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JOSÉ VICTOR PITTER DE LIMA FONSECA
ANÁLISE DE FUNDAÇÃO EM ESTACA HELICOIDAL EM
SOLO REFORÇADO COM GEOSSINTÉTICO
NATAL-RN
2016
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
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José Victor Pitter de Lima Fonseca
Análise de fundação em estaca helicoidal em solo reforçado com geossintético
Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade
Artigo Científico, submetido ao Departamento de
Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte como parte dos requisitos
necessários para obtenção do Título de Bacharel em
Engenharia Civil.
Orientador: Prof. Dr. Fagner Alexandre Nunes de
França.
Natal-RN
2016
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Catalogação da Publicação na Fonte
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Sistema de Bibliotecas Biblioteca Central Zila Mamede / Setor de
Informação e Referência
Fonseca, José Victor Pitter de Lima.
Análise de fundação em estaca helicoidal em solo reforçado com geossintético / José Victor Pitter de Lima
Fonseca. - 2016.
13 f. : il.
Artigo científico (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Tecnologia,
Departamento de Engenharia Civil. Natal, RN, 2016.
Orientador: Prof. Dr. Fagner Alexandre Nunes de França.
1. Engenharia Civil - TCC. 2. Estacas helicoidais – TCC. 3. Geossintéticos - TCC. I. França, Fagner Alexandre
Nunes de. II. Título.
RN/UF/BCZM CDU 624
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José Victor Pitter de Lima Fonseca
Análise de fundação em estaca helicoidal em solo reforçado com geossintético
Trabalho de conclusão de curso na modalidade
Artigo Científico, submetido ao Departamento de
Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte como parte dos requisitos
necessários para obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Civil.
Aprovado em 23/11/2016:
___________________________________________________
Prof. Dr. Fagner Alexandre Nunes de França – Orientador
___________________________________________________
Prof. Dr. Leonardo Flamarion Marques Chaves – Examinador interno
___________________________________________________
Eng. André Augusto Nóbrega Dantas – Examinador externo
Natal-RN
2016
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DEDICATÓRIA
" A mente que se abre a uma nova ideia
jamais voltará ao seu tamanho original”
Albert Einstein.
Aos meus pais, Manoel e Floraci.
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AGRADECIMENTOS
A Deus, por ser uma fortaleza e luz em minha vida. Dando-me força, saúde, alegria e
esperança para nunca desistir diante dos desafios e dificuldades. Sempre me apoiando na
realização dos meus sonhos.
Aos meus pais, Manoel Fonseca Filho e Floraci Galvão de L. Fonseca, por todo amor,
dedicação e esforço realizado diariamente para que eu pudesse atingir meus objetivos. Minhas
realizações são graças a eles.
À Gabriela Rodrigues, Maria Vanessa, Cintia Tiutse e Lorena Fonseca, pelo apoio
incondicional e companheirismo no enfrentamento dos momentos difíceis da caminhada.
Ao meu orientador, Fagner Alexandre de Nunes França, por todo ensinamento
transmitido, paciência, orientação e pela relação de amizade, na qual está sempre disposto à
ajudar.
Aos meus amigos de curso, os quais sempre estiveram presentes na caminhada,
compartilhando momentos bons e difíceis também.
A todos os meus professores e servidores do DEC, sempre dispostos a ajudar da melhor
forma possível, sanando as minhas dúvidas e visando meu crescimento pessoal e profissional.
E a todos que fizeram parte da minha formação, o meu muito obrigado.
Deus, agradeço por me guiar e ser minha fortaleza.
José Victor Pitter de Lima Fonseca
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RESUMO
ANÁLISE DE FUNDAÇÃO EM ESTACA HELICOIDAL EM SOLO REFORÇADO
COM GEOSSINTÉTICO
Autor: José Victor Pitter de Lima Fonseca¹
Orientação: Fágner Alexandre Nunes de França²
Departamento de Engenharia Civil – UFRN
Natal, Novembro de 2016.
O sistema de fundação em estacas helicoidais consiste em estruturas metálicas inseridas
no solo por meio de rotação ao longo do seu eixo longitudinal, com desempenho satisfatório
quando solicitadas à compressão, assim como à tração. Este tipo de fundação é bastante
utilizada em linhas de transmissão, torres telefônicas, ou qualquer outra estrutura que solicite
à fundação o esforço de tração. Todavia, existem situações que limitam o comprimento da
ancoragem, ocorrências do solo local com baixa capacidade de suporte, seria necessário atingir
elevadas profundidades para uma ancoragem satisfatória, como também, na presença de
matacões os quais limitariam o comprimento de ancoragem, ambas situações tornariam a
execução difícil e bastante onerosa. Diante do exposto, a presente pesquisa buscou avaliar a
capacidade de carga desse tipo de fundação em um solo arenoso com a utilização de um reforço
geossintético do tipo geogrelha, comparando um ensaio de prova de carga à tração sem a
utilização do reforço e, em seguida, com o reforço. Foi utilizado um protótipo desenvolvido
por Chaves (2016) em escala reduzida (1:3) na condição rasa, simulando as situações citadas
acima.
Palavras-chave: estacas helicoidais, prova de carga, geossintético.
________________________
¹ Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Discente.
² Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Docente, Dr.
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RESUMO
ANALYSIS OF HELICAL PILES FOUNDATION IN SOIL WITH GEOSYNTHETICS
REINFORCEMENT
Author: José Victor Pitter de Lima Fonseca³
Advisor: Fágner Alexandre Nunes de França4
Departament of Civil Engineering – UFRN
Natal, November of 2016.
The helical piles foundation system consist of metal structures inserted into the soil by
rotation along its longitudinal axis, with satisfactory performance when working under
compressive and tensile loads. This type of foundation is widely used in transmission lines,
telephone towers, or any other structure to request the foundation to draw effort. However,
there are situations that limit the length of the anchorage, occurrences of the local soil with low
bearing capacity, it would be necessary to reach high depths for a satisfactory anchorage, as
well as in the presence of boulder which would limit the length of anchorage, both situations
would difficult and quite costly. Considering the above, the present research sought to evaluate
the load capacity of this type of foundation in a sandy soil with the use of a geogrid type
geosynthetic reinforcement, comparing a load test to the traction without the use of
reinforcement and then, with the reinforcement. A reduced physical model developed by
Chaves (2016) on a reduced scale (1:3) was used in the shallow condition, simulating the
situations mentioned above.
Key-words: helical piles, tensile load test, geosynthetic.
________________________
³ Federal University of Rio Grande do Norte; Student. 4 Federal University of Rio Grande do Norte; Professor, Dr.
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 01
2. REVISÃO DA LITERATURA 01
2.1 ESTACA HELICOIDAL 01
2.2 GEOSSINTÉTICO 03
2.3 ANCORAGENS EM SOLOS REFORÇADOS COM GEOSSINTÉTICO 03
2.4 MÉTODOS DE PREVISÃO DE CAPACIDADE DE CARGA 04
2.4.1 MÉTODO DA NBR 6122/2010 04
2.4.2 MÉTODO DE DAVISON (1972) 04
3. METODOLOGIA: MATERIAIS E MÉTODOS 05
3.1 CAIXA DE ENSAIO 05
3.2 PROTÓTIPO DA ESTACA HELICOIDAL 05
3.3 SOLO 06
3.4 REFORÇO 06
3.5 ENSAIOS 07
3.5.1 ENSAIO SEM REFORÇO 08
3.5.2 ENSAIO COM REFORÇO 08
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 09
5. CONCLUSÕES 11
6. REFERÊNCIAS 12
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1 INTRODUÇÃO
As estacas helicoidais são fundações do tipo metálicas que possuem hélices dispostas
ao longo do seu fuste, sendo inseridas no solo através de rotação do seu eixo longitudinal
(Tsuha, 2007). Possuem excelente desempenho tanto à compressão, quanto à tração, por isso é
largamente utilizada em situações onde a fundação trabalha à tração.
Entretanto, em situações onde o solo não seja favorável, como, por exemplo, na presença
de matacões, seria inviável atingir a profundidade da hélice, ou em solos com baixa resistência,
nos quais a estaca precisaria atingir grandes profundidades para atender as exigências do
projeto, haveria uma insuficiência na capacidade de carga e limitação da profundidade
necessária (Santos, 2013). Diante destes empecilhos mencionados, a pesquisa busca solucionar
essas limitações com a utilização da técnica de reforço de solo com geossintético, aumentando
a capacidade de carga do sistema de fundação e evitando grandes comprimentos de estacas ou
técnicas de melhoramento de solo mais onerosas.
Alguns experimentos já foram realizados com modelos reduzidos, Krishnaswamy e
Parashar (1994), Moghaddas (2014) e Ghosh (2010), objetivando avaliar a influência da
utilização de um reforço geossintético em um sistema de fundação submetido ao ensaio de
capacidade de carga à tração.
Deste modo, o estudo baseia-se em analisar a influência do reforço de geossintético na
capacidade de carga e nas deformações do sistema de fundação (estacas helicoidais/solo)
simulando uma condição de ancoragem rasa, realizando o ensaio de prova de carga ao
arrancamento de um protótipo de estaca helicoidal inserida em uma caixa metálica preenchida
com solo arenoso local, realizados no laboratório de Mecânica dos Solos no Centro de
Tecnologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
2 REVISÃO DE LITERATURA
Neste item, define-se e exemplifica os elementos utilizados na pesquisa, bem como,
menciona-se pesquisas já realizadas sobre o tema.
2.1 Estaca helicoidal
As estacas helicoidais são compostas basicamente por hélices fixadas ao longo do fuste
metálico da estaca, sendo inserida no solo por rotação. As estacas helicoidais são instaladas de
modo a não ultrapassar o torque máximo de resistência estrutural da estaca recomendada pelo
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fabricante (Tsuha, 2007). O número de hélices, espessuras, diâmetros e profundidades são
variáveis determinadas de acordo com cada situação de capacidade de carga e o tipo de solo
(Santos, 2013). A execução consiste em aplicar um torque na estaca utilizando um motor a trado
em máquinas adaptadas para esse fim. A medida em que a estaca é cravada no solo, são
emendados novos tubos até que se atinja a resistência de projeto.
De modo geral, a ancoragem helicoidal pode se dá de duas formas: condição rasa ou
profunda, sendo definidas a partir do comportamento da superfície de ruptura que ocorrerá
acima da superfície do topo da estaca. O solo também pode sofre dois tipos de rupturas: ruptura
geral cilíndrica ou ruptura localizada nas hélices, sendo a ruptura determinada pelo
espaçamento relativo entre as hélices da estaca. A superfície de ruptura depende basicamente
do confinamento que se encontra e da magnitude dos esforços atuantes.
O manual técnico da (A.B. Chance Co. ,2014) recomenda que o embutimento da hélice
do topo não deve ultrapassar cinco vezes o diâmetro da hélice (H < 5 Ø hélice) para atender
uma condição de ancoragem rasa em solos arenosos.
A Figura 1(a) mostra resultados obtidos em ensaios de prova de carga para uma
ancoragem com hélice de 50mm de diâmetro, em diferentes profundidades em solo com peso
específico e ângulo de atrito previamente obtidos (Ghaly et al, 1991). Obtêm-se uma relação
entre o aumento da resistência à tração com o aumento da profundidade de assentamento da
estaca no solo. Enquanto a Figura 1(b) relaciona resultados teóricos de resistência a uma mesma
profundidade, mas desta vez variando apenas o ângulo de atrito do solo. Observa-se um
aumento acentuado da resistência à tração com o aumento do ângulo de atrito, além disso, uma
boa convergência entre os resultados téoricos e experimentais.
Figura 1- Resultados experimentais relacionando carga, deslocamento e ângulo de atrito.
Fonte: ( adaptado de Ghaly et al, 1991)
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2.2 Geossintético
O geossintético utilizado na pesquisa é do tipo geogrelha tem como objetivo principal
reforçar o solo através de um material sintético de origem industrial, objetivando elevar sua
resistência a esforços solicitantes e diminuindo as deformações. Os geossintéticos vêm
ganhando destaque devido inúmeras vantagens, tais como confiabilidade técnica, prazos
reduzidos de execução e custos competitivos de mercado.
As geogrelhas são produtos estruturados de elementos resistentes à tração, em forma de
grelhas, cuja função predominante é reforçar o solo, aonde as aberturas permitem a passagem
de solo, interagindo com o meio que estão confinadas. (NBR 12.553/2003).
2.3 Ancoragens em solos reforçados com geossintético
Krishnaswamy e Parashar (1994) dedicaram-se a avaliar solos reforçados com
geossintéticos, obtiveram o melhor posicionamento e o tipo de reforço para um sistema
eficiente, em que o caso “C” ofereceu a melhor eficiência na capacidade de carga (Figura 2).
Outro estudo analisando a eficiência de um reforço geossintético em um modelo de ancoragem
foi feito por Gosh (2010), com embutimento de 1,5 (H/D=1,5), realizando o primeiro ensaio
sem reforço, um segundo ensaio com uma camada de reforço e um terceiro com duas camadas
de reforço. Concluiu-se que houve um aumento de resistência com uma camada de reforço e
não houve um aumento significativo com duas camadas de reforço em relação ao de apenas
uma camada, representado na Figura 3.
Figura 2 - Eficiência do reforço na capacidade de carga
Fonte: ( adaptado de Krishnaswamy e Parashar, 1994).
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Figura 3 - Comparação de ensaios com e sem reforço.
Fonte: ( adaptado de Gosh, 2010).
2.4 Métodos de previsão de capacidade de carga
Os métodos utilizados nesta pesquisa foi o da NBR 6122/2010 e o de Davison (1972), sendo
este um dos métodos mais indicados para estacas helicoidais nos Estados Unidos (Perko, 2009).
2.4.1 Método da NBR: A extrapolação da curva é dado pela equação (1):
∆𝑟 =𝐷
30+
𝑃𝑥𝐿
𝐴𝑥𝐸
2.4.2 Método de Davison (1972): A determinação da carga última é dada pela equação (2):
𝜌 =𝐷𝑚𝑒𝑑
10+
𝑃𝑥𝐿
𝐴𝑥𝐸
Onde: 𝐷 ou 𝐷𝑚𝑒𝑑 é o diâmetro médio entre as hélices; 𝑃 é a carga de ruptura convencional, 𝐿 é o
comprimento da estaca, 𝐴 é a área da seção transversal e 𝐸 é o módulo de elasticidade do material da
estaca.
Figura 4 – Diferença entre os métodos da NBR 6122/2010 e Davison (1972)
Fonte: ( adaptado de Perko, 2009)
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3 MATERIAIS E MÉTODOS
Neste item, descreve-se os materiais empregados. Foi seguida a metodologia de ensaio
desenvolvida por Chaves (2016). A análise foi direcionada na comparação de provas de carga
à tração com e sem a utilização do reforço geossintético.
3.1 Caixa de ensaio
A Figura 5 ilustra a caixa metálica do laboratório de Mecânica dos Solos da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte de dimensões internas 1,4mx1,4mx0,8m e uma
viga de reação com elevada rigidez em seção I metálica.
Figura 5 - Ilustração tridimensional da caixa metálica
Fonte: ( adaptado de Chaves, 2016).
3.2 Protótipo da estaca helicoidal
O protótipo utilizado foi desenvolvido por Chaves (2016), com 1 metro de comprimento
e com três hélices ao longo do fuste, com respectivamente: 101,6mm (4”), 84,7mm (3,3”) e
67,7mm (2,7”). A escolha geométrica seguiu a orientação de Perko (2009) e A.B Chance Co.
(2014), para que ocorra a superfície de ruptura rasa é necessário que a hélice do topo esteja
situada em uma cota inferior a cinco vezes o seu diâmetro. A Figura 7 também representa o
comportamento teórico da superfície de ruptura dentro dos limites da caixa metálica. O
protótipo foi locado no fundo da caixa.
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Figura 7 - Protótipo da estaca helicoidal e comportamento teórico
Fonte: ( adaptado de Chaves, 2016).
3.3 Solo
O solo empregado foi o mesmo solo utilizado no trabalho de Chaves (2016). A Figura
6 apresenta a curva granulométrica do solo, uma areia mal graduada ou SP, segundo o Sistema
Unificado de Classificação dos Solos, além disso, lista demais parâmetros do solo.
Figura 6 - Curva granulométrica e caracterização do solo
Fonte: ( adaptado de Chaves, 2016).
3.4 Reforço
Utilizou-se como reforço uma geogrelha do tipo biaxial flexível, bastante utilizada em
reforço de base e sub-base de pavimentos, composta por filamentos de polipropileno (PP) de
alta tenacidade e baixa fluência, o que possibilita aplicação de cargas com baixa
deformabilidade. A Figura 8 lista as especificações técnicas segundo o fabricante.
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Figura 8 - Especificações técnicas da geogrelha
Fonte: ( adaptado de Chaves, 2016)
3.5 Ensaios
Foram realizados dois ensaios completos, um sem reforço e outro com reforço. O
procedimento de ensaio empregado foi o mesmo utilizado por Charles (2016), diferenciando
que nesta pesquisa, o ensaio com reforço teve o emprego de um material granular do tipo brita
granítica 19mm com 5cm de espessura da camada acima da última hélice, em seguida,
envelopada com a geogrelha, com objetivo de aumentar a interação solo-geogrelha e aumentar
a eficiência do sistema.
A estaca foi locada e a caixa preenchida com solo, respeitando uma camada de 10cm e
compactando de acordo com Chaves (2016). Ao término do preenchimento da caixa, foram
colocados os instrumentos para medir a carga atuante e os deslocamentos, sendo utilizado
relógios comparadores para medir os deslocamentos e para monitorar a carga foi o Spider 8 da
HBM através do software Catman 4.5 da HBM.
Foram realizadas provas de carga de tração do tipo rápida, iniciando com carregamento
de 15kgf durante 15 minutos, coletando as leituras com 30 segundos, 1 minuto, 2 minutos, 4
minutos, 8 minutos e 15 minutos. No instante que o carregamento chegou à 90kgf, foi realizado
um descarregamento com o decréscimo de 30kgf, coletando as leituras nos mesmos instantes
do carregamento.
Em seguida, o carregamento foi realizado com acréscimos de 30kgf por ciclo, chegando
à carga de ruptura. A Figura 9 mostra os vários equipamentos utilizados.
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Figura 9 - Equipamentos de coleta de dados
Fonte: (Autor)
3.5.1 Ensaio sem reforço
Na Figura 10 a), a caixa foi preenchida apenas com o solo compactado a cada 10cm de
altura, sem reforço ou material granular. Após o preenchimento completo e a colocação dos
instrumentos, foi realizado o ensaio de tração e medidos os parâmetros necessários para
obtenção da curva carga-recalque.
3.5.2 Ensaio com reforço
Na Figura 10 b), o procedimento realizado foi o mesmo do ensaio sem reforço, porém,
adicionado uma camada de 5cm de espessura material granular acima da hélice do topo, após a
instalação da geogrelha, também compactado a cada 10cm. O objetivo foi aumentar a interação
solo-geogrelha com aumento do atrito entre a brita 19mm e a geogrelha.
Figura 10 – Preenchimento dos ensaios sem e com reforço
Fonte: (Autor)
Célula de carga
Macaco hidráulico
Relógios comparadores
Quadro de distribuição
Spider8
Bomba manual
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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Neste item, são apresentadas as curvas carga-deslocamento obtidas a partir dos ensaios
realizados de prova de carga à tração. Pelo fato de não observa-se uma ruptura nítida, foi
utilizado os métodos de Davison (1972) e da NBR 6122/2010 para obter uma carga última
teórica e, em seguida, avaliar os resultados.
Após a análise entre as curvas do ensaio sem reforço e com reforço, comparam-se os
resultados deste trabalho com os resultados obtidos na dissertação de Mestrado de Chaves
(2016).
Figura 11 – Curvas carga-deformação dos ensaios e métodos teóricos de previsão de
capacidade de carga Davison (1972) e NBR 6122/2010
Fonte: (Autor)
Comparando as duas curvas obtidas, percebe-se que nos carregamentos iniciais, entre
0,15 kN e 0,90 kN, ambas as situações apresentam desempenho semelhantes, um indício de que
a carga aplicada é insuficiente para mobilizar a tensões na geogrelha. Com o aumento da carga,
constata-se uma diferença notória nos deslocamentos, um aumento da eficiência da ancoragem
com a utilização do reforço, por exemplo, para uma carga atuante de 1,20 kN, o deslocamento
0,000
0,200
0,400
0,600
0,800
1,000
1,200
1,400
1,600
1,800
2,000
2,200
2,400
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
CA
RG
A (
KN
)
DESLOCAMENTO (MM)
Ensaio com reforço Ensaio sem reforço Davison NBR
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observado na estaca foi de 5,10 mm na situação sem reforço, já com reforço, o deslocamento
foi de 0,80 mm, representando uma dimuição de 84,3% de um ensaio para o outro.
A carga última aplicada do ensaio sem reforço foi de 1,50 kN apresentando
deslocamento máximo de 7,88mm. Já o ensaio com reforço, a carga última aplicada foi próximo
de 2,10 kN, medindo um deslocamento máximo de 10,20 mm. A partir desses valores, não
houve o acréscimo de carga devido o sistema de fundação ter sofrido a ruptura, apenas houve
aumento dos deslocamentos observados.
Para o ensaio sem reforço, a reta teórica de previsão de carga da NBR 6122/2010
interceptou a curva em 1,10 kN, entretanto, pelo método de Davison não determinou-se a carga
última devido não ter interceptado a curva. Com relação ao ensaio com reforço, a carga última
pelo método da NBR 6122/2010 interceptou em torno de 1,85 kN, enquanto que pelo método
de Davison (1972) a reta interceptou a curva do ensaio próximo a 2,10 kN.
Na Figura 12 são expostos os resultados obtidos por Chaves (2016), sendo as curvas N2,
N3a e N3b sem reforço; as curvas R1, R2a e R2b com reforço de geogrelha apenas, sem a
utilização do material granular.
Figura 12 – Curvas com reforço e sem reforço de geogrelha, sem material granular.
Fonte: ( adaptado de Chaves, 2016)
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Comparando-se os resultados deste trabalho com os resultados de Chaves (2016)
percebe-se que não houve um aumento na resistência do sistema de ancoragem devido a
mobilização do reforço.
A melhora apresentada neste trabalho entre os dois ensaios realizados deve-se ao
material granular empregado acima da hélice, pois houve um aumento da massa acima da
ancoragem, o que ofereceu certa resistência à tração aplicada.
A utilização de um sistema de reforço com uma rigidez maior pode apresentar resultados
mais satisfatórios.
5 CONCLUSÕES
Visto que as estacas helicoidais vêm sendo bastante utilizadas no Brasil por
apresentarem muitas vantagens de execução e boa adaptação em diversas situações, como por
exemplo, resistentes a solos moles, rápida execução, não causadora de ruídos ou vibrações,
instalação em diversas posições, poder aferir a capacidade de carga através da medição do
torque, instalação abaixo do N.A sem necessidade de encamisamento, além disso, é um dos
sistemas mais eficientes de fundação de estruturas submetidas à tração, como por exemplo,
torres telefônicas, linhas de transmissão, dutos enterrados, tirantes.
Todavia, há situações em que o comprimento da estaca pode não atingir a cota de projeto
devido a presença de matacões ou grandes camadas de solos com baixa resistência, a execução
torna-se bastante onerosa e difícil. Deste modo, a utilização da técnica de reforço de solo por
meio de geossintético é uma solução viável e que apresenta bons resultados de acordo com
pesquisas já realizadas. A utilização de um geossintético para melhorar o comportamento do
solo já é uma técnica bastante difundida em todo mundo, visto que apresentam ótimos
resultados em obras geotécnicas, execução prática, constantes pesquisas para melhorar os
produtos e confiabilidade industrial.
Devido a essas e outras qualidades, a pesquisa buscou aliar à um tipo de fundação
eficiente e prático, um reforço que contribua com tais características. Então, o presente trabalho
por meio de um modelo reduzido, buscou avaliar por meio de ensaios de arrancamento, o
desempenho de uma fundação em estaca helicoidal sem a utilização de reforço geossintético do
tipo geogrelha e com reforço, simulando uma condição de ancoragem rasa, garantindo uma
melhor modelagem da realidade. A metodologia aplicada no ensaio foi semelhante a
desenvolvida por Chaves (2016), porém, no ensaio com reforço, foi adicionado uma camada de
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material granular do tipo brita 19mm a fim de aumentar o atrito e, consequentemente, a
solicitação à geogrelha, além disso, a geogrelha foi montada de diferente forma, envelopando
o material granular acima da hélice do topo da estaca.
Com os resultados dos ensaios, observou-se uma melhora no sistema com a inserção do
reforço, para mesmas cargas, chegou-se a deformações em torno de 80% menores do que
aquelas apresentadas no sistema sem reforço. Em contrapartida, situações onde o a carga de
trabalho seja bem inferior à capacidade de carga máxima da fundação, a tendência é que o
reforço não seja solicitado, dessa forma, não haveria melhora do sistema, os deslocamentos
seriam semelhantes aos sem a utilização do reforço, o que foi observado até o carregamento de
0,90 kN.
6 REFERÊNCIAS
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prova de carga – método de ensaio. Rio de Janeiro, 2006. 8p.
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ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12553:
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