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UNIVERSIDADE ABERTA DO SUS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE PORTO ALEGRE
JOSÉ LUIS SALVIA LABRADA
PORTFÓLIO FINAL
SÃO SEBASTIÃO DO UATUMÃ (AMAZONAS)
2017
JOSÉ LUIS SALVIA LABRADA
PORTFÓLIO FINAL
Trabalho de conclusão de Curso
apresentado à UNASUS/USFCPA,
como requisito parcial para
conclusão do Curso de
Especialização em Saúde da
Família sob orientação do professor
Dr. Fabio Franchi Quagliato, médico
de família e comunidade.
SÃO SEBASTIÃO DO UATUMÃ-AM
2017
SUMÁRIO
1- INTRODUÇÃO..........................................................................................4
2- ESTUDO DE CASO CLÍNICO..................................................................6
3- PROMOÇÃO DA SAÚDE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS....................9
4- VISITA DOMICILIAR/ATIVIDADE NO DOMICÍLIO................................13
5- REFLEXÃO CONCLUSIVA ....................................................................17
6- REFERÊNCIAS .......................................................................................20
7- ANEXO 1- PROJETO DE INTERVENÇÃO (PI).........................................
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1. INTRODUÇÃO
Meu nome é José Luis Salvia Labrada, sou natural do estado Las Tunas, Cuba.
Local onde cursei todos os meus estudos de Educação Básica e a Universidade.
Formei-me como médico no Instituto Superior de Ciências Médicas Dr. Zoilo Enrique
Marinello Vidaurreta de Las Tunas em julho do ano 1997. Iniciei minha vida profissional
no município Manatí, Las Tunas, como médico de família e comunidade, onde
trabalhei durante 3 anos. No ano 2000 me desloquei para o Hospital Geral Docente do
estado, Dr. Ernesto Guevara de la Serna para começar a Residência de Medicina
Interna. Trabalhei nesse hospital até dezembro do ano 2005, data na qual mudei para
o Policlínico Aquiles Espinosa Salgado da mesma cidade, onde fiz a Residência de
Medicina Geral Integral e onde ainda trabalhava antes de viajar para o Brasil.
Em julho de 2016 cheguei ao Brasil, onde fui incorporado ao Programa Mais
Médicos para o Brasil (PMMB), fui lotado na Unidade Básica de Saúde Maria de
Lourdes Martins no Município São Sebastião do Uatumã, estado Amazonas. Segundo
os dados fornecidos pelo Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) de
dezembro de 2016 abrange um total de 2445 usuários, onde moram famílias com baixo
nível socioeconómico embora residam na cede municipal, a principal atividade
econômica é a pesca já que a cidade está quase toda cercada pelo rio Uatumã. A
cidade tem muito pouca infraestrutura, com baixa assistência sanitária, alimentação
típica de zonas subdesenvolvidas, assim como educação em geral que acaba por ser
também um entrave para a localidade, motivo pelo qual muitos adolescentes
abandonam seus estudos para trabalhar, nos casos dos homens, e as mulheres pela
gravidez precoce. A maioria dos atendimentos na UBS são relacionados a Doenças
Crônicas não Transmissíveis como Hipertensão Arterial, Diabetes Mellitus, seguido
por infecções respiratórias, lesões cutâneas e Atenção Pré-natal. O município conta
com 3 escolas públicas, um estádio de futebol e várias igrejas, entre elas 1 católica, 3
evangélicas e 2 adventistas, além de Testemunhas de Jeová.
O meu Projeto de Intervenção na UBS foi sobre a Gravidez na Adolescência já
que constitui um importante problema de saúde. O mesmo tem como objetivo
conhecer o grau de conhecimento dos adolescentes sobre essa temática e
5
desenvolver ações educativas encaminhadas a educa-los sobre os riscos da Gravidez
na Adolescência e sobre uma sexualidade certa e segura para todos. Esse Projeto vai
constar nos anexos deste trabalho.
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2. ESTUDO DE CASO CLÍNICO
Em nosso cotidiano e no ambiente da Unidade Básica de Saúde nos deparamos
com situações de saúde de vários tipos e daí o acompanhamento dos pacientes vai
além da parte orgânica, ou seja, só como o ser biológico, a equipe de saúde da família
se faz determinante na resolução e acompanhamento de problemas psicossociais
gerados na Atenção Primária de Saúde (APS), os atendimentos por desordem
psíquicas tem se mostrado cada vez mais frequentes na APS dentre eles a Depressão
Pós Parto (DPP) merece um cuidado especial tendo presente que o acompanhamento
das grávidas estende-se até o período pós parto e é uma responsabilidade conjunta
da equipe de saúde toda, incluindo a equipe do NASF e ainda mais quando trata-se
de adolescentes.
Segundo os autores Moura; Fernandes e Apolinário (2011) a DPP “é uma
síndrome psiquiátrica importante capaz de acarretar uma serie de consequências
negativas na interação mãe/filho. Tendo uma natureza multifatorial, corroborando para
seu surgimento uma resposta orgânica, pela modificação rápida dos hormônios após
o parto, e comportamental, visto que para algumas mulheres a dinâmica pessoal é
extremamente modificada, seja pela idealização não atingida de seu novo filho, seja
pelas mudanças sofridas com a própria família, entre vários outros que acompanham
essa nova mãe (Moraes, 2001).
Tomando em consideração a importância deste tema na APS foi escolhido um
caso que demostra essa realidade sofrida por muitos pacientes. Nossa paciente de
pseudônimo Adelene, 15 anos, sexo feminino, parda, acompanhada, dona de casa,
evangélica, natural e procedente do município São Sebastião do Uatumã interior do
estado Amazonas. Foi solicitado consulta através de agendamento prévio pela Agente
Comunitária de Saúde já que os familiares dela pediram para que o médico desse uma
olhadinha na Adelene, falou o marido, seu João de 33 anos.
Na primeira consulta, a qual ocorreu em janeiro deste ano, a Adelene mostrou-
se ansiosa e um pouco negativa ao adentra-se no meu consultório, fiz minha
apresentação, pois não havia acompanhado ela nas consultas de pré-natal, perguntei
qual era o motivo da consulta e ela olhando para seu esposo disse que era por que o
esposo esteve se queixando de que ela estava muito triste e não queria se cuidar da
criança a bebê de nome Mara.
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Perguntei como tinha sido o parto e ela respondeu muito rápido que foi normal,
mas muito difícil e doloroso e que esse seria seu primeiro e único filho, perguntei como
tinha sido após o parto, a Adelene disse que se sentiu muito insegura, que tinha muita
tristeza e sentia que não tinha capacidade de criar a filha e que não estava muito
contente com o nascimento da filha, mesmo sendo uma benção, chegou a se isolar
por alguns dias, nos quais chorava muito sem motivos, não tinha energia nem vontade
em fazer quase nada, e que todo isso começou depois que teve o bebe.
No decorrer da entrevista outros pontos foram abordados, porem considerei
importante quando a paciente falou que sua mãe dona Claudia dos Santos, 45 anos,
lhe falou que isso era normal por que ela também tinha ficado assim quando teve seu
último filho seu irmão Raul de 8 anos, falou também que seu Pai Roberto 49 anos tinha
falecido há um ano num acidente pescando e que ainda sentia muito sua falta. Com
esses dados a paciente segundo a Associação Psiquiátrica Americana apresenta
várias características que se enquadram nos critérios diagnósticos da DPP, dentro dos
quais devem haver pelo menos cinco dos seguintes sintomas: uma grande tristeza de
natureza prolongada, baixa autoestima, crise de choro, fadiga, desmotivação,
ansiedade, distúrbios do sono e/ou do apetite, irritabilidade, sensação de incapacidade
para cuidar do filho ou desinteresse por ele, lapsos de memória e ideias obsessivas
ou supervalorizadas de suicídio.
Mediante isso, o diagnóstico da DPP acaba por representar também uma
possibilidade da realização de intervenções multidisciplinares logo que surgem os
sintomas, melhorando o quadro da paciente (Coutinho; Saraiva, 2008). O
acompanhamento adequado e de perto desses pacientes é extremamente importante
tanto para a remissão dos sintomas quanto para o bem-estar da família seja mantido.
Neste caso observa-se um exemplo muito claro das influências negativas da gravidez
na adolescência e após o parto.
8
Abaixo consta o genograma deste caso:
2009
Raul
8
1967 - 2016
Roberto
49
1972
Claudia
45
2002
Adelene
15
1984
João
33
2017
Mara
8m
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3. PROMOÇÃO DA SAÚDE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS
Na minha UBS onde eu atuo (Maria de Lourdes Martins), realizamos atividades
de promoção e prevenção à saúde com objetivo de melhorar a qualidade de vida da
população e diminuir a vulnerabilidade dos riscos à saúde dos usuários da Atenção
Básica. Desta forma nossa equipe trabalha de forma organizada fazendo
atendimentos de pré-natal, puericultura e Saúde Mental, dentre outros. Atualmente
nossa área de abrangência tem apresentado um número elevado de novas gestantes,
principalmente adolescentes, o que acarreta um incremento de recém-nascidos e
crianças, crescendo a demanda por consultas de pré-natal e puericultura. Daí que
atualmente nossa atenção está focada principalmente no Planejamento Familiar e
tentamos dar cobertura total à Atenção pré-natal e à puericultura.
De acordo com Ministério da Saúde o número total das gestações, pelo menos
a metade não é gravidez planejada. Entretanto, em algumas ocasiões, o não
planejamento se deve à falta de orientação ou de oportunidades para a aquisição de
um método anticoncepcional. Isso ocorre com frequência com as adolescentes.
(BRASIL, 2012).
O Ministério da Saúde segue como definição de adolescência a prescrita pela
Organização Mundial da Saúde (OMS), que caracteriza o período de 10 e 19 anos e
compreende como juventude a população dos 15 a 24 anos (BRASIL, 2010). O
Estatuto da Juventude (Lei nº 12.852, de 5 de agosto de 2013) define juventudes a
partir de faixas etárias. Dos 15 a 17 anos são adolescentes-jovens; dos 18 a 24 anos
de jovens-jovens e entre os 25 a 29 anos são denominados jovens-adultos. Portanto,
nessas definições há uma interseção entre a metade da adolescência e os primeiros
anos da juventude. Essa população, entre 10 a 24 anos, representa um contingente
expressivo de mais de 50 milhões pessoas no Brasil (IBGE, 2010)
Assim, a população adolescente e jovem vive uma condição social que é única:
uma mesma geração, num mesmo momento social, econômico, político e cultural do
seu país e do mundo. Ou seja, a modalidade de ser adolescente e jovem depende da
idade, da geração, da moratória vital, da classe social e dos marcos institucionais e de
gênero presentes em dado contexto histórico e cultural (MARGULIS; URRESTI, 1996;
ABRAMO, 2005 apud BRASIL, 2017).
Nesse sentido, a atenção integral à saúde dos adolescentes e jovens
apresenta-se como um desafio, por tratar-se de um grupo social em fase de grandes
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e importantes transformações psicobiológicas articuladas a um envolvimento social e
ao redimensionamento da sua identidade e dos novos papéis sociais que vão
assumindo (AYRES; FRANÇA JÚNIOR, 1996 citado por BRASIL, 2017)).
Além disso, os universos plurais e múltiplos que representam adolescentes e
jovens intervêm diretamente no modo como eles traçam as suas trajetórias de vida.
Essas trajetórias bem-sucedidas ou fracassadas são mais que histórias de vida, são
“reflexo das estruturas e dos processos sociais” que ocorrem de maneira imprevisível,
vulnerável e incerta e que vão interferindo no cuidado com a vida e com a suas
demandas de saúde (LEÓN, 2005 apud BRASIL, 2017).
Dessa forma, a gravidez na adolescência é um problema extremamente
relevante uma vez que vem aumentando sua incidência e apresenta uma série de
repercussões como o abandono escolar e maior taxa de complicações da gestante
(YAZLLE,2006 apud DOMINGOS, 2010). Ainda segundo Yazlle (2006) a gravidez na
adolescência é um problema de saúde pública importante, é comum e na maioria das
vezes inevitável; está diretamente associada a sequelas negativas para as
adolescentes que se tornam grávidas e para seus filhos.
Comparados com filhos de mulheres não adolescentes, os filhos de
adolescentes têm maior índice de baixo peso ao nascimento, mortalidade infantil
aumentada, pior desenvolvimento cognitivo e se mulher, tem risco maior probabilidade
de ficar grávida na adolescência. Assim, a gravidez nesta fase da vida representa uma
das principais causas de morte de mulheres entre 15 e 19 anos, seja por complicações
na própria gravidez ou pela prática clandestina de aborto (SOUZA,2001 citado por
DOMINGOS, 2010).
Na atualidade, vê-se os relacionamentos sexuais começando cada vez mais
cedo, impulsionados pela imposição social que leva crianças a adolescerem
precocemente e de forma semelhante, leva os adolescentes a rapidamente
ingressarem na vida adulta, mesmo não estando preparados psicologicamente
(DOMINGOS, 2010).
Em 2011, por exemplo, no Brasil, tivemos 2.913.160 nascimentos; destes,
533.103 de meninas de 15 a 19 anos, e 27.785 de meninas de 10 a 14 anos,
representando 18% e 0,9%, respectivamente, de adolescentes grávidas nesta faixa
etária. Apesar de os números indicarem uma diminuição de nascidos vivos nessa faixa
etária nos últimos 10 anos, as percentagens ainda são extremamente preocupantes,
com particular atenção para menores de 15 anos (IFAN, 2013/14).
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Ainda sobre a problemática sobre gravidez na adolescência Guanabens et al
(2012) esclarecer que:
“É fato que a associação entre conhecimento de métodos
contraceptivos e prática do sexo seguro é frágil, levando à
gravidez na adolescência e ao contágio de doenças sexualmente
transmissíveis. Mesmo em queda, a incidência de grávidas
adolescentes no Brasil é considerada elevada, correspondendo
a 21,6% do total de grávidas em 2006. O acesso às políticas de
prevenção e orientação sobre saúde sexual tem sido
considerado de grande importância na redução do número de
partos feitos em adolescentes na rede pública brasileira, que
diminuiu em 30,6% nos últimos dez anos. Um dos aspectos
agravantes dessa questão é que a gravidez na adolescência é
mais frequente nos estratos de renda mais baixa e, para muitas
jovens, engravidar é uma escolha tomada como um meio de
inserção social. É notável, ainda, a relação existente entre
gravidez e abandono escolar, pois se estima que 57,8% das
meninas brasileiras com filhos não estudam nem trabalham (Pg.
2)”
Nesse sentido, fica evidente que mães cada vez mais novas se apresentam
como um problema de atenção pública devido as suas dimensões no que se refere as
consequências de tal situação, como por exemplo abandono escolar, números de
abortos e, até mesmo óbitos dessas pacientes adolescentes.
Quanto à evolução da gestação, existem referências a maior incidência de
anemia materna, doença hipertensiva específica da gravidez, desproporção céfalo-
pélvica, infecção urinária, prematuridade, placenta prévia, baixo peso ao nascer,
sofrimento fetal agudo intra-parto, complicações no parto (lesões no canal de parto e
hemorragias) e puerpério (endometrite, infecções, deiscência de incisões, dificuldade
para amamentar, entre outros), (YAZLLE, 2006; HERCOWITCH, 2002; FORESTI,
2000 apud DOMIGOS, 2010).
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No que concerne ao número de óbitos, em 2002, foram registrados segundo o
Ministério da Saúde, no DATASUS,1.650 óbitos de mulheres por causas relacionadas
à gravidez, ao parto e ao puerpério. Destas mulheres, 268 (16%) tinham entre 10 e 19
anos e 687 (42%), entre 20 e 29 anos. Portanto, mais da metade dos óbitos maternos
registrados pelo DATASUS atingem a população mais jovem (58%). Este dado pode
estar relacionado à precariedade na assistência ao pré-natal e, no caso deste
segmento populacional, à ausência de atenção específica a adolescentes e jovens
gestantes (BRASIL,2004).
Assim, a gravidez na adolescência representa um dos principais riscos de
mortalidade de mãe e de criança. Portanto, a redução no índice de gravidez em
adolescentes deve ser prioridade nos países que desejam atingir os objetivos de
desenvolvimento do milênio. As meninas grávidas precisam de atendimento físico e
psicológico especial durante os nove meses de gestação, para preservar sua própria
saúde e a de seus bebês.
Na nossa UBS tendo em conta essa problemática de saúde fazemos atividades
de promoção e prevenção de saúde tais como palestras educativas nas escolas,
através do programa de saúde na escola (PSE), nas casas enquanto as visitas
domiciliares, na própria UBS na sala de espera e postamos materiais didáticos no
quadro informativo da UBS e em outros locais onde vão muitas pessoas como nos
mercados, Prefeitura Municipal e Secretária de Saúde, dentre outros. Além disso
criamos um grupo de adolescentes onde se discutem questões relacionadas à
gravidez na adolescência, riscos para a saúde materna e do feto, assim como os
principais métodos anticoncepcionais e a importância de seu uso para prevenir tanto
a gravidez quanto as infeções de transmissão sexual. Ademais temos bem identificado
o risco pré-concepcional e trabalhamos sistematicamente com ele. Para realizar nosso
trabalho contamos com o apoio do Conselho Tutelar e da Assistência Social que
funcionam em nosso município.
13
4. VISITA DOMICILIAR/ ATIVIDADE NO DOMICÍLIO
Enfrentamos desafios diários na atenção primária em saúde (APS), sendo ela
a ¨porta de entrada¨ para os serviços de saúde pública seu rol de abordagens é muito
grande e requer planejamento e efetividade das equipes tantos para os atendimentos
a nível de unidade básica de saúde (UBS) quanto para os atendimentos domiciliares,
os quais requerem maior cuidado e atenção da equipe multiprofissional. A estratégia
saúde da família (ESF), vinculada a UBS Saúde Maria de Lourdes Martins no
Município São Sebastião do Uatumã, estado Amazonas, a qual tem um funcionamento
voltado para a saúde coletiva com o intuído de melhorar o processo saúde doença da
área, atender a demanda é tentar solucionar as problemáticas vigentes na comunidade
e das pessoas de outras localidades principalmente zona rural que também são
atendidas por nossa equipe.
Assim sendo, nossa atuação tenta ser a mais abrangente possível, atender os
doentes que são impossibilitados de se locomoverem até a UBS acaba por ser uma
rotina nos nossos trabalhas, constando com um dia da semana destinado a essa
modalidade de atendimento. Contamos com uma equipe multiprofissional para o
desenvolvimento desse trabalho, dentre eles um médico, uma enfermeira, um técnico
em enfermagem e um agente comunitário de saúde (ACS). Nosso corpo técnico conta
com a colaboração da própria comunidade a qual nos acolhe com muito respeito, além
disso é fundamental essa boa interação, nos possibilitando mapear de forma
estratégica as situações de maior vulnerabilidade social, física, econômica, ou seja,
em todas as esferas, e através desse conhecimento podemos traçar estratégias para
o enfrentamento dessas problemáticas.
Isso, acaba por implica de forma positiva no processo saúde doença, haja vista
que ao entrar no território coberto podemos verificar outras questões, tais como
condições de moradia, saneamento básico, condições socioculturais e a partir de
então poder ter uma convivência além de um consultório. Temos na figura do ACS um
membro tanto da equipe, quanto da comunidade, fator que nos ajuda muito a ganhar
a confiança dos moradores, além do mais a assistência a nível domiciliar proporciona
comodidade e conforto para os atendidos, tendo em vista que levar os serviços a quem
não tem condições de ir a UBS é um direito do cidadão, porém como dever da equipe
torna-se uma prática prazeroso, pois na maioria das residências somos muito bem
acolhidos. A ESF veio inovar a forma de se fazer saúde no seio da comunidade, a sua
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implantação trouxe uma nova forma de atender as necessidades da comunidade,
contemplando todas as famílias adstritas de forma singular, digna e harmoniosa.
Assim, podemos perceber que a visita domiciliar modifica tanto a rotina da
comunidade como a dinâmica de trabalho da própria unidade de saúde. além da
questão organizacional as mudanças atingem de forma única os profissionais, pois
a partir do momento que eles adentram em um lar, o paciente interage de forma
diferente, tem o suporte familiar que modifica de forma positiva a relação paciente
e equipe de saúde, em se tratando do médico em si, melhora exponencialmente a
relação médico paciente, ocasião que o plano terapêutico ganha resultados muito
bons, com uma parceria solida entre o médico e o paciente, refletindo no
prognóstico do paciente, além, é claro, de reforçar a imagem do médico como
participante da terapêutica
Dessa forma, a ida da equipe até a residência do paciente tem o intuito de
prestar um serviço assistencialista, embasado na prevenção de agravos, tratar
doenças , proporcionar conforto, evitar sofrimento , dentre vários outros pontos,
focando a atenção no bem estar do paciente lhe proporcionando dignidade e
qualidade de vida. Esses trabalhos são de suma importância e tem uma
repercussão significativa na nova forma de atuação dos serviços públicos de saúde,
implicando de forma social política e econômica em relação ao Estado.
Ademais, a APS volta-se para o indivíduo embasada no modelo biopsicossocial,
pois dessa forma consegue abranger suas necessidades como um todo, não apenas
como um conjunto de órgão a serem cuidados. Essa visão implica entender as
necessidades dos pacientes e buscar solucionar seus conflitos sejam eles orgânicos
psíquicos ou sociais. Para isso o atendimento domiciliar e multidimensional atendendo
os pacientes psiquiátricos, vitimados de acidentes com amputação de membro ou com
perca de função, diabéticos, hipertensos, idosos, ou seja, todos que estejam
incapacitados de se locomoverem tanto de forma passageira, quando definitivamente.
Para exemplificar essa atuação foi escolhido um caso que se enquadra nos nossos
atendimentos na APS a nível domiciliar.
Paciente M.L.C. femenino,36 anos, casada, dona de casa, parda, católica,
natural e procedente do Bairro São Francisco, município São Sebastião do
Uatumã, tem um marido de 44 anos, seu Robson. O tem um filho, Jonatas de 10
anos.
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Segue o caso: a consulta foi pré-agendada pelo ACS, chegamos a casa e
fomos convidados a entrar, feita as apresentações começamos a consulta, no
decorrer à senhora falou dos aspectos econômicos da família, disse que seu marido
era carregador e que por ter um trabalho pesado era muito estressado, relatou que
as vezes era um pouco violento com ela e com o filho, e que sempre chegava em
casa alcoolizado. Disse que após a morte de uma irmã ele, a um ano, ele começou
a beber todos os dias e que isso prejudicava ele no trabalho e na relação com a
família. Identificamos que se tratava de uma situação muito delicada, que a família
estava desestruturada e que o sofrimento era compartilhado por todos os
membros. Resolvemos agendar um outro horário no qual seu esposo pudesse
estar presente, perguntamos se ela estava de acordo e ela prontamente disse o
dia e a hora, verificamos na agenda e marcamos a nova visita.
No dia marcado voltamos a residência, fomos convidados a adentrar,
assenhora foi muito receptiva, porém seu esposo parecia não estar muito
confortável com a visita da equipe, ele perguntou do que se tratava e nós
explicamos , ele mostrou-se um pouco resistente, no entanto transcorridos alguns
minutos ele já estava interagindo com a equipe, iniciou-se um diálogo voltado para
a problemática familiar, direcionando para o esposo, exploramos os pontos citados
como críticos pela esposa, e começamos uma anamnese bem detalhada, com o
intuito de mapear a situação , exploramos bem o uso do álcool, ocasião que
percebemos que a bebida era utilizada como válvula de escape, porem acabava
por repercutir de forma muito negativa na vida conjugal e familiar.
No transcorrer da entrevista, vários pontos foram pontuados como
importantes, principalmente os pontos de implicação social e individual do uso
abusivo de álcool. Em seguida fizemos um breve exame físico, no qual tivemos
algumas alterações tais como um pequeno comprometimento motor, acompanhado
de uma anemia leve, muito provavelmente oriundos do uso frequente do álcool.
Percebemos que o paciente estava refém da substancia e que isso não era
controlável por ele, orientamos que poderíamos ajuda-lo, porem necessitávamos da
ajuda dele e da família, ele disse que queria sim a ajuda, que queria voltar a ser o
pai e marido que era antes. Mediante a situação resolvemos referencia-los para
serem acompanhados pelo Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS
AD), o qual consta com uma equipe especializada de médicos psiquiatras,
psicólogos, assistente social e vários outros profissionais que dão um suporte
16
terapêutico adequado nessas situações. Ao finalizar a conversa com
orientações e conselhos o casal se mostrou seguro do que tinham que fazer.
Podemos perceber, com isso, que os problemas enfrentados na visita
domiciliar vão além de morbidades propriamente ditas, vários tipos de situações são
enfrentados pela comunidade, o abuso de drogas um dos pontos que chamam
atenção e devem ser encarados como um problema de saúde pública. Além disso,
estar em loco é muito relevante no acompanhamento e prognóstico, pois nos
possibilita averiguar se os planos terapêuticos estão dando certo, se necessita
retirar ou implementar alguma terapia, respeitando a individualidade de cada caso.
Isso tudo faz da ESF uma ferramenta funcional na APS e melhora significativamente
a saúde da comunidade.
Referencias
Ministério da Saúde (BR). Portaria nº 336-02, de 19 de fevereiro de 2012. Dispõe sobre
a definição e estabelecimento de diretrizes para o funcionamento dos Centros de
Atenção Psicossocial. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2012.
Ministério da Saúde (BR). Reforma psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil.
Documento apresentado à Conferência Regional de Reforma dos Serviços de Saúde
mental: 15 anos depois de Caracas. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2005.
17
5. REFLEXÂO CONCLUSIVA
Bem, minha visão geral sobre o curso de especialização é de que sem
dúvidas foi um subsidio para meu crescimento pessoal, pois me fez ter uma visão
mais ampla da saúde no território brasileiro. Além disso, a versatilidade dos temas
abordados me ajudou a incorporar os conhecimentos pessoais ao que a atenção
primária em saúde se propõe a fazer. Nossa experiência em cuba é um pouco
diferente da que temos no brasil, no entanto, vários temas do meu cotidiano
puderam ser relembrados ou enfatizados com mais clareza, o curso pode me dar
esse subsidio de buscar melhorar meus próprios conhecimentos.
Além do mais, acabou por ser uma base de consolidação na aquisição de
novos saberes, muito disso proporcionado pelos casos complexos, os quais
focaram na APS e tiveram múltiplas abordagens. Essas de forma interativa e
dinâmica vieram ser complementadas pelos fóruns, os quais proporcionaram um
ambiente de interação com os colegas, dividindo experiências e sanando dúvidas,
o que veio como uma ferramenta de suporte para nossa atuação.
Ademais, esse intercâmbio de ideias e pensamentos, nos possibilitou ter uma
troca de saberes que foram além da plataforma, englobaram o dia a dia na APS.
Outro ponto foi que as abordagens ao paciente foram modificadas, tendo em vista
que o curso foi muito pautado nessa visão holística, podendo ser posta em prática
no atendimento, melhorando de forma exponencial a relação médico paciente, e em
se tratando da parte técnica, os conhecimentos adquiridos foram posto na prática
clínica melhorando os serviços prestados de uma forma geral.
Percebeu-se a partir de então que a própria relação médico paciente foi
melhorada, diminuindo a distância entre as parte, o que tem como reflexo uma boa
adesão aos planos terapêuticos implementados, por exemplo. Mesmo com a
dificuldade da língua, os pacientes quando se sentem bem acolhidos e atendidos,
respondem de forma satisfatória as condutas sugeridas e essa aproximação nos
possibilita entender melhor as dificuldades sentidas pela população, ajudando de
forma mais dinâmica aos que fazem parte desse processo.
Além disso, nossa atuação na APS que engloba temas multidimensionais
desde doenças crônicas até situações de vulnerabilidade econômica, social,
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psicológicas, dentre várias outras situações, pode se apoiar nos materiais do curso,
melhorando a troca de saberes, o que veio acrescentar de forma inovadora uma
nova forma de fazer a prática clínica, com raciocínios mais dinâmicos e visão mais
humanizada, evitando desperdício de recursos e possibilitando um bom
aproveitamento dos materiais disponíveis. Isso além de onerar menos os cofres
públicos, propicia um melhor uso dos recursos, visto que a APS é a linha de frente
dos serviços de saúde pública e um bom gerenciamento de recursos é fundamental.
Assim, atualizar os profissionais só melhora a forma de organizar e gerir os recursos
da APS.
Pessoalmente, os ganhos foram impares, o leque de conhecimentos
adquiridos no transcorrer do curso serve de subsídios para minha prática diária. A
própria integração com a equipe de saúde melhorou, trocas de saberes em prol dos
pacientes vieram como uma ferramenta de suporte na resolução de muitos casos,
além de incitar a educação continuada através da troca de saberes com outros
colegas que estavam fazendo o curso de especialização, proporcionando
autorreflexão e uma busca constante por fazer atendimentos cada vez melhores.
De um modo geral os assuntos foram muito bem abordados, as temáticas
bem elaboradas, os casos clínicos voltados para nossa realidade só viram
consolidar o conhecimento adquirido. O ganho social sem sombra de dúvida é
enorme e isso é sentido nessa nova forma de conduzir nossos pacientes com
pensamentos coesos e sempre com a preocupação de fazer o melhor por eles, lhes
proporcionando dignidade e bem-estar.
Portanto, o curso proporcionou aos profissionais envolvidos melhorar sua
atuação, fazendo acontecer um processo de saúde doença responsável e dinâmico,
fazendo com que o médico e a comunidade andem em conjunto, tratando o ser com
um olhar biopsicossocial, lhes permitindo ter o poder de decisão sobre as melhores
condutas terapêuticas, e agregando valor a essa parceria, melhorando de forma
individual e em grupo a saúde da população. Jamais vou esquecer essa etapa tão
importante na minha vida profissional e pessoal.
Referências
Hughes SL, Weaver FM, Hurder AG, et al. Effectiveness of team-managed home-
based primary care: a randomized multicenter trial. JAMA 2000; 284(22):2877-85.
19
Noro LRA, Torquato SM. Visita domiciliar: estratégia de aproximação à realidade
social? Trab Educ Saúde 2015; 13(1):145-57.
20
6. REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Lei n.º 8.069, de 13 de julho de 1990. Estatuto da criança
e do adolescente. Diário Oficial da União. Brasília, 16 jul. 1990.1356p
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretária de Assistência à Saúde. DATASUS. Sistema
de Informações Hospitalares. Brasília, 2004.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de
Ações programáticas e Estratégicas. Marco teórico e referencial: saúde sexual e saúde
reprodutiva de adolescentes e jovens. Brasília,2006.56p
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações
Programáticas e Estratégicas. Proteger e cuidar da saúde de adolescentes na atenção
básica [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde,
Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. – Brasília: Ministério da Saúde,
2017.
DOMINGOS, A.C. Gravidez na adolescência: enfrentamento na estratégia de
saúde da família. Uberaba, 2010. 39f. Monografia (Especialização em Atenção
Básica em Saúde da Família). Universidade Federal de Minas Gerais, Uberaba- MG,
2010
21
Anexo 1: Projeto de intervenção
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE PORTO ALEGRE
(UFCSPA)
UNIVERSIDADE ABERTA DO SUS(UNA-SUS)
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE DA FAMÍLIA.
DR. JOSÉ LUIS SALVIA LABRADA
PROJETO DE INTERVENÇÃO PARA PREVENÇÃO DA GRAVIDEZ NA
ADOLESCÊNCIA NO MUNICÍPIO SÃO SEBASTIÃO DO UATUMÃ, ESTADO
AMAZONAS.
SÃO SEBASTIÃO DO UATUMÃ-AMAZONAS.
2017
22
INTRODUÇÃO:
Adolescentes são os adultos de amanhã e constituem uma parte substancial da
população. Ignorar suas necessidades não só é difícil mas insensato e injusta. É difícil
porque o número passe os adolescentes é tão grande; imprudente, porque o que lhes
acontece afeta toda a humanidade, tanto agora como no futuro; e injusto, porque
adolescentes são membros da família humana e não devem ser privados dos direitos
de outros membros desfrutar (Coelho EAC, Andrade MLS, Vitoriano LVT, Souza JJ,
Silva DO, Gusmão MEN, et al).
Sobre o que a define como: fase que se realiza durante a segunda década da vida de
seres humanos, ou seja, entre 10 e 19 anos de idade, há uma diferença entre a sua
fase inicial (10-14 anos) e tarde (15-19 anos) (Fundo das Nações Unidas para a
Infância; 2011)
A adolescência é o tempo deles contradições do que absoluta, da intransigência para
os jovens; Dentre as contradições primeiras a criança manter mente em corpo de
mulher. É uma das fases mais belas da vida que deixa de ser uma criança se tornar
adulta, executando uma série de anatomofisiologicos e alterações psicossociais.
Definições de conduta que irão reger a vida adulta ocorrem na adolescência (Londres:
The Save the Children Fund; 2012).
A adolescência é um período de mudanças acontecendo rapidamente, afetando o
campo social, cultural, psicológico, anatômico e fisiológico. É um momento na vida do
ser humano que obtém destaque, às vezes em uma maneira muito notável, a
importância de fatores sociais e biológicos, embora talvez exagere o autor posou a
adolescência como um novo nascimento, não fora completamente da realidade, uma
vez que está no palco, quando interesses sociais aparecem e floreio nunca antes
experimentado sentimentos, o que junto as alterações fisiológicas fazer evidente uma
transformação significativa neste tema que gradualmente deixa de ser uma criança.
Adolescência tende a ser a idade deles, contradições e equívocos, é onde faz possível
a descoberta de um mesmo, os outros e do alargamento do horizonte indivíduo.
Desenvolvimento e maturidade destas características psicossociais movem, em
adolescentes, em idades mais avançadas da vida, ao contrário da precoce maturidade
23
biológica prevalecentes nesta fase. Tudo isso juntamente com desinformação e falta
de educação na ordem sexual, permite que adolescentes são criados para conceber,
então considera-se este período como importante risco reprodutivo saúde grupo, que
poderia dar origem a uma maternidade e paternidade precoce (Oliveira EFV, Gama
SGN, Silva CMFP. 2010).
A gravidez na adolescência tornou-se nos últimos tempos um grande problema da
Saúde Pública, pois apresenta sérias implicações de ordem biológica, familiar e
econômica que atinge o indivíduo isoladamente e a sociedade como um todo,
limitando ou adiando projetos de vida. É um dos desfechos de uma prática sexual cada
vez mais precoce e sem prevenção. Na maioria das vezes essas gravidezes ocorrem
de forma não planejadas e indesejadas.
Faz-se necessário reduzir os altos índices de gravidez na adolescência, uma vez que
este tema assume grande relevância social, pois sabe-se que o sistema reprodutor da
adolescente não está totalmente amadurecido pode ocorrer maior incidência de
doenças hipertensivas, partos prematuros, ruptura antecipada da bolsa e desnutrição
da mãe e filho, entre outras agravantes. Considerando os riscos à saúde das
adolescentes essas estão sujeitas a complicações relacionadas à gravidez e ao parto
e possuem maior probabilidade de serem vítimas de morte materna quando
comparadas às mulheres adultas.
Na atuação profissional na Unidade de Saúde da Família foi possível perceber que a
gravidez na adolescência no município São Sebastião do Uatumã também é um
grande problema de saúde que envolve vários fatores físicos, psicológicos e
econômicos, afetando consideravelmente adolescentes com classe social inferior e de
zona rural e comunidades ribeirinhas.
Assim sendo, faz-se necessário utilizar a Unidade de Saúde e o próprio espaço escolar
para pleitear ações e estratégias para promover maior conscientização dos
adolescentes, com vistas, à redução do número de gravidez nesta etapa de vida para
garantir que cada menina tenha o direito de viver plenamente sua adolescência e
desenvolver todo o seu potencial.
24
OBJETIVOS:
Objetivo geral:
- Desenvolver ações e estratégias dirigido a reduzir a gravidez na adolescência no
município São Sebastião do Uatumã.
Objetivos específicos:
- Promover o conhecimento dos riscos e repercussões de uma gestação na saúde e
na vida das(os) adolescentes no município São Sebastião do Uatumã.
- Avaliar antes e depois da realização do projeto o nível do conhecimentos das
adolescentes em estudo.
- Sensibilizar as adolescentes da Unidade da Saúde da Família do município quanto
à importância de prevenir a gravidez nessa fase de vida.
- Capacitar os profissionais da Equipe de Saúde da Família para que todos ajudem na
prevenção da gravidez na adolescência.
25
REVISÃO DE LITERATURA:
Segundo a Organização Mundial da Saúde, a adolescência é o período de transição
entre a infância e a idade adulta: inicia-se aos 10 e termina aos 19 anos de idade.
(World Health Organization; 1986). No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA) estabelece para a adolescência outra faixa etária: dos 12 aos 18 anos
(Ministério da Saúde; 2008. 96 p). Essa transição é marcada pelo desenvolvimento
biológico, do início da puberdade à maturidade sexual e reprodutiva, pelo
desenvolvimento psicológico dos padrões cognitivos e emocionais da infância para
idade adulta e pela mudança do estado de uma infância com dependência
socioeconômica para uma situação de relativa independência.
A adolescência, entendida como o período entre a infância e a fase adulta, caracteriza-
se por um complexo processo de crescimento e desenvolvimento de cunho biológico,
psíquico e social, em que ocorrem mudanças de aspectos físicos, emocionais e
sociais, relacionadas à consecução da capacidade reprodutiva e início da vida sexual.
(Coelho EAC, Andrade MLS, Vitoriano LVT, Souza JJ, Silva DO, Gusmão MEN, et al.
2012, 25(3):415-22; Molina RC, Roca CG, Zamorano JS, Araya EG. 2010 Apr;
24(2):209-22).
A iniciação sexual tem sido cada vez mais precoce em inúmeros países, embora
ocorram diferenças culturais importantes na prática. No Brasil, segundo Pantoja, a
primeira experiência sexual para as meninas ocorre entre 12 e 15 anos e para os
meninos entre 11 e 13 anos (Pantoja ALN. Cadernos de Saúde Pública. 2003). A
gravidez precoce é uma das consequências negativas da iniciação sexual entre
adolescentes. No caso da gravidez levada a termo, consequências adversas podem
ser esperadas para ambos, criança e mãe (Pantoja ALN. Cadernos de Saúde Pública.
2003, 19 Supl 2:S335-343; Gontijo DT, Medeiros M. Cadernos de Saúde Pública.
2008; 24(2):469-472).
No Brasil, a gravidez na adolescência e suas complicações são importantes causas
de mortalidade entre mães de 10 a 19 anos de idade. Estudos na área indicam que as
complicações obstétricas decorrem principalmente da imaturidade biológica e do
desenvolvimento incompleto da ossatura da pelve do útero. Para filhos dessas mães,
a probabilidade de nascerem com baixo peso e serem prematuros aumenta,
respectivamente, os riscos de mortalidade infantil e perinatal. (Fundo das Nações
26
Unidas para a Infância. Adolescência: uma fase de oportunidades, 2011; Oliveira EFV,
Gama SGN, Silva CMFP. Cadernos de Saúde Pública. 2010 mar; 26(3):567-78).
Por sua relevância para a Saúde Pública, a gravidez na adolescência tem sido objeto
de vários estudos epidemiológicos e um dos principais fatores relacionados ao
fenômeno é a questão socioeconômica das jovens mães. (The Save the Children
Fund, 2012; United Nations Population Fund. State of world population. New York,
2010; Heilborn ML, Salem T, Rohden F, Brandão E, Knauth D, Victora C, et al. 2002
jun; 8(17):13-45.). As significativas disparidades existentes, com desvantagens entre
as mulheres mais pobres, com menor escolaridade e que vivem em áreas rurais,
podem ser observadas tanto no âmbito regional como nacional.
A importância do desenvolvimento econômico torna-se mais evidente quando os
dados referentes aos países são agrupados de acordo com seus respectivos índices
de desenvolvimento econômico. A ocorrência de gravidez entre adolescentes é mais
elevada nos países menos desenvolvidos, que apresentaram, em 2010, uma média
de 103 nascimentos para cada 1000 mulheres na faixa etária entre 15 e 19 anos -
média cinco vezes mais alta que a média observada nas regiões mais desenvolvidas,
de 21 nascimentos em cada 1000 mulheres na mesma faixa etária. (United Nations
Population Fund. State of world population. New York; 2010).
No Brasil, as trajetórias dos jovens de diferentes classes sociais reúnem
características bastante distintas: enquanto nos estratos sociais mais elevados, a
permanência na casa dos pais acontece por um período mais prolongado - o que
favorece uma maior escolarização -, nas classes mais pobres, a juventude tende a ser
mais breve, com a interrupção precoce dos estudos para inclusão do adolescente no
mercado de trabalho. As adolescentes das classes populares que engravidam já têm
uma carreira escolar bastante irregular, a qual não é resultado de uma relação direta
com a ocorrência da maternidade. (Heilborn ML, Salem T, Rohden F, Brandão E,
Knauth D, Victora C, et al. 2002 jun; 8(17):13-45).
Estudos demográficos evidenciam importantes transformações na fecundidade, no
Brasil. O número de filhos por mulher teve declínio ininterrupto desde a década de
1940, com redução de 6,2 para pouco mais de 2 filhos/mulher no início do século XXI.
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2010).
Essa queda, entretanto, mostrou comportamento anômalo no que se refere às
adolescentes, que revelaram declínio bem mais lento no grupo de 15 a 19 anos e
ascensão, ainda que leve, no de 10 a 14 anos de idade. (Simões CCS. São Paulo: A.
27
Factor; 2006). Uma possível explicação para essa situação é a de que a atividade
sexual está se iniciando cada vez mais cedo (Guimarães, 2008; Vitalle MSS, 2001) e,
nesse sentido, os dados oficiais mostram que, do total de nascidos vivos no país, cerca
de 20% são filhos de mães adolescentes. (Maranhão AGK, Vasconcelos AMN, Moura
EC, Cortez-Escalante JJ, Reyes-Lecca R; 2012. p. 13-27; Laurenti R, Mello Jorge
MHP; 2011). O mesmo acontece com os nascidos mortos, grupo no qual a proporção
de mães entre 10 e 19 anos de idade equivale a 16%.
Ao lado de aspectos da área da Saúde, a gestação em adolescentes também causa
impacto relevante na área social, fazendo com que muitas delas adiem sua frequência
à escola, quando não abandonam os estudos, além de um retardo de sua entrada no
mercado de trabalho (Aquino EML, Heilborn ML, Knaut D, Bozon M, Almeida MC,
Araujo J, et al, 2003).
Outro problema decorrente da iniciação sexual precoce é a disseminação de doenças
sexualmente transmitidas, entre elas o HIV/aids [vírus da imunodeficiência humana
(HIV)/síndrome da imunodeficiência adquirida (aids). Os adolescentes são uma
população vulnerável às infecções pelo HIV, sendo que 25,0% de todos novos
infectados no mundo são menores de 21 anos (World Health Organization, 2008;
Centers for Disease Control and Prevention,2003, 2004; 53(SS-2):1-96) e a incidência
e prevalência de DST (Doença Sexualmente Transmissível) em aumentado, mesmo
entre adolescentes.
Torna-se importante a implantação e o fortalecimento de programas junto aos
escolares que realizem orientações quanto à gravidez precoce, e prevenção de
DST/aids e sexualidade, visando minimizar vulnerabilidades.
28
METODOLOGIA:
Um estudo piloto realizado em adolescentes grávidas de unidade básica de saúde
Maria de Lourdes Martins o município São Sebastião do Uatumã, estado do
Amazonas. No período entre Janeiro - maio de 2017. Aplica-se a que uma estratégia
educacional para elevar o nível de conhecimento sobre os riscos e complicações que
traz a gravidez nesta idade. Os dados necessários para realizar o estudo retira um
cofeccionado para esta finalidade e questionário de história médica obstétrica em
mulheres grávidas.
A estratégia de educação será avaliada através de uma pesquisa realizada antes e
após a implementação do mesmo. Como variável independente enmarcaremos a
estratégia educacional e como variável dependente de níveis de conhecimento que
têm adolescentes grávidas sobre os riscos e complicações da gravidez nesta idade.
O processamento de informações será feito manualmente, o método de percentual é
utilizado para a comprovação dos inquéritos. 10 perguntas na concepção dos
inquéritos serão usadas para avaliar o conhecimento de adolescentes grávidas, sobre
os riscos e complicações da gravidez nesta idade, cada questão terá um valor de 10
pontos, e a escala de valores será a seguinte:
- 60 pontos ou menos: mau conhecimento.
- 61-79 pontos: conhecimento regular.
- 80-89 pontos: bom conhecimento.
- 90-100 pontos: excelente conhecimento.
29
CRONOGRAMA:
Procedimento Jan Fev Març Abril Maio
Diagnóstico da situação de saúde e
apresentação do projeto à equipe de saúde.
X
Busca de informações e revisão da
literatura relacionada ao assunto.
X
Visitas e aplicação de instrumentos,
entrevistas e verificação das grávidas do
estudo.
X
X
Revisão geral da informação obtida.
X
A análise estadística dos resultados obtidos.
X
Avaliação do projeto pela equipe de saúde e
elaboração do relatório final.
X
30
RECURSOS NECESSÁRIOS:
RECURSOS HUMANOS:
Equipe de saúde da família composta por 6 Agentes Comunitários, 1 Técnica de
Enfermagem, 1 Enfermeira, 1 Dentista, 1 Técnico de Saúde Bucal, 1 Nutricionista, 1
Assistente Social, 1 Psicóloga e 1 Médico.
RECURSOS MATERIAIS:
- Folhas brancas A4.
- Canetas.
- Computador portátil.
- Impressora.
- Caderneta das grávidas.
- Prontuário das grávidas.
- Caderno de Atenção Básica de Pré-natal.
31
RESULTADOS ESPERADOS:
Com o pressente estudo na UBS Maria de Lourdes Martins do Município São
Sebastião do Uatumã, estado Amazonas, espera-se conhecer a situação real da
Gravidez na Adolescência em nossa área de abrangência. Os conhecimentos das
grávidas adolescentes sobre os métodos anticoncepcionais, seu uso e sua
importância. O conhecimento sobre os riscos e as complicações para a saúde tanto
da adolescente grávida quanto o bebê. Esperamos determinar o estado nutricional das
adolescentes grávidas ao início da gravidez e a ganancia durante a gravidez toda.
Determinar também os principais antecedentes obstétricos e as doenças mais
frequentes que acontecem após do parto.
Além disso esperamos vincular a equipe toda neste problema de saúde para fazer
uma avaliação integral e multidisciplinar das adolescentes grávidas para que não
continue sendo um assunto exclusivo do médico e a enfermeira, e assim que a equipe
toda ajude a oferecer educação para a saúde e trabalhar sem descanso até lograr
diminuir o índice de gravidez na adolescência em nossa área e nosso município em
geral.
32
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
- Aquino EML, Heilborn ML, Knaut D, Bozon M, Almeida MC, Araujo J, et al.
Adolescência e reprodução no Brasil: a heterogeneidade dos perfis sociais. Cad Saúde
Pública. 2003 jan; 19 (suppl. 2):s377-88.
- Coelho EAC, Andrade MLS, Vitoriano LVT, Souza JJ, Silva DO, Gusmão MEN, et al.
Associação entre gravidez não planejada e o contexto socioeconômico de mulheres
em área da Estratégia Saúde da Família, Acta Paul Enferm. 2012;25(3):415-22.
-Fundo das Nações Unidas para a Infância. Situação mundial da infância 2011.
Adolescência: uma fase de oportunidades; 2011. (Caderno Brasil) [Internet]. [citado
2013 set 11]. Disponível
em: http://www.unicef.org/brazil/pt/br_cadernoBR_SOWCR11(3).pdf
- Gontijo DT, Medeiros M. Tava morta e revivi: significado de maternidade para
adolescentes com experiência de vida nas ruas. Cadernos de Saúde Pública. 2008;
24(2):469-472.
- Guimarães E. Gravidez na adolescência. In: Saito MI, Silva LEV, Leal MM.
Adolescência: prevenção e risco. 2. ed. São Paulo: Atheneu; 2008.
- Heilborn ML, Salem T, Rohden F, Brandão E, Knauth D, Victora C, et al.
Aproximações socioantropológicas sobre a gravidez na adolescência. Horiz Antropol.
2002 jun;8(17):13-45.
- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Síntese de indicadores sociais: uma
análise das condições de vida da população brasileira. (Estudos e Pesquisas-
Informação Demográfica e socioeconômica; 26) [Internet]. 2009 [citado 2010 jun 17].
Disponível
em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresmi
nimos/sinteseindicsociais2009/indic_sociais2009.pdf.
- Laurenti R, Mello Jorge MHP. Adolescentes aspectos globais de sua saúde com
ênfase nos problemas ligados à gravidez: relatório final apresentado à Organização
Pan-Americana da Saúde: carta acordo (OPS-BR/CNT/1101180.001). São Paulo;
2011.
33
- Maranhão AGK, Vasconcelos AMN, Moura EC, Cortez-Escalante JJ, Reyes-Lecca
R. Como nascem os brasileiros: características epidemiológicas e sociodemográficas
dos nascimentos no Brasil de 2000 a 2010. In: Ministério da Saúde (BR). Secretaria
de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Saúde Brasil
2011. Brasília: Ministério da Saúde; 2012. p. 13-27.
- Molina RC, Roca CG, Zamorano JS, Araya EG. Family planning and adolescent
pregnancy. Best Pract Res Clin Obstet Gynaecol. 2010 Apr;24(2):209-22.
- Oliveira EFV, Gama SGN, Silva CMFP. Gravidez na adolescência e outros fatores
de risco para mortalidade fetal e infantil no Município do Rio de Janeiro, Brasil. Cad
Saúde Pública. 2010 mar; 26(3):567-78.
-Pantoja ALN. Ser alguém na vida: uma análise sócio-antropológica da
gravidez/maternidade na adolescência, em Belém do Pará, Brasil. Cadernos de Saúde
Pública. 2003; 19 Supl 2:S335-343.
- Simões CCS. A transição da fecundidade no Brasil: análise de seus determinantes e
as novas questões demográficas. São Paulo: Arbeit Factory; Brasília: UNFPA; 2006.
- The Save the Children Fund. Every woman's right: how family planning saves
children's lives. Londres: The Save the Children Fund; 2012.
- United Nations Population Fund. State of world population. New York; 2010.
- Vitalle MSS. Adolescência e outros fatores de risco (nível econômico, cuidado pré-
natal e tabagismo) como determinantes da prematuridade e baixo peso [tese]. São
Paulo (SP): Escola Paulista de Medicina. Universidade Federal do Estado de São
Paulo; 2001.
- World Health Organization. Young people's health: a challenge for society. Geneve:
World Health Organization; 1986.
34
ANEXO:
ENCUESTA:
1. Dados gerais:
- Idade
- Nível cultural
- Trabalha
. Sim
. Não
- Acompanhamento
. Com parceiro
. Sem parceiro
2. Dados específicos:
- Métodos anticoncepcionais que tem utilizado
- Antecedentes obstétricos:
. Sim
. Não
3. Estado nutricional da grávida na captação
. Desnutrida
. Normopeso
. Sobrepeso
. Obesa
4. Ganancia de peso durante a gravidez
. Adequada
. Insuficiente
. Exagerada
5. Morbilidade materna durante a gravidez:
. Sim
. Não
6. Forma de terminar a gravidez:
. Aborto
. Parto pré-termo
. Parto a termo
. Parto pós-termo
35
7. Complicações no puerpério:
. Sim
. Não
8. Complicações do Recém Nascido:
. Sim
. Não