http://www.fundacs.org/index.htm
Optei por esta página da Internet uma vez que está
intimamente ligada ao tema do meu trabalho e como tal achei
apropriado efectuar a sua avaliação. De acordo com os critérios dados
nas aulas apresentarei de forma sucinta e clara a sua qualidade e até
que ponto se apresenta fiável a quem a consulta.
Primeiramente esta página apresenta-se bastante acessível,
uma vez que não se dirige a um público especializado, pois o seu
objectivo é sensibilizar as pessoas para contribuírem com donativos
com o intuito de combater a pobreza, o subdesenvolvimento e a
fome. Outro critério também muito importante é o que diz respeito à
amplitude da página e no casa desta página apresenta-se bastante
apelativa na medida que dispõe de uma diversidade de ícones de fácil
acesso, não mergulhando as pessoas que a frequentam numa
informação exaustiva e pesada para quem a lê. Deste modo embora
a página não trate o assunto da pobreza de forma exaustiva, que
esse também não é a sua intenção, trata o tema de forma bastante
apelativa e atraente salientando o importante com letras maiores e às
cores o verdadeiro objectivo da página _ “"A nossa MISSÃO é
combater a pobreza, o subdesenvolvimento e a fome. Contribuir para
a promoção da cultura, educação, desporto e solidariedade entre os
povos".
No que diz respeito ao período de tempo da página, embora
esta tenha sido criada em 2004, é bastante actual uma vez que
dentro de cada ícone podemos ver por exemplo programas com
eventos que se encontram na data actual, sendo possível constatar
de igual modo, eventos que já foram realizados. Deste modo
podemos concluir que a página é actual, e embora não apresente um
Pobreza Urbana em Portugal
Fontes de Informação Sociológica 23
autor identificado, diz-nos que resulta da fundação A. C. Santos bem
como contactos possíveis para a sede da fundação.
Concluindo, considero esta página bastante bem elaborada,
acessível e apelativa, conseguindo deste modo realizar o seu
objectivo de ser sensibilizadora e apelativa.
Pobreza Urbana em Portugal
Fontes de Informação Sociológica 24
5. Conclusão
Ao longo do meu trabalho procurei dar a conhecer de forma
sucinta e clara o que é o fenómeno da pobreza, os seus indicadores,
bem como os grupos mais vulneráveis com a respectiva exclusão e
algumas formas possíveis da sua erradicação.
Admito que o trabalho ficou muito à quem do resultado final na
medida que se trata de um fenómeno bastante abrangente e
complexo. Deste modo tentei elaborá-lo e forma simples e sintetizada
para se tornar de fácil acesso e compreensão para todas as pessoas.
Com a realização deste trabalho fiquei com a noção que o
problema é bastante mais grave e que de certo modo se encontra
relativizado. Mas mesmo assim muito se tem feito nesta área, mas
ainda muito está por fazer. É necessário intervir e não ficar à espera
que seja outras pessoas a fazê-lo ou então tentar arranjar culpados
para o fenómeno em causa.
De acordo com os objectivos da cadeira penso ter tido sucesso
uma vez que aprendi imenso com a realização deste trabalho, pois ao
contrário do que imaginava deu-me imenso prazer fazê-lo, uma vez
que me fui instruindo nesta área, não só no tema em si mas nas
diversas pesquisas realizadas, o que vai ser extremamente
importante para o decorrer do curso.
Pobreza Urbana em Portugal
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6. Referências Bibliográficas
i) Fontes de imprensa:
Almeida, João Ferreira et al. (1992), Exclusão Social. Oeiras:
Celta Editora.
Baptista, Isabel et al. (1995), A Pobreza no Porto:
Representações Sociais e Práticas Institucionais. Porto: Rede
Europeia Anti – Pobreza
Costa, Alfredo Bruto (1998), Exclusões Sociais, Lisboa: Gradiva.
Cadernos democráticos 2.
Costa Alfredo Bruto et al. (1985), A pobreza em Portugal,
Lisboa: Caritas.
Garcia, José Luís (2000), Estranhos, Oeiras: Celta.
Ministério da Solidariedade e Segurança Social (1997), Pobreza
Não – Erradicação da Pobreza 1997 – 2006. Lisboa:
Departamento de Estatísticas, Estudos e Planeamento do
Ministério e Solidariedade e segurança Social.
OIT – Organização Internacional do Trabalho (2003), A luta
contra a pobreza e a exclusão social em Portugal. Genebra:
Bureau Internacional do Trabalho.
Silva, Manuela e Costa, Bruto da Costa (1989), Pobreza Urbana
em Portugal, Lisboa: Colecção Caritas.
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Fontes de Informação Sociológica 26
Soulet, Marc – Henry (2000), Da não – Integração, Coimbra:
Quarteto.
ii) Internet
Castanheira, Bruno (2006), “Solidão, pobreza e analfabetismo”.
Página consultada a 18 de Dezembro de 2006. Disponível em:
<http://jn.sapo.pt/2006/10/01/sociedade_pobreza_e_analfabet
ismo.html>
Pires, Mariana (2006), “A erradicação da pobreza diz respeito a
todos nós”. Página consultada a 12 de Dezembro de 2006.
Disponível em:
<http://www.youngreporters.org/article.php3?id_article=1729>
s. a. (2006), “São seres humanos – 1,2 mil milhões vivem com
0,80 euros por dia”. Página consultada a 12 de Dezembro de
2006.
Saraiva, José (2006), “Portugal em pé de igualdade”. Página
consultada a 12 de Dezembro de 2006. Disponível em:
<http://sol.sapo.pt/Solidariedade/Noticias/Interior.aspx?conten
t_id=5008>
Anexo A
Os “sem abrigo” capítulo da obra Exclusões Sociais da Alfredo Bruto
da Costa.
Anexo B
Página da Internet avaliada: Fundação A. C. Santos.