jornalparaiba--garantia safra pode excluir cidades

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2 Economia SEXTA 26, OUTUBRO, 2012 210580 210266 210502 Agricultores de nove muni- cípios da Paraíba podem ficar de fora do Programa Garan- tia-Safra 2012/2013 devido à inadimplência das prefeituras que ainda não repassaram a contrapartida dos recursos de anos anteriores. Os gestores municipais têm até a próxima quarta-feira para regularizar o problema e efetuar a adesão. Só em Campina Grande 3,6 mil famílias atendidas pelo programa podem ser prejudi- cadas. Ao todo, o Garantia-Safra vai injetar R$ 76 milhões no atendimento a 100 mil famílias atingidas pela seca na Paraíba. Na manhã de ontem foi reali- zada a solenidade de assina- tura do termo de adesão para 183 municípios que estão ap- tos a participar do programa. Durante o evento, o vice- -governador Rômulo Gouveia pediu que os gestores não deixem que as pendências financeiras comprometam o atendimento aos agricultores. “Nós estamos apelando a es- ses nove municípios que estão inadimplentes para que não haja prejuízo. O Garantia-Sa- fra representa um alívio para o agricultor”, afirmou Gouveia. Cinco cidades ainda não repassaram R$ 96,1 mil re- ferentes ao Garantia-Safra 2011/2012. Na lista estão Campina Grande, Algodão de Jandaíra, Matinhas, Riacho de Santo Antônio e Passagem. Já os municípios de Diamante, Borborema, Serra Redonda e Itatuba ainda acumulam mais R$ 25,7 mil em débitos de anos anteriores. No total, o valor que falta ser passado pelos municípios é de R$ 117,4 mil. Os dados são da Secretaria Es- tadual da Agropecuária. As cotas para o atendi- mento dos agricultores foi ampliada em 10% este ano, beneficiando 100 mil famílias. No Garantia-Safra 2011/2012 esse número foi de 90 mil. “Estamos disponibilizando 10 mil cotas a mais, são 100 mil famílias que serão atendidas na Paraíba, garantindo assim que os danos às pessoas que estão sofrendo tanto com esta estiagem possam ser minimi- zados”, destacou o secretário de Agropecuária, Marenilson Batista. Os recursos cresceram 43,3%, saindo de R$ 53 mi- lhões para R$ 76 milhões na cota 2012/2013. O crescimen- to se deve não apenas à am- pliação dos beneficiários, mas também ao aumento no valor do benefício, que passará a ser de R$ 760,00 por família, repassado em seis parcelas. “São recursos para o peque- no agricultor, aquele que está mais sofrido. Com isso facilita e melhora um pouco a vida para minimizar os efeitos da estiagem”, avalia Marenilson Batista. Em Campina Grande, cer- ca de 3,7 mil famílias são aten- didas pelo Garantia-Safra. A prefeitura garantiu que não haverá prejuízo aos benefi- ciários. “O pagamento ainda não foi feito, mas ainda temos prazo pra honrar esse débito e vamos fazer a regularização. Já encaminhamos toda a docu- mentação para a Secretaria de Finanças, que está cuidando do pagamento”, explicou João de Deus Rodrigues, secretário de Agricultura do município. O QUE DIZ A FAMUP O presidente da Federação dos Municípios da Paraíba (Fa- mup), Buba Germano, orientou os prefeitos que sigam todas as normas para o credencia- mento dos agricultores bene- ficiados com o Garantia-Safra. “Orientamos os prefeitos para que façam as adesões e reco- mendamos muita cautela no cadastramento. Existe um cruzamento de informações dos beneficiários, para que uma mesma família não ve- nha a ter vários benefícios em detrimento aos prejuízos de algumas outras”, disse. A Famup também pede que as prefeituras inadimplentes regularizem a situação. “No termo de adesão os gestores já sabem que têm de fazer a sua contrapartida. O município que porventura esteja inadim- plente só tem uma maneira, regularizar as contrapartidas para poder ter acesso ao pro- grama. É um reforço financeiro aos pequenos agricultores em situação de vulnerabilidade”, afirma Buba Germano. Garantia-Safra pode excluir cidades InadimplŒncia de nove prefeituras paraibanas deve prejudicar pequenos agricultores com o benefcio. S em Campina Grande sªo 3,6 mil Agricultores do Nordeste terão nova linha de crédito VALOR DE R$ 2 BILHES Agricultores do Nordes- te e do Norte que enfren- tam problemas climáticos terão nova linha de crédito para renegociar dívidas, de acordo com decisão tomada ontem pelo Conselho Mone- tário Nacional (CMN). O vo- lume de recursos liberados pode chegar a R$ 2 bilhões. Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Paraíba, Mário Borba, existe uma inadim- plência acumulada dos produtores locais. “Estamos organizando uma comitiva para levar dois mil agricul- tores de vários estados para Brasília justamente para chamar atenção do governo. Os bancos continuam ofe- recendo crédito, mas estas pessoas estão muito endivi- dadas e não têm como pe- gar o dinheiro”, comentou. A linha de crédito rural conta com recursos dos fundos constitucionais de Financiamento do Nordes- te (FNE) e do Norte (FNO). Com essa linha, os agricul- tores dessas regiões que enfrentam problemas com chuva ou seca poderão re- negociar dívidas de custeio e investimento contratadas até 30 de dezembro de 2006, no valor até R$ 100 mil. Para ter acesso ao crédito, é pre- ciso também que os agricul- tores tenham ficado em si- tuação de inadimplência no dia 30 de junho deste ano. O limite de crédito por beneficiário será até R$ 200 mil. A taxa efetiva de juros vai de 5% ao ano para os “miniprodutores”, coope- rativas e associações e até 8,5% ao ano para os grandes produtores. Os produtores poderão contatar também com bô- nus de adimplência sobre cada parcela paga até a data do vencimento. Foi definido um percentual de 25% sobre os encargos financeiros para mutuários de municípios do Semiárido nordestino e 15% para os demais produtores. Há ainda bônus sobre o principal de cada parce- la das operações até R$ 35 mil. Nesse caso, serão 15% para os produtores do Se- miárido nordestino e 10% para os demais. O prazo de reembolso é dez anos e a formalização do contrato deve ser feita até o dia 31 de dezembro de 2013. “O objetivo é trazer a parcela da população agrí- cola de volta à adimplência e ao crédito. E ter aumento de produção na região”, dis- se o secretário adjunto de Política Agrícola do Minis- tério da Fazenda, João Pinto Rabelo. Faepa-PB diz que existe inadimplŒncia acumulada que impede novos emprØstimos Garantia-Safra pode excluir cidades

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Page 1: JornalParaiba--Garantia Safra pode excluir cidades

2 Economia SEXTA 26, OUTUBRO, 2012

210580

210266

210502

Agricultores de nove muni-cípios da Paraíba podem ficar de fora do Programa Garan-tia-Safra 2012/2013 devido à inadimplência das prefeituras que ainda não repassaram a contrapartida dos recursos de anos anteriores. Os gestores municipais têm até a próxima quarta-feira para regularizar o problema e efetuar a adesão. Só em Campina Grande 3,6 mil famílias atendidas pelo programa podem ser prejudi-cadas.

Ao todo, o Garantia-Safra vai injetar R$ 76 milhões no

atendimento a 100 mil famílias atingidas pela seca na Paraíba. Na manhã de ontem foi reali-zada a solenidade de assina-tura do termo de adesão para 183 municípios que estão ap-tos a participar do programa.

Durante o evento, o vice--governador Rômulo Gouveia pediu que os gestores não deixem que as pendências financeiras comprometam o atendimento aos agricultores. “Nós estamos apelando a es-ses nove municípios que estão inadimplentes para que não haja prejuízo. O Garantia-Sa-

fra representa um alívio para o agricultor”, afirmou Gouveia.

Cinco cidades ainda não repassaram R$ 96,1 mil re-ferentes ao Garantia-Safra 2011/2012. Na lista estão Campina Grande, Algodão de Jandaíra, Matinhas, Riacho de Santo Antônio e Passagem. Já os municípios de Diamante, Borborema, Serra Redonda e Itatuba ainda acumulam mais R$ 25,7 mil em débitos de anos anteriores. No total, o valor que falta ser passado pelos municípios é de R$ 117,4 mil. Os dados são da Secretaria Es-

tadual da Agropecuária.As cotas para o atendi-

mento dos agricultores foi ampliada em 10% este ano, beneficiando 100 mil famílias. No Garantia-Safra 2011/2012 esse número foi de 90 mil. “Estamos disponibilizando 10 mil cotas a mais, são 100 mil famílias que serão atendidas na Paraíba, garantindo assim que os danos às pessoas que estão sofrendo tanto com esta estiagem possam ser minimi-zados”, destacou o secretário de Agropecuária, Marenilson Batista.

Os recursos cresceram 43,3%, saindo de R$ 53 mi-lhões para R$ 76 milhões na cota 2012/2013. O crescimen-to se deve não apenas à am-pliação dos beneficiários, mas também ao aumento no valor do benefício, que passará a ser de R$ 760,00 por família, repassado em seis parcelas.

“São recursos para o peque-no agricultor, aquele que está mais sofrido. Com isso facilita e melhora um pouco a vida para minimizar os efeitos da estiagem”, avalia Marenilson Batista.

Em Campina Grande, cer-ca de 3,7 mil famílias são aten-didas pelo Garantia-Safra. A prefeitura garantiu que não haverá prejuízo aos benefi-ciários. “O pagamento ainda não foi feito, mas ainda temos prazo pra honrar esse débito e vamos fazer a regularização. Já encaminhamos toda a docu-mentação para a Secretaria de Finanças, que está cuidando do pagamento”, explicou João de Deus Rodrigues, secretário de Agricultura do município.

O QUE DIZ A FAMUPO presidente da Federação

dos Municípios da Paraíba (Fa-mup), Buba Germano, orientou os prefeitos que sigam todas

as normas para o credencia-mento dos agricultores bene-ficiados com o Garantia-Safra. “Orientamos os prefeitos para que façam as adesões e reco-mendamos muita cautela no cadastramento. Existe um cruzamento de informações dos beneficiários, para que uma mesma família não ve-nha a ter vários benefícios em detrimento aos prejuízos de algumas outras”, disse.

A Famup também pede que as prefeituras inadimplentes regularizem a situação. “No termo de adesão os gestores já sabem que têm de fazer a sua contrapartida. O município que porventura esteja inadim-plente só tem uma maneira, regularizar as contrapartidas para poder ter acesso ao pro-grama. É um reforço financeiro aos pequenos agricultores em situação de vulnerabilidade”, afirma Buba Germano.

Garantia-Safra pode excluir cidadesInadimplência de nove prefeituras paraibanas deve prejudicar pequenos agricultores com o benefício. Só em Campina Grande são 3,6 mil

Agricultores do Nordesteterão nova linha de crédito

VALOR DE R$ 2 BILHÕES

Agricultores do Nordes-te e do Norte que enfren-tam problemas climáticos terão nova linha de crédito para renegociar dívidas, de acordo com decisão tomada ontem pelo Conselho Mone-tário Nacional (CMN). O vo-lume de recursos liberados pode chegar a R$ 2 bilhões.

Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Paraíba, Mário Borba, existe uma inadim-plência acumulada dos produtores locais. “Estamos organizando uma comitiva para levar dois mil agricul-

tores de vários estados para Brasília justamente para chamar atenção do governo. Os bancos continuam ofe-recendo crédito, mas estas pessoas estão muito endivi-dadas e não têm como pe-gar o dinheiro”, comentou.

A linha de crédito rural conta com recursos dos fundos constitucionais de Financiamento do Nordes-te (FNE) e do Norte (FNO). Com essa linha, os agricul-tores dessas regiões que enfrentam problemas com chuva ou seca poderão re-negociar dívidas de custeio e investimento contratadas até 30 de dezembro de 2006, no valor até R$ 100 mil. Para ter acesso ao crédito, é pre-ciso também que os agricul-tores tenham ficado em si-tuação de inadimplência no dia 30 de junho deste ano.

O limite de crédito por beneficiário será até R$ 200 mil. A taxa efetiva de juros vai de 5% ao ano para os “miniprodutores”, coope-rativas e associações e até

8,5% ao ano para os grandes produtores.

Os produtores poderão contatar também com bô-nus de adimplência sobre cada parcela paga até a data do vencimento. Foi definido um percentual de 25% sobre os encargos financeiros para mutuários de municípios do Semiárido nordestino e 15% para os demais produtores.

Há ainda bônus sobre o principal de cada parce-la das operações até R$ 35 mil. Nesse caso, serão 15% para os produtores do Se-miárido nordestino e 10% para os demais. O prazo de reembolso é dez anos e a formalização do contrato deve ser feita até o dia 31 de dezembro de 2013.

“O objetivo é trazer a parcela da população agrí-cola de volta à adimplência e ao crédito. E ter aumento de produção na região”, dis-se o secretário adjunto de Política Agrícola do Minis-tério da Fazenda, João Pinto Rabelo.

Faepa-PB diz

que existe

inadimplência

acumulada que

impede novos

empréstimos

Garantia-Safra pode excluir cidades