jurisprudÊncia empresarial teoria geral · 2016. 4. 18. · processo resp 1376264 / rj recurso...

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Prof. Wagner Teixeira Moreira [email protected] JURISPRUDÊNCIA EMPRESARIAL TEORIA GERAL

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Page 1: JURISPRUDÊNCIA EMPRESARIAL TEORIA GERAL · 2016. 4. 18. · Processo REsp 1376264 / RJ RECURSO ESPECIAL 2013/0087236-8 Relator(a) Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA (1123) Órgão

Prof. Wagner Teixeira Moreira

[email protected]

JURISPRUDÊNCIA

EMPRESARIAL

TEORIA GERAL

Page 2: JURISPRUDÊNCIA EMPRESARIAL TEORIA GERAL · 2016. 4. 18. · Processo REsp 1376264 / RJ RECURSO ESPECIAL 2013/0087236-8 Relator(a) Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA (1123) Órgão

CONCORRÊNCIA DESLEAL

Informativo nº 0550

Período: 19 de novembro de 2014. Quarta Turma

DIREITO EMPRESARIAL. UTILIZAÇÃO DE PROPAGANDA

COMPARATIVA.

É lícita a propaganda comparativa entre produtos

alimentícios de marcas distintas e de preços próximos no

caso em que: a comparação tenha por objetivo principal o

esclarecimento do consumidor; as informações veiculadas

sejam verdadeiras, objetivas, não induzam o consumidor a

erro, não depreciem o produto ou a marca, tampouco

sejam abusivas (art. 37, § 2º, do CDC); e os produtos e

marcas comparados não sejam passíveis de confusão...

Embora não haja lei vedando ou autorizando expressamente a

publicidade comparativa, o tema sofre influência das

legislações consumerista e de propriedade industrial nos

âmbitos marcário e concorrencial. ..

PC

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...para que a propaganda comparativa viole o direito

marcário do concorrente, as marcas devem ser

passíveis de confusão ou a referência da marca deve

estar cumulada com ato depreciativo da imagem de

seu produto, acarretando a degenerescência e o

consequente desvio de clientela....

- que o seu principal objetivo seja o esclarecimento da

informação ao consumidor.... Entender de modo

diverso seria impedir a livre iniciativa e a livre

concorrência (arts. 1º, IV, 170, caput, e IV, da CF),

ensejando restrição desmedida à atividade econômica e

publicitária, o que implicaria retirar do consumidor acesso

às informações referentes aos produtos comercializados

e o poderoso instrumento decisório, não sendo

despiciendo lembrar que o direito da concorrência tem

como finalidade última o bem-estar do consumidor. REsp

1.377.911-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado

em 2/10/2014.

PC

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Processo REsp 1376264 / RJ RECURSO ESPECIAL

2013/0087236-8

Relator(a) Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA (1123)

Órgão Julgador T3 - TERCEIRA TURMA

Data do Julgamento 09/12/2014 Publicação DJe

04/02/2015

Ementa

PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL.

PROPRIEDADE INDUSTRIAL. MARCA.

COMERCIALIZAÇÃO DE CERVEJA. LATA COM COR

VERMELHA. ART. 124, VIII, DA LEI N. 9.279/1996 (LPI).

SINAIS NÃO REGISTRÁVEIS COMO MARCA. PRÁTICA

DE ATOS TIPIFICADOS NO ART. 195, III E IV, DA LPI.

CONCORRÊNCIA DESLEAL. DESCARACTERIZAÇÃO.

OFENSA AO DIREITO DE MARCA. NÃO OCORRÊNCIA.

CONDENAÇÃO INDENIZATÓRIA. AFASTAMENTO.

RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. PC

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...2. A simples cor da lata de cerveja não permite

nenhuma relação com a distinção do produto nem

designa isoladamente suas características - natureza,

época de produção, sabor, etc. -, de modo que não

enseja a confusão entre as marcas, sobretudo quando

suficiente o seu principal e notório elemento

distintivo, a denominação. 3. Para que se materialize a

concorrência desleal, além de visar à captação da

clientela de concorrente, causando-lhe danos e prejuízos

ao seu negócio, é preciso que essa conduta se traduza

em manifesto emprego de meio fraudulento, voltado

tanto para confundir o consumidor quanto para obter

vantagem ou proveito econômico... 6.

Descaracterizada a concorrência desleal, não há falar

em ofensa ao direito de marca, impondo-se o

afastamento da condenação indenizatória por falta de

um dos elementos essenciais à constituição da

responsabilidade civil - o dano. 7. Recurso especial

conhecido e provido.

PC

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Processo REsp 1237752 / PR RECURSO ESPECIAL

2011/0034566-4

Relator(a) Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO (1140)

Relator(a) p/ Acórdão Ministro MARCO BUZZI (1149)

Órgão Julgador T4 - QUARTA TURMA

Data do Julgamento 05/03/2015

Data da Publicação/Fonte DJe 27/05/2015

Ementa RECURSO ESPECIAL - AÇÃO DE OBRIGAÇÃO

DE FAZER C/C REPARAÇÃO DE DANOS - USO DE

VOCÁBULO "CURITIBA", INTEGRANTE DE MARCA

MISTA DEVIDAMENTE REGISTRADA NO INSTITUTO

NACIONAL DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL (INPI),

POR EMPRESA CONCORRENTE, QUE O AGREGOU

AO SEU NOME COMERCIAL - TRIBUNAL A QUO QUE

REPUTA VIOLADO O ART. 129 DA LEI DE

PROPRIEDADE INTELECTUAL (LEI Nº 9.279/1996)

PC

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E DETERMINA SEJAM ADOTADAS PROVIDÊNCIAS

PARA FAZER CESSAR TODA E QUALQUER

REFERÊNCIA AO VOCÁBULO "CURITIBA" ANTE O

FATO DE A REPRODUÇÃO PARCIAL DA MARCA PRÉ-

REGISTRADA CAUSAR DÚVIDA AOS

CONSUMIDORES - PLEITO INDENIZATÓRIO NÃO

ACOLHIDO EM RAZÃO DA AUSÊNCIA DE PROVA

QUANTO AO PREJUÍZO - INSURGÊNCIA DA PARTE

RÉ - RECURSO ESPECIAL PROVIDO.

Hipótese: A controvérsia relaciona-se à possibilidade

de uso de vocábulo constante de marca mista

registrada e a eventual configuração de concorrência

desleal. 1. O elemento característico ou diferenciador

de nome de empresa ou de título de estabelecimento

será óbice ao registro da marca (art. 124, inciso V, da

Lei nº 9.279/1996 - LPI), quando a proteção ao nome

empresarial for conferida em âmbito nacional. PC

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2. A vedação à registrabilidade de vocábulos ou sinais

de caráter genérico ou de uso comum deve ser

analisada à luz de sua aplicabilidade ao produto ou

serviço que se pretende identificar, e não com vistas à

própria palavra ou sinal examinados isoladamente. Na

hipótese, o termo "Curitiba" não se relaciona diretamente

com o serviço cuja individualização se busca com o

registro da marca - venda de veículos - tampouco com as

características inerentes ao serviço identificado, motivo

pelo qual não incide a vedação prevista no art. 124, inciso

VI, da Lei nº 9.279/1996. 3. O vocábulo "Curitiba" não

ostenta as características próprias de indicação de

procedência ou denominação de origem cujo registro é

vedado pela lei, pois a disciplina legal da registrabilidade

de indicações geográficas pressupõe a notoriedade da

região na elaboração de produtos ou prestação de

serviços, nos termos do art. 182 da LPI, o que não se

evidencia nestes autos. PC

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4. A marca mista é aquela constituída pela

combinação de elementos nominativos e figurativos

ou de elementos nominativos, cuja grafia se apresente

de forma estilizada. Embora, em principio, seja

admissível o registro de uma mesma marca

nominativa para produtos de classes diversas, o

mesmo já não se dá com as marcas mistas, pois

nessas a imagem de um produto passa

necessariamente para o outro na percepção visual do

consumidor, ou seja, no caso de marca mista, a parte

figurativa e estilizada não pode coincidir com a do

produto/serviço em confronto....

... 4.2 No caso, apesar de as empresas (autora e ré)

atuarem em ramos comerciais próximos, inocorreu a

contrafação, senão a mera aplicação do vocábulo

"Curitiba", que por si só não é capaz de ensejar o

reconhecimento de utilização descabida de marca

mista alheia. PC

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5. Independentemente do registro da marca conter o

radical comum, os atos dos concorrentes sempre

poderão ser avaliados à luz das regras sobre

concorrência desleal, pois o princípio da liberdade de

concorrência - pedra angular do impulso e

desenvolvimento do mercado - encontra baliza na

lealdade negocial, dever decantado da boa-fé objetiva e

que deve nortear o agir das empresas no âmbito

comercial.... na medida em que a similitude visual de

produtos/serviços, por meio da justaposição de cores

e estilização coincidente, conjugada com a identidade

de público-alvo, promove inquestionável tumulto por

promover no consumidor a falsa idéia de estar

adquirindo produto/serviço outro. ... além de a autora

deter tão somente o direito exclusivo de uso da marca

mista "Curitiba Multimarcas", que nenhum silogismo

guarda com o nome comercial "Auto Shopping

Curitiba", semântica ou figurativamente, haja vista a

diferenciação clara entre os seus logotipos - PC

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o que afasta de plano o alegado uso indevido de

marca alheia -, o próprio Tribunal de origem afirmou,

categoricamente, ter a parte autora se descurado do

munus processual de comprovar o fato constitutivo de seu

direito (art. 333, I, do CPC) no que tange aos eventuais

prejuízos decorrentes da utilização do mesmo vocábulo

"Curitiba" pela ré (confusão do público e proveito

econômico). 5.4 O Tribunal a quo afirmou não ter restado

provado o fato constitutivo do direito do autor

relativamente à real existência de elementos fático-

jurídicos caracterizadores de proveito parasitário que

evidenciassem ter a empresa ré, por meio fraudulento,

criado confusão entre serviços no mercado com o objetivo

de desviar a clientela de outrem em proveito próprio ou

alheio...

PC

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5.5 Face a aplicação da legislação correlata (incisos

XIX e XXIII do art. 124, e inciso III e IV do art. 195 da Lei

9.279/96), em não tendo sido verificado, na presente

hipótese, a existência de provas quanto à

reprodução/imitação, no todo ou em parte, de marca

alheia registrada, "suscetível de causar confusão ou

associação com aquela marca alheia", inviável a

manutenção do acórdão recorrido. 6. Recurso especial

provido para reformar o acórdão recorrido e julgar

improcedente a demanda.

PC

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Proibição da Concorrência por lei ou contrato

Terceira Turma DIREITO EMPRESARIAL. FIXAÇÃO DE

CLÁUSULA DE NÃO CONCORRÊNCIA. Quando a relação

estabelecida entre as partes for eminentemente comercial,

a cláusula que estabeleça dever de abstenção de

contratação com sociedade empresária concorrente pode

irradiar efeitos após a extinção do contrato, desde que

limitada espacial e temporalmente. Inicialmente, deve-se

buscar, na hipótese em análise, a finalidade pretendida pelas

partes ao firmarem a cláusula de não concorrência para, então,

compreender-se sua adequação, ou não, à autonomia privada

conformada pela funcionalização do direito privado, nos termos

do art. 421 do CC. Com efeito, a restrição à concorrência no

ambiente jurídico nacional, em que vige a livre iniciativa

privada, é excepcional e decorre da convivência

constitucionalmente imposta entre as liberdades de iniciativa e

de concorrência.

PC

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... Saliente-se que essa mesma preocupação com os

efeitos concorrenciais potencialmente negativos forneceu

substrato doutrinário e ideológico a suportar a vedação de

restabelecimento em casos de trespasse de

estabelecimento. A referida vedação passou a integrar o

ordenamento jurídico nacional por meio do art. 1.147 do

CC, segundo o qual, “Não havendo autorização

expressa, o alienante do estabelecimento não pode

fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos

subseqüentes à transferência”. Diferentemente da

hipótese em análise, a vedação ao restabelecimento

nos casos de trespasse decorre de lei, o que afasta

discussões acerca da proporcionalidade da medida. A

par disso, tratando-se a concorrência de valor institucional

a ser protegido por imposição constitucional, extrai-se a

função social de cláusulas autorregulatórias privadas que

se adequem a esta finalidade. ...

PC

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.. Nesse contexto, deve também ser afastada a conclusão

no sentido de que, resolvido o vínculo contratual, não teria

qualquer eficácia a cláusula de não concorrência.

Primeiramente, esse entendimento retira da cláusula toda sua

funcionalidade, existente, como demonstrado, na medida em

que protege o ambiente concorrencial de distorções

indesejadas. Ademais, a exigência de conduta proba das

partes, nos termos do art. 422 do CC, não está limitada ao

lapso temporal de vigência do contrato principal em que

inserida. Nesse diapasão, o enunciado 25 da I Jornada de

Direito Civil do CJF, esclarece: “o art. 422 do Código Civil

não inviabiliza a aplicação pelo julgador do princípio da

boa-fé nas fases pré-contratual e póscontratual”. E, de fato,

insere-se na conduta conformada pela boa-fé objetiva a

vedação ao estabelecimento de concorrência entre empresas

que voluntariamente se associam para ambas auferirem

ganhos, bem como o prolongamento dessa exigência por

prazo razoável,

PC

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a fim de propiciar a desvinculação da clientela da

representada do empreendimento do representante.

Assim, devem ser consideradas válidas as cláusulas

contratuais de não-concorrência, desde que limitadas

espacial e temporalmente, porquanto adequadas à

proteção da concorrência e dos efeitos danosos

decorrentes de potencial desvio de clientela – valores

jurídicos reconhecidos constitucionalmente. REsp

1.203.109-MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado

em 6/5/2015, DJe 11/5/2015 (Informativo 561).

PC

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Quarta Turma DIREITO EMPRESARIAL. ABUSIVIDADE

DA VIGÊNCIA POR PRAZO INDETERMINADO DE

CLÁUSULA DE NÃO CONCORRÊNCIA. É abusiva a

vigência, por prazo indeterminado, da cláusula de

“não restabelecimento” (art. 1.147 do CC), também

denominada “cláusula de não concorrência”. O art. 1.147

do CC estabelece que “não havendo autorização

expressa, o alienante do estabelecimento não pode

fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos

subsequentes à transferência”. Relativamente ao

referido artigo, foi aprovado o Enunciado 490 do CJF,

segundo o qual “A ampliação do prazo de 5 (cinco) anos

de proibição de concorrência pelo alienante ao adquirente

do estabelecimento, ainda que convencionada no

exercício da autonomia da vontade, pode ser revista

judicialmente, se abusiva”.

PC

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Posto isso, cabe registrar que se mostra abusiva a

vigência por prazo indeterminado da cláusula de “não

restabelecimento”, pois o ordenamento jurídico

pátrio, salvo expressas exceções, não se coaduna com

a ausência de limitações temporais em cláusulas

restritivas ou de vedação do exercício de direitos.

Assim, deve-se afastar a limitação por tempo

indeterminado, fixando-se o limite temporal de

vigência por cinco anos contados da data do

contrato, critério razoável adotado no art. 1.147 do

CC/2002. REsp 680.815-PR, Rel. Min. Raul Araújo,

julgado em 20/3/2014, DJe 3/2/2015 (Informativo 554).

PC

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Extinção da Marca

EXTINÇÃO

ARTS. 78 E 142

Extingue-se:

I - pela expiração do prazo de vigência;

II - pela renúncia de seu titular, ressalvado o

direito de terceiros;

III - pela caducidade;

IV - pela falta de pagamento da retribuição anual,

nos prazos previstos no § 2º do art. 84 e no art.

87; (SÓ PARA PATENTES)

E V - pela inobservância do disposto no art. 217.

PC

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Informativo nº 0563

Período: 29 de maio a 14 de junho de 2015.

Quarta Turma

DIREITO EMPRESARIAL. CADUCIDADE DE

MARCA POR USO ESPORÁDICO.

É possível que se reconheça a caducidade do

registro da marca quando, em um período de

cinco anos, o valor e o volume de vendas do

produto relacionado à marca forem

inexpressivos (na situação em análise, 70

pacotes de cigarros que geraram receita de

R$ 614,75) em comparação com operações

bilionárias

PC

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realizadas pelo titular no mesmo

período (produção de mais de 400

bilhões de cigarros).

De acordo com a Lei de Propriedade

Industrial, uma vez passados cinco anos

da concessão do registro, se requerida a

sua caducidade, deve o titular da marca

demonstrar que, na data do

requerimento, já iniciou seu uso no

Brasil, ou que, ainda que interrompido o

seu uso, a interrupção não ultrapassou

mais de cinco anos consecutivos...

PC

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... O fio condutor do exame de

suficiência de uso é a atuação do titular

no sentido de por a sua marca diante do

público". Assim, no caso em análise, o

uso esporádico da marca, com escassas

negociações no mercado, é

inexpressivo dentro da magnitude das

operações bilionárias realizadas pela

empresa, portanto, insuficiente para

configurar e comprovar o uso efetivo da

marca apto a afastar a caducidade por

desuso. REsp 1.236.218-RJ, Rel. Min.

Raul Araújo, julgado em 5/2/2015, DJe

11/6/2015. PC

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Informativo nº 0563

Período: 29 de maio a 14 de junho de 2015.

Quarta Turma

DIREITO EMPRESARIAL. PRODUTOS

DESTINADOS À COMERCIALIZAÇÃO NO

EXTERIOR E CADUCIDADE DA MARCA.

O fato de produto elaborado e fabricado no

Brasil ser destinado exclusivamente ao

mercado externo não implica a caducidade do

respectivo registro de marca por desuso.

REsp 1.236.218-RJ, Rel. Min. Raul Araújo,

julgado em 5/2/2015, DJe 11/6/2015.

PC

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DIREITO EMPRESARIAL. NECESSIDADE

DE OBSERVÂNCIA DA

PADRONIZAÇÃO DOS PRODUTOS E

SERVIÇOS NO CASO DE LICENÇA

DE USO DE MARCA.

É possível ao titular do registro de

marca, após conceder licença de uso,

impedir a utilização da marca pelo

licenciado quando não houver

observância à nova padronização dos

produtos e dos serviços, ainda que o

uso da marca tenha sido autorizado sem

condições ou efeitos limitadores.

PC

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De fato, o licenciamento de uso autoriza o titular

do registro da marca a exercer controle sobre as

especificações, natureza e qualidade dos

produtos ou serviços prestados pelo licenciado,

conforme disposto no art. 139 da Lei 9.279/1996.

A marca é mais que mera denominação: traz em

si o conceito do produto ou serviço que a

carrega, identificando-o e garantindo seu

desempenho e eficiência; possui feição

concorrencial, distinguindo-a em relação às

marcas dos concorrentes; facilita o

reconhecimento e a captação de clientes; diminui

o risco para a clientela, que conta com a

padronização dos produtos, serviços...

PC

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... Assim, com a licença de uso, o

licenciado compromete-se, ex lege, a

preservar a integridade e a reputação da

marca, obrigando-se a zelar por ela. Ao

licenciante assiste o direito de exercer

controle efetivo sobre a atenção do

licenciado em relação ao zelo da marca

que usa. REsp 1.387.244 - DF, Rel. Min.

João Otávio de Noronha, julgado em

25/2/2014

(Informativo nº 538)

PC