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JORNAL DO COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO SETEMBRO 2014 | Nº 22 Representantes dos núcleos quilombolas espalhados pela bacia do rio São Francis- co reuniram-se em Bom Jesus da Lapa, na Bahia, para discutir sobre os principais pro- blemas que afligem as suas comunidades. Um documento foi produzido pelos partici- pantes no final do encontro, promovido pelo CBHSF, contendo as principais reivindica- ções dos quilombolas, especialmente nos campos da educação e da saúde. CHSF INTEGRA NOVO CONSELHO GESTOR PÁG. 03 UNIVERSIDADES UNIDAS PELO SÃO FRANCISCO PÁG. 07 QUILOMBOLAS VÃO À LUTA

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JORNAL DO COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCOSETEMBRO 2014 | Nº 22

Representantes dos núcleos quilombolas

espalhados pela bacia do rio São Francis-

co reuniram-se em Bom Jesus da Lapa, na

Bahia, para discutir sobre os principais pro-

blemas que afligem as suas comunidades.

Um documento foi produzido pelos partici-

pantes no final do encontro, promovido pelo

CBHSF, contendo as principais reivindica-

ções dos quilombolas, especialmente nos

campos da educação e da saúde.

CHSF INTEGRA NOVO CONSELHO GESTORPÁG. 03

UNIVERSIDADES UNIDAS PELO SÃO FRANCISCOPÁG. 07

QUILOMBOLAS VÃO À LUTA

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A Câmara Técnica Institucio-nal e Legal – CTIL do Co-mitê da Bacia Hidrográfi-ca do Rio São Francisco

– CBHSF realizou reunião, nos dias 27 e 28 de agosto, em Salvador--BA. Entre outros temas, os mem-bros discutiram os procedimentos para conciliação ou arbitragem nos processos de conflito pelo uso das águas na bacia do rio São Francisco e os critérios para apoios e patro-cínios oferecidos pelo CBHSF para projetos culturais.

Uma das denúncias recebidas pelo CBHSF sobre conflito pelo uso das águas refere-se à impossibilida-de da navegação adequada, regular, entre a foz e o alto sertão, no porto de Piranhas Velha, em Alagoas. A situ-ação foi denunciada pela organização

Canoa de Tolda, sociedade socioam-biental do Baixo São Francisco, em abril deste ano. A denúncia recebeu adesões como a da Empresa Fluvial Estrela Guia, que opera na travessia entre Piaçabuçu, em Alagoas e Bre-jo Grande, em Sergipe; a Colônia de Pescadores Z12, de Penedo; e da As-sociação de Barqueiros de Penedo, Neópolis e Santana do São Francisco,

Presente à abertura da reunião da CTIL, o presidente do CBHSF, Ani-valdo Miranda, destacou a importân-cia da Câmara Técnica Institucional e Legal nas decisões do Comitê, espe-cialmente nos assuntos que deman-dam definições de regras e normas de base legal. “A Lei define o CBHSF como primeira instância a arbitrar sobre conflito de uso das águas. É preciso criar regras de mediação, de

acordo com a Lei, buscando outras experiências e até a literatura mun-dial sobre o tema”.

Para o educador ambiental Luiz Dourado, representante da Bacia do Rio Salitre e membro da CTIL, apesar da complexidade dos assuntos trata-dos, a reunião foi positiva e apontou para uma necessidade de formação dos membros no tema da arbitra-gem, por meio de um curso específico. “Quando há conciliação, o rito é mais tranquilo, mas a arbitragem exige maior apuro e análise do fato. Envolve, inclusive, outras instâncias do Comitê, como a Câmara Técnica de Outorga e Cobrança – CTOC”, explicou.

O próximo encontro da CTIL, quando os temas continuarão em de-bate, foi agendado para os dias 25 e 26 de setembro, em Aracaju-SE.

CTIL DEBATE CONCILIAÇÃO E ARBITRAGEM EM CASOS DE CONFLITO DE USO DAS ÁGUAS

Coordenação geral: Malu FolladorProjeto gráfico e diagramação: CDLJ PublicidadeEdição: Antonio MorenoTextos: Antônio Moreno, Ricardo Coelho, Delane Barros, André Santana e Wilton Mercês.Fotos: André Santana, Hugo Cordeiro, Ricardo Coelho, Roberto Guery e Wilton Mercês.Este jornal é um produto do Programa de Comunicação do CBHSF Contrato nº 07/2012 — Contrato de Gestão nº 014/ANA/2010— Ato Convocatório nº 043/2011. Direitos Reservados. Permitido o uso das informações desde que citada a fonte.

QUILOMBOLAS EM AÇÃO

As diversas comunidades quilombolas da bacia do rio São Francisco estive-ram reunidas em Bom

Jesus da Lapa no final de agosto. Pela primeira vez, numa iniciativa do Comitê do São Francisco, os representantes das comunidades puderam avaliar problemas co-muns e elaborar reivindicações visando melhorias em áreas dra-máticas para grande parte dos quilombos, como saúde e educa-ção.

Outro assunto em destaque nesta edição é a posse do CBHSF como membro do Conselho Ges-tor do Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias do Nordeste Setentrional. Trata--se de uma posição estratégica do Comitê no acompanhamento das obras de transposição do São Francisco para benefícios dos es-tados de Pernambuco, Ceará, Pa-raiba e Rio Grande do Norte. Como destacou o presidente do colegia-do, Anivaldo Miranda, o papel do Comitê será “acompanhar e exigir a observância estrita dos termos da outorga que foi concedida pela ANA aos canais da transposição, bem como das práticas de uso ra-cional das águas que serão trans-portadas nesses canais".

O jornal traz ainda uma en-trevista com o secretário de Meio Ambiente de Minas Gerais, Al-ceu José Torres Marques, e uma matéria sobre o Encontro das Instituições Técnicas e de Ensino Superior, promovido pelo Comitê com o objetivo de discutir sobre a participação da academia nas questões envolvendo a bacia do rio São Francisco.

EDITORIAL

Produzido pela Assessoria de Comunicação do CBHSF

[email protected]

Integrantes da CTIL discutiram também sobre os apoios e patrocínios para projetos culturais.

NOTÍCIAS DO SÃO FRANCISCO 3

O Comitê da Bacia Hidro-gráfica do Rio São Fran-cisco, em cerimônia rea-lizada no dia 28 de agosto

no Ministério da Integração Nacional, em Brasília, passou a integrar o Con-selho Gestor do Sistema de Gestão do Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional – CGSGIB. Na reunião, o presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda, reafirmou a posi-ção crítica do colegiado em relação à concepção, a sustentabilidade e a viabilidade socioeconômica do Proje-to da Transposição coordenado pelo Conselho, mas ponderou que, dian-te do fato de a obra estar em pleno andamento com perspectiva de ser concluída em 2015, é importante que o Comitê, uma vez fazendo parte do

CGSGIB, “possa acompanhar e exi-gir a observância estrita dos termos da outorga que foi concedida pela ANA aos canais da transposição, bem como das práticas de uso racional das águas que serão transportadas nes-ses canais”.

Miranda aproveitou o momen-to para cobrar do Governo Federal a reformulação do Conselho Gestor do Programa da Revitalização da Ba-cia do São Francisco, a exemplo do que aconteceu com o Programa de Integração da Bacia do São Francis-co com as Bacias do Nordeste Se-tentrional, incluindo o CBHSF na composição desse Conselho Gestor. “Apesar de ser a mais vulnerável do país, a bacia do São Francisco não conta com um tratamento dife-renciado. A revitalização é uma ne-

cessidade. Achamos que o mesmo esforço que foi dedicado à transpo-sição deveria ser dedicado à revita-lização”, pontuou.

No ato, o presidente do CBHSF, que foi acompanhado pelo vice--presidente do colegiado, Wagner Soares, destacou ainda a necessida-de de o novo Conselho Gestor colocar o foco não somente na demanda de água, mas também na oferta, toman-do conhecimento e participando da solução dos graves problemas rela-tivos à crise hídrica da bacia do São Francisco. Além disso, propôs a inte-gração do Conselho do PISF por parte de representações dos estados da ba-cia doadora (Alagoas, Pernambuco, Sergipe, Minas Gerais, Bahia, Goiás e Distrito Federal).

REGIMENTO INTERNOUma das novidades desta nova

fase do Conselho Gestor é justamente a inclusão de representantes da bacia doadora (a do rio São Francisco), das bacias receptoras dos estados a se-rem beneficiados pela transposição (Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará), dos Ministérios das Minas e Energia, Meio Ambiente,

Fazenda e Planejamento, e da Casa Civil da Presidência da República. No total, são 12 novos integrantes repre-sentando instituições, além dos su-plentes de cada membro. Com isso, o Conselho Gestor ficou mais amplo, deixando de ser apenas consultivo para se tornar deliberativo.

A reunião do Comitê Gestor foi conduzida por José Machado, asses-sor especial do ministro da Integra-ção Nacional, e contou com explana-ções de Robinson Botelho, também do MI, que falou do andamento das obras de transposição, e de Elmo Vaz, presidente da Companhia de Desen-volvimento dos Vales do São Fran-cisco e do Parnaíba – Codevasf, que exerce a função de operadora oficial do projeto.

Ao final da reunião, ficou esta-belecido um próximo encontro do grupo no espaço de dois meses. Até lá, todos os integrantes do Conselho Gestor vão receber a minuta do novo regulamento do órgão para que possam contribuir com sugestões na discussão que antecede a apro-vação final do documento, prevista para acontecer também no Ministé-rio da Integração Nacional.

CBHSF PASSA A COMPOR O CONSELHO GESTOR DA INTEGRAÇÃO DO SÃO FRANCISCOO COMITÊ DO SÃO FRANCISCO TOMOU POSSE COMO MEMBRO DO CONSELHO GESTOR DAS OBRAS DE TRANSPOSIÇÃO DO VELHO CHICO PARA BENEFICIAMENTO DOS ESTADOS DA PARAÍBA, CEARÁ, PERNAMBUCO E RIO GRANDE DO NORTE. NO ATO, O PRESIDENTE ANIVALDO MIRANDA FEZ QUESTÃO DE REAFIRMAR A POSIÇÃO DE VIGILÂNCIA DO COLEGIADO EM RELAÇÃO AO CUMPRIMENTO DOS TERMOS DA OUTORGA CONCEDIDA PELA ANA AOS CANAIS DE LIGAÇÃO COM O NORDESTE SETENTRIONAL.

A reunião contou com representantes das 12 novas

entidades que passam a integrar o Conselho Gestor

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A falta de reconhecimento dos povos tradicionais por parte das instâncias governamen-tais, que gera problemas de

toda a ordem para as comunidades, foi uma das constatações levantadas pelos participantes do 1º Seminário das Comunidades Quilombolas, orga-nizado pelo Comitê da Bacia Hidrográ-fica do Rio São Francisco – CBHSF. O evento, que aconteceu entre os dias 27 e 29 de agosto, em Bom Jesus da Lapa, na Bahia, reuniu mais de 150 repre-sentantes de cerca de 30 comunidades quilombolas dos estados da Bahia, Minas Gerais, Alagoas e Pernambuco.

Além de denúncias e da troca de expe-riências entre os participantes, o debate culminou com um documento contendo reivindicações e propostas de melhorias em diversas áreas, como educação e saúde, por exemplo.

Manoel Oliveira dos Santos, inte-grante da comunidade quilombola de Mumbaça, na cidade de Traipu, em Alagoas, e coordenador estadual das comunidades quilombolas, denunciou, durante o seminário, a prefeitura de seu município por falta de reconheci-mento das comunidades tradicionais na prestação de serviços públicos bási-cos. Ele afirma que, para o município,

não existe quilombo naquela região. “E é verdade. Um reflexo disso é que quando a gente vai em alguma unidade de saúde e tem que preencher alguma ficha, os atendentes ou recepcionistas se recusam a colocar a classificação “quilombola”. Alguns riem e dizem que desconhecem tal categoria. Até mesmo quando vamos matricular os nossos filhos nas escolas não podemos nos de-nominar como somos porque as unida-des de ensino não permitem.”, reclama o líder quilombola.

Santos disse ainda que a deno-minação quilom-

bola não é reconhecida inclusive pelo Programa Bolsa Família em Traipu. Segundo ele, o não reconhecimento dos quilombos resulta também na precariedade de saneamento básico para seu povo, como é o caso da co-munidade de Tabuleiro, localizada a cerca de 10 km do rio São Francisco, em que a população “não tem esgo-tamento sanitário e as casas ainda são de taipa, o que pode trazer uma série de doenças”. Ele cita outras três comunidades quilombolas da região que sofrem dos mesmos pro-

QUILOMBOS DO SÃO FRANCISCOQUEREM MUDANÇAS

REUNIDOS EM BOM JESUS DA LAPA, INTEGRANTES

DE COMUNIDADES QUILOMBOLAS DOS DIVERSOS ESTADOS

PERTENCENTES À BACIA DO RIO SÃO FRANCISCO

DISCUTIRAM SOBRE TEMAS QUE VÊM AFLIGINDO OS

POVOS TRADICIONAIS. O DEBATE, PROMOVIDO PELO COMITÊ DA BACIA

HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO, CULMINOU

COM A ELABORAÇÃO DE UM DOCUMENTO CONTENDO

REIVINDICAÇÕES, SOBRETUDO NAS ÁREAS DE

EDUCAÇÃO E SAÚDE.

QUILOMBOS DE ONTEM E DE HOJEOs quilombos eram comunidades compostas

de negros africanos que foram trazidos para o Brasil e que fugiam para se livrar da escravidão, principalmente entre os séculos XVI e XIX. Geral-mente, os quilombos eram formados em locais distantes das fazendas e engenhos onde os ne-gros eram escravizados, na tentativa de evitar a perseguição dos fazendeiros e dos senhores de engenhos. Com a Abolição da Escravatura, em 13 de maio de 1888, teoricamente os negros não tinham mais motivos para se esconder. Entretan-to, muitos deles permaneceram nos quilombos porque não tinham como voltar para seu país de origem, não tinham opções dignas de trabalho e

moradia no Brasil, e nem usufruíam de políticas públicas que lhes garantissem condições huma-nas de sobrevivência.

O Quilombo dos Palmares foi a maior comu-nidade de escravos no Brasil no período colonial, liderado pelo ex-escravo Zumbi e localizada no estado de Alagoas, onde hoje há, pelo menos, 65 comunidades certificadas e reconhecidas e outras 16 em estudo para regularização. Zumbi dos Pal-mares morreu em novembro de 1695, mas a luta que empreendeu para garantir a dignidade do seu povo não se completou até hoje e tem seguimento com o trabalho das lideranças das comunidades quilombolas espalhadas por todo o país.

Sebastiana Ribeiro Silva, representante do Quilombo

dos Carrapatos, do oeste de Minas Gerais

NOTÍCIAS DO SÃO FRANCISCO 5

CURTASCampanha do CBHSF inspira mobilizaçãoCaminhada, palestras e plantio de mudas nativas fizeram parte da campa-nha Salve o São Francisco, encabeçada por jovens no município de Carinha-nha, na Bahia, no mês de agosto, com o objetivo de difundir a necessidade de se cuidar e preservar os recursos naturais, principalmente na bacia do Velho Chico. O coordenador da Câmara Consultiva Regional do Médio São Francisco, Cláudio Pereira, representou o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco no evento, que contou com a participação de cerca de mil pessoas e foi inspirado na campanha Eu Viro Carranca pra Defender o Velho Chico, realizada no dia 3 de junho pelo CBHSF. “Quando vimos a grande mo-bilização que foi a campanha do Comitê começamos a nos organizar para fazer a nossa também”, afirma Damião Ribeiro, um dos idealizadores da iniciativa. Para ele, que também é ribeirinho, o rio São Francisco é o maior patrimônio da região e deve ser defendido por todos.

CTOC agenda nova reunião para outubroOs membros da Câmara Técnica de Outorga e Cobrança – CTOC do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco agendaram para o mês de ou-tubro a próxima reunião do colegiado. A cidade de Salvador (BA) será sede do encontro, que ocorrerá entre os dias 9 e 10, em local ainda a ser definido. De acordo com o coordenador da câmara técnica, Renato Júnior Constân-cio, o objetivo é tentar levar representantes da Agência Nacional de Águas – ANA e dos comitês federais. “Queremos reforçar a discussão em torno da cobrança. Trazer experiências de profissionais que possam falar sobre o cadastro de usuários, a fiscalização de outorgas, outorgas preventivas, bem como as metodologias de cobrança em diferentes CBHs,, entre outros as-suntos”, disse.

Uso ilegalO nível atual do rio São Francisco está favorecendo a ilegalidade e o crime. Os imensos bancos de areia que surgem no leito do rio estão sendo utili-zados para o plantio de maconha. O problema, que antes se restringia ao município alagoano de Penedo, está se estendendo a Xingó, Traipu e São Braz. A Polícia Federal acompanha de perto as plantações para prender os responsáveis, que não se incomodam com a possibilidade de “perder” as terras. No Vale do São Francisco, região do Submédio, entre os dias 22 e 29 de agosto, a Operação Angico II, reuniu as policiais federais de Juazeiro, Salvador, Aracajú e da Coordenação de Aviação Operacional em Brasília, e er-radicou cerca de 100 mil pés da droga, que caso fossem colocadas no mercado representariam 28 toneladas da erva pronta para o consumo. A ação policial foi desenvolvida nos municípios de Juazeiro, Curaçá, Abaré, Chorrochó, Sobradi-nho, Casa Nova, Sento Sé e Xique Xique, na Bahia; e nos municípios de Petroli-na, Lagoa Grande, Dormentes e Afrânio, em Pernambuco.

Salitre em pesquisa internacionalUma parceria entre a Universidade Federal da Bahia (Ufba) e a Cátedra Unesco de Sustentabilidade da Universidade Politécnica da Catalunha, Es-panha, resultou no projeto de Pesquisa Iberoamericano sobre Indicadores da Bacia do Salitre, no Submédio São Francisco. Durante a 14ª Reunião Plenária do Comitê do Rio Salitre (CBH–Salitre), realizada no começo de setembro, em Caatinga do Moura – distrito de Jacobina, houve a avaliação de indicadores selecionados pela pesquisa, que apontam para um uso mais eficiente da água, e servem como instrumentos para apoiar o CBH–Sali-tre a enfrentar os conflitos, combater a escassez hídrica e mobilizar ações concretas para a revitalização da bacia. A bacia do rio Salitre foi escolhida como bacia piloto para esta pesquisa internacional e esta foi a última etapa do projeto.

blemas, apesar de os quilombos se-rem reconhecidos e certificados pelo Governo Federal e pela Fundação Palmares. São eles: Lagoa Tabuleiro, Uruçu e Belo Horizonte.

A dificuldade de acesso às po-líticas públicas é um problema que atinge diversas regiões do país; e as comunidades quilombolas, por se-rem mais afastadas do centro urbano, sentem com maior intensidade os im-pactos disso. Na Bahia, por exemplo, algumas dos problemas são a falta de fiscalização das diretrizes curriculares, a precariedade da merenda escolar e das próprias unidades de ensino. Os quilombolas reivindicam a efetiva im-plementação da Lei 10.639/03 (que es-tabelece o ensino da História e Cultura Africana e Afro-brasileira nas escolas) e melhores condições de desenvolvi-mento educacional dentro das co-munidades.

Ao final do evento, foi elaborado um documento abordando assuntos em eixos como a regularização fundi-ária; organização sociocultural; polí-ticas públicas; impactos dos grandes empreendimentos; e o Pacto pelas Águas. Assim que finalizado, o relató-

rio com as propostas e reivindi cações será publicado no portal do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francis-co e encaminhado para autoridades competentes.

No documento, os quilombolas so-licitam que os municípios priorizem os professores de origem quilombola nas escolas situadas nos quilombos e que os laboratórios de informática sejam melhor utilizados, possibilitando aos estudantes acesso às novas tecnolo-gias. De acordo com a professora Iane Arcanjo Teixeira, da Escola Municipal Elgino Nunes Souza, localizada na co-munidade quilombola Rio das Rãs, em Bom Jesus da Lapa (BA), “as unidades de ensino não disponibilizam internet e nem incentivam seus alunos a utili-zarem as salas de informática”, critica.

O quilombola e coordenador da Câ-mara Consultiva Regional do Médio São Francisco, Cláudio Pereira, des-tacou a questão educacional como um dos principais problemas enfrentados pelos quilombolas. “A educação que está sendo implantada ainda não está atendendo às nossas demandas. Ela está aquém das reais necessidades”, afirma o coordenador.

O evento foi marcado também por apresentações de grupos artísticos/culturais, como o grupo Santo Reis, de Lagoa das Piranhas e a Associação Lapense de Capoeira. Os grupos que animaram o seminário foram bastante aplaudidos com suas danças e cantigas que fortalecem a identidade cultural dos quilombos da bacia do Velho Chico.

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A capital mineira, Belo Horizon-te, e as cidades pernambu-canas do Recife e Petrolina sediaram, nos dias 4, 6 e 8

de agosto (respectivamente), oficinas participativas que visam estudar pos-síveis modelos e cenários ambien-tais, sociais e econômicos da bacia do rio São Francisco para os próximos anos. O estudo, denominado Innovate, faz parte do calendário de atividades do projeto interdisciplinar de cooperação científica entre universidades e institui-ções técnicas do Brasil e da Alemanha, que ocorre desde 2012, principalmen-te na região da Usina Hidrelétrica de Itaparica, localizada na parte pernam-bucana da bacia. O objeto central de estudo é entender as relações entre as mudanças climáticas e as formas de uso da terra e da água na bacia.

DIVISÃO EM SUBPROJETOSO estudo abrange 1.627 sub-ba-

cias e 65 postos de descargas, reu-nindo dados diários de precipitação e radiação solar e outras informações relevantes. Entre os dados já apre-sentados estão a perda de volume de

água em regiões como Sobradinho e Itaparica, as mudanças no uso do solo e a necessidade de atenção às mudan-ças climáticas e ambientais. “Dividimos o projeto global em sete subprojetos de diferentes focos temáticos. Cada um é coordenado por um professor bra-sileiro e um professor alemão”, ex-plicou a engenheira agrônoma alemã Marianna Siegmund-Schultze, uma das responsáveis pela pesquisa. A iniciativa é financiada pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação de ambos os países.

Entre os docentes do Brasil está José Roberto Gonçalves de Azevedo, engenheiro civil e professor doutor da Universidade Federal de Pernam-buco. Ele integra a pesquisa sobre modelização da disponibilidade e do manejo da água na bacia. “Nosso ob-jetivo é estudar se realmente a água do rio está sendo bem utilizada e o impacto das transformações, inclu-sive climáticas, para as condições do rio. Essa pesquisa pode ajudar a prever futuros problemas, chaman-do a atenção dos responsáveis por decisões importantes para a bacia”.

Azevedo acredita em grandes mu-danças climáticas que podem tra-zer situações ambientais extremas, como secas ainda mais severas, assim como também períodos de enchentes, que podem elevar o vo-lume do rio. “É preciso estar prepa-rados para essas mudanças extre-mas”, alerta.

“O diálogo com importantes atores durante as oficinas foi fun-damental para a identificação desses cenários. Ouvir suas opiniões e su-gestões ajudará significativamente na avaliação das formas de governança e, também, na geração de ferramen-tas de apoio a decisões”, completa a agrônoma alemã, que recebeu nas três reuniões representantes do CBHSF, AGB Peixe Vivo, Embrapa, Cemig, Inema, Chesf, entre outros.

O professor José Roberto de Azevedo também destacou as con-tribuições dos membros do Comitê da Bacia do São Francisco nas ofici-nas. “É muito importante ouvir as opini-ões e receber informações daqueles que vivenciam o rio em seu cotidiano. Isso irá enriquecer o nosso trabalho”.

INNOVATE ESTUDA MODELOS E CENÁRIOS PARA A BACIA DO VELHO CHICO

PERFIL

Em 1960, em meio à enchente que devastou Juazeiro, a cidade baiana viu nascer um dos defensores do rio São Francisco. Quando criança, Luiz Alberto Rodrigues Dourado era chamado ‘me-nino do rio’, pois era no Velho Chico onde passava suas horas de lazer. “Aos seis anos meus pais me levaram de vapor de Juazeiro a Pirapora, em Minas Gerais. Inesquecível”. O rumo da vida o levou para Morro do Chapéu, na Bahia, onde vive há 26 anos, sempre retornando para perto do rio e, principalmente, da luta pela sua revitalização. Atualmente re-presenta a bacia do rio Salitre no Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Fran-cisco e é membro da Câmara Técnica Institucional Legal do CBHSF.

Dourado se formou em Turismo, fez especialização em Educação Ambiental e foi tradutor de livros de Antropologia. Com um projeto de doutoramento engatado, o universo acadêmico parecia um caminho natural, quando descobriu o Comitê, em 2009. “Percebi que a Academia valorizava um conhecimento isolado, egoísta e não social, e aprendi que o CBHSF é a melhor universidade aberta, onde eu posso apor-tar meus conhecimentos e receber infor-mações, num intercâmbio fantástico”.

Em sua trajetória, destaca a mobi-lização para evitar a extinção do Parque Estadual Morro do Chapéu, por meio de uma ação civil pública da Associação de Condutores de Visitantes de Morro do Chapéu. E celebra a fase que o CBHSF está vivendo, apontando o desafio maior de garantir a recuperação hidroambien-tal da bacia. “É preciso desatar o nó da má vontade das instâncias governamen-tais para estabelecer a gestão integral compartilhada”.

AMOR À CAUSA DO RIO

As reuniões do Innovate foram realizadas em Belo Horizonte, Recife e Petrolina

NOTÍCIAS DO SÃO FRANCISCO 7

O rio São Francisco e sua bacia é o alvo principal do grupo de trabalho a ser formado por instituições de ensino

técnico e superior, para atividades de pesquisa e de extensão. Essa foi a principal decisão tomada ao final do 1º Encontro das Instituições Téc-nicas e de Ensino Superior da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, re-alizado no dia 22 de agosto, em Maceió (AL), durante o II Congresso Acadêmi-co Integrado de Inovação e Tecnologia (Caiite), promovido pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), ao longo de toda a semana.

O encontro consistiu em um im-portante ponto de debate, com foco na bacia do Velho Chico. A criação do gru-po vai permitir aprofundar os estudos na busca de soluções para os princi-pais problemas vivenciados pelos mu-nicípios ribeirinhos. “E torna-se uma relação efetiva entre as instituições e o Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco”, diz o coordenador da Câmara Consultiva Regional do Baixo São Francisco, Melchior Nasci-mento, articulador da programação e da criação do grupo.

O secretário do CBHSF, Maciel Oli-veira, avaliou o saldo da programação como “bastante positivo”, por conside-rar que a presença das instituições se torna mais forte no colegiado. E para comprovar o seu apoio, ele promete já

iniciar os contatos com as academias e solicitar delas a indicação dos membros que irão compor o novo grupo criado.

O presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda, considera que sempre há espaço para a discussão entre as ins-tituições. “Um dia é muito pouco para debate tão amplo como esse, mas a iniciativa é meritória e a riqueza da bacia hidrográfica propiciará inúmeras ações. O São Francisco não pode ser tratado como um canal. Ele está no imaginário das pessoas, ou seja, é um patrimônio imaterial do povo”, considerou. Miranda sempre defendeu a proximidade do co-legiado com a academia como forma de ampliar o ensino, a extensão e a pesqui-sa envolvendo as questões do Velho Chi-co. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) também deverá apoiar o trabalho, como garantiu a presidente do órgão, Janesmar Men-donça Cavalcanti.

A programação reservada para discutir as questões relacionadas ao São Francisco reuniu, na capital ala-goana, professores, pesquisadores e estudiosos da temática de nove ins-tituições de ensino superior, a exem-plo da própria Ufal, Universidades de Brasília (UnB), Federal de Sergipe (UFS), da Bahia (Ufba), do Rio Grande do Norte (UFRN), do Vale do São Fran-cisco (Univasf), em Petrolina, de Minas Gerais (UFMG), bem como da Estadual Fluminense (Uenf).

INSTITUIÇÕES DE ENSINO TÉCNICO E SUPERIOR INICIAM UMA NOVA FASE COLABORATIVA COM AS AÇÕES DO CBHSF COM O OBJETIVO DE BUSCAR SOLUÇÕES PARA OS PRINCIPAIS PROBLEMAS ENFRENTADOS PELA BACIA DO SÃO FRANCISCO.

UNIVERSIDADES TERÃO AÇÃO CONJUNTA EM PROL DO SÃO FRANCISCO

Os problemas enfrentados pelos municípios ribeirinhos, como Penedo (AL), foram abordados no encontro

FLUVIAIS

Exposição mostra cidades são-franciscanas submersasA exposição fotográfica São Francisco Submerso – Lago de Itaparica, que exibe um retrato subaquático de construções (e objetos) de cidades às margens do rio São Francisco que foram inundadas durante a implantação, na década de 1970, da Usina Hidrelétrica de Itaparica, entre os estados de Pernambuco e Bahia, re-úne mais de 40 imagens do fotógrafo pernambucano Luiz Netto. A mostra, que é gratuita, está aberta desde agosto e ficará em cartaz para visitação durante dois meses na sede do Iphan, na Av. Oliveira Lima, nº 824, bairro de Boa Vista, Recife (PE). Mais informações no site: www.panoramacultural.com.br

Uvas para a belezaAlém de bons vinhos, as uvas do Vale São Francisco estão gerando produtos de beleza para a pele e o cabelo. É a Adega do Corpo, marca que investe no poten-cial antioxidante das uvas produzidas às margens do Velho Chico para cuidados estéticos e combate ao envelhecimento. As uvas do São Francisco têm como ca-racterística a alta concentração de polifenóis, antioxidantes muito mais poderosos do que as vitaminas C e E, e dez vezes superior aos de outras uvas no mundo. Os produtos da empresa foram desenvolvidos em parceria com a Faculdade de Farmácia da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e a Indústria de Cosméticos Amazun. Hoje, são mais de 30 itens, entre shampoos, condicionadores, hidratan-tes e até creme para barbear. Os produtos podem ser encontrados em estandes localizados em shoppings de Salvador-BA e Petrolina-PE, mas a intenção é ex-pandir a marca para todo o país. Esporte no Vale do São FranciscoA quarta edição do Wine Run será realizada em 7 setembro, no município de La-goa Grande – PE, no Vale do São Francisco. A corrida de rua oferece a possibili-dade de entretenimento esportivo temático, unindo saúde e belezas naturais. Os participantes do Wine Run poderão correr a distância preferida, escolhendo entre a meia maratona individual, de 21 km, ou corridas de equipe, de 15,5 km; 10 km ou 5,5 km. Na véspera do evento haverá ainda um passeio de enoturismo pelo rio São Francisco e à vinícola Rio Sol, além de palestra sobre os Efeitos Benéficos do Suco de Uva para Desportistas, e degustação de vinhos da região. Confira mais informações em: www.winerun.com.br

Festa no AquárioO Parque Ecológico da Pampulha e o Aquário da Bacia do São Francisco, que fazem parte da Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte, reservou o último fim de semana de agosto para uma programação especial para a Virada Cultural de 2014. Shows musicais, atividades culturais e educação ambiental foram algumas das ações desenvolvidas durante as atividades especiais. O Aquário é povoado por espécies nativas do Velho Chico para exibição aos visitantes.

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RECUPERAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS DEVE SER CONSTANTE

UM DOS CONVIDADOS DA ÚLTIMA PLENÁRIA

DO CBHSF, O ATUAL SECRETÁRIO DE

MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO

SUSTENTÁVEL DO ESTADO DE MINAS GERAIS (SEMAD),

ALCEU JOSÉ TORRES MARQUES, FALA NESTA

ENTREVISTA SOBRE A IMPORTÂNCIA DO RIO

SÃO FRANCISCO PARA O TERRITÓRIO MINEIRO, BEM

COMO DA SUA EXPERIÊNCIA À FRENTE DAS QUESTÕES AMBIENTAIS DO ESTADO.

ALÉM DISSO, COMENTA SOBRE A UNIÃO DA SEMAD

E DO CBSHF, TENDO EM VISTA UM PONTO EM

COMUM: A EFICIÊNCIA NA GESTÃO HÍDRICA DA

BACIA DO VELHO CHICO. POR FIM, ANALISA OS

DESDOBRAMENTOS DAS DISCUSSÕES SOBRE AS REDUÇÕES DAS VAZÕES

MÍNIMAS NA USINA HIDRELÉTRICA DE TRÊS

MARIAS, LOCALIZADA EM MINAS GERAIS.

Como avalia a importância do rio São Francisco para o estado de Mi-nas Gerais? A bacia do rio São Francisco drena aproximadamente 1/3 do território de Minas Gerais e, por conta disso, possui grande importância para o estado, não apenas pelo volume de água trans-portado, mas, também, pelo potencial hídrico passível de aproveitamento e por sua contribuição histórica e econô-mica. Além disso, o benefício ecológico proporcionado pelo rio e seus afluen-tes é inestimável. Além de fertilizar grande parte do cerrado mineiro, o São Francisco e suas sub-bacias também são refúgio para reprodução de peixes e para a fauna aquática. Também é de grande importância para a manuten-ção de áreas verdes no centro e norte de Minas. Sendo assim, a preservação e revitalização da bacia é de suma im-portância para o Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – Sisema.

O senhor exerceu o cargo de procu-rador-geral de Justiça do Ministério Público Estadual. De que forma a sua experiência poderá contribuir para o desenvolvimento sustentável das bacias hidrográficas do Estado? Na minha experiência como membro do Ministério Público pude aprender e praticar a técnica da mediação de con-flitos com vistas à geração de ganhos coletivos. Nosso objetivo é reforçar a atuação do Sisema como esse “me-diador por excelência” das questões ambientais, aproximando os lados (o próprio governo, o setor produtivo, o judiciário e a sociedade) para solu-ções negociadas. Nesse sentido, a bacia hidrográfica é o território mais completo para essa mesa de nego-ciação.

As recentes reduções das vazões na Usina de Três Marias têm causado prejuízos às populações ribeirinhas, principalmente no norte de Minas. Como a Semad tem trabalhado essa discussão?

Temos acompanhado atentamen-te os dados relativos à qualidade e quantidade de água em todo o esta-do de Minas Gerais. A segurança hí-drica, seja ela para o abastecimento humano, para a agricultura ou para a indústria, é fruto de uma série de ações de gestão e regulação. Algu-mas delas passam pela área de meio ambiente e, no que tange à nossa es-fera administrativa, temos trabalha-do para reforçar a proteção de áreas mais sensíveis para a manutenção da água, como as áreas de preservação permanente nas cabeceiras de rios e áreas de veredas no norte de Minas. No entanto, se a sociedade como um todo não se engajar na conservação e recuperação das áreas de recarga hídrica teremos mais dificuldades no futuro. Lembro que os trabalhos de preservação, conservação e recupe-ração devem ser constantes, no cur-to, médio e longo prazos.

O senhor acredita que possa estar havendo um favorecimento ao setor elétrico?Creio que o atual cenário é fruto da falta de planejamento. Não vejo seto-res favorecidos, mas, sim, a socieda-de brasileira em situação de desfa-vorecimento generalizado. Qualquer

suposto ganho momentâneo será prejuízo futuro por conta da escassez de investimento. Portanto, entendo que a prioridade no momento é re-tomar a capacidade de planejamento para dar respostas pragmáticas às questões energéticas que enfrenta-mos atualmente.

Como o CBHSF e a Semad podem fomentar uma melhor gestão de re-cursos hídricos na parte mineira da bacia?Acredito que a melhor forma é exe-cução de bons projetos socioam-bientais que promovam resultados efetivos para bacia. Nesse contexto, o CBHSF é um parceiro fundamental na identificação de projetos de boa qualidade técnica e, especialmente, no seu financiamento e acompa-nhamento de execução. A hora é de sermos eficientes nas ações em prol da qualidade ambiental da bacia. A Semad, por sua vez, tem as mesmas responsabilidades. Além disso, deve buscar no nível do governo a trans-versalidade da temática ambiental nas políticas públicas de Estado, já que é essa assimilação por parte do governo que irá produzir os ganhos que necessitamos no tempo que te-mos disponível.

Como os atores e usuários da bacia poderão contribuir para o favoreci-mento do Velho Chico?Acredito muito no engajamento in-dividual e coletivo das pessoas para mudarmos a realidade. O Comitê de Bacia é o local ideal para esse pacto em prol da qualidade ambiental, pois é lá que se reúnem os representan-tes e usuários dos recursos hídricos. Ações conjuntas são fundamentais. Ações conjuntas negociadas e pac-tuadas são ainda melhores, pois são fruto do esforço coletivo e, por isso, reconhecidas pela sociedade como uma solução negociada. Portanto, os comitês devem investir em geração de informações de qualidade, no de-bate e em proposição de ações.

A PRIORIDADE É RETOMAR A CAPACIDADE DE PLANEJAMENTO PARA DAR RESPOSTAS PRAGMÁTICAS ÀS QUESTÕES ENERGÉTICAS QUE ENFRENTAMOS ATUALMENTE

ALCEU JOSÉ TORRES MARQUES