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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA AMBIENTAL E RECURSOS HÍDRICOS SISTEMÁTICA DE AUXÍLIO À DECISÃO PARA A SELEÇÃO DE ALTERNATIVAS DE CONTROLE DE INUNDAÇÕES URBANAS JUSSANÃ MILOGRANA CÔRTES ORIENTADOR: NÉSTOR ALDO CAMPANA CO-ORIENTADOR: MÁRCIO BENEDITO BAPTISTA TESE DE DOUTORADO EM TECNOLOGIA AMBIENTAL E RECURSOS HÍDRICOS PUBLICAÇÃO: PTARH.TD 05/09 BRASÍLIA-DF: JULHO/2009

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA AMBIENTAL E RECURSOS HÍDRICOS

SISTEMÁTICA DE AUXÍLIO À DECISÃO PARA A SELEÇÃO DE

ALTERNATIVAS DE CONTROLE DE INUNDAÇÕES URBANAS

JUSSANÃ MILOGRANA CÔRTES

ORIENTADOR: NÉSTOR ALDO CAMPANA

CO-ORIENTADOR: MÁRCIO BENEDITO BAPTISTA

TESE DE DOUTORADO EM TECNOLOGIA AMBIENTAL E

RECURSOS HÍDRICOS

PUBLICAÇÃO: PTARH.TD – 05/09

BRASÍLIA-DF: JULHO/2009

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ii

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA AMBIENTAL E RECURSOS HÍDRICOS

SISTEMÁTICA DE AUXÍLIO À DECISÃO PARA A SELEÇÃO DE

ALTERNATIVAS DE CONTROLE DE INUNDAÇÕES URBANAS

JUSSANÃ MILOGRANA CÔRTES

TESE DE DOUTORADO SUBMETIDA AO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA

CIVIL E AMBIENTAL DA FACULDADE DE TECNOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE

BRASÍLIA, COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA OBTENÇÃO DO

GRAU DE DOUTOR EM TECNOLOGIA AMBIENTAL E RECURSOS HÍDRICOS.

APROVADA POR:

_______________________________________________________

Prof. Néstor Aldo Campana, Dr. (ENC/FT/UnB)

(Orientador)

______________________________________________________

Prof. Márcio Benedito Baptista, Dr. (EHR/UFMG)

(Co-Orientador)

______________________________________________________

Prof. Ricardo Silveira Bernardes, PhD. (ENC/FT/UnB)

(Examinador Interno)

____________________________________________________

Prof. Flávio César Borba Mascarenhas, Dr. (COPPE/UFRJ)

(Examinador Externo)

_______________________________________________________

Prof. Eduardo Mário Mendiondo, Dr. (USP/SC)

(Examinador Externo)

BRASÍLIA/DF, 10 de Julho de 2009.

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iii

FICHA CATALOGRÁFICA

MILOGRANA, JUSSANÃ

Sistemática de Auxílio à Decisão para a Seleção de Alternativas de Controle de Inundações

Urbanas (2009)

xxvi, 316p., 297mm (ENC/FT/UnB, Doutor, Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos,

2009). Tese de Doutorado – Universidade de Brasília. Faculdade de

Tecnologia.

Departamento de Engenharia Civil e Ambiental

1. Planejamento do controle de inundações 2.Indicadores

3. Auxílio à decisão 4. Avaliação de alternativas

1. ENC/FT/UnB II. Título (série)

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

MILOGRANA, J. (2009). Sistemática de Auxílio à Decisão para a Seleção de Alternativas de

Controle de Inundações Urbanas. Tese de Doutorado em Tecnologia Ambiental e Recursos

Hídricos, Publicação PTARH. TD – 05/09, Departamento de engenharia Civil e Ambiental,

Universidade de Brasília, Brasília, DF, 316p.

CESSÃO DE CRÉDITOS

AUTOR: Jussanã Milograna Côrtes

TÍTULO: Sistemática de Auxílio à Decisão para a Seleção de Alternativas de Controle de

Inundações Urbanas.

GRAU: Doutor ANO: 2009

É concedida à Universidade de Brasília permissão para reproduzir cópias desta tese de

doutorado e para emprestar tais cópias somente para propósitos acadêmicos e científicos. O

autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte desta tese de doutorado pode ser

reproduzida sem autorização por escrito.

_____________________________________________________

Jussanã Milograna Côrtes

Rua 235 n. 741 apto. 1202 – Setor Leste Universitário

CEP.: 74605-050 – Goiânia - GO

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iv

AGRADECIMENTOS

Aos meus orientadores, Professor Néstor Aldo Campana e Professor Márcio Benedito

Baptista, pela paciência, incentivo e apoio no desenvolvimento desta tese.

Ao professor Márcio Benedito Baptista por compartilhar comigo sua experiência, pela sua

dedicação, incentivo e suporte no decorrer do desenvolvimento desta tese, e pelo estímulo em

momentos cruciais, fazendo dele hoje, mais que um orientador, mas um grande amigo.

À Professora Sylvie Barraud do INSA de Lyon pela disponibilidade em me receber no seio do

laboratório, pelo apoio e por me conceder o privilégio de dividir sua valiosa experiência e

conhecimentos, possibilitando a produção de parte desta tese.

A todos os professores do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Ambiental e Recursos

Hídricos da Universidade de Brasília pelos conhecimentos transmitidos durante o período de

mestrado e doutorado. Aos funcionários do PTARH pela convivência agradável.

Aos professores e funcionários do EHR-UFMG em especial aos professores Mário Cicarelli e

Nilo Nascimento pelos dados disponibilizados.

Ao CNPq e à CAPES pelo auxílio financeiro fundamental durante o período de

desenvolvimento da tese.

Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás por possibilitar a realização

desta tese.

Aos especialistas consultados para validação dos indicadores: Ademir Pacelli Barbassa,

Adilson Pinheiro, Carlos Vaz de Campos, Flávio César Borba Mascarenhas, Gustavo Barbosa

Lima da Silva, Joel Avruch Goldenfum, Jonathan Parkinson, José Roberto Cabral, Leonardo

Mitre Alvim de Castro, Vladimir Caramori e aos membros da Defesa Civil e do Corpo de

Bombeiros de Belo Horizonte e de Minas Gerais, representados pelo Major Estevo, Coronel

Lucas e o Engenheiro Floriano Costa. A este último agradeço, também, pela disposição e

presteza em todo o processo de levantamento dos dados para aplicação da metodologia em

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v

Belo Horizonte.

Aos entrevistados da COPASA: Samir Abud Mauad (Belo Horizonte), Tales Mota, Eduardo

Fernando de Vasconcelos e Benedito Cláudio Mota (Itajubá); Benedito Elsen Ribeiro (Santa

Rita do Sapucaí) e Alexandre José Grego (Pouso Alegre).

Aos entrevistados da CEMIG: Marcelo de Deus Melo, Rodolfo de Souza Monteiro, Helder

Galhardo (Belo Horizonte); Benedito Cipriano, Luiz Eduardo Fuzatto e José Walber Cabral

(Pouso Alegre); Camilo França e Edson Silva (Itajubá); e Paulo Ribeiro da Costa (Santa Rita

do Sapucaí).

À Prefeitura de Contagem e à SUDECAP na pessoa de Pedro Heller. Ao Sr. Gerardo de

Abreu Costa (Santa Rita do Sapucaí) e Ney Lopes Procópio (Prefeitura de Pouso Alegre);

Marcelo Maldonado (EMBRATEL-BH), Sérgio Rubião, Jorge Dastre (prefeitura de Itajubá) e

José Eduardo Aguiar (empresa Recuperação-BH).

Ao Professor Laurent Schmitt da Université Lyon I pelo compartilhamento dos seus

conhecimentos e auxílio na formulação dos indicadores.

Aos colegas do INSA, Abel, Adrien, Andrés, Céline, Hamouda e Miguel pelos momentos

agradáveis passados durante a minha permanência em Lyon. Em especial agradeço a Rennée,

Alain e Marjolaine pela amizade e companheirismo, sem esquecer as grandes amigas

brasileiras Priscilla e Marcele. Aos professores do laboratório Bernard Chocat, Pascal Le

Gauffre, Fréderic Cherqui e Gislain Lipeme-Kouyi pelo acolhimento, e aos funcionários

Valérie Orhon, Dominique Babaud, Sylvie Marchanoff, Christian Ambroise.

Ao colega Nilson Florentino pelo auxílio no desenvolvimento de uma etapa crucial da tese.

À Priscilla e Flávio pela companhia, amizade e apoio incondicional, além, é claro, por

compartilharmos as maravilhosas paisagens francesas juntos. A esta agradeço o apoio e

amizade demonstrados desde a minha chegada a Lyon até o final da tese.

Aos amigos feitos durante esse período, em especial à Jaqueline e Zago, Gustavo e Andrea

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vi

Fernán, Jazielli, José Ricardo, Alessandra, Luciana, Roberta, Rosângela, Orlandina, Ana

Clara, Janaína, Fabrícia e Vítor. E aos amigos de longa data que estiveram sempre presentes:

Bernadete e Nilton, Fernanda, Fábio e Marina. Ao Fabinho agradeço pela paciência e auxílio

em diversos momentos.

Aos amigos do EHR: Mauro, Wilson, Márcio, Márcia e Priscilla, pelas agradáveis pausas do

café que foram fundamentais para manutenção do meu bom humor durante toda a minha

estada em Belo Horizonte.

À minha amada família, meus pais, irmãos, sobrinhos, e meu esposo, por sempre me

incentivarem e acreditarem em mim, criando mecanismos de diminuir o impacto da minha

ausência e se fazerem sempre presentes.

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DEDICATÓRIA

À minha família

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RESUMO

SISTEMÁTICA DE AUXÍLIO À DECISÃO PARA A SELEÇÃO DE

ALTERNATIVAS DE CONTROLE DE INUNDAÇÕES URBANAS

Autor: Jussanã Milograna Côrtes

Orientador: Néstor Aldo Campana

Co-Orientador: Márcio Benedito Baptista

Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos

Brasília, Julho de 2009

Neste trabalho foi desenvolvida uma sistemática de auxílio à decisão para a seleção de

alternativas de controle de enchentes urbanas, contemplando aspectos sociais, ambientais, de

saúde pública, hidrológicos e financeiros. Adicionalmente, foi desenvolvida uma sistemática

de avaliação de danos diretos à infraestrutura urbana identificando pontos vulneráveis de cada

sistema e prevendo a extensão dos danos, baseada em entrevistas a concessionárias de

serviços, prefeituras e Defesa Civil de municípios do estado de Minas Gerais. Os sistemas

avaliados foram: água, esgotamento sanitário, drenagem, energia elétrica, viário e limpeza

pública. Para a análise de desempenho das alternativas foram formulados indicadores para os

critérios “Impactos sobre a população”, “Impactos sobre o meio” e “Impactos hidrológicos”,

utilizando resultados de modelagem hidrológica, hidráulica e de geoprocessamento. A

sistemática foi aplicada ao município de Itajubá para alternativas: situação atual, implantação

de uma barragem, implantação de diques laterais e de um sistema de alerta. A análise

desempenho-custo foi efetuada pela agregação dos indicadores em um “Índice de

Desempenho” e pelo “Índice de Custo”, determinado a partir dos custos de implantação,

manutenção e operação das intervenções, dos danos diretos a habitação, comércio e serviços,

e à infraestrutura urbana. Os resultados mostraram: i) a aplicabilidade da metodologia

proposta no auxílio à decisão para a seleção de alternativas para o controle de inundações; ii)

uma variação na ordem de 10% dos danos diretos à infraestrutura em relação aos demais

setores avaliados. Em relação à análise de desempenho, esta se mostrou aplicável e pouco

sensível a variações nos valores dos indicadores, evidenciando a robustez da mesma. A

sistemática apontou a preferência da alternativa da barragem para solução dos problemas

relacionados às inundações no município de Itajubá.

Palavras-chave: Danos à infraestrutura urbana, Auxílio à decisão, Controle de inundações

urbanas, Indicadores de vulnerabilidade

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ABSTRACT

A DECISION AID TOOL TO SELECT FLOOD CONTROL ALTERNATIVES IN

URBAN AREAS

Author: Jussanã Milograna Côrtes

Supervisor: Néstor Aldo Campana

Co-Supervisor: Márcio Benedito Baptista

Graduate Program in Environmental Technology and Water Resourses

Brasília, Brazil July, 2009.

In this work, a decision aid tool was developed to select flood control alternatives in urban

areas based on social, environmental, public health, hydrological and financial aspects.

Additionally, a procedure to assess direct damages to the infrastructure was developed in

order to identify vulnerable points and related damages to water supply, as well as to

drainage, sanitary and electrical distributions systems, and to road networks and urban solid

waste management, on the basis of interviews with public and other municipal authorities.

The performance analysis among different alternatives was based on indicators, as resulting

from hydrologic, hydraulic and geoprocessing models, and summarized according to the

following criteria: “Population Impacts”, “Environmental Impacts” and “Hydrological

Impacts”. The above described procedure was applied to the town of Itajubá, located in the

Brazilian state of Minas Gerais, according to the following four scenarios: current situation,

dam building, laterals levees and the implementation of flood warning system. The cost-

performance assessment was made by aggregating the indicators in a “Performance Index”

and a “Cost Index” as defined on the basis of building, maintenance and operation costs,

direct damages to households, commerce and services sectors, as well as infrastructure direct

damages. The results showed: i) the methodology is applicable to select flood control

alternatives; ii) and that direct infrastructure flood damages represent around 10% of the total

damaged assessed in the others sectors. The performance analysis showed also to be

applicable and to be less sensitive to variation in indicators values, thus proving its

robustness. The procedure pointed out the dam building alternative as the preferable one to

solve flood problems in Itajubá.

Key-words: Infrastructure flood damages; Decision aid; Urban flood control; Vulnerability

indicators

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RÉSUMÉ

SYSTÉMATIQUE D'AIDE À LA DÉCISION POUR LA SÉLECTION D’

ALTERNATIVES DE CONTRÔLE DES INONDATIONS URBAINES

Auteur : Jussanã Milograna Côrtes

Directeur de Thèse : Néstor Aldo Campana

Co- Directeur de Thèse : Márcio Benedito Baptista

Programme de Recherche en Technologie Environnementale et Ressources en Eau

Brasília, Brésil, juillet 2009

Cet travail a pour but de développer une systématique d'aide à la décision pour la sélection

d‟alternatives de contrôle des inondations urbaines, qui considère les aspects sociaux,

environnementaux, de santé publique, hydrologiques et financières. En complément a été

développée une systématique d'évaluation des dommages dûs aux inondations sur

l'infrastructure urbaine de façon à identifier les points fragiles de chaque système et aussi

prévoir l'extension des dommages. Cette systématique est basée sur une série d'interviews

avec les concessionnaires des services publics, la mairie et la sécurité civile des villes de l'état

de Minas Gerais (Brésil). Les systèmes évalués sont : les services de distribution de l'eau,

d'assainissement des eaux usées, de drainage urbain, d'électricité, de voirie et de propreté.

Pour l‟évaluation de la performance des alternatives, des indicateurs ont été crées pour les

critères "Impacts sur la population", "Impacts sur l'environnement" et "Impacts

hydrologiques". Ils utilisent les résultats de la modélisation hydrologique, hydraulique et de

géotraitement (GIS). La systématique a été appliquée à quatre scénarios à la ville d'Itajubá : la

situation actuelle, l'implantation d'un barrage, l'implantation de digues latérales et

l'implantation d'un système d'alerte. L'analyse performance-coût a été faite par l'agrégation

des indicateurs en un "Indice de Developpement" et par un "Indice de Coût" basé sur les coûts

d'implantation, manutention et opération des interventions, des dommages directs sur les

habitations, commerces et services et les dommages à l'infrastructure urbaine. Les résultats

ont montré : i) l'applicabilité de la méthodologie proposée en aide à la décision pour la

sélection des alternatives de contrôle d'inondations; ii) une variation d'ordre de 10% des

dommages directs subis par les infrastructures urbaines par rapport aux autres secteurs

évalués. L'analyse de performance s'est montrée applicable et peu sensible aux variations des

valeurs des indicateurs et est averée robuste. La systématique a montré une préférence pour le

barrage comme solution aux problèmes d‟inondations pour la ville d‟Itajubá.

Mots clés : Dommages à l'infrastructure urbaine ; Aide à la décision ; Contrôle des

inondations ; Indicateurs de vulnérabilité.

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xi

SUMÁRIO

1.0 - INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 1

2.0 – OBJETIVOS E ETAPAS METODOLÓGICAS ....................................................................... 5

2.1 – OBJETIVOS GERAIS ............................................................................................................ 5

2.2 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................................. 5

2.3 – ETAPAS METODOLÓGICAS .............................................................................................. 5

2.3.1 – Revisão bibliográfica e fundamentação teórica ............................................................... 7

2.3.2 - Mapeamento e caracterização da área .............................................................................. 7

2.3.3 – Definição das alternativas de cenários............................................................................. 8

2.3.4 – Indicadores de vulnerabilidade para análise do desempenho dos cenários ..................... 8

2.3.5 – Indicadores de custo ........................................................................................................ 8

2.3.6 – Análise desempenho-custo .............................................................................................. 9

3.0 – INUNDAÇÕES URBANAS ....................................................................................................... 10

3.1 – TIPOS DE INUNDAÇÕES ................................................................................................... 10

3.1.1 – Inundações lentas ou inundações fluviais ...................................................................... 11

3.1.2 – Inundações rápidas ou inundações por cheias torrenciais ............................................. 11

3.1.3 – Inundações por escoamento urbano ............................................................................... 11

3.1.4 – Inundações pelas torrentes ............................................................................................. 12

3.1.5 – Submersões marinhas .................................................................................................... 12

3.1.6 – Inundações estuarinas .................................................................................................... 12

3.1.7 – Inundações por remanso da rede de drenagem pluvial .................................................. 12

3.1.8 – Inundações por elevação do nível do lençol freático ..................................................... 13

3.2 – IMPACTOS DAS INUNDAÇÕES ....................................................................................... 13

3.2.1 – Risco de inundação ........................................................................................................ 14

3.2.2 – Abordagens utilizadas na determinação das áreas de risco de inundação ..................... 18

3.3 - DANOS DECORRENTES DAS INUNDAÇÕES EM ÁREAS URBANAS ...................... 19

3.3.1 - Danos às residências ...................................................................................................... 23

3.3.2 - Danos aos setores de comércio e serviços ...................................................................... 26

3.3.3 - Danos diretos às indústrias ............................................................................................. 27

3.3.4 - Danos à saúde humana ................................................................................................... 28

3.3.5 - Atendimento a desabrigados .......................................................................................... 29

3.4 – MEDIDAS PARA O CONTROLE DE INUNDAÇÕES URBANAS ................................ 29

3.5.1 - Classificação das técnicas compensatórias .................................................................... 30

3.5.1.1 - Técnicas Não-Estruturais ............................................................................................ 31

3.5.1.2 - Técnicas Estruturais .................................................................................................... 35

3.5.2 – Análise da viabilidade das técnicas compensatórias estruturais .................................... 42

3.6 – CONSIDERAÇÕES PARCIAIS........................................................................................... 45

4.0 - ANÁLISE DE ALTERNATIVAS DE ARRANJOS DE MEDIDAS PARA O CONTROLE

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xii

DE INUNDAÇÕES ............................................................................................................................. 46

4.1 – TÉCNICAS APLICADAS À TOMADA DE DECISÃO .................................................... 46

4.1.1 - Análises de critério único ............................................................................................... 46

4.1.1.1 - Análise Custo-Benefício ............................................................................................. 47

4.1.1.2 - Análise Custo Efetividade ........................................................................................... 48

4.1.1.3 - Análise Risco-Benefício .............................................................................................. 49

4.1.1.4 - Análise Decisória ........................................................................................................ 49

4.1.2 - Análise Multicritério ...................................................................................................... 50

4.1.3 - Classificação dos métodos multicritério ........................................................................ 51

4.1.4 - Estudo de Impactos ........................................................................................................ 53

4.1.5 - Indicadores para a comparação de arranjos alternativos ................................................ 54

4.1.5.1 - Características dos indicadores ................................................................................... 55

4.1.5.2 - Critérios para a seleção de indicadores ....................................................................... 56

4.1.6 - Ciclo de tomada de decisão e o uso de indicadores ....................................................... 57

4.1.6.1 - Identificação do problema ........................................................................................... 58

4.1.6.2 - Crescimento da consciência pública e conhecimento do problema ............................ 58

4.1.6.3 - Etapa de formulação .................................................................................................... 59

4.1.6.4 - Etapa de implementação ............................................................................................. 59

4.1.6.5 - Etapa de avaliação ....................................................................................................... 59

4.1.7 - O uso de indicadores na análise de sistemas de drenagem urbana com múltiplos critérios

................................................................................................................................................... 60

4.2 - MODELAGEM HIDROLÓGICA E HIDRÁULICA APLICADA ................................... 68

4.2.1 - Conceitos básicos ........................................................................................................... 69

4.2.2 - Modelos hidrológicos ..................................................................................................... 71

4.2.3 - Modelos de propagação .................................................................................................. 72

4.2.4 - Modelos hidráulicos ....................................................................................................... 72

4.3 – GEOPROCESSAMENTO APLICADO AO ESTUDO DAS INUNDAÇÕES URBANAS

............................................................................................................................................. 74

4.4 – ESTUDOS PARA DETERMINAÇÃO DO RISCO E DE DANOS DE INUNDAÇÃO

COM BASE EM GEOPROCESSAMENTO .................................................................. 77

4.5 – CONSIDERAÇÕES PARCIAIS........................................................................................... 83

5.0 – AVALIAÇÃO DE DANOS DIRETOS À INFRAESTRUTURA URBANA ......................... 84

5.1 - DANOS À INFRAESTRUTURA URBANA ........................................................................ 84

5.1.1 - Danos ao sistema viário ................................................................................................. 85

5.1.3 - Danos a veículos rodoviários ......................................................................................... 86

5.1.4 - Danos aos serviços de telecomunicações ....................................................................... 87

5.1.5 - Danos ao fornecimento e distribuição de energia elétrica .............................................. 87

5.1.6 - Danos ao sistema de abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto ................ 88

5.1.7 - Operações necessárias ao restabelecimento das condições regulares ............................ 89

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xiii

5.1.8 – Análise da susceptibilidade física dos sistemas ............................................................. 90

5.1.8.1 - Distribuição de energia elétrica ................................................................................... 90

5.1.8.2 - Abastecimento de água potável ................................................................................... 91

5.1.8.3 - Esgotamento sanitário ................................................................................................. 91

5.1.8.4 - Rede de telecomunicações .......................................................................................... 92

5.2 – LEVANTAMENTO DE DADOS PARA A AVALIAÇÃO DE DANOS À

INFRAESTRUTURA URBANA ...................................................................................... 93

5.2.1 - Levantamento efetuado em Belo Horizonte e região metropolitana .............................. 94

5.2.2 - Levantamento efetuado em Itajubá ................................................................................ 95

5.2.2.1 - Informações recolhidas na CEMIG ............................................................................. 96

5.2.2.2 - Informações recolhidas na COPASA .......................................................................... 96

5.2.2.3 - Informações recolhidas em outros setores do município ............................................ 98

5.2.3 - Levantamento efetuado em Santa Rita do Sapucaí ........................................................ 98

5.1.3.1 - Informações recolhidas na CEMIG ............................................................................. 99

5.2.3.2 - Informações recolhidas na COPASA .......................................................................... 99

5.2.4 - Levantamento efetuado em Pouso Alegre .................................................................... 101

5.2.4.1 - Informações recolhidas na CEMIG ........................................................................... 101

5.2.4.2 - Informações recolhidas na COPASA de Pouso Alegre............................................. 102

5.2.4.3 - Informações recolhidas na Prefeitura Municipal de Pouso Alegre ........................... 103

5.3 – COMPARAÇÃO ENTRE OS DADOS LEVANTADOS E A SUSCEPTIBILIDADE

FÍSICA DOS SISTEMAS DE INFRAESTRUTURA URBANA ÀS INUNDAÇÕES

........................................................................................................................................... 104

5.4 – SISTEMÁTICA PROPOSTA PARA A AVALIAÇÃO DE DANOS DIRETOS À

INFRAESTRUTURA URBANA .................................................................................... 106

5.4.1 - Sistema de abastecimento de água ............................................................................... 106

5.4.2 - Sistema de esgotamento sanitário ................................................................................ 111

5.4.3 - Sistema de drenagem de águas pluviais urbanas .......................................................... 113

5.4.4 - Sistema de distribuição de energia elétrica .................................................................. 117

5.4.5 - Sistema de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos ............................................ 118

5.4.6 - Sistema viário ............................................................................................................... 121

5.5 – CONSIDERAÇÕES PARCIAIS......................................................................................... 123

6.0 – PROPOSIÇÃO DE SISTEMÁTICA PARA AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE

CENÁRIOS PARA O CONTROLE DE INUNDAÇÕES.............................................................. 124

6.1 – REFLEXÕES PARA A PROPOSIÇÃO DE CRITÉRIOS E INDICADORES ............. 125

6.1.1 - Aspectos Sanitários e de Saúde pública ....................................................................... 126

6.1.2 - Aspectos morfológicos, hidrológicos e ambientais ...................................................... 128

6.1.3 - Aspectos sociais ........................................................................................................... 134

6.2 – PROPOSIÇÃO DE CRITÉRIOS E INDICADORES DE VULNERABILIDADE PARA

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE CENÁRIOS ................................................. 135

6.2.1 - Critério “Impactos Ambientais e de Saúde Pública”.................................................... 136

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xiv

6.2.1.1 - Contaminação da água de inundação por esgoto sanitário (ICS) ................................ 136

6.2.1.2 - Proliferação de vetores alados (IPV) .......................................................................... 137

6.2.1.3 - Risco de Poluição Acidental (IPA) ............................................................................. 138

6.2.1.4 - Alteração potencial na qualidade da água (IQA) ........................................................ 140

6.2.1.5 - Alteração na Morfologia Fluvial (IMF) ...................................................................... 141

6.2.1.6 - Alteração potencial sobre o volume escoado e recarga de aqüífero (IVE) ................. 144

6.2.2 – Critério “Impactos Sociais na Área Afetada” .............................................................. 145

6.2.2.1 – Criação e reabilitação de espaços de recreação, lazer e equipamentos urbanos (IEL)146

6.2.2.2 – População afetada pela inundação (IPO) .................................................................... 147

6.2.2.3 – Realocação da População (IRP) ................................................................................. 148

6.2.3 – Critério “Impacto Hidrológico a Jusante da Área Afetada” ........................................ 149

6.2.3.1 – Inundação a Jusante (IIJ) ........................................................................................... 149

6.2.3.2 – Erosão ou sedimentação a jusante (IEJ) ..................................................................... 154

6.3 – ANÁLISE CRÍTICA DO GRUPO DE CRITÉRIOS E INDICADORES DE

VULNERABILIDADE ................................................................................................... 155

6.3.1 - Ponderação dos Indicadores ......................................................................................... 155

6.3.2 - Análise de importância de critérios e indicadores ........................................................ 157

6.3.3 - Método AHP para ponderação dos indicadores ........................................................... 159

6.3.4 - Métodos de Atribuição Direta do Peso ou Pontuação Direta ....................................... 161

6.3.5 - Avaliação dos especialistas .......................................................................................... 162

6.3.5 - Análise dos comentários efetuados pelos especialistas ................................................ 166

6.4 – CONSOLIDAÇÃO DO CONJUNTO DE CRITÉRIOS E INDICADORES DE

DESMPENHO ................................................................................................................. 168

6.4.1 – Realocação de critérios e indicadores .......................................................................... 168

6.4.2 – Indicadores ligados ao critério “Impactos sobre a população” .................................... 169

6.4.2.1 - População afetada e exposta ao desenvolvimento de enfermidades (IPE) ................. 169

6.4.2.2 - Proliferação de vetores alados (IPV) .......................................................................... 171

6.4.2.3 - Risco de Poluição Acidental (IPA) ............................................................................. 171

6.4.2.4 - Criação e reabilitação de espaços de recreação, lazer e equipamentos urbanos (IEL) 171

6.4.2.5 - Realocação da População (IRP) .................................................................................. 171

6.4.3 – Critério “Impactos sobre o meio” ................................................................................ 171

6.4.3.1 - Alteração na Morfologia Fluvial (IMF) ...................................................................... 172

6.4.3.2 - Alteração potencial na qualidade da água (IQA) ........................................................ 172

6.4.3.3 - Alteração potencial sobre o volume escoado e recarga de aqüífero (IVE) ................. 172

6.4.4 – Critério “Impactos hidrológicos” ................................................................................ 173

6.4.4.1 – Inundação a jusante das intervenções (IIJ) ................................................................ 173

6.4.4.2 - Erosão ou sedimentação a jusante das intervenções (IEJ) .......................................... 174

6.4.5 – Ponderação final dos indicadores ................................................................................ 174

6.5 – AGREGAÇÃO DOS INDICADORES ............................................................................... 175

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xv

6.6 – NORMALIZAÇÃO DOS INDICADORES ....................................................................... 180

6.6.1 - Normalização do indicador de população afetada e exposta ao desenvolvimento de

enfermidades (IPE).................................................................................................................... 180

6.6.2 -Normalização do indicador de proliferação de vetores alados (IPV) .............................. 181

6.6.3 - Normalização do indicador de poluição acidental (IPA) ............................................... 181

6.6.4 - Normalização do indicador de criação e reabilitação de espaços de recreação, lazer e

equipamentos urbanos (IEL) ..................................................................................................... 181

6.6.5 - Normalização do indicador de realocação da população (IRP) ..................................... 182

6.6.6 - Normalização do indicador de morfologia fluvial (IMF) ............................................... 183

6.7 – INDICADORES DE CUSTO .............................................................................................. 183

6.7.1 – Custos de implantação ................................................................................................. 184

6.7.2 – Custos de manutenção e operação ............................................................................... 184

6.7.3 – Custos dos danos decorrentes das inundações ............................................................. 186

6.7.3.1 – Danos às edificações e conteúdo .............................................................................. 186

6.7.3.2 – Danos à infraestrutura urbana ................................................................................... 188

6.8 – ANÁLISE DESEMPENHO-CUSTO ................................................................................. 188

6.9 – CONSIDERAÇÕES PARCIAIS......................................................................................... 190

7.0 – CONSOLIDAÇÃO DA SISTEMÁTICA PROPOSTA – ESTUDO DE CASO MUNICÍPIO

DE ITAJUBÁ - MG ........................................................................................................................... 191

7.1 – DESCRIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ................................. 191

7.2 – CENÁRIOS DE ANÁLISE ................................................................................................. 197

7.2.1 – Situação atual (Cenário A) .......................................................................................... 197

7.2.2 – Implantação de sistema de contenção de cheias (Cenário B) ...................................... 198

7.2.3 – Implantação de dique de contenção (Cenário D) ......................................................... 200

7.2.4 – Implantação de um sistema de previsão e alerta (Cenário S) ...................................... 204

7.3 – MODELAGEM APLICADA .............................................................................................. 205

7.4 – CÁLCULO DOS INDICADORES DE VULNERABILIDADE PARA OS CENÁRIOS

........................................................................................................................................... 220

7.5 – CÁLCULO DOS INDICADORES DE CUSTO ................................................................ 225

7.5.1 – Danos à habitação, comércio e serviços ...................................................................... 225

7.5.1 – Danos à infraestrutura .................................................................................................. 227

7.5.1.1 – Danos ao sistema viário ............................................................................................ 228

7.5.1.2 – Danos ao sistema de esgotamento sanitário ............................................................. 229

7.5.1.3 – Danos ao sistema de abastecimento de água ............................................................ 230

7.5.1.4 – Danos ao sistema de drenagem de águas pluviais .................................................... 232

7.5.1.5 – Danos ao sistema de distribuição de energia elétrica ............................................... 233

7.5.1.6 – Custos relativos ao restabelecimento das condições normais de tráfego e limpeza de

áreas públicas .......................................................................................................................... 234

7.5.2 – Custos de implantação e manutenção .......................................................................... 235

7.5.2.1 - Cenário A .................................................................................................................. 236

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xvi

7.5.2.2 - Cenário B .................................................................................................................. 236

7.5.2.3 - Cenário D .................................................................................................................. 237

7.5.2.4 - Cenário S ................................................................................................................... 240

7.6 – CONSIDERAÇÕES PARCIAIS......................................................................................... 241

8.0 – ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................................. 242

8.1 – MODELAGEM APLICADA .............................................................................................. 242

8.2 – INDICADORES DE VULNERABILIDADE .................................................................... 243

8.3 – INDICADORES DE CUSTO .............................................................................................. 245

8.4 – ANÁLISE DESEMPENHO-CUSTO ................................................................................. 252

9.0 – CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS ..................................................................................... 258

9.1 - CONCLUSÕES ..................................................................................................................... 258

9.1.2 - Sistemática de avaliação de danos à infraestrutura urbana .......................................... 258

9.1.3 - Indicadores de vulnerabilidade e sistemática de auxílio à decisão .............................. 260

9.1.3 - Aplicação da sistemática ao estudo de caso ................................................................. 261

9.2 - PERSPECTIVAS .................................................................................................................. 264

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................ 266

ANEXO A – CRITÉRIOS DE ESCOLHA DE TÉCNICAS COMPENSATÓRIAS .................. 278

ANEXO B – CARACTERÍSTICAS DOS SISTEMAS DE INFRAESTRUTURA URBANA ... 285

ANEXO C – DOCUMENTO DE CONSULTA AOS ESPECIALISTAS E CURVAS

PROFUNDIDADE - DANO ............................................................................................................. 288

ANEXO D – FICHA TÉCNICA DA BARRAGEM 3A E EQUIPAMENTOS DA REDE

TELEMÉTRICA ............................................................................................................................... 308

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 3.1 - Qualificação da aleatoriedade em função da altura de submersão .................................... 16

Tabela 3.2 - Qualificação da aleatoriedade em função da altura de submersão e da velocidade do

escoamento ............................................................................................................................................ 17

Tabela 3.3 - Tipos de atividades no gerenciamento da planície de inundação ...................................... 31

Tabela 3.4 - Soluções para o gerenciamento do uso do solo ................................................................. 33

Tabela 3.5 - Vocação e possibilidades das técnicas .............................................................................. 44

Tabela 4.1-Tipologias de indicadores e medidas apresentadas por Kolsky e Butler (2002) ................. 62

Tabela 5.1 - Susceptibilidade física das redes de distribuição de energia elétrica ................................ 90

Tabela 5.2 - Susceptibilidade física dos sistemas de abastecimento de água ........................................ 91

Tabela 5.3 - Susceptibilidade física das redes de saneamento .............................................................. 92

Tabela 5.4 - Características da vulnerabilidade das redes de telecomunicações ................................... 93

Tabela 5.5 - Descrição dos elementos do sistema de abastecimento de água para cálculo dos custos dos

danos.................................................................................................................................................... 109

Tabela 5.6 - Descrição dos elementos do sistema de esgotamento sanitário para cálculo dos custos dos

danos.................................................................................................................................................... 113

Tabela 5.7 - Descrição dos elementos do sistema de drenagem para cálculo dos custos dos danos ... 116

Tabela 5.8 - Descrição dos elementos do sistema distribuição de energia elétrica para cálculo dos

custos dos danos .................................................................................................................................. 118

Tabela 5.9 - Descrição dos elementos do sistema limpeza urbana para cálculo dos custos dos danos 121

Tabela 5.10 - Descrição dos elementos do sistema viário para cálculo dos custos dos danos ............ 123

Tabela 6.1 - Ações previstas para a composição do indicador ............................................................ 143

Tabela 6.2 - Valor do indicador de melhoria da morfologia fluvial em relação à situação de ocupação

atual ..................................................................................................................................................... 143

Tabela 6.3 - Escala de valores para avaliação do indicador IEL ........................................................... 147

Tabela 6.4 - Escala de análise do indicador IEJ .................................................................................... 154

Tabela 6.5 - Coeficiente de Incoerência Aleatório (CIA) ................................................................... 161

Tabela 6.6 - Pesos atribuídos aos critérios pelos especialistas ............................................................ 163

Tabela 6.7 - Análise estatística dos pesos dos critérios ....................................................................... 163

Tabela 6.8 - Pesos dos indicadores calculados pelo Método AHP ponderados pelos pesos dos critérios

............................................................................................................................................................. 164

Tabela 6.9 - Índices de Incoerência encontrados pelo Método AHP .................................................. 164

Tabela 6.10 - Pesos dos indicadores atribuídos pelos especialistas pelo Método de Atribuição Direta

dos Pesos ............................................................................................................................................. 165

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Tabela 6.11 - Pesos finais dos indicadores .......................................................................................... 174

Tabela 6.12 - Escala de valores para avaliação do indicador IEL ......................................................... 182

Tabela 6.13 - Escala de valores para avaliação do indicador IEL normalizado .................................... 182

Tabela 7.1 - Análise de frequência de vazões de cheia ....................................................................... 197

Tabela 7.2 - Alturas dos diques em cada seção topobatimétrica ......................................................... 201

Tabela 7.3 - Vazões com duração de 24 horas .................................................................................... 207

Tabela 7.4 - Identificação dos cenários ............................................................................................... 221

Tabela 7.5 - Dados para determinação dos indicadores de vulnerabilidade ........................................ 222

Tabela 7.6 - Resultado da aplicação dos indicadores de vulnerabilidade para os cenários definidos . 223

Tabela 7.7 - Indicadores de vulnerabilidade normalizados para os cenários ...................................... 223

Tabela 7.8 - Pesos aplicados conforme a abordagem adotada ............................................................ 224

Tabela 7.9 - Análise do desempenho dos cenários nas diferentes abordagens .................................... 224

Tabela 7.10 - Distribuição de domicílios por classe social ................................................................. 226

Tabela 7.11 - Distribuição das empresas de Itajubá conforme a atividade ......................................... 226

Tabela 7.12 - Distribuição do setor de serviços por ramo de atividade ............................................... 226

Tabela 7.13 - Custo dos danos aos setores habitação, comércio e serviços ........................................ 227

Tabela 7.14 - Composição de custo para a substituição de pavimento asfáltico ................................. 228

Tabela 7.15 - Custo dos danos ao sistema viário para os diferentes cenários ..................................... 229

Tabela 7.16 - Custo de substituição de rede de esgoto em concreto ................................................... 230

Tabela 7.17 - Custo dos danos ao sistema de esgotamento sanitário para os diferentes cenários ....... 230

Tabela 7.18 - Custo de substituição dos elementos do sistema de abastecimento de água ................. 231

Tabela 7.19 - Custo dos danos ao sistema de abastecimento de água ................................................. 232

Tabela 7.20 - Custos de reparo e substituição dos elementos da rede de drenagem ........................... 233

Tabela 7.21 - Custo dos danos ao sistema de drenagem de águas pluviais ......................................... 233

Tabela 7.22 - Custo de substituição de medidores .............................................................................. 234

Tabela 7.24 - Custo da retirada do volume de detritos por m3 ............................................................ 235

Tabela 7.25 - Custos relativos à remoção de resíduos e limpeza pública ........................................... 235

Tabela 7.26 - Custos de manutenção da barragem 3A ........................................................................ 237

Tabela 7.27 - Custo de preparação das margens do rio Sapucaí ......................................................... 238

Tabela 7.28 - Custo de implementação dos diques laterais em terra ................................................... 238

Tabela 7.29 - Custo de implantação de canal em concreto ................................................................. 238

Tabela 7.30 - Custo de substituição das pontes sobre o rio Sapucaí no trecho do dique em Itajubá. .. 239

Tabela 7.31 - Custos de manutenção do dique e canal lateral ............................................................. 240

Tabela 7.32 - Estimativa de custos de instalação da rede de monitoramento hidrológico para o rio

Sapucaí no município de Itajubá ......................................................................................................... 240

Tabela 7.33 - Custo de operação e manutenção do sistema de alerta .................................................. 241

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xix

Tabela 8.1 - Áreas das superfícies ocupadas pelas manchas de inundação para os cenários .............. 242

Tabela 8.2 - Resumo dos custos aplicados ao município de Itajubá ................................................... 245

Tabela 8.3 - Custos dos cenários por habitante da zona urbana do município de Itajubá ................... 252

Tabela 8.4 - Análise desempenho – custo pela média dos pesos ........................................................ 253

Tabela 8.5 - Análise desempenho – custo pela abordagem ambientalista ........................................... 254

Tabela 8.6 - Análise desempenho – custo pela abordagem social ....................................................... 255

Tabela 8.7 - Análise desempenho – custo pela abordagem técnica ..................................................... 256

Tabela A1 - Importância relativa de restrições à implantação e operação das técnicas ...................... 279

Tabela A2 - Lista de critérios seletivos ............................................................................................... 280

Tabela A3 - Vantagens e inconvenientes das medidas compensatórias .............................................. 281

Tabela A4 - Características necessárias à inserção das técnicas compensatórias ............................... 283

Tabela B.1 - Vulnerabilidade das redes de fornecimento de eletricidade à interrupção das inundações

............................................................................................................................................................. 286

Tabela B.2 - Classes de fornecimento e níveis de segurança recomendados ...................................... 286

Tabela B.3 - Características da vulnerabilidade das redes de abastecimento de água à interrupção... 287

Tabela B.4 - Características da vulnerabilidade das redes de saneamento à interrupção .................... 287

Tabela B.5 - Características da vulnerabilidade das redes de telecomunicações ................................ 287

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 2.1 - Etapas metodológicas do desenvolvimento da tese ............................................................. 6

Figura 3.1 - Relação entre os componentes do risco ............................................................................. 15

Figura 4.1 - Ciclo de tomada de decisão ............................................................................................... 58

Figura 5.1 - Fluxograma do procedimento de avaliação de danos diretos ao sistema de abastecimento

de água ................................................................................................................................................. 110

Figura 5.2 - Fluxograma de funcionamento do procedimento de avaliação de danos ao sistema de

esgotamento sanitário .......................................................................................................................... 112

Figura 5.3 - Fluxograma do procedimento de avaliação de danos diretos ao sistema de esgotamento

sanitário e drenagem urbana ................................................................................................................ 116

Figura 5.4 - Fluxograma do procedimento de avaliação de danos diretos ao sistema de distribuição de

energia elétrica .................................................................................................................................... 117

Figura 5.5 - Fluxograma do procedimento de avaliação de danos diretos ao sistema de limpeza urbana

e manejo de resíduos sólidos ............................................................................................................... 120

Figura 6.1 - Balança de Lane ............................................................................................................... 131

Figura 6.2 - Hidrogramas real e sintético ............................................................................................ 150

Figura 6.4 - Análise executada para determinação do indicador IQA ................................................... 172

Figura 6.5 - Análise executada para determinação do indicador IVE ................................................... 173

Figura 6.6 - Ilustração da noção de distância ao ideal e ao anti-ideal ................................................. 178

Figura 6.7 - Gráfico de Pareto ............................................................................................................. 190

Figura 7.1 - Localização do município de Itajubá ............................................................................... 192

Figura 7.2 - Vista do município de Itajubá encaixado em vale na Serra da Mantiqueira .................... 192

Figura 7.3 - Município de Itajubá durante o evento de janeiro de 2000 .............................................. 194

Figura 7.4 - Município de Itajubá durante o evento de janeiro de 2000 .............................................. 194

Figura 7.5 - Seções topobatimétricas no trecho do rio Sapucaí em Itajubá ......................................... 195

Figura 7.6 - Setores censitários de Itajubá........................................................................................... 196

Figura 7.7 - Localização da zona comercial de Itajubá ....................................................................... 196

Figura 7.8 - Esquema de funcionamento do sistema de reservatórios ................................................. 199

Figura 7.9 - Demarcação das áreas de desapropriação do dique ......................................................... 202

Figura 7.10 - Esquema de funcionamento dos diques e canais laterais ............................................... 203

Figura 7.11 - Perfil do escoamento para TR=50 anos no modelo HEC-RAS ..................................... 206

Figura 7.12 - Seções de escoamento no modelo HEC-RAS para TR=50 anos ................................... 206

Figura 7.13 - Hidrogramas resultantes do modelo ABC6........................................................207

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Figura 7.14 - Modelo Numérico do Terreno para o município de Itajubá .......................................... 208

Figura 7.15 - Mancha de inundação para período de retorno de 100 anos com a malha urbana ......... 211

Figura 7.16 - Manchas de inundação para diferentes períodos de retorno cenário atual ..................... 212

Figura 7.17 - Manchas de inundação para diferentes períodos de retorno para a implantação dos diques

............................................................................................................................................................. 213

Figura 7.18 - Delimitação dos lotes vazios e áreas com espelho d‟água permanente ......................... 214

Figura 7.19 - Manchas de inundação para a vazão de 24 horas de duração para o cenário atual ........ 215

Figura 7.20 - Mancha de inundação para vazão de duração de 24 horas cenário com dique .............. 216

Figura 7.21 - Intersecção entre mancha de inundação de 100 anos no cenário atual para vazão de 24

horas, vazios e declividade ≤ a 1% ...................................................................................................... 217

Figura 7.22 - Intervalos de profundidade de submersão para período de 100 anos cenário atual ....... 218

Figura7.23 - Intervalos de profundidade de submersão para período de retorno de 100 anos cenário

atual comércio e serviços .................................................................................................................... 219

Figura 8.1 - Porcentagem de alteração no desempenho dos cenários para cada aspecto tomando como

base a média dos pesos ........................................................................................................................ 244

Figura 8.2 - Porcentagem relativa dos danos aos diferentes setores para os cenários ......................... 247

Figura 8.3 - Distribuição dos danos entre os sistemas de infraestrutura urbana em cada cenário ....... 248

Figura 8.4 - Porcentagem de redução dos danos para os cenários em relação ao cenário atual para cada

um dos setores avaliados ..................................................................................................................... 249

Tabela 8.5 - Comparação entre as reduções observadas nas manchas de inundação e nos danos à

infraestrutura urbana para cada cenário ............................................................................................... 250

Figura 8.6 - Proporção dos danos a cada sistema da infraestrutura urbana em relação ao total dos danos

diretos aos setores habitacional, comercial e de serviço ..................................................................... 251

Figura 8.7 - Gráfico de Pareto para a média dos pesos ....................................................................... 253

Figura 8.8 - Gráfico de Pareto para a abordagem ambientalista ......................................................... 255

Figura 8.9 - Gráfico de Pareto para a abordagem social ..................................................................... 256

Figura 8.10 - Gráfico de Pareto para abordagem técnica .................................................................... 257

Figura C.1 - Curva DPS para residências classes A e B ..................................................................... 300

Figura C.2 - Curva DPS para residência classe C ............................................................................... 300

Figura C.3 - Curva DPS para residência classe D ............................................................................... 301

Figura C.4 - Curva Dano x Profundidade para o setor comercial, categorias 1 e 5 ............................ 301

Figura C.5 - Curva Dano x Profundidade para o setor comercial, categorias 4, 6 e 7 ........................ 302

Figura C.6 - Curva Dano x Profundidade para o setor comercial, categorias 2, 8 e 9 ........................ 302

Figura C.7 - Curva Dano x Profundidade para o setor comercial, categorias 10 e 15 ........................ 303

Figura C.8 - Curva Dano x Profundidade para o setor comercial, categoria 11 .................................. 303

Figura C.9 - Curva Dano x Profundidade para o setor comercial, categoria 12.....................304

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xxii

Figura C.10 - Curva Dano x Profundidade para o setor comercial, categorias 13 e 14 ...................... 304

Figura C.11 - Curva Dano x Profundidade para o setor comercial, categoria 16 ................................ 305

Figura C.12 - Dano x Profundidade para o setor comercial, categorias 17 e 18 ................................. 305

Figura C.13 - Curva Dano x Profundidade para o setor de serviços, categoria 2 ................................ 306

Figura C.14 - Curva Dano x Profundidade para o setor de serviços, categorias 3 e 7 ........................ 306

Figura C.15 - Curva Dano x Profundidade para o setor de serviços, categorias 4, 5 e 6 .................... 307

Figura C.16 - Curva Dano x Profundidade para o setor de serviços categoria 10 ............................... 307

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xxiii

LISTA DE ABREVIATURAS

ADSS Adaptive Decision Support System

AHP Analytical Hierarchy Process

AMD Análise Multicritério Discreta

ANP Analytic Network Process

ArcGIS Grupo de programas que constitui um Sistema de Informação Geográfica

produzido pela ESRI

AutoCAD Map Programa para mapeamento produzido pela Autodesk

AVADAN Avaliação de Danos

BL Boca de lobo

BMP Best Mannagement Practices

CEMIG Companhia Energética de Minas Gerais

CMB Conjunto Motor-Bomba

CNAE Classificação Nacional de Atividades Econômicas

COMDEC Coordenadoria Municipal de Defesa Civil

COPASA Companhia de Saneamento de Minas Gerais

CRM Conselho Regional de Medicina

CSD Comissão de Desenvolvimento Sustentável DMT Distância média de transporte DN Diâmetro nominal DPS Danos por Profundidade de Submersão

ELECTRE Elimination Et Choix Traduisant Realité

EHR Departamento de Engenharia Hidráulica e Recursos Hídricos

FUNASA Fundação Nacional de Saúde

GPS Global Positioning System

HEC-HMS Hydrologic Engineering Center-Hydrologic Modeling System

HEC-RAS Hydrologic Engineering Center-River Analysis System

HYMO Hydrological Model Computer Language

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IGAM Instituto Mineiro de Gestão das Águas

INCC Índice Nacional de Custos da Construção

INPC Índice Nacional de Preços ao Consumidor

IPH Instituto de Pesquisas Hidráulicas

IPTU Imposto Predial e Territorial Urbano

IRC Índice de Risco de Cheia

MDT Modelo Digital do Terreno

MG Minas Gerais

MNT Modelo Numérico do Terreno

OCDE Organization for Economic Co-operation and Development

OECD Organization for Economic Co-operation and Development

ONU Organização das Nações Unidas

OPAS Organização Pan Americana da Saúde

PAC Pesquisa Anual do Comércio

PAD Polietileno de Alta Densidade

PAS Pesquisa Anual de Serviços

PIB Produto Interno Bruto

PROMETHEE Preference Ranking Organization METHod for Enrichment Evaluations

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xxiv

PV Poço de visita

PVC Cloreto de polivinila

SEQ Systémes d‟Évaluation de la Qualité

SEQ-BIO Systémes d‟Évaluation de la Qualité Biologique

SEQ-EAU Systémes d‟Évaluation de la Qualité de l‟Eau

SEQ-PHY Systémes d‟Évaluation de la Qualité Physique

SIG Sistemas de Informações Geográficas

SMART Simple Multi Attribute Rating Technique

SPWRP Southeastern Pennsylvania Waterways Restoration Program

SUDECAP Superintendência de Desenvolvimento da Capital

SUS Sistema Único de Saúde

SWMM Storm Water Management Model

SWITCH Sustainable Water management Improves Tomorrow‟s Cities‟ Health

TOPSIS Technique for Order Preference by Similarity to Ideal Solution

UFMG Universidade Federal de Minas Gerais

UNIFEI Universidade Federal de Itajubá

USACE U. S. Army Corps of Engineers

WSPRO Water-Surface Profile Computation Model

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xxv

LISTA DE SÍMBOLOS

𝐴 Área da bacia em km2

A Área de drenagem da estação

ACi Valor da condição para cada elemento do curso d‟água tomando como referência

a situação de ocupação atual

𝑎 𝑗𝑀 Ponto de ideal para o critério j;

𝑎 𝑗𝑚 Ponto de anti ideal para o critério j;

aij Ponto de coordenada da alternativa considerada para o critério j;

AZI Área da superfície inundada em cada setor censitário

𝐶𝑛 Fluxo de caixa feito no período n;

𝐶0 Fluxo de caixa feito na data zero;

𝑑 𝑝𝑀 𝑎𝑖 Distância de Minkovski ao ideal;

𝑑 𝑝𝑚 𝑎𝑖 Distância de Minkovski ao anti-ideal;

𝐷𝑝 𝑎𝑖 Taxa de similaridade

DPOP Densidade populacional prevista por unidade de área para cada setor censitário

𝑔 aceleração da gravidade (m/s2)

i Taxa de juros corrente ao período n;

ICS Indicador de contaminação da água de inundação por esgoto sanitário

Idk Índice de desempenho da alternativa k;

IEJ Indicador de erosão ou sedimentação a jusante

IEL Indicador de criação e reabilitação de espaços de recreação, lazer e equipamentos

urbanos

IIJ Indicador de inundação a jusante

IMF Indicador de alteração na morfologia fluvial

𝐼𝑀𝐹𝑁 Indicador de morfologia fluvial normalizado

IPA Indicador de risco de poluição acidental

𝐼𝑃𝐴𝑁 Indicador de poluição acidental normalizado;

IPE Indicador de população afetada e exposta ao desenvolvimento de enfermidades

𝐼𝑃𝐸𝑁 Indicador de população afetada e exposta a enfermidades normalizado;

IPO Indicador de população afetada pela inundação

IPV Indicador de proliferação de vetores alados

𝐼𝑃𝑉𝑁 Indicador de proliferação de vetores alados normalizado;

IQA Indicador de alteração potencial na qualidade da água

IRP Indicador de realocação da população

𝐼𝑅𝑃𝑁 Indicador de realocação da população normalizado

IVE Indicador de alteração potencial sobre o volume escoado e recarga de aqüífero

j Critério analisado

L Unidade de medida de comprimento

L.T-1 Unidade de medida de velocidade

L3.T

-1 Unidade de medida de vazão

L2 Unidade de medida de superfície

mp Distância de Minkovski entre os pontos x e y

n Número do período em que foi feito determinado fluxo

NA Número de empreendimentos atingidos contidos dentro da mancha de inundação

NE Número total de empreendimentos na zona urbana

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xxvi

𝑁𝐸𝑀 Número total de empreendimentos na zona urbana inundável para a máxima

cheia considerada na análise

𝑁𝑝 Número de pluviógrafos

p Valor que define o tipo de distância

PopTOT População total da área urbana

𝑄𝑎 Vazão correspondente à situação de ocupação atual (L3.T

-1)

𝑄𝑑 Vazão obtida após a implantação de cada cenário (L3.T

-1)

Qmáx Máximo anual de vazão média diária

Qp Vazão de pico

𝑄𝑅 Vazão de restrição para a manutenção das condições na área a jusante da área em

estudo

S50 Área da superfície inundada com altura de água de pelo menos 50 cm por tempo

igual ou superior a 24 horas em cada setor censitário

Sb Superfície ocupada pela área de estudo

Sd Superfície de drenagem prevista para alimentar todas as bacias de detenção e

retenção previstas para cada cenário

SMED Superfície utilizada pelas medidas de controle dentro de casa setor censitário

ST Somatório entre as superfícies de solo nu ou com vegetação rasteira com

declividade igual ou inferior a 1% e área ocupada por bacias de retenção inserida

dentro da mancha para uma inundação de duração superior a 1 dia

SU Área total da zona urbana

𝑆𝑈𝑀 Área total da zona urbana inundável para a máxima cheia considerada na análise

TM Thematic Mapper

TR Período de retorno

VA Volume de escoamento antes da aplicação das medidas ou o volume de

escoamento do cenário de referência obtido por modelagem matemática

VD Volume de escoamento previsto após a implantação dos cenários com a medidas

de controle obtido por modelagem matemática

wj Peso do critério j

xj Ponto de coordenada x para o critério j

yj Ponto de coordenada y para o critério j

Ω Potência hidráulica por unidade de comprimento do rio

𝜌 Densidade da água

𝑆 Declividade

Φ Potência unitária

u Velocidade do fluxo

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1.0 - INTRODUÇÃO

Das catástrofes naturais, as inundações são as que apresentam o maior volume de

prejuízos. Segundo Berz (2000), somente na década de 90, mais de US$250 bilhões foram

gastos para compensar as conseqüências mundiais das inundações. No Brasil, as perdas

econômicas por inundações estimadas por Baptista e Nascimento (1996) e Tucci et al.

(2003) estão entre US$ 1 bilhão e US$ 2 bilhões por ano.

O intenso processo de urbanização experimentado no Brasil a partir da década de 60

mostra hoje, um resultado preocupante nas grandes cidades brasileiras. Mais de 80% da

população vive em áreas urbanas trazendo consigo impactos gerados pela forma

inadequada da ocupação urbana e pelo comportamento geral da população.

A combinação de falta de conhecimento por parte dos responsáveis pelos órgãos de

planejamento da drenagem das águas pluviais urbanas, o despreparo dos profissionais

pertencentes a esses órgãos em grande parte dos municípios, e a falta de vontade política

na solução dos problemas agrava ainda mais a situação. O planejamento dos sistemas

públicos (drenagem e manejo de águas pluviais urbanas, transporte, abastecimento de água

potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e sistema

viário), normalmente é feito de forma setorial, desconsiderando a interface existente entre

os mesmos e potencializando alguns problemas localizados.

Um exemplo das conseqüências dessas ações está relatada no documento do Ministério da

Saúde (2004) sobre as chuvas do verão de 2004, consideradas o maior desastre natural já

registrado no Brasil, atingindo 1224 municípios. No período de 28 de janeiro a 22 de

março foram registrados 211 vítimas fatais e 1387 feridos. O número de desabrigados e

desalojados ultrapassou a cifra de 378 mil pessoas, com 113 mil residências, 1046 pontes e

1838 escolas danificadas ou destruídas. Das vinte Unidades da Federação atingidas pelas

enchentes, nove apresentaram aumento de casos confirmados de leptospirose no período de

01 de janeiro a 17 de março de 2004. Nesse mesmo período, nas vinte unidades federadas

foram registrados 52 óbitos em decorrência das inundações.

Essas constatações tornam cada vez mais evidente a necessidade de um planejamento que

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incorpore tanto técnicas de controle quanto a eficiência de medidas de convivência,

analisando além dos aspectos técnicos relacionados ao desempenho hidráulico de medidas

para o controle de inundações, também as interfaces do problema relativas aos aspectos

sociais, ambientais, de saúde pública e financeiros, juntamente com os aspectos

hidrológicos e hidráulicos. Assim, o presente trabalho pretende preencher uma lacuna no

planejamento urbano de áreas sujeitas a inundação, pela análise conjunta dos aspectos

citados, sugerindo uma sistemática para ao auxílio à decisão e seleção de alternativas de

controle baseadas nos diferentes impactos que estas podem produzir.

Quanto à sua utilidade no processo de planejamento municipal, espera-se a possibilidade

de incorporação da ferramenta proposta na elaboração de planos diretores de

desenvolvimento urbano e de planos diretores de drenagem urbana.

Para a composição da sistemática foi feita uma extensa revisão bibliográfica de modo a

delimitar os campos de atuação e a definição das ferramentas a serem utilizadas na

composição da mesma. Pelas suas características e possibilidades de tratar assuntos

diferenciados e muitas vezes conflitantes, a ferramenta de auxílio à decisão proposta aqui

utiliza indicadores de vulnerabilidade para avaliar o desempenho de alternativas de

controle de inundações e indicadores de custos formados por custos de implantação,

manutenção e operação juntamente com custos dos danos para esses eventos, dando ênfase

aos danos à infraestrutura urbana.

Primeiramente, para delinear o estudo foi feita uma revisão bibliográfica e uma

fundamentação teórica para definição dos métodos e técnicas indicados para a metodologia

proposta. Esse processo se estendeu por praticamente todo o desenvolvimento da tese. A

etapa de formulação dos indicadores, por exemplo, foi embasada em estudos já realizados

e em conceitos formulados anteriormente quando do contato com especialistas de

diferentes áreas.

A etapa de revisão bibliográfica consta atualmente de dois capítulos da tese. O primeiro

deles (Capítulo 3) trata do estudo do contexto das inundações, os impactos por ela

causados e as medidas de controle que podem ser adotadas, definindo os critérios para sua

escolha em função das características locais e de aplicabilidade das mesmas. O segundo

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capítulo de revisão bibliográfica (Capítulo 4) trata das metodologias disponíveis para a

avaliação das alternativas, na tentativa de indicar métodos e técnicas mais adequados a

cada situação em função dos objetivos formulados.

O Capítulo 5 da tese apresenta uma descrição dos danos à infraestrutura urbana,

mencionados na literatura e apresenta a sistemática elaborada para avaliação desses danos

baseado no levantamento efetuado em diferentes municípios do estado de Minas Gerais. A

busca de elementos para a elaboração da sistemática de avaliação de danos apresentou uma

característica marcante nessa etapa: a dificuldade em obter as informações necessárias para

o seu desenvolvimento. Assim, o processo de coleta de dados teve duração de

aproximadamente dois anos sendo alimentado paulatinamente de tal forma que a etapa de

formulação da metodologia aconteceu simultaneamente com a fase final da coleta de

dados. O processo de desenvolvimento da sistemática foi evoluindo à medida que eram

obtidas novas informações.

O sexto capítulo da tese trata da sistemática utilizada para a análise de desempenho das

alternativas de controle, aqui denominadas “cenários”, com a formulação dos indicadores

de vulnerabilidade propostos e os métodos para agregação e apresentação da análise

proposta. Na etapa de formulação dos indicadores foi preocupação presente em todo o

processo, a identificação de mecanismos de fácil aplicação e informações disponíveis ou

que pudessem ser construídas facilmente pelos órgãos de planejamento municipais. Os

dados para sua determinação são advindos de diferentes meios: por manipulação de

fotografias aéreas e dados digitais, dados do IBGE e documentos das prefeituras e

institutos de pesquisa.

Uma vez que já havia sido definida previamente a área para aplicação do estudo de caso,

em função dos estudos desenvolvidos por Vianna (2000), Lima (2003) e Machado (2005),

o município de Itajubá fez parte da etapa de coleta de dados. Para esse levantamento, de

modo a subsidiar o desenvolvimento da sistemática de avaliação de danos, foram

elencados mais 4 (quatro) municípios do estado de Minas Gerais e a metodologia adotada

para a coleta de informações sobre danos à infraestrutura foi: a realização de entrevistas

com técnicos que estiveram presentes e trabalharam durante e após as inundações nos

municípios visitados, e responsáveis pelas regionais dessas companhias; a visita e busca de

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documentação junto aos órgãos de planejamento de prefeituras municipais, universidades e

órgãos da Defesa Civil. A definição da área em função de estudos anteriores também foi

fundamental para escolhas de alguns modelos matemáticos para a obtenção dos dados

necessários para aplicação da sistemática proposta. A aplicação da sistemática encontra-se

detalhada no Capítulo 7 desta tese e os resultados dessa aplicação encontram-se descritos

no Capítulo 8, com as conclusões e recomendações listadas no último capítulo.

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2.0 – OBJETIVOS E ETAPAS METODOLÓGICAS

2.1 – OBJETIVOS GERAIS

O presente estudo tem por objetivo geral o desenvolvimento de uma sistemática de auxílio

à decisão para a seleção de alternativas para o controle de enchentes em ambientes

urbanos, contemplando aspectos sociais, ambientais, de saúde pública, hidrológicos e

financeiros. De forma complementar será desenvolvida uma sistemática para avaliação de

danos diretos à infraestrutura urbana.

2.2 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Para a realização do objetivo geral foram definidos como objetivos específicos a serem

alcançados ao final da tese:

- Identificar e propor os critérios essenciais em que se deverá basear o processo de

tomada de decisão sobre a adoção de cenários alternativos para o controle de

inundações urbanas;

- Analisar as diferentes medidas não-estruturais e estruturais de controle de inundações

à luz de diferentes critérios;

- Desenvolver uma sistemática de avaliação de danos diretos decorrentes das

inundações à infraestrutura urbana;

- Identificar e formular indicadores capazes avaliar os benefícios técnicos, ambientais e

sociais de cenários compostos por medidas estruturais e não-estruturais de controle de

enchentes urbanas;

- Identificar e formular indicadores capazes de traduzir as relações entre os custos dos

danos e dos investimentos necessários para a implantação de alternativas de controle

de enchentes urbanas;

- Estabelecer uma sistemática de auxílio à decisão para a seleção de cenários para o

controle de inundações urbanas incorporando os indicadores supra citados;

- Avaliar a aplicabilidade da sistemática proposta em um estudo de caso.

2.3 – ETAPAS METODOLÓGICAS

Conforme apresentado no item 2.1, a proposta de metodologia definida para este estudo diz

respeito às atividades necessárias ao desenvolvimento de uma sistemática de auxílio à

decisão para a seleção de alternativas de controle de inundações a serem inseridas em áreas

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urbanas. As etapas consideradas para alcançar os objetivos formulados encontram-se

ilustradas no fluxograma da Figura 2.1.

De maneira geral, a aplicação da sistemática proposta passa por três grandes grupos de

atividades que são as etapas de mapeamento e caracterização local, a definição das

alternativas de arranjos e a análise do desempenho dos arranjos nos aspectos adotados, por

meio de indicadores.

Figura 2.1 – Etapas metodológicas do desenvolvimento da tese

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2.3.1 – Revisão bibliográfica e fundamentação teórica

A revisão de literatura se estendeu por todo o decorrer do trabalho. Dela dependeram

várias definições, dentre elas a identificação, a aplicabilidade das medidas de controle de

inundação, a definição de métodos e técnicas de tratamentos dos dados e grande parte dos

indicadores formulados.

Os critérios adotados foram embasados nos estudos de autores que vivenciaram os

problemas das inundações em países de diferentes níveis de desenvolvimento, permitindo,

assim, o estabelecimento dos critérios e a alocação dos indicadores nestes critérios. Assim,

foi iniciada a etapa de formulação dos indicadores e a definição das ferramentas e

informações que seriam utilizadas na sua obtenção. Além disso, ainda nessa etapa do

trabalho foram definidos os setores da infraestrutura urbana a serem avaliados e procedeu-

se a identificação inicial dos danos a estes setores.

2.3.2 - Mapeamento e caracterização da área

Tendo sido definido antecipadamente o local para a aplicação da sistemática, o município

de Itajubá situado no sul de Minas Gerais, a coleta de dados de caracterização do mesmo e

para formulação da sistemática de avaliação de danos à infraestrutura urbana ocorreram

simultaneamente.

Nessa etapa definiu-se o uso de fotografias aéreas para obtenção de informações sobre a

ocupação da área, foram obtidos os dados digitais para execução das demais atividades de

mapeamento e definidos os níveis de informação necessários para a aplicação da

sistemática. A coleta de dados foi feita em diferentes locais do município de Itajubá:

prefeitura, UNIFEI (Universidade Federal de Itajubá) e COPASA (Companhia de

Saneamento de Minas Gerais). Além destes órgãos foram necessárias informações do

IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com o agravante que cada

informação fornecida foi desenvolvida em um pacote computacional diferente e formatos

diferenciados, fazendo com que fosse necessária compatibilização entre os dados para uso.

Além destes, no Departamento de Engenharia Hidráulica (EHR) da Universidade Federal

de Minas Gerais (UFMG) foram obtidos os arquivos de calibração do modelo hidráulico

HEC-RAS para a região, em função de outros estudos já desenvolvidos para o local.

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2.3.3 – Definição das alternativas de cenários

No período passado em Itajubá, pelo contato com profissionais e professores da UNIFEI,

por documentos disponibilizados durante o processo de levantamento de dados e pelas

características físicas locais, foram definidos os cenários de análise para a aplicação da

sistemática.

Os cenários foram definidos de modo a conseguir a redução total ou parcial dos danos na

área em estudo. No caso da redução parcial, foi priorizada a região com maior densidade

de ocupação. Assim, as alternativas apresentadas e detalhadas no Capítulo 7 deste

documento foram: a situação atual, a implantação de diques laterais e um canal evacuador,

a implantação da barragem 3A definida pelo projeto de um sistema de contenção com

quatro barramentos para solução dos problemas de inundações na bacia do rio Sapucaí, e

por último, a implantação de um sistema de alerta.

A partir da definição dos cenários, do manuseio dos dados de mapeamento e caracterização

e dos resultados da modelagem hidráulica, foi possível a obtenção das informações para o

cálculo dos indicadores (manchas de inundação e demais níveis de detalhamento

necessários para a aplicação dos indicadores de vulnerabilidade).

2.3.4 – Indicadores de vulnerabilidade para análise do desempenho dos cenários

Na verdade, as etapas de coleta e tratamento de dados para a alimentação da sistemática de

avaliação do desempenho dos cenários foi feita de maneira direcionada, uma vez que os

indicadores de vulnerabilidade que fazem parte da análise já se encontravam formulados.

Os dados para alimentação da sistemática são os resultantes da modelagem hidráulica com

o HEC-RAS, dos programas ArcGIS e AutoCAD, formatados para a aplicação prevista nos

dez indicadores formulados. Esses resultados foram obtidos para cada período de retorno

utilizado na análise, aplicados a cada uma das alternativas de controle definidas.

2.3.5 – Indicadores de custo

A determinação dos indicadores de custo foi feita pela consideração, após a definição dos

cenários, dos custos de implantação dos mesmos, e dos custos dos danos em cada uma das

situações previstas.

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Para os custos das intervenções foi feito o levantamento dos custos de implantação,

manutenção e operação de cada uma das alternativas de controle definidas. Estes custos

foram fixos para cada proposta de intervenção em todos os cenários analisados.

A obtenção dos custos dos danos foi feita mediante a previsão da inundação em cada

cenário e período de retorno. Para a obtenção dos custos dos danos às habitações, comércio

e serviços foi utilizada a metodologia obtida por Machado (2005).

Já para os custos dos danos à infraestrutura urbana foi desenvolvida uma sistemática de

avaliação de danos diretos decorrentes de inundações, que contemplou seis setores de

serviços urbanos: abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, vias urbanas,

drenagem e manejo de águas pluviais urbanas, limpeza pública e manejo de resíduos

sólidos, e distribuição de energia elétrica. Essa sistemática permitiu a estimativa dos danos

a esses setores em função das características observadas para cada sistema e dos

parâmetros das inundações.

2.3.6 – Análise desempenho-custo

A análise desempenho-custo foi feita após a agregação dos indicadores de vulnerabilidade

por um método multicritério em um “Índice de Desempenho” e da obtenção de um “Índice

de Custo” sumarizando todos os custos envolvidos na análise. Os resultados foram

apresentados para todas as situações avaliadas a partir do conceito de “ação ideal” e “ação

anti-ideal” no gráfico de Pareto permitindo, assim, a visualização do desempenho geral das

alternativas para a escolha daquelas julgadas adaptadas para a solução ou minimização dos

impactos das inundações no município de Itajubá.

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3.0 – INUNDAÇÕES URBANAS

As inundações em áreas urbanas são reflexos da combinação de eventos hidrológicos em

áreas ocupadas sem critério com deficiências do planejamento da ocupação do espaço

urbano.

A grande concentração da população em áreas urbanas é um fenômeno agravante das

inundações. Na América Latina, o Brasil com mais de 80% da população vivendo nas

cidades, a Argentina (Bertoni et al., 2003) com população urbana acima de 89%, Bolívia

(Terrazas e Seleme, 2003) com 62% de população urbana, Paraguai (Domecq et al., 2003)

com 53,7% de população urbana em 1998, Peru (Reyes, 2003) com 68% de população

urbana e Uruguai (Genta e Teixeira, 2003) com 90% da população urbana, sofrem com as

inundações. Nestes países, destacam-se, ainda, os efeitos da ocupação de áreas ribeirinhas

a rios e arroios.

No Brasil, obras mal projetadas diminuem a seção de escoamento de rios, obstruem o

escoamento pela locação de pilares de pontes em locais inadequados, sedimentos ficam

depositados no fundo dos rios e córregos e toda sorte de materiais (resíduos de construção,

móveis e eletrodomésticos e até veículos) são encontrados obstruindo o escoamento e

potencializando o problema.

As conseqüências dessas atividades são a ocorrência, cada vez mais freqüente de

transbordamentos dos cursos d‟água, e empoçamentos distribuídos ao longo de toda a

bacia. Os resultados vão desde a ocorrência de pequenas perdas materiais, interrupção no

tráfego, até a perda de vidas humanas.

3.1 – TIPOS DE INUNDAÇÕES

As cheias são elevações do nível da água, não representando, necessariamente, uma

inundação. Para constituir uma enchente ou inundação, uma cheia deve estar associada ao

uma ocupação vulnerável.

As enchentes ou inundações são diferenciadas de acordo com as razões para sua

ocorrência, assim como pelas características dos locais em que elas acontecem. Esses

eventos podem ocorrer de forma localizada ou atingir grandes áreas de acordo com as

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características locais. Garry et al. (1999) e Dégardin e Gaide (1999) descrevem os tipos de

inundações conforme o exposto a seguir.

3.1.1 – Inundações lentas ou inundações fluviais

As inundações lentas ocorrem quando há a elevação lenta das águas de cheias ocasionadas

por chuvas prolongadas em locais de relevo plano. Elas aparecem algumas dezenas de

horas após a chuva e se propagam lentamente em direção a jusante de grandes bacias

hidrográficas (bacias com várias centenas de quilômetros quadrados). Essas inundações

são características de regiões planas e devido ao grande intervalo de tempo entre a

precipitação e a cheia, é possível prever a inundação, principalmente se houver instalado

um sistema de alerta, possibilitando assim, a eventual desocupação da área. São

inundações que podem representar uma ameaça à população ribeirinha, chegando a fazer

vítimas pelas suas características. Esses eventos podem se prolongar por dias ou por

semanas, ocasionando danos aos bens móveis, distúrbios às atividades locais, custos

indiretos a longo prazo e prejuízos psicológicos graves.

3.1.2 – Inundações rápidas ou inundações por cheias torrenciais

Esse tipo de inundação corresponde às cheias nas quais o tempo de concentração das águas

é, normalmente, inferior a 12 horas. Elas se formam em bacias hidrográficas acidentadas,

mas também em planaltos. A rapidez com que ocorrem essas cheias impede, de maneira

geral, a eficiência de sistemas de alerta para evacuação da população ameaçada. A altura

de submersão, a velocidade do escoamento e a razão de subida das águas da ordem de

centímetros por hora, e o transporte de materiais que tornam as ondas de cheia mais

destrutivas, representam fatores agravantes desse tipo de inundação, elevando os riscos e

perigos à vida das pessoas juntamente com seus bens.

3.1.3 – Inundações por escoamento urbano

Esse tipo de inundação ocorre quando a rede de drenagem não é suficiente para evacuar as

águas pluviais. As inundações por escoamento urbano são conseqüência da grande

concentração de obras e da impermeabilização do solo em meio urbano, que causam: o

aumento do volume e da velocidade do escoamento na superfície; a introdução de redes de

condutos enterrados e cobertos para a condução das águas pluviais geradas na superfície; e

a capacidade limitada dessas redes em conduzir os volumes gerados pelo escoamento.

Essas inundações ocorrem, geralmente, em bacias hidrográficas de pequena área (menos de

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10km2) e cujos eixos drenantes são muito curtos (menos de 5km). Os tempos de

propagação das cheias são reduzidos e os transbordamentos ocorrem muito rapidamente. A

possibilidade de ultrapassar a capacidade de escoamento da rede e obstruções à entrada da

água nos dispositivos de coleta são fatores agravantes desse tipo de inundação. O curto

intervalo de tempo em que ocorrem esses eventos impossibilita a adoção de um sistema

eficaz de advertência da população.

3.1.4 – Inundações pelas torrentes

As torrentes são cursos d‟água de declividade forte (superior a 6%) apresentando vazões

irregulares e alto volume de escoamento. Esses cursos d‟água são geradores de grandes

riscos de inundações acompanhados de erosão e acumulação maciça de materiais.

3.1.5 – Submersões marinhas

Esse tipo de inundação ocorre na zona costeira, pelo mar, em condições meteorológicas e

maregráficas severas. Elas afetam, em geral, as regiões situadas abaixo do nível do mar,

mas também, às vezes, a região acima deste, quando do enfraquecimento de obras de

proteção. Esse tipo de inundação ocorre devido: à ruptura ou a destruição de barreiras de

dunas seguida de erosão; ao transbordamento ou à ruptura de diques ou obras de proteção;

e a fendas de maior amplitude provocada por deslizamentos submarinos (Les Saintes-

Maries-de-la-Mer, 1985 apud Garry et al., 1999).

3.1.6 – Inundações estuarinas

Esse tipo de inundação ocorre quando há a conjunção de uma cheia fluvial com a elevação

excepcional do nível do mar de modo a bloquear ou reduzir o ritmo de evacuação da cheia.

As variações de nível desse tipo de inundação seguem as modificações dos níveis impostos

pela maré e pelas cheias fluviais.

3.1.7 – Inundações por remanso da rede de drenagem pluvial

Os alagamentos intensos de uma zona urbana podem ser absorvidos pela rede de drenagem

local, mas, a jusante, o volume escoado pode ultrapassar a capacidade de escoamento

desses condutos, de modo que os mesmos expulsam o volume excedente pelos orifícios

existentes no subsolo e na superfície, ou ainda por vasos sanitários e demais componentes

da rede de esgotamento sanitário.

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3.1.8 – Inundações por elevação do nível do lençol freático

A elevação do nível do lençol pode ocorrer de forma natural ou artificial. De maneira

natural, o lençol freático eleva seu nível quando há a ocorrência de chuvas abundantes e

prolongadas de modo a recarregar o lençol freático até que o mesmo surja na superfície em

virtude da lentidão do escoamento no subsolo. Essas inundações apresentam pequeno risco

às pessoas, no entanto, podem ocorrer danos consideráveis às vias e às construções. De

maneira artificial, a elevação do lençol freático pode ocorrer quando há a parada do

bombeamento do lençol para o rebaixamento do mesmo, permitindo que este se eleve, com

o risco de atingir a superfície. As conseqüências, neste último caso, são semelhantes às do

caso anterior.

3.2 – IMPACTOS DAS INUNDAÇÕES

As comunidades atingidas por eventos de inundação estão sujeitas a impactos de diferentes

intensidades, dependendo da magnitude dos mesmos. Os impactos de menor intensidade

estão relacionados a pequenos eventos e incluem, principalmente, problemas de saúde. Os

de intensidade moderada possuem uma freqüência menor, mas atingem maiores áreas,

podendo haver interrupção temporária dos sistemas de transporte e das atividades urbanas.

Os impactos de maior intensidade causam maiores danos resultando em grandes impactos

na economia urbana.

Dentre os perigos aos quais a população que ocupa as planícies de inundação está sujeita,

Lima-Queiroz et al. (2003) enumeram os seguintes:

Perdas de vidas humanas;

Degradação de condições de saúde coletiva;

Perdas materiais diretas decorrentes da ação física, química e biológica das águas e da

deposição de sedimentos;

Perdas indiretas, resultantes de interrupção ou perturbação de serviços (transportes,

comunicações, abastecimento de água e sistemas de esgoto, etc.);

Ruptura do processo produtivo, o qual pode afetar o bem-estar econômico de uma

comunidade e, possivelmente, as economias regionais e nacionais.

Os impactos na saúde correspondem àqueles relacionados com a proliferação de vetores

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causadores de doenças e a transmissão de outras moléstias de veiculação hídrica. Os

impactos estruturais dizem respeito às deficiências dos sistemas de drenagem que podem

ocasionar danos às edificações e afetar o sistema de transporte. Impactos ambientais são

causados quando o escoamento superficial torna-se potencial fonte de poluição difusa e

carreia inúmeros agentes poluidores, e os impactos econômicos surgem em decorrência da

combinação dos três impactos anteriores, refletindo em custos públicos e privados

(Parkinson, 2004).

Normalmente, quem mais sofre com a incidência de inundações é a população que habita

as regiões mais baixas, os terrenos íngrimes e as beiras de rios e córregos. A freqüência

com que essas áreas são inundadas acaba por trazer muitos danos e perigos à população. A

população situada dentro da mancha de inundação é a que mais sofre, mas no tocante às

doenças, o bairro com alto atendimento de drenagem e outros serviços públicos tal como a

coleta de lixo, também sofre com as falhas desse serviço. A proliferação de doenças tais

como a dengue, disseminadas por vetores alados, também atinge a população que habita

fora da mancha de inundação.

Segundo Aranha (1981) apud Salgado (1995), os prejuízos das inundações são afetados

por uma série de fatores, muitas vezes dificultando uma avaliação mais precisa. Dentre

esses fatores podem ser citadas as características de cada região tais como a conformação

topográfica, a ocupação do solo, o regime hidrológico, constituindo um grande número de

informações a serem levantadas o que pode vir a elevar sobremaneira os custos de pesquisa

de campo.

3.2.1 – Risco de inundação

Inundações não são constituídas, somente, de processos físicos, naturais, que levam ao

transbordamento de um corpo d‟água, mas também, à exposição de pessoas e de bens na

planície de inundação. Entende-se por desastre a ocorrência natural ou processo induzido

de eventos com potencial para geração de prejuízos imediatos e perigos futuros. O risco,

por sua vez, pode ser definido como sendo a probabilidade ou possibilidade de ocorrência

desses eventos, fatos ou resultados indesejáveis (Smith, 2000 e Vieira, 2005).

No processo de tomada de decisão, no que diz respeito à busca de soluções para o

problema das inundações urbanas, a questão do risco de inundação deve ser abordada

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quando da necessidade de escolha entre as possíveis alternativas de solução que atendam

aos objetivos de um projeto e no grau de proteção determinado pela política na qual se

insere esse projeto. Há casos em que limitações financeiras, políticas e sociais determinam

a mudança temporária ou definitiva nos objetivos de proteção do projeto, de modo a

atender a realidade presente. Assim, a avaliação do risco pode sugerir a não adoção de

solução técnica, mas a convivência com a situação e o preparo para a mesma (Plate, 2002).

Um gerenciamento eficiente do risco de inundação deve levar em conta os riscos naturais

que por sua vez devem estar incorporados aos códigos urbanísticos dos municípios,

privilegiando medidas de valorização das zonas inundáveis no ambiente urbano, podendo

adotar uma abordagem múltipla e garantindo, dessa forma, a segurança da população e das

atividades inseridas na região ribeirinha (Dégardin e Gaide, 1999).

Na análise do risco de inundação dois elementos aparecem de maneira bastante clara

conforme apresentado na Figura 3.1: a aleatoriedade e as conseqüências. A aleatoriedade

está diretamente ligada ao reflexo físico ou impacto de um evento aleatório, no caso em

questão, a ocorrência de uma inundação proveniente de uma cheia. As conseqüências

relacionam a vulnerabilidade, representada pelas características de ocupação que

potencializam os danos, e a exposição diz respeito à localização e quantidade de elementos

com potencial para serem danificados.

Figura 3.1 – Relação entre os componentes do risco (Adaptado de Zonensein, 2007)

A princípio, a aleatoriedade está relacionada ao caráter não determinístico de algo podendo

ser definida como a probabilidade de ocorrência de um fenômeno natural. Algumas das

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alternativas de expressão da aleatoriedade são feitas por aquelas que caracterizam um

evento de inundação: o período de retorno e a duração da inundação, a profundidade da

água tolerável e a velocidade do escoamento, de modo que haja parâmetros de comparação

a partir da mesma escala de medida (Agences de L‟Eau, 1998).

A análise da aleatoriedade deve levar a um conhecimento objetivo, permitindo a sua

quantificação e repartição espacial, utilizando-se de modelagem hidrológica e hidráulica de

para determinar os parâmetros característicos da inundação (duração, velocidade e altura)

(Agences de L‟Eau, 1998).

De acordo com Garry et al. (1999), a aleatoriedade de referência pode ser expressa como o

período de retorno escolhido para determinação da inundação de referência em decorrência

dos objetivos da análise. De uma maneira geral, os níveis de aleatoriedade de referência

são determinados em função dos parâmetros físicos da inundação e dos danos a ela

atribuídos.

A Tabela 3.1 apresenta os níveis de aleatoriedade em função da altura de submersão

tomando, a princípio, uma altura de submersão de 1 (um) metro como referência. Essa

altura foi definida por ser tomada como altura limite em que a mobilidade de um adulto é

fortemente reduzida e a mobilidade de uma criança é impossível. Para essa mesma altura

de submersão há ocorrência do levantamento e deslocamento de veículos constituindo

danos aos mesmos e o bloqueio de vias, e ainda, em função dos serviços de atendimento às

emergências, há perda de mobilidade e dificuldades no atendimento. Mas deve-se

considerar que dependendo das condições, alturas de lâmina de água bastante inferiores já

reduzem drasticamente a mobilidade de uma pessoa, ficando, assim, a determinação da

aleatoriedade mais crítica, relativa às condições locais existentes.

Tabela 3.1 - Qualificação da aleatoriedade em função

da altura de submersão (Garry et al., 1999)

Altura Aleatoriedade

H<1 m Média ou fraca

H1 m Forte

Segundo esses autores, em zonas de escoamento rápido, pode-se considerar, ainda, uma

aleatoriedade mais forte para uma altura de submersão de 0,50m ou mesmo menor. Dessa

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forma, a análise da aleatoriedade em função da altura de submersão e da velocidade do

escoamento, foi considerada como mostrado na Tabela 3.2.

Mesmo sem se considerar a aleatoriedade, durações muito longas (superiores a 48 horas),

ou particularidades de áreas isoladas, elevadas natural ou artificialmente, e o

distanciamento de áreas fora da área atingida, são informações que devem ser consideradas

para redução dos riscos.

Garry et al. (1999) colocam que nos casos em que há falha na medida de controle adotada

ou quando é ultrapassado o limite de proteção da obra, os danos podem ser superiores

àqueles onde não há proteção alguma. O limite de altura de submersão em determinados

locais deve ser visto com prudência, uma vez que a velocidade do escoamento pode

aumentar os danos e modificar as relações físicas que regem os princípios da aleatoriedade.

A Tabela 3.2 apresenta as sugestões de Scarwell e Laganier (2004) para classificação da

aleatoriedade associando a altura de submersão, a duração da inundação e a velocidade de

escoamento.

Tabela 3.2 - Qualificação da aleatoriedade em função da altura de submersão e da

velocidade do escoamento (Scarwell e Laganier, 2004) Altura

< 0,5m 0,5m ≤ h ≤ 1,0m 1m < h ≤ 1,5m > 1,5m

< 48 horas Fraca Fraca se v<1,5m/s

Média se v>1,5m/s Média Forte

de 2 a 8 dias Fraca Média Média se v<0,5m/s

Forte se v>0,5m/s

Forte se v<1,5m/s

Muito forte se

v>1,25m/s

de 8 a 15 dias Fraca se v<1,5m/s

Média se v>1,5m/s Média Forte Muito forte

> 15 dias Média Média se v<0,5m/s

Forte se v>0,5m/s

Forte se v<1,5m/s

Muito forte se v>1,25m/s Muito forte

A vulnerabilidade pode ser caracterizada pelas conseqüências diretas ou indiretas, advindas

ou esperadas para a população em decorrência das inundações. Ela se baseia em critérios

sócio-econômicos da ocupação do solo na área inundada na tentativa de compreender a que

ponto a ocorrência de um evento pode afetar a dinâmica do desenvolvimento de uma

sociedade (Grelot, 2004)

A análise da vulnerabilidade deve levar em conta a diversidade de ocupação do solo, e

Duração

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deve tomar uma escala de medida comum a fim de permitir classificar as características

dos diferentes tipos de ocupação de modo a atribuir a cada elemento de parcela, um valor

representativo da vulnerabilidade. Esse valor deve incorporar não apenas os valores

econômicos, mas também e tão importante quanto, os valores sociológicos.

A análise da diversidade deve permitir determinar um risco máximo aceitável, que

traduzirá o objetivo da proteção que se quer atribuir a uma determinada área. O objetivo de

proteção será uma variável que expressará as necessidades dos indivíduos, as

especificidades locais e a percepção da população frente ao risco de inundação (Agences

de L‟Eau, 1998).

3.2.2 – Abordagens utilizadas na determinação das áreas de risco de inundação

Uma forma de determinar as áreas propensas a sofrerem por ocasião das inundações, é

estabelecendo um mapa de risco. Pesquisas recentes abordam a questão do risco

essencialmente sobre a determinação da aleatoriedade: estimativa das vazões de cheia para

dadas freqüências, a elaboração de mapas de zonas inundáveis e a definição da altura de

submersão. Normalmente, os riscos de perdas econômicas e humanas são descartados

dessa análise assim como acontece com os meios de prevenção da cheia.

Uma abordagem simplificada de obtenção do risco de inundação é feita a partir do exame

da rede hidrográfica, ocupação do solo e outras características físicas da região. O

levantamento desses dados fornecerá uma avaliação preliminar para a implantação do

ordenamento do uso do solo locais. Essas informações podem ser complementadas por

meio de questionários aplicados junto à população como intuito de recolher informações

mais concretas a respeito da ocorrência de inundações passadas, e sobre as atividades

relacionadas à prática de prevenção do risco adotada pela população. Apesar da

simplicidade apresentada pelo levantamento aplicado a essa avaliação, é recomendado que

o mesmo seja executado por especialistas, que estejam atentos a detalhes importantes da

avaliação, e que tenham espírito crítico e capacidade de síntese, requisitos estes adquiridos

pela experiência.

As informações relativas às inundações históricas são, em geral, reduzidas ou requerem um

alto grau de cautela no seu tratamento. Em caso de inexistência de dados de inundações

passadas, a única informação a ser utilizável é a análise hidrogeomorfológica da área. Essa

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análise se apóia na análise das formas do relevo e características do curso d‟água para

determinar as áreas inundáveis para as grandes inundações e as zonas submersíveis pelas

inundações mais freqüentes.

A exploração direta de inundações históricas consiste em pesquisar, em arquivos, a

descrição das inundações mais fortes observadas e os seus respectivos danos, registrar os

mesmos com descrição dos locais e da memória da época. Posteriormente são estimadas as

áreas atingidas e os danos resultantes na situação atual.

A utilização de dados coletados (imagens de sensores remotos, cartografia) tanto durante

quanto após a passagem da cheia, fornecem informações indispensáveis sobre as cotas

atingidas e sobre os mecanismos de escoamento em períodos de inundação.

Para a análise relativa à ocorrência de uma cheia rara, privilegia-se os registros de cheia.

Se as inundações recentes não correspondem a cheias raras, recorre-se à análise histórica

ou ao método hidrogeomorfológico, sendo este somente utilizado quando não há uma

inundação conhecida (Dégardin e Gaide, 1999 e Garry et al., 1999).

3.3 - DANOS DECORRENTES DAS INUNDAÇÕES EM ÁREAS URBANAS

Perdas por inundação são caracterizadas como a ocorrência simultânea de abundância de

água inundando áreas além do leito dos rios e a ocorrência de danos potenciais na área

inundada (Kundzewicz e Xia Jun, 2004). A avaliação dessas perdas é de fundamental

importância no processo de gerenciamento de recursos financeiros, normalmente limitados,

destinados ao controle de inundações.

Os danos decorrentes das inundações não se limitam aos prejuízos materiais quantificáveis,

alguns deles são de difícil mensuração. Dutta et al. (2001) e König et al. (2002) classificam

os danos decorrentes das inundações como tangíveis e não tangíveis ou intangíveis. Danos

tangíveis são aqueles que podem ser avaliados quantitativamente em termos econômicos,

tais como danos às edificações. Danos intangíveis são aqueles que são difíceis de serem

expressos em valores econômicos, tais como a inquietude, incômodos e transtornos às

atividades sociais.

Tanto os danos tangíveis quanto os intangíveis podem, ainda, ser classificados em danos

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diretos e indiretos. Danos diretos são aqueles que atingem bens materiais, danos imediatos

causados por erosão e poluição. Os danos indiretos não incluem danos materiais, não são

contínuos, mas duram durante as inundações e um período após as mesmas. Os referidos

autores indicam, ainda, a ocorrência de conseqüências sociais, que são efeitos de longo

prazo negativos causados pela freqüência e severidade das inundações como danos

indiretos. Inundações freqüentes ocasionam desenvolvimento regional restrito, a redução

do desenvolvimento econômico, afetam o bem estar da população e a redução dos valores

das propriedades na área afetada.

Na categoria de danos diretos estão inseridos os danos às propriedades públicas e privadas

e ao seu conteúdo pela perda ou desgaste dos mesmos pela ação física (pressão, empuxo),

química e biológica das águas e pela deposição de sedimentos. Os custos de serviços

emergenciais para as atividades de evacuação salvamento e limpeza, os prejuízos

decorrentes dos danos à infraestrutura urbana, o custo do congestionamento do trânsito

urbano e aos veículos e os prejuízos à saúde estão incluídos nessa categoria de danos

(Machado, 2005).

Os danos tangíveis podem, ainda, ser classificados como danos atuais e danos potenciais.

Os danos atuais são aqueles provenientes de uma cheia atual. Os danos potenciais são os

máximos danos que podem ocorrer, assumindo que nenhuma ação é tomada para reduzir os

danos à população afetada durante um evento de inundação. A conversão dos danos

potenciais para danos atuais é feita por meio de fatores de redução de danos em função do

tempo de antecedência do alerta e da consciência e prontidão da população afetada (New

South Wales Government, 2005).

A avaliação de danos de inundação pode ser feita por método direto seguindo duas

abordagens. A primeira delas utiliza dados históricos, cuja obtenção seja baseada na

identificação e diagnóstico de prejuízos relacionado a um evento de inundação ocorrido e

consiste na obtenção direta da relação de altura de inundação versus prejuízo total (Grig e

Helwweg, 1975 apud Machado 2005 e Handmer, 1986 apud Salgado, 1995).

A segunda abordagem introduz o conceito das curvas de danos em função da profundidade

de submersão (curvas DPS). As curvas DPS podem ser construídas a partir da síntese de

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dados de danos reais de chuvas passadas, ou a partir da estimativa de danos hipotéticos

baseados nos padrões de uso e ocupação do solo, tipo de objetos e informações coletadas

por meio de questionários para obtenção de ocupações típicas de classes sociais (Dutta et

al., 2003). NZIR (2004) recomenda a construção de curvas DPS para os danos a

residências pela facilidade de categorização dos dados para essa ocupação.

Segundo Tucci (1997), a determinação das curvas com base em dados históricos apresenta

algumas limitações para sua utilização, pois a mesma admite que o crescimento da região

com o passar dos anos tenha sido praticamente nulo, que os prejuízos com inundações

tenham sido repostos, que os valores dos prejuízos sejam uniformizados (consideram a

inflação do período) e que o procedimento de avaliação dos prejuízos seja o mesmo nas

diferentes enchentes para que não ocorra tendenciosidade de avaliação. Já a abordagem

sintética (DPS), apresenta como vantagens a estimativa dos prejuízos para qualquer cheia,

em qualquer bacia em bases padronizadas e a avaliação consistente dos prejuízos, com isso

permitindo a execução de análises de sensibilidade com facilidade e rapidez. Dentre as

desvantagens, estão as dificuldades na determinação do prejuízo atual a partir das perdas

potenciais estimadas e a padronização da metodologia que pode não ser adequada para

todas as condições.

Segundo Salgado (1995), as curvas DPS consistem na apresentação do valor monetário do

prejuízo associado a cada altura de inundação, para cada tipo de unidade econômica,

separadamente para edificação, conteúdo e estoque (inventário), sendo a metodologia mais

utilizada para a determinação de danos às propriedades. Essas curvas com a utilização de

dados reais foram desenvolvidas no seguintes estudos:

- Torterotot (1993), com dados de oito cidades da França;

- Dutta et al. (2001) e Dutta et al. (2003) para a bacia hidrográfica do rio Ichinomiya,

Japão;

- Lima (2003) para o município de Itajubá, Brasil;

- Aitken (1974) apud Machado (2005), para a Austrália;

- Cur e Taw (1990) apud Machado (2005), para a Holanda;

- Machado (2005) para os setores de comércio e serviços no município de Itajubá, Brasil.

A utilização de dados sintéticos na obtenção das curvas DPS foi objeto dos trabalhos de:

- Salgado (1995) no município de São João de Meriti, Brasil;

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- Penning-Rowsell e Chatterton (1977) na Inglaterra;

- Machado (2005) para os danos às propriedades residenciais em Itajubá, Brasil;

- Crippen et al. (1972) e McBean et al. (1988), apud Machado (2005), no Canadá.

No estudo apresentado por Penning-Rowsell e Chatterton (1977) foram desenvolvidas

curvas altura de inundação x prejuízo para 21 categorias básicas de propriedades

residenciais na Inglaterra, subdividindo-as por classe social dos ocupantes, idade da

propriedade e duração da cheia, num total de 80 curvas diferentes.

No estudo apresentado por Machado (2005) foram desenvolvidas curvas contemplando as

relações características de residências com padrões de ocupação distintos, e diferentes

categorias de comércio e serviços. As curvas obtidas no estudo representam a síntese das

informações sobre os prejuízos potenciais causados por inundações no contexto brasileiro e

foram aplicadas ao município de Itajubá. Para a obtenção dessas curvas foram utilizados

dados sintéticos para a avaliação de danos às residências e seu conteúdo, e dados reais para

a avaliação de danos aos setores de comércio e serviços.

No estudo de Dutta et al. (2001), constam as metodologias aplicadas no Japão, Reino

Unido, Estados Unidos e Austrália, que serão descritas a seguir.

O Japão, por meio do Ministério da Construção (MOC), efetua-se uma estimativa

econômica das perdas para cada cheia seguindo o procedimento descrito em “Outline of

River Improvement Economic Research Investigation” (MOC, 1996 apud Dutta et al.,

2001). Esse documento relata que para a estimativa de danos, tanto pode ser executada a

vistoria direta específica para uma cheia particular, quanto também pode ser utilizada a

estatística de dados prévios de profundidade-dano para categorias específicas de

propriedades, bem como fórmulas empíricas baseadas em dados de danos de inundações

passadas. Esta metodologia somente é utilizada para a obtenção de danos primários diretos.

Os danos primários indiretos são estimados nas estatísticas dos danos primários diretos.

Para o Japão foram estimados os danos gerais a bens (edifícios residenciais e não

residenciais), danos a colheitas e danos à infraestrutura pública (danos a rios, rodovias,

pontes, transporte, telecomunicações, suprimento de energia elétrica). As perdas em

negócios são estimadas em 6% do total dos danos a bens.

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No Reino Unido, Middlesex Polytechnic Flood Hazard Research Center (MOFHRC)

desenvolveu uma metodologia de estimativa de danos de inundações baseadas em três

manuais:

Blue Manual (Penning-Rowssel e Chatterton, 1977) - apresenta técnicas de avaliação

de danos e uma série de dados de profundidade-dano para um grande número de

edifícios urbanos e seus conteúdos;

Red Manual (Parker et al., 1987) – apresenta dados de profundidade-dano e métodos

de avaliação para os tipos mais comuns de perdas indiretas incluindo os danos

associados com manufatura, varejo, tráfego em rodovias, utilidades e serviços

domésticos e de emergência; e

Yellow Manual (Penning-Rowssel, 1992 apud Dutta et al., 2001) – este manual

expandiu os anteriores tratando da avaliação dos custos com a prevenção da erosão e

avaliação dos efeitos sobre o meio ambiente.

Nos Estados Unidos, o U. S. Army Corps of Engineers (USACE) produziu em 1988

National Guidelines Development Procedures Manual no qual a metodologia adotada é

muito ampla para a estimativa de danos a edifícios urbanos e para a agricultura. No

entanto, não foram desenvolvidos métodos específicos para a estimativa de danos indiretos

tais como perdas por interrupção de serviços.

Na Austrália, apesar das tentativas, não há, segundo os autores, uma metodologia padrão

para a avaliação de danos decorrentes das inundações.

Na seqüência será feito o levantamento dos danos e os métodos para sua avaliação

tomando como referência os estudos desenvolvidos por Penning-Rowsell e Chatterton

(1977) e Parker et al. (1987) feitos para o Reino Unido e complementados por trabalhos de

outros autores.

3.3.1 - Danos às residências

Os componentes da inundação que mais afetam a vulnerabilidade dos elementos de uma

edificação são, principalmente, a profundidade e a duração da submersão, e a velocidade

do escoamento. A susceptibilidade aos danos de inundações pelas propriedades

residenciais pode ser dividida em dois grupos: componentes da edificação propriamente

dita e ao seu conteúdo.

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A tipologia do evento de inundação, cuja qualificação determinará a duração da mesma, a

tipologia do habitat local (a presença ou não de subsolo na edificação) e a possibilidade de

remanejamento do mobiliário e demais bens na residência são fatores que interferem

diretamente nos danos às residências. Além destes, são fatores que interferem diretamente

na intensidade dos danos, a qualidade do material empregado na obra e o processo

construtivo utilizado (Torterotot, 1993).

Os danos aos componentes da edificação correspondem aos danos à alvenaria incluindo

elementos de decoração, instalações elétricas, hidráulicas, telefônicas e de gás, portões,

cercas e paisagens. Os danos ao conteúdo incluem equipamentos elétricos, eletrônicos e de

aquecimento, móveis, roupas, livros e ornamentos.

Martin (1974) apud Penning-Rowsell e Chatterton (1977) classifica os danos esperados

segundo a inundação como sendo:

- Danos imediatos: equivalem aos danos superficiais ao conteúdo resultante da imersão e

da velocidade da água durante a inundação;

- Danos conseqüentes: equivale aos danos devido à umidade remanescente na estrutura da

obra;

- Deterioração subseqüente das peças de madeira pelo processo de umedecimento e

secagem, e pelo impedimento da aeração de peças de madeira com o aumento da

umidade.

São afetados pelo contato direto com as águas, calçadas, áreas pavimentadas e cercas

divisórias; as paredes; os pisos e esquadrias, em especial as de madeira; as fundações e

pisos; e as instalações elétricas e telefônicas. Os danos mais freqüentes à construção

observados são os danos à pintura, emboço e reboco, ao piso e revestimentos cerâmicos,

instalações elétricas e hidráulicas (Penning-Rowsell e Chatterton, 1977).

Os custos relacionados aos danos podem incluir tanto os custos de reparo como a

substituição do item danificado. Os custos de reparo podem ser estimados por consulta a

empreiteiros e demais profissionais da área, ou por meio de informações de sindicatos e

associações de indústrias da construção civil. Com relação aos danos às instalações, após a

secagem, as mesmas deverão ser testadas por profissionais para a certificação das

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condições de funcionamento. Possíveis danos devem ser identificados e reparados.

Os danos aos equipamentos elétricos dependem tanto da extensão quanto da duração das

inundações, assim como do tempo de uso do equipamento e da sua localização dentro da

edificação. Os custos envolvidos podem constar desde os custos de reparo até a

substituição dos mesmos. O mobiliário pode, eventualmente, ser reparado, mas peças

embutidas implicam em custos de reparo equivalentes aos custos de substituição.

Revestimentos do tipo carpete podem sofrer danos desde a sua descoloração até o

encolhimento dos mesmos, podendo freqüentemente, necessitar de substituição.

Os custos de limpeza de residências podem ser estimados em pelo menos 20 horas de

trabalho para inundações de pequena profundidade. Para inundações com sérias

conseqüências, podem ser estimadas até 15 horas de trabalho para cada quarto da

residência (Penning-Rowsell e Chatterton, 1977).

De uma maneira geral, a tarefa de limpar as residências é feita pelos próprios moradores

que faltam ao trabalho para executar a tarefa. O tempo gasto nesse serviço é determinado,

entre outros fatores, em função da altura e da duração da inundação, da quantidade de

sedimentos e detritos transportados pela onda de cheia, do grau de poluição das águas, das

características da construção, da mão-de-obra envolvida, etc. Na situação de inexistência

de informações sobre alguns desses fatores, utiliza-se somente a altura de inundação para

estimativa do tempo de limpeza. A sua determinação pode ser feita por meio de entrevistas

entre os moradores que passaram pela experiência ou por consultas a empresas

especializadas em serviços de limpeza.

O custo dos dias faltados é determinado em função da renda média diária das pessoas

envolvidas no processo sendo estimados pela renda per capita da população residente na

área atingida (Salgado, 1995).

Os custos de recuperação e/ou reposição das propriedades e bens danificados podem ser

obtidos junto aos prestadores de serviço locais, às empresas fornecedoras de materiais e

equipamentos e junto aos sindicatos e associações ligados à área de construção civil.

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3.3.2 - Danos aos setores de comércio e serviços

Para a avaliação de danos aos setores de comércio, são recomendadas duas metodologias.

A primeira delas consiste na aplicação das informações dos padrões de profundidade/dano

para a edificação e a segunda consiste na aplicação de questionários para a

complementação dos dados da metodologia anterior e caracterização da atividade. Segundo

Penning-Rowsell e Chatterton (1977), os danos ao setor de comércio varejista é o que

apresenta o maior dano potencial por unidade de área. Isso se deve à combinação do alto

valor do estoque com a intensa ocupação do espaço.

Para os setores de comércio e serviços, também podem ser adotadas tanto a abordagem a

partir de dados históricos quanto à abordagem a partir de dados sintéticos. As vantagens e

desvantagens de cada uma das metodologias nortearão a sua escolha ou recusa.

A utilização de dados históricos tem como principal vantagem uma avaliação dos danos ao

setor, aparentemente mais convincente, uma vez que a mesma será feita a partir de dados

reais de danos a uma área específica. Em contrapartida, essa metodologia apresenta como

principal desvantagem o fato de dados de eventos atuais não serem confiáveis para a

avaliação de inundações futuras, uma vez que a utilização desses dados pode vir a fornecer

avaliações tendenciosas, acusando os danos mais óbvios, enquanto alguns danos ficam

ocultos muitos meses após o evento de inundação que o causou.

A principal dificuldade encontrada na utilização de dados sintéticos para a avaliação dos

danos aos setores do comércio reside na dificuldade de incorporação de vários aspectos dos

danos nos dados padrões de cheia (velocidade, concentração de fluentes, etc.). Além disso,

os dados resultantes podem não ser sempre aplicáveis a áreas semelhantes em função de

particularidades da área relacionadas à qualidade dos artigos oferecidos. Ao mesmo tempo,

a utilização da abordagem por dados sintéticos é bastante utilizada diante da escassez de

dados históricos.

Os danos ao setor de comércio e serviços estão relacionados aos danos às mercadorias, à

edificação, aos equipamentos, e aos custos de limpeza. As categorias mais sensíveis aos

danos por inundação são: empresas de produtos alimentícios (supermercados, mercearias,

laticínios, frigoríficos, peixarias, granjas, confeitarias, etc.), tabacarias, revistarias,

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livrarias, papelarias, sapatarias, comércio de eletroeletrônicos, comércio de produtos

químicos e de fotografia. Penning-Rowsell e Chatterton (1977) recomendam obter dados

de danos ao estoque e à propriedade para diferentes alturas de submersão de acordo com o

padrão construtivo levantado por meio de questionários.

3.3.3 - Danos diretos às indústrias

De forma análoga aos itens anteriores, a avaliação dos danos decorrentes de inundações às

indústrias precede da identificação das mesmas (ramo de atividade) e em qualificar os

componentes das instalações físicas, caracterização de estoque e matéria prima utilizada. A

aplicação de questionários específicos para a caracterização dos danos, mais uma vez, é

uma ferramenta fundamental no processo de determinação destes.

Assim como na avaliação dos danos residenciais e nos setores de comércio e serviços,

pode-se adotar tanto a abordagem por dados históricos quanto a abordagem por dados

sintéticos. Ambas as situações apresentam vantagens e desvantagens conforme exposto a

seguir.

A utilização de dados de danos de inundações passadas para a composição das relações

padrões profundidade – dano apresenta como desvantagens: a inexistência de

documentação confiável de dados das inundações; a falta de acurácia na estimativa dos

danos feita imediatamente após a cheia; e a não consideração no processo, das perdas

indiretas (perdas na produção). Torterotot (1993) recomenda que o tempo ideal para a

elaboração de entrevistas para a obtenção de dados de perdas por inundações esteja entre 2

e 4 anos. Dessa forma diminui-se o risco de superestimativa dos prejuízos por questões

emocionais e, também, no caso contrário, evita-se o esquecimento de aspectos importantes

da avaliação.

A abordagem sintética, nesses casos, é feita tomando como base o conhecimento sobre o

gerenciamento da indústria. A natureza hipotética da avaliação é uma desvantagem

apontada para a abordagem em virtude da inacurácia das estimativas. No entanto, essa

abordagem é preferida por levar em consideração as práticas tecnológicas atuais

empregadas pelas indústrias analisadas (Penning-Rowsell e Chatterton, 1977).

A análise dos dados se refere ao tipo de negócio, área total, níveis dos pisos, distribuição

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do valor atual e susceptibilidade aos danos pela água para equipamentos e matéria prima,

estimativa dos custos totais dos danos físicos, produtividade semanal e capacidade de

retardar ou transferir a produção.

3.3.4 - Danos à saúde humana

O estudo desenvolvido por Souza (2001) evidenciou a relação positiva entre o aumento da

ocorrência de doenças, tais como a leptospirose, e o aumento do tempo de duração das

inundações, assim como a proporcionalidade entre o número de casos e a altura da lâmina

d‟água. O estudo relaciona, ainda, a drenagem urbana ao controle de doenças. Dentre

essas, estão febre tifóide, hepatite A, diarréias, as helmintoses intestinais, malária, filariose,

dengue e leishmaniose.

Os custos relacionados aos danos à saúde humana dizem respeito ao tratamento de

enfermos, às perdas de vidas humanas e às perdas de horas de trabalho para tratamento e

convalescença, além de prejuízos relativos à insegurança e ansiedade dos enfermos e de

sua família.

No que diz respeito ao tratamento de enfermos os custos são relativos ao produto do

número de pessoas atingidas pelo custo médio diário do tratamento e sua duração média. O

número de pessoas atingidas depende, entre outros fatores, das condições sanitárias da

bacia hidrográfica e das condições socioeconômicas da população. O número de pessoas

atingidas pode ser obtido junto aos órgãos de saúde municipais e estaduais.

O custo médio diário e a duração média do tratamento devem considerar o período de

tratamento hospitalar e de convalescença domiciliar. Esse custo pode ser obtido junto ao

Sistema Único de Saúde (SUS) e aos Conselhos Regionais de Medicina (CRM), ou ainda

junto a profissionais da área de saúde.

Além disso, deve ser considerado que o enfermo estará, durante o período de internação e

convalescença, impossibilitado de exercer suas funções. Portanto, o prejuízo do tratamento

envolve o tempo de duração do mesmo e a renda média diária do enfermo. A renda média

pode ser estimada pela renda média per capita da população residente na área inundada.

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3.3.5 - Atendimento a desabrigados

Os desabrigados, nos eventos de inundação, são deslocados e alojados em locais tais como

acampamentos, escolas, igrejas, clubes, onde recebem assistência do poder público, da

associação de moradores e de voluntários. Essa assistência compreende o fornecimento de

abrigos, colchões, roupas, alimentos, assistência médica e social, etc.

Segundo Genta e Teixeira (2003), uma grande dificuldade em obter o número de pessoas

afetadas e evacuadas durante as enchentes se deve ao fato de que grande parte da

população atingida evacua as áreas afetadas por meios próprios, fazendo com que essas

pessoas não integrem os dados oficiais. Segundo os autores, estima-se que o número de

pessoas evacuadas seja de pelo menos o dobro dos registrados oficialmente. Além disso, os

custos de algumas atividades não são contabilizados, fazendo com que não incorporem os

dados registrados.

O número de abrigados é função da população atingida pela inundação, da altura e da

duração da inundação, do número de pavimentos da residência e da experiência acumulada

por eventos anteriores.

O custo total do atendimento compreende o produto do número de pessoas assistidas pelo

custo médio diário e pela duração do atendimento.

A obtenção dos dados para o cálculo dos custos relativos a esse atendimento pode ser feita

mediante consulta aos órgãos de Defesa Civil Estadual e Municipal.

3.4 – MEDIDAS PARA O CONTROLE DE INUNDAÇÕES URBANAS

Os princípios norteadores dos sistemas de drenagem urbana tinham, até bem pouco tempo,

como premissa, a retirada rápida das águas pluviais da bacia, resquício do pensamento

predominante no período higienista. Partindo desse pressuposto, os sistemas de drenagem

urbana foram concebidos formando uma rede de dispositivos para coleta e transporte das

águas pluviais da bacia hidrográfica até o seu local de deságüe, compondo os sistemas

clássicos de drenagem urbana.

O avanço da urbanização observado na segunda metade do século XX evidenciou os

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limites dos sistemas clássicos, com a transferência para jusante dos problemas de

inundação, e a necessidade de se incorporar novas obras e dispositivos para o controle das

inundações. Essa constatação deu lugar a novos modos de gestão das águas pluviais, nos

quais o manejo destas é tratado em conjunto com o ordenamento urbano, gerando um

conjunto de práticas denominadas tecnologias alternativas ou compensatórias com o

objetivo de compensar os efeitos que o escoamento superficial causa ao ambiente existente

(Baptista et al., 2005 e CETE du Sud-Ouest, 2002).

Dentre as vantagens da utilização de medidas compensatórias, Nascimento et al. (1997) e

Urbonas e Stahre (1993) destacam:

- A diminuição do risco de inundação e a contribuição para a melhoria da qualidade

da água no meio urbano;

- A redução ou eventual eliminação da rede de microdrenagem;

- A minimização das intervenções a jusante de novas áreas loteadas, quando a rede

de drenagem pré-existente encontra-se saturada;

- Integração com o urbanismo e possibilidade de valorização da água em meio

urbano;

- Recarga de aquíferos;

- Redução da poluição transportada para os corpos receptores.

3.5.1 - Classificação das técnicas compensatórias

O contexto do controle de inundações em área urbana abrange as ações a serem tomadas

antes, durante e após a cheia. Dessa forma, o planejamento deve prever ações ao longo de

todo o processo com a utilização das técnicas compensatórias, isoladas ou em conjunto, em

todos os níveis operacionais para o controle de inundações e o combate à crise.

Kundzewicz (2001) classifica as estratégias de proteção e gerenciamento das inundações

em três níveis de atuação, quais sejam:

- Aquelas que modificam a susceptibilidade aos danos de inundações: corresponde às

ações tomadas antes da cheia (legislação, planejamento do uso do solo, zoneamento);

- Aquelas que modificam o regime das cheias: instalação de medidas de defesa tais como

barragens e diques, reservatórios, aumento da capacidade de escoamento de canais,

controle na fonte, etc.;

- Aquelas que modificam o impacto das inundações: correspondem às ações executadas

durante e após as inundações, tais como determinação da probabilidade de formação da

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cheia, prognóstico do estágio futuro do rio e do fluxo do mesmo, emissão de avisos

apropriados para as autoridades e para o público, etc.

As soluções alternativas podem ser classificadas, segundo Nascimento et al. (1997), de

acordo com a sua ação sobre os processos hidrológicos e segundo sua localização no

espaço. Sobre os processos hidrológicos, as medidas de controle atuam sobre a redução dos

volumes ou das vazões. Essas medidas, segundo sua localização no espaço, buscam o

armazenamento temporário podendo classificar-se em difusas e concentradas.

As técnicas compensatórias podem ser classificadas em dois grupos: não-estruturais e

estruturais. As técnicas não-estruturais buscam a redução dos impactos das inundações a

partir da alteração da exposição da população e de bens a estas, enquanto que as medidas

estruturais buscam a modificação da resposta da planície de inundação frente a esses

eventos.

3.5.1.1 - Técnicas Não-Estruturais

O intuito das medidas não-estruturais é o de reduzir as perdas de vidas humanas e os danos

às propriedades, por meio de medidas de preparo, resposta, legislação, financiamento, entre

outras (Andjelkovic, 2001). Essas atividades compreendem um conjunto de ações a serem

tomadas em diferentes momentos da crise conforme mostrado na Tabela 3.3 e dentre elas

encontram-se as listadas a seguir.

Tabela 3.3 - Tipos de atividades no gerenciamento da planície de inundação

(adaptado de Bourget, 2001) Atividades Pré-cheia: Preparo

Comunicação dos riscos

Planejamento de contingência

Previsão das condições do fluxo hidrológico

futuro

Detecção da cheia

Atividades Pós-cheia: Recuperação

Atendimento às necessidades imediatas

Reconstrução das áreas danificadas

Realocação subsidiada

Recuperação/restauração do ambiente

Revitalização econômica

Revisão das práticas de gerenciamento das cheias

Gerenciamento Operacional da Cheia: Resposta

incidente

Advertências às autoridades e ao público

Resposta oficial e pública

Medidas emergenciais

Remoção de pessoas e objetos

Medidas de combate à cheia

Redução do Risco: Mitigação

Planejamento/gerenciamento do uso do solo

Zoneamento: desestímulo à ocupação em área inapropriada

Códigos de obra

Desapropriação

Flood proofing

Seguro

Treinamento e educação

Medidas de controle físico

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Gerenciamento de desastres

O gerenciamento dos desastres relacionados às inundações urbanas está ligado

intimamente à vulnerabilidade da população e ao fator aleatório do risco de inundação. A

vulnerabilidade é um fenômeno dinâmico que depende do tipo de ocupação existente na

planície de inundação, enquanto o risco está ligado às condições hidrológicas da bacia

hidrográfica.

O gerenciamento dos desastres urbanos, categoria que inclui as inundações urbanas, deve

ser compartilhado por todos os setores que tem conexão com o desenvolvimento e com as

mudanças na política urbana. Dessa forma é possível reduzir a vulnerabilidade pela

integração de medidas de sobrevivência, reabilitação e reconstrução dentro do

planejamento do desenvolvimento urbano, e pela definição dos riscos aceitáveis baseados

em uma análise quantitativa que inclua os custos dos danos decorrentes das inundações.

Posteriormente, o planejamento deve determinar os tipos de estruturas e onde as mesmas

serão alocadas, quais os materiais e processos construtivos serão utilizados, quais

características físicas serão alteradas, quais sistemas de emergência serão providenciados,

quais as reservas de recursos serão mantidas e quais os sistemas de comunicação e

transportes estarão disponíveis (Andjelkovic, 2001).

Previsão e alerta de cheia

Essa medida compreende um sistema de monitoramento composto de pessoal técnico e

procedimentos para a aquisição e análise dos dados de precipitação e vazão para previsão

de inundações. O sistema de previsão é composto de modelagem matemática para

conversão das informações em um mapa de risco indicando as áreas a serem inundadas,

para posterior distribuição de avisos às instituições e comunidades envolvidas.

O sistema é, ainda, composto de: uma política de disseminação da informação; um plano

de emergência no qual são identificadas as ações a serem tomadas antes, durante e

imediatamente após a ocorrência da cheia; e um programa de manutenção do

gerenciamento das inundações (Andjelkovic, 2001 e Kundzewicz, 2001).

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Políticas de desenvolvimento e uso do solo e Plano de zoneamento e uso do solo

Segundo Andjelkovic (2001), a maior parte dos problemas físicos, sociais e econômicos

relacionados às cheias e inundações, erosão dos solos e poluição das águas pluviais, são

atribuídos à urbanização inapropriada da planície de inundação, ao uso do solo insensato

na cidade, à atenção insuficiente no planejamento da drenagem urbana, à ineficiente

manutenção dos dispositivos de controle existentes e à deficiência no cumprimento da

legislação de zoneamento.

O gerenciamento do uso do solo busca a alteração dos padrões de ocupação da planície de

inundação para o desenvolvimento atual e futuro. O controle do zoneamento, sob

responsabilidade do poder público, institui que tipo de atividade poderá ser instalada

dentro da bacia hidrográfica levando-se em consideração o controle de inundação,

contemplando os aspectos de risco, econômicos, sociais e ambientais. O poder público

deverá impor as condições de ocupação apropriadas para assegurar que o desenvolvimento

futuro seja compatível com os riscos de cheia predominantes na bacia. Dentre as restrições

para as áreas de interesse, no tocante à gestão das águas pluviais, podem ser citadas as

delimitações de áreas para implantação de estruturas de armazenamento ou a previsão de

áreas de interesse para o favorecimento dos processos de infiltração das águas pluviais

Algumas soluções para o gerenciamento do uso do solo citados por Andjelkovic (2001)

constam da Tabela 3.4.

Tabela 3.4 - Soluções para o gerenciamento do uso do solo (Andjelkovic, 2001) - Para proteção de ocupação já existente:

Estudos sob o controle de cheia;

Alerta e evacuação de cheia;

Flood proofing.

- Para regulamentação do uso da planície de

inundação:

Lei de zoneamento;

Regulamento da planície de inundação;

Regulamento da disposição de resíduos;

Regulamento de proteção da qualidade da

água subterrânea;

Lei de subdivisão;

Lei de construção;

Redução da densidade populacional;

Proibição de funções específicas de uso;

Realocação de elementos que bloqueiem a

calha principal do rio

Regulamentação sobre o material construtivo

das obras;

Mapeamento e disponibilização de rotas de

escape para locais mais altos;

- Para remoção ou modificação da ocupação

existente:

Aquisição pública;

Redesenvolvimento urbano;

Transformação do uso ou ocupação;

Reconstrução de instalações públicas;

- Para desencorajar a ocupação:

Informação pública;

Publicação de avisos de alerta;

Práticas de cobrança de taxas;

Políticas de financiamento;

Aumento dos custos do seguro contra

inundações.

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Realocação

A realocação é uma medida adotada quando os riscos são altos em um local com ocupação

já existente. Nesse caso uma das alternativas é a remoção da população e infraestrutura

para outro local (Kundzevicz, 2001).

A aquisição da terra é uma opção que deve ser adotada quando já se esgotaram todas as

possibilidades, em virtude dos transtornos que essa medida acarreta. Há uma grande

dificuldade em se justificar a sua adoção com bases econômicas. Além disso, as pressões

sofridas pelo poder público para promover o reassentamento da população a custos baixos,

dificulta a aceitação dessa medida, principalmente nos países em desenvolvimento. Isso faz

com que a localidade desocupada volte a ser invadida pela população de baixa renda.

A realocação apresenta muitas vantagens, mas também causa grandes prejuízos à vida

social e econômica da população realocada. Nesses casos as autoridades locais podem

optar pela compra das propriedades como uma forma de assegurar o uso local adaptado aos

riscos existentes. Essa medida é, muitas vezes, necessária como uma medida temporária

seguindo a ocorrência das inundações. Como medida permanente, seu sucesso depende do

grau de sensibilidade com que a mesma é tratada (Andjelkovic, 2001).

Flood Proofing

Food proofing é o termo utilizado para definir o uso de técnicas permanentes, eventuais e

de emergência tanto para prevenir a entrada da água pluvial nas edificações e na

infraestrutura, quanto para minimizar os danos decorrentes do escoamento e do contato

com as águas de chuva por meio da preparação da edificação propriamente dita.

Nos edifícios, a análise da vulnerabilidade é dividida de acordo com o tipo de edificação

(convencional, moderno ou tradicional), e inclui a avaliação da resistência à força da água

(carga hidrostática, aumento e carga hidrodinâmica) e as mudanças nas características do

material quando imerso em água (qualidade da argamassa, presença de areia fina e argila

expandida nas fundações) (Andjelkovic, 2001). Essa medida altera as relações existentes

entre os danos e as edificações. A maneira com a qual essa modificação ocorre, depende

das medidas usadas (USACE, 1995).

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Seguro contra inundação

Seguro contra inundação tem como proposta a compensação pelas perdas causadas pelas

por estas quando os danos previstos são superiores aos valores aceitáveis. A vantagem

dessa modalidade reside no fato de ter custos inferiores em relação à utilização de medidas

estruturais, diminui os gastos do governo ocasionados pela indenização das perdas pela

cheia e cria vantagens ambientais pela não interferência na natureza (Thampapillai e

Musgrave, 1985).

Outras medidas não-estruturais

Além das alternativas citadas anteriormente, outras medidas, também, são consideradas

não-estruturais. São medidas que dizem respeito à legislação do ordenamento urbano e

medidas que assegurem o seu cumprimento, além dos planos de auxílio durante e pós-

cheia. Nessa categoria, os planos de atendimento à emergência para evacuação e

alojamento da população atingida, os programas de educação ambiental para

conscientização da população sobre os riscos e sobre como evitar ou minimizar

inundações, são medidas bastante eficazes no combate às inundações em áreas urbanas.

A disseminação das informações pode ser feita pela utilização das emissoras de rádio e tv,

internet, jornais, panfletos, nas escolas por meio de palestras, ou o que ocorre de forma

muito comum em países em desenvolvimento, ilustrações fixadas ou distribuídas em

centros comunitários e cruzamentos de vias, podem constituir um importante meio de

veiculação da informação.

3.5.1.2 - Técnicas Estruturais

Os princípios que norteiam a utilização de técnicas compensatórias no controle de cheias e

inundações são: a retenção da água por mais tempo na bacia hidrográfica com o intuito de

regular as vazões, limitar a poluição dos meios naturais e favorecer a infiltração no solo

das águas pluviais (Chocat, 1997).

Medidas estruturais são aquelas que buscam a modificação do sistema fluvial evitando

prejuízos decorrentes das enchentes podendo ser classificadas como extensivas ou

intensivas. As medidas extensivas são aquelas que agem na bacia, procurando modificar as

relações entre precipitação e vazão, tais como alteração da cobertura vegetal do solo, que

reduz e retarda os picos de enchente e controla a erosão da bacia. As medidas intensivas

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são aquelas que agem no rio e podem ser de três tipos (Simons et al., 1977 apud Tucci,

1997): a) que aceleram o escoamento - construção de diques e polders, aumento da

capacidade de descarga dos rios e corte de meandros; b) que retardam o escoamento -

reservatórios e as bacias de amortecimento; c) que proporcionam o desvio do escoamento -

canais de desvio (Tucci, 1997).

As técnicas compensatórias podem ser utilizadas de forma autônoma, ou seja, sem a

utilização de uma rede de condutos, ou associadas a uma rede de drenagem clássica.

Podem, ainda, ser aplicadas à escala física de uma parcela, a uma área intermediária ou à

escala de uma bacia hidrográfica. Podem ser utilizadas de maneira isolada ou em conjunto

com outras medidas, com o cuidado de, ao se aplicar um conjunto de técnicas, avaliar de

forma global a eficiência do arranjo com relação à redução das vazões de pico e dos

volumes escoados em relação à situação original (Chocat, 1997).

As técnicas compensatórias podem, ainda, ser classificadas conforme a sua área de atuação

na bacia hidrográfica como sendo:

- Distribuída ou na fonte – atua sobre lotes, passeios, etc.;

- Na microdrenagem – atua sobre o hidrograma resultante de um ou mais loteamentos;

- Na macrodrenagem – atua sobre os córregos, rios e riachos urbanos.

De acordo com a sua atuação no hidrograma, as técnicas compensatórias podem ser

organizadas como: elementos de infiltração e percolação; elementos de armazenamento; e

aumento na eficiência do escoamento.

Os elementos de infiltração e percolação propiciam maior infiltração e percolação no solo,

utilizando o armazenamento e o fluxo subterrâneo para retardar o escoamento superficial.

Esses elementos são aplicados na microdrenagem ou como controle na fonte e são bastante

utilizados para controlar o escoamento pluvial em lotes individuais. De acordo com

Urbonas e Stahre (1993), os elementos de infiltração e percolação apresentam as seguintes

vantagens:

i) Recarga de aqüíferos;

ii) Preservação e intensificação da vegetação natural;

iii) Redução da poluição transportada para corpos receptores;

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iv) Redução de picos a jusante;

v) Redução das dimensões dos condutos e dos custos.

As desvantagens apresentadas pelos autores para esses elementos são:

i) Os solos podem se tornar impermeáveis com o tempo;

ii) A confiança na sua operação pode deixar as comunidades frente a enormes custos no

futuro, quando da ocorrência de uma tormenta, esses sistemas começarem a falhar,

deixando de exercerem a função para a qual foram destinados;

iii) O nível do lençol freático pode aumentar e causar danos ao subsolo e fundações das

construções.

Os elementos de armazenamento têm como função reter parte do volume do escoamento

superficial, reduzindo seu pico e distribuindo a vazão no tempo. Podem ser aplicados para

esse caso, reservatórios com tamanho adequado para residências ou no porte de

macrodrenagem.

O aumento na eficiência do escoamento utiliza condutos e canais para drenar as áreas

inundadas, tendendo a transferir enchentes de uma região para outra. São elementos

característicos dessa categoria, os sistemas clássicos de drenagem.

Poços de infiltração

Os poços são dispositivos pontuais que ocupam pequena área superficial com a função de

evacuar diretamente as águas pluviais no solo, podendo drenar superfícies da ordem de

poucos a até milhares de metros quadrados. Essa técnica tem por vantagem a possibilidade

de ser aplicada em locais onde a camada de solo superficial é pouco permeável (forte

urbanização ou camada superficial impermeável), mas cuja camada profunda tem grande

capacidade de infiltração.

As águas pluviais podem ser introduzidas nos poços por escoamento superficial direto

(modo difuso) ou por meio de uma rede de drenagem (modo localizado), e a evacuação das

águas pluviais pode ocorrer pela descarga do volume captado na superfície em uma

camada não saturada de solo (poço de infiltração) ou pela descarga do volume captado da

superfície diretamente no lençol subterrâneo (poço de injeção) (Baptista et al., 2005 e

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Chocat, 1997).

Valas, valetas e planos de detenção e infiltração

As valas, valetas e planos de infiltração e detenção são técnicas constituídas por depressões

escavadas no solo a céu aberto com a finalidade de recolher as águas pluviais e propiciar o

seu armazenamento temporário, podendo, ainda, favorecer a infiltração.

As valas ou valetas diferenciam-se dos planos por apresentarem sua dimensão longitudinal

significativamente maior que a sua dimensão transversal, enquanto os planos não

apresentam diferença significativa em relação às suas dimensões.

Se os dispositivos citados apresentarem apenas a função de armazenamento temporário das

águas pluviais, os mesmos são denominados de valas, valetas e planos de detenção. Se

associada à função de armazenamento estiver prevista a infiltração das águas pluviais de

modo a reduzir o volume do escoamento na superfície, então os dispositivos são

denominados de valas, valetas e planos de infiltração. As valas, valetas e planos de

infiltração são bem adaptados a zonas de habitação individual pouco densas (Baptista et

al., 2005 e Chocat, 1997).

Trincheiras de infiltração e detenção

As trincheiras são técnicas compensatórias lineares implantadas junto à superfície do solo

ou a pequena profundidade, com a finalidade de recolher as águas pluviais de afluência

perpendicular a seu comprimento, de modo a favorecer a infiltração e o armazenamento.

Sua concepção apresenta largura e profundidade reduzidas em relação ao comprimento.

Esses dispositivos podem ser utilizados em canteiros centrais e passeios públicos, ao longo

do sistema viário, junto a estacionamentos, jardins, terrenos esportivos e em áreas verdes

em geral.

A entrada das águas pluviais se dá tanto diretamente pela superfície do dispositivo, quanto

através de um sistema de drenagem convencional. A evacuação em trincheiras de

infiltração se dá por meio da infiltração da água no solo pelas paredes laterais e fundo. A

descarga direta nos meios receptores configura esse dispositivo como uma trincheira de

detenção.

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Pavimentos permeáveis com estrutura de detenção e infiltração

Os pavimentos com estrutura de detenção e infiltração têm como objetivo o decréscimo

das vazões do escoamento superficial e o armazenamento temporário da chuva no corpo do

pavimento. Essa técnica pode reduzir os volumes que passam pela rede de drenagem

convencional quando da infiltração da água no solo suporte do pavimento. O que

diferencia um pavimento poroso de um pavimento com estrutura de reservação é que o

primeiro é composto de revestimento drenante com um corpo impermeável, sendo seu

interesse, essencialmente, melhorar a segurança rodoviária, o conforto dos condutores e

reduzir os níveis sonoros. O segundo pode ou não possuir revestimento drenante, mas

possui sempre corpos porosos que permitem o armazenamento da água (Azzout et al.,

1994).

Para o controle do escoamento superficial os pavimentos podem ter estruturas

diferenciadas. Esses dispositivos podem ser dotados de revestimentos superficiais

permeáveis, ou de uma estrutura porosa, ou ainda de uma estrutura porosa e de dispositivos

de facilitação da infiltração (Baptista et al., 2005).

A introdução das águas pluviais no pavimento pode ocorrer diretamente sobre a superfície

do mesmo quando o revestimento é feito de material permeável ou por meio de difusores

acoplados ao sistema de drenagem superficial, quando o revestimento é impermeável. A

detenção temporária da água é efetuada no corpo do pavimento, fazendo com que o mesmo

se comporte como um reservatório enterrado. A evacuação pode ser efetuada por

infiltração direta no solo ou por meio de um sistema de drenos acoplados ao sistema de

drenagem a jusante.

Telhados armazenadores

Os telhados armazenadores são dispositivos compostos de uma estrutura portante, e

elementos de armazenamento com o objetivo de armazenar, temporariamente, as águas

pluviais e descarregá-las a uma vazão limitada (Chocat, 1997). Esses dispositivos podem

ser aplicados de forma isolada a uma parcela urbana, ou a um conjunto de parcelas. Podem

ser utilizados em telhados planos ou com declividades inferiores a 5%, desde que

compartimentados.

Os telhados armazenadores podem, ainda, ser dotados de cobertura vegetal proporcionando

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proteção térmica, não requer disponibilidade de espaço adicional, podendo também, se

adequar aos projetos arquitetônico e urbanístico. No entanto, a adoção dessa técnica requer

a observância de critérios construtivos tanto para as obras novas, já concebidas com essa

finalidade, quanto para obras já existentes, observando-se neste último caso, as limitações

impostas pela estrutura da mesma. A descarga das águas armazenadas é assegurada por

dois dispositivos: os dispositivos de regulação e limitadores de nível (Baptista et al., 2005).

Bacias de retenção e detenção

O termo bacia de retenção ou detenção se aplica às obras de saneamento destinadas à

armazenar temporariamente as águas pluviais quando da ocorrência das cheias, antes da

sua restituição aos meios receptores, a partir de condições pré-definidas (Chocat, 1997).

Segundo Baptista et al. (2005), as finalidades destes dispositivos são:

- O amortecimento do hidrograma de cheias no contexto urbano como forma de controle

de inundações e o rearranjo das vazões nos hidrogramas de cheia;

- A redução dos volumes do escoamento superficial, quando da utilização de bacias de

infiltração;

- A redução da poluição difusa de origem pluvial em contexto urbano.

As bacias de detenção podem ser:

- Bacias a céu aberto com ou sem espelho d‟água permanente. As bacias secas

armazenam água apenas durante os eventos de precipitação;

- Bacias de zonas úmidas, que são áreas úmidas artificialmente construídas, semelhantes

a várzeas, capazes de armazenar água em pequenas profundidades e extensas áreas, com

predominância de vegetação típica de zonas úmidas;

- Bacias subterrâneas ou cobertas que são bacias típicas de zonas densamente urbanizadas

onde há dificuldade em se encontrar espaço para a implantação de bacias a céu aberto.

As bacias secas podem ainda ser impermeabilizadas não permitindo a infiltração

controlando as vazões geradas pelo escoamento pluvial. As bacias secas podem ter sua

superfície vegetada ou com cobertura granular, funcionando, simultaneamente, com a

infiltração das águas pluviais e com armazenamento temporário.

Reservatórios ou parques urbanos têm a mesma função das bacias de detenção com

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dimensões superiores. Suas grandes vantagens são a possibilidade de acomodar as

diferentes amplitudes de vazões de cheia, dentro da parte da bacia que o parque ou

reservatório drena, criar um espaço ambiental agradável, reduzir o material sólido e

melhorar a qualidade da água (Urbonas e Stahre, 1993 e Tucci e Genz, 1995).

Diques

Diques de proteção têm a finalidade de estabilizar as margens dos rios e proteger a

população ribeirinha de alturas de água sazonais, por períodos de apenas poucos dias, ou

semanas por ano (USACE, 1995). Os diques permitem a proteção localizada para uma

região ribeirinha através da redução da seção de escoamento, podendo provocar o aumento

da velocidade e dos níveis de inundação.

Canais de desvio

Os canais de desvio são executados de forma a impedirem que um volume excedente

proveniente do escoamento de uma determinada precipitação atinja uma área susceptível.

Quando a vazão no canal principal alcança um determinado nível pré-estabelecido, a vazão

excedente flui para o canal de desvio. Dessa forma, a vazão no canal principal é mantida,

eliminando ou reduzindo os danos às propriedades a jusante.

Essa medida é bem aceita quando há a necessidade de um alto grau de proteção e há

disponibilidade no local, para a construção do canal ou túnel de desvio a custos racionais

em função dos danos evitados (USACE, 1995).

Aumento na eficiência do escoamento

Aumento na eficiência do escoamento utiliza condutos e canais para drenar as áreas

inundadas, tendendo a transferir enchentes de uma região para outra. Nessa categoria,

podem ser citados: canalização, modificações no canal e dragagem.

A canalização amplia a capacidade do rio em transportar uma determinada vazão, pelo

aumento da seção, diminuição da rugosidade ou aumento da declividade da linha de água.

Quando o canal é aprofundado, a linha d‟água é rebaixada evitando a inundação. A

ampliação da seção produz redução da declividade da linha d‟água e redução dos níveis a

montante.

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42

3.5.2 – Análise da viabilidade das técnicas compensatórias estruturais

Antes da inserção de qualquer alternativa de controle de inundações, deve ser feito o

diagnóstico da área, levando-se em consideração as limitações impostas pelo local no que

diz respeito às características físicas naturais, às limitações geológicas e da rede

hidrográfica, e ainda, as limitações decorrentes da legislação local em vigência. Aspectos

urbanísticos e de infraestrutura e aspectos sanitários e ambientais, também, devem ser

considerados.

No contexto das limitações físicas, podem ser citadas (Baptista et al., 2005 e Certu, 1998):

- Relevo: um local de relevo plano é pouco favorável à instalação de dispositivos que

propiciem o escoamento superficial, mas ao mesmo tempo, podendo favorecer as

medidas de armazenamento. Deve-se salientar que a declividade média geral de uma

área não é determinante na escolha da técnica a ser utilizada, mas sim a declividade do

local onde a mesma será inserida.

- Profundidade do lençol freático: a pouca profundidade do lençol inviabiliza a utilização

de alternativas que propiciem a infiltração, podendo em outro caso ocorrer danos às

obras por subpressão, restringindo, assim, a construção de obras enterradas.

- A existência de um exutório permanente: com exceção nos casos nos quais é prevista a

infiltração das águas pluviais, os locais de deságüe, naturais ou artificiais, devem ser

identificados e verificados quanto à adequabilidade em relação ao ponto de vista da

qualidade e quantidade.

- Análise da constituição geológica do solo: a utilização de técnicas de infiltração

precede da análise da constituição geológica do solo onde será aplicada a medida em

virtude da sua capacidade de infiltração. Os solos com condutividade hidráulica entre

10-3

e 10-6

m/s podem, a priori, admitir técnicas de infiltração. A inserção da medida,

no entanto, requer a medida da condutividade hidráulica in situ.

- Avaliação da estabilidade do subsolo: se faz necessária diante do risco de dissolução

em certos solos na presença de água. Nesses casos são inviabilizadas quaisquer técnicas

que privilegiem a infiltração, tendo em vista a possibilidade de problemas de

estabilidade das futuras obras podendo, mesmo, levar ao desmoronamento.

- Nível operacional de água: as obras com espelho d‟água permanente necessitam manter

um certo nível de água, mesmo que este seja flutuante. Sendo assim, deve haver a

alimentação externa constante nessas estruturas seja por fonte superficial ou profunda.

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Com relação aos aspectos urbanísticos, devem ser levados em consideração os seguintes

aspectos:

- Disponibilidade de espaço: algumas técnicas requerem disponibilidade de espaço para

sua inserção, principalmente quando se trata de alternativas com abrangência da

macrodrenagem. Nesses casos devem-se observar as disponibilidades fundiárias e os

custos das restrições ocasionadas pelo uso da área para fins de drenagem urbana. É

interessante buscar soluções multifuncionais de utilização da área onde se pretende

inserir a medida com usos múltiplos, tais como quadras esportivas ou espaços verdes e

bacias de retenção;

- Inclinação maior que 5% não é propícia à utilização de telhados como estruturas

armazenadoras. A forma dos telhados também pode inviabilizar a sua utilização para

esse fim. Além da forma, a estrutura que recebe o telhado armazenador, nos casos de

obras já construídas, deve ser verificada.

- A existência de redes de serviços públicos – água, telefonia, eletricidade, etc. – pode

ser um fator limitador da instalação de alguns tipos de medidas se as mesmas não forem

consideradas na etapa de planejamento.

No tocante aos aspectos sanitários e ambientais, devem ser avaliados os riscos de poluição

das águas e dos solos, o risco de águas com finos e, o risco sanitário.

No tocante ao risco de poluição das águas, devem ser observados dois aspectos: a

qualidade das águas de escoamento e a vulnerabilidade do corpo receptor. Com relação às

águas de escoamento, as características do escoamento em zona urbana estão intimamente

ligadas à ocupação do solo (ex. residencial, industrial) na área de drenagem, e da natureza

da superfície drenada (ex. telhados, arruamento). A vulnerabilidade do corpo receptor está

ligada aos aspectos de uso do mesmo (fonte de água potável, irrigação, etc.) e a seu valor

patrimonial (aptidão a responder por necessidades futuras).

A análise de águas com finos deve ser levada em consideração devido aos efeitos

posteriores, principalmente, em superfícies drenantes e dispositivos de infiltração, devido à

possibilidade de colmatação. Em bacias de detenção, o assoreamento é uma grande

preocupação, uma vez que não tenham sido previstos mecanismos de decantação a

montante.

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44

No que diz respeito ao risco sanitário deve ser levada em consideração a possibilidade de

estagnação da água em determinadas técnicas, o que pode resultar no desenvolvimento de

organismos vetores de doenças. Além dessas limitações, não devem ser excluídas aquelas

que analisam os aspectos sociológicos (inserção das medidas no local, usos, gestão, etc.) e

as limitações econômicas, relacionadas ao investimento na solução e manutenção.

A decisão sobre a adoção de uma técnica ou conjunto de técnicas para o controle de

inundações, pode ser feito de acordo com as seguintes variáveis:

- Os diferentes tipos de urbanização;

- O conjunto de soluções compensatórias;

- O conjunto de limitações técnicas (CETE du Sud-Ouest, 2002).

Considerando a escala física prevista para ser trabalhada neste estudo, a Tabela 3.5

apresenta a vocação e as possibilidades de utilização das técnicas compensatórias em

relação a diferentes aspectos. Maiores detalhes sobre a aptidão das técnicas aplicadas na

microdrenagem encontram-se detalhadas no Anexo A.

Tabela 3.5 - Vocação e possibilidades das técnicas (Baptista et al., 2005)

Técnica

Vocação e possibilidades das técnicas

Área de drenagem controlada

Controle de vazão de pico Controle

de volumes

Recarga do lençol

Reuso direto

Controle da erosão a jusante

TR Pequenos

(até 5 anos)

TR Médios (até 30 anos)

TR Grandes (até 100

anos)

Bacias de detenção/retenção

Grande (>16ha)

P P V N N V V

Bacias de infiltração

Média P P V P P V P

Valas e valetas de detenção

Pequena-média

V V N N N N V

Valas e valetas de infiltração

Pequena-média

V V N P P N V

Pavimentos porosos

Pequena-média

P V N V V N V

Revestimentos permeáveis

Pequena-média

V N N V V N V

Trincheiras de detenção

Pequena (< 4ha)

P V N N N N V

Trincheiras de infiltração

Pequena P V N P P N V

Poços de infiltração

Pequena P V N P P N V

Telhados armazenadores

Pequena P V N N N V V

Reservatórios individuais

Pequena P V N N N V V

P: Adaptada; V: Pode ser adaptada; N: Pouco adaptada ou mesmo impossível

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45

3.6 – CONSIDERAÇÕES PARCIAIS

O presente capítulo tratou da análise contextual das inundações relacionando as suas

diferentes formas de ocorrência e seus impactos, dando ênfase naqueles observados em

áreas urbanas. Além desses aspectos foram apresentadas diversas alternativas de controle

de inundações, suas potencialidades e limitações, suas aplicações em relação à escala

espacial, permitindo, assim, direcionar a escolha de alternativas de controle tanto do tipo

estrutural quanto não-estrutural na escala espacial adequada.

A análise do risco permitiu elucidar as componentes do mesmo e estabelecer em que

situações os perigos são maiores para a população e agravam os prejuízos causados por

inundações.

Em se tratando de prejuízos, o presente capítulo faz um apanhado dos danos decorrentes

das inundações em áreas urbanas e a apresentação de metodologias aplicadas para a

estimativa dos mesmos em diferentes países ao longo do tempo. Nesse aspecto, são ainda

apresentadas recomendações sobre a coleta de dados e os parâmetros das inundações de

maior influência na estimativa dos danos orientando, assim, o desenvolvimento de

trabalhos complementares aos apresentados no capítulo, enfatizando as necessidades no

contexto brasileiro.

Após as contribuições do presente capítulo, o item a seguir trata da análise das alternativas

de solução para o problema das inundações urbanas.

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4.0 - ANÁLISE DE ALTERNATIVAS DE ARRANJOS DE MEDIDAS

PARA O CONTROLE DE INUNDAÇÕES

A análise da viabilidade da inserção de técnicas compensatórias para controlar ou mitigar os

impactos das inundações em área urbana, requer a análise de aspectos muitas vezes

conflitantes. Não é suficiente buscar a melhor solução técnica ou a que apresente menor custo,

o atendimento a apenas esses requisitos não garante a eficácia das medidas adotadas. Assim, a

avaliação dos aspectos sociais e culturais deve ser introduzida nessa análise. Além disso, as

decisões devem ser compreendidas por todos os segmentos envolvidos, corpo decisor, corpo

técnico e comunidade. Sendo assim, atualmente há uma procura constante de mecanismos e

métodos que auxiliem a decisão em situações complexas. Nesse contexto tem-se buscado

elencar o conjunto de soluções que atendem a objetivos pré-estabelecidos, e nessa busca,

novas ferramentas vêm sendo desenvolvidas e aprimoradas de modo a auxiliar o processo de

tomada de decisão.

4.1 – TÉCNICAS APLICADAS À TOMADA DE DECISÃO

Segundo Bursztyn (1994) apud Harada e Cordeiro Netto (1999), um processo de decisão

executado de forma racional compara as vantagens e desvantagens de cada ação que se

pretende implementar. Quando as ações se tratam de empreendimentos governamentais ou

com fins sociais, a análise torna-se mais complexa, tendo em vista os condicionantes

relacionados à ação. A decisão é tomada não apenas considerando os ganhos financeiros da

ação, mas levando em consideração os benefícios inferidos a ela e os impactos sociais

resultantes da mesma.

A análise desses problemas segue dois grandes grupos de metodologias: as análises de critério

único e as análises multicritério.

4.1.1 - Análises de critério único

As análises de critério único apresentam uma estrutura de seleção simplificada, baseada na

agregação de diferentes efeitos analisados e a consideração dos ganhos em relação a um único

critério (máximo ou mínimo).

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4.1.1.1 - Análise Custo-Benefício

Segundo OCDE (1996), a análise custo-benefício é o método mais comum de avaliação

prévia de projetos e políticas. Sua concepção permite avaliar os projetos sobre uma base de

comparação na qual são balanceados os custos e as vantagens dos mesmos.

O método toma como base uma situação de referência cujos valores são expressos por uma

unidade monetária e trazidos para a data atual. Alguns métodos permitem levar em conta os

objetivos de equidade e as estruturas de preferência em relação ao tempo. Segundo Henry

(1984) apud Torterotot (1993) os diversos elementos do método e da sua aplicação surgem da

escolha de valores e constituem os desafios entre os atores do processo de decisão. Seu

funcionamento consiste na identificação dos diversos modos de atendimento aos objetivos,

sendo seguido da determinação das variações viáveis ao projeto / política, para ao final,

decidir sobre qual a solução a ser adotada.

Segundo Gilpin (1995), a aplicação da análise custo-benefício é preferível antes da execução

da ação, muito embora, em determinadas situações, ela possa ser aplicada após a implantação

do projeto. A perspectiva dessa análise não reflete o interesse de qualquer indivíduo,

organização ou grupo. A análise custo-benefício é aplicada em situações em que os sinais que

os preços de mercado fornecem são ausentes ou falhos para refletir adequadamente os custos

de oportunidade dos recursos envolvidos. Essa análise pode ser aplicada a políticas, planos,

programas e projetos, em matéria de suporte de mercado, educação, pesquisa científica e no

meio ambiente.

Segundo Hanley e Spash (1993) a estrutura da análise custo-benefício é composta de cinco

fases que vão desde a definição do projeto até a avaliação monetária dos impactos.

No caso de empreendimentos privados, nos quais não se considera os objetivos sociais, são

avaliados os aspectos de rentabilidade da ação, enquanto que para investimentos

governamentais ou de caráter social, os benefícios são considerados em conjunto com outros

fatores. Nesse último caso, o intuito é buscar determinar o objetivo social do projeto, sob o

ponto de vista da coletividade (Harada e Cordeito Netto, 1999).

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As ferramentas da análise custo-benefício incluem: custos de oportunidade; avaliação

contingente; preços sombra; redução ao valor presente; o conceito do ótimo de Pareto; e a

análise da aceitação ou não do projeto se os benefícios sociais forem positivos (Gilpin, 1995).

As alternativas que o resultado da análise custo-benefício pode sugerir, segundo OCDE

(1996) são:

- Não fazer nada;

- Retardar o projeto;

- Dividir o projeto em diversas fases;

- Tomar as medidas relevantes das políticas antes que as decisões dos gastos.

Dentre as vantagens inferidas a essa análise, pode-se citar o fato dos resultados serem

mensuráveis e compreensíveis para os participantes do processo decisório, a consideração do

valor de custo de todas as alternativas e por permitir a comparação entre diferentes tipos de

ações. As desvantagens são a impossibilidade do método de levar em conta a repartição dos

benefícios e dos custos na sociedade, uma vez que isso exige um grande número de

informações, tendendo a negligenciar conseqüências cujos efeitos não podem ser

quantificados (Harada e Cordeiro Netto, 1999).

4.1.1.2 - Análise Custo Efetividade

A análise custo-efetividade é uma abordagem essencialmente financeira, adotada quando não

é possível, não se quer ou não se deve estimar os benefícios de uma decisão. Essa

metodologia seleciona as alternativas de mínimo custo para atingir os objetivos definidos,

permitindo, pelo menos, a alocação eficiente dos recursos. Essa alternativa não permite que se

julgue a natureza da decisão tanto em termos absolutos quanto em termos relativos.

A vantagem da utilização desse método reside na sua simplicidade em virtude da não

quantificação dos benefícios. As desvantagens atribuídas a ela estão relacionadas à não

consideração dos custos sociais resultantes de efeitos diretos e indiretos sobre a decisão e a

impossibilidade de julgamento sobre a pertinência global da decisão tomada (Harada e

Cordeiro Netto, 1999).

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49

4.1.1.3 - Análise Risco-Benefício

Essa metodologia de análise pode ser considerada uma inversão da análise custo-benefício,

uma vez que a mesma toma por hipótese a ausência de ação. Nessa análise deve-se determinar

o risco aceitável e as medidas de remediação aceitáveis para as conseqüências desse risco,

para posterior comparação aos benefícios advindos da ação. A metodologia leva em

consideração, ainda, outros custos que não envolvem riscos. A melhor opção não é,

necessariamente, aquela que apresenta o menor risco, mas a que apresenta os benefícios mais

compensadores.

As vantagens da metodologia são a estrutura flexível que permite considerar tanto benefícios

quanto custos e a consideração do ponto de vista da sociedade na determinação do risco

aceitável. A desvantagem reside no caráter subjetivo da análise, que considera estimativas de

difícil mensuração (Harada e Cordeiro Netto, 1999 e OCDE, 1996).

4.1.1.4 - Análise Decisória

Na análise decisória, ao contrário da análise custo-benefício, não há uma atitude neutra por

parte do decisor, as decisões são tomadas com base na sua aversão pelo risco. O processo é

semelhante à análise custo-benefício até o ponto onde são determinados os resultados e as

probabilidades. A partir desse ponto é feita uma lista de preferências e de julgamentos a serem

avaliados, a fim de obter os pesos que serão atribuídos pelos decisores, aos resultados, para

diferentes níveis de risco.

O decisor poderá escolher uma solução que afaste o risco de um resultado ruim ao invés de

uma solução que ofereça um ganho superior, mas que apresente um risco mais elevado.

As preferências do decisor podem ser expressas sob a forma de “pesos de vantagens” para os

diversos resultados. Esses pesos podem conceber as regras formais de decisão, em que a

vantagem esperada de cada resultado possível é calculada multiplicando a probabilidade que

ela se concretize pela sua vantagem. A solução preferida será aquela que apresentar maior

vantagem esperada (OCDE, 1996).

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4.1.2 - Análise Multicritério

As situações nas quais se inserem os problemas ligados aos recursos hídricos, e em especial

ao controle de inundações, não se encaixam, forçosamente, no atendimento a um único

critério. Da análise dos aspectos relevantes no processo de decisão tais como os aspectos

sociais, econômicos, ambientais, políticos e culturais, dentre outros, depende o sucesso das

iniciativas de controle e mitigação dos impactos das inundações nas comunidades. Nesse

sentido, a decisão sobre a adoção de qualquer conjunto de medidas deve atender a múltiplos

critérios, e em muitos casos, dependendo da análise, de múltiplos decisores, que por sua vez

podem ter interesses conflitantes e visões distintas acerca do planejamento do controle de

inundações (Castro, 2002).

Assim como a análise custo-benefício, a análise multicritério pretende dar um julgamento

categórico e definitivo sobre a aceitação de um projeto ou de uma política (OCDE, 1996).

Essa análise quantifica os custos e vantagens de um projeto ou de uma política por grandezas

monetárias ou não, na qual diferentes métodos são utilizados para em seguida normalizar as

diferentes unidades consideradas e classificá-las entre as situações comparadas. O interesse

sobre a análise multicritério reside no fato de ela poder integrar uma multiplicidade de

critérios e, por conseguinte, a natureza dos impactos. Algumas metodologias podem, ainda,

abordar múltiplos objetivos (Torterotot, 1993).

Na análise multicritério deve haver o tratamento simultâneo dos diferentes aspectos supra

citados, que além do caráter científico, traga a capacidade de agregar de maneira ampla, todas

as características consideradas importantes no processo, inclusive as não-quantitativas. A

análise, então, não se limita à busca de um maior ou menor valor, ou à maximização ou

minimização de uma função, mas sim considerar um grupo de funções ou atributos. A análise

multicritério pretende apoiar o processo de tomada de decisão ao recomendar ações ou cursos

de ação a quem vai tomar a decisão, em uma situação caracterizada pela existência de

diferentes funções objetivo simultâneas (Gomes et al., 2004 e Harada e Cordeiro Netto,

1999).

A existência de mais atributos entre alternativas impede a nítida determinação da

superioridade de uma alternativa em relação à outra. Não existe, forçosamente, a situação de

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dominância na qual a totalidade dos atributos de uma alternativa tem superioridade em relação

à outra. Também, não é clara a transitividade entre alternativas comparadas, uma vez que a

situação de dominância observada em relação a um critério não necessariamente obedece a

mesma regra em relação a outro. A ferramenta para solucionar esse tipo de situação deve,

ainda, incorporar os conceitos de indiferença e incomparabilidade de características.

Essa abordagem é incorporada pelos métodos multiobjetivo, que tendem a buscar a

otimização de vários aspectos e os interesses de vários grupos. Na existência de vários

atributos a serem avaliados e medidos em diferentes escalas, essa análise assume, também o

caráter multicritério. A análise multicritério permite, ainda, “medir o grau em que cada

alternativa atende ou cumpre os vários objetivos que devem ser especificados pelos agentes

interessados na escolha, havendo, dessa forma, um “grupo de regras de decisão”” (Harada e

Cordeiro Netto, 1999).

Dentre as vantagens inferidas aos métodos multicritério no auxílio à tomada de decisões está a

capacidade dos mesmos em refletir melhor os objetivos, analisar com detalhe as

particularidades introduzidas nas alternativas comparadas, quantificar os custos implícitos,

não traduzíveis pelas análises custo-benefício e estabelecer uma lista de prioridades do

projeto. Dentre as desvantagens estão a necessidade de um grande número de informações

para cada alternativa avaliada, a dependência do resultado em relação aos critérios avaliados e

em relação à sua aplicabilidade à problemática em questão, que torna a análise subjetiva

(Harada e Cordeiro Netto, 1999).

4.1.3 - Classificação dos métodos multicritério

A classificação apresentada por Cohon e Marks (1975) apud Braga e Gobetti (1997), Barbosa

(1997) e Goicoechea et al. (1982), dividiu os métodos de análise multicritério em três grupos

segundo o papel do decisor e do analista no processo decisório. No primeiro grupo

encontram-se as técnicas que geram soluções não dominadas, no segundo grupo estão as

técnicas que utilizam a articulação antecipada de preferências e por último o grupo de técnicas

que utilizam uma articulação progressiva de preferências.

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Técnicas que geram soluções não dominadas

Nesse grupo, as alternativas são geradas pelo analista em uma etapa anterior à da

incorporação da estrutura de preferência do decisor. Estão incluídos nesse grupo o Método

dos Pesos, o Método das Restrições e o Método Multiobjetivo Linear.

Técnicas que utilizam uma articulação antecipada de preferências

Nesse conjunto de técnicas, o decisor manifesta seu juízo de valor perante as possíveis trocas

entre os objetivos e sobre os pesos relativos entre eles. São incluídos nesse grupo: Método da

Função Utilidade Multidimensional, o Método da Programação por Metas, o Método

ELECTRE (Elimination Et Choix Traduisant Realité), o Método da Matriz de Prioridades e

Programação de Compromisso (Compromise Programming).

Técnicas que utilizam uma articulação progressiva de preferências

Nesse grupo de técnicas, a interação analista-decisor ocorre durante todo o processo decisório.

Nele estão incluídos o Método do Valor Substituto de Troca e o Método dos Passos.

Já a classificação adotada por Harada (1999) e Harada e Cordeiro Netto (1999), dita como

mais simples e de maior aceitação, divide os métodos multiobjetivo em três famílias:

Métodos baseados na teoria da utilidade-multiatributo

Nessa categoria de métodos considera-se a agregação de diferentes atributos em uma única

função com o objetivo básico de obter a alternativa que possa otimizar essa função. Nesse

grupo de métodos qualquer decisor procura, consciente ou inconscientemente, maximizar uma

função de utilidade ou minimizar uma função de custo.

A otimização consiste na sintetização de diferentes atributos, de maneira a agregá-los em um

único valor, compondo uma representação matemática da estrutura de preferência do decisor,

incorporando a maneira de agir do mesmo em situações de incerteza. Esse tipo de

metodologia permite o ordenamento das alternativas conforme a preferência, mas não

permitem a avaliação de incomparabilidade ou da indiferença entre alternativas.

São métodos incluídos nessa abordagem: o Método dos Pesos; o Método das Restrições; o

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Método Multiobjetivo Linear e o método AHP (Analytical Hierarchy Process) e ANP

(Analitic Network Process). O método Programação de Compromisso também é incluído por

Harada (1999) nessa categoria, apesar de o mesmo possuir pontos comuns com métodos de

outros grupos. O método TOPSIS (Technique for Order Preference by Similarity to Ideal

Solution) proposto como uma evolução da Programação de Compromisso, também pode ser

classificado nesse mesmo grupo.

Métodos seletivos

Essa categoria de métodos procura estabelecer comparações entre alternativas, duas a duas,

por meio do estabelecimento de uma relação de preferências ditadas pelos agentes decisores,

chamada de relação de seleção. A relação binária permite a incorporação de conceitos tais

como indiferença e incomparabilidade, que permite uma avaliação mais apropriada do

problema em algumas situações, mas pode não permitir o ordenamento completo das

alternativas em relação à preferência. Esses métodos são propostos para um grupo finito de

alternativas, podendo ser aplicados a casos de infinitas alternativas.

Os métodos mais conhecidos inseridos nessa categoria são os métodos da família ELECTRE

e PROMETHEE (Preference Ranking Organization METHod for Enrichment Evaluations).

Métodos interativos

Essa família de métodos se baseia na alternância de etapas computacionais com etapas de

debate de modo a se obter novas informações sobre as preferências dos decisores. Dessa

forma as preferências são discutidas ao longo de todo o processo decisório, partindo-se do

pressuposto que o decisor não tem estabelecido, a priori, o seu sistema de preferência. Nessa

família de métodos os decisores participam do processo não somente na definição do

problema, mas também, durante os procedimentos e na elaboração da solução.

Estão inseridos nessa categoria de métodos o Método do Valor Substituto de Troca e o

Método dos Passos.

4.1.4 - Estudo de Impactos

A avaliação de impactos é uma metodologia que avalia os efeitos de uma intervenção sobre o

meio ambiente. Essa avaliação é conduzida a posteriori, após a finalização de um projeto,

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diante dos seus evidentes impactos. Ela tenta cobrir diferentes aspectos tais como, aspectos

técnicos, sócio-culturais, econômicos, institucionais e ecológicos.

O desenvolvimento dessa metodologia apresenta uma série de preocupações no que diz

respeito aos efeitos do projeto em questão sobre os grupos alvo e sobre o meio ambiente.

4.1.5 - Indicadores para a comparação de arranjos alternativos

Segundo OECD (2003), indicadores ambientais podem ser definidos como um parâmetro, ou

um valor derivado de parâmetros que fornecem informações sobre algo ou descrevem o

estado de um fenômeno, um ambiente ou uma área, cujas informações possuem um

significado que se estende além do valor do parâmetro em si. Já para Gallopin (1997),

indicadores são variáveis que sumarizam ou simplificam um conjunto de informações a

respeito de um fenômeno, de modo que o mesmo seja perceptível, quantificável e mensurável.

Eles procuram medir o comportamento e transmitir o progresso do ambiente em direção ao

desenvolvimento sustentável. A relevância de um grupo de indicadores está na importância

atribuída ao mesmo pelos decisores e pelo público alvo.

Dentre as funções dos indicadores, OECD (2003) e Gallopin (1997) destacam:

- Reduzir o número de medidas e parâmetros necessários para se ter uma noção de

determinada situação;

- Simplificar o processo de comunicação aos usuários;

- Avaliar condições e tendências locais;

- Comparar lugares e condições;

- Avaliar condições e tendências em relação a objetivos formulados;

- Antecipar condições e tendências futuras.

Os indicadores podem ser variáveis independentes ou variáveis que são função de outras

variáveis, cujos valores podem ser observados, calculados ou medidos diretamente na fonte.

Em muitos casos os indicadores são derivados de dados processados e analisados de modo a

se obter os valores de variáveis agregadas (Gallopin, 1997). A agregação de informações

associadas a indicadores de distintas naturezas e significâncias traduzindo-os em um único

valor representativo de uma situação real é conhecida como índice. Os índices têm o objetivo

de refletir o efeito conjunto de um grupo de indicadores, permitindo assim comparações no

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tempo e no espaço (De Bonis, 2006 apud Zonensein, 2007).

4.1.5.1 - Características dos indicadores

Em princípio, um indicador pode ser tanto uma variável qualitativa (nominal) quanto uma

variável de classificação (ordinal), ou uma variável quantitativa. A maior parte das definições

de indicadores exclui a possibilidade de indicadores qualitativos, no entanto, os indicadores

qualitativos podem ser preferíveis aos indicadores quantitativos em pelo menos três casos:

quando a informação quantitativa não está disponível; quando o atributo de interesse é não-

quantificável; e quando as considerações de custo de obtenção das informações quantitativas

são impraticáveis. Em alguns casos a avaliação quantitativa pode ser traduzida em notação

qualitativa.

Os problemas complexos, tais como aqueles associados ao desenvolvimento sustentável,

requerem soluções integradas. As ligações existentes podem ocorrer entre variáveis de um

mesmo sistema ou entre diferentes subsistemas (ex. economia e meio ambiente) ou entre

sistemas e subsistemas de um mesmo nível hierárquico. Assim, na etapa de definição dos

indicadores, deve-se buscar a concepção de um “modelo” que estabeleça conjuntos de

indicadores a partir das relações de afinidade assumidas entre os mesmos, tomando como

base, o sistema original.

Basicamente, indicadores são usados em diferentes níveis, como suporte e aperfeiçoamento

de políticas e tomadas de decisão. Particularmente, eles são aplicáveis na execução de

políticas nacionais e internacionais, em diferentes fases do processo decisório, nas quais

diferentes indicadores podem ser utilizados de diferentes formas em cada fase. Na análise de

tendências e condições futuras, a maior parte das análises tem o interesse de verificar as

mudanças no tempo, mas os indicadores utilizados nesses casos têm, ainda, o espaço ou a

população como variável ao invés do tempo.

Segundo Gallopin (1997), o termo “valor” possui dois significados relevantes no que diz

respeito aos indicadores. O primeiro descreve o seu conceito como utilidade e importância

relativa, associada ao julgamento dado pelo analista. O segundo refere-se, essencialmente, ao

estado de uma variável no contexto geral do sistema, podendo ser uma quantidade numérica

ou não-numérica, alocada por meio de observações, medidas, cálculos ou inferências.

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Um requisito importante e freqüentemente negligenciado para a utilidade e aceitação de

indicadores é o entendimento do que seja essa ferramenta e da sua real função no processo de

tomada de decisão. Os indicadores são meios de comunicação, e como qualquer forma de

comunicação requer seu entendimento pelos participantes do diálogo no processo de tomada

de decisão em direção ao desenvolvimento sustentável. Esses elementos devem ser claros e os

usuários devem estar habilitados a compreender o seu sentido assim como sua significância

em termos de valores. Os indicadores podem ser utilizados em diferentes escalas espaciais, da

local à global.

De um ponto de vista prático, são desejáveis, as seguintes propriedades:

- Os valores dos indicadores devem ser mensuráveis, ou pelo menos observáveis;

- Os dados para construção dos indicadores devem estar disponíveis;

- A metodologia para coleta, processamento e construção dos indicadores deve ser clara;

- Os recursos para a construção e monitoramento dos indicadores devem estar disponíveis,

incluindo os recursos financeiros, humanos e de capacitação técnica;

- Os indicadores ou conjunto de indicadores devem ser obtidos a custos razoáveis;

- Os indicadores devem ser compatíveis com seu nível de aplicação (local, nacional,

internacional);

- É desejável a participação e o suporte público na utilização dos indicadores (Gallopin,

1997).

4.1.5.2 - Critérios para a seleção de indicadores

De acordo com OECD (2003), alguns critérios devem ser observados quando da formulação e

seleção de indicadores. Com relação à relevância política e utilidade para os usuários, os

indicadores devem: fornecer um panorama representativo das condições ambientais e

respostas sociais; ser simples, fáceis de interpretar e capazes de mostrar a tendência da sua

evolução no tempo; serem flexíveis às mudanças no ambiente e às atividades humanas

relacionadas a ele; terem aplicabilidade nas questões ambientais regionais de interesse

nacional; terem um princípio ou valor de referência para permitir a comparação, de modo que

os usuários possam avaliar a significância dos valores associados.

Com relação à segurança analítica, os indicadores devem ser bem fundamentados em termos

técnicos e científicos, se basearem em padrões internacionais e consenso internacional sobre

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sua validade, e proporcionar a sua ligação com modelos econômicos, sistemas de previsão e

informação.

Além dos requisitos acima citados, uma análise crítica da pertinência e da qualidade dos

indicadores consiste em examinar cada indicador à luz de diferentes critérios (Labouze e

Labouze, 1995 apud Barraud, 2001):

- Acessibilidade - capacidade do indicador de ser calculado rapidamente a custos aceitáveis;

- Pertinência - capacidade do indicador em refletir e guardar no tempo a significação de um

conceito;

- Fidelidade - conservação ao fim da avaliação de uma tendência constante;

- Objetividade - aptidão de serem avaliados sem ambigüidade a partir de dados observáveis

ou transparentes;

- Precisão/robustez - impactos das incertezas sobre as prescrições;

- Sensibilidade - aptidão para discriminar; e

- Univocidade - aptidão a dar uma avaliação unívoca.

4.1.6 - Ciclo de tomada de decisão e o uso de indicadores

Os processos de concepção dos sistemas de drenagem urbana e controle de inundações

passam por duas fases distintas: eliminação e decisão. Na primeira fase ocorre a exclusão de

determinadas técnicas por restrições físicas. Na segunda fase, o processo é desenvolvido em

três etapas: a elaboração de cenários, a identificação dos arranjos satisfatórios e insatisfatórios

e o uso de critérios e metodologias julgados pertinentes pelo decisor (Baptista, 2004).

Moldan (1997) define o processo de tomada de decisão composto pelas etapas mostradas na

Figura 4.1. O sistema descrito prevê a retroalimentação do processo no qual, após a avaliação,

são feitos ajustes para garantir sua sustentabilidade.

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Figura 4.1 - Ciclo de tomada de decisão (adaptado de Moldan, 1997)

4.1.6.1 - Identificação do problema

O primeiro passo para se tomar uma decisão é definir um fenômeno como um problema.

Segundo Castro (2002), a maior parte dos problemas que envolvem os recursos hídricos não

são possíveis de serem observados ou entendidos diretamente, fazendo com que sua

identificação se torne, muitas vezes, complexa. Muitos desses problemas levam anos para

serem reconhecidos pela comunidade científica e é nesse estágio que começa o

desenvolvimento dos indicadores.

4.1.6.2 - Crescimento da consciência pública e conhecimento do problema

Nessa etapa do processo de tomada da decisão, a participação pública é essencial, assim como

o tratamento entre algumas questões ambientais. No planejamento de áreas urbanas, assim

como em questões ambientais e do desenvolvimento sustentável, a conexão entre os sistemas

públicos que atendem a população mostra que os mesmos não podem ser abordados de forma

isolada. Nesse sentido, é fundamental o papel da informação na formulação dos indicadores,

dependendo dela, o sucesso dos indicadores propostos.

Identificação do problema

Crescimento da consciência e

conhecimento do problema

Implementação da política

Aplicação da política

Avaliação da

política

Formulação da política

Satisfatória

Não Satisfatória

Reavaliação

Periódica

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59

4.1.6.3 - Etapa de formulação

A formulação de planos e políticas está diretamente ligada à necessidade de se estabelecer

alvos quantitativos, ou pelo menos, à identificação de objetivos qualitativos. Essa etapa do

processo de tomada de decisão consiste no diálogo entre o corpo de decisores (usualmente o

governo) e a parte do público afetada, de alguma forma, pela proposta. Nessa etapa, a

introdução de indicadores apropriados é essencial ao diálogo entre as partes. O tratamento dos

problemas pode se tornar algo difícil, compreendendo várias opções de políticas e utilizando

um amplo leque de informações, fazendo com que a avaliação adequada das opções envolva

cálculos complexos e a utilização de modelos. No entanto, espera-se que o resultado dessas

análises seja a obtenção de indicadores simples e de fácil entendimento.

4.1.6.4 - Etapa de implementação

Os indicadores têm um papel crucial, também, na etapa de implementação dos planos e

políticas. A implementação é função dos setores governamentais em todos os seus níveis de

aplicação (local, regional, nacional e internacional), no entanto, para o seu sucesso, é

fundamental o suporte público. A visão clara dos alvos alcançados e a avaliação incessante do

progresso do processo são componentes importantes para a adoção dos planos.

A etapa de implementação requer determinação, resistência e ainda, paciência e um certo grau

de flexibilidade, uma vez que a situação pode se modificar ao longo do tempo necessitando de

correções ainda nesta fase. Essas alterações podem ocorrer tanto para os alvos quantitativos

quanto na natureza qualitativa dos indicadores.

4.1.6.5 - Etapa de avaliação

A etapa de avaliação tem dois objetivos. O primeiro objetivo é o de verificar se os planos ou

políticas formuladas foram de fato executadas e se os objetivos foram alcançados.

O segundo objetivo procura verificar se o problema original foi solucionado e se a situação

atual está sob controle. Para tanto, é necessário avaliar se as proposições iniciais estavam

corretas e se o sistema projetado foi eficaz, tomando sempre os indicadores como parâmetro

de comparação (Moldan, 1997 e Castro, 2002).

Ao final desta etapa o ciclo estará completo e se os resultados forem satisfatórios o processo

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60

termina pela aplicação da política, caso contrário, o ciclo de tomada de decisão é recomeçado

pela etapa de formulação da política.

4.1.7 - O uso de indicadores na análise de sistemas de drenagem urbana com múltiplos

critérios

Indicadores tem sido uma importante ferramenta para apontar o desempenho de diferentes

sistemas que interagem com a sociedade. É comum o uso de indicadores para avaliar o

comportamento de medidas aplicadas aos setores sociais e de saúde. Essa ferramenta, pelas

suas características, dinamismo e robustez, pode ser aplicada a outros setores que atendem a

população em área urbana, tais como a drenagem de águas pluviais e o controle de

inundações. No contexto da drenagem urbana e controle de inundações a utilização de

indicadores ainda é bastante pequena. Com o intuito de ilustrar a utilização de indicadores, o

texto a seguir apresenta alguns estudos enfatizando o uso dessa ferramenta em sistemas de

drenagem urbana.

Kondratyev et al. (2002) apresentaram um estudo cujo objetivo foi o de avaliar a situação

atual do lago Ladoga, responsável pelo abastecimento da cidade de São Petesburgo na Rússia,

e sua rede de drenagem, locada parte na Finlândia e parte na Rússia, em virtude das mudanças

ocorridas na última década. Para a avaliação foram utilizados os indicadores propostos pela

Comissão de Desenvolvimento Sustentável (CSD) da ONU (Organização das Nações

Unidas). Os indicadores utilizados retrataram os aspectos que representam as atividades

humanas, o estado do desenvolvimento sustentável na região, as opiniões políticas e outras

respostas para as alterações de estado do desenvolvimento sustentável como uma avaliação da

efetividade dos alvos. Foram adicionados aos anteriores, indicadores ligados ao nível de

cargas poluidoras externas e críticas, parâmetros de qualidade da água, de concentrações

críticas de elementos químicos, indicadores de estado do ecossistema aquático e indicadores

de propriedades geoquímicas dos sedimentos.

Ao final do estudo concluiu-se que o lago Latoga está boas condições, mas os resultados

mostraram a necessidade urgente de indicadores que reflitam o estado do ecossistema e dos

sedimentos de fundo, a dependência da acurácia dos resultados da qualidade, e adequação

dos sistemas de monitoramento dos corpos d‟água.

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O estudo apresentado por Barrera-Roldán e Saldívar-Valdés (2002) teve como objetivo

apresentar a metodologia para a construção do Índice de Desenvolvimento Sustentável que

constou da proposição de vinte e um indicadores representando os sistemas social, natural e

de produção (econômico). Foram utilizados indicadores quantitativos e qualitativos com uma

escala adimensional variando de 0 a 1, na qual o valor 0 representava os piores resultados em

termos de desenvolvimento sustentável e o valor 1 os melhores resultados. Os indicadores

apresentados foram agregados por método multicritério resultando em um indicador global

também variando de 0 a 1.

A metodologia foi aplicada à bacia hidrográfica do rio Coatzacoalcos no México e os

resultados obtidos mostraram a situação ambiental nas comunidades urbanas e semi-urbanas

da bacia assim como a situação sócio-econômica da população na área estudada. O uso da

metodologia auxiliou, ainda, na identificação dos principais problemas da região e na

melhoria do desenvolvimento das comunidades da área em estudo.

O estudo apresentado por Baptista et al. (2001) teve como objetivo apresentar a constituição

de uma base de dados e sua utilização, a fim de avaliar e comparar a escolha de técnicas

compensatórias adaptadas a parcelas urbanas, à luz de diferentes critérios. A base de dados

determinada permite a construção de diferentes indicadores de desempenho dos aspectos

ambientais, técnicos e econômicos aplicados à drenagem urbana e controle de inundações. A

base de dados foi composta de diferentes tipos de pequenas obras com diferentes tipos de

utilização, que ao final, totalizaram 167 casos distribuídos por três regiões metropolitanas

francesas.

Para elaboração dos indicadores econômicos foram levantados os custos de inserção e

manutenção dos diferentes dispositivos inseridos nas áreas e em seguida foi avaliado o

desempenho de vários cenários com a aplicação do método custo-eficiência. Ao final do

estudo foi possível concluir que a base de dados integra informações econômicas, técnicas e

descreve o grau de satisfação em relação ao funcionamento, integração social e ambiental. Foi

observado, ainda, que os dados relativos aos custos de investimento e manutenção, muitas

vezes são ausentes ou parciais, e quando os mesmos existem, eles se apresentam com natureza

diversa. A análise dos resultados mostrou que o volume de armazenamento é um bom

indicador tanto para os custos de investimento quanto para os custos de manutenção, e que,

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em termos econômicos, o controle na fonte é preferível ao controle centralizado e às soluções

tradicionais.

Revitt et al. (2003) identificaram sete categorias de critérios para avaliação do comportamento

de BMPs em drenagem urbana, abordando as características locais, aspectos técnicos e

científicos, operação e manutenção, aspectos ambientais, benefícios sociais e urbanos à

comunidade, econômicos e planejamento legal e urbano. Os autores identificaram indicadores

primários e secundários e o seu nível de referência, definido-os como o valor ou condição

limite (quantitativa ou qualitativa), para uma avaliação que pode compreender um ponto de

referência para o tomador de decisão.

Kolsky e Butler (2002) apresentaram um estudo no qual os autores descrevem os aspectos

conceituais e práticos do desenvolvimento de indicadores para a avaliação de sistemas de

drenagem urbana baseado na experiência dos mesmos em países em desenvolvimento, mais

especificamente na Índia. Dentro dessa análise os autores dividiram os possíveis indicadores

em três tipologias conforme mostrado na Tabela 4.1 cuja significância pode ser estendida

inclusive a países desenvolvidos.

Tabela 4.1-Tipologias de indicadores e medidas apresentadas por Kolsky e Butler (2002)

Tipo de

Indicador

Exemplos de Possíveis

indicadores Vantagens Desvantagens

Medidas de

desempenho

Profundidade

Área

Duração da Inundação

Medidas diretas obtendo o

resultado que o decisor

precisa saber

Dificuldade para medir

Avaliação sazonal

Não há ligação clara com

as decisões a serem

tomadas

Indicadores

de

desempenho

Nível de sólidos

Capacidade de escoamento

das estruturas

Nível de Bloqueio dos

escoamentos

Relativamente fáceis de

medir

Ligação mais direta com a

ação a ser tomada que as

medidas de desempenho

Relações não claras com

os resultados que o decisor

precisa

Mede os sintomas, mas

não a causa do problema.

Indicadores

de processo

Freqüência de limpeza das

ruas

Tempo dos profissionais

gasto nas operações

Orçamento

Relativamente fáceis e

práticas

Podem se tornar rotina

Ligação mais clara com as

ações a serem tomadas

Relações não claras com

os resultados que o decisor

precisa

Geerse e Lobbrecht (2002) apresentaram um estudo no qual pretendeu-se avaliar o

desempenho do sistema de saneamento e drenagem na cidade de Rotterdam na Holanda. O

desempenho de uma estação automática de controle foi determinado por meio de um índice de

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desempenho composto por indicadores analisados em duas situações de referência: período de

estiagem e período chuvoso. Para o período chuvoso foram analisados os seguintes aspectos:

- Prevenção de enchentes: saúde e segurança da população, redução de perdas materiais

devido às inundações;

- Ecologia, natureza e recreação: redução da poluição das águas superficiais em canais,

lagoas e principais rios; e

- Gestão de sistemas de água: redução dos custos de operação, da sedimentação nas galerias

e dos problemas com odor.

Os indicadores utilizados para análise do período de estiagem foram relacionados à operação

do sistema tratamento de esgoto no que diz respeito ao processo de descarga (nível da água,

descarga), consumo de energia e freqüência de troca de bombas.

Os resultados mostraram a eficiência do método na determinação do desempenho do controle

no sistema de drenagem urbana e a identificação de pontos que necessitam de melhorias.

O projeto ADSS (Adaptive Decision Support System), inserido no projeto Daywater, tem o

objetivo de auxiliar o processo de tomada de decisão sobre a implementação de medidas de

controle clássicas e de controle na fonte para a solução dos problemas com as águas pluviais

urbanas. O sistema ADSS está dividido em blocos compostos da definição do problema, a

construção de cenários e a composição de alternativas de solução. Indicadores são utilizados

nas etapas de definição do problema, avaliação dos riscos e na composição das alternativas de

solução com a incorporação das medidas de controle. Os indicadores propostos incorporam,

além dos aspectos técnicos, questões sociais, financeiras, legais e organizacionais. A análise

das alternativas é feita por métodos multicritério apresentando como resultado, a

hierarquização das alternativas (Föster et al., 2004 e Daywater, 2004).

Dechesne et al. (2004) apresentaram uma lista de dezessete indicadores para avaliar o

desempenho de bacias de infiltração em relação ao seu desempenho hidráulico e a capacidade

de retenção de poluentes. O grupo de indicadores foi testado em cinco bacias de infiltração na

área suburbana de Lyon – França. Os indicadores de contexto avaliaram o estado do sistema,

e para análise do desempenho hidráulico foram propostos indicadores que avaliaram as bacias

de infiltração nos aspectos de colmatação, duração da infiltração, freqüência de

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transbordamento e período de operação projetado. O desempenho na retenção de poluentes foi

medido por indicadores do tipo: nível de poluentes encontrados no solo da bacia, eficiência de

retenção de poluentes e eficiência de infiltração de partículas. Os resultados mostraram que,

sob condições operacionais do comportamento das bacias, os indicadores são representativos

e confiáveis, excetuando-se os indicadores de desempenho na retenção de poluentes. Mesmo

reconhecida a relevância dos mesmos, a avaliação é dificultada pela qualidade dos dados

disponíveis.

O estudo desenvolvido por Batista et al. (2005) buscou a elaboração de um indicador de

performance de drenagem urbana como um subcomponente de um indicador de salubridade

ambiental. O indicador proposto foi concebido a partir de características relacionadas à

qualidade da drenagem urbana em função dos aspectos da ocorrência de enchentes,

alagamentos e a existência de defeitos nas vias da área analisada considerando, para o cálculo

dos indicadores, as condições de ruas dos setores censitários dos bairros estudados. Como

resultados foram obtidos mapas temáticos identificando as condições precárias de drenagem

de alguns bairros do município de João Pessoa - PB.

De Bonis et al. (2005) buscaram o estabelecimento de um índice de drenagem urbana que foi

o resultado da composição de vários indicadores. O objetivo do estudo foi identificar a

situação da drenagem local para buscar situações de risco, monitorar tendências, avaliar,

identificar e comparar situações de drenagem de águas pluviais em diferentes locais. Os

parâmetros adotados (densidade de drenagem, densidade populacional, cota de inundação,

percentual de logradouros com problemas de inundações, valor do IPTU, volume/fluxo de

tráfego, casos de doenças de veiculação hídrica, taxa de impermeabilização, área da mancha

de inundação), e seus respectivos pesos se basearam em pesquisas junto a especialistas da

área de drenagem urbana. O índice proposto foi utilizado em um estudo de caso no município

do Rio de Janeiro – RJ, tendo sido possível concluir positivamente a respeito da

representatividade do índice em informar as condições reais da área analisada e a

aplicabilidade da ferramenta no processo de tomada de decisões.

Martin et al. (2006) apresentaram uma metodologia para a avaliação do desempenho de

técnicas compensatórias baseada em seis critérios abordando os aspectos de capacidade

técnica e hidráulica, impactos ambientais, percepção social, econômicos e manutenção. A

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avaliação foi conduzida por uma apreciação qualitativa dos aspectos citados anteriormente

com as seguintes designações: de forma alguma, geralmente não, até certo ponto e

completamente. As respostas colocadas para questões foram do tipo: diminui o risco de

inundação?; preserva a qualidade da água?; pode ser integrada a políticas de planejamento

existentes?

Os indicadores foram aplicados em entrevistas a órgãos governamentais e privados

responsáveis pela gestão de sistemas de drenagem na França, incluindo a população, e

agregados por análise multicritério pelo método ELECTRE III. O resultado foi a classificação

das técnicas de drenagem investigadas segundo os interesses dos órgãos consultados.

Castro (2002) desenvolveu um estudo cujo objetivo foi a proposição de indicadores e uma

metodologia de análise multicritério para o auxílio à decisão na escolha de técnicas a serem

utilizadas nos sistemas de drenagem urbana. Os critérios para a análise das alternativas

definidos pelo autor foram o objetivo, os impactos da obra e sua inserção. A partir desses

critérios foram definidos treze indicadores incorporando os aspectos hidrológicos, sanitários,

de qualidade das águas, ambientais e sociais. A análise de importância dos indicadores foi

feita por meio de pesos atribuídos aos mesmos por especialistas de diferentes setores ligados à

área de drenagem urbana. A metodologia foi aplicada a três estudos de caso e, para análise e

ordenação das alternativas foram utilizados dois métodos multicritério: o método de

Programação de Compromisso e o método ELECTRE III.

Os resultados do estudo mostraram a utilidade dos indicadores como ferramenta no auxílio à

tomada de decisão. Os indicadores de impacto na qualidade das águas e de inserção ambiental

cumpriram o seu papel pelo objetivo proposto, mas evidenciaram a dificuldade em se

encontrar estudos que dessem subsídios numéricos para a comparação de alternativas. As

variações apresentadas nos pesos não tiveram influência significativa no ordenamento das

alternativas nas primeiras e nas últimas colocações. Com relação ao método de análise

multicritério, a escolha não foi um fator essencial na ordenação das alternativas, uma vez que

não foram observadas variações entre as primeiras e últimas colocações apresentadas nos

resultados dos dois métodos.

O estudo desenvolvido por Moura (2004) agregou os indicadores propostos por Castro (2002)

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e definiu indicadores econômico-financeiros para avaliação a priori de sistemas de drenagem

urbana de modo a subsidiar o estabelecimento de um sistema multicritério de auxílio à

decisão. Os indicadores foram agregados pelo método TOPSIS (Technique for Order

Preference by Similarity to Ideal Solution) de agregação e foram denominados indicadores de

desempenho. O indicador de custos incluiu os custos de implantação, manutenção e operação

dos sistemas de drenagem. A metodologia de avaliação consistiu de uma avaliação do tipo

desempenho-custo.

Os resultados apresentados pela autora destacam as dificuldades em se obter o indicador de

custos uma vez que a utilização de técnicas compensatórias no Brasil, ainda é pequena. Para

os custos de manutenção não existem dados brasileiros, com exceção daqueles relacionados à

remoção de resíduos em bacias de detenção. Mesmo com todas as dificuldades, o indicador de

custos reflete bem os impactos dos custos na análise para a escolha de cenários com a

incorporação de técnicas compensatórias na drenagem urbana. A metodologia proposta não

permitiu a ordenação de cenários, o que permitiu ao decisor, na tomada de decisão final,

preconizar o aspecto custo ou o aspecto desempenho. Em todos os estudos de caso, os

cenários que incluíam as técnicas compensatórias foram mais bem classificados.

O estudo de Brito (2006), semelhantemente aos dois estudos anteriores, buscou uma

metodologia para a seleção de alternativas de sistemas de drenagem urbana baseada em

critérios hidráulicos, hidrológicos, econômicos, sociais entre outros. Neste estudo a autora

formulou seis critérios e dez indicadores relacionados a esses critérios para a comparação das

alternativas. Essa comparação foi feita pelo método multicritério de Programação de

Compromisso, não tendo sido adotada nessa etapa, a consulta a especialistas para

determinação dos pesos dos critérios. Segundo os indicadores propostos, os resultados após

análise, demonstraram a preferência das soluções que integravam técnicas compensatórias. Os

resultados apresentaram a hierarquização das alternativas para um estudo de caso, e no que

diz respeito à atribuição de pesos, a comparação dos resultados deste estudo com os dois

anteriores, se mostrou equivalente, evidenciando a eficiência e a robustez dos indicadores

como ferramenta no processo de tomada de decisão.

Zonensein (2007) desenvolveu um procedimento de análise capaz de quantificar o risco de

cheia e indicar soluções para alguns dos seus impactos, tomando como base um Índice de

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Risco de Cheia (IRC) com valor variando de 0 a 100. O índice proposto utilizou dois sub-

índices abordando as propriedades das inundações e as conseqüências destas por meio de sete

indicadores. O procedimento proposto consistiu de uma ferramenta de suporte à decisão para

a comparação de zonas críticas e de propostas de solução, tendo sido aplicada à bacia

hidrográfica do rio Joana – RJ. A ferramenta proposta utilizou técnicas de geoprocessamento

e os resultados se mostraram satisfatórios.

Castro (2007) propôs uma metodologia para avaliar a sustentabilidade de empreendimentos

de desenvolvimento urbano, no que tange às alterações que os mesmos provocam nos corpos

de água na sua área de influência, e a viabilidade de sua aplicação para subsidiar a decisão dos

órgãos gestores quanto à concessão da autorização. A metodologia, baseada em indicadores

agregados por análise multicritério pelos métodos TOPSIS e Electre TRI, buscou traduzir os

efeitos mais relevantes da urbanização.

A validação e consolidação da metodologia foi realizada pela análise de estudos de caso, pela

comparação com os sistemas atualmente aplicados, por consulta a especialistas, por análises

de sensibilidade e robustez, pela comparação com resultados de outros trabalhos acadêmicos e

outras metodologias para a avaliação de alternativas de projeto. Os resultados mostraram a

adequação da ferramenta desenvolvida em virtude da abrangência e facilidade na

determinação dos indicadores propostos, e a aplicabilidade do procedimento multicriterial

pelos órgãos gestores na análise e decisão quanto à autorização de empreendimentos a serem

implantados.

Cardoso (2008) e Cardoso e Baptista (2008) apresentaram um estudo cujo objetivo foi o

desenvolvimento de uma metodologia para avaliação de alternativas de intervenção em cursos

d‟água urbanos, com base em 12 indicadores integrando aspectos hidrológicos/ hidráulicos,

ambientais, sanitários e sociais. Os indicadores com escala de variação de -2 a +2 foram

aplicados a três estudos de caso na região metropolitana de Belo Horizonte-MG. A

comparação entre as alternativas foi feita mediante um índice de desempenho correspondente

à soma das pontuações obtidas por cada alternativa e seus respectivos custos. Os resultados

mostraram que a metodologia é simples de ser aplicada e se mostrou útil aos decisores na fase

inicial de projeto.

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Moura (2008) apresentou um estudo cujo objetivo foi o desenvolvimento de uma abordagem

multicritério para quantificar o desempenho de sistemas de infiltração utilizados para a gestão

das águas de escoamento urbano. A metodologia desenvolvida utilizou dois jogos de

indicadores. O primeiro com o objetivo de auxiliar na decisão sobre a escolha de estratégias

de infiltração na fase de concepção, e o segundo, para o acompanhamento de sistemas

existentes. Os indicadores utilizados em ambas as fases abordaram os aspectos técnicos,

ambientais, sanitários, econômicos e sociais. O método multicritério utilizado para a análise

de desempenho dos indicadores na fase de concepção foi o método ELECTRE III, e para a

fase de acompanhamento foi utilizado o método ELECTRE TRI. Os dois métodos aplicados

se mostraram pouco sensíveis e robustos.

O estudo apresentado por Figueiredo Júnior et al. (2008) teve como objetivo a proposição de

uma sistemática de avaliação global de empreendimentos de desenvolvimento urbano à luz de

critérios relativos a impactos sobre os sistemas de águas urbanas, baseada no método

multicriterial ANP (Analytic Network Process). Para atender a esse objetivo foi construído um

modelo de avaliação intitulado AUrb/ANP em planilha eletrônica Excel e feita a análise e

seleção de indicadores relativos a águas urbanas constantes do projeto SWITCH (Sustainable

Water management Improves Tomorrow’s Cities’ Health - Gestão Sustentável das Águas para

a Saúde das Cidades do Futuro). Foi estabelecida uma sistemática de avaliação em cinco fases

que abordam desde a caracterização do empreendimento até a análise dos resultados. A

metodologia foi aplicada ao estudo de caso do centro administrativo de Minas Gerais

apontando os pontos mais críticos do projeto e sugerindo alterações. Os resultados mostraram

que a sistemática de avaliação aplicada com o uso do modelo AUrb/ANP foi considerada

eficiente, mostrando-se viável e compreensível para uso em procedimentos correntes,

permitindo verificar a eficiência de um projeto com relação às águas urbanas e fornecendo

recomendações para sua melhoria

4.2 - MODELAGEM HIDROLÓGICA E HIDRÁULICA APLICADA

A modelagem matemática tem-se mostrado, ao longo do tempo, uma importante ferramenta

para a antecipação dos efeitos das precipitações sobre as localidades. A delimitação de áreas

sujeitas a inundação consiste na reprodução por cálculos, das cotas e da extensão de

inundações conhecidas (Dégardin e Gaide, 1999 e Garry et al., 1999). O objetivo deste tópico

é o de fornecer uma visão geral sobre os modelos aplicados à gestão de recursos hídricos

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urbanos com ênfase àqueles aplicados ao controle de inundações.

4.2.1 – Conceitos básicos

A escolha de um modelo para análise do comportamento de uma bacia hidrográfica e o

monitoramento dos impactos das modificações que ocorrem no tempo está sujeita,

principalmente, aos objetivos do estudo, à disponibilidade de informações e à familiaridade

do usuário com o modelo. De acordo com estas afirmações, vários são os modelos disponíveis

na área de recursos hídricos.

Segundo Tucci (1998), os modelos hidrológicos podem ser contínuos ou discretos conforme o

intervalo em que ocorrem as mudanças hidrológicas. Os modelos são ditos contínuos quando

os fenômenos são modelados continuamente no tempo e são ditos discretos quando as

mudanças de estado se dão em intervalos discretos. Assim como todos os demais sistemas

físicos, os sistemas hidrológicos são contínuos e normalmente são representados por modelos

discretos.

Quanto à discretização, os modelos podem ser concentrados (lumped) ou distribuídos. Os

modelos concentrados não levam em conta a variabilidade espacial, utilizam somente o tempo

como variável independente. Nesse caso toda a bacia é representada por uma precipitação

média e os processos hidrológicos por variáveis concentradas no espaço. Esses modelos são

usados, geralmente, para bacias pequenas onde a distribuição espacial dos parâmetros e das

variáveis não compromete os resultados para o estudo desejado. Nos modelos distribuídos as

variáveis e parâmetros dependem do espaço e/ou do tempo, podendo ser divididos, ainda, em

distribuídos por sub-bacias ou por módulos.

O modelo distribuído por sub-bacias permite a subdivisão da bacia em sub-bacias de acordo

com a drenagem principal da mesma. A subdivisão é feita de acordo com a disponibilidade de

dados, locais de interesse e variabilidade de parâmetros físicos. No modelo distribuído por

módulos a discretização é feita por formas geométricas tais como quadrados, retângulos, sem

relação direta com a forma da bacia, mas caracterizando internamente os componentes dos

processos. O modelo de discretização em módulos busca um detalhamento maior que o

modelo distribuído por sub-bacias. O inconveniente desse tipo de modelo é o elevado número

de módulos quando se trata de grandes bacias, o que pode dificultar o entendimento por parte

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do usuário da integração dos processos e o ajuste dos parâmetros.

Os modelos concentrados e distribuídos por sub-bacias são aplicáveis a bacias hidrográficas

médias e grandes. Nesses casos os modelos são modulados e conceituados como distribuídos,

mas trabalham de forma concentrada em cada módulo. Modelos distribuídos são utilizados

em pequenas bacias rurais, na análise do efeito de alteração do uso do solo e no entendimento

integrado de processos hidrológicos.

Quanto à conceitualização, os modelos podem ser empíricos, conceituais ou fisicamente

fundamentados. Os modelos empíricos são aqueles que ajustam os valores calculados aos

dados observados utilizando funções sem relação com os processos físicos na bacia. São

utilizados para relacionar a precipitação com a vazão.

Os modelos conceituais são aqueles em que as funções utilizadas na sua elaboração levam em

consideração os processos físicos. Usam a equação da continuidade associada a uma ou mais

equações empíricas que relacionam variáveis e parâmetros dos processos. Esses modelos

representam os efeitos de armazenamento e introduzem equações empíricas para representar

os processos dinâmicos.

Os modelos fisicamente fundamentados utilizam as equações da continuidade e a dinâmica

dos processos envolvidos na busca da integralização da descrição de todos os processos

físicos que ocorrem na bacia. Esses modelos apresentam dificuldades no que diz respeito à

variabilidade das características físicas e dos processos.

Quanto aos objetivos, os modelos simulam condições estacionárias na bacia com o objetivo

de obter um bom ajuste no hidrograma de saída. Há, ainda, os modelos que simulam

alterações e o comportamento de processos hidrológicos na bacia hidrográfica, buscando o

conhecimento distribuído de fenômenos nesta. Nos primeiros não há interesse em resultados

parciais dentro da bacia ou mesmo de outras variáveis. São aplicados na extensão de séries

para dimensionamento de reservatórios, previsão em tempo real e determinação de vazão

máxima ou hidrograma de projeto. Os últimos têm aplicações do tipo de simulações das

alterações do escoamento devido ao desmatamento, urbanização, construções de obras

hidráulicas, simulação do comportamento da bacia devido ao uso rural em conjunto com

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modelos de sedimentos e químicos na estimativa da poluição difusa.

Modelos de comportamento são utilizados para prognosticar a resposta de um sistema sujeito

a diferentes entradas ou devido a modificações nas suas características. Os modelos de

otimização são focados na busca de melhores soluções em nível de projeto de um sistema

específico.

Modelos de planejamento simulam as condições globais de um sistema maior. Envolvem uma

região ou uma bacia e buscam não somente a solução meramente hidráulica, hidrológica ou

econômica, mas englobam também a quantificação sócio-econômica e ambiental. Esses

modelos utilizam os modelos de comportamento e de otimização de diferentes áreas,

buscando disciplinar as ações e investimentos (Tucci, 1998).

4.2.2 - Modelos hidrológicos

Um modelo hidrológico busca uma representação matemática dos processos que envolvem o

ciclo da água na superfície ou subsuperfície, tendo, normalmente, como objeto de estudo, a

bacia hidrográfica. O uso de modelos pretende a antecipação de eventos e a análise do

impacto das ações do homem em relação à água na superfície. De acordo com as

características e finalidades do modelo há uma resposta para o objetivo da sua utilização.

Os modelos de transformação da precipitação podem ser de simulação de evento único (single

event) ou modelos para eventos contínuos. Os modelos de simulação de evento único são

aplicados em bacias urbanas, uma vez que os mesmos simulam o processo de transformação

de chuva em vazão e não fazem esforços especiais para levar em conta os outros componentes

do ciclo hidrológico, já que o comportamento de uma bacia hidrográfica urbana é bastante

peculiar em relação aos outros fenômenos do ciclo hidrológico em relação às bacias rurais. Os

usuários desse tipo de modelo normalmente estão interessados no pico do fluxo ou no

hidrograma total do escoamento, se o tempo ou volume do escoamento é necessário

(Viessman Jr. e Lewis, 2002).

São modelos single-event, segundo USACE (2004), o modelo HEC-HMS 3.0 (Hydrologic

Engineering Center-Hydrologic Modeling System), TR-20 e TR-55 Computer Program for

Project Hydrology, o módulo RUNOFF do modelo SWMM (Storm Water Management

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Model), MIKE 11 UHM, HYMO (Hydrological Model Computer Language) e USGS

(Rainfall-Runoff Model), além do modelo IPH II (Instituto de Pesquisas Hidráulicas) e do

modelo ABC (Universidade de São Paulo).

4.2.3 - Modelos de propagação

A propagação de um fluxo é um procedimento matemático para previsão da mudança na

magnitude, extensão e forma de uma onda de cheia em função do tempo em um ou mais

pontos ao longo de um curso d‟água.

Os métodos de propagação são classificados como hidrológicos e hidráulicos dependendo,

respectivamente, se os métodos são baseados em equações de processos empíricos ou físicos

(Viessman Jr. e Lewis, 2002). Na propagação hidrológica o fluxo é calculado como uma

função do tempo em um local ao longo do curso d‟água. Na propagação hidráulica o

escoamento é calculado em função do tempo simultaneamente em várias seções ao longo do

curso d‟água (Fread, 1992).

Métodos de propagação hidrológica (lumped) para rios desprezam os efeitos de remanso e não

tem precisão para aumento rápido dos hidrogramas propagados ao longo de rios com pouca

ou nenhuma declividade. Eles também não são precisos quando se trata do aumento súbito de

hidrogramas em reservatórios (Fread, 1992).

Na propagação hidráulica (distributed) o escoamento não-permanente em um curso d‟água é

descrito como um processo distribuído devido à vazão, velocidade e profundidade que variam

no espaço (na seção transversal ao longo do canal). A estimativa dessas propriedades no canal

pode ser obtida tomando como base as equações diferenciais completas de escoamento não-

permanente unidimensional, equações de Saint Venant. Essas equações permitem que a vazão

e o nível da água sejam calculados em função do espaço e do tempo ao invés de somente em

função do tempo como na propagação hidrológica (Fread, 1992).

4.2.4 – Modelos hidráulicos

Segundo a definição de Chow (1959) apud Tucci (1998), modelos hidráulicos são aqueles que

utilizam as equações de Saint-Venant. Formas simplificadas das equações de Saint-Venant,

equações cinemáticas e difusivas, também podem ser utilizadas para propagação de

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escoamentos distribuídos (Fread, 1992).

Os modelos de onda cinemática são modelos que utilizam uma simplificação das equações de

Saint-Venant. Esses modelos utilizam a equação da continuidade e a equação da quantidade

de movimento desprezando os termos de pressão e inércia. Devido às simplificações

introduzidas, deve ser avaliada a aplicabilidade do mesmo antes de sua utilização. Esses

modelos não retratam efeitos de jusante sobre o escoamento de montante, pois consideram o

escoamento unidirecional. Ao considerar a declividade do fundo igual à declividade da linha

de atrito na equação da quantidade de movimento, o escoamento sofre algumas

simplificações: as forças de atrito e de gravidade são preponderantes sobre os demais termos

da equação dinâmica; a relação entre a vazão e o nível é biunívoca; o modelo simula somente

efeitos de montante não podendo ser utilizado para simular o escoamento com influência de

jusante; e o amortecimento da onda simulada é devido ao armazenamento.

Se ao modelo de onda cinemática for introduzido o termo de pressão, esse modelo recebe o

nome de modelo de difusão. O modelo de difusão tem mais aplicabilidade que o de onda

cinemática, já que considera o termo de pressão. Nesse modelo, ao contrário do modelo de

onda cinemática, podem ser representados os efeitos de jusante sobre o escoamento de

montante. Esse modelo pode ser usado em rios e canais que sofrem efeitos de jusante e a

velocidade não tem gradientes significativos.

Os modelos hidrodinâmicos, por sua vez, utilizam a formulação completa das equações de

Saint-Venant. As soluções numéricas das equações diferenciais nesse modelo requerem maior

quantidade de dados que nos modelos anteriores, mas apresentam vantagens já que estes são

mais precisos que os anteriores e permitem uma melhor representação física do escoamento

(Tucci, 1998).

Esses modelos podem ser aplicados na previsão em tempo real de cheias em rios, águas de

irrigação transportadas por canais, mapas de inundação para planejamento de eventuais

barragens, ondas criadas em reservatórios por mudanças em portões e turbinas,

desmoronamento produzido por ondas em reservatórios e escoamento não-permanente em

sistemas de drenagem. O processo de escoamento em cada uma dessas aplicações varia em

três dimensões: a velocidade varia ao longo do canal (sentido longitudinal), no sentido

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transversal e ao longo da altura do canal. A partir dessas informações, os modelos

hidrodinâmicos podem ser classificados em uni, bi e tridimensionais (Fread, 1992).

Os modelos unidimensionais podem prever a extensão da cheia em uma planície de inundação

com um pequeno número de canais se a sua área for incluída na seção transversal do canal e

se possa ser definida a rede de fluxo (Moffat e Nichol, 2005).

Segundo USACE (2004) são modelos de escoamento permanente unidimensional os modelos

HEC-RAS (Engineering Center- River Analysis System) 3.1, WSPRO (Water-Surface Profile

Computation Model), FLDWY, QUICK-2, HY8. São modelos unidimensionais de

escoamento não permanente os modelos HEC-RAS 3.1, SWMM 5.0, UNET 4.0, FLDWAV e

MIKE 11 HD.

4.3 – GEOPROCESSAMENTO APLICADO AO ESTUDO DAS INUNDAÇÕES

URBANAS

Entende-se por geoprocessamento ao conjunto de atividades de aquisição, tratamento,

interpretação e análise de dados sobre a Terra. Ele é um sistema transdisciplinar apoiado por

tecnologias tais como satélites de observação da Terra, sistemas remotos aerotransportados,

técnicas de coleta e de dados pelo sistema GPS (Global Positioning System), estações totais e

medidores a laser (Timbó, 2001).

Já o termo “Sistemas de Informação Geográficas” (SIG) é aplicado para sistemas que

realizam o tratamento computacional de dados geográficos capazes de armazenar tanto

atributos descritivos quanto geometrias de diferentes tipos de dados. Ao utilizar um SIG

escolhe-se as representações computacionais mais adequadas para capturar a semântica de seu

domínio de aplicação (Câmara, 2005 e Câmara e Monteiro, 2009)

São tipos de dados utilizados em geoprocessamento de acordo com Câmara e Monteiro

(2009):

- Dados temáticos: descrevem a distribuição espacial de uma grandeza geográfica, expressa

de forma qualitativa, com dados obtidos a partir de levantamento de campo, inseridos no

sistema por digitalização ou, de forma mais automatizada, a partir da classificação de

imagens;

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- Dados cadastrais: distinguem-se dos dados temáticos uma vez que cada um de seus

elementos é um objeto geográfico que possui atributos e pode estar associado a várias

representações gráficas. Ex: lotes (elementos do espaço geográfico que possuem atributos);

- Redes: denotam informações associadas a serviços de utilidade pública tais como água,

luz, telefone, redes de drenagem (bacias hidrográficas), e rodovias;

- Modelos Numéricos do Terreno (MNT): utilizados para denotar a representação

quantitativa de uma grandeza que varia continuamente no espaço. São comumente

associados à altimetria, mas também podem ser utilizados para modelar unidades

geológicas. Um MNT pode ser definido como um modelo matemático que reproduz uma

superfície real a partir de algoritmos e de um conjunto de pontos (x, y), em um referencial

qualquer, com atributos denotados de z (cota), que descrevem a variação contínua da

superfície. São utilizados na geração de mapas topográficos, análises de corte e aterro para

projetos de estradas e barragens, na geração de mapas de declividade, entre outras. A

representação raster do MNT é chamada de MDT (Modelo Digital do Terreno);

- Imagens: são obtidas por satélites, fotografias aéreas ou "scanners" aerotransportados,

representando formas de captura indireta de informação espacial. São armazenadas como

matrizes onde cada elemento de imagem denominado "pixel", tem um valor proporcional à

energia eletromagnética refletida ou emitida pela área da superfície terrestre

correspondente.

Os dados necessários ao planejamento de bacias hidrográficas, estendendo os mesmos para

áreas de inundação, constam de dados topográficos para dar suporte aos modelos hidrológicos

e hidráulicos, dados físicos locais incluindo nessa categoria as áreas edificadas, e os limites

administrativos da área. Esses dados são desenvolvidos em uma grande variedade de

instrumentos e a resolução necessária para os mesmos dependem das finalidades do estudo e

da escala de aplicação deste. Para determinação de seções transversais de cursos de água e

delimitação de áreas inundáveis é necessária uma maior acurácia dos dados para permitir a

delimitação e as respectivas profundidades de submersão. Enquanto a escala de trabalho de

bacias hidrográfica pode ser da ordem de 1:24000, características para planícies de inundação

recomendadas utilizam escalas da ordem de 1:400. Imagens de satélite de resolução média

tais quais as imagens TM (Thematic Mapper) não são adequadas para propósito de

modelagem hidráulica (Johnson, 2008).

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A utilização de SIG é uma ferramenta importante do trabalho com a modelagem de áreas

inundáveis. A ferramenta permite a integração de vários tipos de dados, a coordenação de

vários modelos matemáticos, e fornece resultados em mapas de alta resolução como suporte

para as estratégias de gerenciamento de inundações. O traçado das superfícies inundáveis em

SIG é feito por um conjunto de operações partindo do MNT ou MDT, e das elevações de

nível da água obtidos por modelagem hidráulica. Além destas, inúmeras outras operações

podem ser executadas de modo a gerar produtos direcionados aos objetivos do estudo.

Dentre os programas existentes podem ser citados: ArcGIS (ESRI), AutoCAD e AutoCAD

Map 3D (Autodesk), Cadcorp, ERDAS IMAGINE (ERDAS, Inc), IDRISI (Clark Labs),

Intergraph, MapInfo (Bentley Systems) e o modelo de domínio público GRASS (Geographic

Resourse Analysis Support Systems).

Alguns modelos hidrológicos e hidráulicos são integrados com rotinas específicas relativas à

utilização de SIG. Dentre estes podem ser citados:

- O modelo HEC-RAS e o modelo HEC-HMS que trabalham no ambiente do programa

ArcGIS (HEC GeoHMS e HEC GeoRAS);

- FLO-2D que possui uma interface no formato shapefile;

- GIS Stream Pro que desenvolve as seções transversais para o HEC-RAS baseada no

modelo do terreno;

- O modelo hidrodinâmico Infoworks RS (ISIS) que trabalha no ambiente ArcView GIS;

- LISFLOOD-FP;

- MIKE 11, MIKE 21 e MIKE FLOOD;

- PCSWMM interface do SWMM com o ArcGIS;

- RiverCAD integração do HEC-RAS com o AutoCAD;

- TELEMAC-2D, 3D;

- TUFLOW

- TR-20 (“An Assesment”, 1974 apud Vianna, 2000) (Johnson, 2008);

De qualquer forma é consenso entre os profissionais que o melhor modelo é aquele com o

qual seu usuário tiver mais sensibilidade quanto aos parâmetros e a representatividade dos

processos em diferentes problemas.

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4.4 – ESTUDOS PARA DETERMINAÇÃO DO RISCO E DE DANOS DE

INUNDAÇÃO COM BASE EM GEOPROCESSAMENTO

Wen e Huang (2003) apresentaram um estudo cujo objetivo foi o de desenvolver uma

ferramenta de simulação de cheia em 3D (três dimensões) baseada em um Sistema de

Informação Geográfica (SIG) que pudesse ser aplicada rápida e economicamente à bacia

hidrográfica do rio Keelung – Taiwan. As entradas do modelo foram: mapas básicos (mapa

digital do terreno, mapa de planejamento urbano, mapa da rede de tráfego, mapa de

construções, etc.) e dados estatísticos e sócio-econômicos da área em questão.

O resultado foi a construção de um Mapa de Freqüência de Cheia (FFM – Flood Frequency

Map) para diferentes tempos de retorno que possibilitou a análise das probabilidades de

ocorrência de inundações e a construção das curvas profundidade-dano. Além disso, o modelo

se mostrou eficiente na identificação de edifícios e estruturas em posições críticas na zona de

inundação, auxiliou na identificação de propriedades em risco, na seleção de rotas de

evacuação e na identificação de edifícios a serem usados como abrigos.

Tomando como critério o tempo de retorno da inundação ao invés do tempo de retorno da

precipitação, König et al. (2002) apresentaram um projeto no qual pretendeu-se desenvolver

uma ferramenta operacional e de planejamento para drenagem urbana preventiva com

otimização de custos. O projeto de pesquisa envolveu a simulação hidrodinâmica de sistemas

de drenagem urbana sobrecarregados. Os danos potenciais esperados foram baseados nos

níveis da água sobre a superfície e em parâmetros de inundação, tais como velocidade e

duração da cheia. A base do modelo foi o levantamento estatístico sobre eventos históricos de

inundações e seus danos correspondentes.

A metodologia foi aplicada às cidades de Trondhein e Baerum, na Noruega, para as quais foi

feita a calibração do modelo com as cheias históricas. Posteriormente foi feita a simulação do

sistema de drenagem com eventos históricos de precipitação e a determinação dos danos

correspondentes em função dos parâmetros hidráulicos da inundação. A combinação com o

intervalo de retorno da cheia determinou os custos dos danos anuais. De posse desses

resultados, o sistema de drenagem pode ser modificado e os mesmos eventos serem re-

simulados tendo como resultado novos custos.

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O estudo apresentado por Sande et al. (2003) teve como objetivos investigar a utilidade de

imagens de satélite de alta resolução espacial IKONOS-2 e de algoritmos de segmentação

para produzir um mapa detalhado da cobertura do solo para avaliação dos danos das

inundações e obtenção de mapas detalhados para a estimativa dos coeficientes de rugosidade

de Manning utilizados em modelos de simulação de cheias. Para tanto, utilizou-se uma

imagem de satélite de alta resolução IKONOS-2 com um metro de resolução na banda

pancromática e quatro metros de resolução multi-espectrais para produzir um mapa de

cobertura do solo.

A metodologia foi aplicada a uma região ao sul da Holanda em torno das vilas de Itteren e

Borgharen, com área aproximada de 10km2. A imagem foi primeiramente dividida em

segmentos e a cobertura do solo classificada pelo uso de informações contextuais, espaciais e

espectrais com uma acurácia total da classificação de 74%. O mapa derivado da classificação

da imagem foi, então, utilizado como dado de entrada do modelo de simulação LISFLOOD-

FP para obtenção do coeficiente de rugosidade de Manning das áreas inundadas. De posse do

mapa de cobertura do solo, da estimativa da profundidade da água resultante do modelo

LISFLOOD-FP, foi produzido um mapa de danos às propriedades, bastante útil aos tomadores

de decisão e às companhias de seguro.

Salgado (1995) desenvolveu um modelo para a avaliação econômica de projetos de drenagem

e controle de inundações utilizando medidas de controle do tipo estrutural e não-estrutural

para bacias hidrográficas urbanas com indicação dos projetos eficientes de acordo com

critérios técnicos e econômicos. O modelo proposto foi aplicado à bacia do Vale do Jacatirão

no município de Duque de Caxias – RJ e utiliza um sistema de malha quadrada que permite o

gerenciamento de informações espacialmente variadas de forma compacta, associado ao

modelo HEC-2 (Hydrologic Engineering Center) para a simulação do escoamento em canais

e galerias. Os dados de uso do solo foram obtidos tomando como base as análises dos

mosaicos de imagens Landsat TM, informações de campo e fotografias aéreas.

Os resultados obtidos foram o resumo dos prejuízos para a área inundada associadas a

diferentes freqüências, o valor esperado do prejuízo anual para a condição existente, o

benefício anual do projeto, o fluxo dos custos do projeto, o valor presente dos benefícios e dos

custos de projeto e a viabilidade econômica do projeto.

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Vianna (2000) apresentou um estudo cujo objetivo foi a aplicação de uma metodologia para

determinação de áreas sujeitas à inundação pela combinação de modelagens hidrológica e

hidráulica e de um sistema de informação geográfica (SIG). O estudo, aplicado à cidade de

Itajubá- MG, utilizou o modelo HEC-HMS para a simulação hidrológica e o modelo HEC-

RAS para propagação da cheia.

O modelo HEC-RAS reproduziu de forma satisfatória as características dos eventos utilizados

apresentando-se como uma poderosa ferramenta em estudos referentes à determinação de

planícies de inundação. A delimitação das áreas inundáveis foi feita pelo programa

SIG/IDRISI no qual procedeu-se a digitalização dos mapas incluindo as curvas de nível em

escala 1:5000.

A metodologia mostrou-se eficiente na determinação de planícies de inundação em área

urbana tendo evidenciado a dificuldade na obtenção de dados de campo e a necessidade de

acompanhamento dos levantamentos de campo.

Dutta et al. (2001) apresentaram um estudo no qual foi descrito um modelo desenvolvido pelo

Delft Hydraulic Institute, com o objetivo de avaliar o risco de cheia integrando ferramentas de

SIG com um modelo hidráulico unidimensional. Para uma série de vazões, o modelo calcula a

profundidade da inundação e os danos em tempo real em função da profundidade.

O modelo, aplicado à bacia do rio Ichinomiya, Japão, utilizou uma malha de dados de

elevação de 50m para a obtenção do modelo digital do terreno (MDT). A partir de dados de

satélite SPOT com 20m de resolução foram obtidas seis grandes classes de cobertura do solo.

Os usos residenciais e a distribuição espacial de indústrias da área de estudo foram obtidos a

partir de dados do satélite LANDSAT e os dados de tráfego da área foram coletados junto ao

Traffic Census Report preparado pelo Ministério dos Transportes local.

Os resultados foram mapas de inundação com profundidade e contorno da área de inundação

bastante próximos dos contornos reais. O modelo apresentou comportamento satisfatório

quanto à simulação dos parâmetros de inundação e na estimativa dos danos em área urbana.

Os autores citam, ainda, dois outros modelos que usam dados de cheias passadas para

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estimativa de danos. São eles os modelos FDA (Integrated Package for Flood Damage

Analysis) e ANUFLOOD desenvolvido pelo Center for Resource and Environmental Studies

(CRES), Australian National University. O primeiro utiliza o método da freqüência para o

cálculo do dano anual esperado e considera apenas os danos urbanos tais como danos a

edificações residenciais e não-residenciais. O segundo avalia os danos por meio das funções

stage-damage para propriedades residenciais e comerciais. Os autores salientam que nenhum

dos dois modelos pode ser utilizado para estimativa de danos em tempo real.

Lima (2003) desenvolveu um estudo com o objetivo de avaliar os impactos das inundações

sobre uma região sinistrada utilizando o método Inundabilidade (Inondabilité) para a análise

do risco, e os benefícios da adoção de medidas não-estruturais, previsão e alerta de

inundações e flood-proofing, sobre os danos decorrentes de inundações. O método

Inondabilité permitiu avaliar a vulnerabilidade e a aleatoriedade convertendo essas variáveis

em uma mesma unidade de medida: o período de retorno.

A metodologia foi aplicada aos municípios de Itajubá e Santa Rita de Sapucaí – MG. O

mapeamento das áreas inundáveis para os períodos de retorno de 2, 10 e 100 anos foi feito

utilizando o programa SIG/IDRISI conjugado com os modelos HEC-HMS e HEC-RAS. A

partir desses modelos foram construídos os mapas de inundação para os períodos de retorno

citados e mapas com identificação das alturas de submersão para os mesmos períodos de

retorno, espaçadas a cada 50cm de profundidade até a altura máxima de submersão de 5,0

metros.

Para a composição dos custos dos danos foram feitas entrevistas na região em estudo em

propriedades residenciais, comerciais, industriais e de serviço, tendo definidos os intervalos

de classes a partir do Critério Brasil (ABIPEME, 2003 apud Lima, 2003). A partir das

informações coletadas procedeu-se a construção das curvas DPS (danos por profundidade de

submersão) e a análise dos danos após a utilização das medidas de controle citadas. Os

resultados apresentados pelo autor mostraram as regiões de risco de inundação inaceitável

definidas após a análise dos mapas de antes e depois da insersão das medidas de controle

assim como a eficiência destas na redução dos danos, e a utilidade do método Inondabilité na

simplificação da análise do risco.

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Machado et al. (2004) e Machado (2005) apresentaram e discutiram os resultados do

desenvolvimento de uma metodologia para determinação de curvas de danos de inundação

traduzidos em valores monetários, em função da profundidade de submersão. Em seu estudo

assumiram que os benefícios do controle de inundação são iguais aos prejuízos evitados.

Para o setor habitacional foram considerados a qualidade da construção, área construída, o

estado de conservação da construção e o conteúdo da mesma (tipo, qualidade e idade). O

indicador de poder aquisitivo adotado foi o Critério Brasil (2003) e os custos de reparação na

forma de orçamento de reforma tomaram como base a NBR 71721.

A metodologia foi aplicada à cidade de Itajubá e utilizou os dados da cheia de janeiro de

2000. No ano de 2002 foram aplicados 469 questionários no setor habitacional e cerca de 200

nos setores de comércio, serviços e indústria. As análises da distribuição de área construída e

de qualidade da construção por classe social evidenciaram a correlação entre essas variáveis,

validando as hipóteses básicas do trabalho.

Com base nos resultados encontrados procedeu-se à construção das curvas DPS (danos por

submersão) com os valores dos danos expressos em reais por área construída da habitação em

m2, tendo sido, então, construídas curvas para cada classe social.

O estudo apresentado por Garcia e Paiva (2005) teve o objetivo de avaliar o impacto da

urbanização nos eventos de cheia e no aumento das inundações nas áreas de risco na bacia

urbana do Arroio Canela, município de Santa Maria – RS. Foi gerado um modelo numérico

do terreno por meio da digitalização de cartas topográficas na escala 1:2000 no programa

ArcView versão 3.1 e a porcentagem de área impermeável da bacia foi obtida pela

determinação do uso do solo, utilizando para tanto uma imagem Ikonos de 2004.

Foram analisados quatro cenários de ocupação: o cenário atual e três cenários de ocupação

futura baseados nos dados obtidos pelo zoneamento contido no plano Diretor vigente de Santa

Maria, no Projeto de Lei do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental e na

condição máxima de ocupação a partir de dados de uma região da bacia com elevado grau de

impermeabilização. Em todos os cenários, ruas e calçadas públicas foram consideradas 100%

impermeabilizadas.

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As simulações foram feitas utilizando o modelo SWMM para determinação do escoamento

superficial e propagação da cheia no canal. Os resultados mostraram que para os cenários

futuros analisados, o aumento nas vazões de pico e os volumes escoados foram da ordem de

21 a 60% em relação ao cenário atual e evidenciou a aplicabilidade do modelo SWMM como

ferramenta no planejamento e gerenciamento da drenagem urbana.

Sands et al. (2002) apresentaram os resultados de um estudo no qual foi feita a análise do

sistema de drenagem implantado no South Bronx – Nova York, a fim de determinar as causas

da inundação ocorrida em 26 de julho de 1999 naquela localidade e apontar soluções para a

prevenção de futuras inundações. Na análise foi utilizado o modelo SWMM e sua interface

gráfica (PCSWMM) para a simulação de 201 condutos em diferentes cenários para identificar

os pontos frágeis do sistema e avaliar o desempenho das soluções propostas. Os resultados

das simulações permitiram a identificação de áreas críticas da rede de drenagem e o

diagnóstico dos problemas do sistema, além de apontar as soluções para os mesmos.

Holder et al. (2002) desenvolveram e calibraram um modelo que utilizou os dados do radar

NEXRAD e SIG, o módulo EXTRAN do modelo SWMM e o modelo HEC-HMS com o

intuito de compreender as questões de drenagem e a ocorrência de inundações na bacia

hidrográfica de Harris Gully no Texas. Foi criado um modelo para avaliar a rede de tubos, o

escoamento na superfície e a rede de armazenamento. A transformação da chuva em vazão foi

feita pelo modelo HEC-HMS cujos hidrogramas de saída foram os dados de entrada do

modelo SWMM. O SIG forneceu a estrutura para a interligação entre os modelos e o modelo

SWMM apresentou um resultado satisfatório na determinação dos níveis d‟água em sistemas

urbanos.

Myers et al. (2004) apresentaram os resultados de um estudo com o objetivo de simular os

efeitos hidrológicos e hidráulicos de BMPs distribuídas por um complexo de bacias

hidrográficas e sistemas separadores e combinados de saneamento. O estudo foi aplicado na

bacia hidrográfica de Crobbs Creek – Pensilvânia, tendo sido utilizado o modelo SWMM para

avaliar as características operacionais e os benefícios de BMPs estruturais no Southeastern

Pennsylvania Waterways Restoration Program (SPWRP).

As BMPs analisadas foram: redução do pavimento, poços de infiltração ao longo do sistema

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de drenagem, poços de infiltração residenciais, bacias de infiltração, reservatórios individuais,

bacias de detenção e retenção, filtros em meio poroso, pavimentos permeáveis, telhados

armazenadores, bacias de decantação, wetlands e controle em tempo real. Os resultados

mostraram a aplicabilidade da modelagem à análise de BMPs em bacias urbanas e a

adequação do modelo SWMM para a simulação de sistemas complexos como o da região

utilizada neste estudo.

4.5 – CONSIDERAÇÕES PARCIAIS

O presente capítulo teve como objetivo identificar as técnicas utilizadas para a tomada de

decisão sobre a adoção de medidas para o controle de inundações assim como as técnicas

utilizadas para análise dos impactos destes eventos.

De maneira mais direcionada foi feita uma descrição detalhada das potencialidades de

indicadores como ferramenta para a realização da análise de desempenho de alternativas de

controle de inundações, enfatizando o uso de indicadores para essa função e evidenciando as

suas possibilidades no tratamento do tema em questão. Além da análise da ferramenta, foi

feito um apanhado do uso de indicadores de diferentes tipos em diversas situações, e os

estudos desenvolvidos em nível nacional direcionados à drenagem urbana e o controle de

inundações.

A elaboração desse tópico da tese permitiu identificar as metodologias passíveis de serem

utilizadas na tomada de decisão sobre a adoção de alternativas de controle de inundações

urbanas adequadas aos objetivos do estudo e da resposta prevista para esses objetivos, assim

como embasar a formulação dos indicadores a serem utilizados na tese. Além disso, foi

possível identificar dentre os modelos disponíveis, aqueles integrados com modelos de

geoprocessamento.

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5.0 – AVALIAÇÃO DE DANOS DIRETOS À INFRAESTRUTURA

URBANA

A infraestrutura urbana composta pelos sistemas que atendem a população no seu cotidiano

também é afetada pelas inundações. Assim como os demais setores já apresentados no

Capitulo 3, a infraestrutura urbana apresenta danos diretos e indiretos.

Os sistemas que compõem a infraestrutura urbana tratados neste estudo são os sistemas: de

abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, drenagem de águas pluviais urbanas,

distribuição de energia elétrica, telefonia, viário e resíduos sólidos. Falhas nesses sistemas

ocasionam prejuízos que comprometem o cotidiano da população e a saúde da mesma.

Pouco utilizados na avaliação de propostas para a solução de problemas relacionados às

inundações, parte-se da premissa que esses sistemas são responsáveis por uma parcela

considerável dos danos decorrentes desses eventos. A inexistência da memória dos danos de

inundações passadas dificulta a inserção desses aspectos na busca de soluções para o

problema. Assim, o presente capítulo tem como objetivo estabelecer uma sistemática para

avaliação dos danos relativos a esses setores que se realizou, primeiramente, com uma

pesquisa bibliográfica sobre o assunto, sendo seguida da realização de entrevistas junto às

concessionárias responsáveis por cada sistema, órgãos públicos responsáveis pela recuperação

dos danos e socorro às vítimas em diferentes municípios brasileiros conforme descrito ao

longo deste capítulo.

5.1 - DANOS À INFRAESTRUTURA URBANA

Os danos à infraestrutura urbana compreendem os prejuízos diretos ou indiretos relativos às

perdas decorrentes da interrupção de serviços e demais inconvenientes ligados ao

funcionamento geral de uma região. Normalmente, esses danos são calculados tomando como

base os danos diretos aos demais setores. Sendo assim, Penning-Rowsell e Chatterton (1977)

estimam que 5% dos custos dos danos diretos correspondem aos valores destinados aos

serviços emergenciais e 2% seriam destinados aos serviços de utilidade pública. Os custos

estimados para a remediação dos danos e para os serviços públicos de saúde, durante e após

as inundações, são estimados em 6% do valor total, assim como a interrupção das vias de

acesso rodoviário. Não houve relatos da proporção dos danos aos demais setores envolvidos,

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fazendo com que fosse proposta uma sistemática de avaliação dos danos diretos aos setores já

mencionados (danos diretos ao sistema viário) para comprovação dos mesmos, e também aos

setores que não encontram-se descritos na literatura consultada (conjunto de infraestrutura e

instalações operacionais de saneamento básico e distribuição de energia elétrica).

Os danos diretos previstos para esses sistemas são aqueles ocasionados pelo contato direto da

água com a parte física dos respectivos sistemas. Os danos indiretos relacionados aos mesmos

são os danos das perdas por ocasião da interrupção destes serviços, o que vem ocasionar

perdas monetárias aos usuários, os custos de reposição de mercadorias e atrasos de serviços,

entre outros. Nesse tópico, far-se-á uma revisão dos danos diretos e indiretos na infraestrutura

urbana por ocasião das enchentes, assim como serão fornecidas indicações de procedimentos

para sua avaliação. As informações contidas no tópico foram baseadas, essencialmente, nos

estudos de Penning-Rowsell e Chatterton (1997) e Parker et al. (1987) complementadas por

entrevistas a diferentes setores responsáveis pelo funcionamento de sistemas públicos.

5.1.1 - Danos ao sistema viário

Os prejuízos diretos ao sistema de transporte rodoviário são aqueles referentes à limpeza das

vias, reparação dos pavimentos e semáforos. Além desses, os custos marginais por

interrupção ao tráfego nas vias e os custos de atrasos devem ser considerados como danos

indiretos.

Os custos dos prejuízos diretos podem ter valor substancial para cheias de maior magnitude,

muito embora não haja uma padronização para sua determinação. Os custos de atrasos e

desvios são determinados levando em consideração o gasto adicional de combustível e a

depreciação de veículos em função da lentidão do tráfego pela tomada de rotas alternativas e

pelos custos do tempo extra de viagem. Esses custos são calculados tomando como base

coeficientes relacionados ao tipo de veículo (pequeno para transporte de passageiros,

transporte de mercadorias, transporte de pessoas), e à velocidade média dos mesmos. Os

custos de atrasos são calculado a partir de estimativas do tempo extra gasto para efetuar o

percurso, tomando como base as informações dos departamentos de transportes.

As técnicas para a determinação dos elementos citados no parágrafo anterior dependem da

determinação do fluxo de veículos nas principais vias de acesso, da sugestão de rotas de

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acesso alternativas e da disponibilidade de desvios. Caso na localidade, as informações a

respeito do fluxo de veículos não esteja disponível, verifica-se a existência de um banco de

dados nacional que forneça as informações necessárias.

Normalmente o transporte ferroviário é o último a ser afetado por ocasião das inundações. De

maneira geral os danos à rede ferroviária são relativamente pequenos. Os danos e seus

respectivos custos podem incluir, além dos danos à via férrea propriamente dita, os custos de

limpeza e retirada de sedimentos depositados na pista, e o reparo dos sistemas elétricos da

sinalização.

A movimentação normal do tráfego nas ferrovias cessa quando a água atinge um nível 50mm

abaixo da superfície superior do trilho. Até a superfície da água alcançar 100mm acima da

superfície superior do trilho, somente movimentação emergencial é permitida, e se o nível da

água superar a 100mm, nenhuma movimentação é permitida.

Os custos relativos a desvios, atrasos e transportes alternativos, em certos casos, são

calculados em conjunto para as inundações, os deslizamentos e os descarrilamentos. Os custos

dos danos serão, então, proporcionalmente mais significativos em relação ao tempo gasto no

reparo do que em relação ao dano físico à linha propriamente dita.

Os custos dos danos são inteiramente dependentes das circunstâncias e podem diferir

largamente de ocasião para ocasião. Os custos podem incluir os serviços, modos e rotas de

transporte alternativo, para a tripulação e usuários, os custos dos atrasos nas mercadorias e

perda de renda dos passageiros.

5.1.3 - Danos a veículos rodoviários

Para avaliação dos danos aos veículos rodoviários, estes são classificados conforme seu preço

e faixas de tamanho (porte do veículo). São determinadas profundidades de água críticas, pois

o nível de reparo necessário é dependente da altura da água na inundação. Os reparos vão

desde a verificação de freios e discos, drenagem de água retida nos sistemas, limpeza de

carpetes e troca de tapetes até reparo e troca de componentes elétricos e eletrônicos dos

veículos.

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5.1.4 - Danos aos serviços de telecomunicações

Os danos ao sistema de telecomunicações decorrentes das inundações incluem os danos com

reparo e troca de aparelhos domésticos e de cabos e equipamentos das subestações.

Os danos aos equipamentos e estações de telefone assim como à construção das mesmas, são

dependentes da altura de submergência à qual os mesmos são expostos. Alturas de

submergência entre 0,25 e 0,35m podem afetar alguns componentes da estação. Se por outro

lado a altura da água alcançar 2m, provavelmente uma nova estação deverá ser construída.

Com relação aos danos aos cabos e pontos de conexão (cabines e colunas), desde a metade

dos anos 60, os cabos utilizados para cabines de distribuição primária, têm sido pressurizados.

Os maiores danos ocorrem antes da pressurização dos mesmos. Excetuando-se durante

inundações extremas, que podem ocasionar quebras, sugere-se que os mesmos devam estar

totalmente protegidos.

Inundações severas podem acarretar a troca prematura de cabos e a velocidade da água pode

causar danos mecânicos aos mesmos. O reparo aos cabos danificados tem um alto custo e

requerem um trabalho intenso, mas não requerem sua troca.

Quando o nível da água se eleva acima do nível da rua, os equipamentos alojados ao nível do

solo, cabines e suportes, estão em risco. Os danos dependerão da severidade da cheia, pois a

água a até 0,30m acima da base da cabine poderá não afetar de forma significativa a mesma.

Com relação aos aparelhos de telefone, em caso de submergência, os mesmos deverão ser

trocados e os custos variarão de acordo com o aparelho.

5.1.5 – Danos ao fornecimento e distribuição de energia elétrica

Não é prática corrente a instalação de subestações de eletricidade nas adjacências dos rios e

córregos, em virtude das limitações impostas pela área em relação às características técnicas

necessárias à instalação das mesmas.

Há três tipos principais de subestações: primária, secundária e pólos transformadores. Para

todos os tipos de subestações, os danos decorrentes das inundações dependem da altura

alcançada pela água. Cada subestação primária supre aproximadamente 50 subestações

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secundárias e 30 transformadores. As subestações secundárias típicas transformam a voltagem

de 11kV para 240V, e consistem de um transformador e de equipamentos de controle de baixa

voltagem. Os custos de reparo das subestações secundárias variam de acordo com o número

de disjuntores de circuitos de alta e baixa voltagem, do número e tamanho de transformadores

e fusíveis.

Uma profundidade de 0,60m de inundação pode ser suficiente para ocasionar algum dano à

subestação e conseqüente falha no abastecimento. A unidade de distribuição de baixa

voltagem pode trabalhar submersa, mas uma unidade de distribuição de alta voltagem que é

resistente às intempéries, a uma profundidade de 0,90m, provavelmente será danificada. Se a

mesma for totalmente submersa, será bastante provável a necessidade de substituição.

As unidades transformadoras são protegidas até a sua completa submersão. A partir de então,

o óleo dentro dela será contaminado com a água e causará alta tensão, centelhas e danos

irreparáveis levando à sua substituição.

As caixas de ligação e cabos enterrados, geralmente, sofrerão apenas ligeiros danos, desde

que sejam preparados para funcionar quando alagados. A parte mais vulnerável do sistema

são as terminações dos cabos de baixa voltagem.

Os danos decorrentes das inundações no sistema de energia elétrica podem afetar, também, os

medidores domésticos e os equipamentos de serviço. Os medidores devem ser substituídos

após serem inundados.

A maior parte das subestações retorna à atividade num período de 24 horas, período no qual

os consumidores permanecem sem atendimento.

5.1.6 – Danos ao sistema de abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto

Alguns componentes dos sistemas de abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto

estão sujeitos a danos por ocasião das inundações. A rede de distribuição (condutos) e os

dispositivos de armazenamento de água normalmente não são afetados pela inundação, e a

chance de invasão das águas pluviais nos hidrantes é pequena. No entanto, as estações de

bombeamento e tratamento, tanto de água quanto de esgoto, são muito susceptíveis a danos.

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Se houver ruptura do sistema durante eventos de maior magnitude, é difícil localizar a posição

do dano, sendo assim, em caso de necessidade de reparos, o tempo e o custo poderão ser altos,

além do risco existente de contaminação da água na rede.

Os equipamentos de telemetria para o monitoramento do nível dos reservatórios são

normalmente protegidos, mas podem ocorrer danos aos cabos dos equipamentos. Efeitos de

longo prazo podem ocorrer pela repetição de eventos de inundação em estações elevatórias e

de bombeamento.

Os custos dos reparos por ocasião das inundações não constam, normalmente, de um item

separado. Eles são incluídos nos custos de reparo gerais.

Se a rede de coleta e transporte de esgoto for do tipo separadora, há a possibilidade de

contaminação das águas pluviais por efluentes de esgoto. Além desses, a rede coletora de

águas pluviais pode sofrer rupturas e, quando dimensionada para trabalhar como conduto

livre, pode tornar-se pressurizada em função do excesso de água introduzido na rede na

ocorrência de inundação.

5.1.7 – Operações necessárias ao restabelecimento das condições regulares

As operações para o restabelecimento das condições normais do município após um evento de

inundação dizem respeito às questões ligadas à limpeza urbana e ao manejo dos resíduos

sólidos. Para se obter o custo de limpeza dos logradouros da área inundada, é necessário que

sejam feitas consultas aos serviços municipais de limpeza urbana que, geralmente, dispõem de

informações relacionadas à quantidade de detritos removidos e sobre os recursos humanos,

materiais e financeiros envolvidos na operação.

O procedimento deve envolver:

- O estabelecimento de relações entre detritos removidos em peso, nível da água e a área

inundada;

- A determinação de índices de custo médio de limpeza após as inundações, por tonelada de

detritos removidos; e

- A elaboração de uma análise quanto à gênese dos depósitos de detritos a fim de avaliar a

influência do projeto de drenagem e controle de inundação nos volumes a serem removidos

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por bacia (Salgado, 1995).

5.1.8 – Análise da susceptibilidade física dos sistemas

Para se ter uma idéia das partes de cada sistema que são mais afetados na ocorrência de

inundações, foi feito um levantamento da susceptibilidade física apresentado por cada

sistema. Os resultados encontram-se descritos no texto a seguir.

5.1.8.1 – Distribuição de energia elétrica

Para o sistema de distribuição de energia elétrica, de maneira geral, a susceptibilidade física é

baixa tal qual apresentado na Tabela 5.1.

Tabela 5.1 – Susceptibilidade física das redes de distribuição de energia elétrica

(adaptado de Parker et al., 1987)

Elemento Susceptibilidade Física

Estações de Força Geralmente baixa

Salas de controle Não conhecida

Estação de distribuição de 132kv Baixa

Estação de rebaixamento de 132/33kv Variável pelo tipo de

equipamento Estação de rebaixamento de 33/11kv

Estação de rebaixamento de 11kv/240

volts Baixa

Caixas de ligação Baixa

Linha de 132kv Nula

Linha de 33kv Muito baixa

Linha de 11kv Muito baixa

Linha de 240/415 volts Baixa

Os principais pontos de vulnerabilidade dos sistemas de fornecimento e distribuição de

energia elétrica são as estações de alta voltagem, em particular aquelas entre o painel principal

de 132kV e as linhas de distribuição de 11kV. Além disso, os custos dos danos podem

aumentar se estações utilizadas normalmente, apenas para suprir a demanda de pico, forem

utilizadas de modo contínuo, na tentativa de suprir a ruptura de fornecimento da rede original,

uma vez que esses elementos possuem uma baixa eficiência.

O tipo de equipamento instalado em uma estação ou subestação influencia no volume dos

danos. Estações de alta voltagem são, particularmente, susceptíveis aos danos físicos da água

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se no momento da inundação as mesmas estivem energizadas (em funcionamento).

Subestações secundárias (11kv/415 ou 240volts) podem continuar operando quando imersas a

até 600mm de água. Caixas de conexão subterrâneas, geralmente, são à prova d‟água, mas

pode-se prever uma falha de aproximadamente 5% das mesmas. Os quadros de distribuição

situados nos edifícios são as ligações de fornecimento de eletricidade mais susceptíveis, pois

na ocorrência de inundações, podem ocorrer centelhas e o conseqüente risco de incêndio.

Fora da área de inundação, em áreas urbanas, poucos são os consumidores que terão seu

fornecimento de energia interrompido em virtude desta.

5.1.8.2 – Abastecimento de água potável

Algumas partes do sistema de abastecimento de água potável são vulneráveis à inundação,

podendo causar interrupção ao abastecimento. As estações de bombeamento são instaladas,

necessariamente, nas partes baixas da bacia para facilitar a captação de água de rios, arroios e

lagos. Dessa forma, essas instalações tornam-se os pontos de maior fragilidade do sistema,

não apenas pela possibilidade do corte de fornecimento de energia elétrica, mas também, em

virtude do número de pontos de captação instalados (geralmente um).

A probabilidade que a tubulação de distribuição de água venha ser afetada é pequena, a menos

que outros elementos, tais como pontes e outras estruturas, sejam avariadas, o que aumentará

a susceptibilidade aos danos. A susceptibilidade física aos danos no sistema de tratamento

está nas bombas e acionadores elétricos. A Tabela 5.2 apresenta os níveis de vulnerabilidade

apresentados pelo sistema de abastecimento e distribuição de água às comunidades atingidas

por enchentes.

Tabela 5.2 – Susceptibilidade física dos sistemas de abastecimento de água

(adaptado de Parker et al., 1987)

Parte do sistema Susceptibilidade física

Estações de tratamento Média

Dispositivos de armazenamento Baixa

Estações de bombeamento Alta

Condutos Baixa

5.1.8.3 – Esgotamento sanitário

Assim como as estações de bombeamento do sistema de abastecimento de água, as estações

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de bombeamento de esgoto, também são instaladas nas partes baixas da bacia. Isso faz com

que as bombas e demais componentes elétricos do sistema sejam vulneráveis às enchentes. A

conseqüência de uma falha nesse sistema corresponde à perda temporária do tratamento, o

que vem reduzir o padrão de lançamento dos resíduos nos corpos d‟água e conseqüências

adversas ao meio ambiente.

A Tabela 5.3 apresenta a susceptibilidade física característica do sistema de coleta e

tratamento de esgotos à ocorrência de inundações.

Tabela 5.3 - Susceptibilidade física das redes de saneamento

(adaptado de Parker et al., 1987)

Parte do sistema Susceptibilidade física

Estações de tratamento Alta

Estações de bombeamento Alta

Condutos Baixa

5.1.8.4- Rede de telecomunicações

De todos os sistemas de atendimento à comunidade, este é o sistema que se apresenta mais

frágil no que diz respeito à interrupção de fornecimento por ocasião das enchentes. Esse

sistema é puramente hierárquico, com pequena redundância, o que resulta em pequena

transferibilidade. Isso faz com que a susceptibilidade das instalações aos danos de cheia seja

alta, uma vez que as instalações (salas de força) são localizadas no nível térreo ou subsolo.

Diante da ocorrência de inundações, há a necessidade de verificação das ligações entre os

cabos e nos pontos de conexão primários (cabines). Dependendo do modelo das cabines,

podem ser necessários desde pequenos reparos até a completa substituição das mesmas.

A vulnerabilidade, no caso das telecomunicações, inclui, também, o intervalo de tempo

necessário para o completo restabelecimento do serviço. Não existem dados sobre perdas dos

consumidores por ocasião da interrupção das comunicações. A Tabela 5.4 apresenta os níveis

de vulnerabilidade das redes de telecomunicações à interrupção por ocasião das inundações.

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Tabela 5.4 – Características da vulnerabilidade das redes de telecomunicações

(adaptado de Parker et al., 1987)

Parte do sistema Susceptibilidade física

Troca do STD Muito alta

Troca da central telefônica Muito alta

Ponto de conexão primário (cabines) Baixa

Ponto de conexão secundário (suportes) Baixa

Cabos principais* Baixa

Conexões do consumidor* Média

* telex, linhas privadas/ STD = Subscritores troncos de discagem

5.2 – LEVANTAMENTO DE DADOS PARA A AVALIAÇÃO DE DANOS À

INFRAESTRUTURA URBANA

A sistemática de avaliação de danos proposta no presente capítulo é o resultado da conjugação

de um conjunto de entrevistas com a revisão bibliográfica apresentada no item anterior. Essa

proposição parte da premissa que os danos à infraestrutura urbana são significativos e que é

adequada a sua inclusão na análise financeira relativa à escolha de alternativas de controle de

inundações urbanas, mesmo que a literatura internacional estime valores inferiores a 10% para

os mesmos.

Numa primeira tentativa buscou-se os registros de dados referentes aos danos em empresas e

prefeituras municipais de diferentes municípios de diferentes estados, de maneira a

possibilitar a implementação de uma base de dados para a avaliação de danos diretos aos

setores que atendem a população em área urbana. A realidade mostrou que essa metodologia

não poderia ser executada uma vez que nos municípios contatados não havia disponibilidade

de arquivos dos prejuízos contabilizados nem por parte das concessionárias de serviços

públicos nem por parte das prefeituras. Assim, para a aquisição de informações referentes aos

danos procedeu-se uma nova abordagem composta por entrevistas ao pessoal técnico e de

manutenção das concessionárias de serviços públicos, órgãos de prefeituras municipais e

órgãos da Defesa Civil.

O processo de levantamento de dados para a formulação da sistemática foi iniciado em janeiro

de 2007 e foi finalizado em maio de 2009, aproximadamente dois anos e quatro meses

contados a partir do início dessa etapa até o final do levantamento de dados. A primeira fase

do levantamento de dados consistiu da identificação dos setores e os respectivos responsáveis

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pelas informações nas concessionárias e nos órgão das prefeituras e Defesa Civil. Era

estabelecido um contato telefônico e posterior visita ao local e o agendamento das entrevistas.

Ao todo foram contactadas em torno de 60 (sessenta) pessoas entre gerentes e técnicos das

concessionárias, e responsáveis pelas informações nas administrações locais.

Para a execução das entrevistas foi limitada a consulta aos municípios de Belo Horizonte,

Contagem, Itajubá, Santa Rita do Sapucaí e Pouso Alegre, todos no estado de Minas Gerais.

A escolha foi feita em função de facilidades de contato com os responsáveis pelos diferentes

sistemas e pela existência de estudos já desenvolvidos para municípios do sul do estado.

Foram entrevistados responsáveis e técnicos da CEMIG (Companhia Energética de Minas

Gerais) e da COPASA (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) de Belo Horizonte,

Itajubá, Santa Rita do Sapucaí e Pouso Alegre; a Defesa Civil do estado de Minas Gerais e

dos municípios de Itajubá e Santa Rita do Sapucaí; a SUDECAP (Superintendência de

Desenvolvimento da Capital) em Belo Horizonte; a prefeitura de Itajubá; o responsável pela

Secretaria de Planejamento de Santa Rita do Sapucaí durante a inundação de 2000 e

representante atual da mesma secretaria em Pouso Alegre, a prefeitura de Contagem, técnicos

e prestadores de serviço da TELEMAR e EMBRATEL e prestadores de serviço na rede de

drenagem de Belo Horizonte.

O levantamento efetuado assim como os relatos que de alguma forma elucidam o problema

das inundações nos municípios visitados encontram-se no texto a seguir. Segundo a memória

dos entrevistados, encontram-se listados os danos observados na época de cada enchente e as

medidas corretivas e preventivas adotadas em função das respectivas experiências.

5.2.1 - Levantamento efetuado em Belo Horizonte e região metropolitana

Nas entrevistas feitas em Belo Horizonte, o único dano observado que pode ser atribuído

unicamente à ocorrência de inundações na zona urbana são colapsos no sistema coletor de

águas pluviais (boca de lobo e poço de poços de visita) da região metropolitana. O lixo

acumulado após cada um desses eventos também é um agravante e deve ser retirado de modo

a não comprometer o funcionamento do sistema.

Segundo os entrevistados, os grandes problemas apresentados por inundações dos rios e

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córregos urbanos tais como o ribeirão Arrudas e córrego Cardoso, encontram-se atualmente

quase que totalmente solucionados. Mesmo assim, algumas partes da região metropolitana

ainda sofrem com as inundações, mas os prejuízos diretos descritos pela CEMIG e COPASA

não são significativos.

Após a ocorrência de eventos em janeiro de 2009 no município de Belo Horizonte e região

metropolitana buscou-se mais uma vez obter um levantamento de danos após a inundação.

Dentre as regionais da capital, sofreu com inundações a região do Barreiro. A documentação

apresentada sobre a cheia para essa regional constou de uma descrição da manutenção do

sistema viário e drenagem, e de um mapa das ruas mais atingidas. Para verificação da área

atingida foi utilizado o mapeamento feito pela Defesa Civil de Belo Horizonte junto com o

AVADAN (formulário de avaliação de danos) do evento. Pelos relatos e pelo material

consultado foram identificadas 40 bocas de lobo erodidas, 5 grelhas transversais e 4 grelhas

de poços de visita levadas pela água, 100 metros de canal e 70 metros de rede tubular

danificados.

As partesda rede que não foram danificadas necessitaram de limpeza. A manutenção de bocas

de lobo (limpeza) a exemplo de outros municípios é feita com base em contratos de

manutenção efetuados pelas prefeituras com empresas de engenharia e manutenção para

execução regular desses serviços.

O material fornecido pela prefeitura de Contagem não foi passível de utilização pela falta de

quantitativos que permitissem o estabelecimento de correlações em relação aos danos

observados.

5.2.2 - Levantamento efetuado em Itajubá

No município de Itajubá foram visitados e entrevistados representantes das regionais da

CEMIG e COPASA, Prefeitura Municipal (Secretaria de Planejamento), Defesa Civil e

UNIFEI (Universidade Federal de Itajubá). Os dados constantes do levantamento referem-se

às inundações de 1991 e 2000, uma vez que em 2007, após as intervenções no trecho do rio

Sapucaí que atravessa a cidade, a água chegou a sair ligeiramente do seu leito, mas não

causou danos na maior parte dos sistemas investigados.

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5.2.2.1 - Informações recolhidas na CEMIG

Os dados recolhidos na CEMIG foram fornecidos por dois técnicos que trabalharam durante a

enchente de 2000, Camilo França e Edson Silva. Esse evento iniciou-se na noite de 31 de

dezembro de 1999 e teve duração superior a três dias.

Segundo os técnicos entrevistados, os maiores danos decorrentes de uma inundação nesse

sistema, que foi o caso da enchente de 2000, ocorrem na zona rural, onde foram relatadas a

queda de postes e a ruptura de cabos de condução de energia em virtude da erosão causada na

base dos postes pela velocidade da água e a queda de árvores. Além disso, na zona rural

houve a danificação de transformadores por descargas elétricas.

Na área urbana de Itajubá, os técnicos relataram a substituição de aproximadamente 4000

medidores para a enchente de 2000 situados em locais em que a altura da lâmina d‟água

alcançou os mesmos (aproximadamente 1,5 m) parcial ou totalmente. Segundo os

entrevistados, ainda hoje efetua-se a troca de medidores danificados na referida enchente,

elevando-se o quantitativo descrito decorrente da inundação.

5.2.2.2 - Informações recolhidas na COPASA

Na COPASA a entrevista transcorreu na sede da empresa no município e participaram o

gerente regional, Tales Mota, o técnico Benedito Mota e o engenheiro Eduardo Fernando de

Vasconcelos. Nesta empresa foi possível resgatar a memória das inundações de 1991 e de

2000.

Segundo o gerente regional da empresa, no sistema de água, a parte mais vulnerável é a

captação, mas o maior montante de danos está no sistema de esgoto. Segundo os

entrevistados, a cada ocorrência de inundação, modificações no sistema foram sendo

executadas para torná-lo menos vulnerável. Assim, a cada evento, o nível de danos foi

diminuindo e os respectivos sistemas, já bastante antigos, estão sendo substituídos.

No caso do sistema de captação, a vulnerabilidade deve-se à forma com que a mesma é

montada e à altura em que ficam os conjuntos motor-bomba e quadros de comando. Com a

variação do nível da água, no baixo recalque há o acúmulo de muita sujeira e galhos de

árvores que se enroscam e viram a balsa trazendo prejuízos referentes à balsa e do

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equipamento nela instalado. Em eventos normais o alto recalque não é afetado, mas na

enchente de 2000 houveram prejuízos nos motores e transformadores além do rompimento de

uma adutora de recalque. Na enchente de 1991 foram afetados os transformadores e o quadro

de comando.

Como prevenção, em situações de emergência a água na captação entra direto no alto

recalque, o quadro de comando foi colocado em lugar mais alto e protegido e foram criados

sistemas de “imunovias” para que os conjuntos motor bomba do alto recalque, que são mais

potentes, sejam realocados na parte mais alta em período de risco (de novembro a março).

As travessias junto às pontes dos ribeirões são elementos vulneráveis uma vez que o seu

rompimento causa a perda de toda a água reservada e a possível contaminação da rede. Na

cheia de 1991 houve a perda de 3 (três) travessias junto às pontes dos ribeirões de Itajubá.

Isso ocorreu em conseqüência do arraste de troncos e galhos de árvores durante a inundação

que causaram o rompimento das mesmas e deixaram a população entre 10 e 12 dias sem

abastecimento de água obrigando a COPASA a abastecer as regiões altas da cidade por meio

de caminhões pipa. Hoje, as travessias contam com registros em locais seguros nas margens

de cada lado. Numa situação de emergência estes registros são fechados e caso as travessias

sejam danificadas, não há a perda da água na rede de distribuição e nos reservatórios.

Na enchente de 2000 a população de Itajubá ficou 36 horas sem abastecimento de água e três

dias sem produção de água tratada. Após a enchente, durante 3 (três) meses o consumo de

água pelos moradores foi liberado para a realização da limpeza das residências e

estabelecimentos comerciais. Durante esse período cada consumidor pagou pela média de

consumo normal para a companhia. Além disso, o número de manutenções na rede de água

duplicou após a enchente.

Segundo os técnicos da COPASA, em caso de enchente, os maiores danos ocorrem no sistema

de esgoto. A cidade conta com uma rede de esgoto combinado (esgoto sanitário e pluvial

juntos) mais antiga, e uma boa parte dessa rede ainda é de material cerâmico estando sendo

substituída gradativamente por uma rede separadora. Uma parte da rede executada mais

recentemente já foi executada no sistema separador substituindo o material cerâmico por

tubos de concreto.

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Segundo os relatos quando da ocorrência de inundações, a rede de esgoto sofre uma

sobrecarga deixando a tubulação planejada para trabalhar como conduto livre sob pressão.

Alguns trechos da rede não agüentam a pressão e sofrem algum tipo de dano no material

constituinte, que cessada a pressão pode ocasionar o abatimento da rede naquele local com a

entrada de solo na tubulação e o dano à tubulação propriamente dita e ao pavimento naquele

local.

A lama trazida pela água deposita-se nas ruas e nas residências, e durante a limpeza muito

desse material é transportado para o sistema coletor causando danos e inibindo fluxo do

esgoto. A limpeza da rede é feita, então, por meio de caminhões e equipamentos específicos

(hidrovácuo) que lavam e sugam a areia que está ali depositada. Ao final dessa tarefa,

diversos pontos da rede sofrem abatimentos pela despressurização da mesma e pela intrusão

de areia e sedimentos na tubulação. Os pontos frágeis são, normalmente, as juntas da

tubulação de cerâmica que não resiste à pressão da água no interior do tubo e se rompe. Deve-

se salientar que o custo de reparo dos danos ao pavimento por ocasião dos abatimentos é de

responsabilidade da COPASA uma vez que o causador do dano é a intrusão do material que

recobre a rede.

Em janeiro de 2007, apesar de não ter havido grandes conseqüências para o município, o

enchimento da calha do rio e o pequeno extravasamento deste, causou uma sobrecarga grande

e abatimentos nas tampas de poços de visita, nos ramais e nos interceptores.

5.2.2.3 - Informações recolhidas em outros setores do município

Não houveram contribuições para essa etapa do levantamento por parte da Prefeitura

Municipal e pela UNIFEI. A Defesa Civil local não possui dados das enchentes anteriores,

mas na Defesa Civil do Estado de Minas Gerais foi conseguido o AVADAN das enchentes de

2000 e de 2007. Como o sistema de avaliação de danos deste órgão é relativamente recente, o

AVADAN do ano de 2000 não foi mais esclarecedor do que as entrevistas executadas, mas

forneceu uma boa definição da área que foi inundada.

5.2.3 - Levantamento efetuado em Santa Rita do Sapucaí

O levantamento de informações em Santa Rita do Sapucaí foi feito novamente na COPASA e

na CEMIG. Não foi possível contactar nem a Prefeitura Municipal (Secretaria de

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Planejamento) e nem a Defesa Civil Municipal. Em contrapartida, na entrevista feita na

COPASA, esteve presente o secretário de planejamento da época da enchente de 2000, que

causou sérios danos em praticamente todo o município. Várias das situações descritas são

semelhantes às já observadas e levantadas para o município de Itajubá. Serão descritos, então,

aquelas situações em que houveram características diferenciadas.

5.1.3.1 - Informações recolhidas na CEMIG

O técnico da CEMIG que participou da entrevista, Paulo Ribeiro da Costa, já era funcionário

da empresa na enchente de 1991 e trabalhou durante a enchente de 2000. Segundo relato do

funcionário, a inundação no município durou 5 (cinco) dias na maior parte da cidade e até 10

(dez) dias nas imediações do mercado municipal. Na parte plana da cidade, 80% desta foi

afetada pela inundação, sendo que na parte mais crítica, a altura da lâmina d‟água atingiu 3

metros, tendo havido retorno da água contaminada pelo esgoto.

Durante 24 horas foi necessário desligar a energia por precaução assim que a água ameaçava

atingir os transformadores, tarefa que era dificultada uma vez que o acesso aos locais era de

barco. Além dessa, havia dificuldade no atendimento dos locais afetados sendo atendidos

somente aqueles locais que era possível o acesso.

Na porção do município afetada a maioria dos medidores ficou submersa, mesmo que

parcialmente. Dois postes próximos ao leito do rio caíram devido à correnteza e a conseqüente

erosão no pé destes, associada à velocidade da água e saturação do solo.

5.2.3.2 - Informações recolhidas na COPASA

A entrevista feita na COPASA em 28/02/2008 teve a participação do responsável pela

empresa no município, Benedito Elsen Ribeiro, e do Secretário de Obras da Prefeitura

Municipal na gestão da enchente de 2000, Sr. Gerardo de Abreu Costa. A entrevista

transcorreu em conjunto uma vez que os próprios entrevistados julgaram mais eficiente dessa

forma, já que durante e após o evento de 2000 no município, o trabalho foi conjunto todo o

tempo entre COPASA e Prefeitura (Secretaria de Obras) devido à relação estreita entre a

companhia e a administração da época.

Segundo os relatos, durante o evento de 2000, Santa Rita do Sapucaí não possuía

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Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (COMDEC) e foi o único município atingido no

qual não houve morte. Para esse evento, a parte da cidade atingida (em torno de 70% do

município) após uma semana estava completamente limpa e a população vacinada.

Em relação aos danos, os entrevistados afirmaram que o maior prejuízo ocorreu nos imóveis,

tanto que o governo liberou o fundo de garantia para a população recuperar os prejuízos, e os

lojistas abriram linhas de financiamento próprio.

Em janeiro de 2000, o rio Sapucaí começou a subir em Santa Rita do Sapucaí por volta de

14:00 horas do dia primeiro de janeiro. Às 3:45 horas ele estava mais de 6 (seis) metros acima

do normal. O período crítico no município aconteceu entre as 22:00 horas do dia primeiro e as

7:00 horas do dia 02 de janeiro porque a água já havia atingido o interior das casas e a

população não acreditava que ela fosse subir mais. Foi destacado pelos entrevistados a

importância do sistema de alerta em virtude da credibilidade deste pela população.

Num trabalho conjunto, prefeitura e COPASA mobilizaram-se por sete dias, com máquinas

trabalhando (carregadeiras, retroescavadeiras, patrols, tratores, caminhões de carga seca e

basculante) 24 horas por dia. Além destes, a prefeitura municipal forneceu combustível para

aqueles que se disponibilizavam a auxiliar, mas não houve como controlar esse consumo.

Toda a área até a cota 840 foi inundada. A captação foi danificada, mas foi possível recuperá-

la, uma margem inteira do rio foi destruída (aproximadamente 300 m de muro danificado e

500 m2 de calçamento da margem arrancado), aproximadamente 30 mil m

2 de calçamento

necessitou de recuperação em toda a cidade. Na rede de galerias pluviais, entre 100 e 150

pontos necessitaram de manutenção (retirada de lixo de bocas de lobo). Para recuperação de

cada ponto da rede pluvial danificada, é necessário um corte de aproximadamente 3,0 m do

calçamento com profundidade dependendo do diâmetro da tubulação (entre 1,5 e 3,0 m). O

dano maior no calçamento não ocorreu na parte baixa da cidade, mas sim na parte alta devido

à falta da rede de drenagem e ao assoreamento do calçamento.

Como acabou a água reservada, houve contaminação de aproximadamente 5000 (cinco mil)

metros da rede de abastecimento de água de diâmetro de 300mm necessitando de

descontaminação. Além disso, 3 (três) veículos tiveram seus motores danificados (fundidos) e

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101

houve perda de documentos da prefeitura.

5.2.4 - Levantamento efetuado em Pouso Alegre

No município de Pouso Alegre foi possível entrevistar os técnicos e responsáveis técnicos da

COPASA e CEMIG e um engenheiro da Secretaria de Planejamento da Prefeitura Municipal.

As entrevistas feitas em Pouso Alegre foram importantes para a compreensão da gênese dos

danos à infraestrutura urbana nas inundações em função das características das enchentes no

município.

5.2.4.1 - Informações recolhidas na CEMIG

Durante todo o processo de coleta de dados junto à CEMIG, foi fundamental a participação do

engenheiro Benedito Cipriano, que forneceu todo o suporte necessário e termos de contatos na

empresa e formalizou toda a agenda de visitas em todos os municípios do sul de Minas.

Participaram da entrevistas os funcionários Luiz Eduardo Fuzatto e José Walber Cabral

Vilhena. Ambos os entrevistados participaram dos trabalhos de socorro e recuperação nas

inundações de 2000 e 2007.

As informações fornecidas são bastante semelhantes aos dados já coletados nos demais

municípios visitados. Segundo os entrevistados aproximadamente 30% da área urbana foi

atingida (Bairro São Geraldo e imediações) com uma altura de lâmina d‟água de

aproximadamente 2 (dois) metros tendo durado aproximadamente 1 (uma) semana.

Ao serem questionados sobre o sistema instalado, foi informado que os postes são colocados a

cada 40m e que os mesmos são susceptíveis à duração da inundação, uma vez que estes são

apenas aterrados. Uma vez prolongada a inundação o solo fica saturado e pode haver o

tombamento dos postes. Esse efeito pode ocorrer num intervalo de tempo menor se a chuva

tiver uma intensidade alta e uma velocidade de escoamento alta também. Os dois efeitos

conjugados podem causar o tombamento de postes com 2 horas de chuva.

É consenso entre os entrevistados da CEMIG que à medida que aumenta a altura d‟água há a

necessidade de se desligar os transformadores. Esses dispositivos abastecem, em Pouso

Alegre, 60 unidades consumidoras e devem ser desligados quando a altura da água atingir 1,5

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102

metros. Segundo os entrevistados, durante a cheia de 2000 aproximadamente 40

transformadores tiveram que ser desligados e seis postes caíram na área urbana de Pouso

Alegre. Além destes, aproximadamente 5000 medidores foram substituídos.

A cheia de 2007, por sua vez, teve duração entre 2 e 3 dias e não houve interrupção do

fornecimento de energia.

5.2.4.2 - Informações recolhidas na COPASA de Pouso Alegre

Na regional da COPASA de Pouso Alegre, a entrevista foi feita com o Engenheiro Alexandre

José Grego. Segundo o entrevistado, as características das enchentes em Pouso Alegre são

diferenciadas em relação aos demais municípios visitados e ocorrem pelo remanso das águas

do rio Mandu, afluente do rio Sapucaí-Mirim, no município. As águas do rio Sapucaí que vêm

dos municípios a montante (Itajubá, Santa Rita do Sapucaí e Maria da Fé) enchem a sua calha

e as águas do rio Sapucaí-Mirim completam o volume. Assim, as águas do rio Mandu não têm

para onde escoar e ficam represadas causando a enchente na várzea.

Segundo o entrevistado, as enchentes do rio Mandu são enchentes lentas, são enchentes de

“depósito” e não de “arraste”, caso dos demais municípios visitados. Há tempo para alerta e

retirada da população e para o trabalho da Defesa Civil. A enchente demora de 3 a 5 dias para

chegar no seu nível máximo e o mesmo tempo para baixar.

Assim, os maiores problemas que a companhia tem são os entupimentos na rede de esgoto

provenientes dos resíduos depositados juntamente com a água que fica parada pela baixa

declividade existente e pelo remanso do rio. O trabalho da COPASA é então de desobstruir a

rede em virtude do material depositado durante a enchente (terra e entulho das ruas e casas) e

dar suporte na limpeza pesada da cidade.

Normalmente não há ruptura da rede da COPASA em Pouso Alegre. A rede não é

despressurizada não havendo contaminação desta, e não há o corte do abastecimento de água.

Com relação aos reparos e auxílios pós-enchente, isso não causa sobrecusto para a empresa.

As correções necessárias são feitas como atividades normais e mesmo a determinação do

governo estadual de cobrança da média durante a enchente de 2000, foi adotada pela empresa

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durante apenas 1 (um) mês e mesmo assim foi feita análise caso a caso.

5.2.4.3 - Informações recolhidas na Prefeitura Municipal de Pouso Alegre

A Prefeitura Municipal de Pouso Alegre elaborou, logo após o evento de 2000, um relatório

sobre os danos ocorridos no município e a mobilização de recursos durante a crise para

possibilitar o retorno das famílias às suas respectivas residências. Esse relatório descreve

ações de socorro assim como os setores mais atingidos pela cheia.

O relatório descreve como danos observados aqueles ocorridos em 10% dos imóveis urbanos

cadastrados (3500 imóveis), 1/3 da malha rodoviária municipal rural (600km), cerca de 12500

pessoas desabrigadas (equivalente a 12% da população), a interrupção da BR381 na altura da

cidade de Careaçu, destruição de 4 (quatro) pontes, 5 (cinco) escolas municipais atingidas, 2

(duas) unidades de saúde e 1 (uma) vítima fatal.

Para atendimento durante o evento foram designados 40 veículos, 130 pessoas e 1

helicóptero. Para a execução de serviços de varrição, limpeza, remoção de entulhos,

desobstrução de galerias e higienização foram mobilizadas 180 pessoas, 70 veículos e 8

máquinas, tendo sido removidos 1500 caminhões de entulho (7500m3). Para os serviços de

assistência social no retorno ao lar foram designadas 60 pessoas e 10 veículos, tendo sido

cadastradas 2800 famílias. Para atendimento às famílias cadastradas foram estimados:

- 12000 conjuntos de colchão, travesseiro, toalha e cobertor;

- 10000 conjuntos de limpeza e higiene pessoal;

- 2000 cestas básicas;

As obras emergenciais necessárias levantadas foram:

- Recuperação do aterro do dique do rio Mandu rompido e dragagem e limpeza da lagoa da

Banana;

- Recuperação do aterro e mudança no projeto das bombas da Av. Airton Sena (Dique1);

- Recuperação de estradas rurais e quatro pontes destruídas;

- Recuperação de vias públicas, galerias, etc.;

- Recuperação da antiga ponte do rio Sapucaí.

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104

5.3 – COMPARAÇÃO ENTRE OS DADOS LEVANTADOS E A

SUSCEPTIBILIDADE FÍSICA DOS SISTEMAS DE INFRAESTRUTURA URBANA

ÀS INUNDAÇÕES

O presente tópico tem o objetivo de verificar se as informações encontradas no levantamento

efetuado nos municípios visitados corresponde à susceptibilidade física apresentada na

literatura consultada aplicada a outros países. Além disso, pretende-se apontar as melhorias

nos sistemas executadas pelas empresas de modo a compatibilizar a situação de risco

vivenciada com estas e a necessidade de reduzir as perdas ocasionadas por inundações. Nesse

sentido, fica evidenciada a utilidade de sistemas de alerta que possibilitam a preparação de

toda a comunidade diante da iminência de um desastre e com isso redução dos danos.

Em todos os municípios visitados ficou bastante evidente a disposição das companhias e

prefeituras em adequar os sistemas instalados a situações de risco vivenciadas por cada

município. Assim, após a ocorrência de cada desastre é feita uma avaliação do evento e

tomadas providências no sentido de aumentar a proteção dos sistemas. Essas atividades vêm

dia a dia contribuindo para a redução dos danos e da fragilidade dos mesmos. Elementos

vulneráveis são posicionados em locais protegidos, novas instalações com dispositivos de

proteção são colocadas reduzindo sobremaneira os danos sofridos pelas companhias durante e

após a ocorrência das inundações.

Nos casos de Itajubá e Santa Rita do Sapucaí são exemplos de atividades de prevenção no

sistema de abastecimento de água, o posicionamento de quadros de comando em cotas acima

das cotas de inundação e o deslocamento dos motores para locais seguros durante o período

mais crítico (de novembro a março) e até mesmo a sua retirada na ameaça de um evento de

maior severidade. As travessias instaladas em pequenas pontes são, atualmente, providas de

registros em ambos os lados de modo a impedir que no seu rompimento, seja perdida a água

armazenada e a contaminação da tubulação pela intrusão de água contaminada.

Na literatura consultada a parte mais vulnerável do sistema são as estações de bombeamento

sendo seguida das estações de tratamento uma vez que as mesmas são posicionadas em locais

próximos aos rios. Fica comprovada a vulnerabilidade desta parte do sistema, mas percebe-se

que, no caso dos municípios do sul de Minas, essa vulnerabilidade foi reduzida tendo em vista

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as medidas adotadas. Além disso, foi verificada uma grande vulnerabilidade e

susceptibilidade física nas travessias de pequenas pontes, que com o aumento do volume de

água escoada e a velocidade da mesma podem ser destruídas, mesmo que as conseqüências da

sua destruição consigam ser minimizadas.

No que diz respeito à rede de esgoto, não pode ser comprovada a susceptibilidade física das

estações de tratamento uma vez que na capital mineira danos à estação não foram relatados e

nos demais municípios pesquisados, a implantação do sistema de tratamento ainda está em

fase de concepção e execução. No entanto, a susceptibilidade física das tubulações, que na

literatura é classificada como baixa, nos municípios do sul de Minas foi a parte do sistema

citada como apresentando a maior fonte de danos. O material construtivo dessas redes

(material cerâmico) apresenta uma grande vulnerabilidade na junção de cada dois elementos.

Nesses pontos, quando há o rompimento do elemento de ligação após a descompressão da

rede quando os níveis de água voltam ao normal, há a intrusão de areia e sedimentos e nesses

pontos há o soterramento da cobertura de solo da tubulação e o aparecimento de trincas e até

mesmo o rompimento do pavimento sobre os tubos. Nesses casos, a responsabilidade sobre o

reparo tanto da rede quanto do pavimento, é da COPASA. Na tentativa de melhorar a situação

as redes de esgotamento sanitário e drenagem pluvial têm sido separadas e a tubulação de

material cerâmico tem sido substituída.

No que diz respeito ao sistema de drenagem propriamente dito, caso que não se aplica aos

municípios do sul de Minas, na capital mineira não houveram referências relacionadas aos

danos à rede de tubos. Os danos observados foram aqueles na entradas de bocas de lobo

devido ao desgaste do contato com a água e detritos carreados por esta, mostrando,

dependendo do material aplicado na sua construção, uma susceptibilidade física baixa.

A literatura ressalta a baixa susceptibilidade física das redes de distribuição de energia elétrica

e esta condição é corroborada pelas companhias responsáveis fornecimento desse serviço. Os

elementos mais vulneráveis e que são de responsabilidade das companhias energéticas, são os

medidores individuais, que quando atingidos pela água devem ser substituídos.

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5.4 – SISTEMÁTICA PROPOSTA PARA A AVALIAÇÃO DE DANOS DIRETOS À

INFRAESTRUTURA URBANA

A partir das informações levantadas nas empresas prestadoras de serviços públicos

anteriormente citadas e dos relatos dos entrevistados, nesse item encontram-se descritos

procedimentos propostos para a avaliação de danos à infraestrutura urbana contemplando os

setores de abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem urbana, distribuição de

energia elétrica e limpeza pública. Para o setor de telefonia não houveram relatos de danos

relacionados às inundações, motivo pelo qual não foi proposto nenhum procedimento de

avaliação.

A sistemática proposta corresponde, portanto, ao conjunto de procedimentos para cada item,

tendo sido elaborada tomando como base o levantamento efetuado, mas presume-se que a

mesma possa ser extrapolada para regiões com configuração semelhante dos sistemas. Alguns

setores poderão ter sua análise aplicada a situações de ocupação, geográficas e de

configuração do sistema diferentes das utilizadas para formulação da presente proposta se os

elementos susceptíveis não apresentarem variação de um caso para outro. Outros sistemas

deverão ter uma definição específica de material constituinte e ocupação da área em função de

particularidades inerentes aos mesmos. Para o desenvolvimento da sistemática proposta

optou-se pela configuração de danos diretos por sistema e a indicação da responsabilidade

pela correção dos mesmos.

Mesmo considerando a sua importância no montante de danos decorrentes das inundações

urbanas, e da possibilidade de avaliação dos mesmos em alguns casos, o dano direto

associado a cada sistema é bastante complexo e não foi computado no âmbito desta pesquisa.

5.4.1 – Sistema de abastecimento de água

Para a avaliação dos danos ao setor de abastecimento de água, o mesmo foi subdividido em 3

(três) partes: a captação, a adução e a distribuição de água. A análise dos danos decorrentes

das inundações deverá ser precedida da discretização do sistema instalado, possibilitando

caracterizar o sistema e os componentes passíveis de dano. Essa caracterização permitirá a

identificação das partes do sistema mais susceptíveis a danos e a estimativa dos quantitativos

dos elementos a serem reparados e/ou substituídos.

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O procedimento proposto para avaliação dos danos ao setor de abastecimento de água

encontra-se apresentado na Figura 5.1 e divide o sistema em três subsistemas: captação,

adução e distribuição.

A composição da captação de água para abastecimento nos municípios pode prever a

utilização de balsas e conjuntos motor-bomba ou instalações de captação instaladas nas

margens e adjacências no nível do rio ou em estruturas elevadas em relação a este. Essa

informação é imprescindível quando da avaliação dos danos.

Nos municípios visitados, a captação é composta pela balsa e conjuntos motor bomba.

Partindo dessa informação, quando a captação for feita com o uso de balsa, esta será sempre

considerada danificada, mesmo que o sobrecusto da substituição não seja significativo. Caso

não seja utilizada balsa, esse dano não existirá.

Se for utilizada balsa, é necessário avaliar as condições preventivas previstas para os

conjuntos motor-bomba. No caso de haver um sistema de proteção para esses elementos de tal

forma que os mesmos sejam realocados temporariamente acima da cota máxima de

inundação, como relatado para os municípios consultados, prevê-se que apenas um conjunto

motor-bomba estará em risco. Assim, estima-se a perda total desse equipamento. Para o caso

de não haver sistema de proteção previsto, a partir das informações relativas à quantidade de

conjuntos motor-bomba e das suas respectivas potências, o dano estimado será referente a

todos os conjuntos instalados.

Normalmente os quadros de comando e transformadores são posicionados acima da cota

máxima de inundação estimada ou fora da área passível de inundação. Nesse caso, apesar de

ser rara a instalação desses equipamentos em local desprotegido, deve-se verificar o

posicionamento dos mesmos e, de acordo com a constatação de risco de submersão, deverá

ser prevista a sua substituição.

Com relação ao sistema de adução, não houve relatos de danos na adutora sob pressão. Assim

sendo, a sistemática proposta não contempla a substituição dessa parte do sistema.

No que diz respeito à adutora, na maior parte dos municípios consultados houve o

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rompimento dessa parte do sistema que estava localizado dentro da mancha de inundação.

Assim, propõe-se a substituição de 50% do comprimento do trecho desse elemento dentro da

mancha de inundação. A execução dessa atividade precede do conhecimento prévio das suas

características (diâmetro e extensão danificada) para a estimativa dos custos de substituição e

do tempo necessário para execução dos serviços.

Com relação à rede de condutos, há relatos de aumento no número de manutenções. Essas

manutenções correspondem às correções de vazamentos na rede propriamente dita e

problemas em registros das unidades individuais.

As travessias de pontes são consideradas bastante vulneráveis nesse sistema. A avaliação dos

danos a estes elementos depende da existência de dispositivos de proteção não para o

elemento em si, mas em função das conseqüências do seu rompimento para o restante do

sistema. Como visto anteriormente, o rompimento das travessias acarretam a despressurização

da rede com sua conseqüente contaminação e perda da água tratada armazenada. Dispositivos

de isolamento das travessias colocados em locais seguros impedem que o rompimento destas

acarrete perdas além dela própria.

A determinação das perdas de travessias procede das informações relacionadas ao número de

travessias de pequenas pontes existentes dentro da mancha de inundação considerada, das

características dessas travessias (comprimento, diâmetro e material constituinte) e da

existência de sistemas de proteção. Além dessas informações, deve ser informado o

comprimento da rede atendida pela travessia. Para Itajubá, na enchente de 1991, foram

perdidas 40% das travessias de pequenas pontes existentes dentro da área urbana.

Com relação à rede de tubos, considerou-se que as manutenções necessárias após o evento

não acarretam, forçosamente, um sobrecusto para a concessionária, uma vez que os contratos

de manutenção efetuados já devem incorporar essa atividade.

No caso de haver perda de alguma das travessias haverá necessidade de descontaminação da

rede por meio da inserção de água com tratamento adequado em todo o volume

correspondente à capacidade de armazenamento do trecho da rede atingido. O custo dos

elementos químicos para a limpeza são irrisórios e não será considerado no cômputo dos

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109

danos.

Dessa maneira o levantamento de dados para a estimativa dos danos a este setor está

apresentado na Tabela 5.5. Com base nas composições de custos para a sua obtenção são

calculados os custos dos danos a este setor.

Tabela 5.5 – Descrição dos elementos do sistema de abastecimento de água

para cálculo dos custos dos danos

Captação

Conjuntos motor-bomba Quantidade

Potência Custo unitário de substituição em reais

Transformadores Potência Custo unitário de substituição em reais

Quadro de comando Tipo Custo unitário de substituição em reais

Adução

Extensão:

Custo por metro linear em reais Diâmetro:

Material construtivo:

Distribuição

Volume de água armazenada: Custo do m3 de água em reais

Travessias

Número:

Custo de substituição por metro linear

em reais

Diâmetro:

Extensão:

Material construtivo:

Rede de tubos Extensão da rede (m) Custo de limpeza por metro linear de

rede em reais Volume de água (m2)

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Figura 5.1 – Fluxograma do procedimento de avaliação de danos diretos ao sistema de abastecimento de água

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5.4.2 – Sistema de esgotamento sanitário

Em se tratando de rede de esgoto, considerou-se separadamente a rede de esgoto sanitário

da rede de drenagem. Essa separação, muitas vezes fictícia já que é comum a descarga de

esgoto sanitário na rede de drenagem e vice-versa, foi decorrente da análise da

responsabilidade, em grande parte das cidades brasileiras, por organismos diferentes pela

execução e manutenção dos serviços. No caso do sistema de esgotamento sanitário,

normalmente ele é responsabilidade da concessionária de abastecimento de água enquanto

que a drenagem fica a cargo do município.

No sistema de esgoto sanitário foram identificados danos essencialmente nos interceptores

nas juntas da tubulação. O indicativo do problema é o abatimento do pavimento em pontos

da rede exigindo a substituição do trecho da rede danificado e a recomposição do

pavimento. Nesse trecho, normalmente paralelo às margens do rio, a pressão exercida pela

água que entra na tubulação pelos poços luminares e demais aberturas da rede faz com que

esta entre em colapso e ocorram trincas em pontos do trecho mais sobrecarregado em

virtude da subpressão posterior.

Para a cheia de 2007 em Itajubá foram identificados 17 pontos onde houveram abatimentos

do pavimento ocasionados por problemas na rede de esgoto. Os comprimentos das

correções necessárias ao pavimento variaram de 3 a 946 metros num total de 1574 metros.

Todos os pontos identificados ocorreram no trecho do interceptor ou próximo a ele,

ocasionando abatimento de valas do interceptor e nos poços de visita da região. Os danos

ocorridos no pavimento nesse trecho da rede são de responsabilidade da COPASA. Em

outros municípios a companhia responsável pela prestação desse serviço é responsável

pelo reparo das vias e da rede.

Segundo o relatório da COPASA, para a cheia de 2007 para Itajubá e pelos relatos de Mota

(2008) no período chuvoso (dezembro, janeiro e fevereiro) a quantidade de manutenções

tanto na rede de água quanto na rede de esgoto são o triplo do número de manutenções

observados no restante do ano. A estimativa na quantidade de serviços de manutenção na

rede pode ser calculada, mas existe uma dificuldade adicional no estabelecimento de uma

correlação entre os locais que necessitam de manutenção e as características físicas locais e

a mancha de inundação, o que inviabiliza o cômputo dos danos a partir do número de

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manutenções. Além disso, a mesma consideração em se tratando do contrato de

manutenção com outra empresa citado no item 5.4.1 pode ser aplicado a este caso.

Diante dessas observações optou-se por determinar os danos ao setor de esgotamento

sanitário tomando como base a extensão e a constituição do interceptor e na limpeza da

extensão da rede existente dentro da mancha de inundação. Para o caso do interceptor

estima-se a troca de parte da rede e recuperação do pavimento equivalente a 5% do

comprimento total do interceptor dentro da mancha de inundação tomado como base os

danos registrados na cheia de 2007 para Itajubá fornecidos pela COPASA.

Para execução da limpeza de areia e sedimentos que entram na rede tomou-se como base

os relatos dessa tarefa executada pela COPASA após a cheia de 2000 na qual foi feita a

descrição do tempo de trabalho diário do equipamento utilizado e a duração do processo,

permitindo assim, o estabelecimento do rendimento do equipamento para limpeza de cada

metro linear de rede. Para a determinação dos custos de limpeza foi considerado o

comprimento da rede inserido dentro da mancha de inundação com exceção do

comprimento equivalente ao interceptor substituído.

Figura 5.2 – Fluxograma de funcionamento do procedimento de avaliação de danos ao

sistema de esgotamento sanitário

A Figura 5.2 apresenta um esquema do procedimento proposto para avaliação de danos a

este setor enquanto que a Tabela 5.6 descreve o conjunto de dados necessários para a

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113

execução da avaliação.

Tabela 5.6 – Descrição dos elementos do sistema de esgotamento sanitário para cálculo dos

custos dos danos

Rede

Extensão do interceptor Substituição de 5% da rede no

trecho do interceptor

Custo de substituição por metro

de rede

Custo de substituição da

rede

Diâmetro do interceptor

Material construtivo do

interceptor

Pavimento

Material construtivo Recomposição do aterro, base e

pavimento

Custo por m2 em reais

Custo de recomposição do

pavimento Profundidade de recuperação

Limpeza

Comprimento da rede dentro

da mancha de inundação 80m de rede por hora

Custo do equipamento por hora

de trabalho

Custo total de limpeza em

reais Número de horas de trabalho

do equipamento

5.4.3 – Sistema de drenagem de águas pluviais urbanas

A definição dos danos ocasionados ao sistema de drenagem das águas pluviais por ocasião

das inundações foi feita pela comparação entre os valores obtidos nas entrevistas a Santa

Rita do Sapucaí, Itajubá e Belo Horizonte. Para a composição foi feito um levantamento a

partir da cheia ocorrida em janeiro de 2009 na capital mineira.

Para a estimativa dos danos foi utilizada a distribuição dos elementos constituintes do

sistema definido por Moura (2004) que prevê 0,02 bocas-de-lobo (02 bocas-de-lobo a cada

100 metros de rede) e 0,01 poço de visita (01 poço de visita a cada 100 metros de rede) por

metro linear de rede.

Para a regional do Barreiro em Belo Horizonte foi disponibilizado um mapa com a

localização aproximada dos locais mais afetados pela inundação. A partir desse

mapeamento foi feita a estimativa dos comprimentos de vias danificadas. Essa mesma

regional informou que 40 bocas-de-lobo foram danificadas com necessidade de reparos e

algumas grelhas perdidas em virtude do evento. Juntamente com o mapeamento das áreas

inundadas executado pela Defesa Civil de Belo Horizonte foi possível estabelecer uma

correlação entre a quantidade de componentes da rede de drenagem danificados dentro da

área.

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A confirmação da proporção de elementos com necessidade de reparos para o Barreiro foi

feita tomando como base as entrevistas realizadas com funcionários da COPASA dos

municípios de Itajubá e Santa Rita do Sapucaí. Ao determinar a relação de elementos da

rede danificados para esses municípios foi possível confirmar que os valores encontrados

nas estimativas estavam na mesma ordem de grandeza, apresentando, assim, coerência na

análise efetuada.

Todas as determinações tiveram como base a extensão da mancha de inundação dentro dos

municípios e os relatos dos danos para os respectivos eventos. Para Santa Rita do Sapucaí e

Itajubá foi possível correlacionar os danos com os mesmos eventos. Já para o caso de Belo

Horizonte, os dados encontrados foram do evento de inundação mais recente.

No que diz respeito ao material construtivo das redes, para aquelas construídas em material

cerâmico espera-se uma frequência de dano maior do que naquelas constituídas de tubos de

concreto, PVC ou PAD (Polietileno de Alta Densidade). Em caso de utilização destes

estima-se que os danos à rede sejam irrelevantes no processo, podendo ser descartados da

análise.

Mesmo tendo sido relatados casos de danos em canais e galerias, não foi possível encontrar

com base nos relatos e dados levantados, situações que indicassem a ocorrência desses

danos para qualquer evento de inundação. Estão incluídas nesses casos as margens de rios

e córregos urbanos.

Vários outros custos não encontram-se relacionados e não são catalogados ou permanecem

na memória dos responsáveis pela manutenção porque são objeto de contratos de

manutenção feitos com empresas de engenharia. No início de cada ano é feita a contratação

dessas empresas para a execução de serviços de manutenção tais como limpeza de bocas-

de-lobo não erodidas e outros serviços do gênero.

Para a estimativa dos custos de limpeza e desobstrução da rede tomou-se como base os

dados fornecidos pela COPASA para a cheia de 2000 no município de Itajubá no qual

foram utilizados 3 (três) equipamentos de hidro-vácuo para a retirada de resíduos na parte

da rede dentro da área de inundação por um período de aproximadamente 90 (noventa) dias

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115

trabalhando 10 (dez) horas por dia.

Assim, para avaliação dos danos ao sistema de drenagem é recomendado o conhecimento

dos seguintes elementos:

- Características da rede:

- comprimento total

- comprimento da rede dentro da mancha de inundação;

- material construtivo;

- diâmetro médio.

- Características do pavimento

- Características das bocas-de-lobo;

- Características dos poços de visita;

Após as verificações feitas, sugere-se então, para análise dos danos a este sistema, a

consideração de danos em 20% (vinte por cento) das bocas de lobo e poços de visita

inseridos dentro da mancha de inundação. Além destes, estima-se o rendimento de um

equipamento para limpeza em 80 metros de rede por hora.

Para a recuperação de bocas de lobo e poços de visita foi considerado no reparo aos

elementos de concreto e argamassa de acabamento, as tampas e grelhas utilizadas

dependendo do tipo do elemento, e uma faixa de pavimento do tipo do revestimento da via

ao redor dos elementos.

Além desses danos pode ocorrer a perda de tampas e grelhas de poços de visita dentro da

mancha de inundação em virtude da pressão exercida pela água nesses elementos. Pelos

relatos da regional do Barreiro em Belo Horizonte, 4 (quatro) grelhas de poços de visita

desapareceram o que corresponde a 20% do total de poços de visita estimados dentro da

mancha de inundação para a área.

O fluxograma da Figura 5.3 apresenta esquematicamente a procedimento proposta e a

Tabela 5.7 o detalhamento dos custos necessários para a estimativa dos danos.

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Figura 5.3 – Fluxograma do procedimento de avaliação de danos diretos ao sistema de

esgotamento sanitário e drenagem urbana

Tabela 5.7 - Descrição dos elementos do sistema de drenagem para

cálculo dos custos dos danos

Rede

Comprimento da rede dentro

da mancha - cerâmica: abatimentos

localizados (sem condição de

correlação para substituição do

pavimento e da rede)

- PVC, concreto, PAD sem danos

Material construtivo da rede

Diâmetro médio da rede

Identificação do revestimento

do pavimento

Elementos danificados

Número de bocas de lobo 0,02 un/m Custo unitário em reais

correspondente ao número

total de elementos

danificados dentro da

mancha de inundação

Número de poços de visita 0,01un/m

Tipo de boca de lobo (com

grelha, tampa, etc) e poços de

visita

20% de perda de elementos

móveis a partir do número de PV

e BL dentro da mancha de

inundação

Limpeza

Comprimento da rede dentro

da mancha - Rendimento médio do

equipamento: 80m de rede/h

- Quantidade de sedimentos

removidos por dia

- Custo dos equipamentos

Custo de limpeza em reais

Número de equipamentos de

limpeza disponíveis

Número de horas de trabalho

por dia

Custo de uso do equipamento

por hora

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117

5.4.4- Sistema de distribuição de energia elétrica

A avaliação dos danos ao sistema de distribuição de energia elétrica, em função do

levantamento efetuado, é bastante simples. Uma vez que existe uma pequena

susceptibilidade física dos componentes do sistema às inundações, o único dano real

representativo deste sistema são os medidores das unidades consumidoras. Mesmo

havendo relatos de queda de postes, ficou bastante clara a idéia de que isso não chega a ser

representativo em área urbana, o que não pode ser dito da área rural.

Assim, o fluxograma da Figura 5.4 e a Tabela 5.8 ilustram o procedimento proposto para a

avaliação dos danos a este setor. Esse procedimento considera que todos os medidores das

unidades consumidoras inseridas dentro da mancha de inundação com altura de água de

1,5m ou superior necessitarão de serem substituídos, se não imediatamente após a

enchente, em futuro próximo.

Figura 5.4 – Fluxograma do procedimento de avaliação de danos diretos ao sistema de

distribuição de energia elétrica

Para a avaliação dos danos então, são necessárias as seguintes informações:

- Área da superfície inundada com pelo menos 1,5m de profundidade;

- Número de unidades consumidoras dentro da mancha de inundação;

- Para o cálculo do número de unidades consumidoras será utilizada a densidade

populacional considerando cada habitação com 4 (quatro) pessoas em média de modo a

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118

considerar que existem dentro da área inundada, edifícios residenciais cujos medidores

localizam-se no pavimento térreo do edifício;

- Estimativa da média de custo dos medidores monofásico, bifásico e trifásico;

- Estimativa da porcentagem de medidores de cada categoria de medição.

Tabela 5.8 - Descrição dos elementos do sistema distribuição de energia elétrica para

cálculo dos custos dos danos

Distribuição de energia elétrica

Superfície inundada com

1,5m de profundidade ou

maior Número de UC‟s dentro da

mancha de inundação Custo de substituição de

todos os medidores em

reais

Densidade habitacional na

área

Porcentagem de medidores

monofásicos dentro da área

Custo unitário do

equipamento em reais

Porcentagem de medidores

bifásicos dentro da área

Custo unitário do

equipamento em reais

Porcentagem de medidores

trifásicos dentro da área

Custo unitário do

equipamento em reais

5.4.5 – Sistema de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos

Para a elaboração desse tópico da sistemática proposta considerou-se como

responsabilidade do serviço de limpeza urbana do município, a retirada de móveis e demais

objetos perdidos pela água nas residências depositados nas calçadas após a inundação, e a

remoção dos sedimentos e lixo carreados durante a mesma que ficaram dispostos nas ruas,

calçadas e áreas desocupadas do município. Outra consideração feita para determinação da

área de contribuição de resíduos para limpeza foi que os imóveis atingidos por uma altura

de água inferior a 50cm não produziram resíduos a serem coletados.

As informações utilizadas para a formulação da sistemática para esse setor foi baseada no

levantamento efetuado em Santa Rita do Sapucaí e Pouso Alegre. Para tanto considerou-se

que houve a produção de um volume correspondente a 1 (um) caminhão basculante de

detritos (móveis, utensílios domésticos, mantimentos, etc) por residência. No período pós-

cheia, no município de Santa Rita do Sapucaí, foi estimado o volume de sedimentos e lixo

coletado nas vias públicas do município relacionando o maquinário disponível, o

rendimento destes e o tempo de duração dos trabalhos de limpeza. A correlação entre a

capacidade de trabalho do maquinário com a área inundada permitiu a extrapolação dos

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119

resultados encontrados para outros municípios. Acredita-se que não haja grande alteração

nos volumes determinados de um município para outro, a não ser que sejam observadas

particularidades que possam indicar uma grande redução ou grande aumento dos detritos

existentes.

A análise proposta para a estimativa da quantidade de detritos a serem removidos das ruas

após uma enchente foi feita tomando como base os relatos feitos em Santa Rita do Sapucaí

e Pouso Alegre, nos quais convergiu a idéia de que foi retirado de cada residência atingida,

pelo menos 01 (um) caminhão de entulho. Esses resíduos são normalmente, lançados nas

calçadas e posteriormente são removidos pelos órgãos de limpeza municipais.

Os relatos da prefeitura de Santa Rita do Sapucaí foram detalhados no sentido de informar

o maquinário utilizado para efetuar a limpeza da cidade e o tempo de duração da operação.

A partir da quantidade e do maquinário utilizado foi possível estimar o volume de material

produzido. Para a cheia de 2000 foram utilizados: 3 carregadeiras; 2 retro-escavadeiras; 3

patrols; 4 tratores; e 40 caminhões entre carga seca e basculantes. Os relatos indicaram,

também, que em Santa Rita foram atingidas 4200 residências durante a cheia de 2000.

A estimativa do volume de material recolhido que posteriormente possibilita a sua

extrapolação para qualquer outro município foi feita de acordo com Moura (2009). Para

essa estimativa considerou-se os modelos e as capacidades mais comuns das máquinas

usadas pelas prefeituras. Dentro dessa perspectiva, na ausência da distância a ser percorrida

para o descarte do material coletado e na ausência do tipo dos caminhões usados, a

estimativa foi feita mediante a capacidade de material removido pelo maquinário listado.

Foi considerado que as motoniveladoras e tratores foram usados para limpar ruas e

amontoar material para o carregamento pelas pás-carregadeiras e a caçamba frontal das

retro-escavadeiras. Assim, para uma capacidade de 57m3/h para as retro-escavadeiras e de

112m3/h para as carregadeiras, obteve-se um volume total de 450m

3/h. Considerando o

trabalho durante 24 horas num período de 7 dias, o volume total removido é de 75.600m3.

Considerando que cada residência gerou 1 caminhão de 6m3 de entulho de móveis e etc, o

restante do volume removido corresponde ao volume de sedimentos e demais resíduos

produzidos na área pública da cidade. Com base na área da cheia de 2000 para Santa Rita

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120

estimou-se que o volume de material retirado dos logradouros públicos é de 15270m3/km

2

dentro da área inundada, podendo este valor ser extrapolado para outras situações.

A Figura 5.5 e a Tabela 5.9 apresentam de forma resumida o processo de determinação dos

custos gerados pela limpeza após a inundação.

Figura 5.5 – Fluxograma do procedimento de avaliação de danos diretos ao sistema de

limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos

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121

Tabela 5.9 - Descrição dos elementos do sistema limpeza urbana para cálculo

dos custos dos danos

Limpeza pública

Superfície inundada com pelo menos 0,5m

de profundidade (km2) Estimativa de volume

gerado por residências

Custo total de

remoção dos

entulhos

Número de habitações dentro da mancha

considerando 4 hab/moradia

Cálculo do volume de sedimentos (m3) 15270m

3/km

2

Modelos da máquinas Custo dos equipamentos

para recolhimento do

volume de entulho gerado

Rendimento das máquinas (m3/h)

Número de horas de trabalho por dia

Distância média para descarte do material

(km) Custo do transporte do

material Capacidade do caminhão (m3)

Número de horas diárias de trabalho

5.4.6 - Sistema viário

O sistema viário, assim como o sistema de limpeza pública, é de responsabilidade do

município. Este sistema foi o que apresentou o maior número de relatos mas também as

maiores diferenças nas estimativas, tornando mais difícil a sua avaliação mesmo a partir de

premissas definidas antes da mesma.

A base de desenvolvimento da análise dos danos ao sistema viário foi constituída a partir

dos AVADAN fornecidos pelos órgãos de defesa civil de Belo Horizonte, Itajubá e Santa

Rita do Sapucaí, além do documento da cheia de 2000 para Pouso Alegre produzido pela

prefeitura do município, dos documentos da regional do Barreiro em Belo Horizonte e dos

relatos feitos nestes municípios.

Pela análise dos documentos obtidos e dos relatos foi possível concluir que grande parte

dos danos ao sistema viário ocorrem na área onde a declividade é alta e não existe rede de

drenagem. No caso de Itajubá uma característica marcante possibilitou uma outra

conclusão: praticamente toda a área sujeita a inundação possui declividade extremamente

baixa, com valores inferiores a 1%. Assim, uma das premissas da análise do sistema viário

foi exatamente a permanência de água por um intervalo de tempo grande na área inundada

fazendo com que ocorra a saturação e o descolamento da base do pavimento.

Em função dos comprimentos correspondentes da rede de Itajubá, dos comprimentos de

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122

vias medidos para Santa Rita do Sapucaí e do comprimento total de vias do Barreiro, foi

estimada a densidade de vias por quilômetro quadrado para cada região, tendo sido

encontrados valores bastante próximos para Santa Rita e Itajubá. A área ocupada por vias

em cada situação foi calculada estimando-se uma largura média de 12 (doze) metros para

uma largura usual para as vias nos municípios do sul de Minas Gerais e para ruas fora da

área central da capital mineira.

Após a estimativa da área ocupada pelas vias foi estimada a área de vias dentro das

manchas de inundação. A partir daí foi feita a comparação entre o total de área ocupada

por vias públicas com os relatos de danos às vias feitos pela Defesa Civil para as três

regiões supra citadas. Tomou-se como base os AVADAN de 2000 e 2007 para Itajubá, o

AVADAN de 2007 para Santa Rita do Sapucaí e os relatos do representante da COPASA e

da prefeitura na época da cheia de 2000. A estimativa feita para esse dois municípios

apresentou uma variação de 9,9% até 6,0% respectivamente para Itajubá e Santa Rita do

Sapucaí para a área ocupadas por vias que encontraram-se danificadas após os eventos de

inundação citados. Para o Barreiro foi encontrado um valor equivalente a 17% da área

ocupada por vias danificada, mas a amostragem apresentada para este último não trazia

detalhes sobre a localização exata dos pontos danificados, mas apenas a identificação das

ruas que necessitaram de reparos. Ainda no caso do Barreiro, algumas informações foram

descartadas da análise por apresentarem valores inconsistentes com a ocupação da área por

vias e a estimativa de danos, julgando que os dados apresentados não se referissem apenas

à região inundada no evento de janeiro de 2009, mas sim a reparos em outras áreas por

ocasião do período chuvoso.

Ao final da análise deste sistema, a partir dos resultados encontrados, considerou-se viável

a adoção de uma porcentagem equivalente a 10% da área ocupada por vias dentro da

mancha de inundação que necessitarão de reparos.

Considerou-se pertinente a não exclusão dos trechos do pavimento de vias corrigidos pela

concessionária responsável pelo sistema de esgoto uma vez que pode haver necessidade de

recomposição do pavimento para uniformização da via.

Considerou-se, também, que ao incluir globalmente a área foram atendidas as duas

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123

situações propícias ao dano relativas à declividade.

Assim, para se avaliar os danos diretos observados no sistema viário em virtude das

inundações é necessário, primeiramente, caracterizar o sistema em relação ao material

construtivo dos mesmos e a densidade de vias na região em estudo.

A Tabela 5.10 apresenta, então, a descrição das informações para a determinação dos

danos ao sistema viário.

Tabela 5.10 - Descrição dos elementos do sistema viário para cálculo dos custos dos danos

Sistema viário

Proporção de vias em relação à área (km

de via/km2)

Característica do sistema

Largura média das vias (m)

Área de vias

danificadas em m2 Custo total dos

prejuízos às vias

terrestres em reais

Área inundada (km2)

Determinação de 10% da área ocupada

pelas vias em (m2)

Revestimento usado na pavimentação

característico da área

Custo de reparo e / ou

substituição do trecho

danificado por m

5.5 – CONSIDERAÇÕES PARCIAIS

O presente capítulo apresentou as considerações e a fundamentação para proposição de

uma sistemática de avaliação de danos à infraestrutura urbana baseada em levantamento

bibliográfico e em entrevistas às concessionárias e órgãos responsáveis pelas atividades de

recuperação e socorro às vítimas.

A sistemática proposta foi elaborada de tal forma que de posse dos parâmetros das

inundações tais como a extensão e a profundidade de submersão, e a constituição de cada

sistema seja possível estimar os danos aos mesmos em valores monetários.

A elaboração da sistemática tem o objetivo de ampliar o espectro da análise financeira

relacionada à implantação de alternativas de controle de inundações urbanas e foi validada

pela sua aplicação num estudo de caso que encontra-se descrito em capítulo subseqüente.

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124

6.0 – PROPOSIÇÃO DE SISTEMÁTICA PARA AVALIAÇÃO DO

DESEMPENHO DE CENÁRIOS PARA O CONTROLE DE

INUNDAÇÕES

As características e possibilidades em trabalhar com informações muitas vezes conflitantes

levaram ao interesse do uso de indicadores para avaliar o desempenho de cenários

compostos por medidas de controle de inundações adotadas, isoladamente ou em conjunto.

Assim, a fim de definir quais os critérios preponderantes para tratar o problema das

inundações em zonas urbanas e nortear a busca de soluções para o problema, buscou-se na

literatura os elementos indispensáveis na análise, de modo a definir critérios e um grupo de

indicadores ligados a esses critérios.

Uma preocupação, no momento da formulação desses elementos, foi a utilização de

informações disponíveis pelos órgãos de planejamento das prefeituras uma vez que a

escala de atuação da metodologia proposta se insere na esfera do planejamento urbano

municipal tomando o ponto de vista do decisor ou planejador. A escala física de aplicação

dos indicadores é variável, desde uma bacia hidrográfica até uma unidade territorial de um

bairro do município. Os indicadores propostos combinam informações físicas da área em

questão obtidos por levantamento de campo, parâmetros de inundação obtidos por

modelagem hidrológica e hidráulica e pela manipulação de fotografias aéreas ou imagens

de satélite.

No presente estudo, a escala de trabalho definida compreende uma bacia ou sub-bacia

hidrográfica urbana, que após a construção de cenários para o controle de inundações

propõe-se avaliar o comportamento dos mesmos a partir de três critérios: impactos

ambientais e de saúde pública, impactos sociais e impactos hidrológicos a jusante

definidos, a partir das considerações a seguir. Definidos os critérios foram propostos onze

indicadores de vulnerabilidade que buscassem traduzir os efeitos das inundações sobre o

meio ambiente e sobre a população assim como o impacto produzido pela introdução dos

cenários sobre a população e sobre o meio ambiente. Conforme a definição feita no

Capítulo 4 desta tese, os critérios e os indicadores que comporão o sistema de auxílio à

decisão proposto e as reflexões para sua definição encontram-se descritas no texto

seguinte.

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125

6.1 – REFLEXÕES PARA A PROPOSIÇÃO DE CRITÉRIOS E INDICADORES

O gerenciamento das águas pluviais urbanas apresenta particularidades entre países em

função das características de desenvolvimento das cidades. Parkinson e Mark (2005), em

um estudo realizado com dados de diversos países em desenvolvimento, dentre eles o

Brasil, apresentam de maneira bastante clara e objetiva, o intuito da introdução das

medidas de controle de inundações e seus efeitos a curto, médio e longo prazos em

aglomerações urbanas.

Dentre as medidas com resultado a curto prazo estão as atividades direcionadas à proteção

contra inundações cujo intuito é o de reduzir sua incidência, prevenir danos e reduzir os

riscos para a população; a proteção da saúde ambiental pela eliminação de águas paradas e

redução do perigo de doenças transmitidas por vetores alados; e o controle da erosão e da

sedimentação a jusante pela redução da instabilidade de encostas e da perda de solo de

áreas em construção.

Como medidas de resultado a médio prazo estão aquelas relacionadas à prevenção,

controle e mitigação da poluição pela preservação ou realce do ecossistema do corpo

receptor; a proteção da qualidade da água por meio da redução da descarga de poluentes; a

conservação da água pela regeneração natural da superfície de rios e lagos e a recarga da

água subterrânea; e a promoção do reuso da água. Além destas, são consideradas como

medidas com resultado a médio prazo, aquelas relacionadas à preservação da hidrologia

natural que visam reduzir as modificações nos cursos d‟água naturais, preservar os leitos

de inundação e buscar a reprodução dos regimes de escoamento naturais relacionados às

condições de pré-desenvolvimento.

Resultados a longo prazo são obtidos pela integração das medidas de controle ao projeto

paisagístico; a criação de ambientes mais saudáveis e a promoção de atividades

recreacionais; a proteção dos habitats naturais com a proteção da biodiversidade e

preservação e reestruturação da fauna e da flora; e a conservação de recursos por meio da

minimização do consumo de energia.

Norotte et al. (1998) recomendam, ainda: o reconhecimento e a proteção, na zona de

inundação, de estabelecimentos poluentes ou em risco nas inundações; a proteção de

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126

estabelecimentos sensíveis de acolhimento público tais como centros de socorro e vias de

acesso importante. Este documento ressalta ainda, a plurifuncionalidade de espaços

públicos como uma forma de reduzir o consumo de espaços e permitir, na maior parte dos

casos, uma melhor rentabilidade econômica do investimento, além de facilitar a integração

das obras na vida social da região e permitir outros usos.

Um apanhado das necessidades e das interfaces do problema das inundações em áreas

urbanas encontra-se no texto a seguir. Os aspectos abordados direcionaram a proposição

dos critérios e dos indicadores. Embora vários dos aspectos tratados aqui tenham sido

abordados por Castro (2002), os objetivos dos dois estudos são bastante diferenciados, o

que impossibilitou o uso dos indicadores já formulados.

6.1.1 - Aspectos Sanitários e de Saúde pública

Segundo Parkinson e Mark (2005), os problemas de saúde ligados à estação chuvosa estão

relacionados à deterioração das condições de saúde, sanitárias e ambientais consequentes

de uma drenagem deficiente. A água que escoa pela superfície durante os eventos de

inundação contamina-se pelo conteúdo de tanques sépticos, latrinas e redes coletoras de

águas residuárias, e passam a ser, então, disseminadoras de doenças das quais as mais

comuns são a leptospirose, a febre tifóide, a hepatite A, as diarréias e as helmintoses

intestinais (Kolsky, 1999 apud Souza, 2001).

A contaminação direta pela ingestão de patógenos pode ocorrer:

- Pela intrusão das águas pluviais contaminadas no ambiente residencial;

- Pela contaminação do suprimento de água devido à infiltração de águas residuárias em

tubulações que operam em condições de baixa pressão devido à operação intermitente

de bombas ou decorrentes de falhas de energia devido à inundação;

- Por águas provenientes diretamente de cursos d‟água poluídos por descargas de águas

pluviais contaminadas que são usadas no preparo de alimentos, limpeza e banhos;

- Pelo corpo e vestimentas de indivíduos que andam pelas águas de inundação e levam os

elementos patogênicos para o ambiente doméstico;

- Pela dispersão de ovos de helmintos no solo; e

- Pelo desenvolvimento de criadouros de mosquitos e caramujos transmissores de

doenças (Parkinson e Mark, 2005 e Kolsky, 1999 apud Souza, 2001).

São relacionadas a eventos chuvosos intensos as gastrenterites decorrentes da ingestão de

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127

bactérias e ovos de helmintos contidos nas águas contaminadas, a infecção por parasitas, as

doenças transmitidas por mosquitos e as doenças transmitidas por ratos e caramujos

(Parkinson e Mark, 2005).

Estão associadas à ingestão de água contaminada a febre tifóide, a hepatite A, as diarréias e

as helmintoses. Segundo Fashuye (1988) apud Souza (2001) estas doenças estão

associadas à grande concentração populacional, à falta de planejamento urbano relacionada

à carência de serviços de drenagem, e à ausência de redes de abastecimento de água e de

sistemas adequados de coleta das águas residuárias.

A leptospirose é decorrente do contato da água com a urina do rato de esgoto. Azevedo e

Correia (1968) e Carneiro (1997) apud Souza (2001) evidenciaram a correlação entre uma

epidemia de lepstopirose com o contato com a água e a lama de inundação. O estudo

relaciona, ainda, o número de doentes à duração da inundação observando um aumento do

número de casos com o aumento no tempo de exposição da população à inundação ou à

água contaminada. De acordo com Carneiro (1997) apud Souza (2001) há um aumento

variando entre 4% e 14%, no número de casos da doença para inundações de durações de

24 a 48 horas e de 48 a 72 horas, respectivamente. Outra constatação do autor foi o

aumento do número de casos da doença com a altura alcançada pela água de inundação.

Dentre os resultados foi observado um aumento de 3% dos casos se a água chegar à altura

dos joelhos, um aumento de 7% se chegar à altura das janelas e mais 6% se a altura da

lâmina d‟água de inundação estiver acima da altura das janelas.

Dentre as doenças transmitidas por mosquitos estão a dengue e a dengue hemorrágica, a

malária urbana, a febre amarela urbana e a filariose. Kolsky (1999) e Carnicross et al.

(1988) apud Souza (2001) relacionam a presença de vetores alados disseminadores de

enfermidades a locais com pequenos empoçamentos, tais como lajes de telhados e

depósitos sem telhas ou outro tipo de proteção. No que diz respeito à filariose, dentre os

ambientes favoráveis à proliferação do mosquito responsável pela sua disseminação estão

os terrenos alagados, poços abandonados, empoçamentos resultantes do lento processo de

infiltração da água e a existência de canais naturais não retificados com vegetação

abundante. Com relação ao mosquito disseminador da febre amarela urbana e dengue,

Nascimento Júnior (1999) relaciona a sua ocorrência à existência de poços de visita, canais

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128

e bocas de lobo, ou qualquer tipo de escavação feita no solo servindo como conduto livre.

Para o combate à malária, FUNASA e OPAS (1999) apud Souza (2001) apresentaram

como medidas de controle as obras de drenagem com vistas ao rebaixamento do lençol

freático e a eliminação de áreas alagadas. FUNASA (1999) apud Souza (2001) elenca

essas medidas partindo de duas frentes de ação. A primeira delas interfere no ciclo

biológico do mosquito e corresponde às ações de limpeza urbana e limpeza de leitos e

margens de cursos d‟água. Outra medida diz respeito regularização do escoamento de

modo a eliminar alagamentos por meio da retificação e o revestimento de canais, e a

construção de obras de arte.

A contaminação das águas pluviais também pode ocorrer pelo contato desta com matéria

tóxica encontrada em diferentes estabelecimentos tornando-se assim, fonte de poluição

difusa. As legislações que regulam a ocupação das margens de rios e córregos urbanos,

definem as zonas onde podem ser instalados esses estabelecimentos. Normalmente é

vetada a instalação, nas zonas inundáveis, de estabelecimentos de risco, mas mesmo assim,

algumas atividades aparentemente inofensivas, podem se tornar fonte de poluição difusa

durante os eventos de inundação com sérios danos à saúde da população e ao meio

ambiente. Nesse contexto merecem atenção os estabelecimentos, dentro da área de

inundação, relacionados a:

- Farmacologia, hospitais e laboratórios de análises clínicas;

- Postos de combustíveis;

- Indústria e comércio de produtos agropecuários;

- Indústria e comércio de produtos químicos;

- Aterro sanitário e usina de compostagem de lixo;

- Estação de tratamento de esgoto.

6.1.2 – Aspectos morfológicos, hidrológicos e ambientais

As intervenções decorrentes da ocupação da bacia hidrográfica trazem consigo impactos

no meio físico como um todo. No que diz respeito ao curso d‟água, para cada modificação

de uma das suas variáveis de equilíbrio segue um ajuste em cadeia em diferentes escalas de

tempo. Essas alterações não se limitam às modificações introduzidas diretamente na calha

principal do rio, mas sim no contexto que o mesmo abrange. Os efeitos das intervenções

dependem do tipo e da intensidade das modificações introduzidas no meio. A geometria do

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leito do curso d‟água apresenta ajustes em diferentes escalas de tempo e espaço, de acordo

com as modificações introduzidas. Dentre as variáveis de ajuste do curso d‟água estão: o

perfil longitudinal; a geometria do leito; a cobertura vegetal; a carga em trânsito; e os picos

de cheia de fracos a médios, sendo que nos mecanismos de equilíbrio, a vegetação das

margens apresenta um papel chave (Couvert et al., 1999).

Alguns autores consideram a potência hidráulica como um descritor morfodinâmico do

curso d‟água. Brooks (1988) apud GRAIE e Agences de l‟Eau RMC (1999) utiliza a

potência unitária como uma medida para avaliar a capacidade do curso d‟água de se

recuperar frente às modificações. Segundo este autor, com uma potência unitária abaixo de

35 W/m2 um curso d‟água não seria capaz de se auto-ajustar frente às intervenções

sofridas. De acordo com Brandt (2000), a potência hidráulica na seção pode ser expressa

pela Equação 6.1 e a potência unitária pela Equação 6.2.

Ω = 𝜌𝑔𝑄𝑆 (Eq. 6.1)

Onde:

Ω - potência hidráulica por unidade de comprimento do rio (m/s2)

𝜌 - densidade da água (kg/m3)

𝑔 - aceleração da gravidade (m/s2)

𝑄 - vazão (m3/s)

𝑆 - declividade (m/m)

Φ = 𝑢𝑆 (Eq. 6.2)

Onde:

Φ - potência unitária (m/s)

u - velocidade do fluxo (m/s)

Degoutte (2001), numa análise do efeito individual das alterações impostas à planície de

inundação, sem considerar o contexto do curso d‟água e sua capacidade de adaptação,

aponta alguns dos impactos esperados por algumas atividades:

- Retiradas no leito menor podem ocasionar erosão a montante ou a jusante chegando à

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130

desestabilização das margens; retiradas permanentes causam erosão progressiva e

regressiva com consequências irreversíveis se for atingido o substrato rochoso;

- Alargamento do leito sem modificação da rugosidade pode causar erosão regressiva a

montante, deposição na extensão do trecho modificado e erosão progressiva a jusante do

mesmo;

- Alargamento da calha principal com retirada da vegetação (redução da rugosidade) das

margens pode ocasionar erosão do fundo, erosão regressiva a montante do ponto de

início do trecho, deposição a jusante do final do trecho modificado, e erosão regressiva

do comprimento do trecho com aumento do transporte sólido;

- Cortes de meandros aumentam o transporte sólido ocasionando depressão e erosão no

trecho mais a montante do corte do material e um pouco após, e a deposição do material

retirado em seção mais a jusante na proximidade do final do trecho modificado;

- Diques causam a escavação por erosão no trecho compreendido pelo mesmo, erosão

regressiva a montante, deposição a jusante e a desproteção da base das obras existentes

(pontes, soleiras, obras de proteção das margens);

- Reduções localizadas no leito menor, tais como as observadas quando da inserção de

pilares de ponte, podem causar o aprofundamento localizado;

- Retiradas permanentes de volumes de terra no leito maior podem ocasionar erosão

regressiva da camada de terra que separa o leito maior do menor a montante e erosão

progressiva a jusante dos pontos de início e fim da retirada respectivamente;

- Retiradas de depósitos a título de manutenção podem conduzir a um aprofundamento do

leito;

- Barragens causam a deposição de sedimentos a montante da mesma em virtude da

redução da velocidade de escoamento, e erosão progressiva a jusante desta pela

liberação de uma vazão líquida livre de carga sólida.

- Derivações com restituição estão sujeitas a uma sequência de processos de

aprofundamento, aumento de nível e erosão a montante, a jusante e no comprimento da

modificação, consequências da inserção das obras e das alterações nos regimes de

escoamento do curso propriamente dito e do canal auxiliar.

- Reflorestamento da bacia de drenagem reduz o risco de erosão do rio e a produção de

material granular.

A balança de Lane, apresentada na Figura 6.1, permite a análise dos processos descritos

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131

anteriormente e sintetiza a adaptação do curso de água às mudanças sofridas. Para uma

carga sólida grande há uma tendência de deposição, ocorrendo a agradação do leito

fluvial, enquanto que se a carga sólida é pequena há uma resposta do curso de água com a

degradação do leito (Baptista e von Sperling, 2007).

Figura 6.1 - Balança de Lane (adaptado de Yang, 1996 apud Baptista e von Sperling, 2007)

De maneira geral as derivações, barragens, extrações de material granular e arborização

modificam as variáveis de controle (vazão e carga sólida) enquanto que a retificação, corte

de meandros, soleiras modificam as variáveis de resposta (largura, sinuosidade,

declividade, profundidade).

A análise qualitativa das variáveis de controle é objeto de estudo para a classificação de

cursos d‟água na França. O projeto chamado SEQ (Systémes d’Évaluation de la Qualité)

abrange a qualidade biológica (SEQ-BIO), a qualidade da água (SEQ-EAU) e a avaliação

da qualidade do meio físico (SEQ-PHY) dos cursos d‟água franceses. Segundo Demortier

e Goetghebeuer (1996), o método, proposto no início da década de noventa, foi aprimorado

e é aplicado atualmente na avaliação da qualidade física de rios de regiões francesas

conforme apresentado por Rebillard (2001) e Agences de l‟Eau (1999). De acordo com os

autores os objetivos do SEQ-PHY são verificar a qualidade das componentes do meio

físico de um corpo d‟água avaliando o grau de artificialização sofrido pelo mesmo; e ser

uma ferramenta de auxílio à decisão para a escolha de estratégias de ordenamento,

restauração e gestão de cursos d‟água franceses.

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132

O SEQ-PHY faz um apanhado das condições do leito menor (composto pelo fundo do

leito, margens e revestimento dos mesmos) e do leito maior (leito de inundação e anexos

fluviais) de modo a avaliar o seu estado e identificar elementos que perturbem seu

funcionamento. A execução da avaliação é feita primeiramente pela divisão do rio em

trechos homogêneos do ponto de vista morfodinâmico, seguido da descrição de todos os

trechos de modo a identificar o grau de artificialização de cada um deles (leito maior, leito

menor e margens). A partir de uma ficha para a avaliação composta por aproximadamente

30 (trinta) variáveis, cada uma destas é expressa em porcentagem da situação ideal e após o

cálculo da soma dos produtos ponderados dos valores obtidos para as variáveis, é

determinado o estado da qualidade física do meio.

Assim, para permitir a adaptação do meio às modificações sofridas é necessário que se

identifique os mecanismos mais agressivos e nocivos ao meio, que deverão ser adotados

cuidadosamente quando estiverem esgotadas todas as possibilidades e privilegiar as

práticas que permitam o bom entrosamento do contexto do rio com o meio urbano,

reduzindo ao máximo possível os impactos. Os meios para se conseguir isso passam pela

gestão do espaço urbano em conjunto com a gestão do transporte sólido e a identificação

das ações benéficas ao meio.

O conceito de vazão dominante ou geomorfológica aparece no contexto da morfologia dos

cursos d‟água como sendo a vazão responsável pela manutenção das características de

tamanho e forma do canal principal em seu estado natural. Essa vazão é responsável pelo

equilíbrio das condições de transporte nos canais. Em canais próximos ou em equilíbrio

dinâmico a vazão dominante é aproximadamente igual à “bankfull discharge” ou a vazão

que preenchimento total do canal antes do seu transbordamento para a planície de

inundação (Leopold et al, 1968 apud KRIS, 2007).

Atividades extremas no sentido da restauração são na grande maioria dos casos

impossíveis de serem aplicadas. Assim, Couvert et al. (1999) recomendam que sejam

considerados os fenômenos geomorfológicos nos projetos de ordenamento urbano a fim de

avaliar o impacto que o rio pode sofrer e verificar a sua aptidão em se adaptar ou não a

essas modificações. É necessário restaurar não apenas a capacidade de escoamento, mas

também o funcionamento ecológico de certos cursos d‟água e reparar os impactos das

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133

intervenções precedentes.

Para a gestão do risco de inundação e da prevenção da erosão são recomendadas a criação

de obras de infiltração e retenção, o controle do modo de ocupação e utilização do solo, a

gestão das águas, a reaquisição da terra, a proteção de margens por técnicas vegetativas e

as atividades de manutenção ligadas à retirada de obstáculos ao escoamento. No entanto o

mesmo documento recomenda que algumas atividades sejam tomadas com cuidado em

função dos seus efeitos sobre o meio físico, e outras são consideradas indesejáveis em

função dos impactos que as mesmas apresentam.

São atividades consideradas delicadas para o meio físico do curso de água:

- A limpeza de fundo e bordas (dragagem, recobrimento e modificações na estrutura

física);

- As modificações no perfil médio, mesmo respeitando o traçado original, uma vez que, ao

se tentar estabelecer um perfil do rio compatível com as necessidades de escoamento,

corre-se o risco de haver degradação das margens;

- A criação de um canal evacuador de cheia porque há risco de aumentar a frequência e a

importância da inundação a jusante, se houver retorno para o mesmo rio. Além disso o

canal só tem água no período de cheia, sendo impossível visualizar uma função para o

mesmo fora deste período;

- A proteção de margens por enrocamento uma vez que esta reduz a qualidade paisagística

e ecológica das margens e modifica as condições hidráulicas e morfológicas do curso

d‟água;

- A criação de defletores ao escoamento, que por definição, são obras ofensivas para a

geomorfologia do rio.

As ações apontadas para serem evitadas correspondem a:

- A criação de diques, uma vez que essa medida transfere para jusante a inundação e pode

agravar seus efeitos, contraria fortemente os usos ligados às margens, e é incompatível

com a preservação do meio aquático se construído dentro do espaço para ajuste do curso

d‟água ou espaço de liberdade do curso de água;

- A recalibragem do leito (retificação, etc.) uma vez que esta é traumatizante e conduz a

uma artificialização total do meio além de aumentar a probabilidade de cheia a jusante;

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134

- Os cortes de meandros, além de provocarem perturbações profundas no meio e elevam o

risco de inundações a jusante.

No que tange à qualidade da água de inundação, Chocat (1997) afirma que de 15 a 25% da

poluição de origem pluvial é atribuída à chuva. O restante da carga poluidora encontrada é

proveniente do acúmulo de diferentes elementos durante o período de estiagem pela

circulação de veículos, o lançamento de rejeitos industriais e animais, resíduos sólidos

dispostos inadequadamente, erosão da superfície do solo e carga produzida pela

degradação de vegetais. Segundo STU (1994) apud Baptista et al. (2005) e Chebbo (1992),

com exceção de nitratos, fosfatos e algumas formas de metais que se encontram

dissolvidos em água, a maior parte dos poluentes encontram-se associadas a sólidos de

granulometrias inferiores a 100µm (em torno de 70 a 80%) e uma outra parte a sólidos de

granulometrias superiores a 100µm (em torno de 25 a 30%).

Algumas medidas de controle de inundação apresentam características positivas no que diz

respeito à melhoria da qualidade da água de escoamento. As bacias de infiltração permitem

a retenção dos sedimentos e poluentes nas camadas superiores do solo, e as bacias de

retenção e detenção permitem a deposição dos mesmos no seu fundo. A utilização destes

dispositivos evita assim, a transferência da carga poluidora para os corpos receptores

superficiais e para os lençóis subterrâneos, o que seria um impacto positivo da adoção

dessas técnicas.

6.1.3 – Aspectos sociais

A população que habita ou trabalha na zona inundada sofre diretamente os seus efeitos.

Não é necessário estar alojado no pavimento térreo para sofrer os efeitos de uma

inundação, basta estar impedido de chegar ou sair de um edifício e de transitar para sofrer

os transtornos da inundação. Isso sem contar os danos materiais e os traumas subsequentes

sofridos. Esse aspecto, embora difícil de ser abordado em qualquer análise, não pode

deixar de ser considerado.

Danos indiretos, tangíveis ou intangíveis, tais como os dias parados para limpeza e

recuperação de moradias, para tratamento de enfermidades após as inundações, por

impossibilidade de acesso aos locais de trabalho, perdas de emprego, dentre tantos outros

são fatores agravantes no contexto social. Além desses, a perda de objetos de estimação,

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135

conseqüências psicológicas decorrentes, dentre tantos outros, podem persistir por tempo

indeterminado e são impossíveis de ser mensurados.

Uma ação bastante questionável e de impactos bastante profundos sobre uma comunidade

é a realocação definitiva da população que habita na zona de inundação como medida para

solução do problema relacionado a esta. Dentre os impactos que a realocação da população

apresenta estão dificuldades de acesso ao local de trabalho, prejuízos nas atividades sociais

e de lazer, entre outras. Existe ainda o impacto econômico, quando a indenização não

cobre os custos da nova moradia ou é necessário mudar de emprego em função da nova

localização da mesma. Essas razões fazem com que o impacto da realocação da população

seja significativo na análise em curso.

A realocação provisória, mesmo não tendo um impacto tão intenso quanto o da realocação

definitiva, também é fonte de transtornos e inquietações para a população. A busca de local

seguro para se alojar, as preocupações com a perda de bens materiais e a impotência diante

da situação causam grandes traumas para a população.

No Brasil o sucesso da utilização de áreas públicas para a melhoria de condições

ambientais está vinculada à finalidade imposta às obras, não apenas com relação ao aspecto

técnico do desempenho hidráulico das mesmas, mas também como uma forma de prever

uma utilização secundária para estas. Essa prática evita a reocupação da zona de risco pela

população de baixa renda além de criar ou reabilitar espaços públicos de lazer e recreação

que possibilitem a melhoria no convívio social da população, suprindo uma carência das

grandes cidades brasileiras. Assim, a utilização secundária da medida de controle adotada e

a aceitação do uso desta pela população é fator determinante para o sucesso da intervenção.

6.2 – PROPOSIÇÃO DE CRITÉRIOS E INDICADORES DE VULNERABILIDADE

PARA AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE CENÁRIOS

Segundo Le Gauffre et al. (2004), entende-se por indicadores de vulnerabilidade a

expressão da combinação entre um impacto ou elemento vulnerável e um funcionamento

deficiente. Vários são os elementos vulneráveis presentes nas áreas sujeitas a inundações.

A população sofre os impactos de intensidade e de maneira bastante diferenciada, mas o

meio físico também sofre, não apenas as conseqüências das inundações, mas também pelas

ações direcionadas à sua eliminação ou redução da sua incidência. As soluções escolhidas

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136

podem causar outros impactos tão ou mais sérios que o das inundações. Alguns desses

impactos podem chegar a inviabilizar a adoção de soluções em virtude da intensidade dos

seus efeitos.

Após a análise bibliográfica realizada foram definidos três critérios para a análise da

adoção de medidas para o controle de inundações em áreas urbanas. Associados a estes

critérios foram definidos onze indicadores que buscam avaliar o desempenho de medidas

de controle nos aspectos contextualizados anteriormente e encontram-se apresentados a

seguir.

6.2.1 – Critério “Impactos Ambientais e de Saúde Pública”

O critério referente aos impactos ambientais e de saúde pública foi estruturado em 6 (seis)

indicadores que buscam avaliar o desempenho dos cenários nos aspectos ambientais e de

saúde na área em estudo. Dois indicadores abordam os aspectos qualitativos das águas de

inundação, dois abordam os aspectos de saúde, um aborda o aspecto da quantidade da água

e recarga de aquíferos e o último deles se refere à qualidade do meio físico do curso d‟água

em estudo.

6.2.1.1 - Contaminação da água de inundação por esgoto sanitário (ICS)

Este indicador aborda o problema da contaminação da água disposta na superfície

inundada e os resultados de sua contaminação pelos resíduos da rede de esgotamento

sanitário e de animais transmissores de enfermidades, que passa a ser fonte de

disseminação de doenças de veiculação hídrica nas inundações.

A definição deste indicador parte do pressuposto que o contato prolongado de indivíduos

com as águas contaminadas aumenta a probabilidade da ocorrência de enfermidades

relacionadas às inundações conforme descrito no item 6.1.1. Sendo assim, partindo desse

pressuposto, foi proposto um indicador cujo objetivo é o de avaliar as condições de

escoamento observadas após a introdução das intervenções propostas por cada cenário e se

estas permitem a intrusão da água na rede e o contato com os resíduos do esgotamento

sanitário.

O cálculo deste indicador segue a formulação dada pela Equação 6.3 a seguir, e relaciona o

número de pessoas potencialmente passíveis de ter algum tipo de enfermidade em

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137

decorrência do contato com a água nas inundações.

iPOP

n

i

CS SDIi 50

1

.

(hab; preferência decrescente; [0;PopTOT] ) (Eq. 6.3)

ICS - indicador de contaminação por esgotamento sanitário;

DPOP - densidade populacional por unidade de área prevista para cada setor censitário

(hab.L-2

);

S50 - área da superfície inundada com altura de água de pelo menos 50 cm (altura dos

joelhos) por tempo igual ou superior a 24 horas em cada setor censitário (L2).

PopTOT - população total da área urbana (hab)

A área da superfície inundada com pelo menos 50cm de altura e duração definidas são

obtidas por modelagem hidrológica e hidráulica para a área em estudo conjugada com o

modelo numérico do terreno (MNT). A densidade populacional pode ser obtida nos planos

diretores de urbanização, pelos dados fornecidos pelo IBGE (Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística) ou ainda pela divisão da população urbana total estimada pelo

IBGE dividida pela área ocupada pela zona urbana do município (densidade populacional

média do município).

Qualquer valor diferente de zero obtido para o indicador apresenta um impacto sempre

negativo e um desempenho do cenário tão pior quanto maior for o valor encontrado. A

introdução de medidas para o controle de inundações terá efeito positivo na medida em que

estas impedirem ou reduzirem o contato da população com a água das inundações

possivelmente contaminadas.

6.2.1.2 – Proliferação de vetores alados (IPV)

Este indicador foi proposto de modo a avaliar o desempenho das intervenções previstas em

cada cenário no tocante à redução da acumulação de águas paradas que agreguem

condições favoráveis à proliferação de mosquitos transmissores de enfermidades.

Duas condições foram elencadas para fazerem parte da análise: a duração da inundação e a

existência de solo nu propícias à manutenção de água parada. Partiu-se, então, do

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138

pressuposto que as superfícies de solo nu ou áreas desocupadas providas de vegetação

rasteira com declividade de até 1%, sujeitas a inundação por mais de 1 dia atingem a

saturação e com o lento processo de infiltração da água no solo, propiciam a manutenção

de poças d‟água e tornam-se um ambiente favorável à proliferação de mosquitos. Além

dessas superfícies, medidas de controle que requeiram manutenção de um espelho d‟água

permanente, piscinas e lagos dentro da área inundável também configuram ambientes

favoráveis à proliferação de mosquitos.

A formulação proposta para esse indicador é:

TPV SI (L2 ; preferência decrescente; [0; SU] ) (Eq. 6.4)

onde:

IPV - indicador de proliferação de vetores alados;

ST - somatório entre as superfícies de solo nu ou com vegetação rasteira com

declividade igual ou inferior a 1% e área ocupada por bacias de retenção inserida

dentro da mancha para uma inundação de duração superior a 1 dia (L2)

SU - área total da zona urbana (L2)

O cálculo deste indicador faz uso da área inundada e dados de relevo local obtidos da

mesma maneira que o indicador do item 6.2.1.1, informações sobre uso do solo obtidas

pela manipulação de fotografias aéreas ou imagens de satélite de alta resolução. A escolha

da ferramenta a ser utilizada se dará em função da disponibilidade da mesma ou da

facilidade de obtenção. Pelo manuseio em programa apropriado, identificar-se-á os

elementos de interesse e em seguida será feita a combinação das informações.

Assim como para o indicador do item anterior, qualquer valor superior a zero será sempre

correspondente a um desempenho negativo do cenário. Quanto maior o valor obtido pelo

indicador, pior será o seu desempenho neste aspecto.

6.2.1.3 – Risco de Poluição Acidental (IPA)

O indicador de risco de poluição acidental aborda a questão do risco de contaminação

humana e animal, e os danos ao meio ambiente em função da contaminação da água de

escoamento por produtos tóxicos perigosos. O intuito do indicador de risco de poluição

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139

ambiental é o de verificar, em função da ocupação da área em estudo, o quanto a

implantação das intervenções previstas para cada cenário é capaz de evitar o contato da

água de inundação com estabelecimentos que utilizem produtos nocivos à saúde humana e

ao meio ambiente.

Os pressupostos para a formulação partem da consideração de que não há necessidade de

se estabelecer uma altura de lâmina d‟água mínima acima do solo para o contato, uma vez

que há a recomendação de não alojar os materiais e produtos diretamente sobre o solo, mas

também na maior parte dos casos, não há a recomendação de altura mínima a partir deste.

Outro fator para a não limitação de altura é o fato de que em várias situações os dejetos

ficam no nível do solo ou abaixo deste. Sendo assim qualquer lâmina d‟água, por menor

que seja, é capaz de ser veículo de transporte da contaminação.

A formulação proposta para este indicador é bastante simples uma vez que é difícil

hierarquizar os níveis de risco associados a cada atividade e fazer a sua inserção na

formulação. Partiu-se, então, da análise do potencial do cenário em colocar em risco a área

inundada pela existência dessas atividades dentro da mancha de inundação.

Assim, a formulação proposta para esse indicador é a seguinte:

APA NI (n; preferência decrescente; [0; NE] ) (Eq. 6.5)

onde:

PAI - indicador de poluição acidental

NA - número de empreendimentos atingidos contidos dentro da mancha de inundação

NE - número total de empreendimentos na zona urbana

Para a composição deste indicador foram utilizadas as informações relativas à extensão da

mancha de inundação prevista para cada cenário obtida de maneira semelhante às

anteriores e por meio do manuseio com fotografias aéreas, imagens de satélite de alta

resolução ou pelo cadastro de empresas existente nos órgãos públicos de planejamento

urbano. A partir dessas informações pretende-se posicionar os estabelecimentos em risco a

partir das informações sobre sua localização fornecidas por órgão responsável ou por

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140

vistoria in loco.

O impacto da contaminação acidental é sempre negativo e é tão maior quanto maior for o

valor do indicador.

6.2.1.4.- Alteração potencial na qualidade da água (IQA)

Algumas alternativas de controle apresentam a vantagem de melhorar a qualidade da água

pela retenção dos sedimentos e poluentes nas camadas superiores do solo ou por permitir a

deposição dos mesmos no seu fundo, caso da utilização de bacias de detenção (secas e com

espelho d‟água) e de bacias de retenção. Este indicador aborda a questão da melhoria da

qualidade da água em função do tipo de intervenção prevista para cada cenário e de seu

potencial de atuação nesse aspecto; assim, ele tem o objetivo de avaliar a capacidade das

alternativas de controle inseridas nos cenários em propiciar a melhoria da qualidade da

água de inundação após a sua introdução.

Para avaliação proposta o indicador parte da análise de que para toda a bacia hidrográfica,

a taxa de sedimentos produzida é constante, e que o efeito positivo ocorre somente quando

da utilização dos dispositivos que permitem a retenção/deposição de sólidos. Sabendo-se

que existe o risco de contaminação do lençol freático quando é favorecida a infiltração de

águas possivelmente poluídas, parte-se do pressuposto que a instalação de tais dispositivos

ocorra em local com características de modo que o lençol não seja alcançado.

A formulação do indicador considera que toda alternativa de controle atende uma

determinada área de drenagem, então o impacto das intervenções de cada cenário neste

aspecto é tão melhor quanto maior for a área de drenagem atendida pelas medidas seguindo

a formulação a seguir.

- Se não for usado dispositivo de infiltração, retenção ou detenção

0QAI (Eq. 6.6)

- Se for usado dispositivo de infiltração, retenção ou detenção

b

dQA

S

SI

(n; preferência crescente; [0; +1]) (Eq. 6.7)

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141

Onde:

IQA - indicador de alteração potencial na qualidade da água (n);

Sd - superfície de drenagem prevista para alimentar todas as bacias de detenção e retenção

previstas para cada cenário (L2);

Sb - superfície ocupada pela área de estudo (L2).

Assim quanto mais próximo de 1 for o indicador, melhor será o desempenho do cenário

nesse aspecto.

6.2.1.5 – Alteração na Morfologia Fluvial (IMF)

O indicador que avalia as alterações na morfologia fluvial aborda a questão da inserção de

cursos de água no contexto urbano assim como a adequação do mesmo para manutenção

da sua finalidade.

O intuito deste indicador é o de verificar se o conjunto de intervenções previstas em cada

cenário é capaz de manter ou restaurar a saúde física do curso d‟água por meio da análise

das alterações previstas para o mesmo e nas suas adjacências. Os impactos da introdução

dos cenários podem ser positivos se as ações previstas beneficiarem a manutenção,

revitalização ou restauração do espaço de modo a permitir a manutenção do equilíbrio

dinâmico e a evolução natural dos contornos do curso d‟água em questão. Quanto mais

antropizado o meio, e quanto mais artificiais as medidas adotadas no curso d‟água, mais

negativo será o impacto da introdução do cenário.

O indicador para avaliar a morfologia fluvial será composto por uma análise qualitativa das

modificações previstas para o meio após a inserção das alternativas de controle e na

avaliação dos impactos da sua introdução. Para isso, o meio no qual se insere o curso

d‟água foi dividido em função das condições dos leitos maior e menor, calha principal,

margens e o perfil longitudinal, no qual este representa o traçado do curso d‟água e as

características do seu fundo. Após a introdução das intervenções cada componente deste

contexto será expresso por um valor característico em escala definida.

A análise dos impactos parte do pressuposto que existem condições que favorecem a saúde

física dos cursos de água urbanos e que as intervenções podem incorporar essas melhorias.

Assim, para essa análise foi feito um apanhado de modo a identificar as condições

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142

consideradas recomendadas para o meio físico como sendo aquelas positivas na

manutenção do equilíbrio e da dinâmica inerente ao curso d‟água; as ações consideradas

delicadas ao meio por estarem um passo à frente das condições citadas anteriormente no

tocante à desestabilização das funções primárias desse elemento; e as ações consideradas

indesejadas para o mesmo que deverão existir somente quando da impossibilidade de se

utilizar instrumentos menos nocivos ao meio por levarem o curso d‟água a uma situação de

alto risco em relação à sua saúde física e manutenção das suas funções.

Para a formulação do indicador foi construída a Tabela 6.1 onde encontram-se listadas as

condições recomendadas, aquelas consideradas delicadas para o meio e as condições que

devem ser evitadas. Para a adoção de determinadas medidas de controle deve-se considerar

um conjunto de ações sobre o meio físico do curso d‟água e essas ações deverão ser

contempladas no momento da análise das intervenções e na qualificação das alterações

sofridas pelo meio para determinação do valor do indicador, tomando sempre como

referência, a situação atual do contexto do curso d‟água.

A formulação deste indicador propõe a adoção de uma escala quantitativa em cinco níveis

que correspondem à comparação da situação atual com a situação posterior às

intervenções. Essa escala foi baseada nas considerações feitas por Cardoso (2008) que

considerou os indicadores ligados à forma e sinuosidade em planta do curso d‟água e as

seções transversais de leitos e margens numa escala que vai de uma grande melhora (+2) a

uma grande piora (-2). O resultado do indicador será dado pelo somatório entre os valores

encontrados para as condições esperadas para cada um dos elementos formadores do

contexto do curso d‟água após as intervenções. Quanto maior o valor encontrado, melhor o

comportamento do cenário em relação à situação atual, sendo verdadeira a situação

contrária. A escala de avaliação proposta é a mostrada na Tabela 6.2

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143

Tabela 6.1– Ações previstas para a composição do indicador

5

1i

CMF iAI (n; preferência crescente; [-10; +10] ) (Eq. 6.8)

Onde:

ACi valor da condição para cada elemento do curso d‟água tomando como referência a

situação de ocupação atual

Tabela 6.2 – Valor do indicador de melhoria da morfologia fluvial

em relação à situação de ocupação atual

- adoção de uma solução que ocasione uma grande piora em relação às

condições atuais

-2

- adoção de uma solução que ocasione uma pequena piora em relação às

condições atuais

-1

- manutenção das condições atuais 0

- adoção de uma solução que ocasione uma pequena melhora em relação às

condições atuais

+1

- adoção de uma solução que ocasione uma grande melhora em relação às

condições atuais

+2

Componente Condições

Recomendadas Condições Delicadas Condições a Evitar

Leito maior

Plena possibilidade de

utilização do leito por

cheia rara

Capacidade reduzida de

utilização do leito por cheia

rara

Capacidade extremamente

reduzida ou supressão de

utilização do leito por

cheia rara

Leito menor Paisagem natural ou

reabilitada

Capacidade reduzida para

utilização do leito por cheia

rara ou urbanização parcial

de baixo risco

Supressão do uso por

cheia freqüente; ocupação

de alto risco

Margens

Estáveis, naturalmente

ou por técnicas de

engenharia ambiental

Estáveis por técnicas

artificiais Desestabilizadas

Calha principal Geometria natural Modificações na seção

Modificações com

alteração da rugosidade/

revestimento

Desenvolvimento

longitudinal (em

planta e em

perfil)

Traçado e perfil

originais

Pequenas alterações em

planta e em perfil

Alterações que

provoquem aceleração do

escoamento e

artificialização

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144

Assim o somatório das condições encontradas para os cinco componentes do curso de água

será o valor atribuído ao indicador.

6.2.1.6 – Alteração potencial sobre o volume escoado e recarga de aqüífero (IVE)

O objetivo deste indicador é o de verificar a capacidade dos cenários em reduzir o volume

escoado superficialmente e, simultaneamente, favorecer a recarga de aqüíferos. A análise

do tipo de medida inserida em cada cenário indicará a sua potencialidade em promover a

recarga do aqüífero.

Há intervenções que são concebidas para o controle de inundações que apresentam um

diferencial na medida em que reduzem o volume de escoamento superficial. Algumas

dessas medidas podem agregar outro impacto no que diz respeito à recarga de aqüíferos,

enquanto outras reduzem o volume apenas transpondo este para outro local. O indicador

aborda a questão fazendo uma análise dos volumes escoados antes e após a introdução de

cada cenário em conjunto com uma análise qualitativa relativa ao funcionamento das

medidas de controle propostas com o intuito de verificar se é possível promover a redução

dos volumes com simultânea recarga de aqüífero. Para isso parte-se da consideração de que

sejam respeitados os limites de qualidade da água de modo a prevenir a contaminação do

lençol freático. Além desta, admite-se que o volume máximo de água a ser infiltrada

corresponde à situação anterior à implantação do cenário.

O indicador proposto para essa análise tomará como base os volumes escoados antes e

após a inserção das medidas de controle definidas em cada cenário e parte do pressuposto

que se há redução no volume escoado, há também uma maior probabilidade desse volume

ter sido infiltrado, desde que não haja a transposição do volume de escoamento.

Considerou-se, ainda, que não há possibilidade de aumento do volume de escoamento

superficial pela execução das intervenções previstas para os cenários e que dentre as

medidas aplicáveis, nenhuma delas prevê a transposição de vazão. A pior situação

considerada é aquela em que há manutenção das condições de escoamento atuais.

Os dados para o cálculo do indicador podem ser os hidrogramas previstos para as situações

antes e depois da inserção de cada cenário obtidos pela modelagem hidrológica e

hidráulica, ou ainda os valores dos volumes obtidos diretamente quando da obtenção das

manchas de inundação nas situações previstas, pela manipulação de programas específicos

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145

para as rotinas de geoprocessamento. Em conjunto com as informações do volume será

feita a análise do tipo de medida adotada no cenário. Por meio dos hidrogramas será

possível calcular os volumes escoados antes e após a aplicação do cenário, e pelo resultado

obtido, calcular o indicador da seguinte forma:

A

DAVE

V

VVI

(n, preferência crescente; [0; +1] (Eq. 6.9)

Onde:

IVE – indicador de alteração no volume escoado e recarga de aquífero

VA – volume de escoamento antes da aplicação das medidas ou o volume de escoamento

do cenário de referência obtido por modelagem matemática (L3)

VD – volume de escoamento previsto após a implantação dos cenários com a medidas de

controle obtido por modelagem matemática (L3)

Quanto menor for o valor obtido para o indicador, pior o desempenho do cenário nesse

aspecto.

6.2.2 – Critério “Impactos Sociais na Área Afetada”

Os indicadores de impacto social têm por objetivo avaliar o comportamento do conjunto de

medidas propostas em relação aos efeitos da sua inserção diretamente sobre a população

alojada na região propensa a inundação. Os impactos esperados pela introdução dos

cenários são a redução da severidade das inundações sobre a população, traduzindo-se pela

redução na área afetada, dos incômodos gerados pela introdução dos cenários, e também na

melhoria das condições de convívio social.

De modo a verificar o impacto da introdução dos cenários diretamente sobre a população,

propõe-se três indicadores: população afetada pela inundação e necessidade de realocação

da população. A melhoria nas condições de convívio social será avaliada por meio da

criação de espaços de lazer e equipamentos urbanos.

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146

6.2.2.1 – Criação e reabilitação de espaços de recreação, lazer e equipamentos urbanos

(IEL)

O presente indicador aborda a possibilidade de utilização secundária das medidas de

controle de inundação previstas em cada cenário de modo a revitalizar o ambiente urbano

no qual as mesmas serão inseridas. Assim, o objetivo deste indicador é avaliar se as

medidas de controle adotadas permitem seu uso como elementos de lazer e convívio social

da população que habita na área inundável.

Nesse processo considerou-se que a população já encontra-se devidamente esclarecida

sobre o funcionamento e a finalidade das medidas de controle de inundação propostas, e

que já foram estabelecidas as suas preferências em relação aos usos secundários para as

mesmas. A formulação do indicador prevê, ainda, a possibilidade de utilização secundária

de medidas alternativas que podem não estar listadas entre os usos desejados pela

população.

A determinação deste indicador será feita de modo qualitativo levando em consideração as

preferências da população indicadas pelo decisor e pela possibilidade de aumento,

manutenção ou supressão de espaços de lazer com a introdução das medidas de controle

dos cenários na área em estudo. Dessa maneira, quatro situações poderão ocorrer, e para

cada uma delas, o indicador assumirá um peso conforme descrito a seguir:

- Dentre os usos secundários possíveis para as medidas de controle introduzidas nos

cenários poderá haver a introdução ou o aumento da área superficial utilizada como

atividade de lazer desejada para a população;

- Dentre os usos secundários possíveis para as medidas de controle introduzidas nos

cenários poderá haver a introdução ou o aumento da área superficial utilizada como

atividade de lazer não apontada como desejada pela população;

- A introdução do cenário pode não prever nem a introdução nem a supressão de

espaços a serem utilizados para o lazer;

- A introdução do cenário pode conduzir à supressão de espaços de lazer.

Baseado nas quatro situações descritas, a análise qualitativa dos cenários será feita

mediante a comparação da situação conduzindo a uma escala em quatro níveis apresentada

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147

em ordem decrescente conforme descrito na Tabela 6.3.

Tabela 6.3 – Escala de valores para avaliação do indicador IEL

Análise dos efeitos Ident. Escala

Implantação de medidas com aumento na área com uso secundário

desejado UD 1,0

Implantação de medidas com aumento da área com uso secundário

efetuado, mas não desejado pela população UN 0,5

Implantação de medidas sem uso secundário previsto ou manutenção

das condições atuais de uso IN 0,0

Supressão de usos secundários sem uso efetivo com a implantação das

medidas SI -0,5

Supressão de usos secundários intensamente efetivos com a

implantação das medidas SU -1,0

Na escala de análise, o valor do indicador será positivo a partir do momento em que seja

aumentada a superfície destinada a espaços de lazer e equipamentos urbanos. Se a

introdução das medidas de controle exigir a supressão de espaços de lazer, o impacto da

sua introdução será negativo assim como o desempenho do cenário.

6.2.2.2 – População afetada pela inundação (IPO)

O presente indicador trata do impacto sofrido diretamente pela população alojada em área

sujeita a inundação e dos transtornos por ela sofridos, transtornos estes que podem ocorrer

pelo contato direto com a água, perturbação das atividades cotidianas e possíveis traumas

decorrentes desses eventos.

De maneira bem objetiva, o impacto da ocorrência de inundações sobre a população foi

formulado para avaliar o comportamento dos cenários em relação à população atingida

diretamente pela inundação mesmo que não seja possível incorporar ao cálculo deste

indicador, as questões intrínsecas relativas a esse aspecto. Para formulação do indicador

considerou-se que os inconvenientes gerados pelo evento não se resumem àqueles que têm

seus imóveis tomados pelas águas, mas sim todos aqueles, que de uma forma ou de outra,

são impossibilitados de transitar (entrar ou sair de suas residências ou locais de trabalho)

na área inundada.

Para a composição deste indicador serão utilizados os dados relativos à extensão da

mancha de inundação e a densidade populacional obtidas das mesmas maneiras

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148

recomendadas em itens anteriores. O valor do indicador será o número de habitantes

potencialmente possíveis de serem afetados pela inundação mesmo que não estejam

alojados no andar térreo das edificações. Dessa maneira, quanto maior o valor encontrado

para o indicador pior será o desempenho do cenário nesse aspecto.

Partindo dessas premissas, o cálculo deste indicador é feito da seguinte maneira:

n

iiZIPOPPO ADI

i

1

. (hab; preferência decrescente; [0;PopTOT]) (Eq. 6.10)

Onde:

- IPO - indicador de população afetada pela inundação (hab);

- DPOP - densidade populacional prevista por unidade de área para cada setor censitário

(hab.L-2

);

- AZI - é a área da superfície inundada em cada setor censitário (L2);

- PopTOT - população total da área urbana (hab);

- n - número de setores censitários.

6.2.2.3 – Realocação da População (IRP)

A inserção de determinadas técnicas para o controle de inundações só é viabilizada com a

retirada definitiva da população para outra área para que seja possível a sua inserção. O

impacto para a população nessas situações pode inviabilizar a adoção da técnica, devendo

ser considerado no planejamento de uma área urbana.

O objetivo deste indicador é, então, o de verificar se a introdução dos cenários na área

obriga a remoção definitiva da população e a sua conseqüente realocação para outra área

para implantação das medidas de controle previstas para cada cenário. Dessa forma, assim

como indicador descrito anteriormente, o cálculo deste indicador considerará o número de

pessoas afetadas pela inserção das medidas de controle propostas em cada cenário a partir

da densidade populacional prevista para a área em estudo determinada conforme descrito

em itens anteriores, conjugada com a área ocupada pelos dispositivos de controle previstos.

Sendo assim, quanto maior a área habitada utilizada para implementação do cenário pior

será o seu desempenho.

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149

A partir dessas considerações, o cálculo deste indicador se apresenta como a seguir:

iMED

n

iiPOPRP SDI .

1

(hab; preferência decrescente; [0;PopTOT]) (Eq. 6.11)

Onde:

- IRP - indicador de realocação da população (hab);

- DPOP - densidade populacional prevista por unidade de área para cada setor censitário

(hab.L-2

);

- SMED - superfície utilizada pelas medidas de controle dentro de cada setor censitário (L2);

- PopTOT - população total da área urbana (hab);

- n - número de setores censitários.

6.2.3 – Critério “Impacto Hidrológico a Jusante da Área Afetada”

Cada um dos cenários possíveis de serem inseridos na área em estudo objetiva reduzir a

ocorrência de inundações na mesma. Na tentativa de reduzir os efeitos locais há a

possibilidade de transferir alguns efeitos para jusante. Nessa direção, o presente critério

tem como objetivo avaliar o comportamento das medidas de controle introduzidas em cada

cenário em relação a dois aspectos: a transferência da inundação e a possibilidade de

ocorrência de erosão ou sedimentação a jusante em decorrência do tipo de intervenção.

6.2.3.1 – Inundação a Jusante (IIJ)

Um dos efeitos ao se tentar resolver os problemas relacionados às inundações em uma área

é transferir os impactos desses eventos para outra área a jusante desta. Sendo assim, o

presente indicador aborda esta questão por meio da análise das vazões antes e após a

introdução do cenário com o objetivo de identificar se os cenários possíveis de serem

inseridos favorecem a transferência da inundação para jusante.

Soluções que propiciem o aumento da velocidade de escoamento, a redução do tempo de

trânsito e a elevação dos picos de cheia podem acarretar problemas em áreas a jusante do

local das intervenções. Assim, propõe-se, para o cálculo deste indicador, uma análise

relativa às condições de escoamento utilizando-se para tanto, as vazões correspondentes

aos períodos de retorno da análise, propagadas para as situações de antes e após a

introdução dos cenários.

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150

Para a propagação das vazões sugere-se aqui, a utilização do método proposto por Baptista

(1990) que descreve um modelo simplificado de propagação de ondas de cheia de fácil e

rápida utilização, que se baseia “apenas na atenuação da vazão de pico e no seu respectivo

tempo de retardamento, com a abstração da evolução temporal do hidrograma completo”.

O método procura, ao mesmo tempo, conservar as principais variáveis do problema,

usualmente mais interessantes para aplicações em hidrologia: a atenuação da vazão de pico

e o tempo de retardamento da onda cheia. No método, as seções dos cursos de água e os

hidrogramas a propagar têm uma representação simplificada, mas com a preocupação de

manter a sua representatividade. Assim, os hidrogramas são descritos por três parâmetros

característicos: parâmetro de escala de vazões; parâmetro de escala dos tempos; e

parâmetro de forma.

Caso haja preferência, pode ainda ser utilizado para encontrar a vazão final no trecho o

método de propagação de Muskingum-Cunge ou outro método simplificado.

Os parâmetros relacionados aos tempos e forma dos hidrogramas sintéticos são obtidos a

partir dos tempos de ascensão (M) e recessão (N) de hidrogramas reais de entrada, sendo

que M e N correspondem à duração da ascensão e depleção da parte do hidrograma situada

acima de 80% da vazão de pico conforme pode ser visto na Figura 6.2. Assim, o modelo

propõe uma formulação baseada na rugosidade, na declividade e no produto PQ/W,

representativo dos parâmetros de tempo e forma, sendo que no caso da atenuação, pode ser

incluída, também, a vazão.

Figura 6.2 – Hidrogramas real e sintético (Baptista, 1990)

α

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151

𝑑(𝑄 𝑊) = 𝑓(𝑛, 𝐼, 𝑃𝑄 𝑊) 𝑔(𝑄 𝑊) (Eq. 6.12)

𝑑 𝑇 𝑑𝑥 = 𝑕(𝑛, 𝐼, 𝑃𝑄 𝑊) (Eq. 6.13)

Para o caso da atenuação, pode-se precisar a expressão adotando-se:

𝑔(𝑄 𝑊) = 𝑄 𝑊 (Eq. 6.14)

𝑑(𝑄 𝑊)

𝑑𝑥=

−(𝑄 𝑊)

𝑎0𝑛𝑎1(𝐼 + 𝑎4)𝑎2(𝑃𝑄 𝑊 + 𝑎5) 0.3 (Eq. 6.15)

Integrando a Equação 6.15 para trabalhar com diferenças finitas, e efetuando regressões

lineares múltiplas os coeficientes a0, a1, a2 e a3 foram determinados a partir de uma amostra

disponível de 256 eventos e os coeficientes a4 e a5 foram obtidos por tentativas utilizando a

mesma amostragem. Assim, obteve-se as seguintes expressões que permitem a

determinação da vazão a jusante:

𝑄2 = 𝑄0 + (𝑄1 − 𝑄0)𝑒(−𝐿 𝐷) (Eq. 6.16)

𝐷 =1

𝑛0.81(𝐼 + 10−4)1.02 𝑃1 𝑄1 − 𝑄0 𝑊 + 5000 0.96 (Eq. 6.17)

𝑃1 = 𝑀1 + 𝑁1 (Eq. 6.18)

Onde:

Q1 e Q2: vazões de pico do escoamento superficial, a montante e a jusante do trecho

respectivamente em m3/s;

Q0: vazão de base em m3/s;

L: comprimento do trecho em km;

n: coeficiente de Manning;

P1: duração correspondente a 80% da vazão de pico a montante em segundos;

M1 e N1: tempos de ascensão e recessão correspondentes à duração de 80% da vazão de

pico em segundos;

W: largura média do curso de água em m.

Para o cálculo do tempo de retardamento utiliza-se a expressão da Equação 6.19:

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152

𝑑𝑇

𝑑𝑥=

1

𝑏0𝑛𝑏1 𝐼 + 𝑏4 𝑏2(𝑃1𝑄1

𝑊 + 𝑏5)𝑏3

(Eq. 6.19)

De forma análoga à da atenuação são definidos b0, b1, b2 e b3, obtendo-se as expressões

6.20 e 6.22.

𝑇 =𝐿

𝐶

(Eq. 6.20)

𝐶 =5.8

𝑛0.54(𝐼 + 0.001)0.68 𝑃1 𝑄1 − 𝑄0 𝑊 0.14

(Eq. 6.21)

Onde:

T: tempo de retardamento em segundos;

L: comprimento do trecho em km;

n: coeficiente de Manning;

I: declividade média;

P1: duração correspondente a 80% da vazão de pico a montante em segundos;

Q1: vazão de pico a montante, acima da vazão de base, em m3/s;

Q0: vazão de base em m3/s;

W: largura média em m.

A forma do hidrograma pode ser do interesse para outros fins ou mesmo para o caso da

divisão do trecho de interesse em múltiplos trechos de acordo com a conformação do

mesmo. Assim sendo, os valores correspondentes a M e N são:

𝑀2 = 𝑀1 + 𝑁1 (𝑄1 𝑄2)

𝑀1 + 𝑁1(𝑄1 𝑄2) 0.6 𝑀1 (Eq. 6.22)

𝑁2 = 𝑀2

𝑀1

𝑄1

𝑄2

0.6

𝑁1 (Eq. 6.23)

Onde:

M1 e M2: durações dos tempos de ascensão dos hidrogramas, a montante e a jusante,

respectivamente, correspondente a ponta do hidrograma superior a 80% da

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153

vazão de pico;

N1 e N2: durações dos tempos de recessão dos hidrogramas, a montante e a jusante,

respectivamente, correspondente a ponta do hidrograma superior a 80% da

vazão de pico.

A obtenção do hidrograma inicial é feita diretamente por modelagem hidrológica.

A formulação deste indicador partiu do pressuposto que o aumento na vazão de pico dos

hidrogramas a jusante das intervenções seja uma referência suficiente da transferência dos

efeitos para áreas a jusante, já que pressupõe-se que um aumento na vazão de pico leve a

uma antecipação deste e à entrada de um volume maior em menor intervalo de tempo em

relação à situação anterior. Além disso, considerou-se que o valor mínimo de vazão

encontrado deverá respeitar as condições de escoamento para preservação dos habitats

naturais do curso d‟água.

Para a formulação deste indicador admitiu-se que a área a jusante da área em estudo possui

ocupação que restringe o escoamento a partir de um determinado valor de vazão. Essa

vazão será aqui denominada de vazão de restrição.

Dessa maneira a formulação deste indicador é a mostrada nas Equações de 6.24 a 6.26 a

seguir.

Se 𝑄𝑑 ≤ 𝑄𝑅 → Independentemente

do valor de Qa 𝐼𝐼𝐽 = 1 (Eq.6.24)

Se 𝑄𝑑 > 𝑄𝑅 e 𝑄𝑎 > 𝑄𝑅

Se 𝑄𝑑 > 𝑄𝑎 𝐼𝐼𝐽 = 0 (Eq.6.25)

Se 𝑄𝑑 ≤ 𝑄𝑎 𝐼𝐼𝐽 = 0,5 𝑄𝑑−𝑄𝑎

𝑄𝑅−𝑄𝑎 + 0,5 (Eq.6.26)

QR - vazão de restrição para a manutenção das condições na área a jusante da área em

estudo (L3.T

-1)

Qd - vazão obtida após a implantação de cada cenário (L3.T

-1)

𝑄𝑎 - vazão correspondente à situação de ocupação atual (L3.T

-1)

O intervalo de variação do indicador está compreendido entre 0 e 1 em escala preferencial

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154

crescente. Valores entre 0 e 0,5 para o indicador não serão obtidos já que uma vez que

considerou-se que a piora nas condições atuais de escoamento (Qa) não é desejável

qualquer que seja a proporção do aumento. Nesse caso o indicador assume seu valor

mínimo (zero). Assim, se a implantação do cenário mantiver a vazão até o limite da vazão

de restrição, o indicador assume o valor máximo igual a 1,0. Se por outro lado não se

conseguir melhorar as condições atuais de escoamento com a implantação das medidas de

controle, o indicador assume um valor neutro igual a 0,5 e, havendo a melhora nas

condições de escoamento em relação à situação atual mesmo não chegando ao limite da

vazão de restrição, o indicador assume o intervalo de variação entre 0,5 e 1,0 calculado

pela equação acima.

6.2.3.2 – Erosão ou sedimentação a jusante (IEJ)

Algumas alternativas para o controle de inundações apresentam como características

alterações nas cargas líquida e sólida, o que pode indicar uma predisposição dessas

medidas para a ocorrência de erosão e/ou sedimentação. O objetivo deste indicador é,

então, avaliar se as medidas de controle previstas para o cenário induzem à ocorrência de

erosão ou sedimentação a jusante do trecho a sofrer a intervenção.

Para a determinação deste indicador é feita a análise qualitativa do tipo de medida a ser

adotada no cenário e caracterização da mesma de acordo com a sua aptidão em causar os

impactos citados na escala definida na Tabela 6.4.

Tabela 6.4 – Escala de análise do indicador IEJ

Análise dos efeitos Valor

Fortemente predisposta a causar erosão ou sedimentação a jusante; 0,0

Medianamente predisposta a causar erosão ou sedimentação a jusante; 0,5

Nenhuma predisposição em causar erosão ou sedimentação a jusante 1,0

IEJ (valor obtido pela Tabela 6.4) (preferência crescente, [0; +1] ) (Eq. 6.27)

Nesta escala, a melhor opção é aquela em que nenhuma predisposição a causar erosão ou

sedimentação é observada.

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155

6.3 – ANÁLISE CRÍTICA DO GRUPO DE CRITÉRIOS E INDICADORES DE

VULNERABILIDADE

Ao mesmo tempo em que os indicadores eram formulados, foi iniciado o processo de

análise da pertinência dos critérios e dos indicadores de vulnerabilidade propostos com a

finalidade de identificar a eventual ausência de aspectos relevantes e obtenção do grau de

importância relativa dos mesmos (ponderação).

Esse processo contou com a participação de especialistas de diferentes áreas de atuação:

professores e pesquisadores de instituições brasileiras e no exterior, representantes de

agências de águas, profissionais da área de recuperação de redes e órgãos de socorro às

vítimas.

Para efetuar o processo de ponderação, foram contactados 24 (vinte e quatro) profissionais

das áreas citadas e enviado um convite para participação no processo de validação dos

critérios e indicadores. Dos 24 especialistas contactados, 19 (dezenove) aceitaram

participar do processo (79,17% dos especialistas convidados) e 11 (onze) responderam ao

questionário de avaliação (55% especialistas que aceitaram participar do processo e

45,83% do total de especialistas convidados).

Os pesquisadores que participaram do processo de ponderação dos critérios e indicadores

foram divididos em grupos de acordo com as afinidades de área de atuação:

- Grupo 1 (G1) - professores e pesquisadores de instituições públicas de ensino brasileiras

- Grupo 2 (G2) - pesquisador de organismo internacional;

- Grupo 3 (G3) - representante de comitê de bacia;

- Grupo 4 (G4) - representante de Agência de Águas;

- Grupo 5 (G5) - representante da área de prestação de serviço na área de drenagem urbana

e

- Grupo 6 (G6) - representantes da Defesa Civil e Corpo de Bombeiros.

6.3.1 – Ponderação dos Indicadores

O processo de ponderação tem um papel importante no processo de decisão multicritério

os resultados irão refletir a importância que o decisor atribui a cada um desses critérios

(Pomerol e Barba-Romero, 1993). Existem diversos métodos de ponderação e os seus

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156

resultados influenciarão diretamente no resultado final de uma análise. A escolha do

método para o processo de ponderação baseia-se na adequabilidade do mesmo para o

tratamento da questão e nas facilidades encontradas para a execução deste processo.

Zeleny (1977) apud Gomes et al. (2002) comentam que as dificuldades encontradas para

atribuir pesos sejam influenciadas pela composição e/ou propriedades das alternativas

propostas, além de uma dificuldade natural do ser humano em expressar suas preferências

em pesos. Dentre as dificuldades percebidas para a atribuição dos pesos pelos indivíduos,

segundo Saaty (1991) apud Gomes et al. (2002), estão: aquelas relacionadas ao bem estar

geral; ao senso crítico; às relações interpessoais; à capacidade de adaptação; às noções de

ética e disciplina; aos esforços pessoais para melhor representar a realidade; e à busca de

uma metodologia de solução adequada.

Dentre os métodos de ponderação disponíveis podem citados:

- Métodos ditos objetivos como o método da entropia, cuja idéia essencial é que a

importância relativa de um critério, medida pelo seu peso, é função direta da quantidade

de informação disponível para esse critério em relação aos demais, ou seja, o critério

mais importante é aquele tem o mais “forte” poder de discriminação entre todos os

critérios.

- Métodos de avaliação direta tal qual o método da classificação simples que consiste na

ordenação simples pelo decisor, da sua ordem de preferências; método da avaliação

cardinal simples ou método da atribuição direta do peso, no qual o decisor avalia

diretamente cada critério segundo uma escala pré-definida; o método das comparações

sucessivas que é uma evolução do método cardinal simples no qual são eliminadas as

incoerências.

- Métodos ditos indiretos representados pelo método AHP que se baseia no cálculo de

uma matriz de comparações binárias entre os critérios (Pomerol e Barba-Romero, 1993

e Moura, 2008

Foram escolhidos dois métodos de ponderação para aplicação neste estudo: o método de

Atribuição Direta do Peso e o método AHP. Os métodos foram escolhidos em função das

suas possibilidades de uso na temática tratada, mas, principalmente, pela experiência na

utilização dos mesmos.

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157

A consulta aos especialistas foi feita pela internet e embora o número total de respostas

recebidas tenha sido considerado adequado à análise, é reconhecido que houve uma

participação maior de pesquisadores ligados a universidades brasileiras em detrimento dos

participantes dos demais campos de atuação. Apesar de contar como único participante, a

Defesa Civil e Corpo de Bombeiros do Estado de Minas Gerais contou com a avaliação de

06 (seis) membros destes órgãos, uma vez que as respostas foram definidas em um grupo

de trabalho.

Nesse processo procurou-se envolver pesquisadores de diferentes regiões do Brasil de

modo a perceber se necessidades diferenciadas ocasionam importâncias também

diferenciadas. A participação de representantes de órgãos regulatórios permite subsidiar o

estudo com informações sobre possíveis restrições ou normas vigentes que pudessem ser

incorporadas na formulação dos indicadores. Além disso, muitos dos dados a serem

utilizados podem ser fornecidos por esses órgãos.

A participação de representantes de empresas prestadoras de serviço permite uma visão

executiva do assunto, de modo a tornar o tema em discussão mais palpável do ponto de

vista prático. Os órgãos de defesa e proteção às vítimas atuam no momento de crise e

posterior a ele. As informações fornecidas pelos seus representantes dão uma idéia bastante

clara das prioridades da população e das atividades do governo municipal e estadual

quando da ocorrência de eventos de inundação.

Os representantes de comitês de bacia, responsáveis pela aprovação de planos diretores de

bacias hidrográficas, podem avaliar a potencialidade do suporte metodológico no

planejamento de áreas urbanas inundáveis e na aplicação do mesmo na proposição de

novos assentamentos urbanos.

6.3.2 – Análise de importância de critérios e indicadores

Após a definição dos métodos de ponderação que seriam utilizados na análise de

importância dos critérios e indicadores formulados, foi preparado um material para a

execução da análise e o seu envio para cada especialista.

O documento enviado está apresentado no Anexo C e consta de um texto explicativo

sucinto com a descrição dos critérios abordados no estudo e dos indicadores relacionados a

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158

cada critério. A formulação dos indicadores não fez parte do texto explicativo, muito

embora tenha sido dada oportunidade de esclarecimento de possíveis dúvidas para os

especialistas.

No documento enviado aos especialistas, logo após a exposição dos objetivos do estudo,

constava um texto explicativo sobre os critérios definidos e ao final de cada tópico

solicitava-se a importância de cada critério pelo método da Atribuição Direta de Peso ou

Pontuação Direta. Para a ponderação dos critérios foi solicitado aos especialistas que o

somatório dos pesos atribuídos fosse igual a 100.

Posteriormente ao processo de ponderação dos critérios, no documento enviado, constavam

para a execução da segunda etapa do processo de ponderação utilizando para tanto o

método AHP, o material para a ponderação dos indicadores. Nessa etapa do processo de

ponderação, os indicadores foram divididos em 3 (três) tabelas (uma para cada critério) nas

quais constavam os indicadores ligados a cada critério. Essas tabelas eram acompanhadas

da escala de comparação proposta pelo método AHP substituindo os valores da escala

sugerida por conceitos relacionados, compondo uma escala de preferência qualitativa. Foi

solicitado aos participantes do processo que fossem feitas análises dos indicadores dois a

dois preenchendo as células pelo grau de importância de um indicador em relação ao outro,

baseado na escala enviada. Terminado o preenchimento das tabelas o material foi

devolvido para posterior cálculo dos pesos atribuídos a cada indicador por cada especialista

proporcionalmente ao peso atribuído para o critério.

A comparação dos indicadores dentro de cada critério foi feita baseado numa escala

variando de uma qualificação “sem importância” até “sem dúvida muito mais importante”

conforme pode ser visto na Tabela 1 do Anexo C. Após o recebimento das avaliações, foi

feita a substituição dos conceitos de importância dos indicadores pela escala numérica do

método AHP e calculados os respectivos pesos.

De posse dos resultados numéricos dos pesos obtidos pelo método AHP, foi enviado a cada

especialista o resultado numérico da sua avaliação para confirmação dos resultados. Isso

foi feito porque o índice de incoerência calculado foi acima do permitido pelo método para

praticamente todos os envolvidos no processo de ponderação em pelo menos um dos

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159

critérios. Numa situação como essa o método recomenda que os resultados obtidos sejam

reenviados aos especialistas. Como essa tarefa demandaria um longo período de tempo,

decidiu-se realizar a confirmação dos resultados da ponderação pelo método da Pontuação

Direta. Assim, na mesma tabela com os pesos encontrados pelo método AHP, foi

preparada uma coluna em branco na qual era solicitado o preenchimento pelo especialista

dos novos pesos em caso de discordância dos valores encontrados para os pesos dos

indicadores pelo AHP.

6.3.3 – Método AHP para ponderação dos indicadores

Os pesos, no processo de tomada de decisão, significam a importância dada aos critérios de

análise em questão pelos decisores. Essa importância está relacionada a diferentes fatores

ligados às experiências, habilidades e preferências pessoais dos decisores podendo fazer

deste processo algo completamente subjetivo. A proposta do método de comparação entre

critérios segue o pressuposto de que é mais fácil para o decisor obter a importância de cada

um dos critérios pela comparação entre alternativas do que estabelecer um valor total

diretamente sobre o critério como acontece nos métodos de avaliação direta.

Para atribuir pesos aos indicadores optou-se por utilizar o método de valores próprios (ou

AHP - Analytic Hierarchic Process) desenvolvido por Saaty (1977). Esse método se

propõe a avaliar um vetor de pesos w=(w1, w2, w3, ..., wn) anexo a um problema de decisão

multicritério qualquer, comparando cada critério “i” com cada critério “j”. Assim é obtida

uma matriz quadrada A de dimensão n chamada de matriz de comparações binárias, onde

n é o número de critérios. O preenchimento da matriz é feito pela associação de um valor

aij para a comparação dos critérios dois a dois que representa wi/wj.

O método se baseia numa escala de nove níveis que variam de acordo com seus graus de

importância de 1 a 9 e se necessário, podem ser usados valores intermediários (2, 4, 6 e 8).

Se o critério i não é superior nem igual ao critério j, aij é avaliado com a mesma analogia

anterior, mas invertendo a escala proposta na qual aij=1/aji. Para utilização neste estudo foi

proposta a seguinte escala:

- 1 – se o critério i apresenta o mesmo nível de vulnerabilidade do critério j;

- 3 – se o critério i apresenta um nível de vulnerabilidade ligeiramente mais importante que

o critério j;

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160

- 5 – se o critério i apresenta um nível de vulnerabilidade notavelmente mais importante

que o critério j;

- 7 – se o critério i apresenta um nível de vulnerabilidade muito mais importante que o

critério j;

- 9 – se o critério i apresenta um nível de vulnerabilidade indiscutivelmente mais

importante que o critério j;

- 1/3 - se o critério i apresenta um nível de vulnerabilidade ligeiramente menos importante

que o critério j;

- 1/5 - se o critério i apresenta um nível de vulnerabilidade notavelmente menos importante

que o critério j;

- 1/7 - se o critério i apresenta um nível de vulnerabilidade muito menos importante que o

critério j;

- 1/9 - se o critério i apresenta um nível de vulnerabilidade indiscutivelmente menos

importante que o critério j;

Como o critério i é tão importante quanto ele próprio, na matriz de avaliação, os

coeficientes da diagonal principal assumem o valor 1. Como sempre há aij=1/aji é suficiente

avaliar o triângulo superior da matriz A, onde os n(n-1)/2 coeficientes aij já que j > i.

As matrizes de comparações binárias são ditas recíprocas por possuírem propriedades

particulares sobre as quais repousa uma parte da eficiência do método AHP. Assim, pode-

se dizer que uma matriz de comparações binárias é coerente quando para todo i e todo j,

aij=wi/wj, ou seja, que aij (que traduz a importância relativa de i sobre j) é exatamente igual

ao quociente das importâncias absolutas que se deseja avaliar. É desejável que o decisor

tenha coerência ao realizar as comparações, mas na verdade o método pressupõe o

contrário, ou seja, que em maior ou menor grau, sempre existe uma certa incoerência na

sua avaliação.

Se o decisor (ou a pessoa que preenche a avaliação) é coerente, certo número de

propriedades é verificada, como é o caso da transitividade.

𝑎𝑖𝑗 =𝑤𝑖

𝑤𝑗=

𝑤𝑖

𝑤𝑘×

𝑤𝑘

𝑤𝑗= 𝑎𝑖𝑘 × 𝑎𝑘𝑗 (Eq. 6.28)

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161

Supondo que haja coerência na avaliação, será chamada de matriz de comparações W, a

matriz onde W=(wij)=(wi/wj). Assim:

𝑊. 𝑤 =

𝑤11 𝑤12 … 𝑤1𝑛

𝑤21 𝑤22 … 𝑤2𝑛

⋮ ⋮ ⋮ ⋮𝑤𝑛1 𝑤𝑛2 … 𝑤𝑛𝑛

=

𝑤1 𝑤1 𝑤1 𝑤2 𝑤1 𝑤𝑛

𝑤2 𝑤1 𝑤2 𝑤2 𝑤2 𝑤𝑛 … … …

𝑤𝑛 𝑤1 𝑤𝑛 𝑤2 𝑤𝑛 𝑤𝑛

x

𝑤1

…𝑤𝑛

= 𝑛𝑤 (Eq. 6.29)

Se a propriedade 𝑊. 𝑤 = 𝑛𝑤 é verificada o decisor é coerente, isso significa que n é um

valor próprio de W e que w é um vetor próprio associado a ele. Assim, se W é uma matriz

de coeficientes positivos o seu valor próprio n é positivo e de maior módulo (dominante)

isso implica dizer que w é o vetor próprio dominante.

Para se assegurar da sua coerência, o especialista preencherá a matriz W com cujos valores

será calculado o maior valor próprio 𝛿𝑚á𝑥 da matriz W assegurando-se que seu valor seja

próximo do número de atividades a julgar (n). Para traduzir essa proximidade de n calcula-

se uma taxa de incoerência dada por: 𝐶𝐼 =𝛿𝑚 á𝑥−𝑛

𝑛−1. Esse valor será comparado com a taxa

máxima de incoerência chamada também, de coeficiente de incoerência aleatório (CIA)

obtida calculando-se CI por matrizes recíprocas preenchidas aleatoriamente. Se o resultado

de 𝐶𝐼

𝐶𝐼𝐴 for inferior a 10%, o decisor foi coerente.

Tabela 6.5 – Coeficiente de Incoerência Aleatório (CIA)

(Pomerol e Barba-Romero, 1993)

n CIA

2 0,00

3 0,58

4 0,90

5 1,12

6 1,24

7 1,32

8 1,41

9 1,45

6.3.4 – Métodos de Atribuição Direta do Peso ou Pontuação Direta

Os métodos dessa categoria são assim denominados porque o decisor avalia os pesos para

cada critério diretamente. Como são os métodos de ponderação mais antigos, são também

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162

os mais largamente usados em vários contextos.

Dentre os métodos de avaliação direta, um especialmente foi utilizado neste estudo: o

método de avaliação cardinal simples. Esse método consiste na avaliação da importância

dos critérios, pelo decisor, de acordo com uma escala pré-definida, variando de 0 a 100

pontos.

Esse foi aplicado nas duas etapas de consulta aos especialistas. Na primeira etapa foi

solicitado aos especialistas a ponderação direta dos critérios anteriormente à ponderação

dos indicadores. O texto explicativo do método continha uma linha ao final de cada critério

onde era solicitado ao avaliador que determinasse o peso de cada critério.

Na segunda etapa, foi solicitado aos especialistas, os pesos de todos os indicadores ligados

a cada critério tomando como base os pesos aplicados na primeira fase da consulta.

6.3.5 – Avaliação dos especialistas

Após a análise dos indicadores pelos especialistas, foi feito o cálculo dos pesos dos

mesmos. O resultado da aplicação do método AHP apresentou um índice de incoerência

acima do admitido pelo método para todos os especialistas em pelo menos um dos critérios

analisados. Assim, procedeu-se a segunda etapa da consulta na qual foi solicitado a cada

especialista a avaliação do resultado da ponderação pelo método AHP e a correção das

discordâncias pelo método de pontuação direta. Foi então enviada a cada especialista a

Tabela 5 do anexo A na qual constava o peso encontrado para os indicadores dados por

eles mesmos e calculados pelo método AHP e uma coluna em branco na qual o

especialista poderia fazer a correção do peso conforme sua opinião. Para os especialistas

que não reenviaram o formulário preenchido, foi admitido o peso calculado pelo método

AHP, mesmo com um índice de inconsistência acima do desejado. Além disso, alguns

especialistas concordaram com o peso calculado pelo AHP e estes foram então os

adotados.

Os pesos relativos aos critérios pelo método de Pontuação Direta para cada especialista

encontram-se na Tabela 6.6, podendo ser observado na Tabela 6.7, as médias encontradas

para os pesos e seus respectivos desvios. Pelos resultados apresentados, o critério que teve

maior diferença na avaliação foi o que trata dos aspectos sociais.

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163

Tabela 6.6 – Pesos atribuídos aos critérios pelos especialistas

Especialista

Critério E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E10 E11

Impactos Ambientais e de

Saúde Pública 25 30 35 40 60 40 40 35 40 40 40

Impactos Sociais 35 50 30 30 20 30 30 45 30 20 20

Impactos Hidrológicos 40 20 35 30 20 30 30 20 30 40 40

Tabela 6.7 – Análise estatística dos pesos dos critérios

Critério Média Desvio Padrão

Impactos Ambientais e de Saúde Pública 36.64 6.69

Impactos Sociais 30.91 9.70

Impactos Hidrológicos 30.45 7.89

A Tabela 6.8 apresenta os pesos dos indicadores proporcionais a seus respectivos critérios

calculados pelo método AHP. A Tabela 6.9 mostra os índices de incoerência calculados

pelo método para os critérios Impactos Ambientais e Impactos Sociais. Para o critério

Impactos Hidrológicos a Jusante não houve índice de incoerência relacionado já que este

critério foi composto de apenas dois indicadores.

A Tabela 6.10 apresenta o resultado final da ponderação incorporando as alterações feitas

na última etapa do processo. Pelo resultado obtido a maior variação observada nos pesos

ocorreu para o indicador relacionado à População Afetada (IPO). Destacaram-se no

resultado da ponderação os indicadores relacionados ao favorecimento de inundações a

jusante (IIJ) e o indicador relacionado à poluição acidental (IPV) em virtude da ocorrência

da maior e da menor média encontrada nos pesos dados pelos especialistas respectivamente

para os dois indicadores. Em relação ao indicador IPA, foi observada uma convergência na

opinião dos especialistas, uma vez que a variância para este indicador foi a menor obtida

entre todos os indicadores ponderados.

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164

Tabela 6.8 – Pesos dos indicadores calculados pelo Método AHP ponderados pelos pesos

dos critérios

Identificação Impactos Ambientais e de Saúde Pública na Área

Afetada (IAS)

Impactos Sociais na

Área Afetada (IS)

Impactos

Hidrológicos a

Jusante da

Área Afetada

Espec Grupo ICS IPV IPA IQA IMF IVE IEL IPO IRP IIJ IEJ

E1 G1 1.50 11.70 0.60 3.73 3.73 3.73 2.52 24.40 6.12 33.32 6.68

E2 G1 1.24 12.38 1.28 5.99 2.98 6.13 3.54 36.16 10.29 17.50 2.50

E3 G1 1.25 7.62 3.49 1.57 6.36 12.71 1.58 14.21 14.21 17.50 17.50

E4 G3 6.82 2.80 2.21 1.49 12.85 13.83 22.18 5.71 2.10 26.25 3.75

E5 G6 29.15 1.64 9.64 10.80 4.61 4.16 1.61 11.74 6.65 15.00 5.00

E6 G1 5.73 3.21 2.29 0.82 15.51 12.44 16.13 6.68 3.19 27.00 3.00

E7 G1 6.67 6.67 6.67 6.67 6.67 6.67 6.34 3.07 20.59 22.50 7.50

E8 G2 16.26 9.31 3.99 3.09 1.18 1.18 3.52 21.90 19.59 16.67 3.33

E9 G5 7.02 4.58 2.03 0.75 11.00 14.62 21.82 6.63 1.55 27.00 3.00

E10 G4 3.30 5.94 1.87 17.75 1.06 10.08 5.06 13.17 1.77 35.00 5.00

E11 G1 6.87 4.22 1.92 6.21 2.00 16.79 13.17 1.77 5.06 33.33 6.67

Tabela 6.9 – Índices de Incoerência encontrados pelo Método AHP

Especialista Grupo Impactos Ambientais e de

Saúde Pública Impactos Sociais

E1 G1 0,145 0,214

E2 G1 0,267 0,377

E3 G1 0,341 0,000

E4 G3 0,642 0,545

E5 G6 0,203 0,214

E6 G1 0,666 1,576

E7 G1 0,000 0,158

E8 G2 0,217 0,011

E9 G5 0,662 0,763

E10 G4 0,167 0,330

E11 G1 0,582 0,330

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165

Tabela 6.10 – Pesos dos indicadores atribuídos pelos especialistas pelo Método de

Atribuição Direta dos Pesos

Identificação dos

grupos de

especialistas

Impactos Ambientais na Área Afetada Impactos Sociais na

Área Afetada

Impactos a

Jusante da

Área

Afetada

ICS IPV IPA IQA IMF IVE IEL IPO IRP IIJ IEJ

G1 Especialista 1 2.00 7.00 1.00 5.00 5.00 5.00 5.00 20.00 10.00 25.00 15.00

G1 Especialista 2 1.24 12.38 1.28 5.99 2.98 6.13 3.54 36.16 10.29 17.50 2.50

G1 Especialista 3 1.25 7.62 3.49 1.57 6.36 12.71 1.58 14.21 14.21 17.50 17.50

G3 Especialista 4 6.82 2.80 2.21 1.49 12.85 13.83 22.18 5.71 2.10 26.25 3.75

G6 Especialista 5 20.00 5.00 6.00 10.00 5.00 14.00 3.00 12.00 5.00 15.00 5.00

G1 Especialista 6 5.73 3.21 2.29 0.82 15.51 12.44 16.13 6.68 3.19 27.00 3.00

G1 Especialista 7 6.67 6.67 6.67 6.67 6.67 6.67 10.00 7.00 13.00 16.00 12.00

G2 Especialista 8 16.26 9.31 3.99 3.09 1.18 1.18 3.52 21.90 19.59 16.67 3.33

G5 Especialista 9 7.02 4.58 2.03 0.75 11.00 14.62 21.82 6.63 1.55 27.00 3.00

G4 Especialista 10 4.00 6.00 2.00 16.00 1.00 11.00 5.00 12.00 3.00 35.00 5.00

G1 Especialista 11 6.87 4.22 1.92 6.21 2.00 16.79 13.17 1.77 5.06 33.33 6.67

média 7.08 6.25 2.99 5.42 6.50 10.40 9.72 13.28 7.91 23.48 6.98

desvio padrão 5.97 2.81 1.87 4.71 4.91 4.89 7.86 9.70 5.91 6.96 5.33

variância 35.67 7.92 3.49 22.14 24.1 23.95 61.71 94.14 34.92 46.44 26.36

A Figura 6.3 apresenta graficamente o resultado dos pesos atribuídos aos indicadores por

cada especialista, após a validação.

Outras observações decorrentes do processo de ponderação serão feitas posteriormente,

após a análise dos comentários dos especialistas.

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166

Figura 6.3 – Representação gráfica dos pesos dos indicadores

6.3.5 - Análise dos comentários efetuados pelos especialistas

A consulta aos especialistas resultou, ainda, na obtenção das opiniões dos mesmos em

relação à ausência de aspectos relevantes à análise e possíveis alterações na adaptação dos

indicadores aos critérios formulados.

Dos onze especialistas consultados, cinco fizeram algum tipo de observação a respeito dos

critérios e indicadores propostos. Nenhum dos especialistas questionou a pertinência dos

aspectos levantados. As observações foram bastante interessantes e ressaltaram alguns dos

aspectos importantes da metodologia proposta.

Um dos especialistas comentou que sentiu uma certa dificuldade para ponderar os

indicadores para uma situação genérica. Esse especialista citou como exemplo o indicador

referente à proliferação de vetores alados levantando a questão que a análise de

importância deste indicador depende da região analisada (se de clima tropical ou

subtropical) e da estação do ano (verão ou inverno). Esse mesmo especialista citou que o

indicador relativo à poluição acidental pode ser o problema mais grave em determinadas

regiões enquanto que em outras, pode não ter qualquer influência.

Acredita-se que na prática o processo de ponderação dos indicadores e critérios seja feita

mediante a escolha do decisor ou planejador para uma região específica. Assim, as

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167

particularidades relativas ao clima ou região geográfica estarão aplicadas ao caso

específico e os pesos dos indicadores coerentes com essa realidade. Nesse momento a

finalidade foi de verificar a pertinência dos indicadores, muito embora essa análise possa

ter sofrido a influência da região de onde está o especialista ou da sua área de atuação. De

qualquer forma essa dificuldade manifestada pelo especialista ao fazer as comparações de

importância entre os indicadores para uma situação geral pode ter sido um dos agravantes

para a inadequabilidade do Método AHP para tratar a questão.

Outro especialista considerou os indicadores “pertinentes e bem elaborados na sua

concepção”, mas que poderiam ter sido abordados no critério “impactos sociais na área

afetada” dois elementos: a facilidade de entendimento/compreensão da população em

relação às alterações provocadas pelo cenário; e a aceitação da população em relação a

um determinado cenário.

O aspecto abordado pelo especialista citado no parágrafo anterior foi levantado no

momento de definição dos indicadores, e acredita-se que o planejamento de uma área de

risco de inundação deva ser feita em conjunto com a sociedade e os governantes. Para a

inclusão deste aspecto na maior parte das áreas urbanas sujeitas a inundações deve ser

precedido de um trabalho de instrução ou esclarecimento da população sobre o

funcionamento das técnicas de controle, realçando seus benefícios e apresentando suas

limitações. Esse trabalho é árduo e os técnicos de grande parte dos municípios não estão

preparados para fazê-lo. Ainda assim, espera-se que no indicador que trata da criação e

reabilitação de espaços de lazer e equipamentos urbanos, a participação do decisor

contemple essa questão no que se refere aos usos desejados pela população e na

compreensão do alcance das medidas para o controle de inundações como função

prioritária e nas limitações inerentes a cada medida.

Um outro especialista julgou o indicador referente às alterações sobre o volume escoado e

a recarga de aqüíferos “mais como um indicador técnico que ambiental e de saúde

pública”. Com relação a esse comentário foi considerado que o aspecto ambiental estaria

ligado à possibilidade de alimentação do aqüífero e recuperação das características do meio

físico. Esse mesmo especialista considerou que a avaliação do indicador relacionado à

propensão para geração de inundação a jusante já contempla o impacto da geração de

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168

erosão ou sedimentação a jusante. Na análise proposta, os dois impactos foram alocados

em indicadores diferentes porque na verdade, as alterações na carga líquida e sólida podem

promover a ocorrência da erosão ou sedimentação, mas não pode-se dizer que os dois

fenômenos ocorram simultaneamente. Assim, acredita-se não haver redundância na análise

por meio de dois indicadores.

A análise conjunta dos pesos dos indicadores e das considerações feitas pelos especialistas

norteou o prosseguimento do trabalho. O resultado da análise dos pesos dos indicadores

não revelou nenhuma tendência na ponderação. O único consenso foi o baixo peso

atribuído ao indicador IPA relacionado ao risco de poluição acidental, e o alto peso

atribuído ao IIJ por todos os especialistas, com uma variância relativamente pequena

principalmente para o IPA. Mesmo com o baixo peso encontrado não se considerou

adequado excluir nenhum dos indicadores da análise, mas sim realizar a adequação dos

mesmos às realidades apresentadas por cada local de aplicação. Assim, para o indicador

IPA, ligado à poluição acidental, decidiu-se por “habilitar” o mesmo em situações em que

esse impacto é importante e “desabilitar” o mesmo das demais aplicações.

Após uma longa reflexão foram sugeridas algumas modificações no grupo de critérios e

indicadores que estão descritas a seguir.

6.4 – CONSOLIDAÇÃO DO CONJUNTO DE CRITÉRIOS E INDICADORES DE

DESMPENHO

Após o processo de ponderação dos critérios e indicadores de vulnerabilidade propostos,

realizou-se uma análise crítica em relação à importância dos pesos atribuídos a cada um

deles, a análise dos comentários feitos pelos especialistas e ainda uma análise de

redundância dos indicadores. Diante destas análises foram feitas algumas alterações nos

critérios e agrupamento de alguns indicadores.

6.4.1 – Realocação de critérios e indicadores

Uma vez realizado o processo de formulação e ponderação do grupo de critérios e

indicadores propostos, foi realizada uma análise sobre o contexto dos mesmos (análise dos

especialistas, pesos atribuídos por estes, análise estatística básica) e chegou-se à conclusão

de que os indicadores poderiam ser agrupados em critérios de maneira um pouco diferente

do proposto inicialmente. Assim, foram definidos três novos critérios para alocar os

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169

indicadores propostos. A abordagem dos indicadores permanece inalterada, com algumas

adequações.

Os critérios propostos para essa segunda etapa da análise foram agrupados, conforme o

elemento vulnerável em questão, de modo a avaliar o desempenho das medidas de controle

introduzidas nos cenários em relação aos impactos das inundações e da introdução dos

cenários na área em estudo ou a jusante desta. Assim, dois novos critérios foram definidos,

o critério “Impactos sobre a população” e o critério “Impactos sobre o meio”. O terceiro

critério é o critério que trata dos “Impactos hidrológicos” que também sofreu algumas

alterações na sua concepção, mas que manteve a formulação dos indicadores ligados a ele.

6.4.2 – Indicadores ligados ao critério “Impactos sobre a população”

Neste critério foram agrupados os indicadores que representam os impactos das inundações

sentidos diretamente pela população. Estão incluídos aqui, os indicadores relacionados aos

aspectos sociais, sanitários e de saúde pública que constavam da distribuição de critérios da

proposição anterior. As alterações são sugeridas após análise do processo de ponderação e

de uma análise de redundância relativa aos aspectos abordados e ao equacionamento

proposto.

6.4.2.1 – População afetada e exposta ao desenvolvimento de enfermidades (IPE)

Este indicador representa a união de dois dos indicadores propostos anteriormente: o

indicador “população afetada pela inundação - IPO” e o indicador “contaminação da água

de inundação por esgoto sanitário - ICS”. Assim, com a junção destes indicadores a idéia é

avaliar se as medidas de controle que compõem os cenários são capazes de reduzir a

exposição da população aos riscos da inundação e ao desenvolvimento de enfermidades em

virtude dessa exposição.

Ambos os indicadores relacionam a população afetada como indício do comportamento

das intervenções para a solução dos problemas relacionados às inundações na área em

estudo. Os detalhes que diferenciam a formulação de um indicador do outro são os

aspectos relacionados à duração da inundação e à altura de submersão. Assim, foi

considerado que havia certa redundância na análise dos dois aspectos, e dessa forma surgiu

a motivação para a junção dos mesmos em um único indicador que abrangesse a questão

da população afetada e que ao mesmo tempo estaria exposta ao desenvolvimento de

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enfermidades ligadas aos eventos de inundação.

Além das questões levantadas no parágrafo anterior, o peso médio obtido pelo indicador

ICS foi relativamente baixo e mesmo assim, o valor da média 7,08 encontrado foi elevado

em função da ponderação alta dada a ele por apenas dois especialistas.

Outra consideração a respeito da agregação destes indicadores e que também foi uma

modificação inserida na sua formulação, diz respeito ao funcionamento de um sistema de

alerta, mesmo de caráter rudimentar, prevenir a população sobre a possibilidade de

ocorrência de inundação. Partiu-se da análise da possibilidade de, diante do alerta da

inundação, existir a possibilidade da população, alojada nas áreas limítrofes na mancha de

inundação, poderem se preparar para o evento. Considerou-se que antes de a altura de

submersão atingir 1 (um) metro, a população consegue realojar móveis e eletrodomésticos,

e desocupar o imóvel antes de sofrer contato com a inundação propriamente dita e que a

uma altura de submersão de 0,5m há um aumento significativo do risco de contágio de

enfermidades.

Assim, a formulação final deste indicador é a seguinte:

n

i

POPPE iiSDI

1

50. (hab; preferência decrescente; [0;PopTOT] ) (Eq. 6.30)

IPE - indicador de população afetada e exposta ao desenvolvimento de enfermidades

(hab);

DPOP - densidade populacional estimada por unidade de área para cada setor censitário

(hab.L-2

);

S50 - superfície inundada com altura de água maior ou igual a 50cm por tempo igual ou

superior a 24 horas para cada setor censitário (L2);

PopTOT- população total da área urbana (hab);

n - número de setores censitários.

A avaliação do desempenho de cada cenário continua o mesmo: quanto maior o valor

encontrado para o indicador, pior o seu desempenho nesse aspecto.

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171

6.4.2.2 - Proliferação de vetores alados (IPV)

O indicador que avalia a potencialidade de cada cenário na manutenção de ambientes

propícios à proliferação de mosquitos transmissores de enfermidades permanece com a

mesma formulação sendo a Equação 6.4 que descreve o comportamento deste indicador.

6.4.2.3 - Risco de Poluição Acidental (IPA)

A formulação deste indicador permanece a mesma citada na Equação 6.5, mas a inclusão

do mesmo na avaliação será feita mediante a análise prévia da região em estudo. Baseado

nos comentários dos especialistas a respeito da aplicabilidade deste indicador e nos pesos

atribuídos, chegou-se a algumas conclusões.

A média de pesos recebida pelo indicador foi a menor observada em todo o processo (2,99)

com um desvio padrão de 1,87, o que poderia sugerir a sua exclusão do processo de

avaliação do desempenho dos cenários, mas os comentários dos especialistas chamaram a

atenção para aspectos que não podem ser ignorados. Dependendo da ocupação de uma

área, a poluição pelo contato com produtos perigosos pode ser o fator mais importante na

análise. Assim, decidiu-se por não considerar apenas o resultado da ponderação, mas todo

o contexto da avaliação, ou seja, em regiões onde há ocorrência de fontes poluidoras de

grande importância dependendo de sua área de influência, este indicador deverá fazer parte

da análise. Nos casos em que este aspecto não seja característico da região, ele poderá ser

excluído da análise, mas mantém-se a sua formulação.

6.4.2.4 - Criação e reabilitação de espaços de recreação, lazer e equipamentos urbanos (IEL)

O indicador que trata da utilização dos usos secundários das medidas inseridas no cenário

permanece com a mesma formulação descrita pela aplicação da Tabela 6.3, partindo da

análise qualitativa das medidas inseridas e da possibilidade de uso secundário da mesma

respeitando a vontade da população onde o cenário será inserido.

6.4.2.5 - Realocação da População (IRP)

Assim como o indicador anterior, este indicador também segue as mesmas premissas e a

mesma formulação proposta anteriormente (Equação 6.11).

6.4.3 – Critério “Impactos sobre o meio”

Neste critério foram alocados todos os indicadores com o intuito de avaliar os impactos

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172

sobre o meio ambiente. Não houve alteração na formulação destes indicadores, sendo

assim, o texto a seguir apresenta os indicadores ligados a este critério e sua formulação.

6.4.3.1 - Alteração na Morfologia Fluvial (IMF)

O indicador relativo à morfologia fluvial permanece com a mesma formulação original

combinando a Equação 6.8 obtida a partir das análises feitas nas Tabelas 6.1 e 6.2.

6.4.3.2 - Alteração potencial na qualidade da água (IQA)

A formulação do indicador que avalia a potencialidade dos cenários na melhoria da

qualidade da água permanece a mesma apresentada pelas Equações 6.6 e 6.7. A Figura 6.4

apresenta uma simplificação da análise desse indicador em forma de fluxograma, mas em

nada é alterado o cálculo do mesmo.

Figura 6.4– Análise executada para determinação do indicador IQA

Onde:

IQA - indicador de alteração potencial na qualidade da água (n)

Sd - superfície de drenagem prevista para alimentar todas as bacias de detenção e

retenção previstas para cada cenário (L2)

Sb - superfície ocupada pela área de estudo (L2)

6.4.3.3 - Alteração potencial sobre o volume escoado e recarga de aqüífero (IVE)

Assim como para o indicador apresentado no item anterior, a formulação deste indicador

permanece a mesma. Sua determinação é feita tomando como base Equação 6.9

apresentada anteriormente. A Figura 6.5 apresenta de maneira gráfica o cálculo do mesmo.

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173

Figura 6.5 – Análise executada para determinação do indicador IVE

Onde:

IVE – indicador de alteração no volume escoado e recarga de aquífero

VA – volume de escoamento antes da aplicação das medidas ou o volume de escoamento

do cenário de referência obtido por modelagem matemática (L3)

VD – volume de escoamento previsto após a implantação dos cenários com a medidas de

controle obtido por modelagem matemática (L3)

6.4.4 – Critério “Impactos hidrológicos”

As alterações previstas para este critério são de concepção e conceituação do critério e de

local de aplicação dos indicadores. A formulação dos indicadores ligados a este critério

não sofreu alteração. Para modificação do presente critério foi considerado que,

dependendo da área em estudo, as medidas para o controle de inundações poderão ser

inseridas a montante da área em estudo e/ou no perímetro delimitado para esta. Assim,

torna-se inadequado o termo “Impactos hidrológicos a jusante da área de estudo”, pois o

impacto a jusante da intervenção pode significar um impacto produzido na própria área em

estudo, a montante ou a jusante desta. Dessa maneira, os indicadores ligados a este

critérios são:

6.4.4.1 – Inundação a jusante das intervenções (IIJ)

Este indicador, conforme sua proposição inicial, tem o intuito de avaliar se a introdução

dos cenários propicia a geração de inundação a jusante da área em estudo. Essa

consideração é a mesma feita na proposição inicial deste indicador uma vez que isto seria

uma transferência dos impactos da área onde serão implantados os cenários para áreas a

jusante desta. A formulação do indicador permanece a mesma apresentada pelas Equações

6.24 a 6.26, mostradas anteriormente.

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6.4.4.2 - Erosão ou sedimentação a jusante das intervenções (IEJ)

Este indicador sofreu modificações nas considerações da sua concepção uma vez que

houve a constatação de que determinadas intervenções podem ser aplicadas a montante da

área em estudo ou dentro da mesma. Assim, a ocorrência de erosão e/ou sedimentação

derivadas da inserção de determinadas medidas de controle de inundações poderão ocorrer

dentro da área em estudo, a jusante desta, ou mesmo a montante desta, dependendo da

localização das intervenções.

A formulação do indicador propriamente dita não foi alterada e é feita mediante consulta à

Tabela 6.4. Assim como mostrado anteriormente, ela parte da análise qualitativa da

predisposição das medidas de controle que compõem o cenário, em gerar erosão ou

sedimentação a jusante delas, mas não necessariamente a jusante da área em estudo.

6.4.5 – Ponderação final dos indicadores

A Tabela 6.11 apresenta a ponderação final dos indicadores em relação aos novos critérios.

Para o estabelecimento dos pesos foram mantidos os valores dos pesos originais de cada

indicador excetuando-se os indicadores ligados ao antigo critério “Impactos ambientais e

de saúde pública”. Para esses indicadores a ponderação foi corrigida considerando o peso

do indicador ICS distribuído pelos cinco outros indicadores ligados ao critério (IPA, IPV, IMF,

IQA e IVE).

Tabela 6.11 – Pesos finais dos indicadores

Indicador Média

População afetada e exposta ao desenvolvimento de enfermidades 13,19

Risco de poluição acidental 4,50

Proliferação de vetores alados 7,76

Criação e reabilitação de espaços de recreação, lazer e

equipamentos urbanos 9,62

Realocação da população 8,00

Alteração na Morfologia Fluvial 7,83

Alteração potencial na qualidade da água 6,74

Alteração potencial sobre o volume escoado e recarga de aqüífero 11,90

Inundação a jusante das intervenções 23,39

Erosão ou sedimentação a jusante das intervenções 7,07

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175

6.5 – AGREGAÇÃO DOS INDICADORES

A proposta de resultado pretende fornecer ao tomador de decisão elementos que

esclareçam todos os aspectos abordados e em que grau uma opção é melhor que outra

tomando como base o desempenho dos cenários no que tange aos aspectos abordados nos

indicadores de vulnerabilidade e no tocante aos custos relacionados a cada alternativa. A

maneira julgada mais clara de apresentar os resultados é a utilização de um critério único

de desempenho, obtido pela agregação dos indicadores de vulnerabilidade em um único

indicador viabilizando, assim, uma análise desempenho-custo.

Para a agregação de indicadores diversos e com abordagens até mesmo divergentes

propõe-se a utilização de um método de análise multicritério que tem como característica

principal a possibilidade de agregar aspectos e pesos diferenciados em função da

importância dada a cada aspecto durante o processo.

Dentro dos métodos de Análise Multicritério Discreta (AMD) podem ser adotadas quatro

abordagens (Roy, 1985, Gomes et al., 2002):

- Problemática da escolha Pα: auxiliar a escolher uma “melhor” ação ou a elaborar um

procedimento de seleção de ações que satisfazem tendo com resultado uma escolha ou um

procedimento de seleção;

- Problemática do Tri Pβ: auxiliar na triagem das ações que parecem “boas” e descartar as

que parecem “ruins”;

- Problemática do Pγ: ordenar as ações segundo uma ordem de preferência ou elaborar um

procedimento de classificação;

- Problemática do Pδ: auxiliar na descrição das ações e/ou suas conseqüências de forma

sistemática e formal ou elaborar um procedimento cognitivo.

Dentre as quatro problemáticas citadas, a presente proposta se enquadra na problemática α

uma vez que adotar essa problemática significa permitir comparar todas as opções

disponíveis e justificar a não escolha da maior parte delas (Roy, 1985).

Segundo Gomes et al. (2002), o critério único de síntese é construído com base na

agregação de todos os critérios a partir de uma função de agregação definida. O vetor de

performances dessa ação deverá considerar, ainda, as informações intercritérios tais como

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176

os pesos dos critérios ou taxas de conversão.

Dentre as diferentes metodologias multicritério de agregação, buscou-se para aplicação no

estudo de caso, uma metodologia simples, de fácil aplicação e que se adaptasse às

mudanças de escala dos indicadores. Partindo dessas considerações o método de agregação

escolhido foi baseado no conceito de distância ideal.

Segundo Pomerol e Barba-Romero (1993), a noção de ação ou ponto ideal foi introduzida

no campo da análise multicritério por Geoffrion em 1965. Roy em 1968 e Benayoun et al.

em 1971 utilizaram esse conceito no método de decisão multicritério STEM, mas foi

Zeleny em 1973 que fez dele o elemento central da sua “solução de compromisso” no

sentido que ela é a mais próxima do ideal.

A idéia de minimização de uma distância foi introduzida no domínio da decisão

multicritério por Charnes e Cooper em 1961 no quadro da “goal programming”. Nessa

filosofia não se minimiza uma distância a um ideal, mas sim a distância ao objetivo (goal)

do decisor, que não é forçosamente o ideal, mas talvez o realista. Assim, os métodos de

distância a uma ação ideal consideram como melhor alternativa aquela mais próxima da

ideal, aquela em que todos os indicadores possuem os melhores valores possíveis. Ao

contrário, a alternativa mais distante da ideal, aquela em que todos os indicadores possuem

os piores resultados possíveis, será a pior alternativa, ou a mais próxima da anti-ideal.

Vários são os métodos multicritério que utilizam o conceito da distância ideal, mas é no

método TOPSIS que esse conceito mostra toda sua utilidade na decisão multicritério,

servindo de base para um método específico e operacional (Pomerol e Barba-Romero,

1993).

Segundo o axioma da racionalidade da escolha proposto por Zeleny (1982 apud Pomerol e

Barba-Romero, 1993), é racional escolher a ação que está mais próxima do ideal ou a mais

distante da anti-ideal. Próxima ou distante da ação supõe-se que tenha sido definida a

distância escolhida dentre as várias possíveis, que por sua vez não são equivalentes. Do

ponto de vista da análise multicritério, a mais usual é a distância de Minkowski que define

a distância entre dois pontos 𝑥 = 𝑥1,𝑥2 , …… , 𝑥𝑛 e 𝑦 = 𝑦1, 𝑦2, …… , 𝑦𝑛 pela Equação

6.31 a seguir:

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177

𝑚𝑝 = 𝑥𝑗 − 𝑦𝑗 𝑝

𝑗

1𝑝

para 𝑝 ≥ 1 (Eq. 6.31)

Onde:

mp: distância de Minkovski entre os pontos x e y;

j: critério analisado;

xj: ponto de coordenada x para o critério j;

yj: ponto de coordenada y para o critério j;

p: valor que define o tipo de distância.

Os valores mais utilizados de p são:

𝑝 = 1, se a distância é do tipo retangular;

𝑝 = 2, se a distância é do tipo Euclidiana; e

𝑝 = ∞, se a distância é do tipo de Tchebycheff.

Para se considerar os pesos dos indicadores relativos a cada um dos critérios a distância a

uma ação ideal passa a ser então escrita como a Equação 6.32:

𝑚𝑝 = 𝑤𝑗𝑝 𝑥𝑗 − 𝑦𝑗

𝑝

𝑗

1 𝑝

(Eq. 6.32)

Onde:

mp: distância de Minkovski entre os pontos x e y;

j: critério analisado;

wj: peso do critério j;

xj : ponto de coordenada x para o critério j;

yj : ponto de coordenada y para o critério j;

p: valor que define o tipo de distância.

Dentre os diversos métodos baseados na distância ideal e anti-ideal, para a agregação dos

indicadores da presente pesquisa optou-se por utilizar o método TOPSIS (Technique for

Order Preference by Similarity to Ideal Solution) (Hwang e Yoon, 1981 apud Pomerol e

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178

Barba-Romero, 1993).

No método TOPSIS a associação entre a distância ideal e a anti-ideal é feita por meio de

uma taxa de similaridade. A Figura 6.6 mostra que o cálculo feito por meio apenas da

distância ideal ou anti-ideal apresenta resultados diferenciados. Nessa figura são

apresentados cinco ações A, B, C, D e E de uma escolha para dois critérios. São

representados na figura, também, os pontos ideal e anti-ideal. Considerando atribuídos

pesos iguais e se for utilizada a distância euclidiana habitual, o ponto C seria o mais

próximo do ideal enquanto que o ponto D seria o mais distante do anti-ideal.

O método TOPSIS resolve o dilema da escolha entre a ação ideal e a anti-ideal, que se

apresenta como uma evolução da Programação de Compromisso, utilizando a idéia de

Dasarathy (1976) aplicada à análise de dados. Assim, para cada ação

𝑎𝑖 = (𝑎𝑖1, 𝑎12 ,…… , 𝑎𝑖𝑛 ) são calculadas 𝑑 𝑝𝑀 𝑎𝑖 e 𝑑

𝑝

𝑚 (𝑎𝑖) as distâncias métricas

ponderadas à ação ideal e anti-ideal, segundo as expressões 6.33 e 6.34.

Figura 6.6 - Ilustração da noção de distância ao ideal e ao anti-ideal

(Pomerol e Barba-Romero, 1993)

𝑑 𝑝𝑀 𝑎𝑖 = 𝑤𝑗

𝑝 𝑎 𝑗𝑀 − 𝑎𝑖𝑗

𝑝

𝑗

1𝑝

, para p≥1 (Eq.6.33)

Onde:

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179

𝑑 𝑝𝑀 𝑎𝑖 : distância de Minkovski entre os pontos 𝑎 𝑗

𝑀 e aij;

j: critério analisado;

wj: peso do critério j;

𝑎 𝑗𝑀 : ponto de ideal para o critério j;

aij: ponto de coordenada da alternativa considerada para o critério j;

p: valor que define o tipo de distância.

𝑑 𝑝𝑚 𝑎𝑖 = 𝑤𝑗

𝑝 𝑎 𝑗𝑚 − 𝑎𝑖𝑗

𝑝

𝑗

1𝑝

, para p≥1 (Eq.6.34)

Onde:

𝑑 𝑝𝑚 𝑎𝑖 : distância de Minkovski entre os pontos e aij;

j: critério analisado;

wj: peso do critério j;

𝑎 𝑗𝑚 : ponto de anti ideal para o critério j;

aij: ponto de coordenada da alternativa considerada para o critério j;

p: valor que define o tipo de distância.

A partir das Equações 6.33 e 6.34 pode ser calculada a taxa de similaridade:

𝐷𝑝 𝑎𝑖 =𝑑 𝑝

𝑚 𝑎𝑖

𝑑 𝑝𝑀 𝑎𝑖 − 𝑑 𝑝

𝑚 𝑎𝑖 para p≥1 (Eq.6.35)

Onde:

𝐷𝑝 𝑎𝑖 : taxa de similaridade;

𝑑 𝑝𝑚 𝑎𝑖 : distância de Minkovski ao anti-ideal;

𝑑 𝑝𝑀 𝑎𝑖 : distância de Minkovski ao ideal;

p: valor que define o tipo de distância.

O valor de 𝐷𝑝 𝑎𝑖 varia de 0, para o ponto anti-ideal, a 1, para o ponto ideal. O valor do

índice de desempenho para cada sistema será o próprio valor da taxa de similaridade

𝐷𝑝 𝑎𝑖 . Assim, para a aplicação do método TOPSIS à metodologia proposta torna-se

necessária a normalização dos indicadores para o intervalo proposto pelo método (entre 0 e

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180

1). As expressões propostas para a normalização fazem parte do item a seguir.

6.6 – NORMALIZAÇÃO DOS INDICADORES

Para agregação dos indicadores de vulnerabilidade pelo método TOPSIS é necessária a

conversão dos indicadores em uma escala única compatível com o método variando no

intervalo entre 0 e 1. Sabendo-se que o processo de normalização não é neutro, ao

normalizar os indicadores buscou-se manter a proporcionalidade dos mesmos, não

esquecendo, no entanto, de evitar possíveis compensações decorrentes do processo. Assim,

na formulação para a normalização, os valores limites de alguns dos indicadores foram

alterados de modo a compensar o impacto da normalização sobre os mesmos. Os demais

foram obtidos de maneira proporcional à formulação original ou no caso dos indicadores

IVE, IQA, IIJ e IEJ, já encontram-se normalizados.

As formulações propostas para normalização dos indicadores IPE, IPV, IPA, IEL, IRP e IMF

encontram-se detalhadas a seguir. Juntamente com as equações para normalização

encontram-se reapresentadas as equações de cálculo dos indicadores.

6.6.1 - Normalização do indicador de população afetada e exposta ao desenvolvimento

de enfermidades (IPE)

n

i

POPPE iiSDI

1

50. (Eq. 6.36)

𝐼𝑃𝐸𝑁= 1 −

𝐼𝑃𝐸

𝑃𝑜𝑝𝑏𝑎𝑠𝑒

(Eq. 6.37)

Onde:

IPE - indicador de população afetada e exposta ao desenvolvimento de enfermidades

(hab);

DPOP - densidade populacional estimada por unidade de área para cada setor censitário

(hab.L-2

);

S50 - superfície inundada com altura de água maior ou igual a 50cm por tempo igual ou

superior a 24 horas para cada setor censitário (L2);

𝐼𝑃𝐸𝑁 - indicador de população afetada e exposta a enfermidades normalizado;

𝑃𝑜𝑝𝑏𝑎𝑠𝑒 - população total da área urbana inundável para a máxima cheia considerada na

análise;

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181

n - número de setores censitários.

6.6.2 -Normalização do indicador de proliferação de vetores alados (IPV)

TPV SI (Eq. 6.38)

𝐼𝑃𝑉𝑁= 1 −

𝐼𝑃𝑉

𝑆𝑈𝑀

(Eq. 6.39)

Onde:

IPV - indicador de proliferação de vetores alados;

ST - somatório entre as superfícies de solo nu ou com vegetação rasteira com

declividade igual ou inferior a 1% e área ocupada por bacias de retenção inserida

dentro da mancha para uma inundação de duração superior a 1 dia (L2)

𝐼𝑃𝑉𝑁 - indicador de proliferação de vetores alados normalizado;

𝑆𝑈𝑀 - área total da zona urbana inundável para a máxima cheia considerada na análise.

6.6.3 - Normalização do indicador de poluição acidental (IPA)

APA NI (Eq. 6.40)

𝐼𝑃𝐴𝑁= 1 −

𝐼𝑃𝐴

𝑁𝐸𝑀

(Eq. 6.41)

Onde:

PAI - indicador de poluição acidental

NA - número de empreendimentos atingidos contidos dentro da mancha de inundação

𝐼𝑃𝐴𝑁 - Indicador de poluição acidental normalizado;

𝑁𝐸𝑀 - número total de empreendimentos na zona urbana inundável para a máxima cheia

considerada na análise.

6.6.4 - Normalização do indicador de criação e reabilitação de espaços de recreação,

lazer e equipamentos urbanos (IEL)

O indicador IEL original encontra-se descrito na Tabela 6.12 e os valores deste indicador

normalizado na Tabela 6.13.

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182

Tabela 6.12 – Escala de valores para avaliação do indicador IEL

Análise dos efeitos Ident. Escala

Implantação de medidas com aumento na área com uso secundário

desejado UD 1,0

Implantação de medidas com aumento da área com uso secundário

efetuado, mas não desejado pela população UN 0,5

Implantação de medidas sem uso secundário previsto ou manutenção

das condições atuais de uso IN 0,0

Supressão de usos secundários sem uso efetivo com a implantação das

medidas SI -0,5

Supressão de usos secundários efetivos com a implantação das

medidas SU -1,0

Tabela 6.13 – Escala de valores para avaliação do indicador IEL normalizado

Análise dos efeitos Ident. Escala

Implantação de medidas com aumento na área com uso secundário

desejado UD 1,0

Implantação de medidas com aumento da área com uso secundário

efetuado, mas não desejado pela população UN 0,75

Implantação de medidas sem uso secundário previsto ou manutenção

das condições atuais de uso IN 0,5

Supressão de usos secundários sem uso efetivo com a implantação das

medidas SI 0,25

Supressão de usos secundários com a implantação das medidas SU 0

6.6.5 - Normalização do indicador de realocação da população (IRP)

iMED

n

iiPOPRP SDI .

1

(Eq. 6.42)

𝐼𝑅𝑃𝑁= 1 −

𝐼𝑅𝑃

𝑃𝑜𝑝𝑏𝑎𝑠𝑒

(Eq. 6.43)

Onde:

IRP - indicador de realocação da população (hab);

DPOP - densidade populacional prevista por unidade de área para cada setor censitário

(hab.L-2

);

SMED - superfície utilizada pelas medidas de controle dentro de casa setor censitário (L2);

𝐼𝑅𝑃𝑁 - indicador de realocação da população normalizado;

𝑃𝑜𝑝𝑏𝑎𝑠𝑒 - população total da área urbana para a máxima cheia considerada na análise

(hab);

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183

n - número de setores censitários.

6.6.6 - Normalização do indicador de morfologia fluvial (IMF)

5

1i

CMF iAI (Eq. 6.44)

𝐼𝑀𝐹𝑁=

𝐼𝑀𝐹 + 10

20

(Eq. 6.45)

Onde:

ACi - valor da condição para cada elemento do curso d‟água tomando como referência a

situação de ocupação atual;

𝐼𝑀𝐹𝑁 - indicador de morfologia fluvial normalizado;

𝐼𝑀𝐹 - indicador de morfologia fluvial.

6.7 – INDICADORES DE CUSTO

A proposta do presente estudo é dar subsídios aos planejadores para a escolha de

alternativas de controle de inundações em áreas urbanas, podendo estas serem da ordem de

grandeza de um município ou de um setor residencial. Sabe-se que a decisão sobre as

intervenções a serem adotadas não dependem apenas do desempenho hidráulico das

medidas de controle que podem ser introduzidas com o intuito de controlar as inundações,

tanto que o presente estudo aborda outros aspectos que não o aspecto técnico pura e

simplesmente.

Uma parcela de fundamental importância na análise de intervenções, no que tange ao

planejamento, é o aspecto financeiro, sendo este, capaz de inviabilizar totalmente uma

dada iniciativa proposta. Assim, uma abordagem mais robusta deve avaliar o desempenho

das alternativas e realizar uma análise financeira relacionada.

Com o intuito de preencher o máximo dos requisitos do planejamento de áreas urbanas

sujeitas a inundações, para revelar um contexto mais amplo das alternativas sugeridas,

propõe-se aqui, realizar uma análise desempenho-custo de modo a confrontar os

indicadores de vulnerabilidade apresentados com indicadores de custo.

Normalmente ao se realizar um estudo desse gênero são abordados dois aspectos

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184

concernentes aos custos: os custos de implantação e os custos de operação e manutenção.

De modo a ampliar esse aspecto, o presente estudo utiliza, também, os custos relacionados

aos danos ocasionados ou previstos ligados a eventos de inundações para a análise da

escolha entre alternativas de controle de inundações.

A partir das informações dessas três categorias de custos será obtido um indicador global

de custos que posteriormente será confrontado com o índice de desempenho obtido pela

agregação dos indicadores de vulnerabilidade. O resultado da análise-desempenho custo

será efetuada por meio de um método a ser definido em item posterior. Nos itens a seguir

serão descritos os componentes do indicador de custo composto dos aspectos citados

6.7.1 – Custos de implantação

Os custos de implantação dos quais trata a presente pesquisa são os custos relacionados aos

materiais e mão-de-obra necessários para a execução das medidas de controle previstas

para cada cenário incluindo custos relacionados às leis sociais pertinentes.

Os custos relativos à implantação podem ser conseguidos em revistas e catálogos

especializados na área de orçamento, órgãos ligados à indústria da construção civil ou por

meio de composições de custos para orçamento das obras a serem executadas. Esses custos

estão relacionados ao tipo de obra, vulto da mesma e material constituinte. Incluem

serviços gerais, preparação e instalação de canteiro de obra, movimentos de terra e

instalação de máquinas e equipamentos específicos, quando houverem.

6.7.2 – Custos de manutenção e operação

As intervenções propostas para cada cenário, independentemente de se constituírem em

uma obra, utilização de equipamentos ou a utilização conjunta de ambos requerem, com

uma freqüência determinada, atividades de manutenção do sistema para garantia de sua

eficiência. Além disso, existem os custos de operação conforme o tipo de sistema e

funcionamento deste.

Os valores de cada um desses custos dependem da vida útil atribuída às intervenções e

devem ter seus valores trazidos para o presente. Assim, as parcelas relativas aos custos de

manutenção e operação correspondem ao Valor Presente Líquido (VPL) dos custos anuais

destinados aos mesmos, atualizadas por uma taxa de desconto considerando a vida útil do

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185

empreendimento.

Segundo Lanna (2001) entende-se por vida útil o intervalo de tempo compreendido entre o

início da operação de determinado projeto ou intervenção até o momento em que essa

operação se realiza de forma não econômica, diferenciando-se da vida física do

empreendimento, que pode continuar mesmo quando este não se apresenta mais rentável.

Assim, a avaliação de um projeto dever ser feita tomando-se um período de análise que

possui o intervalo de tempo normalmente menor que a vida útil do mesmo.

A comparação de duas alternativas deve ser feita no mesmo período de análise para evitar

que sejam privilegiados projetos que retornem seus investimentos a curto ou longo prazos.

No caso de projetos com vida útil diferentes, podem ser tomadas duas abordagens. A

primeira preconiza que quando a vida útil de uma alternativa for múltipla da vida útil da

outra, repete-se o projeto de vida útil menor tantas vezes em seqüência quantas forem

necessárias para serem igualadas as vidas úteis, sendo o período de análise igual ao número

de anos do projeto de maior vida útil. No caso de vidas úteis de projeto não múltiplas, o

projeto de vida útil menor deverá ser repetido tantas vezes em seqüência quantas forem

necessárias para ultrapassar a vida útil do projeto de longa duração, sendo que na última

seqüência, o projeto será interrompido de forma a serem igualadas as vidas úteis. O valor

residual será avaliado nesse ponto e constará como um benefício (Lanna, 2001).

Segundo Vieira Sobrinho (1986), “o Valor Presente Líquido é uma técnica de análise de

fluxos de caixa que consiste em calcular o valor presente de uma série de pagamentos (ou

recebimentos), iguais ou diferentes, a uma taxa conhecida, e deduzir deste o valor do fluxo

inicial (valor do empréstimo, do financiamento ou do investimento)”.

O Valor Presente Líquido é calculado pela seguinte expressão:

𝑉𝑃𝐿 = 𝐶0 + 𝐶𝑛

1 + 𝑖 𝑛𝑛=1

(Eq.6.46)

Onde:

𝐶0: fluxo de caixa feito na data zero;

𝐶𝑛 : fluxo de caixa feito no período n;

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186

i: taxa de juros corrente ao período n;

n: número do período em que foi feito determinado fluxo.

A taxa de descontos é usada para estabelecer equivalências de valores no tempo com o

intuito de avaliar a depreciação de um bem ou serviço no tempo. A definição de taxas de

desconto para investimentos públicos é fase importante no planejamento econômico de

uma sociedade. Taxas menores favorecerão a viabilização de projetos, “mas poderão

facilitar a implantação de uma política de investimentos perdulária e inconseqüente, com

baixa produtividade social. Uma taxa alta de desconto, por outro lado, dificultará a

viabilização de investimentos e obstaculizará o processo de formação de capital”.

6.7.3 – Custos dos danos decorrentes das inundações

As inundações em áreas urbanas acarretam grandes transtornos para a comunidade

atingida. Conforme visto anteriormente, os danos das inundações trazem conseqüências

que variam desde aquelas que podem ser mensuradas em valores monetários até efeitos

psicológicos de longo prazo.

O terceiro componente do indicador de custos relaciona os danos diretos das inundações a

diferentes setores. Para o cálculo desta componente do indicador foram tomadas duas

categorias de danos: os danos às edificações e seu conteúdo e os danos à infraestrutura

urbana.

6.7.3.1 – Danos às edificações e conteúdo

A avaliação de danos para os setores habitacional, de comércio e serviço tomará como base

a metodologia desenvolvida por Machado (2005). Neste estudo a autora obteve curvas de

danos por altura de submersão combinando duas abordagens diferentes. Parte dela utilizou

dados de danos reais ocorridos para diferentes eventos de inundação e a estimativa de

danos hipotéticos tomando como base os efeitos potenciais na construção e seu conteúdo.

No setor residencial os danos decorrentes de inundações foram relacionados, entre outros

fatores, à qualidade da edificação e seu conteúdo, à área construída, o estado da edificação

em termos de tipo, quantidade e qualidade dos bens duráveis, e eletrodomésticos e artigos

de decoração. Com base nessas informações foram obtidos padrões de vida e verificada

certa dependência entre as curvas de danos e os fatores mencionados anteriormente.

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187

A condição social das famílias foi definida conforme o Critério Brasil (ABIPEME, 2004)

que adota cinco classes (A, B, C, D e E) em ordem decrescente de classificação dos

padrões de vida, bem estar e conforto, e no nível de educação dos adultos na família.

Os danos na edificação foram estimados a partir do orçamento dos custos de reparo dos

danos causados pela inundação, tendo como base a NBR71721 a partir do estabelecimento

de quatro padrões construtivos: alto, normal, baixo e classe de trabalho. A definição dos

padrões das edificações considera nove itens de acabamento considerados mais

importantes. São estes: o revestimento de paredes internas e externas; acessórios de

banheiro e cozinhas; e os materiais constituintes de portas e janelas.

Na avaliação dos danos foram definidos projetos típicos para cada classe social baseado

nos padrões brasileiros de renda e dados empíricos de distribuição de área construída para

cada classe social. O conteúdo de cada unidade residencial (mobiliário, eletrodomésticos,

itens ornamentais, etc.) foi definido conforme os padrões de classe social definidos, e os

preços atribuídos foram os preços de mercado.

A estimativa dos danos às residências para as diferentes classes sociais em diferentes

profundidades de submersão foi baseada nos estudos de Penning-Rowsell e Chatterton

(1977).

Para a avaliação dos danos aos setores de serviços as empresas foram agrupadas tomando

como base o CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) e os dados do

PAC (Pesquisa Anual do Comércio) e do PAS (Pesquisa Anual de Serviços), ambos tendo

como referência o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Para esses grupos

de empresas foram estimados os danos à construção, conteúdo do estabelecimento tais

como equipamentos (computadores e outros), móveis para escritório, danos ao estoque,

sendo este a maior fonte de perdas por inundações no setor comercial.

Na avaliação dos custos dos danos à edificação nos estabelecimentos de serviços e de

venda a varejo, o levantamento foi feito tomando como base as informações obtidas pela

aplicação de questionários para cada estabelecimento inventariado. Essa estimativa foi

feita utilizando o mesmo processo de cálculo utilizado para o setor habitacional.

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188

A estimativa de danos aos estoques também foi feita tomando como base as informações

coletadas por questionários em todos os estabelecimentos inventariados. Os questionários

foram utilizados para obter informações de outros tipos de conteúdo em cada

estabelecimento comercial ou de serviço (computadores, equipamentos de escritório e

produtos em exibição).

6.7.3.2 – Danos à infraestrutura urbana

Para determinação dos danos à infraestrutura urbana será utilizada a sistemática proposta

no Capítulo 5 deste documento. Os setores selecionados para a avaliação são os mesmos

constantes da sistemática apresentada.

Para a aplicação da sistemática devem ser levantados dados de cada sistema para a

composição dos custos relacionados nos locais onde os mesmos serão aplicados.

Alterações no material construtivo podem ocasionar diferenças nas estimativas. Essas

informações serão buscadas junto aos órgãos responsáveis por cada setor de modo a

caracterizar o sistema. Os custos relacionados serão obtidos utilizando as mesmas fontes

descritas no item 6.7.1 incluindo a possibilidade de se realizar a composição dos custos

para cada sistema. Os sistemas de drenagem urbana, pavimentação de vias e de limpeza

urbana normalmente são responsabilidade das prefeituras municipais, sendo os órgãos

municipais responsáveis pelo repasse das informações.

6.8 – ANÁLISE DESEMPENHO-CUSTO

O resultado da análise a ser apresentado permitirá auxiliar o decisor na escolha entre as

alternativas de cenários propostas para uma dada área. A intenção ao se escolher os

métodos de tratamento das informações e dos métodos de resposta, é obter uma maneira

que seja o mais compreensível possível para auxiliar de maneira bastante incisiva a análise

dos resultados. Partindo dessas premissas, para a apresentação dos resultados da análise

desempenho-custo foi escolhido o Gráfico de Pareto em referência a Pareto, economista e

sociólogo que estudou situações econômicas nas quais vários agentes possuíam escolhas

diferentes e muitas vezes conflituosas. Assim, foi mostrado que para se obter uma solução

exequível deve-se encontrar um meio termo no qual o ganho de um representa mais ou

menos uma perda para outro.

O Gráfico de Pareto foi utilizado no estudo desenvolvido por Moura (2004) para a exibição

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189

dos resultados da análise desempenho-custo efetuada pela autora, apresentando uma forma

bastante clara e objetiva de mostrar os resultados encontrados. A solução ideal denominada

optimum é aquela em que os critérios não podem mais melhorar ao mesmo tempo. O

Gráfico de Pareto é aquele que apresenta um ponto ideal, o optimum de Pareto em um dos

vértices, e o ponto diagonalmente oposto representa a solução antiideal (Pomerol e Barba-

Romero, 1993). O índice de desempenho utilizado para o método é o próprio valor da taxa

de similaridade ( )( ip aD ) apresentada no item 6.5 pela Equação 6.35. Assim pode-se dizer

que:

)( ipk aDId (Eq. 6.47)

Na qual:

Idk: índice de desempenho da alternativa k;

)( ip aD : taxa de similaridade da alternativa k.

O Gráfico de Pareto representa então, os valores dos pares ordenados (Ick, Idk) no qual Ick é

o índice de custos referente à alternativa k em análise; Ck é o indicador de custos da

alternativa k; e nT: número total de alternativas.

O índice de custos é calculado a partir do indicador de custos descrito no item 6.7 seguindo

a formulação descrita na Equação 6.48.

k

T

n

k

k

kC

n

C

Ic

T

1

(Eq. 6.48)

Onde:

kC : custo da alternativa k;

Tn : número total de alternativas;

kIc : índice de custos.

Os pontos que se localizarem mais próximos ao canto superior direito representam as

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190

soluções mais adequadas, enquanto que os pontos que se localizarem mais próximos ao

canto inferior esquerdo representam as soluções menos adequadas. A Figura 6.7 apresenta

uma ilustração do Gráfico de Pareto.

Gráfico de Pareto

solução ideal

solução antiideal0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1

Índice de Custo

Índ

ice

de

De

se

mp

en

ho

Figura 6.7 - Gráfico de Pareto (Moura, 2004)

6.9 – CONSIDERAÇÕES PARCIAIS

A sistemática de auxílio à decisão objeto do desenvolvimento desta tese prevê a utilização

de indicadores como ferramenta para avaliar o desempenho de alternativas de controle de

inundações urbanas. O presente capítulo apresentou as considerações e o desenvolvimento

de dez indicadores de vulnerabilidade formulados abordando os aspectos ambientais,

sociais, hidrológicos, de saúde pública, sanitários e financeiros.

Esses indicadores passaram por um processo de consulta a especialistas que possibilitou

estabelecer o grau de importância dos mesmos e uma readequação de indicadores e

critérios. Os indicadores formulados, quando agregados, formam um índice de

desempenho e um índice de custos que permitem avaliar o desempenho das alternativas de

controle nos diferentes aspectos levantados, identificando a alternativa mais adaptada à

solução do problema de inundações local de maneira clara e objetiva.

Para validação da proposição, a sistemática de avaliação do desempenho de alternativas de

controle de inundações urbanas foi aplicada a um estudo de caso real cujos resultados

encontram-se descritos nos capítulos posteriores.

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191

7.0 – CONSOLIDAÇÃO DA SISTEMÁTICA PROPOSTA – ESTUDO

DE CASO MUNICÍPIO DE ITAJUBÁ - MG

Para consolidação da avaliação de danos e da análise de desempenho por meio de

indicadores foi proposta a aplicação da sistemática em um estudo de caso no município de

Itajubá, sul do estado de Minas Gerais. A escolha do município foi função da existência de

estudos anteriores tais como os desenvolvidos por Vianna (2000), Queiroz (2003) e

Machado (2005). Esses forneceram o levantamento de seções topobatimétricas, a

calibração do modelo hidráulico utilizado e auxiliaram na proposição de cenários para a

aplicação da metodologia.

7.1 – DESCRIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

O rio Sapucaí, que corta o município de Itajubá, possui aproximadamente 212 km de

extensão da sua nascente, no município de Campos do Jordão – SP, até seu ponto mais a

jusante, localizado na confluência deste com o rio Sapucaí Mirim, no município de Pouso

Alegre. As nascentes do rio Sapucaí estão em altitudes que variam de 1700 a 1800 metros

apresentando declividades elevadas até atingir a planície onde está localizado o município

de Itajubá, atingindo cotas da ordem de 840 metros. Nos 12 km de extensão do rio na

planície onde se localiza o município, atinge valores médios de declividade da ordem de

0,05% (IGAM, 1999 e COPASA, 2001).

O município de Itajubá está situado nas coordenadas 22º 25‟ 30" de latitude sul e 45º

27‟30" de longitude oeste (Figura 7.1) com uma área ocupada de 290km2 e uma população

de aproximadamente 90000 habitantes, dos quais aproximadamente 92% da população

residia na área urbana no ano de 2000. O município tem como atividades predominantes as

atividades industriais (50,67% do PIB) e de comércio e serviços (48,27% do PIB) (IBGE,

2008 e FJP, 2009).

Ao longo de mais de um século ocorreram 13 (treze) eventos de cheia com

transbordamento do rio Sapucaí para a planície de inundação adjacente. Essa planície

apresenta uma topografia favorável para a ocupação de atividades antrópicas, sendo

provavelmente a única área passível de ocupação nos vales encaixados da Serra da

Mantiqueira. Por esse motivo o município de Itajubá desenvolveu grande parte de seus

equipamentos urbanos na planície de inundação do rio Sapucaí conforme pode ser visto na

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192

Figura 7.2. Mais de 30% da população urbana de Itajubá se encontra alojada em área

inundável no trecho de 12 km do rio Sapucaí no qual se desenvolve o município,

apresentando grande vulnerabilidade às inundações.

Figura 7.1 – Localização do município de Itajubá (Adaptado de Moura, 2004)

Figura 7.2 – Vista do município de Itajubá encaixado em vale na Serra da Mantiqueira

(COPASA, 2008)

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193

Nos limites do município de Itajubá encontram-se ainda o ribeirão José Pereira, o córrego

Água Preta e os ribeirões do Piranguçu e Anhumas, afluentes do rio Sapucaí. Em todos

esses afluentes as condições hidráulicas de escoamento junto à foz são bastante

desfavoráveis durante os eventos de cheia, podendo haver efeito de remanso antes mesmo

do rio principal transbordar sua calha menor (IGAM, 1999).

As inundações freqüentes do rio Sapucaí e as conseqüências destas nos municípios

inseridos na sua bacia hidrográfica, dentre eles o município de Itajubá, motivaram a

execução de diversos estudos, dentre eles os desenvolvidos por Vianna (2000), Lima

(2003), Machado (2005), Pinheiro (2005) e Moni (2006). Estes estudos procuraram

conhecer os fenômenos que assolaram a cidade e estabelecer, pelas marcas de cheia, dados

que permitissem conhecer os limites das inundações e seus respectivos períodos de retorno,

bem como estimar os danos provocados por esses eventos e permitir a sugestão de medidas

compensatórias.

Foram catalogadas onze grandes enchentes do rio Sapucaí com sérios prejuízos ao

município de Itajubá. Essas enchentes ocorreram em 1874, 1881, 1905, 1919, 1929, 1936,

1940, 1945, 1957, 1962, 1979 e 1991, e em janeiro de 2000 ocorreu a maior cheia já

observada no município (IGAM, 1999 e Machado, 2005).

No evento de 2000, iniciado na noite de 31 de dezembro de 1999, mais de 70% da área

urbana de Itajubá foi inundada com profundidades de submersão que ultrapassaram 3 (três)

metros em determinados locais e duração superior a 3 (três) dias. Para esta cheia foram

registradas quatro mortes e mais de 20.000 desabrigados. O estudo de Vianna (2000)

indicou uma vazão de 290m3/s para o evento de 1991, o que corresponde a uma cota de

7,9m na estação fluviométrica na saída da bacia hidrográfica do rio Sapucaí. Para o evento

de 2000 são estimadas uma vazão de pico da ordem de 390m3/s e uma altura de 8,5 metros

na mesma estação (Machado, 2005). As Figuras 7.3 e 7.4 ilustram o município de Itajubá

durante o evento de janeiro de 2000.

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194

Figura 7.3 - Município de Itajubá durante o evento de janeiro de 2000

Figura 7.4 - Município de Itajubá durante o evento de janeiro de 2000

Além de Itajubá, foram seriamente atingidos os municípios de Santa Rita do Sapucaí,

Pouso Alegre, Piranguinho e Conceição dos Ouros. Em todos estes foi decretado estado de

calamidade pública.

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195

Os dados apresentados pelo IGAM (1999) foram precedidos de extenso levantamento de

campo com a finalidade de cadastrar e nivelar as marcas da cheia de 1991, reproduzir a

morfologia fluvial da calha do rio Sapucaí por meio do levantamento de 21 (vinte e uma)

seções topobatimétricas da calha menor do rio, e cadastrar as singularidades hidráulicas e

confluências no trecho de 12 km que compreende o trecho do rio que atravessa o

município de Itajubá. Para a obtenção das seções transversais da planície de inundação nas

seções topobatimétricas (Figura 7.5), efetuou-se a extrapolação baseada em plantas de

restituição fotogramétrica em escala 1:2000 (Machado, 2005).

Figura 7.5 – Seções topobatimétricas no trecho do rio Sapucaí em Itajubá

(Machado, 2005)

A Figura 7.6 mostra a divisão de setores censitários do município de Itajubá e a Figura 7.7

a localização da zona comercial do município.

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196

Figura 7.6 – Setores censitários de Itajubá (Machado, 2005)

Figura 7.7 – Localização da zona comercial de Itajubá (Machado, 2005)

Para a determinação das áreas inundáveis relativas a diferentes períodos de retorno

utilizou-se os resultados obtidos pelo IGAM (1999) tomados a partir da estação

fluviométrica 61272000. Nesse estudo, após realização da análise de frequência de cheias,

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197

utilizando as amostras dos máximos anuais da maior vazão observada às 7:00 ou 17:00 h

do dia de ocorrência da vazão de pico, aplicou-se a fórmula de Füller apresentada pela

Equação 7.1.

𝑄𝑝 = 𝑄𝑚á𝑥 1 +2,66

𝐴0,3 Eq. (7.1)

Onde:

Qp - vazão de pico (m3/s)

Qmáx - máximo anual de vazão média diária (m3/s)

A - área de drenagem da estação (km2)

Ajustando-se a distribuição de Gumbel foram obtidos os valores das vazões apresentados

na Tabela 7.1, mostrada a seguir, para o rio Sapucaí em Itajubá (61272000).

Tabela 7.1 – Análise de frequência de vazões de cheia (IGAM, 1999)

Período de Retorno

(anos)

Vazão Máxima Média Diária

(m3/s)

Vazão de Pico

(m3/s)

2 124 167

5 169 228

10 199 268

25 236 319

50 264 357

100 292 394

7.2 – CENÁRIOS DE ANÁLISE

Foram definidos 04 (três) cenários para a análise e proposição de medidas de controle de

inundações. Para definição dos cenários foram observadas as recomendações constantes no

item 3.0 deste estudo em conjunto com as necessidades de proteção observadas para a área

de estudo.

7.2.1 – Situação atual (Cenário A)

O primeiro cenário tomado foi a situação atual sem a incorporação de medidas de controle

de inundações. Esse cenário servirá como referência para avaliar as melhorias que poderão

advir da introdução das medidas para o controle de inundação e, além disso, dependendo

do nível dos impactos sofridos pelo município, a convivência com as enchentes pode

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198

configurar uma solução plausível para a administração local. Em termos financeiros, a

contabilização das indenizações pelas perdas quando da ocorrência desses eventos, pode

restringir o leque de soluções viáveis para o problema.

Outra possibilidade que justifica a ocupação atual como cenário de análise é a

possibilidade de haver a realocação da população em virtude de limitações físicas para a

implantação de alternativas de controle e/ou ineficiência destes dispositivos. Assim,

analisados todos os impactos decorrentes dessa solução, a desocupação com realocação

definitiva das zonas de maior risco pode se apresentar como a medida mais eficiente.

Os dados utilizados para o levantamento de características físicas e de ocupação do

município de Itajubá fazem parte dos arquivos da prefeitura municipal e da COPASA. Essa

base de dados contém os limites do município, a rede hidrográfica existente, as

delimitações de quadras, lotes e ruas, curvas de nível a cada 10 metros e ainda o

levantamento aerofotogramétrico realizado no ano de 2000, cujas ortofotos serviram de

base para a obtenção de dados de ocupação necessários à presente análise. Para uma

melhor resolução dos resultados, curvas de nível a cada 1 metro obtidas junto à COPASA

formaram a base de dados de relevo utilizada. Essa base de dados foi utilizada em todo o

processo de definição das alternativas de controle propostas e no mapeamento das

superfícies de inundação. Essa etapa do trabalho será descrita mais adiante em tópico

específico.

As demais situações definidas para a aplicação do suporte metodológico encontram-se

descritas nos itens a seguir.

7.2.2 – Implantação de sistema de contenção de cheias (Cenário B)

O arranjo proposto pela COPASA e pelo governo do estado de Minas Gerais para o

combate às enchentes na bacia hidrográfica do rio Sapucaí é compostos por um conjunto

de 4 (quatro) barramentos conforme pode ser visto na Figura 7.8. O arranjo definido consta

de estruturas hidráulicas e reservatórios de detenção projetados para os rios Sapucaí,

Lourenço Velho, Sapucaí Mirim e ribeirão Vargem Grande. O sistema de reservatórios tem

o objetivo de controlar as enchentes em áreas urbanas a jusante, tendo como beneficiados

os municípios de Itajubá, Santa Rita do Sapucaí e Pouso Alegre.

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199

Figura 7.8 – Esquema de funcionamento do sistema de reservatórios (COPASA, 2001)

Atuando diretamente sobre o município de Itajubá e localizado no rio Sapucaí, o arranjo

selecionado denominado Reservatório de Detenção no Rio Sapucaí - Eixo 3A está

posicionado entre os municípios de Venceslau Brás e Itajubá tendo sua localização

aproximada nas coordenadas 7.508.500N e 458.300E. O objetivo principal da barragem é

de reduzir o pico dos hidrogramas de cheias e a contenção de parte da vazão de

escoamento superficial advinda das nascentes do Rio Sapucaí a montante da cidade de

Itajubá.

O reservatório de detenção é constituído por um maciço de concreto posicionado sobre o

leito do rio Sapucaí, não tendo o seu barramento nenhuma influência sobre as vazões

mínimas. As vazões de enchente a serem liberadas sob controle pela estrutura do

reservatório serão descarregadas por galerias de transposição posicionadas ao nível do leito

atual do rio, com a seguinte disposição:

- uma galeria de seção quadrada, sem controle com as dimensões: 1,5 x 1,5 m;

- duas galerias controladas por comporta com as dimensões: 2,0 x 2,0 m.

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200

As dimensões do orifício de controle sem comportas foram fixadas de modo a liberar uma

descarga máxima de 36 m3/s para a cheia de projeto e para a condição do nível do

reservatório alcançar o nível de água máximo normal. As vazões e níveis de referência

foram fixados de modo a proteger os municípios a jusante do reservatório e oferecer uma

garantia de proteção adicional para o município de Itajubá. As comportas do reservatório

serão fechadas quando o nível de água na cidade de Itajubá atingir o nível crítico e a

descarga do reservatório passará a operar apenas pelo orifício de controle. Detalhes sobre a

barragem 3A encontram-se no Anexo D.

7.2.3 – Implantação de dique de contenção (Cenário D)

O terceiro cenário previsto para a solução dos problemas relacionados às inundações no

município de Itajubá é a implantação de diques laterais ao longo do rio Sapucaí na

extensão da região mais densamente ocupada do município. Para cobrir essa área foi

previsto um dique que se estende entre as seções topobatimétricas de números 17 a 7.

Essas seções foram definidas a partir do traçado das manchas de inundação para os

diferentes tempos de retorno definidos para o estudo e da observância das áreas de maior

concentração habitacional e comercial mostradas nas fotografias aéreas e mapeamento

digital da área utilizados.

Os diques previstos serão de terra com revestimento em concreto acompanhado de um

canal evacuador lateral em cada margem para recebimento do escoamento gerado nas áreas

laterais a ele, conforme pode ser visto na Figura 7.9. As alturas dos diques serão variáveis

ao longo da extensão do mesmo conforme o nível da água em cada seção previsto para

uma vazão de 100 anos de período de retorno para Itajubá (394m3/s) conforme pode ser

visto na Tabela 7.2.

O escoamento gerado nas áreas adjacentes aos diques e transportadas pelo canal serão

restituídas ao rio Sapucaí após a última seção do dique (seção 7).

Para a execução dessa medida, 5 (cinco) pontes que atravessam o rio Sapucaí na extensão

do dique dentro da área urbana do município deverão ser substituídas de maneira adequada

à conformação final do dique e com a urbanização existente. Além da substituição das

pontes, a calha do rio Sapucaí deverá sofrer intervenções no sentido de proteger as

margens de possíveis efeitos decorrentes da alteração do regime de escoamento original.

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201

Tabela 7.2 - Alturas dos diques em cada seção topobatimétrica

Seção Margem esquerda (m) Margem direita (m)

17 3.97 4.15

16 2.72 2.81

15 2.45 3.04

14 2.98 4.16

13 1.55 3.91

12 2.30 1.98

11 2.39 2.44

10 3.04 2.65

9 4.01 2.24

8 2.95 3.72

7 2.63 3.02

Para a implantação dos diques e dos canais laterais, e para os demais trabalhos de

adequação do espaço físico local será reservada uma faixa de domínio de 30 metros

paralelamente às margens do rio Sapucaí dentro do trecho onde será introduzido o dique.

As dimensões previstas para essa intervenção foram obtidas conforme Przedwojski et al.

(1995) e é definida uma base de 22 metros, largura de crista igual a 2,0m tendo sido

prevista uma borda livre de aproximadamente 1 metro entre a superfície da água e a crista

do dique. Na faixa de domínio do dique será necessária a desapropriação de 79992m2

ocupados por lotes na zona urbana de Itajubá em ambas as laterais do curso de água.

Para a determinação das dimensões necessárias para o canal paralelo foi feita a estimativa

da vazão proveniente das áreas laterais do dique. Na simulação considerou-se a área

ocupada da margem direita do rio Sapucaí por ser a mais extensa entre as áreas laterais. A

área utilizada na determinação da vazão pelo programa ABC6 da Universidade de São

Paulo foi equivalente a 4,35 km2 com 60% de área impermeável num comprimento de

aproximadamente 4,4 km. A vazão encontrada foi 32 m3/s para uma duração de

precipitação de 24 horas. A vazão determinada foi inserida no programa HIDROwin da

Universidade Federal de Minas Gerais, sendo este utilizado no dimensionamento dos

canais laterais aos diques. Para o dimensionamento foi definida uma largura para o canal

de 5,0 metros e uma declividade média de 0,0005m/m para um canal de concreto com

seção retangular e a altura necessária considerando uma borda livre de 50cm.

A Figura 7.9 apresenta a identificação da faixa de domínio do dique e das áreas a serem

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202

desapropriadas para a construção do mesmo. A Figura 7.10 apresenta um esquema do

dique com as respectivas dimensões.

Figura 7.9 – Demarcação das áreas de desapropriação do dique

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203

Figura 7.10 – Esquema de funcionamento dos diques e canais laterais

brita

tubo de concretoporoso

enrocamento de pedra

de mão arrumada

concreto

grama

400

500 60680

215

150

geotêxtil

100

20

200 1200

grama

base de pedra

dreno de areiadique de terra

revestimento de concreto

camada de concreto de regularização

60

30

60

revestimento de concreto

camada de concreto de regularização

margens

margens

30

30

30

fundo do rio

800

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204

7.2.4 – Implantação de um sistema de previsão e alerta (Cenário S)

O último dos cenários para mitigação dos danos decorrentes das inundações proposto para

o município de Itajubá consta de um sistema de previsão e alerta. A rede deverá ser

constituída de estações telemétricas de monitoramento contínuo de precipitações e níveis

d‟água nos cursos d‟água dentro da área.

O monitoramento da precipitação será realizado por meio da instalação de estações

pluviométricas equipadas com pluviógrafos de báscula, sendo as estações equipadas ainda,

com um painel solar para alimentação elétrica.

O monitoramento contínuo dos níveis d‟água ao longo do rio Sapucaí e principais

tributários será feito por meio de estações fluviométricas dotadas de sensores de pressão de

água, também dotadas de painel solar para alimentação elétrica (Nascimento et al. 2008).

O número de pluviógrafos previstos para compor o sistema de alerta pode ser calculado

utilizando o critério proposto por Schilling (1983) apud Nascimento et al. (2008) descrito

na Equação 7.2.

(Eq. 7.2)

Onde:

- número de pluviógrafos

- área da bacia em km2

Para a área urbana do município de aproximadamente 24km2 são previstos 5 (cinco)

pluviógrafos e propõe-se a instalação de 7 (sete) estações fluviométricas distribuídas ao

longo da extensão do rio Sapucaí e de seus afluentes. Com essa quantidade de

equipamentos espera-se fornecer um acompanhamento adequado dos níveis de água para

uma previsão com antecedência de 12 horas, tendo sido este o intervalo de maior

aproveitamento para a previsão dos danos no município segundo os resultados obtidos por

Lima (2003).

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205

Detalhes sobre a descrição dos equipamentos previstos para a composição da rede

telemétrica está apresentada no Anexo D.

7.3 – MODELAGEM APLICADA

Os indicadores de vulnerabilidade propostos para a avaliação do desempenho dos cenários

foram formulados tomando como referência aspectos da ocupação da área, aspectos

relacionados ao relevo local conjugados com parâmetros da inundação. Para a obtenção

desses dados para o município de Itajubá foram utilizados o modelo hidráulico HEC-RAS

versão 4.0 (U. S. Army Corps of Engenieers) e o programa ARC GIS versão 9.3 (ESRI).

Para o caso da modelagem hidráulica foram utilizados os resultados do estudo

desenvolvido por Vianna (2000). Nesse estudo já haviam sido inseridas as seções

transversais das 21 seções topobatimétricas citadas anteriormente e o modelo já havia sido

calibrado utilizando registros das cheias anteriores à de 2000.

Os dados de entrada do modelo HEC-RAS foram a curva-chave para a seção

topobatimétrica de número 1 (extremidade a jusante) e as vazões de pico previstas para

cada um dos períodos de retorno definidas pelo IGAM (1999) conforme consta da Tabela

7.1. As contribuições ao longo do trecho em análise na modelagem foram desprezadas por

se considerar que os efeitos das mesmas seriam insignificantes perto das condições de

escoamento da área a montante uma vez que a área em questão representa menos de 10%

da área de contribuição de montante.

Foram definidos três períodos de retorno para a análise a partir de considerações relativas à

escala espacial do estudo: 10, 50 e 100 anos. A modelagem hidráulica para obtenção dos

níveis de água em cada seção topobatimétrica em cada cenário foi feita utilizando o

modelo HEC-RAS considerando regime de escoamento permanente. A Figura 7.11

apresenta o perfil do nível da água no rio Sapucaí no trecho de 12km do mesmo que corta o

município de Itajubá e as Figuras 7.12 a e b apresentam exemplos das seções de

escoamento com geometrias bastante diferentes.

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206

Figura 7.11 – Perfil do escoamento para TR=50 anos no modelo HEC-RAS

a) Seção 19

b) Seção 2

Figura 7.12 – Seções de escoamento no modelo HEC-RAS para TR=50 anos

Para a estimativa da duração da inundação e para a obtenção da vazão com duração de 24

horas necessária para o cálculo de um dos indicadores, foi feita a simulação hidrológica da

0 2000 4000 6000 8000 10000 12000830

835

840

845

850

Itajuba_50anos_atual Plan: Plan 03 05/02/2009

Main Channel Distance (m)

Ele

vation

(m

)Legend

EG PF#1

WS PF#1

Crit PF#1

Ground

Left Levee

Right Levee

OWS PF#1

Sapucai Itajuba

0 100 200 300 400 500 600 700836

838

840

842

844

846

848

850

Itajuba_50anos_atual Plan: Plan 03 05/02/2009 Seção 19

Station (m)

Ele

vation

(m

)

Legend

EG PF#1

WS PF#1

Crit PF#1

Ground

Levee

Ineff

Bank Sta

OWS PF#1

.15 .07

.04

.07

.15

0 100 200 300 400 500832

834

836

838

840

842

844

846

Itajuba_50anos_atual Plan: Plan 03 05/02/2009 Seção 2

Station (m)

Ele

vation

(m

)

Legend

EG PF#1

WS PF#1

Crit PF#1

Ground

Levee

Bank Sta

.1 .07

.04 .07

.1

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207

área a montante da seção topobatimétrica 21. A simulação do escoamento foi feita usando

o modelo ABC6 da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo tomando como base

uma duração de chuva de 24 horas uma vez que na região em estudo, a ocorrência de

enchentes está relacionada a chuvas frontais com distribuição generalizada em toda a bacia

e duração superior a 24 horas. Para a obtenção do hidrograma tomou-se a área a montante

do município de Itajubá da ordem de 885km2 (IGAM, 1999), obtendo-se os hidrogramas

mostrados na Figura 7.13. O hidrograma gerado pelo modelo ABC foi útil, também, para

aplicação do método de propagação de vazão proposto no item 6.2.3.1.

A partir dos hidrogramas da Figura 7.13 foi possível obter as vazões com duração de 24

horas para cada período de retorno e o resultado encontra-se na Tabela 7.3.

Figura 7.13 – Hidrogramas resultantes do modelo ABC6

Tabela 7.3 – Vazões com duração de 24 horas

Período de retorno (anos) Vazões com duração de 24 horas (m3/s)

100 145

50 140

10 100

Para a inserção do dique foi considerado que não haviam áreas de armazenamento laterais

(innefective areas) e que todo o escoamento que chegava no curso d‟água escoava nas

limitações do dique. Assim, os diques foram posicionados nos limites das margens e sua

altura foi definida em função da vazão prevista para uma cheia de 100 anos de período de

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208

retorno durante o processamento.

A partir dos níveis de água obtidos na modelagem usando o modelo HEC-RAS foi possível

traçar as manchas de inundação para cada situação considerada utilizando o programa

ARC GIS e os dados de relevo locais.

Os dados em meio digital utilizados para o estabelecimento das características locais

fizeram parte de um mapeamento da prefeitura municipal de Itajubá e dados

disponibilizados pela regional da COPASA naquele município. As curvas de nível

utilizadas foram as curvas mestras (5 metros) e intermediárias (1 metro) fornecidas pela

COPASA dando origem ao MNT mostrado na Figura 7.14 gerado no ARC GIS. Dos

arquivos cedidos pela prefeitura foram utilizados o levantamento aerofotogramétrico com

ortofotocarta executado em agosto de 1999 e a delimitação de quadras, lotes e hidrografia.

Esses arquivos foram manipulados no programa AutoCAD Map da Autodesk versão 2004

e preparados para utilização no ARC GIS de modo a obter os níveis de informação

necessários para a determinação dos indicadores de vulnerabilidade e dos indicadores de

custo.

Figura 7.14 - Modelo Numérico do Terreno para o município de Itajubá

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209

Algumas das informações necessárias tais como os lotes vazios da área urbana e a

delimitação da mesma foram digitalizados no Auto CAD e manipulados posteriormente no

ARC GIS.

Várias das informações utilizadas no cálculo dos indicadores foram extraídas diretamente

das operações executadas no ARC GIS. Dentre elas estão a determinação das superfícies e

dos volumes de escoamento para diferentes condições consideradas no estudo, os

quantitativos relacionados às superfícies inundadas para diferentes alturas de submersão, as

áreas identificadas com declividades de interesse e o resultado de operações tais como a

área da intersecção entre uma mancha de inundação, as áreas com determinada declividade

e as áreas vazias identificadas no município.

Os resultados obtidos na modelagem encontram-se apresentados nas Figuras 7.15 a 7.24. A

Figura 7.15 mostra a área urbana de Itajubá com a mancha de inundação prevista para um

período de retorno de 100 anos com a ocupação atual. A Figura 7.16 apresenta as manchas

de inundação para os três períodos de retorno considerados para a ocupação atual e a

Figura 7.17 apresenta as manchas de inundação para os mesmos períodos de retorno

considerando a inserção dos diques laterais entre as seções 7 e 17. Os vazios e espelhos

d‟água da área urbana de Itajubá encontram-se demonstrados na Figura 7.18.

Para o cálculo de um dos indicadores de vulnerabilidade foi necessário confrontar: as áreas

inundadas por período igual ou superior a 24 horas para cada período de retorno em ambas

as situações, atual e com os diques laterais; e as áreas ocupadas por lotes vagos com

terrenos descobertos ou com vegetação rasteira e elementos que mantivessem espelhos

d‟água permanentes (piscinas, lagoas, reservatórios, etc.) dentro da área com declividade

igual a 1% ou menor. Para os períodos de retorno adotados foram encontradas vazões de

24 horas de duração de 145 m3/s, 140m

3/s e 100m

3/s conforme apresentado na Tabela 7.3,

respectivamente para os períodos de retorno de 100, 50 e 10 anos. Essas vazões foram

propagadas em regime permanente no HEC-RAS e as profundidades de nível d‟água

determinadas lançadas no ARC GIS para determinação das respectivas manchas de

inundação. Os resultados dessa operação podem ser vistos nas Figuras 7.19 e 7.20. A

intersecção destas manchas de inundação com os níveis de declividade e de vazios e áreas

com espelho d‟água permanente encontram-se detalhados na Figura 7.21.

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210

Para auxiliar o processo de determinação dos indicadores de custo, as manchas de

inundação para os períodos de retorno considerados em ambas as situações (atual e com

diques) foram divididas em faixas de profundidade em intervalos de 50cm. Exemplos

dessa operação podem ser vistos nas Figuras 7.22 para a área urbana de Itajubá como um

todo e na Figura 7.23 a mesma situação aplicada apenas à área comercial e de serviços.

Posteriormente à obtenção dos dados necessários procedeu-se o cálculo dos indicadores

definidos para compor a análise.

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211

Figura 7.15 – Mancha de inundação para período de retorno de 100 anos com a malha urbana

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212

Figura 7. 16 – Manchas de inundação para diferentes períodos de retorno cenário atual

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213

Figura 7.17 – Manchas de inundação para diferentes períodos de retorno para a implantação dos diques

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214

Figura 7.18 – Delimitação dos lotes vazios e áreas com espelho d‟água permanente

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215

Figura 7. 19 – Manchas de inundação para a vazão de 24 horas de duração para o cenário atual

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216

Figura 7.20 – Mancha de inundação para vazão de duração de 24 horas cenário com dique

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217

Figura 7.21 – Intersecção entre mancha de inundação de 100 anos no cenário atual para vazão de 24 horas, vazios e declividade ≤ a 1%

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218

Figura 7.22 – Intervalos de profundidade de submersão para período de 100 anos cenário atual

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219

Figura7.23 - Intervalos de profundidade de submersão para período de retorno de 100 anos cenário atual comércio e serviços

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220

7.4 – CÁLCULO DOS INDICADORES DE VULNERABILIDADE PARA OS

CENÁRIOS

Os indicadores de vulnerabilidade propostos foram aplicados ao município de Itajubá nos

cenários anteriormente descritos de modo a avaliar o desempenho de cada um deles na

solução dos problemas de inundação para a região.

Para a aplicação da metodologia para os cenários definidos para este município foram

selecionados 9 (nove) dos 10 (dez) indicadores formulados. Conforme consta no texto

explicativo do agrupamento final dos indicadores, não foi considerado um fator de

relevância o indicador ligado à poluição acidental (IPA) em virtude do tipo de ocupação da

área e das atividades predominantes nesta. Com a exclusão do IPA, o peso atribuído a este

indicador foi distribuído entre os indicadores do mesmo critério ao qual ele pertencia.

Os dados necessários para o cálculo dos indicadores são os seguintes:

Área ocupada pela mancha urbana do município (km2);

Área ocupada por superfícies de solo nu, bacias de retenção, piscinas, etc. comum

ao nível de informação de declividade menor ou igual a 1% na área urbana dentro

da mancha de inundação de duração igual a 24h (km2);

Área inundada por vazão de duração de 24 horas (km2);

Superfície de drenagem atendida por medidas de controle (km2);

Superfície ocupada por medidas de controle a ser desapropriada (km2);

Volume de inundação antes da aplicação do cenário (m3);

Densidade populacional prevista (hab/km2);

Volume de inundação depois da aplicação do cenário (m3);

Vazão atual (Va) (m3/s);

Vazão de restrição (VR) (m3/s);

Vazão escoada após a implantação do cenário (Vd) (m3/s).

A área da mancha urbana do município e as áreas sem ocupação (lotes vazios com solo nu

ou vegetação rala), áreas ocupadas por espelhos d‟água e piscinas, foram obtidas por

digitalização, tomando como base as ortofotos e os dados de quadras e lotes em meio

digital disponibilizados. As superfícies inundadas (manchas de inundação) para cada

período de retorno e situação definida na formulação dos indicadores foram obtidas pela

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221

conjugação dos dados de relevo (MNT) e dados dos níveis d‟água obtidos pelo modelo

HEC-RAS. Os volumes escoados foram obtidos diretamente dos resultados fornecidos pelo

ARCGIS assim como os níveis de informação que eram obtidos pela intersecção entre dois

ou mais níveis de informação primários.

A vazão de restrição aplicada ao estudo foi de 128 m3/s (2 anos de período de retorno) que

corresponde à vazão geomorfológica definida para o município de Itajubá a partir da qual

acredita-se não haver transferência de efeitos para jusante.

A área do município é 290km2, a área ocupada pela zona urbana é de 24km

2 delimitada a

partir de digitalização sobre as ortofotos. A densidade populacional considerada para

aplicação dos indicadores foi obtida considerando uma população total estimada para 2008

pelo IBGE, de aproximadamente 90000 habitantes para o município de Itajubá e a

população correspondente a 92% da população total do município distribuída pela zona

urbana. Assim, a densidade populacional média adotada para Itajubá foi de 3450 hab/km2.

A Tabela 7.4 a seguir apresenta a nomenclatura utilizada nas tabelas posteriores com

relação à identificação dos cenários e períodos de retorno correspondentes. A Tabela 7.5

apresenta os valores dos dados para determinação dos indicadores de vulnerabilidade e a

Tabela 7.6 apresenta o resultado dos indicadores já calculados. A Tabela 7.7 apresenta os

indicadores de vulnerabilidade já normalizados de acordo com as recomendações do item

6.6

Tabela 7.4 – Identificação dos cenários

Identificação Descrição Nome

Cenário A Situação de ocupação atual para período de retorno de 100 anos A100

Situação de ocupação atual para período de retorno de 50 anos A50

Situação de ocupação atual para período de retorno de 10 anos A10

Cenário B

Implantação da barragem 3A para período de retorno de 100 anos B100

Implantação da barragem 3A para período de retorno de 50 anos B50

Implantação da barragem 3A para período de retorno de 10 anos B10

Cenário D

Implantação de diques laterais para período de retorno de 100 anos D100

Implantação de diques laterais para período de retorno de 50 anos D50

Implantação de diques laterais para período de retorno de 10 anos D10

Cenário S

Sistema de alerta para período de retorno de 100 anos S100

Sistema de alerta para período de retorno de 50 anos S50

Sistema de alerta para período de retorno de 10 anos S10

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222

Tabela 7.5 – Dados para determinação dos indicadores de vulnerabilidade

Dpop Densidade populacional (hab/km2)

S24 Mancha de inundação para duração de 24h (km2)

ST Associação da mancha de inundação para duração de 24h, declividade igual ou inferior a1% e vazios (km2)

MI Mancha de inundação para o período de retorno definido (km2)

Sd Área de drenagem atendida por medida (km2)

Sb Área da bacia (km2)

VA Volume escoado antes da implantação (m3)

VD Volume escoado depois da implantação (m3)

SMED Área da medida de controle a desapropriar (km2)

QR Vazão de restrição a jusante (m3/s)

QA Vazão a jusante antes da aplicação do cenário (m3/s)

QD Vazão a jusante após a aplicação do cenário (m3/s)

Dados

Cenário A (Ocupação atual) Cenário B (Barragem 3A) Cenário D (Dique) Cenário S (Sistema de alerta)

Tempo de retorno (TR) Tempo de r retorno (TR) Tempo de retorno (TR) Tempo de retorno (TR)

100 anos 50 anos 10 anos 100 anos 50 anos 10 anos 100 anos 50 anos 10 anos 100 anos 50 anos 10 anos

Dpop 3450 3450 3450 3450 3450 3450 3450 3450 3450 3450 3450 3450

S24 5,85 3,91 2,63 0 0 0 4,32 4,04 2,82 5,85 3,91 2,63

ST 1,91 1,87 1,43 0 0 0 1,83 1,80 1,48 1,91 1,87 1,43

MI 11,11 10,88 9,07 0 0 0 7,90 7,75 6,27 11,11 10,88 9,07

Sd 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Sb 24 24 24 24 24 24 24 24 24 24 24 24

VA 25989516 24012254 16842518 25989516 24012254 16842518 25989516 24012254 16842518 25989516 24012254 16842518

VD 25989516 24012254 16842518 25989516 24012254 16842518 25989516 24012254 16842518 25989516 24012254 16842518

SMED 0 0 0 0 0 0 0,08 0,08 0,08 0 0 0

QR 128 128 128 128 128 128 128 128 128 128 128 128

QA 349,87 313,15 227,18 349,87 313,15 227,18 349,87 313,15 227,18 349,87 313,15 227,18

QD 349,87 313,15 227,18 36 36 36 381,4 337,78 249,76 349,87 313,15 227,18

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223

Tabela 7.6- Resultado da aplicação dos indicadores de vulnerabilidade

para os cenários definidos C

I A100 A50 A10 B100 B50 B10 D100 D50 D10 S100 S50 S10

Critério "Impactos sobre a população"

IPE 21139 14144 9497 0 0 0 15629 14619 10188 21139 14144 9497

IPV 1,91 1,87 1,43 0,00 0,00 0,00 1,83 1,80 1,48 1,91 1,87 1,43

IEL 0 0 0 0 0 0 -1 -1 -1 0 0 0

IRP 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 275,97 275,97 275,97 0,00 0,00 0,00

Critério “Impactos sobre o meio”

IMF 0 0 0 0 0 0 -7 -7 -7 0 0 0

IQA 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

IVE 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Critério “Impactos hidrológicos”

IIJ 0,5 0,5 0,5 1 1 1 0 0 0 0,5 0,5 0,5

IEJ 1 1 1 0 0 0 0,5 0,5 0,5 1 1 1

Tabela 7.7 – Indicadores de vulnerabilidade normalizados para os cenários

IND A100 A50 A10 B100 B50 B10 D100 D50 D10 S100 S50 S10

IPE 0,473 0,648 0,763 1,000 1,000 1,000 0,611 0,636 0,746 0,473 0,648 0,763

IPV 0,828 0,831 0,872 1,000 1,000 1,000 0,835 0,838 0,867 0,828 0,831 0,872

IEL 0,500 0,500 0,500 0,500 0,500 0,500 0,000 0,000 0,000 0,500 0,500 0,500

IRP 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 1,000 0.993 0.993 0.993 1,000 1,000 1,000

IMF 0,500 0,500 0,500 0,500 0,500 0,500 0,150 0,150 0,150 0,500 0,500 0,500

IQA 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000

IVE 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000

IIJ 0,500 0,500 0,500 1,000 1,000 1,000 0,000 0,000 0,000 0,500 0,500 0,500

IEJ 1,000 1,000 1,000 0,000 0,000 0,000 0,500 0,500 0,500 1,000 1,000 1,000

De modo a verificar o comportamento da metodologia de avaliação do desempenho

proposta foi feita uma variação dos pesos dos indicadores adotando, no primeiro momento,

a média dos pesos atribuídos aos indicadores pelos especialistas. Num segundo momento

os pesos dos indicadores foram variados dando ênfase a 3 (três) aspectos: o ponto de vista

ambiental; o ponto de vista social; e o ponto de vista técnico. Conforme a ênfase houve

uma carga maior dos pesos aos indicadores ligados a cada aspecto. Os pesos adotados

nessa análise podem ser verificados na Tabela 7.8.

Após a definição dos pesos a serem aplicados aos indicadores nos diferentes aspectos

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224

procedeu-se o cálculo da agregação dos indicadores pelo método TOPSIS, já apresentado

no item 6.5, e a obtenção dos índices de desempenho. O resultado pode ser visto na Tabela

7.9.

Tabela 7.8 – Pesos aplicados conforme a abordagem adotada

Indicador / Aspecto Média Ambientalista Social Técnico

População afetada e exposta ao

desenvolvimento de enfermidades 13,69 3,87 23,76 3,87

Proliferação de vetores alados 8,26 5,40 11,37 5,40

Criação e reabilitação de espaços de

recreação, lazer e equipamentos urbanos 10,13 2,47 18,05 2,47

Realocação da população 8,50 2,59 14,66 2,59

Alteração na Morfologia Fluvial 8,33 21,17 3,46 3,46

Alteração potencial na qualidade da

água 7,24 20,12 2,33 2,33

Alteração potencial sobre o volume

escoado e recarga de aqüífero 12,40 25,39 7,38 7,38

Inundação a jusante das intervenções 23,89 16,74 16,74 45,32

Erosão a jusante das intervenções 7,57 2,24 2,24 27,18

Tabela 7.9 – Análise do desempenho dos cenários nas diferentes abordagens

Cenário Desempenho dos cenários

Média Ambientalista Social Técnico

A100 0,49 0,30 0,55 0,59

A50 0,51 0,30 0,62 0,59

A10 0,52 0,31 0,65 0,59

B100 0,64 0,39 0,75 0,61

B50 0,64 0,39 0,75 0,61

B10 0,64 0,39 0,75 0,61

D100 0,29 0,14 0,43 0,23

D50 0,29 0,14 0,44 0,23

D10 0,31 0,15 0,47 0,24

S100 0,49 0,30 0,55 0,59

S50 0,51 0,30 0,62 0,59

S10 0,52 0,31 0,65 0,59

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225

7.5 – CÁLCULO DOS INDICADORES DE CUSTO

Conforme descrito no Capítulo 6, a obtenção do indicador de custos relaciona os custos de

implantação, manutenção e operação dos cenários, os custos dos danos à infraestrutura

urbana e os danos aos setores do comércio e serviço e residencial. Para cada cenário e

período de retorno foi então determinado um valor para o indicador conforme descrito a

seguir.

7.5.1 – Danos à habitação, comércio e serviços

Os valores adotados para os indicadores de custo relatados no presente capítulo foram

todos corrigidos para dezembro de 2008. A atualização dos valores relativos aos custos de

materiais construtivos foram feitos tomando como base o INCC – Índice Nacional de

Custos da Construção. Para os valores dos danos aos setores do comércio, serviço e

habitação, o índice de correção adotado foi o INPC – Índice Nacional de Preços ao

Consumidor.

Conforme já relatado anteriormente, os danos aos setores de habitação, comércio e serviços

foram obtidos pela metodologia desenvolvida por Machado (2005). Algumas

simplificações foram adotadas em relação à metodologia original. O cálculo dos danos em

todas as categorias foi realizado tomando faixas de profundidade em intervalos que

variaram a cada 50cm conforme exemplos apresentados nas Figuras 7.22 e 7.23.

Tanto para os setores de habitação quanto de serviço foram tomados, para avaliação dos

danos, apenas as edificações que estavam no primeiro pavimento. Foi considerada uma

distribuição uniforme das edificações dentro da área urbana de Itajubá, e para os setores de

comércio e serviços, os estabelecimentos foram distribuídos uniformemente dentro da área

delimitada para os setores mostrada na Figura 7.7.

Para o caso das habitações, do total de domicílios situados no primeiro pavimento foi

estabelecida a porcentagem relativa de domicílios em cada classe social e a área de

ocupação média das mesmas conforme o estabelecido por Machado (2005). Assim para o

setor habitacional, as características adotadas foram as mostradas na Tabela 7.10.

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226

Tabela 7.10 – Distribuição de domicílios por classe social

Total de domicílios 19043

Percentual de domicílios por classe social Área construída média (m2)

Classe D e E 38,28 54

Classe C 31,66 80

Classe B 26,16 130

Classe A 3,90 250

Quantidade de domicílios por km2 793

Semelhante ao executado para o setor habitacional, para os setores de comércio e serviços

foi verificada a quantidade de empresas conforme a atividade, e o percentual referente a

cada uma das atividades conforme apresentado na Tabela 7.11 e 7.12.

Tabela 7.11 - Distribuição das empresas de Itajubá conforme a atividade

Empresas/Atividade Área Número %

Materiais de construção 523,90 160 10,44

Produtos farmacêuticos 97,00 113 7,38

Livraria e papelarias 140,70 58 3,79

Supermercados, hipermercados 970,60 144 9,40

Mercearias e armazéns 142,00 199 12,99

Padarias e confeitarias 229,40 70 4,57

Açougues e peixarias 60,50 98 6,40

Comércio de frutas e verduras 104,30 37 2,42

Lojas de departamento 748,00 19 1,24

Armarinhos, vestuários e tecidos, sapatarias e produtos de couro 159,90 335 21,87

Móveis e eletrodomésticos, equipamentos de informática 193,60 135 8,81

Joalherias e relojoarias, óticas 93,20 42 2,74

Veículos e motos, peças e acessórios 340,20 122 7,96

Total 1532 100,00

Tabela 7.12 – Distribuição do setor de serviços por ramo de atividade

Atividade Número %

Hotéis e hospedarias 23 3,05

Restaurantes,lanchonetes e bares 313 41,51

Serviços pessoais: salões de beleza, barbearias e lavanderias 85 11,27

Escritórios: arquitetos, advogados, contadores, imobiliárias, etc 158 20,95

Bancos 12 1,59

Consultórios médicos 89 11,80

Consultórios odontológicos 32 4,24

Escolas 42 5,57

Total 754 100,00

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227

Para a estimativa dos danos com a implantação do sistema de alerta foi utilizada a

metodologia obtida por Lima (2003). Segundo a autora com uma antecipação de doze

horas do alerta é possível a redução de até 1/3 do valor dos danos em Itajubá. Assim, para

o cálculo do valor dos danos residuais no cenário previsto para a inserção do sistema de

alerta foi utilizada uma redução de 30% sobre o valor dos danos estimados para o cenário

atual para cada período de retorno adotado na análise sobre os danos referentes aos setores

de habitação, comércio e serviços.

Detalhes das curvas profundidade x dano aplicadas encontram-se no Anexo D deste

documento. Os resultados da aplicação da metodologia para os setores habitacional e de

comércio e serviço com seus valores corrigidos para dezembro de 2008 encontram-se na

Tabela 7.13.

Tabela 7.13 – Custo dos danos aos setores habitação, comércio e serviços

Cenário Custo total dos danos

às residências (R$)

Custo total dos danos aos setores de

comércio e serviços (R$)

A100 105.017.629,23 118.283.887,69

A50 92.202.814,89 105.149.010,66

A10 73.281.970,71 66.102.803.74

B100 0,00 0,00

B50 0,00 0,00

B10 0,00 0,00

D100 65.869.730,22 36.188.217,03

D50 63.414.140,41 33.212.793,71

D10 51.918.429,36 20.050.304,22

S100 73.512.340,46 82.798.721,38

S50 64.541.970,42 73.604.307,46

S10 51.297.379,50 46.271.962,62

7.5.1 – Danos à infraestrutura

Para determinar os danos à infraestrutura urbana de Itajubá foi aplicada a sistemática

proposta no Capítulo 5 do presente documento. Os danos esperados para cada cenário

foram determinados em função das condições existentes e encontram-se listados nos

tópicos a seguir.

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228

7.5.1.1 – Danos ao sistema viário

Para a determinação dos danos ao sistema viário foram efetuadas algumas considerações

para o caso de Itajubá. As vias do município são revestidas por diferentes materiais

(asfalto, bloquete, etc.) numa mesma região. Para a aplicação da metodologia e por

desconhecimento de detalhes construtivos em todo o trecho atingido pelas inundações foi

considerado para este caso a aplicação de asfalto no revestimento das vias em toda a

extensão da mancha de inundação. A composição dos custos aplicados a este setor

encontra-se na Tabela 7.14. Os custos dos itens listados na Tabela 7.14 foram obtidos da

planilha de cálculo da SUDECAP para dezembro de 2008.

Como não se encontrava disponível o comprimento total das vias para o município de

Itajubá foi considerado que a extensão das vias seria equivalente à extensão das redes de

esgoto e drenagem para o município fornecida pela COPASA. Na realidade os valores de

danos encontrados podem ficar um pouco abaixo do existente uma vez que é grande a

possibilidade de a extensão de vias atingidas ser maior do que a prevista. A densidade de

vias aplicadas ao caso de Itajubá foi então de 12,5km/km2 e a largura das vias utilizada 12,

(doze) metros.

Tabela 7.14 – Composição de custo para a substituição de pavimento asfáltico

Pavimentos de CBUQ (por m2)

Tipo de serviço Unidade Custo unitário Quantidade

Custo total

(R$/m2)

Demolição m3 5,98 0,10 0,60

Carga do material demolido m3 7,92 0,10 0,79

Transporte de material demolido m3 x km 6,90 1,00 6,90

Camada de base com compactação m3 41,88 0,10 4,19

Imprimação m2 3,04 1,00 3,04

CBUQ T 187,36 0,20 37,47

Total 52,99

Após a aplicação da sistemática de avaliação de danos os resultados dos danos para cada

cenário encontram-se apresentados na Tabela 7.15.

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229

Tabela 7.15 – Custo dos danos ao sistema viário para os diferentes cenários

Cenário Área da superfície inundada em (km2) Custo total dos danos ao sistema (R$)

A100 11,10 8.822.835,00

A50 10,88 8.647.968,00

A10 9,07 7.209.289,50

B100 0,00 0,00

B50 0,00 0,00

B10 0,00 0,00

D100 7,90 6.279.315,00

D50 7,75 6.160.087,00

D10 6,27 4.983.709,50

S100 11,10 8.822.835,00

S50 10,88 8.647.968,00

S10 9,07 7.209.289,50

7.5.1.2 – Danos ao sistema de esgotamento sanitário

Mesmo sendo de conhecimento que a parte mais antiga do sistema de esgotamento

sanitário do município de Itajubá é do tipo unitário, optou-se por efetuar a avaliação de

danos ao sistema de esgotamento sanitário separadamente do de drenagem urbana. A

adoção desse critério é decorrente do fato de que há uma tendência de substituição da rede

unitária por um sistema separador absoluto, o que já ocorreu em parte do município.

Além da tendência de separação entre os sistemas, outro fator preponderante na escolha de

aplicação dos sistemas de maneira separada foi o fato que na elaboração da sistemática de

avaliação, os danos de um sistema não excluem a possibilidade de ocorrência do outro, ou

seja, não há sobreposição na avaliação de danos aos dois setores.

Para o cálculo dos danos a este setor foi considerado que a rede é de concreto com um

diâmetro médio de 500mm. O custo de correção dos danos na rede de esgoto incluem a

abertura de vala com a retirada da tubulação danificada e a substituição do trecho da rede

danificado com a recomposição do pavimento. O custo referente às obras civis e

substituição da rede adotados nessa avaliação foram obtidos por Teles e Ferreira (2009) e

foi adotado para o cálculo dos danos equivalendo a um custo médio por metro de rede

R$753,13.

Para o cálculo dos custos de limpeza a densidade de rede adotada foi igual a 12,5km/km2,

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230

já que os dados para a obtenção desta estimativa no item anterior foram baseados na

extensão total da rede de esgoto e drenagem. Da extensão total da rede de esgoto a ser

limpa dentro da mancha de inundação foi subtraída a extensão do interceptor a ser

reparado. O resultado do cálculo custos de substituição da rede consta da tabela 7.16 e os

custos dos danos para este setor consta da Tabela 7.17.

Tabela 7.16 – Custo de substituição de rede de esgoto em concreto

Descrição Unidade Custo (R$)

Abertura e fechamento de vala m 550,00

Tubo de concreto DN 500 m 203,13

Tubo de concreto DN 600 m 253,44

Tabela 7.17 – Custo dos danos ao sistema de esgotamento

sanitário para os diferentes cenários

Cenário Custo total dos danos ao sistema (R$)

A100 1.016.612,04

A50 989.146,25

A10 960.865,00

B100 0,00

B50 0,00

B10 0,00

D100 697.932,07

D50 695.588,32

D10 669.550,80

S100 1.016.612,04

S50 989.146,25

S10 960.865,00

7.5.1.3 – Danos ao sistema de abastecimento de água

Para aplicação da sistemática proposta foram avaliadas as condições de proteção do

sistema de abastecimento de água. Este sistema apresenta dispositivos de segurança nas

travessias (registros em ambos os lados) não permitindo a perda de água armazenada se

houver o rompimento de alguma das travessias. No que diz respeito à captação, a balsa e

um dos conjuntos motor-bomba têm possibilidade de serem perdidos durante a inundação.

Uma das adutoras tem extensão de 8,0km divididos em três trechos: dois trechos de

aproximadamente 1/3 do comprimento total cada um em ferro fundido e um trecho

intermediário em aço. Os diâmetros variam de 300mm a 250mm e parte desta encontra-se

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231

em área alagável. A adutora é composta por duas linhas de 250mm parte em ferro fundido

e parte em aço. O último trecho que chega à estação de tratamento de água é composto por

uma única linha com diâmetro igual a 300mm em ferro fundido. O custo de substituição da

adutora por estimado tomou como base os dados de Teles e Ferreira (2009) conforme pode

ser visto na Tabela 7.18.

Tabela 7.18 – Custo de substituição dos elementos do sistema de abastecimento de água

Descrição Unidade Custo (R$)

Conjunto Motor-bomba10cv un 12.200,00

Adutora de ferro fundido 350mm m 449,00

Adutora de aço 350mm m 432,00

Adutora de ferro fundido 250mm m 390,00

Adutora de aço 250mm m 375,00

Travessia ferro fundido 150mm vão de 12 metros m 937,90

Travessia ferro fundido 100mm vão de 12 metros m 857,93

Para a quantificação das travessias em risco foi analisado a quantidade de pontes passíveis

de possuírem travessias que estavam locadas dentro da mancha de inundação para cada

período de retorno. O custo de substituição de travessias fornecido por Teles (2009) foi

composto considerando os custos de mão-de-obra, materiais e equipamentos para

montagem. Os custos variaram de acordo com o vão da travessia e com o material

constituinte e o diâmetro das travessias podendo ser visto na Tabela 7.18.

Como as travessias de Itajubá contam com sistema de registros laterais para corte da

passagem da água durante a inundação, não se considerou perda da água armazenada. Para

determinar a quantidade de travessias de pequenos rios tomou-se como base o mapeamento

da área inundada e da rede hidrográfica. Pela extensão e pela quantidade de pequenos

cursos de água dentro da mancha de inundação estimou-se a quantidade de travessias em

risco.

O resultado da análise a partir dessas considerações encontra-se na Tabela 7.19.

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232

Tabela 7.19 – Custo dos danos ao sistema de abastecimento de água

Cenário Custo total dos danos ao sistema (R$)

A100 1.850.958,60

A50 1.850.958,60

A10 1.636.458,60

B100 0,00

B50 0,00

B10 0,00

D100 1.308.079,30

D50 1.276.879,30

D10 453.979,30

S100 1.850.958,60

S50 1.850.958,60

S10 1.636.458,60

7.5.1.4 – Danos ao sistema de drenagem de águas pluviais

Para estimativa dos danos ao sistema de drenagem de águas pluviais de Itajubá foi

considerado que as redes de drenagem são executadas com tubos de concreto. Essa

consideração partiu da previsão de substituição já iniciada das redes unitárias de material

cerâmico para uma rede separadora com tubos de concreto. Com essa consideração não são

previstos danos à rede propriamente dita.

O cálculo dos danos estimados para esse sistema parte da estimativa do comprimento da

rede dentro da mancha de inundação e da estimativa do número de elementos (bocas-de-

lobo e poços de visita) inseridos no perímetro inundado. A estimativa do comprimento da

rede que fica submersa em caso de inundação foi feito tomando como base a densidade de

rede igual a12,5km/km2 e a partir daí estimou-se o número de elementos da rede que têm

potencial para serem danificados.

Os custos de correção desses elementos tiveram como base a descrição das bocas-de-lobo e

poços de visita no padrão SUDECAP tendo sido referência o caderno de encargos desse

órgão (SUDECAP, 2000). Assim, considerou-se todas as bocas-de-lobo simples em

concreto armado e os trabalhos de correção previstos foram a substituição e recomposição

dos materiais. Para esse serviço foi prevista escavação adicional com remoção do material,

execução dealvenaria de 20 cm e revestimento desta com argamassa, execução

depequenos reaterros, demais serviços e materiais atinentes referentes à correção do

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233

pavimento e substituição do quadro e cantoneira de concreto.

Para a correção dos poços-de-visita foi considerado escavação adicional com remoção do

material, a substituição do quadro de concreto, substituição de 20cm de alvenaria do fuste e

recomposição do pavimento. Foi, ainda, considerado que as tampas de poços de visita a

serem substituídas serão em ferro fundido cinzento.

A limpeza da rede considerou todo o comprimento desta na mancha de inundação com

rendimento médio de 80m por hora do equipamento de limpeza ao custo de R$100,00 por

hora, fornecido por Mota (2008) e confirmados por Teles e Ferreira (2009). Os custos

individuais dos elementos citados neste item encontram-se listados na Tabela 7.20 e os

custos dos danos ao sistema estão mostrados na Tabela 7.21.

Tabela 7.20 – Custos de reparo e substituição dos elementos da rede de drenagem

Elemento a corrigir/substituir Custo unitário de correção/substituição (R$)

Boca-de-lobo 413,28

Poço de visita 106,70

Tampa de poço de visita 466,30

Tabela 7.21 – Custo dos danos ao sistema de drenagem de águas pluviais

Cenário Custo total dos danos ao sistema (R$)

A100 417.612,53

A50 409.335,52

A10 341.238,34

B100 0,00

B50 0,00

B10 0,00

D100 297.219,73

D50 291.576,31

D10 235.894,64

S100 417.612,53

S50 409.335,52

S10 341.238,34

7.5.1.5 – Danos ao sistema de distribuição de energia elétrica

A estimativa dos danos ao setor de distribuição de energia elétrica partiu dos seguintes

pressupostos para a distribuição, dentro da mancha de inundação, do quantitativo referente

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234

aos medidores:

- os medidores do tipo monofásico foram considerados instalados nas residências das

classes D e E;

- os medidores do tipo bifásico foram considerados instalados nas residências das classes

A, B e C;

- os medidores do tipo trifásico foram considerados instalados em todos os

estabelecimentos comerciais e de serviço.

Os custos relativos aos medidores considerados foram aqueles relatados por França e Silva

(2008) cujos valores foram atualizados para dezembro de 2008. Assim, na Tabela 7.22

encontram-se os valores considerados para o custo individual dos medidores.

Tabela 7.22 – Custo de substituição de medidores

Tipo de medidor Custo unitário de substituição (R$)

Medidor monofásico 24,57

Medidor bifásico 65,89

Medidor trifásico 189,84

Tabela 7.23 – Custo dos danos ao sistema de distribuição de energia elétrica

Cenário Custo total dos danos ao sistema (R$)

A100 485.451,06

A50 396.085,74

A10 250.588,73

B100 0,00

B50 0,00

B10 0,00

D100 247.944,33

D50 235.041,41

D10 202.058,23

S100 485.451,06

S50 396.085,74

S10 250.588,73

7.5.1.6 – Custos relativos ao restabelecimento das condições normais de tráfego e limpeza

de áreas públicas

A estimativa da quantidade de sedimentos gerados para cada cenário para o município de

Itajubá foi obtida tomando como referência o número de edificações situadas no primeiro

pavimento (térreo) das edificações. Para a estimativa do número de domicílios atingidos

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235

foi utilizada a relação de domicílios no primeiro pavimento obtida para o cálculo dos danos

às habitações (793 domicílios por km2). Assim o quantitativo do volume de resíduos a ser

removido gerado pelas edificações e associado ao volume de sedimentos encontrados nas

ruas teve seu custo estimado em função do custo para escavar e carregar esse material, e o

custo do transporte do mesmo. Para a estimativa do custo de transporte foi adotada uma

distância de 20km para o descarte.

Os custos aplicados para os trabalhos de remoção de resíduos sólidos e limpeza encontram-

se descritos na Tabela 7.24 e foram estimados tomando por base a planilha de custos da

SUDECAP. A Tabela 7.25 apresenta os valores encontrados para as estimativas dos custos

de limpeza do município para cada cenário.

Tabela 7.24 – Custo da retirada do volume de detritos por m3

Serviço Unidade Custo (R$)

Escavação e carga mecanizada m3 4.02

Transporte (20km) m3 13.80

Custo total da limpeza m3 17,82

Tabela 7.25 – Custos relativos à remoção de resíduos e limpeza pública

Cenário Custo total dos danos ao sistema (R$)

A100 3.902.237,86

A50 3.824.896,20

A10 2.814.689,09

B100 0,00

B50 0,00

B10 0,00

D100 2.777.268,38

D50 2.724.535,44

D10 1.939.837,24

S100 3.902.237,86

S50 3.824.896,20

S10 2.814.689,09

7.5.2 – Custos de implantação e manutenção

Definidas as condições de aplicação para determinação dos danos aos diferentes setores de

infraestrutura urbana, o texto a seguir apresenta a discretização dos demais componentes

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236

dos indicadores de custo propostos para cada cenário.

7.5.2.1 – Cenário A

Para o cenário A os custos determinados foram referentes aos custos dos danos aos

diferentes setores de infraestrutura urbana e aos setores habitacional, de comércio e

serviços, seguindo as considerações feitas anteriormente, uma vez que para esse cenário

não há previsão de implantação de nenhuma intervenção para o controle de inundações.

7.5.2.2 – Cenário B

O cenário B é composto pelo barramento do rio Sapucaí 3A do complexo de barragens de

contenção para a região. O indicador de custos para o caso do cenário B será composto

pelos custos de implantação da barragem 3A e pelos custos de manutenção desta. Como a

vazão a ser liberada será de 36 m3/s, não está prevista a ocorrência de danos uma vez que

não haverá extravasamento do escoamento além da calha do rio Sapucaí no trecho da área

urbana de Itajubá.

Custos de implantação

No Relatório no 4 (COPASA, 2001), o custo total da obra de implantação da barragem 3A

definido pelo orçamento efetuado é de R$ 30.360.107,00, obtido considerando obras civis

e equipamentos compreendendo custos para fornecimento, instalação e montagem. Esse

valor foi obtido para o orçamento efetuado em julho de 2001 e foi reajustado para a

dezembro de 2008 com valor correspondente a R$ 60.090.545,38.

Custos de operação e manutenção

Para manutenção da barragem foram previstos a limpeza da área de inundação

correspondente a 192ha com capina uma vez ao ano e o transporte de material para despejo

em área distante até 2km. Foi prevista a visita semanal de um técnico da COPASA

considerando os custos referentes a um dia de trabalho do técnico, do motorista e o

consumo de combustível para efetuar o trajeto.

Alem da inspeção semanal foi considerado ainda, uma inspeção por dois engenheiros para

avaliação das condições do maciço de concreto e das instalações 4 (quatro) vezes ao ano. A

inspeção terá duração de um dia e os custos considerados compreendem o dia de trabalho

dos engenheiros, do motorista do veículo de transporte e de combustível.

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237

Os valores correspondentes ao custo de manutenção da barragem foram obtidos tomando

como base a planilha de custos da SUDECAP para dezembro de 2008 e os salários

previstos para o técnico, engenheiros e motoristas. Dessa maneira os custos de manutenção

da barragem 3A considerados no presente estudo encontram-se listados na Tabela 7.26. O

valor presente líquido dos custos de manutenção considerando uma vida útil para o

empreendimento de 30 anos equivale a R$79.473,64, devendo ser adicionado aos custos de

implantação da barragem.

Tabela 7.26 – Custos de manutenção da barragem 3A

Manutenção da barragem Unidade Quantidade

Custo

unitário

(R$)

Custo total (R$)

Capina e transporte de material 1 vez ao

ano m

2 1920000 0,34 652,80

Transporte do material (1 km< DMT <= 2

km) (5m3/ha)

m3 960 2,64 2.534,40

Visita semanal técnico - duração 1 dia dia 52 95,00 4.940,00

Inspeção 4 vezes ao ano dia 4 445,00 1.780,00

Custo de manutenção da barragem (R$) por ano 9.907,20

7.5.2.3 – Cenário D

O cálculo do indicador de custos do cenário 3 envolve os custos de construção e operações

necessárias à implantação dos diques laterais em terra propostos no item 7.2.3. As

dimensões e detalhes construtivos encontram-se apresentados na Figura 7.10. Além dos

custos de implantação, os custos dos danos residuais e os custos de operação compõem o

indicador de custos para este caso.

Custos de implantação

Para a composição dos custos de implantação do dique tomou-se como base o

detalhamento mostrado na Figura 7.10. Os custos relativos aos serviços a serem executados

foram obtidos tomando como base a planilha de custos da SUDECAP para dezembro de

2008. Os custos de implantação do dique adotados encontram-se listados na Tabela 7.27

prevendo a execução de atividades de preparação das margens do rio Sapucaí para as

alterações previstas após a inserção dos diques.

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238

Tabela 7.27 – Custo de preparação das margens do rio Sapucaí

Tipo de serviço Unidade Custo unitário

(R$)

Quantidade

(m)

Custo / m

(R$)

Limpeza de margens m2 0,65 7,0 4,55

Concreto de regularização 20cm m3 229,85 1,4 321,79

Revestimento de concreto 30cm m3 268,41 2,1 563,66

Custo total por metro de revestimento 890,00

Para implantação do conjunto dos diques e dos canais laterais estão previstas as atividades

listadas nas Tabelas 7.28e 7.29, sendo que para o canal lateral foi seguido o procedimento

utilizado por Moura (2004) e os respectivos custos atualizados para dezembro de 2008.

Tabela 7.28 – Custo de implementação dos diques laterais em terra

Tipo de serviço Unidade Custo unitário

(R$)

Quantidade

(m)

Custo / m

(R$)

Escavação m3 4,02 13,2 53,06

Base de pedra m3 76,21 13,2 1.005,97

Dreno de areia m3 42,46 6,6 280,24

Transporte de material m3.km 0,69 1422,8 981,73

Carga de material m3 1,13 71,14 80,39

Compactação m3 9,27 71,14 659,47

Concreto de regularização m3 229,85 6,57 1.510,11

Revestimento de concreto m3 268,41 3,285 881,73

Grama batatais em placas m2 5,30 12,65 67,05

Custo por metro linear de dique 7.299,75

Tabela 7.29 - Custo de implantação de canal em concreto (Moura, 2004)

Tipo de serviço Unidade Custo unitário (R$) Quantidade (m) Custo total (R$)

Escavação m3 3,49 43,52 151,88

Enrocamento m3 76,21 4,08 310,94

Concreto de regularização m3 229,85 1,36 312,60

Concreto 25 MPa m3 268,41 4,08 1.095,11

Dreno m 75,82 2,00 151,64

Escoramento m2 88,74 8,00 709,92

Forma m2 26,74 8,00 213,92

Grama m2 5,30 5,41 28,67

Armação kg 6,21 291,43 1.809,77

Total por metro linear de canal

4.784,45

Compõem os custos de implantação dos diques a remoção das pontes instaladas no trecho

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239

onde o dique será colocado e a remoção definitiva da população que habita as áreas laterais

inseridas na faixa de domínio do dique.

Para a substituição das pontes o valor estimado por Oliveira (2009) incluindo a retirada das

pontes antigas e a inserção de novas pontes de concreto, é em média R$2.000,00 por m2 de

ponte. Para a estimativa do custo de substituição das pontes foi adotada uma largura de 12

metros para cada uma delas e o comprimento das mesmas foi obtido pela largura do rio

Sapucaí na seção onde as mesmas estão inseridas. O posicionamento das pontes não será

alterado e os respectivos custos de substituição encontram-se descritos na Tabela 7.30.

Tabela 7.30 – Custo de substituição das pontes sobre o rio Sapucaí no trecho do dique em

Itajubá.

Substituição das pontes do rio Sapucaí quantidade (m)

Ponte seção 16.1 50,00

Ponte seção 11.5 53,00

Ponte seção 9.5 75,00

Ponte seção 8.5 82,00

Ponte seção 7.5 90,00

Comprimento total de pontes (m) 350,00

Custo de ponte de concreto por m2 (R$) 2.000,00

Largura estimada (m) 12,00

Custo total de substituição das pontes no trecho do dique (R$) 8.400.000,00

Já para a indenização dos lotes a serem desapropriados foi feita uma pesquisa junto a 3

(três) imobiliárias de Itajubá e o valor médio informado do custo por metro quadrado de

lotes com construção em padrão médio de acabamento é de R$400,00. De acordo com a

área a ser desapropriada identificada no item 7.2.3, o custo total de indenização é de

R$31.997.048,00.

Custos de operação e manutenção

Os custos de manutenção se referem à limpeza do canal lateral e a recuperação da

superfície gramada e do concreto e armadura do revestimento dos diques e canais. Os

custos de recuperação da superfície gramada e do concreto foram definidos baseados no

recomendado por Moura (2004). Os valores constantes para a execução de cada atividade

foram obtidos da planilha de custos da SUDECAP e constam da Tabela 7.31.

O cálculo do valor presente líquido dos custos de manutenção do dique e canal lateral

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240

foram obtidos considerando uma vida útil de 30 anos. Esse valor corresponde a

R$5.673.567,94

Tabela 7.31 – Custos de manutenção do dique e canal lateral

Serviço Unidade Custo unitário

(R$) Quantidade

Custo por metro (R$)

Canal

Limpeza 2 vezes ao ano 70,03

Recuperação do concreto e armaduras (0,1% ao ano)

m2 21,10 0,013 0,27

Faixa gramada Recuperação de 1% ao ano

m2 5,30 0,13 0,69

Dique

Recuperação do concreto e armaduras (0,1% ao ano)

m2 21,10 0,024 0,51

Grama (substituição de 1% ao ano) m2 5,30 0,24 1,27

Custo por metro linear 72,77

7.5.2.4 - Cenário S

O sistema de alerta previsto para atender o município de Itajubá já foi descrito no item

7.2.4 anterior. Para a determinação do indicador de custo desta medida estão previstos os

custos de instalação da parte física do sistema, os custos de manutenção e operação do

mesmo além dos custos dos danos residuais em função da antecedência do alerta.

Custo de instalação

A estimativa o número de equipamentos e seus respectivos custos foi feita a partir das

informações disponibilizadas por Nascimento et al. (2008) assim como o orçamento da

instalação da rede de monitoramento mostrada na Tabela 7.32. O levantamento de custos

apresentado na Tabela 7.32, é composto da aquisição de equipamentos para medição de

chuva e vazão, alimentação de energia, aquisição de materiais e equipamentos para

recepção, tratamento e transmissão dos dados com uma antecipação prevista para o alerta

de 12 horas.

Tabela 7.32 – Estimativa de custos de instalação da rede de monitoramento hidrológico

para o rio Sapucaí no município de Itajubá

Tipo Custo Unitário (R$) Número de

estações

Sub-total

(R$) Equipamento Instalação

Pluviométrica 7.000,00 2.000,00 5 45.000,00 Fluviométrica 10.000,00 10.000,00 7 140.000,00

Computadores, móveis e materiais de escritório 20.000,00 20.000,00

Custo total da rede telemétrica 205.000,00

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241

Custos de manutenção e operação

Para a determinação dos custos de manutenção e operação do sistema de alerta foi definido

um salário mensal para o operador e um custo mensal para as atividades diárias de

manutenção de um escritório e operação dos equipamentos de recepção e transmissão de

dados. Além destes, os custos mensais têm como objetivo, também, a previsão da

manutenção dos equipamentos de campo diluídos ao longo dos meses. Os valores adotados

para este item são os mostrados na Tabela 7.33.

Tabela 7.33 – Custo de operação e manutenção do sistema de alerta

Atividade Unidade Custo mensal (R$)

Operador R$ 1.500,00

Manutenção (escritório, equipamentos) R$ 1.250,00

Total manutenção por mês (R$) 2.750,00

Total manutenção por ano (R$) 33.000,00

O valor presente líquido dos custos de manutenção e operação do sistema de alerta para o

período de 30 anos é R$ 264.719,60.

7.6 – CONSIDERAÇÕES PARCIAIS

Neste capítulo foi aplicada a sistemática proposta incluindo a sistemática de avaliação de

danos à infraestrutura e a sistemática de análise desempenho-custo.

A aplicação da sistemática de avaliação de danos permitiu a obtenção dos custos dos danos

em valores monetários em cada período de retorno para cada alternativa de controle de

inundações para o município de Itajubá.

No que diz respeito à análise de desempenho, a variação dos pesos conforme a abordagem

adotada possibilitou a avaliação da robustez da metodologia proposta.

Os resultados e as conclusões obtidas por essa análise encontram-se descritos nos

Capítulos 8 e 9 do presente documento assim como a análise dos resultados obtidos na

avaliação dos danos à infraestrutura urbana em relação aos demais custos considerados.

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242

8.0 – ANÁLISE DOS RESULTADOS

Após a aplicação da sistemática proposta nos Capítulos 5 e 6 do presente estudo à área

urbana do município de Itajubá, nesse tópico serão apresentados os resultados obtidos com

os comentários a respeito dos mesmos e a sua análise.

8.1 – MODELAGEM APLICADA

Os resultados obtidos na modelagem hidráulica e de uso do solo para os cenários

analisados para o município de Itajubá mostraram que há uma variação muito pequena

entre as superfícies inundadas para os períodos de retorno aplicados ao estudo. Os

resultados encontrados mostram o potencial para geração de inundações na região urbana

de Itajubá.

A Tabela 8.1 mostra que para a vazão de período de retorno de 100 anos igual a 394 m3/s,

a mancha de inundação prevista para o município de Itajubá equivale a 46,25% da área

urbana delimitada para o município. Para um período de retorno de 50 anos há uma

redução na vazão de 9,39% e a mancha de inundação prevista é de 45,33% da área urbana.

Assim, quase não há diferença entre a mancha de inundação para esses dois períodos de

retorno já que a redução da mancha é de somente 1,98%. A diferença existente para os dois

maiores períodos de retorno analisados ocorrerá praticamente apenas nas alturas de

submersão. Já para o período de retorno de 10 anos há uma redução na vazão de 31,98%

passando de 394 m3/s para 268m

3/s e a mancha de inundação para este caso equivale a

37,79% da área urbana delimitada, com uma redução em relação à mancha de inundação

para o maior período de retorno de 18,29%.

Tabela 8.1 – Áreas das superfícies ocupadas pelas manchas de inundação para os cenários

Identificação Superfície ocupada (km2) Taxa da área inundada (%)

Área urbana de Itajubá 24,00 ---

Área inundada para A100 11,10 46,25

Área inundada para A50 10,88 45,33

Área inundada para A10 9,07 37,79

Área inundada para D100 7,90 32,92

Área inundada para D50 7,75 32,29

Área inundada para D10 6,27 26,13

Para os cenários com a implantação dos diques as áreas ocupadas pelas manchas de

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243

inundação para cada período de retorno variaram de 26,13 a 32,92% com os mesmos

intervalos de variação de vazão citados nos dois parágrafos anteriores.

Não estão apresentados os resultados de variação das manchas de inundação para o cenário

B uma vez que com a solução adotada neste cenário não há previsão de inundação e para o

cenário S, as manchas de inundação são equivalentes às encontradas para o cenário A.

8.2 – INDICADORES DE VULNERABILIDADE

A análise do desempenho de cada cenário aplicado ao estudo de caso foi feita utilizando o

índice de desempenho determinado pelo método TOPSIS proposto no item 6.5 para os

indicadores de vulnerabilidade. De acordo com os resultados obtidos e apresentados na

Tabela 7.10, houve pouca ou nenhuma variação nesse índice em um mesmo cenário para

os diferentes períodos de retorno considerados na análise. As maiores diferenças

observadas ocorreram para os cenários A e S (atual e sistema de alerta) para a abordagem

social. Para o cenário B (barragem) não houve variação no índice de desempenho para os

diferentes períodos de retorno considerados em nenhuma das abordagens analisadas.

A Figura 8.1 apresenta os resultados das alterações nos índices de desempenho para cada

cenário tomando como base os pesos obtidos pela média. Conforme apresentado na Figura

8.1 quando foi dada ênfase dos pesos na abordagem ambiental, em todos os cenários

analisados houve redução nos índices de desempenho com variações entre 39 a 52%. As

menores variações neste índice foram obtidas para o cenário B (barragem) com uma

redução de 39% para os três períodos de retorno analisados. As maiores variações

observadas foram obtidas para o cenário D (diques) cujas reduções no índice de

desempenho foram de 52% para os três períodos de retorno.

Para os pesos da abordagem social houve uma melhoria no desempenho de todos os

cenários com variações de 12 a 52% superiores ao desempenho quando aplicada a média

dos pesos. As menores variações observadas ocorreram para o cenário B com um

desempenho 17% superior ao da média, e as maiores variações observadas ocorreram para

o cenário D, para o qual houve uma melhoria no desempenho em relação à média de 48 e

52%.

Para a abordagem técnica foi observada uma queda no desempenho de 5% para o cenário

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244

B e de 21 e 23% para o cenário D, enquanto que para os cenários A e S houve uma

melhoria no desempenho de 13 a 20% sobre o desempenho obtido na aplicação da média

dos pesos. Esses resultados podem ser vistos na Figura 8.1.

Figura 8.1 – Porcentagem de alteração no desempenho dos cenários para cada aspecto

tomando como base a média dos pesos

A maior parte dos indicadores propostos analisa a vulnerabilidade da área em estudo por

meio de informações objetivas obtidas a partir da modelagem hidráulica conjugada com

características físicas e de uso do solo. Mesmo que a determinação dos indicadores seja

feita a partir de análises qualitativas, com exceção do indicador que trata das alterações na

morfologia fluvial (IMF), todos os demais partem de uma ótica objetiva para sua

determinação.

Para verificação da influência de variações do indicador IMF resultante de visões

diferenciadas entre os analistas para as intervenções efetuadas para uma mesma área foi

executada uma análise de sensibilidade para este indicador. Foi alterado o valor desse

indicador para o cenário D para o qual ele teve o pior desempenho variando de -7 para +7 e

1222 25

17 17 17

48 52 52

1222 25

A100 A50 A10 B100 B50 B10 D100 D50 D10 S100 S50 S10

Abordagem Social

-39 -41 -40 -39 -39 -39

-52 -52 -52

-39 -41 -40

A100 A50 A10 B100 B50 B10 D100 D50 D10 S100 S50 S10

Abordagem Ambiental

20 16 13

-5 -5 -5-21 -21 -23

20 16 13

A100 A50 A10 B100 B50 B10 D100 D50 D10 S100 S50 S10

Abordagem Técnica

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245

de -7 para +1. As alterações efetuadas ocasionaram, na primeira situação, uma melhora no

desempenho do cenário que variou de 2 a 10% com os pesos da média, e nas abordagens

social e técnica. O melhor desempenho foi observado para a abordagem ambiental, cuja

variação em relação ao valor do indicador aplicado inicialmente ficou em torno de 150%

maior. Essa variação melhoraria sobremaneira o desempenho do indicador, mas ainda

assim o desempenho do mesmo só superaria o desempenho dos demais cenários para a

abordagem ambiental. Variando o valor do indicador de -7 para +1 não há alteração na

ordem de preferência de desempenho para os cenários em nenhuma das abordagens

avaliadas.

O cenário D teve o pior desempenho dos quatro cenários analisados em todos as

abordagens adotadas. Melhorias no desempenho deste só podem ocorrer com a

implantação de medidas complementares que reduzam os impactos da introdução dos

diques na área.

8.3 – INDICADORES DE CUSTO

Após a aplicação da sistemática e a estimativa dos custos envolvidos na introdução dos

cenários propostos para o município de Itajubá a Tabela 8.2 apresenta um resumo dos

valores encontrados para cada setor. Os custos dos danos em reais encontrados são a

medida utilizada na comparação dos mesmos.

Tabela 8.2 – Resumo dos custos aplicados ao município de Itajubá

Custos

Cenários

Implantação e

manutenção (R$)

Danos à

infraestrutura

urbana (R$)

Danos às

residências (R$)

Danos ao

comércio e

serviços (R$)

Total dos custos

(R$)

A100 0,00 16.401.581,13 105.017.629,23 118.283.887,69 23.9703.098,05

A50 0,00 15.664.887,00 92.202.814,89 105.149.010,66 213.016.712,55

A10 0,00 13.213.129,26 73.281.970,71 66.102.803,74 152.597.903,71

B100 60.170.019,02 0,00 0,00 0,00 60.170.019,02

B50 60.170.019,02 0,00 0,00 0,00 60.170.019,02

B10 60.170.019,02 0,00 0,00 0,00 60.170.019,02

D100 163.516.939,70 11.178.864,20 65.869.730,22 36.188.217,03 276.753.751,15

D50 163.516.939,70 10.937.236,02 63.414.140,41 33.212.793,71 271.081.109,84

D10 163.516.939,70 8.485.764,81 51.918.429,36 20.050.304,22 243.971.438,09

S100 469.719,60 16.401.581,13 73.512.340,46 82.798.721,38 173.182.362,57

S50 469.719,60 15.664.887,00 64.541.970,42 73.604.307,46 154.280.884,49

S10 469.719,60 13.213.129,26 51.297.379,50 46.271.962,62 111.252.190,98

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246

No que diz respeito aos custos de implantação e manutenção, estes são fixos para cada tipo

de intervenção, dentro de uma visão realista de um trabalho efetivo de dimensionamento de

medidas de controle de inundação. Dessa forma, a estimativa de custos foi realizada para

alternativas de controle previstas para atender um período de retorno de 100 anos. Dentre

os três cenários com a previsão de intervenções para a mitigação dos danos decorrentes de

inundações, aquele que apresentou o maior valor relacionado foi o cenário D, sendo

seguido do cenário B com valor equivalente a 36,80% do valor encontrado para o cenário

D, e do cenário S equivalente a 0,29% dos custos de implantação e manutenção do cenário

D.

Do total dos danos encontrados, os danos à infraestrutura urbana para os cenários em

análise ficaram compreendidos entre 6,84% para o cenário A para um período de retorno

de 100 anos até 11,93% para o cenário S para período de retorno de 10 anos, conforme

pode ser visto na Figura 8.2. No cenário S, para todos os períodos de retorno, os danos à

infraestrutura continuaram os mesmos que na situação do cenário A, já que a redução dos

danos neste cenário se limita à redução da exposição de bens existentes no interior das

edificações do cenário A.

Os danos à infraestrutura urbana tiveram um impacto maior sobre os cenários D e S que

em relação ao cenário A. Isso é decorrente da redução dos danos observada para os demais

setores com a implantação dos cenários, o que dependendo da situação, não tem grande

interferência na infraestrutura urbana. Para o cenário B não há danos uma vez que o

escoamento fica inteiramente contido na calha do rio.

Os resultados apresentados na Figura 8.2 mostram uma proporção bem próxima dos danos

às residências e dos setores de comércio e serviços nos cenários A e S. Para os setores de

comércio e serviços há uma redução do montante de danos na medida em que é reduzido o

período de retorno da análise, enquanto que para as residências, essa relação é inversa.

No que diz respeito à infraestrutura urbana, quanto menor o período de retorno, maiores

são os danos relativos determinados, o que pode ser justificado pelo fato de que logo que o

escoamento sai da calha do rio já se iniciam alguns dos danos à infraestrutura mesmo antes

de a água atingir os demais setores.

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247

Figura 8.2 – Porcentagem relativa dos danos aos diferentes setores para os cenários

Em relação à infraestrutura urbana, a distribuição das proporções dos danos entre os

sistemas avaliados é o mostrado na Figura 8.3. O sistema responsável pela maior parte dos

danos é o sistema viário que é responsável por parcelas dos danos de 53% até 59% para a

situação em análise, sendo seguido do sistema de limpeza (gestão de resíduos sólidos). Os

setores com menores volumes de danos em relação aos danos à infraestrutura urbana são os

sistemas de drenagem de águas pluviais e distribuição de energia elétrica, com variações de

2 a 3 % sobre o montante dos danos à infraestrutura urbana. Os setores de esgotamento

sanitário e abastecimento de água apresentaram parcelas que variaram de 6 a 8% e 5 a 12%

respectivamente.

A Figura 8.4 apresenta as reduções observadas nos danos a cada setor do município de

Itajubá em relação ao cenário atual. A redução de danos com a introdução do cenário B foi

a melhor observada para o município, já que não há previsão de danos a nenhum dos

setores tratados. A introdução do cenário D ocasionou uma redução nos danos totais que

variou de 47,28% a 52,76%, enquanto que para a introdução do cenário S, a porcentagem

de redução nos danos foi quase a mesma para os três cenários com variações de 27,40 a

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248

27,95%.

Figura 8.3 – Distribuição dos danos entre os sistemas de infraestrutura urbana em cada

cenário

Em relação à infraestrutura urbana, o cenário D foi responsável por uma redução de danos

com valores variando de 30,18 a 35,78%. Para este mesmo cenário, as reduções sobre os

danos ao setor habitacional ficaram no intervalo compreendido entre 29,15 e 37,28%, para

o setor de comércio e serviços a redução dos danos ficou no intervalo compreendido entre

69,41 e 69,67%, mostrando um resultado melhor no que diz respeito à geração de danos do

viário53%

esgoto6%

água11%

drenagem3%

energia2%

limpeza24%

A100

viário54%

esgoto6%

água11%

drenagem3%

energia2%

limpeza24%

D100

viário53%

esgoto6%

água11%

drenagem3%

energia2%

limpeza24%

S100

viário54%

esgoto6%

água11%

drenagem3%

energia2%

limpeza24%

A50

viário54%

esgoto6%

água11%

drenagem3%

energia2%

limpeza24%

D50

viário54%

esgoto6%

água11%

drenagem3%

energia2%

limpeza24%

S50

viário55%

esgoto7%

água12%

drenagem3%

energia2%

limpeza21%

A10

viário59%

esgoto8%

água5%

drenagem3%

energia2%

limpeza23%

D10

viário55%

esgoto7%

água12%

drenagem3%

energia2%

limpeza21%

S10

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249

cenário D em relação ao cenário S.

Analisando a redução das vazões para cada período de retorno, uma redução de 9,39%

sobre as vazões equivalentes aos períodos de retorno de 100 e 50 anos obteve-se um

montante de danos reduzido em 11,13%. Para a redução nas vazões dos períodos de

retorno de 100 para 10 anos da ordem de 31,98% há uma redução no montante dos danos

de 36,34%.

Figura 8.4 – Porcentagem de redução dos danos para os cenários em relação ao cenário

atual para cada um dos setores avaliados

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250

Analisando as variações na extensão das manchas de inundação e na redução de danos,

especificamente à infraestrutura urbana, pode-se afirmar que a redução de danos é

ligeiramente superior ao recuo observado, em porcentagem, da mancha de inundação entre

os períodos de retorno analisados. Além disso, o cenário S não apresenta redução adicional

a este setor. A ilustração dos valores encontrados para a comparação entre as reduções

observadas nas manchas de inundação e na redução de danos pode ser visualizada na

Figura 8.5.

Tabela 8.5 – Comparação entre as reduções observadas nas manchas de inundação e nos

danos à infraestrutura urbana para cada cenário

A Figura 8.6 apresenta a distribuição dos danos à infraestrutura urbana para cada sistema

avaliado em todos os períodos de retorno utilizados em relação aos danos diretos aos

demais setores avaliados. Destacam-se nessa análise os danos ao sistema viário,

responsável pelas maiores proporções dos danos estimados com uma variação de 3,95% no

cenário A100 para 7,39% para o cenário S10. Os sistemas responsáveis pelas menores

proporções dos danos foram os sistemas de distribuição de energia elétrica e drenagem de

águas pluviais com variações bastante próximas entre os cenários analisados (de 0,18% a

0,35%).

4.49

19.44

100.00

100.00

100.00

31.84

33.32

48.26

4.49

19.44

0.00

1.98

18.29

100.00

100.00

100.00

28.83

30.18

43.51

0.00

1.98

18.29

A100

A50

A10

B100

B50

B10

D100

D50

D10

S100

S50

S10

Redução da superfície inundada para cada cenário (%)

Redução dos danos em função da redução da superfície inundada (%)

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251

Figura 8.6 – Proporção dos danos a cada sistema da infraestrutura urbana em relação ao

total dos danos diretos aos setores habitacional, comercial e de serviço

Uma análise dos custos das intervenções e dos danos distribuídos para a população da área

urbana de Itajubá é apresentada na Tabela 8.3. Os resultados mostram que a intervenção

com o menor custo por habitante é o sistema de alerta (cenário S), sendo seguida da

barragem (cenário B) e por último, com maior valor relacionado por habitante, a solução

pelos diques laterais (cenário D).

Em relação aos danos, executando a mesma análise e distribuindo os custos dos mesmos

pela população da zona urbana de Itajubá, o melhor resultado é o apresentado pelo cenário

B que não apresenta custos dos danos associados. Para os demais cenários, os valores

relacionados por habitante aumentam conforme o período de retorno analisado ficando em

intervalos de R$971,67 a R$1367,59 para o cenário D, de R$1337,95 a R$2085,90 para o

cenário S e de R$1842,97 a R$2894,96 para o cenário A.

viário7.39%

esgoto0.98%

água1.68%

drenagem0.35%

energia0.26%

limpeza2.88%

S10

viário6.26%

esgoto0.72%

água1.34%

drenagem0.30%

energia0.29%

limpeza2.77%

S50

viário5.64%

esgoto0.65%

água1.18%

drenagem0.27%

energia0.31%

limpeza2.50%

S100

viário6.92%

esgoto0.93%

água0.63%

drenagem0.33%

energia0.28%

limpeza2.70%

D10

viário6.38%

esgoto0.72%

água1.32%

drenagem0.30%

energia0.24%

limpeza2.82%

D50

viário6.15%

esgoto0.68%

água1.28%

drenagem0.29%

energia0.24%

limpeza2.72%

D100

viário5.17%

esgoto0.69%

água1.17%

drenagem0.24%

energia0.18%

limpeza2.02%

A10

viário4.38%

esgoto0.50%

água0.94%

drenagem0.21

energia0.20

limpeza1.94%

A50

viário3.95%

esgoto0.46%

água0.83%

drenagem0.19%

energia0.22%

limpeza1.75%

A100

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252

Tabela 8.3 - Custos dos cenários por habitante da zona urbana do município de Itajubá

Cenário Custo das intervenções (R$) Custo dos danos (R$) Custo da solução (R$)

A100 0,00 2894,96 2894,96

A50 0,00 2572,67 2572,67

A10 0,00 1842,97 1842,97

B100 726,69 0,00 726,69

B50 726,69 0,00 726,69

B10 726,69 0,00 726,69

D100 1974,84 1367,59 3342,44

D50 1974,84 1299,08 3273,93

D10 1974,84 971,67 2946,51

S100 5,67 2085,90 2091,57

S50 5,67 1857,62 1863,30

S10 5,67 1337,95 1343,63

A análise dos custos das soluções propostas distribuídos pela população da zona urbana de

Itajubá mostrou que a solução que, em termos financeiros, apresenta menor valor

relacionado por habitante é o cenário B, uma vez que o mesmo só apresenta os custos

relacionados às intervenções. Para os demais cenários, os valores são variáveis dependendo

do período de retorno da análise, apresentando os melhores resultados após o cenário B, o

cenário S com valores variando de R$1343,63 a 2091,57, sendo seguido do cenário A com

valores variando de R$1842,97 a R$2894,96 e por último, apresentando maior valor

relacionado por habitante, o cenário D com valores variando de R$2946,51 a R$3342,44.

8.4 – ANÁLISE DESEMPENHO-CUSTO

Após o cálculo dos valores dos custos de cada cenário foi calculado o índice de custo

conforme descrito no item 6.8 para cada situação a fim de proceder a análise desempenho

versus custo. A aplicação do conceito de Pareto e o traçado dos gráficos de Pareto para as

situações analisadas permitiram a visualização do comportamento de cada cenário em

relação à situação mais ou menos favorável e seu desempenho em relação aos custos.

A Tabela 8.4 apresenta um resumo dos índices de desempenho e dos índices de custo

obtidos para cada cenário utilizando as médias dos pesos para a obtenção dos índices de

desempenho. Pelo método utilizado a opção mais próxima da ideal é aquela que, no

gráfico, encontra-se mais próxima ao canto superior direito, e a mais próxima da solução

anti-ideal é aquela que encontra-se mais próxima ao canto inferior esquerdo do mesmo.

Considerando os resultados dos índices de desempenho pela média dos pesos apresentados

na Tabela 8.4 e pela Figura 8.7, em relação aos cenários A e S para os períodos de retorno

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253

de 100 e 50 anos não foi expressiva a diferença de desempenho obtida. Já o cenário D

apresentou um desempenho bem abaixo dos dois últimos cenários citados.

Tabela 8.4 – Análise desempenho – custo pela média dos pesos

Figura 8.7 – Gráfico de Pareto para a média dos pesos

A10

B10

D10

S10A50

B50

D50

S50A100

B100

D100

S100

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50 3.00 3.50

Índ

ice

de

Des

emp

enh

o

Índice de Custo

Identificação Índice de desempenho Índice de custo

A100 0,49 0,78

B100 0,64 3,12

D100 0,29 0,68

S100 0,49 1,08

A50 0,51 0,82

B50 0,64 2,90

D50 0,29 0,64

S50 0,51 1,13

A10 0,52 0,93

B10 0,64 2,36

D10 0,31 0,58

S10 0,52 1,28

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254

Com relação aos cenários A e S, os índices de desempenho de ambos são os mesmos. O

que define a situação mais ou menos próxima da ideal, neste caso, é o índice de custos

determinado para cada cenário. Nesse sentido, dentre os dois cenários considerados,

apresenta uma solução mais próxima da ideal a solução apresentada pelo cenário S em

todos os períodos de retorno avaliados.

A mesma análise foi feita tomando como base as diferentes abordagens adotadas. Os

resultados encontrados para essa análise estão demonstrados nas Tabelas de 8.5 a 8.7 e nas

Figuras 8.8 a 8.10.

Para a abordagem relacionada ao meio ambiente foram encontrados os resultados

apresentados na Tabela 8.5 e na Figura 8.8. Para essa abordagem os quatro cenários

sofreram uma queda de desempenho. Apesar da redução da distância entre os resultados

obtidos para os quatro cenários, foi confirmada a solução apresentada para a análise pela

média dos pesos. O cenário B foi o que ficou mais perto da solução ideal e o cenário D o

mais próximo da anti-ideal.

Tabela 8.5 - Análise desempenho – custo pela abordagem ambientalista

Identificação Índice de desempenho Índice de custo

A100 0,30 0,78

B100 0,39 3,12

D100 0,14 0,68

S100 0,30 1,08

A50 0,30 0,82

B50 0,39 2,90

D50 0,14 0,64

S50 0,30 1,13

A10 0,31 0,93

B10 0,39 2,36

D10 0,15 0,58

S10 0,31 1,28

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255

Figura 8.8 – Gráfico de Pareto para a abordagem ambientalista

Adotando-se a abordagem social foi observada uma melhoria no comportamento de todos

os cenários utilizados na análise. Assim como nas situações apresentadas anteriormente há

a confirmação da solução definida para o cenário B como a mais próxima da solução ideal

e a do cenário D como a solução mais distante da ideal. O comportamento dos cenários

nessa abordagem é bastante semelhante aos comportamentos observados nos dois casos

anteriores onde os cenários A, D e S encontram-se bem próximos, tendo destaque no

gráfico o cenário B. Os resultados obtidos para essa análise podem ser vistos na Tabela 8.6

no gráfico da Figura 8.9.

Tabela 8.6 - Análise desempenho – custo pela abordagem social

Identificação Índice de desempenho Índice de custo

A100 0,55 0,78

B100 0,75 3,12

D100 0,43 0,68

S100 0,55 1,08

A50 0,62 0,82

B50 0,75 2,90

D50 0,44 0,64

S50 0,62 1,13

A10 0,65 0,93

B10 0,75 2,36

D10 0,47 0,58

S10 0,65 1,28

A10

B10

D10

S10A50

B50

D50

S50A100

B100

D100

S100

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50 3.00 3.50

Índ

ice

de

De

sem

pen

ho

Índice de Custo

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256

Figura 8.9 – Gráfico de Pareto para a abordagem social

Adotando-se a ponderação especificada para a abordagem técnica para análise

desempenho-custo observa-se, mais uma vez, a confirmação dos resultados obtidos nas três

primeiras análises efetuadas: a solução mais próxima da ideal é a apresentada pelo cenário

B e a solução mais distante da solução ideal é a apresentada pelo cenário D. Os resultados

nessa análise estão dispostos na Tabela 8.7 e na Figura 8.10.

Tabela 8.7 - Análise desempenho – custo pela abordagem técnica

Identificação Índice de desempenho Índice de custo

A100 0,59 0,78

B100 0,61 3,12

D100 0,23 0,68

S100 0,59 1,08

A50 0,59 0,82

B50 0,61 2,90

D50 0,23 0,64

S50 0,59 1,13

A10 0,59 0,93

B10 0,61 2,36

D10 0,24 0,58

S10 0,59 1,28

A10

B10

D10

S10A50

B50

D50

S50

A100

B100

D100

S100

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50 3.00 3.50

Índ

ice

de

De

sem

pen

ho

Índice de Custo

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257

Um pouco diferenciado dos resultados anteriores ocorreu um distanciamento entre os

resultados obtidos para os cenários A, D e S evidenciando a menor aptidão do cenário D

para a solução dos problemas relacionados às inundações para a área urbana de Itajubá de

acordo com as premissas estabelecidas.

Figura 8.10 – Gráfico de Pareto para abordagem técnica

Os resultados da análise desempenho-custo para os cenários definidos para o município de

Itajubá a partir das ênfases dadas nos pesos relativos às quatro abordagens na análise

apresentaram o mesmo resultado final. Algumas alterações na configuração dos resultados

definiram uma maior ou menor proximidade no comportamento dos cenários A, D e S de

acordo com a abordagem adotada, mas a configuração final obtida para as premissas da

metodologia proposta sugerem a adoção do cenário B para a solução dos problemas de

inundações no município. A segunda opção seria a apresentada pelo cenário S sendo

seguida da opção do cenário A. A última solução e mais próxima da anti-ideal conforme o

método é a solução apresentada pelo cenário D.

A10 B10

D10

S10A50 B50

D50

S50

A100

B100

D100

S100

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.00 0.50 1.00 1.50 2.00 2.50 3.00 3.50

Índ

ice

de

De

sem

pen

ho

Índice de Custo

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258

9.0 – CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS

O objetivo do presente estudo foi o de contribuir para o planejamento de áreas urbanas

sujeitas a inundações por meio da proposição de uma ferramenta de auxílio à decisão que

incorpore elementos além da abordagem tradicional do problema, contemplando os

aspectos ambientais, sociais, de saúde pública e dos danos decorrentes das inundações e da

introdução de medidas de controle no contexto da zona urbana inundável.

A ferramenta proposta se baseia na utilização de indicadores como elemento para avaliar o

comportamento de cenários para o controle de inundações e para a seleção de alternativas

de controle. A escolha deste instrumento para tratar a questão foi decorrente das

potencialidades do mesmo em agregar informações de diferentes naturezas.

Para atingir os objetivos formulados adotou-se a construção de um referencial teórico

focado no contexto da ocorrência de inundações em áreas urbanas e no impacto da

introdução das medidas alternativas. A partir desse referencial teórico foi possível

estabelecer diretrizes para a aplicação de medidas de controle de inundações a partir de

características físicas e de ocupação, definir a escala de atuação das mesmas e identificar,

dentre as metodologias disponíveis, aquelas que atendessem aos objetivos formulados para

a pesquisa.

A construção da sistemática proposta se baseou na perspectiva do planejador buscando

atender às necessidades do planejamento em nível municipal ou de sub-bacia ao idealizar

uma ferramenta de fácil aplicação e compreensão. Partindo dessa análise, as conclusões ao

final do trabalho estão descritas a seguir, sendo ulteriormente apresentadas algumas

perspectivas.

9.1 - CONCLUSÕES

9.1.2 - Sistemática de avaliação de danos à infraestrutura urbana

Uma vertente do trabalho que pode ser considerada como contribuição original no processo

de avaliação de danos diretos decorrentes de inundações em áreas urbanas foi a elaboração

da sistemática de avaliação danos à infraestrutura. A execução dessa etapa do trabalho

buscou preencher uma das lacunas existentes no que diz respeito à análise financeira

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259

relacionada à seleção de soluções para minimização dos impactos das inundações em

regiões urbanas. Ao incluir este aspecto na análise, procurou-se estabelecer uma

sistemática que pudesse ser aplicada de maneira geral desde que alguns elementos

metodológicos sejam definidos a priori. A sistemática proposta, ainda que não possa ser

considerada exaustiva, poderá contribuir para a melhoria da avaliação de danos decorrentes

de inundações em trabalhos futuros.

Em se tratando das dificuldades, o principal empecilho para estabelecimento da sistemática

de avaliação de danos à infraestrutura urbana foi a obtenção de informações para subsidiar

o seu desenvolvimento. São vários os sistemas envolvidos nessa proposta de avaliação e os

dados necessários para sua construção normalmente não são catalogados após os eventos

de inundação. Quando existem informações disponíveis, estas são soltas não sendo

passíveis de correlação com os parâmetros das precipitações e das inundações, o que

prejudica a ligação dos danos ocorridos aos eventos.

A pulverização das atividades de manutenção e reparo dos danos inseridas nos contratos de

prestação de serviço dificulta consideravelmente a coleta dos dados e, muitas vezes,

impossibilita a contabilização dos seus custos.

Deve-se destacar, no processo de aquisição de dados para a elaboração da sistemática, o

processo de execução de entrevistas com representantes de concessionárias de serviços

públicos e, principalmente, com técnicos que atenderam às necessidades pós-cheia. Outro

aspecto interessante é que durante as entrevistas é possível vivenciar um pouco das

angústias da população durante os eventos e perceber as limitações e as necessidades das

concessionárias e órgãos públicos durante os desastres.

A base da proposição da sistemática foram as entrevistas juntamente com os documentos

de avaliação de danos (AVADAN) fornecidos pela Defesa Civil. As informações mais

ricas do processo foram obtidas por esses dois instrumentos. Os AVADAN foram fonte

importante de consulta para a elaboração da sistemática, se não por definir o método de

aplicação, mas por permitir a confirmação dos dados coletados nas entrevistas. Apesar de

não trazer o detalhamento necessário para a elaboração da sistemática, esses documentos

foram utilizados durante todo o processo.

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260

Uma grande dificuldade diz respeito ao levantamento de informações nos órgãos das

prefeituras. No processo de coleta de dados efetuado nos municípios do sul de Minas

Gerais apenas uma das prefeituras contatadas possuía relatório sobre inundações passadas:

a prefeitura de Pouso Alegre e o relatório da cheia de 2000. Ficou evidenciada a

descontinuidade de ações com mudanças de governos municipais e a falta de compromisso

com a manutenção de documentos produzidos por governos anteriores.

Não foi possível estabelecer correlações que permitissem a inclusão para uma avaliação

geral dos danos diretos em estruturas tais como pontes, bueiros e canais, na sistemática de

avaliação de danos proposta. A aleatoriedade com que ocorrem esses danos não permitiu a

sua contabilização com os dados e relatos disponíveis.

O resultado final dessa etapa do trabalho foi a proposição de uma sistemática de avaliação

de danos que parte das características do sistema instalado e permite a estimativa dos

custos dos danos potenciais a seis sistemas de infraestrutura urbana partindo das

características das inundações: sistema viário, abastecimento de água, esgotamento

sanitário, distribuição de energia elétrica, drenagem de águas pluviais urbanas e gestão de

resíduos sólidos. Essa sistemática se mostrou simples de ser aplicada, necessitando de

informações relativas às características da inundação e do sistema instalado.

9.1.3 – Indicadores de vulnerabilidade e sistemática de auxílio à decisão

A definição dos critérios e dos indicadores de vulnerabilidade se baseou num amplo

referencial bibliográfico que permitiu a incorporação dos resultados de outras pesquisas

nas áreas de interesse para tratar o problema. Durante o processo de formulação dos

indicadores foi constante a preocupação com a utilização de ferramentas disponíveis aos

órgãos de planejamento, e a utilização de informações que reduzissem a subjetividade na

análise.

As entrevistas com especialistas em geomorfologia foram fundamentais para a formulação

dos indicadores relacionados às alterações na morfologia fluvial e na geração de inundação

a jusante. Além das entrevistas, as trocas de idéias com profissionais de áreas correlatas ao

estudo auxiliaram na identificação de falhas na proposição e em adequações da

formulação.

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261

O processo de consulta aos especialistas trouxe um resultado satisfatório do ponto de vista

da pertinência dos aspectos abordados na análise e transmitiu segurança para a

continuidade do processo de formulação dos indicadores. A análise efetuada pelos

profissionais direcionou algumas das alterações feitas para chegar na formulação final.

Apesar do resultado satisfatório do processo de consulta aos especialistas, houve a

necessidade de modificar o método adotado inicialmente, pois concluiu-se que o método

de ponderação escolhido no primeiro momento (método AHP) não se adapta bem a esse

tipo de análise. Acredita-se que a hesitação diante da escolha do nível de importância entre

os aspectos abordados seja o motivo do resultado obtido em relação aos índices de

incoerência, sendo necessária uma maior interação com os envolvidos no processo para

atingir um nível de avaliação satisfatório. Assim, para dar continuidade ao processo de

consulta aos especialistas sem, no entanto, demandar um tempo excessivo para atingir os

objetivos desta, foi continuado o processo com o método de atribuição direta do peso.

Mesmo tendo recebido o retorno de apenas 11 dos especialistas consultados, esse número

pôde ser considerado suficiente para o prosseguimento do desenvolvimento da

metodologia.

Os métodos de agregação e apresentação dos resultados foram escolhidos a partir da sua

utilização em estudos anteriores aplicado à área de drenagem urbana com resultados

positivos, e pela sua facilidade de aplicação. Pode-se concluir que o método TOPSIS para

agregação dos indicadores e definição dos índices de desempenho se mostrou adequado

para o manuseio por planejadores sem a necessidade de experiência na utilização de

métodos multicritério. O esquema de apresentação de resultados pelo gráfico de Pareto

também foi considerado adequado para a representanção dos resultados.

9.1.3 - Aplicação da sistemática ao estudo de caso

Para consolidação da metodologia proposta foi feita a sua aplicação em um estudo de caso

real, com a finalidade de verificar se a formulação dos indicadores era exeqüível com as

ferramentas propostas. Ao final da aplicação, foi possível concluir que a formatação

definida para os indicadores é factível do ponto de vista da extração das informações e

aplicação da metodologia, e que as ferramentas utilizadas apresentaram-se adequadas ao

estudo.

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262

A modelagem aplicada se mostrou adequada aos objetivos do estudo e seus resultados

mostraram o potencial da área onde o município está situado para a geração de inundações.

Pelos resultados, uma chuva com vazão de período de retorno de 10 anos é capaz de

inundar cerca de 38% da área urbana do município. Um evento como este pode acarretar

aproximadamente 68% dos danos totais previstos para o município para um período de

retorno de 100 anos, mostrando as características singulares do município. A área urbana

do município inundada para uma vazão de 100 anos de período de retorno é praticamente a

mesma observada para uma vazão de 50 anos de período de retorno, sendo esta, apenas

1,98% inferior àquela. A diferença entre o montante de danos nas duas situações é de

aproximadamente 4,5%.

A aplicação da metodologia apresentou algumas dificuldades relacionadas à organização

das informações necessárias, tendo em vista suas diferentes origens e grande quantidade de

dados. Os dados digitais foram gerados em pacotes computacionais diferentes, muitas

vezes em escalas e sistemas de referência diferentes, tornando a montagem do banco de

dados um processo lento. Foi necessário compatibilizar as informações do modelo

hidráulico e do programa de geoprocessamento utilizado. Os resultados gerados no modelo

HEC-RAS não estavam georreferenciados, dificultando assim, a sua inserção no ArcGIS.

A aplicação da sistemática de avaliação de danos à infraestrutura a um caso real evidenciou

a necessidade de ter disponíveis os projetos e o detalhamento das características dos

sistemas avaliados. No presente estudo as medidas de controle previstas para comporem os

cenários foram detalhadas conforme consulta a técnicos e engenheiros da área de

construção civil e do material constante na bibliografia consultada. Além destas, algumas

suposições com relação à localização das redes e de alguns equipamentos foram feitas por

não haver nenhum documento detalhando a rede instalada. Para o uso adequado da

sistemática sugere-se a obtenção antecipada dos projetos ou levantamento de detalhes dos

sistemas de infraestrutura urbana. Assim, quanto mais detalhes disponíveis mais próxima

da realidade estará a avaliação.

A sistemática de avaliação de danos se mostrou fácil de ser aplicada quando são

disponibilizadas as informações relativas aos sistemas instalados. Os resultados mostraram

uma variação dos danos diretos à infraestrutura urbana no cenário atual em relação aos

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263

danos diretos totais, compreendida entre 6,84% para um período de retorno de 100 anos e

8,66% para um período de retorno de 10 anos. Para o cenário D essa variação ficou entre

9,87% e 10,55% enquanto que para o cenário S a variação foi de 9,50% a 11,93%,

respectivamente, para os mesmos períodos de retorno. A porcentagem dos danos à

infraestrutura aumenta quanto menor for o período de retorno analisado, o que mostra que

para alguns setores tais como o de esgotamento sanitário, não é necessário uma grande

extensão da mancha de inundação para a ocorrência de danos consideráveis ao sistema.

Dentre os sistemas de infraestrutura urbana avaliados, os que apresentaram os maiores

índices de danos foram o sistema viário, responsável por parcelas que variaram de 53,79%

a 58,73% dos danos nos cenários analisados, e o sistema de gestão de resíduos sólidos

(limpeza pública), responsável por parcelas de 20,83% a 23,22% dos danos. O setor que é

menos atingido é o de distribuição de energia elétrica, com frações correspondentes a

1,90% a 2,96%.

Deve-se salientar aqui que as ações preventivas nas áreas urbanas inundáveis têm uma

grande importância na redução dos danos à infraestrutura. Pelas entrevistas realizadas em

Itajubá pode-se perceber a preocupação que as concessionárias têm em melhorar dia-a-dia

os esquemas de proteção dos sistemas.

A metodologia proposta para a análise de desempenho dos cenários por meio de

indicadores não se mostrou sensível a pequenas variações resultantes de diferenças de

ponto de vista, já que os indicadores foram formulados em sua quase totalidade a partir de

medidas diretas, reduzindo assim o caráter subjetivo da análise e evidenciando a robustez

do método.

Os resultados da aplicação da metodologia a partir das quatro tendências de ponderação

convergiram indicando a alternativa B (barragem 3A) como a alternativa mais adaptada à

região para solução dos problemas relativos às inundações para o município de Itajubá,

dentro das premissas estabelecidas para o desenvolvimento do estudo. Os demais impactos

da introdução desse cenário nas áreas sob influência dessa intervenção, tais como aqueles

sofridos pelas propriedades onde as mesmas serão inseridas e os impactos ambientais que a

inserção da mesma acarretarão devem ser objeto de outros estudos não contemplados no

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264

âmbito desta tese.

Os resultados apresentados na forma de gráficos aplicando o método TOPSIS e os gráficos

de Pareto se mostraram bastante claros e objetivos, permitindo aos usuários da

metodologia a interpretação imediata dos resultados obtidos, tanto em relação ao

desempenho dos cenários quanto em relação aos custos envolvidos.

No que diz respeito ao montante de danos diretos obtidos, os valores apresentam-se como

uma estimativa coerente se consideradas as estimativas encontradas na literatura para a

estimativa dos danos globais. Pode-se afirmar, no entanto, que os valores encontrados não

contemplam os valores reais dos danos diretos. Estes seguramente são superiores aos

mencionados, já que não foi possível contabilizar de maneira generalizada os danos

sofridos por elementos tais como pontes, canais, etc. Além disso, os danos indiretos

tangíveis não foram abordados.

Com relação à generalização dos resultados, ficou bem clara durante a aplicação da

sistemática, que a ocupação tem relação direta com o montante de danos, assim como a

configuração dos sistemas instalados.

Finalmente, a sistemática proposta para seleção de alternativas para o controle de

inundações se mostrou aplicável, utilizando-se dados normalmente acessíveis às

prefeituras, além de ter-se mostrado robusta. Ainda, deve-se ressaltar que a sistemática de

avaliação de danos pode ser utilizada isoladamente quando se deseje apenas uma

estimativa de danos.

9.2 - PERSPECTIVAS

Como perspectiva para trabalhos futuros vislumbra-se a conveniência da aplicação da

metodologia proposta a outros estudos de caso, com variação das características de relevo,

ocupação da área, a escala de aplicação dos indicadores e gênese das inundações, a fim de

validar as recomendações efetuadas.

Longe de esgotar o assunto, são necessárias contribuições de outros estudos no sentido de

possibilitar a incorporação de informações detalhadas dos aspectos abordados, de modo a

refinar a formulação dos indicadores de vulnerabilidade melhorando a sensibilidade destes

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265

aos impactos sofridos, principalmente no que diz respeito aos aspectos sociais e de saúde

pública. Nessa perspectiva a inclusão da participação da população de maneira mais clara

na análise parece pertinente.

Ainda com relação aos indicadores, a introdução de um viés regional para a composição

dos mesmos evidenciando os aspectos mais importantes da localidade onde os mesmos

serão aplicados poderá atender ao colocado por um dos especialistas no penúltimo

parágrafo da página 165 do presente documento. Além disso, a regionalização dos

indicadores permitirá uma avaliação mais completa da aplicabilidade do método AHP para

a ponderação dos mesmos.

No tocante à avaliação de danos, espera-se que os resultados e as recomendações

constantes nessa pesquisa possam incentivar a coleta e o armazenamento de informações

relativas aos danos decorrentes de inundações em áreas urbanas. Espera-se também, que a

presente proposta de avaliação possa ser mais detalhada em relação à identificação dos

mecanismos formadores dos danos e nortear a coleta de informações que auxiliem no

processo de avaliação dos danos à infraestrutura urbana.

De modo a incrementar a sistemática de avaliação de danos espera-se a inclusão de

análises de danos indiretos tangíveis, tais como aqueles resultantes do corte do

atendimento de serviços públicos e os custos de socorro às vítimas das inundações.

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278

ANEXO A – CRITÉRIOS DE ESCOLHA DE TÉCNICAS

COMPENSATÓRIAS

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279

Tabela A1 - Importância relativa de restrições à implantação e operação das técnicas

(Baptista et al., 2005)

Técnica

Restrições à implantação e operação das técnicas

Permeabilidade

do solo Declividade

Proximidade

do lençol

Proximidade

do leito

rochoso

Restrições ao

uso do solo

Aporte de

sólidos

Bacia de

detenção + + + ++ +++ ++

Bacia de

infiltração +++ + +++ +++ +++ +++

Valas e valetas

de detenção + ++ + ++ ++ ++

Valas e valetas

de infiltração +++ +++ +++ +++ ++ +++

Pavimentos

porosos ++ +++ ++ + + +++

Revestimentos

permeáveis ++ +++ ++ + + +++

Trincheiras de

detenção + ++ ++ ++ ++ +

Trincheiras de

infiltração +++ +++ +++ +++ ++ +

Poços de

infiltração +++ + +++ +++ + +

Telhados

armazenadores + + + + + +

Reservatórios

individuais + + ++ ++ + +

+++: grande importância; ++: média ou possível importância; +: importância pequena ou nula

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280

Tabela A2 – Lista de critérios seletivos (Azzout et al., 1995 e Barraud et al., 1999) Critério Classe de limitação Incidência da classe de limitação

Comportamento do solo na

presença de água Ruim Uso de técnicas de detenção

Vulnerabilidade da água

subterrânea à água de chuva Sim Uso de técnicas de detenção

Capacidade de absorção na

superfície do solo Ruim (<10

-7 m/s) Uso de técnicas de detenção

Capacidade de absorção do solo

abaixo da superfície Ruim (<10

-7 m/s) Uso de técnicas de detenção

Alto nível da água do lençol

freático

Aproximando-se ao

nível do solo

Uso de técnicas de detenção; uso de

poços de injeção e bacias molhadas

Risco de águas poluídas

Médio Uso de dispositivos de tratamento

Alto Uso de técnicas de detenção e de

dispositivos de tratamento

Capacidade de condução Ruim

Impossível usar superfície permeável

para infiltração ou técnicas lineares

para drenagem de pavimentos

Saída permanente Não Problemas para drenar a área usando

técnicas de detenção

Disponibilidade de espaço (ao

lado de um pavimento,

estacionamento ou edifício)

Não

Impossível utilizar técnicas que

requerem uma área mais larga que a

área a ser drenada

Risco de água com silte Sim

Necessidade de dispositivos de

tratamento e uso de revestimento à

prova d‟água impermeável

Tipo de tráfego Pesado Uso de revestimento impermeável para

pavimentos permeáveis

Presença de forças cortantes Sim Uso de revestimento impermeável para

pavimentos permeáveis

Clima de montanha Sim

Uso de revestimento impermeável para

pavimentos permeáveis, não telhado

armazenador

Declividade local (parte a ser

drenada, possível disponibilidade

de espaço)

Leve a íngrime Instalação de partições

Chegada contínua de água Não Bacias de retenção não podem ser

usadas

Baixo nível da água do lençol

freático

Não se aproxima do

nível do solo

Bacias de retenção não podem ser

usadas

Excessiva declividade do telhado

Média (<5%) Instalação de partições no telhado

Excessiva (>5%) Não pode ser usado telhado

armazenador

Edifício adequado ao

armazenamento Não

Não pode ser usado telhado

armazenador

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281

Tabela A3 - Vantagens e inconvenientes das medidas compensatórias

Técnica Vantagens Inconvenientes B

acia

s d

e D

eten

ção

Efeito paisagístico com a criação de zonas verdes em meio urbano (Certu, 1998);

As bacias molhadas podem estar ligadas ao lazer e atividades náuticas (Certu, 1998);

Uso múltiplo das bacias com utilização das águas pluviais para outros fins (irrigação de jardins, lavagem de pisos,

etc.), em bacias de pequeno porte construídas em lotes urbanos (GVSDD, 2004);

As bacias secas podem ser arborizadas, instaladas em espaços verdes inundáveis;

Técnica antiga com aplicação bem conhecida (Certu, 1998);

Nas bacias com infiltração há a recarga do lençol, a dispensa de tubulação de descarga e exutório a jusante (Certu,

1998);

Em períodos secos, as bacias secas podem ser utilizadas para outras finalidades, tais como a prática de esportes (vôlei,

futebol, e outros) (UDFCD, 2002);

As bacias de infiltração secas são eficientes na redução do pico da cheia, na melhoria da qualidade da água e na

remoção de matéria particulada (UDFCD, 2002);.

Bacias alagadas - risco à segurança da população

ribeirinha (Certu, 1998);

Necessidade de grandes áreas (Certu, 1998);

Poluição do lençol freático pelas bacias com

infiltração (Certu, 1998);

Eventuais aborrecimentos por ocasião da estagnação

das águas (Certu, 1998).

Tel

had

os

Arm

azen

ado

res

Armazenamento imediato e temporário para uma parcela (Certu, 1998);

Não consome espaço no solo (Certu, 1998);

Boa integração estética a todos os tipos de habitações (Certu, 1998);

Sua execução não necessita de técnica particular em relação às coberturas tradicionais (Certu, 1998);

Seu processo de armazenamento não acarreta sobrecusto em relação às coberturas tradicionais (Certu, 1998);

Redução dos níveis de calor no interior dos edifícios;

Filtração e remoção de partículas finas do ar (Peck e Kuhn, 2001 apud GVSDD, 2004);

Aumento da vida útil de coberturas convencionais (GVSDD, 2004)

Em obras já existentes, há a necessidade de

verificação da estabilidade das estruturas;

Há necessidade de cuidados na aplicação do material

para garantia da estanqueidade.

Pav

imen

tos

com

estr

utu

ra d

e

rese

rvaç

ão

Inserção no meio urbano sem necessidade de espaço suplementar (Certu, 1998);

Redução dos ruídos pela circulação de veículos (Certu, 1998);

Melhoria no conforto dos usuários pela redução das poças d‟água, do reflexo dos faróis, e da visibilidade da

sinalização horizontal (Certu, 1998);

Melhoria na aderência e redução do risco de aquaplanagem (Certu, 1998);

Melhoria da água do escoamento devido à redução dos poluentes por decantação (Certu, 1998);

Alimentação do lençol freático (Azzout, 1994);

Efeito estético pela combinação de cores e padrões dos blocos (UDFCD, 2002);

Pode ser utilizado livre de drenagem do subsolo (UDFCD, 2002);

A utilização de material poroso na superfície

apresenta o risco de colmatação (Certu, 1998);

Necessidade de manutenção regular (Azzout, 1994);

Estrutura tributária de obstrução do subsolo (Azzout,

1994);

Sensibilidade ao gelo (Azzout, 1994);

Custos de manutenção e restauração elevado (Azzout,

1994 e UDFCD, 2002);

Risco de poluição do lençol freático (Certu, 1998).

Tri

nch

eira

s d

e

infi

ltra

ção

e r

eten

ção

Essa técnica se insere em meio urbano e ocupa pouco espaço (Certu, 1998);

Possui boa integração com o tecido urbano em função das diversas formas que ela pode assumir e à diversidade de

materiais para composição da sua superfície (Certu, 1998);

É uma técnica antiga, de fácil execução (Certu, 1998);

Sua aplicação dispensa a utilização de sistemas clássicos de drenagem (Certu, 1998);

Os custos de implantação são reduzidos (Azzout, 1994);

Não necessita de um exutório (Azzout, 1994);

Permite a alimentação do lençol freático (Azzout, 1994);

Há o risco de poluição do lençol freático e de

colmatação (Certu, 1998);

Necessidade de manutenção regular (Azzout, 1994);

Limitação no caso de declividade forte (Azzout,

1994);

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282

Tabela A3 - Vantagens e inconvenientes das medidas compensatórias

Técnica Vantagens Inconvenientes V

alas

de

Infi

ltra

ção

e

Arm

azen

amen

to

Essa técnica assegura em um único sistema, as funções de retenção e regulação da vazão a jusante (Certu, 1998);

Permite a delimitação de espaços (Azzout, 1994);

Pode ser inserida na criação de uma paisagem vegetal e de espaços verdes (Certu, 1998);

Suas margens podem ter usos múltiplos para lazer (Certu, 1998);

Pode ser executado por fases segundo as necessidades de armazenamento, evoluindo de acordo com o

desenvolvimento da área (Certu, 1998);

É uma solução de baixo custo (Certu, 1998);

É desnecessária a colocação de coletores e reduz as dimensões da rede de drenagem clássica (Certu, 1998);

Favorece a decantação e filtração das águas (Certu, 1998);

Favorece a alimentação do lençol freático (Certu, 1998).

Necessidade de manutenção regular (Azzout, 1994);

Inconvenientes relacionados à estagnação da água

(Certu, 1998);

A utilização dos dispositivos sem a introdução de

condutos pode ocasionar encharcamentos, ser fonte de

odores indesejáveis e criação de mosquitos (Certu, 1998

e UDFCD, 2002);

Possibilidade de colmatação (Azzout, 1994);;

Risco de acidente em período de enchimento

(Azzout, 1994);

Risco de poluição do lençol freático (Azzout, 1994);

Po

ços

de

Infi

ltra

ção

Concepção simples (Certu, 1998);

Pode ser utilizado à escala de uma simples parcela até a espaços coletivos (Certu, 1998);

Bem adaptado em terrenos planos onde a drenagem é difícil de ser executada (Certu, 1998);

É uma técnica pouco onerosa (Certu, 1998);

Demanda pouca manutenção (Certu, 1998);

Se adapta a todos os tipos de uso, com exceção dos usos industriais ou aqueles que apresentem presença de finos

(Certu, 1998);

É uma técnica que se integra ao tecido urbano e é quase imperceptível (Certu, 1998);

A área onde a medida é implantada pode ser utilizada para outros fins tais como lazer (Certu, 1998);

Complementa as outras técnicas (Certu, 1998);

Permite acessar camadas mais profundas do solo quando a camada superficial é impermeável sem limitações da

topografia (Certu, 1998);

Redução dos volumes de escoamento e das dimensões da rede de drenagem clássica (Certu, 1998);

Alimentação do lençol freático e indiretamente dos níveis de estiagem dos rios (Certu, 1998);

A passagem da água pelo meio poroso assegura a filtração de material em suspensão e uma depuração bacteriológica

(Certu, 1998);

Não necessita de exutório (Azzout, 1994)

Risco de poluição do lençol freático (Azzout, 1994);

Risco de colmatação (Azzout, 1994);

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283

Tabela A4 – Características necessárias à inserção das técnicas compensatórias Técnica Característica

Bacias

úmidas

Para satisfazer aos usos secundários ligados às atividades aquáticas de lazer, deve-se garantir água de boa qualidade. Recomenda-se, nesse caso a utilização de

uma rede separadora (Certu, 1998);

Deve ser prevista a alimentação da bacia durante os períodos de seca (Certu, 1998);

Evitar a poluição por águas pluviais contendo metais pesados e matéria orgânica, rejeitos industriais e particulares (Certu, 1998);

Bacias secas Prever freqüência de utilização, duração e altura de submersão pequenas (Certu, 1998);

Prever sistema de drenagem para evacuar as águas provenientes do lençol freático e manter a capacidade mínima de armazenamento da bacia (Certu, 1998);

Todos os

tipos de

bacia

Evitar sua contaminação por resíduos (Certu, 1998);

Gestão rigorosa (Certu, 1998);

Prever o uso secundário da bacia para obrigar a sua manutenção (Certu, 1998);

Limitar os riscos de poluição do lençol pela infiltração utilizando, quando necessário, sistemas de pré-tratamento (Certu, 1998).

Bacias de

infiltração

Devem ter de 0,5 a 3,0m de profundidade (Daywater, 2003);

A base deve estar todo o tempo acima do nível do lençol freático (Daywater, 2003);

São bem ajustadas a solos com taxas de infiltração acima de 15mm/h (Daywater, 2003);

Para a remoção de sólidos totais, taxa de infiltração necessária de 5m3/ha/m

2 (Daywater, 2003);

A retenção de poluentes deve ocorrer nos primeiros 30cm (Daywater, 2003);

Área requerida de 0,5 a 2,0% da área de contribuição (UDFCD, 2002)

Bacias de

retenção

Análise do balanço da água para assegurar um risco de transbordamento aceitável e um fluxo de base maior que as taxas de evaporação e infiltração (Daywater,

2003);

Profundidade da água de 1,2 a 3,5m (UDFCD, 1999; Persson, 1999 e Larm, 1994 apud Daywater, 2003

Declividade das paredes: mínimo 1:2(vertical/horizontal) para solos estáveis; 1:3 ou 1:4 para solos no que diz respeito à segurança, manutenção e remoção de

poluentes; 1:5 – 1:10 preferível (necessidade de grande área) (UDFCD, 1999; Persson, 1999; SNRA, 1998; SEPA, 1997; Hvitved-Jacobsen et al, 1994 e Larm, 1994

apud Daywater, 2003)

Comprimento/largura: 2:1 a 3:1 (UDFCD, 2002);

Área mínima absoluta: 160m2 (mínimo 8m de largura x 20m de comprimento) (Fransson e Larm, 2000 apud Daywater, 2003);

Área de drenagem: 10 a 100 ha (Lönngren, 1995 e Schueler, 1987 apud Daywater, 2003)

Permeabilidade: taxa de infiltração menor que 10-9

m/s (Fransson e Larm, 2000 e UDFCD, 1999 apud Daywater, 2003);

Escoadouro de emergência para chuvas de 25 – 100 anos de período de retorno e barragem dimensionada para 100 anos ou mais de período de retorno (UDFCD

apud Daywater, 2003);

Trincheiras

de infiltração

Aproximadamente 20% da área de drenagem (GVSDD, 2004);

Permeabilidade do solo maior que 0,6mm/h (GVSDD, 2004);

Declividade do terreno natural de 2 ou 3% (Certu, 1998);

Profundidade do lençol freático abaixo da base da trincheira preferencialmente de 1,0m (Azzout, 1994);

Valas

gramadas

(infiltração)

Área da vala de aproximadamente 10-20% da área impermeável de contribuição (GVSDD, 2004)

Declividade da base recomendada – menor que 5% com valor típico de 2% (Schwab e Frevert, 1985; SNRA, 1990 e Schueler, 1987 apud Daywater, 2003);

Largura da base entre 600 e 2400mm (GVSDD, 2004);

Secção transversal triangular ou trapezoidal com declividade das paredes de 4:1 (horizontal/vertical) preferencialmente 5:1 (UDFCD, 2002);

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284

Tabela A4 – Características necessárias à inserção das técnicas compensatórias Técnica Característica

Permeabilidade do solo subjacente de 12,7mm/h ou maior (Schueler, 1987 apud Daywater, 2003);

Taxa de infiltração saturada de 7,6mm/h e altura sazonal do nível da superfície do lençol freático maior que 1,2m abaixo da superfície de infiltração (Stahre e

Urbonas, 1990 apud Daywater, 2003);

Identificação de fontes de poluição que requerem pré-tratamento;

Focando a remoção de poluentes:

- Velocidade da água menor que 0,15m/s (Ferguson, 1998 apud Daywater, 2003)

- Comprimento da vala de pelo menos 60m (Ferguson, 1998 apud Daywater, 2003)

- Tempo de residência na vala de pelo menos 9 minutos (Ferguson, 1998 apud Daywater, 2003)

Valas gramadas devem ter no mínimo 75m de comprimento e no máximo 3% de declividade longitudinal (Yu et al., 2001 apud Daywater, 2003)

Poço de

infiltração

Distância mínima entre a base do poço e o nível máximo do lençol freático de 1m (Azzout, 1994)/ 1,5m (Certu, 1998);

Composição da água a infiltrar, os usos da superfície drenadas e os usos do lençol freático devem ser verificadas (Certu, 1998);

A permeabilidade do solo deve ser superior a 10-6

m/s (Certu, 1998);

O poço não deve estar situado em perímetro de proteção de zonas de captação de água ((Certu, 1998);

Plano de

infiltração

Declividade uniforme capaz de manter uma lâmina de fluxo sem concentrar o escoamento em valas rasas (UDFCD, 2002);

Área de contribuição depende da largura e comprimento do plano, e do tipo de solo (solos dos grupos A e B têm melhores capacidades de infiltração e solos C e D

fornecem melhor estabilidade local) (UDFCD, 2002);

Deve ser protegido de circulação excessiva de pedestres e veículos (UDFCD, 2002);

Vazão de 2 anos de período de retorno (UDFCD, 2002);

Declividade máxima na direção do fluxo de 4% (UDFCD, 2002).

Pavimento

permeável

Profundidade mínima do lençol freático abaixo da base de 600mm (Smith, 2001 apud GVSDD, 2004);

Permeabilidade do solo: de 10-5

a 10-3

m/s (certu, 1998);

Manter pelo menos 30m entre o pavimento permeável e poços de abastecimento (Smith, 2001 apud GVSDD, 2004);

Área de captação sobre o pavimento permeável menor que 2ha (Smith, 2001 apud GVSDD, 2004);

Razão máxima de 2:1 entre a superfície impermeável e a superfície permeável (Formpave, 2003 apud GVSDD, 2004);

Deve ser locado distante de fundações em solos expansivos

Telhado

armazenador

Declividade de 0,1 a 5% (Certu, 1998);

O telhado deve estar inacessível a pedestres e veículos (Certu, 1998);

É recomendável que não seja utilizado para a retenção de águas pluviais (Certu, 1998).

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285

ANEXO B – CARACTERÍSTICAS DOS SISTEMAS DE

INFRAESTRUTURA URBANA

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286

Tabela B.1 - Vulnerabilidade das redes de fornecimento de eletricidade

à interrupção das inundações (adaptado de Parker et al., 1987) Susceptibilidade

Física

Dependência (do sistema

fora da área de inundação)

Transferibilidade

Estações de Força Geralmente baixa Baixa Geralmente fácil

Salas de controle Não conhecida Alta Não conhecida

Estação de distribuição de 132kv Baixa Muito alta Não conhecida

Estação de rebaixamento de

132/33kv Variável pelo tipo

de equipamento Muito alta

Variável de acordo

com a localização

Estação de rebaixamento de 33/11kv Pode ser baixa

Alta Variável pelo tipo de

consumidor (ver

tabela 4.4)

Estação de rebaixamento de

11kv/240 volts Baixa Baixa

Caixas de ligação Baixa Muito baixa

Linha de 132kv Nula Alta Variável por locação

Linha de 33kv Muito baixa Média Variável pelo tipo de

consumidor (ver

tabela 4.4)

Linha de 11kv Muito baixa Média

Linha de 240/415 volts Baixa Baixa

Tabela B.2 - Classes de fornecimento e níveis de segurança recomendados

(adaptado de Parker et al., 1987

Classe de

fornecimento

Classe de

demanda do

grupo

(Megawatts)

Número mínimo de

circuitos de fornecimento

normalmente disponíveis

Demanda a ser encontrada

imediatamente após Alvo para a restauração

da demanda total do

grupo para a interrupção

do circuito Suspensão do

1o circuito

Suspensão do

2o circuito

1a <1 1 nula - Tempo de reparo

1b 1-8 1 nula - 2 horas

1c 8-24 1 nula - 15 minutos

2a 24-80 2 Demanda do

grupo nula

Tempo de reparo para

um circuito

2b 80-100 2 nulo

Tempo de reparo para

um circuito para

demanda total, mas

1/3 da demanda do

grupo deve ser

encontrada em 2 horas

3 >300 3 Demanda do

grupo

Todos os

consumidores

até 75% da

demanda

Tempo de reparo para

um circuito

Algumas estimativas do número dos consumidores que constituem a demanda total em cada grupo podem ser

feitas como segue:

Média de consumo por consumidor por ano (kwh):

Doméstico 3900

Rural 13550

Industrial 410120

Todos 9570

Multiplicar por um fator de 1.75 é um ajuste grosseiro para a demanda de pico sobre a demanda média

(Eletricity Council, 1981 apud Parker et al, 1987)

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287

Tabela B.3 - Características da vulnerabilidade das redes de abastecimento

de água à interrupção (adaptado de Parker et al., 1987)

Susceptibilidade física Dependência (de áreas

fora da área de inundação) Transferibilidade

Estações de tratamento Média Alta Depende da

localidade

Dispositivos de armazenamento Baixa Alta Variável

Estações de bombeamento Alta Alta Baixa

Condutos Baixa Baixa Alta

Tabela B.4 - Características da vulnerabilidade das redes de saneamento

à interrupção (adaptado de Parker et al., 1987)

Susceptibilidade física Dependência (de áreas

fora da área de inundação) Transferibilidade

Estações de tratamento Alta Alta Baixa

Estações de bombeamento Alta Alta Baixa

Condutos Baixa Alta Baixa

Tabela B.5 – Características da vulnerabilidade das redes de telecomunicações

(adaptado de Parker et al., 1987)

Susceptibilidade

física

Dependência (de áreas

fora da área de inundação) Transferibilidade

Troca do STD Muito alta Muito alta Baixa

Troca da central telefônica Muito alta Alta Nula

Ponto de conexão primário (cabines) Baixa Média (servir c/ 1000) Nula

Ponto de conexão secundário (suportes) Baixa Baixa (servir c/ 1000) Nula

Cabos principais* Baixa Variável De nula a média

Conexões do consumidor* Média Baixa Nula

* telex, linhas privadas

STD = Subscritores troncos de discagem

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288

ANEXO C – DOCUMENTO DE CONSULTA AOS ESPECIALISTAS E

CURVAS PROFUNDIDADE - DANO

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289

ANEXO C1

AVALIAÇÃO DE INDICADORES DE VULNERABILIDADE PARA ESCOLHA DE

MEDIDAS PARA O CONTROLE DE INUNDAÇÕES

1- INTRODUÇÃO

A problemática das cidades brasileiras com respeito à ocorrência de inundações tem

reafirmado cada vez mais a necessidade de se introduzir os aspectos hidrológicos no

planejamento de áreas urbanas. Além disso, os altos custos das perdas quando da ocorrência

desses eventos apresenta a clara necessidade de avaliação das medidas de controle a serem

adotadas, não apenas no tocante aos aspectos técnicos, mas também, no tocante aos recursos

financeiros envolvidos na solução dos problemas e nos impactos que a introdução das

medidas trarão para a sociedade e para o meio ambiente.

Partindo dessas considerações foi proposto o desenvolvimento de um estudo cujo objetivo é o

de desenvolver um sistema de auxílio à decisão para a escolha de medidas para o controle de

inundações introduzindo na análise, os aspectos financeiros, sociais, ambientais e de saúde

pública.

Dependendo da área existem diferentes opções de soluções para o problema das inundações.

Cada uma dessas diferentes opções, incorporando de maneira isolada ou em conjunto, as

medidas de controle de inundações, será aqui denominada de cenário.

Os diferentes aspectos citados anteriormente serão introduzidos na análise de cada cenário

pela utilização de indicadores de vulnerabilidade definidos a partir de três critérios, e de

indicadores financeiros. O impacto hidrológico da introdução de cada cenário na área afetada

está diluído em dois critérios relacionados aos Impactos Ambientais e de Saúde Pública, e

Impactos Sociais. Nestes dois critérios são propostos nove indicadores de vulnerabilidade.

Dois outros indicadores de vulnerabilidade verificarão a possibilidade de transferência de

efeitos para jusante da área afetada a partir do critério Impacto Hidrológico a Jusante.

Os indicadores propostos para efetuar a análise de cada cenário nos diferentes critérios serão

obtidos por meio de expressões matemáticas e por análises qualitativas. Com isso pretende-se

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290

simplificar o diálogo entre os diferentes atores envolvidos no processo de tomada de decisão e

tornar mais eficiente a escolha de medidas para o controle de inundações. A formulação dos

indicadores está diretamente ligada aos parâmetros da inundação definidos por modelagem

hidrológica e hidráulica e às características físicas e de ocupação locais.

A análise final sobre a adoção do cenário será efetuada pela confrontação dos indicadores de

vulnerabilidade aqui apresentados, com indicadores financeiros. Estes relacionarão os custos

relativos à construção, manutenção e operação das medidas de controle adotadas em cada

cenário, os custos dos danos diretos à construção e conteúdo das edificações, os danos diretos

à infraestrutura urbana e os custos de atendimento de urgência aos desabrigados e desalojados

pela inundação.

Uma das etapas da composição dos indicadores de vulnerabilidade para utilização no sistema

de auxílio à decisão passa pela avaliação dos mesmos por um grupo de especialistas. Este

grupo é composto por diferentes segmentos envolvidos no processo de escolha de medidas

para o controle de inundações e de atuação no momento de crise (pesquisadores e

representantes de órgãos gestores da área de drenagem urbana e controle de inundações,

representantes de entidades envolvidas no socorro às vítimas, representantes de comitês de

bacia e de órgãos responsáveis pelo planejamento urbano e pela comunidade). Essa etapa da

pesquisa tem o objetivo de avaliar a pertinência e a importância dos indicadores propostos.

Para tanto está sendo solicitado aos participantes deste processo, a atribuição de pesos aos

indicadores da maneira descrita a seguir. Ao mesmo tempo espera-se a contribuição dos

especialistas consultados para a agregação de informações e indicação de ausência de

aspectos relevantes à análise.

2 – ATRIBUIÇÃO DE PESOS

A metodologia escolhida para a atribuição dos pesos dos indicadores está dividida em duas

etapas. A primeira etapa consta da atribuição de pesos diretamente para cada critério ao final

do texto explicativo dos indicadores que compoem o mesmo. O somatório dos valores

inferidos aos critérios deverá perfazer um total de 100.

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291

A próxima etapa consiste na atribuição dos pesos dos indicadores propostos para cada critério.

Para execução dessa etapa os indicadores serão comparados dois a dois dentro do mesmo

critério (linha com coluna) nas Tabelas 2, 3 e 4. Dessa forma executa-se a comparação da

importância de um indicador (linha) com os outros indicadores pertencentes ao mesmo

critério (colunas) estabelecendo-se uma ordem de importância de um sobre o outro. A Tabela

1 apresenta as siglas correspondentes aos graus de importância a serem atribuídos na

comparação entre os indicadores. No encontro de um indicador (linha) com ele mesmo

(coluna) haverá sempre o preenchimento com IN (situação de indiferença ou igual

importância). Vale lembrar que essa mesma relação pode existir entre outros pares de

comparação. Nas Tabelas de comparação entre indicadores (Tabelas 2, 3 e 4) somente os

espaços em branco deverão ser preenchidos.

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292

3 - CRITÉRIOS E INDICADORES

3.1 – IMPACTOS AMBIENTAIS E DE SAÚDE PÚBLICA NA ÁREA AFETADA

3.1.1 – Possibilidade de contaminação da água de inundação por esgoto sanitário

A ocorrência de inundações e a entrada de água nas edificações podem ocasionar a entrada de

água também nos condutos de esgotamento sanitário. Uma sobrecarga de água não prevista

para esses condutos pode fazer com que ocorra um refluxo de água misturada com dejetos

provenientes do esgotamento sanitário e a consequente contaminação das águas de inundação.

Este indicador foi proposto com o objetivo de avaliar se as condições de escoamento

observadas após a introdução de cada cenário permite a entrada de água da chuva e a

contaminação desta pelo contato com a rede de esgotamento sanitário.

3.1.2 – Propensão do cenário na proliferação de vetores aladados

A água parada em depressões por um período extenso de tempo pode representar um risco à

saúde a partir do momento em que se torna um ambiente favorável à proliferação de vetores

alados disseminadores de enfermidades. Diante dessa situação propõe-se um indicador para

avaliar o comportamento de cada cenário em relação à possibilidade de manutenção de água

em poças e depressões e a propensão para a proliferação de enfermidades com origem nas

inundações.

3.1.3 – Risco de poluição acidental

A caracterização da ocupação da área pode revelar a existência de indústrias e

estabelecimentos comerciais e de saúde que fabriquem, comercializem ou utilizem elementos

químicos nocivos à saúde humana e ao meio ambiente tais como: produtos de farmacologia,

hospitais e laboratórios de análises clínicas; postos de combustíveis; indústria e comércio de

produtos agropecuários; indústria e comércio de produtos químicos; aterro sanitário e usina de

compostagem de lixo; e estação de tratamento de esgoto. O contato com a água de inundação

nesses casos pode conduzir a consequências desfavoráveis à saúde da população e ao meio

ambiente, uma vez a mistura da água com esses elementos pode se tornar fonte de poluição

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293

difusa. Dessa forma, esse indicador pretende analisar de que maneira cada cenário possibilita

o contato da água de inundação com os estabelecimentos considerados perigosos e em

decorrência disto avaliar a potencialidade do cenário no controle desse tipo de poluição.

3.1.4 – Alteração na qualidade da água

Algumas medidas de controle de inundação têm como vantagem a melhoria da qualidade da

água de inundação por propiciar a retenção dos sedimentos e poluentes nas camadas

superiores do solo ou por permitir a deposição dos mesmos no seu fundo, reduzindo assim, a

concentração da carga poluidora transferida para os corpos receptores. Outras alternativas, por

sua vez, podem não apresentar efeito algum nesse aspecto. Dessa maneira o presente

indicador tem como finalidade avaliar o comportamento de cada cenário na melhoria da

qualidade da água de escoamento pela retenção de partículas sólidas e poluentes por meio da

análise do tipo de medida adotada.

3.1.5 – Alteração na morfologia fluvial

As alterações observadas nos cursos d‟água decorrem de fatores físicos atribuídos à formação

dos mesmos e das alterações sofridas quando da execução de obras no próprio curso d‟água

ou nas adjacências. Dentre os princípios que regem o funcionamento adequado de cursos

d‟água em meio urbano pode-se citar a gestão da erosão e da sedimentação, a manutenção e a

reabilitação de margens e a manutenção do equilíbrio dinâmico do mesmo. Partindo desse

pressuposto, o presente indicador pretende avaliar o impacto de cada cenário em relação às

alterações positivas ou negativas que podem vir a ocorrer no curso d‟água por ocasião da

introdução das medidas de controle adotadas, observando no contexto, tanto os aspectos

quantitativos quanto os qualitativos das possíveis alterações sofridas em virtude da aplicação

do cenário.

3.1.6 – Alteração sobre o volume escoado e consequente efeito sobre a recarga de

aquíferos

As alternativas de controle com funcionamento baseado na infiltração das águas pluviais e

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294

outras medidas que favorecem a renaturalização e a recuperação das margens dos rios podem

apresentar um efeito positivo sobre os volumes escoados e sobre a recarga de aquíferos.

Outras medidas tais como os canais de desvio, podem reduzir os volumes escoados por

ocasião das inundações sem, no entanto contribuir com a alimentação dos lençois

subterrâneos. Dessa maneira, o presente indicador tem a finalidade de avaliar o

comportamento de cada cenário na produção de escoamento e na perda de água da superfície

para alimentação do lençol freático. Esse indicador parte do pressuposto que se há redução no

volume escoado, há também uma maior probabilidade desse volume ter sido infiltrado.

PESO DO CRITÉRIO:

3.2 – IMPACTOS SOCIAS NA ÁREA AFETADA

3.2.1 – Criação e reabilitação de espaços de recreação, lazer e equipamentos urbanos

No Brasil o sucesso da utilização de áreas públicas para a solução de problemas urbanos não

está sujeita, apenas, à análise dos aspectos técnicos relacionados. Uma finalidade secundária

para a intervenção pode ser vital para o sucesso da mesma. Dessa maneira, o presente

indicador tem a finalidade de avaliar se a introdução de cada cenário favorece a utilização das

medidas de controle adotadas na criação ou reabilitação de espaços de convívio social e lazer,

partindo do pressuposto que a sua utilização por outra finalidade secundária favorece a sua

integração.

3.2.2 – População afetada pela inundação

A população que habita a zona de inundação é a que mais sente os efeitos de uma cheia de

maiores proporções, arca com grande parte dos prejuízos diretos decorrentes da inundação e

sofre diretamente os seus transtornos. Dessa maneira, este indicador, a partir dos parâmetros

da inundação, pretende avaliar o quanto a população é afetada diretamente pela inundação

após a implantação de cada cenário.

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295

3.2.3 – Necessidade de realocação da população

Algumas alternativas de controle necessitam de espaço para serem inseridas, o que muitas

vezes obriga a remoção definitiva da população do local onde as mesmas serão introduzidas.

Sendo assim, este indicador tem como finalidade avaliar o comportamento de cada cenário em

relação à necessidade de realocação da população para sua inserção.

PESO DO CRITÉRIO:

3 3 - IMPACTO HIDROLÓGICO A JUSANTE DA ÁREA AFETADA

3.3.1 – Propensão do cenário em gerar inundação a jusante

Dependendo das medidas que comporão o cenário, as condições de escoamento da área

afetada poderão ser modificadas e as consequências dessa modificação podem resultar em

efeitos compensatórios à jusante. Dessa forma, o presente indicador tem como objetivo

avaliar o comportamento de cada cenário em relação à geração de inundação à jusante da área

onde os mesmos serão inseridos, tomando como base as condições de escoamento na saída da

área.

3.3.2 – Propensão do cenário em causar erosão ou sedimentação a jusante

As condições de escoamento na seção mais a jusante do curso d‟água da área onde serão

inseridos os cenários, conjugadas com as características do curso d‟água a partir deste ponto

podem favorecer a erosão e a sedimentação de partículas carreadas de montante para jusante.

Este indicador pretende, então, avaliar se após a introdução de cada cenário, as condições de

escoamento em conjunto com as características geológicas locais afetarão de forma positiva

ou negativa a ocorrência de erosão ou de sedimentação a jusante da bacia.

PESO DO CRITÉRIO:

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296

Tabela 1 – Pesos para avaliação da pertinência entre critérios e indicadores

IN Indiferente ou igual importância

PL Ligeiramente mais importante LL Ligeiramente menos importante

PI Mais importante LM Menos importante

PP Muito mais importante LP Muito menos importante

SD Sem dúvida muito mais importante SI Sem importância

Tabela 2 - Ponderação dos indicadores relacionados aos impactos ambientais e de saúde pública

Indicadores

Possibilidade de

contaminação

da água por

esgoto sanitário

Propensão do

cenário na

proliferação de

vetores alados

Risco de

poluição

acidental

Alteração

na

qualidade

da água

Alteração

na

morfologia

fluvial

Alteração sobre o

volume escoado e

sobre a recarga

de aquíferos

Possibilidade de

contaminação da água

por esgoto sanitário

IN

Propensão do cenário

na proliferação de

vetores alados

IN

Risco de poluição

acidental IN

Alteração na qualidade

da água IN

Alteração na morfologia

fluvial IN

Alteração sobre o

volume escoado e sobre

a recarga de aquíferos

IN

Tabela 3 - Ponderação dos indicadores relacionados aos impactos sociais

Indicadores

Criação e reabilitação de

espaços de recreação, lazer e

equipamentos urbanos

População afetada pela

inundação

Necessidade de

realocação da

população

Criação e reabilitação de

espaços de recreação, lazer e

equipamentos urbanos

IN

População afetada pela

inundação IN

Necessidade de realocação da

população IN

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297

Tabela 4 -Ponderação dos indicadores relacionados aos impactos hidrológicos a jusante da área

Indicadores Propensão do cenário em gerar

inundação a jusante

Propensão do cenário em causar

erosão ou sedimentação a jusante

Propensão do cenário em gerar

inundação a jusante IN

Propensão do cenário em causar

erosão ou sedimentação a jusante IN

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298

Observações em relação aos indicadores (pertinência, ausência de indicador relevante, etc):

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299

Tabela 5 – Correção dos pesos dos indicadores pelos especialistas

Critérios Indicadores

Pesos

Critérios

Pesos

Indicadores

AHP

Pesos

Indicadores

Direto

IMPACTOS

AMBIENTAIS E

DE SAÚDE

PÚBLICA NA

ÁREA

AFETADA

Possibilidade de contaminação da água de inundação por esgoto sanitário

Propensão do cenário na proliferação de vetores aladados

Risco de poluição acidental

Alteração na qualidade da água

Alteração na morfologia fluvial

Alteração sobre o volume escoado e consequente efeito sobre a recarga de

aquíferos

IMPACTOS

SOCIAIS NA

ÁREA

AFETADA

Criação e reabilitação de espaços de recreação, lazer e equipamentos urbanos

População afetada pela inundação

Necessidade de realocação da população

IMPACTO

HIDROLÓGICO

A JUSANTE DA

ÁREA

AFETADA

Propensão do cenário em gerar inundação a jusante

Propensão do cenário em causar erosão ou sedimentação a jusante

Somatório dos Pesos

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300

ANEXO C2

AVALIAÇÃO DE DANOS DIRETOS ÀS RESIDÊNCIAS E SETORES DO

COMÉRCIO E SERVIÇOS – CURVAS PROFUNDIDADE-DANO

Figura C.1 – Curva DPS para residências classes A e B (Machado, 2005)

Figura C.2 – Curva DPS para residência classe C (Machado, 2005)

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301

Figura C.3 – Curva DPS para residência classe D (Machado, 2005)

Figura C.4 - Curva Dano x Profundidade para o setor comercial, categorias 1 e 5

(supermercados, mercearias e armazéns)

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302

Figura C.5 - Curva Dano x Profundidade para o setor comercial, categorias 4, 6 e 7 (padarias,

confeitarias, açougues , peixarias, comércio de frutas, verduras e legumes)

Figura C.6 - Curva Dano x Profundidade para o setor comercial, categorias 2, 8 e 9 (lojas de

departamento, artigos de armarinho, vestuário e tecidos, sapatarias e produtos de couro)

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303

Figura C.7 - Curva Dano x Profundidade para o setor comercial, categorias 10 e 15 (móveis,

eletrodomésticos, equipamentos de informática)

Figura C.8 - Curva Dano x Profundidade para o setor comercial, categoria 11 (materiais de

construção e ferragens)

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304

Figura C.9 - Curva Dano x Profundidade para o setor comercial, categoria 12

(produtos farmacêuticos, perfumaria e cosméticos)

Curva C.10 - Curva Dano x Profundidade para o setor comercial, categorias 13 e 14

(joalherias, relojoarias e óticas)

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305

Figura C.11 - Curva Dano x Profundidade para o setor comercial, categoria 16

(livrarias, papelarias)

Figura C.12 - Dano x Profundidade para o setor comercial, categorias 17 e 18

(comércio de veículos e motos, peças e acessórios)

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306

Figura C.13 - Curva Dano x Profundidade para o setor de serviços, categoria 2

(restaurantes, lanchonetes, bares e cafés)

Figura C.14 - Curva Dano x Profundidade para o setor de serviços, categorias 3 e 7

(consultórios odontológicos, salões de beleza e barbearias)

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307

Figura C.15 - Curva Dano x Profundidade para o setor de serviços, categorias 4, 5 e 6

(consultórios médicos, empresas de engenharia, escritórios de arquitetos, advogados,

contadores, bancos, imobiliárias, financeiras)

Figura C.16 - Curva Dano x Profundidade para o setor de serviços categoria 10 (escolas)

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308

ANEXO D – FICHA TÉCNICA DA BARRAGEM 3A E

EQUIPAMENTOS DA REDE TELEMÉTRICA

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309

Ficha Técnica do Projeto da Barragem 3A

Informações Gerais

- Localização:

Municípios de Itajubá e Piranguçu, sul do Estado de Minas Gerais, cerca de 4 km a montante

da ponte da BR 459, sobre o Rio Sapucaí, no trecho que liga Itajubá a Venceslau Brás.

- Objetivo: amortecimento de cheias;

- Bacia Hidrográfica:

área de drenagem na seção de barramento: ...................................................... 378 km²

- Desnível dos limites da bacia até a seção de barramento: ...........................................943 m

- Vazões naturais observadas no local do reservatório de detenção:

média de longo termo: ..................................................................................... 8,82 m³/s

máxima: ........................................................................................................... 87,0 m³/s

mínima: ........................................................................................................... 3,97 m3/s

- Lago de Acumulação

nível d'água máximo normal (CSV): ....................................................................891 m

volume acumulado ao nível do vertedouro (CSV): ............................................ 25 hm³

volume acumulado ao nível ao nível máximo de cheia: ..................................... 33 hm³

área inundada ao nível da soleira do vertedouro(CSV): ...................................... 171 ha

área inundada ao nível máximo de cheia: ............................................................ 192 ha

Características do Maciço de Concreto

- Tipo: ................................................. de concreto com fechamento dos encontros em argila

- Barramento em concreto: ............... gravidade, em Concreto Compactado com Rolo - CCR

- Comprimento da crista

Total: .....................................................................................................................260 m

- Altura máxima sobre as fundações: ...............................................................................41 m

- Altura máxima sobre o leito natural do rio: ...................................................................34 m

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310

- Cota de coroamento

Estrutura em concreto: .......................................................................................894,5 m

Fechamento em argila ........................................................................................894,5 m

Características dos Encontros em Aterro Compactado

- Tipo: .......................................................................................... seção homogênea em argila

- Comprimento da crista: ..................................................................................................20 m

- Altura máxima sobre a fundação: ....................................................................................3 m

- Cota de Coroamento: ................................................................................................894,5 m

Vertedouro de emergência

- Tipo: ....................................................................... frontal conformado a um perfil Creager

- Calha de descarga: .............................................................................................. em degraus

- Paramento de Montante: ................................................................................................35 m

- Comprimento total: ...................................................................................................72,00 m

- Abertura livre: ...........................................................................................................72,00 m

- Vazão de Dimensionamento: ................................................................................... 787 m³/s

- Cota da soleira: ............................................................................................................891 m

- Capacidade de descarga na cota 894 m .................................................................... 787 m³/s

Descarregador de fundo

- Objetivo: ....................................... atender a etapa de desvio do rio e descarregar as cheias

- Posicionamento: ............................................................................................ margem direita

- Dimensões dos orifícios: ................................ 2 x 2,00 x 2,00m (controlados por comporta)

1 x 1,5 x 1,5m (sem controle)

- Cota da soleira de entrada dos orifícios: .................................................................857,00 m

- Gradeamento de proteção da entrada ................... estrutura em concreto armado tipo grelha

- Comporta de operação dos orifícios com vão 2x2m ....................................... tipo segmento

- Raio da comporta ........................................................................................................4,00 m

- Acionamento das comportas ......................... hidráulico por motor elétrico c/opção manual

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311

Obras Complementares

- Sistema Viário

estradas novas: .................................................................................................14,10 km

- Energia Elétrica

remanejamento de redes em AT existentes (linhão): ...........................................2,0 km

redes adicionais de suprimento: ...........................................................................3,5 km

capacidade da subestação transformadora: ........................................................ 15 kVA

Principais Quantitativos de Materiais e Serviços

- Escavações: ......................................................................................................... 244.000 m³

- Aterros: ................................................................................................................... 5.800 m³

- Concreto: ............................................................................................................. 111.100 m³

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312

ESPECIFICAÇÕES DE EQUIPAMENTOS PARA A REDE TELEMÉTRICA DE

MONITORAMENTO HIDROLÓGICO

1. SENSOR DE PRECIPITAÇÃO

Tipo: Tipping Bucket; Resolução: 0,25 mm ou 0,20 mm; Faixa de Medição: 0 a 200

mm/hora; Fornecido com chave de palheta ("reed-switch") preferencialmente

embebida em mercúrio, e ativada por braço magnético. Admite-se como alternativa o

fornecimento de "reed-switch" a contato seco desde que o pluviômetro venha

equipado com centelhador nos terminais junto à "reed switch".

Área de captação de 300 a 400 cm2.

Orifício do funil com 4 a 10 mm de diâmetro, com filtro proteção.

Báscula sustentada em eixo de aço inox com rolamentos blindados, fixada em

mancal.

Cabos tipo com duas vias, resistente ao sol e à água, assim como, roedores ou insetos.

Base com furos de fuga com 40 a 80 mm de diâmetro e protegidos com tela inox

contra entrada de insetos, e furos para fixação em chapa de suporte.

Sistema de ajuste e verificação do nivelamento da boca de captação do pluviômetro.

Corpo em aço inoxidável.

Suporte composto por uma haste de aço galvanizado com diâmetro mínimo de 5 cm

parede de 2 mm de espessura mínima, com rosca para fixação de flange e chapa de

aço galvanizado com mínimo de 2 m de comprimento.

Condições ambientais de operação dos equipamentos:

Faixa de temperatura: -5°C a + 50°C;

Umidade relativa: O a 100%.

Todos os equipamentos da unidade de monitoramento devem ser equiipados com

sistema de proteção contra transientes de tensão, correntes induzidas e descargas

elétricas.

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313

3. SENSOR DE NÍVEL

Transdutor de pressão submersível para medição de nível d'água, com correção da

pressão atmosférica.

Construído inteiramente com materiais resistentes à corrosão, com encapsulamento

em titânío.

Cabo com um mínimo de 50 metros de comprimento, capacidade de extensão de

comprimento, malha de aterramento e tubo capilar para compensação da pressão

atmosférica, resistente ao sol e à água, assim como a roedores ou insetos; e acoplado a

sistema anti-umidade.

Precisão mínima de 0,5 centímetros.

Faixa de medição do nível do rio: O a 12 metros.

Faixa de variação da corrente: 4 a 20mA.

Condições ambientais de operação dos equipamentos:

Faixa de temperatura: -5°C a + 50°C;

Umidade relativa: O a 100%.

Todos os equipamentos da unidade de monitoramento devem ser equipados com

sistema de proteção contra transientes de tensão, correntes induzidas e descargas

elétricas.

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314

4. DATALOGGER

Mínimo 2 canais de entrada para o armazenamento de dados de nível d'água de rio e

precipitação.

Construído inteiramente com materiais resistentes à corrosão.

Sistema de alimentação por baterias comuns (facéis de substituição "in loco”) capaz

de fornecer energia para todo o sistema de aquisição de dados, com autonomia

superior a 12 meses, quando programado para fazer leitura e memorização dos

valores de chuva e nível em intervalos de 1 hora.

Permitira instalação de sistema de recarga das baterias por energia solar ou elétrica.

Intervalos de programação para leituras e memorização dos valores reajustáveis de 5

minutos a 24 horas. (5min, 10min, 15min, 20min, 30min, 1 h, 2h, 3h, 4h, 6h, 8h, 12h

e 24h).

Visor de cristal líquido com capacidade para visualização de data, hora, precipitação,

nível d'água e tensão da bateria.

Memória circular de gravação não volátil.

Interface para coleta de dados RS232 e USB.

Porta de comunicação remota para transmissão telemétrica de dados e programação

dos parâmetros de configuração, compatível com os sistemas de transmissão via

modem telefônico (convencional e GSM), rádio e satélite encontrados no mercado.

Porta de comunicação de acesso de programação para permitir que um

microcomputador, tipo PC, seja conectado ao equipamento, podendo iniciar a

unidade, analisar dados, monitorar operações da unidade, reconfigurar a unidade.

As operações realizadas a partir das portas de comunicação não deverão interferir nas

operações automáticas dos subsistemas de aquisição e registro de dados, exceto

quando o usuário assim o desejar. Uma vez conectado a uma destas portas o micro

computador deverá ter acesso completo a todos os recursos de programação e coleta

dos dados.

Condições ambientais de operação dos equipamentos:

Faixa de temperatura: -5°C a + 50°C;

Umidade relativa: O a 100%.

Todos os equipamentos da unidade de monitoramento devem ser equiipados com

sistema de proteção contra transientes de tensão, correntes induzidas e descargas

elétricas.

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315

5. TRANSMISSOR

Transmissor rádio modem GSM/GPRS com memória de mínima de 1,0 GB.

A unidade deverá operar com a tecnologia de comunicação GPRS (General Packet

Radio Services), que se baseia na comutação de pacotes, realizando a transmissão

sobre a rede pública de telefonia celular GSM.

Operando nas faixas de transmissão de 900 MHz e 1800 MHz.

Transmissão em modo "sempre conectado" ("always on"), a uma velocidade de até

80 kbitls, caracterizando conexão e transmissão de dados quase instantânea.

Condições ambientais de operação dos equipamentos:

Faixa de temperatura: -5°C a + 50°C;

Umidade relativa: O a 100%.

Todos os equipamentos da unidade de monitoramento devem ser equiipados com

sistema de proteção contra transientes de tensão, correntes induzidas e descargas

elétricas.

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6. DOCUMENTAÇÃO E SOFTWARE

Software de comunicação, direta e remota, entre o datalogger e o microcomputador,

com possibilidades de:

recuperação e visualização dos dados armazenados e instantâneos em forma de

gráficos e exportação em formato ASCII e

programação e reprogramação do datalogger.

Software com compatibilidade mínima com o sistema operacional Windows XP.

Desenhos, catálogos e manuais de todos os equipamentos e sensores, com todas as

informações necessárias para operação, instalação, calibração e manutenção dos

equipamentos e componentes, cobrindo os seguintes tópicos:.

Operação: Descrição geral do equipamento, seqüência de energização,

procedimentos para operação, descrição de eventuais falhas que possam ser

detectadas pelos operadores por meio de inspeção visual.

Manutenção: Descrição técnica de cada equipamento e cada sensor, módulo ou

cartão; diagramas dos circuitos dos módulos e parte do equipamento, disposição

de componentes e pontos de teste, diagramas de interligação e calibragem;

roteiro para diagnóstico e correção de falhas.

Instalação: Descrição do conjunto de ferramentas necessárias para a instalação

de cada equipamento, procedimento de montagem, procedimentos de calibração

e ajustes, desenhos de peças e conjuntos mecânicos.

Programação e software: Instruções para operação do programa e descrição

técnica de funcionamento de cada programa fornecido, incluindo procedimentos

de instalação do software, carga de parâmetros e dados necessários, acesso aos

arquivos, etc.