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Eixo 12: RECUROS NATURAIS, SUSTENTABILIDADE E APROPRIAÇÃO DO ESPAÇO. PROPOSTA DE PLANO DE RECUPERAÇÃO PARA ÁREA DEGRADADA NO PLANALTO
VINHAIS II, SÃO LUIS-MA. Josué Carvalho Viegas
(DISCENTE DO CURSO DE GEOGRAFIA-UFMA.) [email protected]
Taíssa Caroline Silva Rodrigues (DISCENTE DO CURSO DE GEOGRAFIA-UFMA.)
[email protected] Profa. Dra. Shirley Cristina dos Santos
(DOCENTE DO CURSO DE GEOGRAFIA-UFMA.) [email protected]
RESUMO Atualmente no Brasil, são crescentes as modificações em todos os ecossistemas, terrestres e aquáticos, principalmente nas áreas urbanas onde os efeitos da degradação ambiental são mais intensos, resultando na substituição de inúmeros sistemas ambientais naturais por outros completamente modelados pelo homem. Como exemplo disto pode-se citar a bacia hidrográfica do rio Calhau, área que foi estudada neste trabalho, localizada no Bairro Planalto Vinhais II, localizado na região norte do município de São Luis, na Ilha do Maranhão (MA). Este projeto se destina a orientar e especificar as ações que devem ser planejadas, projetadas e realizadas para recuperar o uso original, ou para permitir novos usos, da área cujas características originais sofreram alterações. O local sofre intensas modificações humanas, decorrentes de várias ocupações desordenadas e da falta de planejamento. Na investigação utilizou-se os seguintes procedimentos metodológicos: levantamentos bibliográficos, jornadas a campo, registros fotográficos, conversas e entrevistas informais com moradores, uso de imagens de satélites, confecção de mapas e interpretação de cartas topográficas. O interesse de fazer este projeto surgiu com a oportunidade de revitalizar uma área que está sendo degradada mostrando a comunidade os problemas que isto traz a ela, para que juntos possamos minimizar os impactos advindos da urbanização. No local de estudo são evidenciados diversos problemas ambientais como desmatamento da mata ciliar, assoreamento de nascente, lançamento de efluentes “in natura”, deposição irregular de resíduos sólidos, e construção de conjuntos habitacionais públicos e privados, que contribuíram para a degradação do ambiente. O referido estudo ainda engloba dados da cobertura vegetal e estudos faunísticos, tipo de degradação na vegetação, geologia da área, tipos de solo e degradação do mesmo, hidrografia e problemas com efluentes. Tal trabalho visa formular diretrizes de recuperação em uma área degrada, obedecendo as limitações de um espaço urbano. Palavras Chaves: Impactos, Urbanização, Bacia Hidrográfica.
1. INTRODUÇÃO
Atualmente no Brasil, são crescentes as modificações nos ecossistemas, terrestres e aquáticos
principalmente na área urbana onde os efeitos da degradação ambiental são mais intensos e localizados,
resultando na substituição de inúmeros sistemas ambientais naturais por outros completamente modelados
pelo homem.
No Maranhão, os problemas ambientais mais graves manifestam-se de forma localizada, tornando-
se intensos nas aglomerações urbanas do Estado, com maior gravidade nas áreas de ocupações urbanas da
metade da década de 1970.
A Ilha do Maranhão possui uma rica rede de bacias hidrográficas, mas os rios principais destas
bacias estão com sua qualidade ambiental seriamente comprometida pela ocupação desordenada com alta
produção de efluentes indústrias e domésticos. Como exemplo disto pode citar a bacia do rio Calhau mais
precisamente a área que irá ser estudada, o trecho que faz divisão dos bairros Planalto Vinhais II e Altos
do Calhau ambos localizados na porção norte da Ilha do Maranhão, onde são evidenciados diversos
problemas ambientais como desmatamento da mata ciliar, assoreamento de nascente, lançamento de
efluentes “in natura”, deposição de resíduos sólidos, e construção de conjuntos habitacionais públicos e
privados.
Esta proposta de projeto se destina a orientar e especificar as ações que devem ser planejadas,
projetadas e realizadas para podermos revitalizar, ou para permitir novos usos, da área cujas características
originais sofreram alterações. A área sofre intensas modificações humanas, uma vez que houve nenhum
planejamento ambiental a fim de preservar os ecossistemas encontrados na área.
O interesse de fazer este projeto surgiu com a oportunidade de revitalizar uma área que esta sendo
degradada devido ao lançamento de esgotos “in natura” pelas casas e condomínios fechados dos bairros
adjacentes. Mostrando a comunidade os problemas que isto traz a ela, tentando criar um laço com a
mesma para juntos minimizar problemas advindos da urbanização.
Cabe mostrar a comunidade que a recuperação florestal é uma medida que tem como objetivo a
melhoria do meio biótico, compreendendo a manutenção das especificidades da flora e fauna locais,
estabelecendo conexões entre habitat, e logo em seguida através dos resultados obtidos e da relação direta
com a comunidade da área, por em pratica alguns procedimentos para solucionar os problemas ambientais.
2. OBJETIVOS
2.1 Geral Especificar ações que devem ser planejadas para uma eventual tentativa de revitalização da
área.
2.2 Específicos
Repor a vegetação, preferencialmente com espécies nativas.
Permitir novos usos, de áreas cujas características originais sofreram alterações.
Orientar a comunidade para após a recuperação haver uma continua preservação do
ambiente revitalizado.
3. METODOLOGIA
O projeto está pautado nos métodos dedutivo com apoio na fenomenologia, enfatizando a percepção
ambiental (TUAN, 1980; OLIVEIRA).
O método dedutivo corresponde à etapa da pesquisa de gabinete, com o levantamento bibliográfico a cerca
dos elementos físicos e humanos do ambiente.
O método fenomenológico subsidiará os trabalhos visando descrever os fenômenos como eles se
manifestam, buscando entendê-los a partir de experiências vividas no cotidiano dos moradores locais e de sua
percepção do ambiente. Para tanto foi realizado visitas in loco, com o objetivo de conhecer e identificar os
problemas ambientais que acontecem na área. Buscando um melhor conhecimento, foram realizadas entrevistas
informais com alguns moradores mais antigos dos bairros, Planalto Vinhais II e Altos do Calhau, a fim de comparar
a situação atual com a já vivida por eles em tempos passados. Em outra etapa foram analisadas cartas da DSG
(Diretoria do Serviço Geográfico do Exército) de 1976, para a delimitação das coordenadas geográficas foi utilizado
um GPS portátil de marca GARMIN. Além de registros fotográficos do local, utilização de softwares como: Google
Earth, CorelDRAW, e ArcGis.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1 Localização da área estudada
A área estudada insere-se na Bacia Costeira de São Luís, que se limita: ao Norte com a Plataforma Ilha de
Santana; ao Sul com o Arco Ferrer Urbano Santos; a Leste com o Host de Rosário e a Oeste com o Arco de
Tocantins. A área da bacia do Rio Calhau localiza-se na porção Norte da Ilha do Maranhão, ocupando parte do topo
da bacia sedimentar de São Luís, onde afloram rochas da Formação Itapecuru e da Formação Barreiras.
Segundo MENDES (2001), o rio Calhau é o mais extenso dos rios que drenam as áreas do norte da Ilha do
Maranhão, com 2.200 metros, desaguando na praia do Calhau na baía de São Marcos. A área de estudo compreende
um raio de 500 metros a partir de uma das nascentes afluente que faz parte da bacia hidrográfica do Rio Calhau,
estando situada no trecho entre os bairros Planalto Vinhais II e Alto do Calhau possuindo as coordenadas
geográficas 2º30’14”S e 44º 15’24” O (Figura 01).
Figura 01: Mapa de localização da área do projeto Fonte: Adaptado do IBGE 2008.
4.2. AVALIAÇÃO DA ÁREA DEGRADADA
4.2.1 Cobertura Vegetal e Estudos Faunísticos.
A vegetação, proteção natural do solo contra a erosão, tem seu desenvolvimento relacionado às condições
climáticas, solo e estrutura rochosa. Ao longo da Ilha do Maranhão, de acordo com a diversidade das condições
geográficas. Apesar da ação do homem na área, ainda é encontrado as seguintes espécies da flora local:
Anarcadium ocidente L (caju), Mangifera indica (mangueira), Spondias mombin L. (cajá), algumas palmáceas
como: Cocos Nucifera (coqueiro), Bactris glaucescens (tucum), Orbignya speciosa ou Orbignya martiana (babaçu),
Mauritia vinifera (buriti), Euterpe oleracea (juçara ou açaí), algumas pioneiras como: Ricinus communis L
(mamona), Musa cavendishi (bananeira), Cecropia spp. (embauba), Terminalia catappa (Castanheira), Bambusa
vulgaris Schrad (bambu) e gramíneas. Na área de estudo foram encontrados alguns indicadores biológicos e
dispersores de sementes como: formigas, roedores, abelhas, borboletas e aves.
4.2.2 Tipo de degradação na vegetação
É crescente o desmatamento da vegetação nas margens do afluente e de sua nascente, fruto da ausência de
planejamento urbano que da abertura para a construção de condomínios e sítios familiares que estão presentes no
local, este fato contribui para a problemática que é o assoreamento da calha do rio. Com a retirada da vegetação em
suas margens os escoamentos superficiais acontecem com maior velocidade arrastando sedimentos para as partes
mais baixas, isto vem causando a diminuição do volume do rio no período chuvoso. Nos sítios familiares é
encontrado um maior número de vegetação, porém poucas nativas havendo uma predominância de plantas pioneiras
o que demonstra que a área já foi modificada para a realização de outras atividades.
4.2.3 Tipos de solos e degradação do mesmo
No local são encontrados principalmente os latossolos e os podzólicos. Os latossolos são muito profundos,
bem drenados de textura média a argilosa, com relevo plano e suavemente ondulado, é um solo de estrutura
microagregada ou granular, apresentando grande porcentagem de poros e conseqüentemente uma alta
permeabilidade favorecendo assim uma melhor infiltração das águas pluviais. O solo da área vem sofrendo com a
retirada de vegetação, favorecendo a erosão pluvial com, que provoca o ravinamento em alguns dos trechos
verificados (Fotos 01 e 02).
Foto 01: Ravinamento período de estiagem Foto 02: Ravinamento em período chuvoso
A queimada realizada pelos moradores de baixa renda, para a fabricação de carvão, deixa o solo cada vez
mais vulnerável à infertilidade. Durante o período chuvoso, por meio do impacto das gotas de chuva e do
escoamento pluvial sobre a superfície do solo, causa o processo de lixiviação, que se constituem na “lavagem”
superficial do solo pela água da chuva, carreando os detritos para os níveis topográficos mais baixos,
proporcionando o assoreamento do leito do rio e sua profundidade.
4.2.4 Hidrografia e Problemas com efluentes.
A área de estudo é drenada por um canal de 1º ordem, este que pertenci à bacia hidrográfica do rio Calhau,
essa que é composta, segundo a carta da DSG de 1976, por 16 rios de 1º ordem, seis de 2ª ordem, três de 3ª ordem e
um de 4ª ordem, sendo o ultimo denominado rio Calhau que deságua na Baía de São Marcos.
No bairro do Planalto Vinhais II e Alto do Calhau assim como o restante da ilha do Maranhão não existem
uma rede de tratamento de esgoto eficiente. Consequência disso são os efluentes lançados in natura nos cursos
d’águas mais próximo. Na área de estudo é evidenciado o lançamento de esgoto em uma das nascentes de um
afluente do rio Calhau, o córrego de esgoto que no período chuvoso aumenta o volume, localiza-se a 550 metros
acima da nascente. No período chuvoso quando o nível de água aumenta no canal o esgoto é transportado para as
áreas mais baixas, em direção a nascente, no período de estiagem o esgoto infiltra no terreno, supostamente devido
à grande porosidade do solo.
5. TÉCNICAS DE RECUPERAÇÃO
5.1 Eliminação do esgoto lançado no local
Através de contatos e parcerias com as associações de moradores dos bairros vizinhos ao problema, após já
ter mostrado a real situação do esgoto e das dificuldades trazidas por ele a comunidade, serão feitas parcerias
maiores com a prefeitura municipal de São Luís e com o condomínio fechado que existe próximo ao local, na
tentativa de construção de uma mini estação de tratamento de esgoto. Uma vez que o esgoto fica a céu aberto e
próximo a uma escola/jardim da rede municipal de educação, um das idéias para deixar a área viável ao uso seria a
criação de uma área de lazer, uma vez que já se iniciou por parte da prefeitura municipal a construção de uma
quadra esportiva ao lado do córrego.
5.2 Isolamento da área dos principais fatores impactantes.
Na área da nascente será feito um isolamento de acordo com as necessidades do projeto e dos proprietários
do terreno, pois no local existem cinco residências. Esse isolamento consiste em: fazer um retângulo medindo
10X10 na parte mais baixa do terreno onde aflora a água do lençol freático, o cercado terá altura de 1,50cm de
altura, composta de quatro pernas de arame farpado e rodapé feito com estacas de madeira, medindo cada uma 50
cm de altura e 5 cm de largura.
Outro isolamento será necessário no trecho que compreende os 550 metros acima da nascente, uma vez que
este no período chuvoso despeja esgoto na nascente, o isolamento será feito com cerca de arame farpado com 1,50
cm de altura e rodapé de estacas de madeira de 50 cm, para assim evitar a passagem de pessoas e animais,
garantindo um melhor monitoramento da área isolada.
5.3 Eliminação de competidores naturais do local e plantio de mudas e semeio direto.
Após a análise da flora e da fauna local e tendo a constatação de que na área existem competidores naturais,
em primeiro momento será feito uma limpeza do local consistindo na retirada das plantas invasoras principalmente
das gramíneas que são maiorias na área. Já o controle de competidores da fauna consistirá no controle de saúvas.
Depois da limpeza da área e a verificação das espécies nativas, iremos fazer a compra dessas sementes e mudas,
uma vez que a área apresenta um pequeno banco de sementes e qualquer retirada a mais representaria um déficit no
local.
6. CONCLUSÕES
A degradação ambiental em áreas urbanas vem crescendo no Brasil, uma vez que não existe um
planejamento urbano de crescimento que visa atender as leis ambientais para proteção ao ambiente. Na ilha do
Maranhão este problema não é diferente a crescente urbanização e a falta de estrutura para suprir este crescimento
foi uma das principais causas para a degradação da área estudada.
Este projeto visa formular algumas diretrizes de recuperação para umas das áreas degradas do bairro
Planalto Vinhais II e Altos do Calhau. Porém devido à presença de pessoas as aplicações das técnicas tornam-se
mais fáceis, uma vez que a participação da comunidade é essencial para o bom funcionamento do projeto.
O custo das técnicas e os métodos introduzidos e a manutenção tornar-se bem mais barato, pois se
pensarmos o papel da comunidade no projeto e quais seriam as conseqüências que isso geraria na vida desses.
A construção da Mini-estação de tratamento de efluentes é algo bastante ousado e importante, já que no
Maranhão não existe nenhuma estação de tratamento de esgoto em perfeito funcionamento, porém este projeto de
construção de tal Mini-estação sairia caro. Devido a este motivo e visando atender nossas técnicas de recuperação, e
de grande importância as parcerias com a prefeitura e os moradores próximos a problemática descrita neste
trabalho.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GUERRA, Antonio José Teixeira et.al .Gestão Ambiental de Áreas Degradadas. 2º edição, editora Bertrand
Brasil, 2007.
MENDES, Sara Regina Cunha. Problemas ambientais na Área da Bacia do rio Calhau, São Luis- MA/ Sara
Regina Cunha Mendes- São Luis, 2001
TUAN, Yu-fu. Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. São Paulo/Rio de Janeiro:
Difel, 1980.
FEITOSA, Antonio Cordeiro. Evolução Geomorfologica do Litoral Norte da Ilha do Maranhão. Rio Claro, IGCE-
UNESP, 1989. Dissertação de Mestrado.