jornal do museu dos transportes e comunicações

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Serviço Educativo um contributo fundamental Centenário Ford Comunicar a Ciência ISSN 1645-6386 JORNAL DO MUSEU DOS TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES Nº3 PRIMAVERA 2003

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n.º 3 (Primavera 2003)

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Serviço Educativo

um contributo fundamental

Centenário Ford

Comunicar a Ciência

ISSN 1645-6386

JORNAL DO MUSEU DOS TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES Nº3 PRIMAVERA 2003

Jornal do Museu dos

Transportes e Comunicações

ficha técnica

periodicidade sazonal. propriedade da

Associação para o Museu dos Transportes e

Comunicações. coordenação editorial

Alexandra Melo. tiragem 1000 exemplares.

imagem da capa azul sobre xilogravuras das

Oficinas de Verão. designazul. impressão

Greca, Artes Gráficas.

fotografias: p2 Ana Raposo. p3 Ford Lusitana.

p6 IPATIMUP.

issn 1645-6386

nota de abertura

É preciso ter vontade de comunicar.É preciso fazer um esforço para comunicar.Aqui, neste Museu dos Transportes e Comunicações, comunicar é apalavra de ordem. Comunicar nas exposições, comunicar nos serviçoseducativos, comunicar no centro de formação, comunicar neste jornal.Mas, tentamos ir mais longe: comunicar com os cidadãos com deficiência,comunicar com os membros da comunidade imigrante eslava.Exactamente onde a comunicação é mais difícil, onde os processos dedescodificação das mensagens são mais complexos, face a uma diferençamais sentida por uns e por outros.

Em paralelo, temos também aqui, neste magnífico Edifício da Alfândega,um Centro de Congressos. Não é que, neste caso, seja principalmente danossa responsabilidade comunicar, mas é de certo propiciar excelentescondições para que haja comunicação.

Comunicamos e ajudamos a comunicar. Comunicar não só pela razãomas também pelo imaginário.

Nestes nossos tempos em que o medo se instala, face a factos tãotraumatizantes – o terrorismo internacional, a insegurança, a queda daBolsa, a degradação das economias, a guerra no Iraque – cujo verdadeirosignificado não entendemos suficientemente, parece confirmar-se o queJorge Luís Borges anuncia: “a História tem pudor dos seuscontemporâneos”. Podemos, no entanto, perceber difusamente ou atéintuir, que se trata de tempos de mutação. Ora, nestes tempos demutação, o imaginário é fundamental na transformação de cada um e nacriação de perspectivas para um futuro que se deseje. E o Museu é umaexcelente “ferramenta” para construir o futuro, como objecto de desejo.

É o desejo do futuro que consegue transformar o impossível que se pensano possível que se consegue alcançar.

É preciso desejar o futuro.

O Presidente Conselho de Administração

Eng. Carlos de Brito

jMTC.primavera2003 editorial2 o automóvel jMTC.primavera2003 3

Filho de um imigrante irlandês, Henry Ford nasceuem Dearborn (Michigan, E.U.A), a 30 de Julho de1863. Dotado de espírito inovador, depressa selançou no fabrico de um artefacto que pretendiaser um tractor, ao qual deu o nome de ‘Fordson’(’o filho de Ford’) e, em 1896, apresentou o seuprimeiro automóvel, o Quadriciclo.Abandonando o meio rural em que nascera, Henryencontrou emprego em Detroit, na Edison Illumi-nating Company. Empenhado e com experiênciaem automóveis a gasolina, reuniu um capital ini-cial de apenas 28 mil dólares, fundando a FordMotor Company, juntamente com outros sócios,a 16 de Junho de 1903.Poucos anos depois, era o único accionista daempresa.O modelo A foi apresentado como sendo ‘a má-quina mais perfeita do mercado’, seguindo-se olançamento de outros modelos até Outubro de1908, altura em que a empresa lançou o ‘imortal’‘Ford T’, o ‘carro que pôs o mundo sobre rodas’e que se tornou num verdadeiro sucesso de ven-das. Nos EUA, o automóvel rapidamente adquiriuo estatuto de produto de grande consumo. HenryFord cedo concluíu que, se reduzisse o seu preçoe aumentasse as vendas poderia pagar melhoressalários e, desta forma, atingir um maior númerode clientes.No início do séc. XX, um automóvel custava cercade 2.000 dólares. Henry, ao reduzir o número demodelos e os componentes mais dispendiosos,conseguiu produzir automóveis cujo preço rondavaos 700 dólares e, nalguns casos, preços aindamenores. O resultado imediato desta medida foio disparar das vendas.Em finais da primeira década do século XX, eramjá 45.000 os veículos produzidos anualmente.Henry Ford tinha verificado que, se cada trabalhadorse especializasse numa tarefa específica, o auto-

móvel demoraria muito menos tempo a ser mon-tado, o que aumentaria a produção, e reduzindoas horas de trabalho o seu custo seria, natural-mente, inferior.Assim, em 1913, introduziu nas suas fábricas aprodução em série com o primeiro sistema delinha de montagem da indústria automóvel e anormalização das peças de montagem. Um sis-tema inovador que foi capaz de dar resposta àcrescente procura de veículos automóveis.Em 1924, o célebre modelo T era comercializadopor cerca de 300 dólares e, tendo a possibilidadede ser adquirido às prestações, encontrava-se aoalcance de uma clientela mais vasta.O sucesso de vendas deste automóvel foi imensode tal forma que, entre 1917 e 1923, foi suspensatoda a publicidade. De mecânica simples e comcustos de manutenção incrivelmente baixos, em1927 comemorou-se a saída do número 15milhões. O Ford T tinha adquirido o estatuto detransporte fiável e de baixo custo.Movido por fortes ambições económicas, HenryFord ficou célebre por proferir frases emblemáticascomo esta: ‘Vou dar a cada americano o automó-vel da cor que ele prefira, desde que esta seja opreto’. A escolha desta cor prendia-se com o factoda secagem ser muito mais rápida.Mas Henry Ford foi muito mais do que um prosaicocapitalista. Moviam-no ideias sobre o progressoeconómico e a situação social. Foi conotado comos movimentos nacionais socialistas por afirmar,com desprendimento, que os judeus eram a desgra-ça da humanidade e chegou a candidatar-se, semêxito, a uma eleição para o senado norte-americano.Quando morreu, em 1947, a sua empresa já tinhasido ultrapassada pela General Motors, mas HenryFord deixou a sua marca na história do automóvel,um dos objectos de grande consumo mais repre-sentativos do século XX.

Henry FordFundador de umamarca centenária

Centenário da FordEm 2003, a Ford comemora o seu primeiro centenário, ocasião aproveitadapela empresa para a apresentação do modelo U, por muitos consideradocomo o sucessor do Ford T, um protótipo movido por um motor a hidrogénioe produzido com materiais recicláveis. As fibras naturais e os materiaiscompostos que integram a carroçaria fazem com que seja considerado umautomóvel ‘verde’.Numa época em que se debatem questões como as preocupações ambientaisou a utilização do petróleo como combustível dos transportes, a Ford, umséculo depois, continua uma marca inovadora, solidamente implantadaem todo o mundo, e mantendo a sua capacidade empreendedora.

jMTC.primavera2003 serviços educativos4

Serviço EducativoUma contribuição fundamentalO Museu constitui um recurso ao qual a comunidade recorre cada vez commais frequência, pois passou a assumir funções mais vastas do que asque tradicionalmente lhe eram atribuídas: recolher, estudar e conservardeterminado património. A estas junta-se agora a contribuição fundamentaldos Serviços Educativos que apresentam e animam os espaços museológicoscriando novas relações de proximidade com o público.

Aproximando-se da comunidade através das mais diversas formas(exposições, espectáculos de teatro, música, instalações, conferências) omuseu dá-se a conhecer e permite que a comunidade reconheça a suaimportância e se aproxime cada vez mais, transformando o museu numespaço vivo, lúdico e partilhado por toda a população.

O trabalho desenvolvido pelo Serviço Educativo e de Animação é, nestesentido, crucial. Os técnicos com formação pedagógica adequada têm afunção de descodificar as mensagens contidas nos discursos expositivose promover acções de animação que permitam ao visitante atingir facilmenteos objectivos propostos pela exposição.

O Serviço Educativo e de Animação do Museu dos Transportes eComunicações tem acompanhado de forma activa todas as acçõesdesenvolvidas desde 1996. Ao longo dos últimos sete anos foram inúmerasas actividades desenvolvidas e apoiadas por este serviço. O estabelecimentode protocolos de colaboração com a DREN Direcção Geral de Educaçãodo Norte, com a Câmara Municipal do Porto, IPATIMUP, Instituto deInovação Educacional e muitas outras entidades e instituições deramcredibilidade e ajudaram a sistematizar as acções desenvolvidas.

O trabalho que o museu desenvolve com as escolas é visível no númerode visitas escolares anuais que representam mais de metade do total dasvisitas ao museu.

O Centro de Formação, é a aposta mais recente do Serviço Educativo e deAnimação que, com acções de formação e de sensibilização para professorese técnicos de animação cultural, procura potenciar e ampliar a formaçãode novos públicos no Museu.

Os Serviços Educativos têm vindo a ocupar, desde meados do século XX,um papel fundamental nas instituições culturais, mais especificamente nasde carácter museológico.

É hoje unanimemente aceite que o conceito de educação resulta de umconjunto de aprendizagens que acontecem dentro e fora da escola. A escolarepresenta o espaço educativo/cultural mais amplo e abrangente, no entantoo processo de ensino aprendizagem acontece na escola, no teatro, nomuseu, na rua, no jardim...

Será sempre destas interacções de conhecimento que resulta uma novapostura cultural e educativa.

É neste contexto que o papel do Serviço Educativo nos museus tem sidofundamental para a criação de novos hábitos culturais e para o reforço denovas práticas pedagógicas.

Ao Serviço Educativo do Museu compete então criar novos relacionamentoscom públicos diferenciados, promover a formação destinada a docentese discentes, acompanhar estágios profissionais e desenvolver actividadesde caracter pedagógico, transversais à programação cultural.

Madalena Cabral (Museu Nacional de Arte Antiga), uma pioneira na defesados Serviços Educativos nos Museus portugueses, defendia, há já trêsdécadas, que um museu é uma peça fundamental na organização dosistema educativo, com responsabilidades face ao desenvolvimento culturallocal, um elo de ligação permanente com o público, contendo um quadrode técnicos que possuam, para além das qualificações profissionais,capacidades noutras dimensões, como sejam a humanidade e oconhecimento pedagógico e psicológico que lhes permita perceber que o“objecto” do museu há-de sempre considerar como valor maior a pessoaa quem ele vai servir num momento determinado.

A cultura museológica deve favorecer o caminho da imaginação, dasensibilidade, da observação, da reflexão e do estudo, sempre com umsentido lúdico e, como afirmava Madalena Cabral, que se “divirtamconhecendo”.

Serviço Educativo e de Animação

do Museu dos Transportes e Comunicações

‘A Escola deixará de ser talvez como nós a

compreendemos, com estrados, bancos, carteiras,

será talvez um teatro, uma biblioteca, um museu,

uma conversa.’ Leon Tolstoi

Centro de FormaçãoO Museu dos Transportes e Comunicações foi oprimeiro museu em Portugal a criar um Centrode Formação.Através do Serviço Educativo e de Animação oMuseu procede à orientação de projectos formati-vos para professores e outros agentes educativos,assegurando desta forma a formação contínuaem diferentes áreas e domínios de intervenção.Esta actividade tem-se vindo a consolidar numapluralidade de acções que decorreram ao longodos últimos seis anos com cada vez maior visibili-dade e impacto na comunidade envolvente.Atendendo ao enorme sucesso alcançado pelaacção de formação ‘Metodologias para a Animaçãode Espaços Museológicos’, que se vem realizandodesde 1998, o Serviço Educativo criou uma estru-

tura mais sistemática, com melhor capacidadede resposta e qualidade e vocacionada especifica-mente para a comunidade escolar. Foi assim cons-tituída uma bolsa de formadores internos, afectosà instituição que se encontram acreditados peloConselho Científico-Pedagógico de FormaçãoContínua.Os formadores externos emergem de um grupoqualificado, por áreas distintas de formação, emantêm com o Museu uma relação regular querao nível formativo quer ao nível de outros projectos.Vocacionada para técnicos das autarquias da Re-gião do Norte, a edição 2003 do curso de ‘Metodo-logias para a Animação de Espaços Museológicose Culturais’ começa no dia 28 de Abril e tem aduração aproximada de dois anos, e conta com

o apoio do programa ON-Foral. Para além destecurso o Centro de Formação desenvolverá entreFevereiro e Dezembro um plano de 7 acções deformação destinadas a professores do ensinobásico, secundário e educadores de infância. Estavertente formativa tem o apoio do PRODEP III.Entre os meses de Abril e Junho terá lugar o mó-dulo de formação ‘Educação para os media’, entreAbril e Julho o módulo ‘A importância da voz naprática docente’, entre Junho e Julho, ‘Museu Es-cola e Comunidade’, entre Outubro e Novembro,‘O ensino experimental das ciências na sala deaula’ e entre Outubro e Dezembro, ‘Produção deexposições nos espaços escola e museus’.

serviços educativos jMTC.primavera2003 5

Oficinas TemáticasO Serviço Educativo do Museu dos Transportese Comunicações organizou um conjunto de OficinasTemáticas a decorrer nos meses de Maio Junhoe Julho, Outubro Novembro e Dezembro. Destavez as oficinas destinam-se não só aos mais novosmas também aos adultos. Procura-se desta formaoferecer programas culturais diversificados, enqua-drados na temática do museu, e acima de tudo,criar novas relações de convivência com outrospúblicos possibilitando-lhes assim outras expe-riências criativas.Para mais informações pode ser contactado oServiço Educativo ou visitada a página electrónicada Associação para o Museu dos Transportes eComunicações em www.amtc.pt.

...para adultosYoga

‘Entre o Corpo e a Mente’orientadora: Joana Gonçalves Pereirasegunda e quinta-feira [13h › 14h]preço: eur 20 /mês

Tango Argentino‘Tango... Uma Descoberta Apaixonante’

orientadora: Maria Soleroquarta-feira [17h30 › 19h]preço: eur 25 /mês

Cinema‘Introdução à Linguagem Audiovisual’

orientador: João Rodrigo Mattossábado [15h › 18h]preço: eur 25 /mês

Teatro‘Teatremos!’

orientadora: Adelina Carvalhoquinta-feira [17h › 19h]preço: eur 25 /mês

...crianças e jovensOficina de DJIntrodução à música e técnicasutilizadas pelos DJ’sorientadores: Pedro Mesquita + DJ Dinis(Portugeezers)sábado [16h › 19h]preço: eur 25 /mês

Cinema‘Atelier do Imaginário’orientador: João Rodrigo Mattosdomingo [15h › 18h]duração: 1 mêspreço: eur 25

Ciência‘Ciência na palma da mão’Oficina para Crianças e JovensOrientadora: Luisa Ayressábado [15h › 19h]preço: eur 20

Museu dos Transportes e Comunicaçõesassocia-se ao Museu do Carro Eléctrico

Atendendo mais uma vez ao desafio lançado peloInstituto Português de Museus, o Museu dos Trans-portes e Comunicações associa-se à celebraçãodo Dia Internacional dos Museus, que este anotem como tema Museus e Amigos.No âmbito de uma colaboração alargada entre oMuseu dos Transportes e Comunicações e o Museudo Carro Eléctrico, as duas instituições vão associar--se, já no dia 18 de Maio, para assinalar o Dia In-ternacional dos Museus em conjunto.Neste dia, os amigos do Museu vão ser os cida-dãos portadores de deficiência e os cidadãos deorigem eslava que vivem em Portugal.O programa das comemorações, preparado emconjunto pelo Museu dos Transportes e Comuni-cações e pelo Museu do Carro Eléctrico, foi deli-neado a pensar nestes grupos, por vezes excluídostambém das iniciativas culturais.

O Museu do Carro Eléctrico, que já fez o lançamen-to de um guia do Museu em braïlle dirigido aoscidadãos invisuais, vai lançar no dia 18 de Maioum novo guia em russo, dirigido à cada vez maiorcomunidade de emigrantes eslavos existente nonosso país.O Museu dos Transportes e Comunicações, dandoseguimento ao trabalho que tem desenvolvidocom cidadãos portadores de deficiências múlti-plas, convidou o grupo de teatro ‘Era uma Vez’da Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral,a apresentar a peça de teatro ‘E Nós Fizemos osDeuses’ da autoria de Mónica Cunha e represen-tada por pessoas com paralisia cerebral. Esta peçade teatro foi apresentada no programa culturalparalelo ao projecto ‘Labirinto’ que esteve patenteno edifício da Alfândega no passado mês de Março.Os dois Museus convidaram ainda um grupo demúsica eslava que vai acompanhar os participan-tes nesta festa durante toda a tarde.

18Maio Dia Internacional dos Museus

jMTC.primavera2003 associados AMTC6

O Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto(IPATIMUP) é uma Associação Privada sem Fins Lucrativos de UtilidadePublica que festejou em 1999 o seu 10o aniversário. O IPATIMUP foi fundadoem 1989 sob a égide da Universidade do Porto com a colaboração daComissão de Coordenação da Região Norte, Cruz Vermelha Portuguesa,Instituto de Genética Médica, Fundação Luso-Americana para oDesenvolvimento, Câmara Municipal do Porto e Liga Portuguesa Contrao Cancro. São associados aderentes do IPATIMUP a Faculdade de Medicina,I.P.O. – Porto, Faculdade de Ciências, Faculdade de Ciências da Nutriçãoe Alimentação, Faculdade de Medicina Dentária, Hospital S. João e ICBAS.O IPATIMUP começou por estar sediado na Faculdade de Medicina doPorto, tendo-se mudado para o novo edifício em Outubro de 1996. Oedifício custou, incluindo infrastruturas e equipamento pesado, cerca de600 mil contos (60% provenientes de Programas Comunitários e doMinistério da Ciência e da Tecnologia e 40% de doações e receitas própriasdo IPATIMUP). Actualmente o IPATIMUP prepara a ampliação das suasinstalações (custo da obra: cerca de 450 mil contos – 90% provenientesde Programas Comunitários e 10% de doações e receitas próprias).O IPATIMUP tem na Investigação Científica em geral e, sobretudo, nainvestigação de doenças humanas frequentes em Portugal, a sua principalvocação. Como corolário da actividade investigacional o IPATIMUP apostatambém fortemente na Formação (pós-graduação e educação contínua),na Divulgação Científica e na Prestação de Serviços Diagnósticos àComunidade.Actualmente trabalham no IPATIMUP entre professores universitários,investigadores e bolseiros cerca de 75 elementos, 44 dos quais doutorados.Se adicionarmos os técnicos de investigação, os técnicos administrativos,o pessoal de apoio e os estagiários somos actualmente cerca de 100 “almas”.O IPATIMUP ultrapassou já a barreira dos 200 estagiários estrangeiros, nasua maioria médicos patologistas e cientistas do Brasil, Espanha, outrosPaíses de Europa Comunitária e Moçambique. Ultrapassou também opatamar dos 30 doutoramentos em Medicina e Biologia.As áreas prioritárias de investigação do IPATIMUP continuam a ser aOncologia (cancros do estômago, tireóide, mama e linfomas/leucemias)e a Genética Populacional e Forense. Nestes dois grandes domínios osinvestigadores do IPATIMUP publicam, por ano, em revistas internacionaisindexadas, mais de 70 setenta) artigos científicos. A produção científica doIPATIMUP compara-se favoravelmente com a de instituições estrangeirasdo mesmo tipo e é imbatível, mesmo em termos internacionais, no quediz respeito à investigação em cancro do estômago e suas lesões precursoras.Os investigadores do IPATIMUP são membros dos Conselhos Editoriaisde 14 revistas científicas internacionais: Advances in Anatomic Pathology(Lippincott); Cancer Cytopathology (Wiley); Cancer Genetics and Cytogenetics(Elsevier); Current Diagnostic Pathology (Churchill Livingstone); DiagnosticCytopathology (Wiley), Endocrine Pathology (Blackwell); European Journalof Cancer Prevention (Oxford Communications), Histopathology (Blackwell),International Journal of Surgical Pathology (Churchill Livingstone); Journalof Pathology (Wiley); Pathology Research & Practice (Gustav Fischer Verlag);Patologia (Revista da Sociedade Espanhola de Anatomia Patológica);Seminars in Diagnostic Pathology (W.B. Saunders); Ultrastructural Pathology(Taylor & Francis); Virchows Archiv (Springer Verlag).

O IPATIMUP através de alguns númerosInvestigadores do IPATIMUP foram co-autores dos seguintes livrospublicados nos últimos dois anos: Comprehensive Tumour Terminologyda União Internacional contra o Cancro, Pathology & Genetics of Tumoursof the Digestive System da Organização Mundial de Saúde e da UniãoInternacional Contra o Cancro e Pathology Reporting of Human Neoplasmsda Associação dos Directores de Anatomia Patológica e Patologia Cirúrgica(EUA) e Pathology & Genetics of Endocrine Tumours da OrganizaçãoMundial Saúde e de União International Contra o Cancro (em publicação).Investigadores do IPATIMUP desempenham, actualmente, funções nasseguintes instituições internacionais: Sociedade Europeia de Patologia(Presidência), Escola Europeia de Patologia, Curso Europeu de PatologiaCelular, Associação Europeia de Prevenção do Cancro, SociedadeInternacional de Genética Forense (Coordenação de Secção), ClubesEuropeus de Patologia Gastrointestinal, Patologia Endócrina, PatologiaMolecular e Citopatologia (Presidência), Sociedade Internacional deCitopatologia, Associação dos Directores de Anatomia Patológica e PatologiaCirúrgica (EUA).No domínio da Formação o IPATIMUP protagoniza e/ou colabora noPrograma Doutoral em Áreas de Biologia Básica e Aplicada da Universidadedo Porto (Programa GABBA) e nos Mestrados em Medicina Molecular eOncologia Molecular da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.A Divulgação Científica tem continuado a sua história de sucesso: Programa

“Os Outros em Eu” no âmbito do Porto 2001, associação às exposiçõescientíficas do Museu de Transportes e Comunicações, geminação comnumerosas escolas primárias e secundárias do Grande Porto, e variadosprogramas de apoio à formação científica dos jovens (Ciência Viva naEscola, Ciência Viva em Férias).As duas Unidades de Prestação de Serviços (Anatomia Patológica/PatologiaMolecular e Genética Forense) realizam mais de 12000 exames por ano.Os patologistas e investigadores do IPATIMUP realizam ainda, anualmente,actividades de consultadoria para instituições dos seguintes países: Alemanha,Argentina, Bélgica, Brasil, EUA, Espanha, França, Grécia, Holanda, Inglaterra,Itália, Moçambique, Rússia, Suíça e Turquia, e integram o núcleo fundadordo Telepathology Consultation Center da União Internacional Contra oCancro.O IPATIMUP organiza anualmente reuniões internacionais dedicadas àGenética Populacional e Forense (Seminário intitulado Portugalia Genética,que vai na 5a edição), à Oncologia (Porto Cancer Meeting que vai na 12a

edição) e à Cultura Científica (Conferência do Equinócio que terá, a 6a

edição em 2003).O orçamento anual do IPATIMUP é de cerca de 450 mil contos quecorrespondem “grosso modo” a três partes iguais: 1/3 do Contrato-programacom o Ministério da Ciência e Ensino Superior, 1/3 a projectos de investigaçãoe protocolos e 1/3 a receitas de prestação de serviços.

Porto, Março de 2003

Professor Doutor Manuel Sobrinho Simões

(Prémio Pessoa 2003)

Brincar Com Coisas SériasCoisas tão vulgares como batatas e maçãs podemservir como ponto de partida para explicar variadosprincípios científicos junto das crianças, incenti-vando a sua curiosidade natural, lembrou CarlosFiolhais, físico e divulgador de ciência, num coló-quio realizado recentemente na Fundação Gulben-kian, integrado no ciclo Despertar para a Ciência.O investigador, que dirige o Centro de Física Com-putacional da Universidade de Coimbra, faz partede um grande coro de vozes que nos últimos anostem defendido a importância da divulgação daciência junto do grande público, aproximando oconhecimento científico da comunidade, paradesta forma despertar as consciências para aimportância da investigação científica nos diasde hoje.Estudos recentes, realizados em estados-membrosda União Europeia, os mais importantes dos quaissob a orientação e financiamento da ComissãoEuropeia, como foi o Eurobarómetro 2001 revelamque os europeus não se mostram muito interes-sados ou confiantes nos avanços científicos.Esta realidade levanta algumas questões sobre ofuturo da produção científica e sobre o que fazerpara garantir esse futuro.São questões complexas mas de extrema actuali-dade e algumas soluções poderão passar peloque se chama comunicação da ciência. Ou seja,

será que quanto mais os cientistas investirem nacomunicação com aqueles que divulgam o seu tra-balho, mais bem compreendidos serão pela restan-te sociedade? E que quanto mais a sociedade com-preender e valorizar o conhecimento científico ea comunidade que o produz, mais investirá humanae financeiramente em investigação científica?.O Museu dos Transportes e Comunicações, atentoa esta problemática incluiu um núcleo dedicadoà divulgação da ciência na exposição “Comunicaçãodo Conhecimento e da Imaginação”.Com a colaboração do Instituto de Patologia eImunologia Molecular da Universidade do Porto(IPATIMUP) , preparou um laboratório/oficina,onde o público pode experimentar, por exemplo,extrair ADN de frutos, fazendo desta forma umainiciação aos mistérios da genética. Este labora-tório tem, no seu exterior, um percurso expositivodedicado à divulgação científica onde é possívelficar a conhecer a história da imprensa científicaem Portugal e o que é que alguns dos mais presti-giados cientistas portugueses pensam sobre acomunicação da ciência.Neste número do Jornal do MTC, o Professor Dou-tor Mota Cardoso, responsável pela divulgaçãono IPATIMUP, convida os leitores para uma visitaa este laboratório.

Espantar o EspantoPrimeiro o sinal: dois pedaços de pau em cruzoblíqua e um traço vermelho neles; o sinal era enão era o mesmo que perigo; por isso comunicavaperigo. Depois um aviso: pare, escute e olhe: umapassagem de nível sem guarda.Um problema, a comunicação desse problema,a resolução desse problema.Mais tarde, a palavra, em grego pensada: pare,escute, olhe e pense. E o Homem aculturou omundo da sua experiência. E descobriu o seu in-telecto em forma, ou seja, que a sua inteligênciaera tão inteligente que até se sabia limitada e quea irracionalidade era a sombra do seu conhecimento.E por isso, espevitou a sua insaciável curiosidadena desconfiança do senso comum e das qualida-des sensíveis (e não parece mesmo que o sol andaà volta da terra!) e na humildade da precariedadedo saber. A sua cultura optou pelo valor do fazercientífico: pare, escute, olhe, pense e verifique.A divulgação dos saberes científicos degrada o

espanto em curiosidade. O ensino dos saberescientíficos pode até matar a curiosidade científica.Mas a divulgação e o ensino do pensamento cien-tífico, do pensamento em estado nascente, é ocadilho do espanto.Pare, escute, olhe, pense e verifique, aqui, noMuseu dos Transportes e Comunicações, no seumódulo de Ciência Biomédica. Aprenda a pôr aquestão certa, a procurar a solução adequada, aquestionar a solução encontrada, a descobrir naresposta a nova pergunta que ela contém, a comu-nicar com aquilo que lhe resiste: o real.E descobrirá então que o DNA não é uma moléculamais misteriosa que as outras, nem a mais impor-tante. É apenas uma molécula que armazena ainformação que os seres vivos transmitem entregerações. Então aprenda a roubar DNA de frutos.E porque não pescar proteínas para descobrir queos habitantes vivos do nosso planeta utilizam asmesmas unidades químicas para construir macro

moléculas – nucleótidos, monossacáridos e ami-noácidos – e, desta forma, ao alimentar-se unsdos outros, digerindo as macromoléculas ingeri-das, obterem unidades para construir as moléculasque resultam da expressão dos seus genomas.Não é difícil conceber máquinas de reciclagemmais extraordinárias?Espante o espanto aqui neste laboratório, criadono Museu dos Transportes e Comunicações, naexposição Comunicação do Conhecimento e daImaginação,. com a responsabilidade científicado Instituto de Patologia e Imunologia Molecularda Universidade do Porto que, para tal, contoucom a orientação do Prof. Doutor Manuel Costae o apoio do Dr. Luís Cirnes. A direcção do trabalhodo laboratório é feita pela Dra. Luísa Ayres.

Rui Mota Cardoso | Manuel Costa

comunicações jMTC.primavera2003 7

Exposições Permanentes

‘O Automóvel no Espaço e no Tempo’

A história do automóvel

e a sua relação com a sociedade

‘Comunicação do Conhecimento e da Imaginação’

Exposição interactiva sobre os modos

e os meios de comunicação

‘Visita Interpretativa ao Edifício da Alfândega’

Conheça o edifício, a sua história e os pormenores

da sua reabilitação

Oficinas Temáticas 9 Maio › 31 Julho

Yoga | Tango | Cinema | Teatro | Ciência | DJ

inscrições abertas

InformaçõesUm Museu perto de si…

Modalidades de visita

Modalidade 1

Visita acompanhada a uma das exposições.

Modalidade 2

Participação numa oficina da exposição ‘Comunicação

do Conhecimento e da Imaginação’.

Modalidade 3

Exposição ‘Automóvel no Espaço e no Tempo’ e

exposição ‘Comunicação do Conhecimento e da

Imaginação’ ou Exposição ‘Automóvel no Espaço e

no Tempo’ e uma oficina da exposição ‘Comunicação

do Conhecimento e da Imaginação’ ou duas oficinas

da ‘Comunicação do Conhecimento e da Imaginação’.

Preçário

Bilhete entrada - ¤ 3.00

Estudantes, 3a idade e cartão jovem - ¤ 1.50

Crianças até 6 anos e professores enquanto

acompanhantes de grupo - gratuito

Exposições temporárias (sem acompanhamento do

Serviço Educativo e de Animação) - gratuitas

Grupos

Modalidade 1 e 2 - ¤ 2.00

Modalidade 3 - ¤ 3.00

Programas para famílias

(fins de semana, com lanche) - ¤ 3.75

Oficinas pedagógicas na garagem do ‘Sr. Teixeira’

(fins de semana) - ¤ 4.50

Exposições temporárias com acompanhamento do

Serviço Educativo e de Animação - ¤ 2.00

Horários de Visita

Terça a Sexta: 10h › 12h00 e 14h › 18h

Sábados, Domingos e Feriados: 15h › 19h

Contactos

Museu dos Transportes e Comunicações

Edifício da Alfândega

Rua Nova da Alfândega

4050-430 Porto

Tel: 223 403 000

Fax: 223 403 098

[email protected]

www.amtc.pt

PORTO PALÁCIO HOTELO MUSEU DOS TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES RECOMENDA

jMTC.primavera2003 entrevista8

LabirintoEnfrentar BarreirasQuem o visitou diz que passou por uma experiên-cia inesquecível.A ideia partiu da Câmara Municipal do Porto e olocal escolhido para albergar o projecto foi o edi-fício da Alfândega. Entre os dias 28 de Fevereiroe 10 de Março o Labirinto contribuiu para o debatepúblico acerca da questão da mobilidade e acessibi-lidades no espaço público.A ideia é confrontar o visitante com as barreirasque os cidadãos com deficiência enfrentam quoti-dianamente.O Serviço Educativo do Museu dos Transportese Comunicações entrevistou um dos autores doprojecto, Mike Hotson.

Serviço Educativo: Antes de mais parabéns pelobelíssimo projecto pelo qual foi responsável. Gosta-ríamos de saber o que é para si o Labirinto?Mike: Para mim o conceito de Labirinto é possibi-litar a cada visitante um despertar de todos ossentidos e também um despertar da consciênciade ‘estar’ no momento, de viver o momento.Portugal é o primeiro país de língua não inglesaque participa no Projecto Labirinto, sentiram queisso trouxe algo de diferente do ponto de vista daslinguagens, do projecto? E relativamente ao traba-lho de construção do Labirinto, dos workshops?Cada cultura tem uma forma diferente de estar eentrar num espaço. Nós usamos um tradutor parafazer chegar as instruções às pessoas, mas todosos workshpos são feitos de uma forma simples.O despertar dos sentidos em cada indivíduo é fei-to sobretudo através da linguagem corporal, emvez do discurso oral. Numa cultura como a portu-guesa há uma tendência para se falar muito o quepode ser ‘enganador’ porque muitas vezes as pes-soas não sentem aquilo que dizem. Por isso temosde ser claros, simples e trabalhar o mais possívelem silêncio, para que quando as pessoas tiveremalgo a dizer, sentirem realmente aquilo que dizem.Como foi este percurso, até chegar ao Labirintocá em Portugal.Portugal é o primeiro país que tem uma agendapolítico-social onde está prevista a ideia de desen-volver trabalhos relacionados com o problema dasbarreiras com as quais os indivíduos portadoresde deficiência se confrontam. Normalmente o Labi-rinto é uma viagem espiritual para cada indiví-duodesde o nascimento até à morte. Mas este Labirintotem também uma mensagem político-social.O processo de construção do Labirinto passou,em primeiro lugar, pelo estabelecimento de con-tactos com várias Associações, o convite paraparticiparem nos três dias de workshops, e duranteesse processo os participantes contribuíram comideias para a construção do Labirinto.Essa contribuição foi feita de várias maneiras: al-gumas pessoas voltaram às Associações em quetrabalham com a comunidade e reuniram informa-ção; outro grupo de pessoas começou a construira estrutura do Labirinto, e outro foi colocandoartefactos ou ideias que preencheram os diferentesambientes do Labirinto. Cada Labirinto é absoluta-

mente único, é uma combinação de todos os gru-pos que trabalham nele, a viagem de cada indi-víduo que atravessa o Labirinto também é única.Como surgiu a ideia deste projecto? Quem é o ‘pai’?Alguns anos atrás realizou-se um projecto de pro-dução de Labirintos com um grupo de psicólogose actores de teatro que promoveram um Encontrono País de Gales, no qual esteve presente o meucolega Ewan. Eu não pude estar presente, mas 4anos depois conheci o Ewan num projecto de de-senvolvimento para a juventude no País de Gales,conversámos e surgiu uma ideia. Encontrámo-nosuma semana depois e, com outra pessoa da Agên-cia de Desenvolvimento para a Juventude quetambém tinha participado no Encontro, chegamosà ideia do Labirinto para a Comunidade.E desde então fizemos o primeiro Labirinto noPaís de Gales, o segundo também, com um grupode estudantes Galeses e Dinamarqueses, o terceirofoi na Irlanda e o quarto na Itália.Pensa que a Arte pode funcionar como uma tera-pia no sentido de contribuir para a resolução dealguns problemas sociais?Eu acho que a Arte pode ter uma forte presençadentro da terapia, dentro do entretenimento epode ser usada como ferramenta para mudar oindivíduo, as comunidades, eu acredito nela.Não lhe parece que o tempo de abertura ao públicodo Labirinto é muito curto? Não deveria ser umprojecto permanente?Era muito bom ficar aqui permanentemente. Osmeus filhos vinham para cá, eu teria de arranjaralguém para tomar conta deles e teria muito gostoem ficar.Não acho que o projecto do Labirinto vá acabar,mas é uma exposição muito exigente no que tocaao trabalho de voluntariado. Infelizmente o pro-jecto é muito dispendioso e não temos fundospara pagar às pessoas que colaboram connoscono projecto e elas também têm as suas vidas...Acho que o projecto atingiu um nível de profundi-dade imenso, que espalhou as suas sementespara a mudança aqui em Portugal e penso quehaverá um grupo que continuará a fazer projectosdiferentes ligados à arte e dessa forma o Labirintoirá continuar.E quanto ao futuro?No futuro estamos disponíveis e podemos sercontactados por quem estiver interessado emrealizar um labirinto... Esperamos fazer o Projectodo Labirinto, isto é encontrar ideias e montar oprocesso durante muitos anos. Esperamos viajarpelo mundo todo e construir muitos labirintos.Qual é a cor do Labirinto?É um arco-íris.Está a gostar do Porto?Daquilo que já vi estou a gostar muito. O que euvi principalmente foi o interior da Alfândega e doLabirinto, mas já estabeleci ligações profundascom as pessoas que conheci aqui.Assim irá compreender o sentido da palavra ‘sau-dade’?Pois vou.