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Poder Judiciário Justiça do Trabalho Tribunal Superior do Trabalho
Firmado por assinatura digital em 09/05/2018 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme
MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
PROCESSO Nº TST-RR-11086-10.2015.5.03.0106
A C Ó R D Ã O
(8ª Turma)
GMDMC/Cm/Mp/Fr/tp/sh
A) AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO
DE REVISTA. DESERÇÃO DO RECURSO
ORDINÁRIO. DEPÓSITO RECURSAL.
DIFERENÇA ÍNFIMA. NÃO CONFIGURAÇÃO.
Em face da possível violação do art.
5º, LV, da CF, dá-se provimento ao
agravo de instrumento para determinar
o processamento do recurso de revista.
Agravo de instrumento conhecido e
provido. B) RECURSO DE REVISTA.
DESERÇÃO DO RECURSO ORDINÁRIO.
DEPÓSITO RECURSAL.
DIFERENÇA ÍNFIMA. NÃO CONFIGURAÇÃO. A
diferença de R$0,03 (três centavos) é
irrisória, sendo insuficiente para
obstar o seguimento do recurso, pois
implica rigor excessivo, ainda mais
se considerado o valor já recolhido e
o alcance da finalidade do depósito
recursal, no caso, a garantia do
juízo. Nesse contexto, convém trazer
à baila a decisão monocrática da
Suprema Corte da lavra da Ministra
Carmen Lúcia (AI-644323/RS, publicada
no DJ de 16/3/2007) que deu provimento
ao agravo do empregador convertendo-o
em recurso extraordinário, a fim de,
sem a premissa da deserção do recurso
de revista, determinar o retorno dos
autos ao Tribunal Superior do
Trabalho (AIRR-82140-
38.1999.5.04.0019), para prosseguir o
julgamento do recurso como entender de
direito. Naquela decisão, o
entendimento foi o de que a diferença
ínfima (R$0,22 – vinte e dois
centavos) não conduzia à deserção do
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recurso, pois cumprida a formalidade
essencial à sua admissibilidade. A
diferença constatada representava
quantia irrisória, que não justifica
a adoção de rigor excessivo. Vale
registrar, ainda, ser aplicável ao
caso o disposto na Lei nº 13.015/14,
que inseriu o § 11 ao artigo 896 da
CLT, segundo o qual, “Quando o recurso
tempestivo contiver defeito formal que
não se repute grave, o Tribunal
Superior do Trabalho poderá
desconsiderar o vício ou mandar
sanálo, julgando o mérito”. Com
efeito, referida legislação trouxe
significativo avanço como forma de
valorização da instrumentalidade das
formas ao permitir a desconsideração
de vício que não seja grave ou a
intimação da parte para ajuste, com o
fim de que possa julgar o mérito do
recurso interposto. Nesse contexto,
resta comprovado o efetivo
recolhimento do depósito recursal
referente ao recurso ordinário.
Recurso de revista conhecido e
provido.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de
Recurso de Revista n° TST-RR-11086-10.2015.5.03.0106, em que é
Recorrente XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX e Recorrido
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX.
A Presidência do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª
Região, mediante decisão de fls. 393/394 (seq. nº 3), denegou
seguimento ao recurso de revista interposto pela reclamada.
Inconformada, a reclamada interpôs agravo de
instrumento, às fls. 407/413 (seq. nº 3), insistindo na
admissibilidade da revista com fulcro no art. 896, “a” e “c”, da CLT.
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O sindicato reclamante apresentou contraminuta ao
agravo de instrumento e contrarrazões ao recurso de revista,
conjuntamente, às fls. 419/424 (seq. nº 3).
Desnecessária a remessa dos autos à
ProcuradoriaGeral do Trabalho, nos termos do art. 95 do Regimento
Interno do TST.
É o relatório.
V O T O
A) AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA
I –
CONHECIMENTO
Afasta-se, inicialmente, a preliminar arguida pelo
sindicato autor, na sua contraminuta (item I.1 de fls. 420/421 – peça
3), de intempestividade.
A Presidência do TRT da 3ª Região, mediante a
decisão proferida às fls. 393/394 – peça 3, publicada em 14/2/2017
(fl. 397 – peça 3), denegou seguimento ao recurso de revista interposto
pela reclamada, por entender não demonstradas as hipóteses previstas
no artigo 896, “a” e “c”, da CLT.
Ante a referida decisão, a reclamada apresentou
pedido de reconsideração, às fls. 398/399 – peça 3, em 20/2/2017,
requerendo que fosse sanada a omissão quanto à violação dos artigos
5º, XX, e 8º, V, da CF e à contrariedade ao Precedente Normativo nº
19 e à OJ nº 17 da SDC, ambos, do TST, e à Súmula nº 666 do STF bem
como fosse prequestionada “a fé pública dos documentos anexados aos
autos” e sustentando que “Não permitir a análise do recurso por causa
de R$ 0,03 é permitir a afronta constitucional e infraconstitucional,
é permitir o dano ao erário por erro de autenticação bancária”.
A Presidência do TRT da 3ª Região, por intermédio
da decisão proferida às fls. 401/402 – peça 3, publicada em 14/7/2017
(fl. 405 – peça 3), indeferiu o pedido de reconsideração, mantendo a
decisão denegatória do recurso de revista pelos seus próprios
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fundamentos, por entender que estava devidamente embasada na OJ nº
140 da SDI-1 do TST e que as aludidas omissões sequer foram objeto
das violações indicadas no recurso de revista, que tratava
exclusivamente da deserção do recurso ordinário.
A essa decisão a reclamada interpôs agravo de
instrumento, às fls. 407/413 – peça 3, em 21/7/2017, pugnando pelo
processamento do seu recurso de revista.
Constata-se, pois, que a petição de fls. 398/399 –
peça 3 apresentada pela reclamada, embora nominada como pedido de
reconsideração, tem nítido conteúdo de embargos de declaração à
decisão denegatória do seu recurso de revista, os quais são cabíveis,
nos termos da IN nº 40/2016 do TST, tendo sido observado, ainda, o
quinquídio legal, o que autorizaria também a aplicação do princípio
da fungibilidade recursal.
Assim, a decisão proferida pela Presidência do TRT
da 3ª Região às fls. 401/402 – peça 1, por meio da qual se rejeitou a
referida petição e se manteve a anterior decisão denegatória do
recurso de revista, interrompeu o prazo para a interposição do agravo
de instrumento.
Dessa forma, considerando que a aludida decisão
foi publicada em 14/7/2017 (fl. 405 – peça 3) e que o agravo de
instrumento foi interposto em 21/7/2017 (fl. 407 – peça 3), não há
falar em intempestividade, porque observado o octídio legal.
Outrossim, também não prospera a preliminar
arguida pelo sindicato autor, na sua contraminuta (item I.2 de fls.
421/423 – peça 3), de aplicação da Súmula nº 422 do TST e de
inobservância dos artigos 514, II, do CPC/1973 e 1.010, II e III, do
CPC/2015, tendo em vista que a reclamada, no seu agravo de instrumento
(fls. 407/413 – peça 3), impugnou os fundamentos adotados na decisão
denegatória do seu recurso de revista (fls. 393/394 e 401/402 – peça
1).
Assim, atendidos os pressupostos extrínsecos de
admissibilidade, conheço do agravo de instrumento.
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II –
MÉRITO
DESERÇÃO DO RECURSO ORDINÁRIO. DEPÓSITO RECURSAL.
DIFERENÇA ÍNFIMA. NÃO CONFIGURAÇÃO.
O Tribunal Regional da 3ª Região não conheceu do
recurso ordinário da reclamada, por deserção, ante a insuficiência do
valor do depósito recursal, consignando, para tanto, os seguintes
fundamentos:
“ADMISSIBILIDADE
PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO
INTERPOSTO PELA RECLAMADA SUSCITADA EM
CONTRARRAZÕES
Em contrarrazões, as quais foram regular e tempestivamente
apresentadas, o reclamante suscitou a preliminar de não conhecimento do
recurso interposto pela reclamada por deserção.
Alega que as guias GRU e GFIP juntadas aos autos são ilegíveis, sendo
certo que a autenticação bancária foi colocada por cima do código de barras,
o que inviabiliza a verificação da regularidade do pagamento.
Aduz, ainda, que a GFIP foi digitalizada incorretamente, sendo a
imagem cortada nas laterais, não sendo possível visualizar os seguintes
dados: razão social, endereço, competência, código de recolhimento, número
do processo e vara em que tramita.
Examino.
Como se sabe, o preparo, consubstanciado no depósito recursal (art.
899 da CLT) e nas custas processuais (art. 789 da CLT), constitui um dos
pressupostos objetivos de admissibilidade do recurso.
Para sua efetivação, exige-se segura e regular comprovação da
realização do depósito recursal e do recolhimento das custas processuais,
dentro do prazo recursal, nos termos dos artigos 789, § 1º, e 899, § 1º, da
CLT, e das Instruções Normativas 18, 20 e 26 do C. TST, o que, não sendo
constatado, conduz, de forma inafastável, à deserção do recurso.
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Ainda, segundo o § 4º do art. 899 da CLT, o depósito de que trata o §
1º far-se-á na conta vinculada do empregado a que se refere o art. 2º da Lei
5.107/66, aplicando-se-lhe os preceitos dessa lei, observado, quanto ao
respectivo levantamento, o disposto no § 1º.
Pois bem.
No caso dos autos, a reclamada apresentou a GRU (Id 2f5704c - Pág.
1) com autenticação bancária ilegível, eis que aposta no código de barras
da guia, pelo que não é possível aferir efetivamente a data de pagamento
das custas processuais.
Noutro giro, além de a GFIP - Guia de Recolhimento do FGTS e
Informações à Previdência Social ((Id 2f5704c - Pág. 2) ter sido digitalizada
de forma incompleta, verifico que a reclamada recolheu a título de depósito
recursal a importância equivalente a R$ 8.183,03.
Na r. sentença foram fixadas custas processuais no valor de R$ 200,00,
calculadas sobre o valor da condenação arbitrada em R$10.000,00 (Id
9f883d3 - Pág. 5).
Nos termos do ATO.SEGJUD.GP n° 397/2015, divulgado no DEJT do
dia 10/07/2015, o valor do depósito recursal previsto no art. 899 da CLT é
de até R$ 8.183,06, no caso de recurso ordinário, vigente a partir de
01/08/2015.
Desse modo, sendo recolhido R$ 0,03 a menos, aplica-se à espécie o
entendimento consubstanciado na OJ 140 da SDI-1 do C. TST, que dispõe in
verbis: "Ocorre deserção do recurso pelo recolhimento insuficiente das
custas e do depósito recursal, ainda que a diferença em relação ao quantum
devido seja ínfima, referente a centavos".
Esclareça-se que não há que se falar em concessão de prazo para que a
reclamada sane o vício detectado no prazo de cinco dias na forma do art.
1007, § 2º, do NCPC, porquanto, esse dispositivo diz respeito apenas às
custas processuais, não se aplicando à ausência de recolhimento do depósito
recursal.
Nesse sentido, o art. 10, § 1º da IN 39/2016 do C. TST, que dispõe que
"A insuficiência no valor do preparo do recurso, no Processo do Trabalho,
para os efeitos do § 2º do art. 1007 do CPC, concerne unicamente às custas
processuais, não ao depósito recursal."
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Ressalte-se que não há que se cogitar de violação aos princípios
constitucionais do contraditório, da ampla defesa e acesso ao segundo grau
de jurisdição, pois a prática de atos processuais assegurados às partes impõe
que sejam observados os requisitos legais pertinentes, isonomicamente
préestabelecidos para todos os litigantes em geral, nos termos dos artigos
895, I, da CLT e art. 1.010, caput, do NCPC.
Por todo o exposto, deixo de conhecer do recurso da reclamada, por
deserto.
Por outro lado, presentes os pressupostos objetivos e subjetivos de
admissibilidade do recurso interposto pelo reclamante, dele conheço.
Por fim, conheço das contrarrazões da reclamada, aviadas a tempo e
modo.” (fls. 352/354 – seq. nº 3 – grifos apostos)
Nas razões do recurso de revista, às fls. 374/382,
a reclamada se insurge contra o não conhecimento do seu recurso
ordinário. Sustenta que, em face dos princípios da razoabilidade, da
instrumentalidade e da finalidade dos atos processuais, previstos no
art. 244 do CPC, o procedimento do preparo por erro de autenticação
não pode ter o efeito de impedir que a parte tenha a sua pretensão
apreciada.
Afirma que o problema relativo à autenticação
ocorreu por erro bancário, uma vez que a guia estava corretamente
preenchida, com o valor de R$8.183,06, e não com o valor de R$8.183,03,
que se deu por erro de digitação bancária. Salienta que a falta de
recolhimento de valor ínfimo não acarreta a deserção do recurso.
Aduz que a manutenção da decisão implica em
violação do art. 5º, LV, da Constituição Federal, sobretudo quando
verificado o recolhimento do valor devido, no prazo legal.
Invoca os §§ 2º e 7º do art. 1.007 do CPC/2015,
argumentando tratar-se de vício sanável, nos termos do art. 938, §
1º, do referido diploma legal. Ressalta que, por ser empresa pública,
o dano ao erário será irreversível.
Requer o provimento da revista, para que seja
afastada a deserção do recurso ordinário, com o retorno dos autos à
Corte de origem. Indica violação dos arts. 5º, LV, da CF; e 6º, 244,
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511, § 2º, 932, parágrafo único, 938, § 1º, e 1.007, §§ 2º, 4º e 7º,
do CPC/2015; e divergência jurisprudencial.
Ao exame.
Consoante consta da decisão recorrida, o Regional
não conheceu do recurso ordinário interposto pela reclamada, por
deserção. Segundo a Corte a quo, ao interpor seu recurso ordinário, a
reclamada “apresentou a GRU (Id 2f5704c - Pág. 1) com autenticação
bancária ilegível, eis que aposta no código de barras da guia, pelo
que não é possível aferir efetivamente a data de pagamento das custas
processuais”.
Além do mais, consignou o Tribunal de origem que,
“além de a GFIP - Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à
Previdência Social ((Id 2f5704c - Pág. 2) ter sido digitalizada de
forma incompleta”, verificou “que a reclamada recolheu a título de
depósito recursal a importância equivalente a R$ 8.183,03”, quando,
de acordo com o ATO.SEGJUD.GP n° 397/2015, divulgado no DEJT do dia
10/7/2015, o valor do depósito recursal previsto no art. 899 da CLT
seria de até R$8.183,06, no caso de recurso ordinário, vigente a
partir de 1º/8/2015 (fl. 353 – seq. nº 3).
Nesse passo, diante do recolhimento do mencionado
valor, em que restou devida a diferença de R$0,03 (três centavos),
assentou aplicar-se à espécie o entendimento consubstanciado na OJ nº
140 da SDI-1/TST, segundo a qual “Ocorre deserção do recurso pelo
recolhimento insuficiente das custas e do depósito recursal, ainda
que a diferença em relação ao quantum devido seja ínfima, referente a
centavos”.
Ressaltou, ainda, ser inaplicável ao caso o
disposto no art. 1.007, § 2º, do CPC/2015, ante o teor do parágrafo
único do art. 10 da Instrução Normativa nº 39/2016 desta Corte, o qual
determina que a parte somente será intimada para complementar o valor
referente às custas, não estendendo tal prerrogativa ao caso de
insuficiência do depósito recursal.
Com efeito, a sentença proferida em 10/4/2016, já
na vigência do CPC/2015, condenou a reclamada ao pagamento de
R$10.000,00 ao reclamante, com custas fixadas em R$200,00 (fl. 303).
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Ao interpor o recurso ordinário, a reclamada
juntou o comprovante de recolhimento das custas processuais no valor
arbitrado (fl. 337) e efetuou o depósito recursal, por meio da guia
GFIP, no importe de R$8.183,03 (fl. 338).
Verifica-se, portanto, que o recolhimento do
depósito recursal relativo ao recurso ordinário foi feito em valor
inferior ao exigido, constatada a diferença de apenas R$0,03 (três
centavos), tendo em vista a fixação do valor do depósito recursal
referente ao recurso ordinário na monta de R$8.183,06, de acordo com
o Ato nº 397/SEGJUD.GP, de 9 de julho de 2015.
Cinge-se, pois, a controvérsia a definir a
deserção ou não do recurso ordinário pela diferença ínfima.
A diferença constatada R$0,03 (três centavos)
representa quantia irrisória, que não justifica a adoção de rigor
excessivo pelo Tribunal Regional, de modo que deve ser privilegiada a
intenção da reclamada em preparar o recurso.
Com efeito, a Subseção uniformizadora de
jurisprudência entendeu que, nos casos nos quais a diferença no
recolhimento do depósito recursal seja de R$0,01 (um centavo), não há
que se falar em deserção, pois se trata de quantia “sem expressão
monetária”.
Não obstante isso, data venia, não há como admitir
a premissa de que a diferença de R$0,01 (um centavo), para o depósito
recursal, seja quantia “sem expressão monetária”.
Explico.
Segundo a Lei nº 9.069/95, que dispõe sobre o Plano
Real e o Sistema Monetário Nacional, estabelece as regras e condições
de emissão do real e os critérios para conversão das obrigações para
o real e dá outras providências, a centésima parte do real possui
“expressão monetária” (art. 1º, § 2º), ao contrário das frações
inferiores a um centavo, em que se admite o fracionamento às exceções
previstas no artigo 1º, § 5º, da referida Lei, tais como nos mercados
de valores mobiliários e de títulos da dívida pública e na cotação de
moedas estrangeiras:
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“Art. 1º A partir de 1º de julho de 1994, a unidade do Sistema
Monetário Nacional passa a ser o REAL (Art. 2º da Lei nº 8.880, de 27 de
maio de 1994), que terá curso legal em todo o território nacional.
§ 1º As importâncias em dinheiro serão grafadas precedidas do símbolo
R$.
§ 2º A centésima parte do REAL, denominada „centavo‟, será escrita
sob a forma decimal, precedida da vírgula que segue a unidade.
(...)
§ 5º Admitir-se-á fracionamento especial da unidade monetária nos
mercados de valores mobiliários e de títulos da dívida pública, na cotação de
moedas estrangeiras, na Unidade Fiscal de Referência - UFIR e na
determinação da expressão monetária de outros valores que necessitem da
avaliação de grandezas inferiores ao centavo, sendo as frações resultantes
desprezadas ao final dos cálculos.”
A própria SDI-1, órgão uniformizador de
jurisprudência interna corporis desta Corte Superior, em julgado (TST-
E-AIRR-1943-28.2011.5.07.0008, Relator Ministro: Márcio Eurico Vitral
Amaro, DEJT 21/8/2015), registrou o entendimento de que a diferença
entre o montante depositado e o valor devido referente a apenas R$0,01
(um centavo de real), em rigor, possui expressão monetária, ao
contrário da diferença apurada, no importe de R$0,005 (cinco décimos
de centavo), que efetivamente sequer possui expressão monetária nos
termos da Lei nº 9.069/95.
A referida decisão está assim ementada, in verbis:
“EMBARGOS EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO
DE REVISTA - REGÊNCIA PELA LEI Nº 13.015/2014 - DESERÇÃO DO
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DEPÓSITO RECURSAL EFETUADO A
MENOR. ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL 140 DA
SBDI-1 DO TST. INAPLICABILIDADE. A jurisprudência deste Tribunal
vem se firmando no sentido de que a diretriz estabelecida na OJ 140 desta
Subseção aplica-se a hipóteses em que a diferença entre o montante
depositado e o valor devido corresponda a apenas R$ 0,01 (um centavo de
real), pois, em rigor, tal importância possui expressão monetária. Dos
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presentes autos, porém, extrai-se particularidade hábil a afastar a incidência
do aludido verbete. Com efeito, a teor do disposto no artigo 899, § 7º, da
CLT, „No ato de interposição do agravo de instrumento, o depósito recursal
corresponderá a 50% (cinquenta por cento) do valor do depósito do recurso
ao qual se pretende destrancar‟ (g. n.). Quando da interposição do Agravo de
Instrumento, vigia o Ato nº 506/SEGJUD.GP, de 15/07/2013, que previu
como limite mínimo do depósito atinente aos recursos de revista o valor de
R$ 14.116,21 (quatorze mil cento e dezesseis reais e vinte e um centavos).
Conjugando-se o referido Ato com a norma consolidada, extrai-se a forçosa
conclusão de que incumbiria ao Reclamado, ao interpor seu Agravo de
Instrumento, efetuar o depósito do valor de R$ 7.058,10 (sete mil e cinquenta
e oito reais e dez centavos). Isso porque a incidência do percentual de 50%
(cinquenta por cento) sobre o limite do depósito do Recurso de Revista (R$
14.116,21) resultaria em R$ 7.058,105 (sete mil e cinquenta e oito reais, dez
centavos e cinco décimos de centavo), ao passo que, à luz do disposto no
artigo 1º, § 2º, da Lei nº 9.069/95, que instituiu o „Real‟ como unidade do
Sistema Monetário Nacional, apenas as 2 (duas) primeiras casas decimais,
indicativas dos „centavos‟, possuem expressão monetária. E mesmo na
hipótese excepcional prevista no § 5º do referido preceito legal, em que
admitido o fracionamento especial da unidade monetária, as frações
excedentes deverão ser desprezadas ao final. Nesse contexto, equivocou-se o
Colegiado Turmário ao indicar a obrigatoriedade do recolhimento do valor
de R$ 7.058,11 (sete mil e cinquenta e oito reais e onze centavos), resultante
do arredondamento a maior. Tal equívoco, possivelmente, moveu-se pelo
próprio Ato nº 506/SEGJUD.GP, o qual, embora fixe o valor de R$ 14.116,21
(quatorze mil cento e dezesseis reais e vinte e um centavos) como limite
mínimo para os depósitos alusivos aos recursos de revista, estabelece, ao
dispor especificamente sobre os depósitos relativos aos recursos ordinários,
o valor de R$ 7.058,11 (sete mil e cinquenta e oito reais e onze centavos).
Ainda assim, porém, resta incogitável a deserção do apelo. A uma, porque
inexiste no aludido Ato previsão expressa a respeito do valor referente ao
depósito alusivo aos agravos de instrumento em recursos de revista, e, a duas,
porque se pautou o Reclamado pela previsão legal, não se lhe podendo
atribuir, à luz do artigo 5º, II, LIV e LV, da Constituição da República, ônus
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PROCESSO Nº TST-RR-11086-10.2015.5.03.0106
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MP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
extraordinário. De mais a mais, ainda que se superasse a tese ora esposada,
concluindo-se pela possibilidade de arredondamento da terceira casa
decimal, não se cogitaria, na espécie, a deserção do apelo, pois plenamente
escusável o vício então vislumbrado. Raciocínio contrário, aliás, atentaria
contra os princípios da razoabilidade, da proporcionalidade, da ampla defesa,
do devido processo legal e da finalidade do ato processual. Nesse contexto,
retomando-se a análise da aplicabilidade da OJ 140 desta Subseção, conclui-
se, no caso, negativamente, pois a diferença apurada, no importe de R$ 0,005
(cinco décimos de centavo), nem sequer possui expressão monetária.
Recurso de Embargos conhecido e provido.” (E-AIRR-
194328.2011.5.07.0008, Relator Ministro Márcio Eurico Vitral Amaro,
Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, DEJT 21/8/2015)
Por outro lado, o que se deve ter em mente é a
discussão se a diferença entre o montante depositado e o valor devido
possui de fato “expressão econômica”, ou seja, se é significante.
Nesse contexto, convém trazer à baila a decisão
monocrática da Suprema Corte da lavra da Exma. Ministra Carmen Lúcia
(AI-644323/RS, publicada no DJ de 16/3/2007) que deu provimento ao
agravo do empregador convertendo-o em recurso extraordinário, a fim
de, sem a premissa da deserção do recurso de revista, determinar o
retorno dos autos ao Tribunal Superior do Trabalho (AIRR-
8214038.1999.5.04.0019), para prosseguimento do julgamento do recurso
como entender de direito.
Naquela decisão, o entendimento foi o de que a
diferença ínfima (R$0,22 – vinte e dois centavos) não conduzia à
deserção do recurso, pois cumprida a formalidade essencial à sua
admissibilidade.
A diferença constatada representava quantia
irrisória, que não justifica a adoção de rigor excessivo:
“DECISÃO: AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE
REVISTA. DESERÇÃO. DIFERENÇA DE VINTE E DOIS CENTAVOS.
NÃO-CONFIGURAÇÃO. AGRAVO AO QUAL SE DÁ PROVIMENTO.
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(...) 3. Todavia, o fim de todos os procedimentos judiciais aos quais as partes
se submetem é a realização da Justiça, por isso o procedimento deve ser mais
do que legal, tem que ser justo, e a jurisprudência sedimentada não pode
servir de dogma para sustentar uma injustiça flagrante. A prestação
jurisdicional firmou-se como um verdadeiro direito público subjetivo do
cidadão na Constituição da Rep. A prestação jurisdicional firmou-se como
um verdadeiro direito público subjetivo do cidadão na Constituição da
República. O Poder Judiciário não é fonte de justiça segundo suas próprias
razões, como se fosse um fim e a sociedade um meio. O Judiciário foi criado
pela sociedade para fazer justiça, para que os cidadãos tenham convivência
harmoniosa. Consta dos autos que a Agravante fez um depósito de R$
8.338,44 (oito mil, trezentos e trinta e oito reais e quarenta e quatro centavos),
e o valor exigido para o depósito recursal era de R$ 8.338,66 (oito mil,
trezentos e trinta e oito reais e sessenta e seis centavos), sendo a diferença de
apenas R$ 0,22 (vinte e dois centavos). O acórdão impugnado no recurso
extraordinário, mesmo considerando o valor da diferença do depósito ínfimo,
achou por bem negar seguimento ao recurso de revista. Potencializou-se,
desse modo, o processo em detrimento do direito, inviabilizando-se o direito
de defesa e contrariando-se os princípios da razoabilidade e da boa-fé. Mais
do que isso, tornou o processo mero ato de força formalizado em palavras
sem forma de Direito e sem objetivo de Justiça. O valor é tão insignificante
que nem mesmo poderia ser cogitada a hipótese de intimação da Agravante
para completar o preparo do recurso, nos termos do art. 511, § 2º, do Código
de Processo Civil, pois qualquer ato praticado pelo Tribunal a quo, nesse
sentido, seria mais oneroso aos cofres públicos. Ademais, a diferença ínfima
no recolhimento das custas processuais não o torna deserto, pois não
caracteriza a má-fé da parte, muito ao contrário, demonstra o ânimo de
preparar o recurso, sem intenção de causar qualquer prejuízo, até porque a
diferença de vinte e dois centavos é insignificante diante do valor depositado
pela Agravante. (...)”
Ademais, como bem destacado no voto, “o valor é
tão insignificante que nem mesmo poderia ser cogitada a hipótese de
intimação da Agravante para completar o preparo do recurso, nos termos
do art. 511, § 2º, do Código de Processo Civil”, e “a diferença ínfima
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no recolhimento das custas processuais não o torna deserto, pois não
caracteriza a má-fé da parte, muito ao contrário, demonstra o ânimo
de preparar o recurso, sem intenção de causar qualquer prejuízo, até
porque a diferença de vinte e dois centavos é insignificante diante
do valor depositado pela Agravante”.
Portanto, embora a diferença ínfima de R$0,01 (um
centavo) represente “expressão monetária” em termos legais, não
demonstra “expressão econômica” significativa, ou seja, é irrisória,
sendo insuficiente para obstar o seguimento do recurso, pois implica
rigor excessivo e excesso de formalidade, ainda mais se considerado o
valor já recolhido e o alcance da finalidade do depósito recursal, no
caso, a garantia do juízo.
A corroborar, cita-se o seguinte julgado desta
Oitava Turma, in verbis:
“A) AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.
DESERÇÃO DO RECURSO ORDINÁRIO. DEPÓSITO RECURSAL.
DIFERENÇA ÍNFIMA. NÃO CONFIGURAÇÃO. Em face da possível
violação do art. 5º, LV, da CF, dá-se provimento ao agravo de instrumento
para determinar o processamento do recurso de revista. Agravo de
instrumento conhecido e provido. B) RECURSO DE REVISTA.
DESERÇÃO DO RECURSO ORDINÁRIO. DEPÓSITO RECURSAL.
DIFERENÇA ÍNFIMA. NÃO CONFIGURAÇÃO. A diferença de R$0,01 é
irrisória, sendo insuficiente para obstar o seguimento do recurso, pois implica
rigor excessivo, ainda mais se considerado o valor já recolhido e o alcance
da finalidade do depósito recursal, no caso, a garantia do juízo. Nesse
contexto, convém trazer à baila a decisão monocrática da Suprema Corte da
lavra da Ministra Carmen Lúcia (AI-644323/RS, Publicado no DJ de
16/3/2007) que deu provimento ao agravo do empregador convertendo-o em
recurso extraordinário, a fim de que, sem a premissa da deserção do recurso
de revista, determinou o retorno dos autos ao Tribunal Superior do Trabalho
(AIRR-82140-38.1999.5.04.0019), para prosseguir o julgamento do recurso
como entender de direito. Naquela decisão, o entendimento foi de que a
diferença ínfima (R$0,22 - vinte e dois centavos) não conduzia à deserção do
recurso, pois cumprida a formalidade essencial à sua admissibilidade. A
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diferença constatada representava quantia irrisória, que não justifica a adoção
de rigor excessivo. Vale registrar, ainda, ser aplicável ao caso o disposto na
Lei nº 13.015/14 que inseriu o § 11 ao artigo 896 da CLT, segundo o qual,
„Quando o recurso tempestivo contiver defeito formal que não se repute
grave, o Tribunal Superior do Trabalho poderá desconsiderar o vício ou
mandar saná-lo, julgando o mérito‟. Com efeito, referida legislação trouxe
significado avanço como forma de valorização da instrumentalidade das
formas ao permitir a desconsideração de vício que não seja grave ou a
intimação da parte para ajuste, com o fim de que possa julgar o mérito do
recurso interposto. Nesse contexto, resta comprovado o efetivo recolhimento
do depósito recursal referente ao recurso ordinário.
Recurso de revista conhecido e provido.” (RR-2329-13.2014.5.12.0041,
Relatora Ministra Dora Maria da Costa, 8ª Turma, DEJT 9/6/2017)
Ademais, necessário registrar que o Tribunal a
quo, conquanto mencione a ilegibilidade da autenticação bancária da
GRU e a digitalização incompleta da GFIP, adota como fundamento da
deserção do recurso ordinário o recolhimento a menor do depósito
recursal pela diferença ínfima (R$0,03).
No tocante à GRU, essa conclusão é constatada,
inclusive, pelo posicionamento adotado no acordão regional de que “não
há que se falar em concessão de prazo para que a reclamada sane o
vício detectado no prazo de cinco dias na forma do art. 1007, § 2º,
do NCPC, porquanto, esse dispositivo diz respeito apenas às custas
processuais, não se aplicando à ausência de recolhimento do depósito
recursal”, acrescentando, ainda, que nesse sentido dispõe o artigo
10, § 1º, da IN nº 39/2016 do TST, o qual dispõe que “A insuficiência
no valor do preparo do recurso, no Processo do Trabalho, para os
efeitos do § 2º do art. 1007 do CPC, concerne unicamente às custas
processuais, não ao depósito recursal”.
Outrossim, ainda que assim não se entendesse, da
referida GRU (fl. 337 – peça 3), é possível se verificar a autenticação
bancária, não obstante parcialmente legível, porque realizada sobre o
código de barras. Logo, não faz sentido a existência dessa autenticação
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sem o efetivo pagamento das custas processuais no prazo de vencimento,
porque recebido pela instituição bancária.
Nesse sentido, cita-se julgado relacionado a
controvérsia semelhante:
“[...] B) RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA. DESERÇÃO
DO RECURSO ORDINÁRIO NÃO CONFIGURADA. GUIA DE
CUSTAS. ILEGIBILIDADE PARCIAL DA AUTENTICAÇÃO
BANCÁRIA. EXISTÊNCIA DE ELEMENTOS QUE COMPROVAM O
EFETIVO RECOLHIMENTO. Na presente hipótese, foi juntada aos autos,
quando da interposição do recurso ordinário pela reclamada, a guia GRU. Da
referida guia é possível verificar o número do processo e os dados de
identificação da parte, bem como o valor de R$300,00 (consoante arbitrado
na sentença) e a chancela de autenticação bancária, que, não obstante
parcialmente ilegível, é possível aferir o valor do recolhimento das custas
processuais (R$ 300,00). A jurisprudência desta Corte vem se firmando no
sentido de afastar a deserção do recurso quando os elementos existentes nos
autos permitem aferir o efetivo recolhimento do preparo. In casu, embora
parcialmente ilegível a autenticação bancária aposta na guia de custas
carreada junto ao recurso ordinário, verifica-se que tal documento se
encontra regularmente preenchido, a permitir a aferição de sua vinculação
aos presentes autos e dos elementos pertinentes à regularidade do preparo.
Nesse contexto, não se afigura correto negar a entrega da efetiva prestação
jurisdicional à parte ante as diretrizes contidas nos princípios da
razoabilidade e da instrumentalidade das formas, bem como no princípio da
boa-fé, como corolário das garantias constitucionais do devido processo
legal, do contraditório e da ampla defesa. Recurso de revista conhecido e
provido. [...]” (RR-1228-27.2013.5.06.0013, Relatora Ministra Dora Maria
da Costa, 8ª Turma, DEJT 15/4/2016)
Se não bastasse, “O equívoco no preenchimento da
guia de custas não implicará a aplicação da pena de deserção, cabendo
ao relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar o
recorrente para sanar o vício no prazo de 5 (cinco) dia”, nos termos
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do § 7º do artigo 1.007 do CPC/2015, que se aplica ao Processo do
Trabalho, de acordo com o artigo 10 da IN nº 39/2016 do TST.
Por outro lado, a questão referente à
digitalização incompleta da GFIP foi superada pelo Regional, tanto
que adota como fundamento da deserção do recurso ordinário o
recolhimento a menor do depósito recursal pela diferença ínfima
(R$0,03), consoante supramencionado.
Ademais, é possível se extrair da referida GFIP
digitalizada parcialmente (fl. 338 – peça 3) a existência de elementos
capazes de atestar a regularidade do preparo, tais como o nome das
partes deste processo (xxx e XXXXXXXX), o CNPJ da reclamada
(XXXXXXXXXXXX), o município e o estado do TRT de origem (Belo
Horizonte-MG) e o número (XXXX) e o dígito (XXX) destes autos.
Nesse contexto, consoante entendido no julgado
supratranscrito, não se afigura correto negar a entrega da efetiva
prestação jurisdicional à parte em face das diretrizes contidas nos
princípios da razoabilidade e da instrumentalidade das formas, bem
como no princípio da boa-fé, como corolário das garantias
constitucionais do devido processo legal, do contraditório e da ampla
defesa.
Ante o exposto, a decisão regional que não
conheceu do recurso ordinário, reputando-o deserto, diante da ausência
de recolhimento da diferença de R$0,03 (três centavos), aparentemente
viola o art. 5º, LV, da Constituição Federal.
Ante o exposto, em face da possível caracterização
de violação do art. 5º, LV, da Constituição Federal, dou provimento
ao agravo de instrumento para determinar o processamento do recurso
de revista, a ser julgado na primeira sessão ordinária subsequente.
B) RECURSO DE REVISTA
I –
CONHECIMENTO
Satisfeitos os pressupostos comuns de
admissibilidade, passa-se aos específicos do recurso de revista.
DESERÇÃO DO RECURSO ORDINÁRIO. DEPÓSITO RECURSAL.
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DIFERENÇA ÍNFIMA. NÃO CONFIGURAÇÃO.
Conforme consignado quando do julgamento do agravo
de instrumento, o recurso de revista alcança conhecimento pela
demonstração de violação do art. 5º, LV, da CF, razão pela qual dele
conheço.
II –
MÉRITO
DESERÇÃO DO RECURSO ORDINÁRIO. DEPÓSITO RECURSAL.
DIFERENÇA ÍNFIMA. NÃO CONFIGURAÇÃO.
Como corolário lógico do conhecimento do recurso
de revista por violação do art. 5º, LV, da CF, dou-lhe provimento
para, reconhecendo o efetivo recolhimento do depósito recursal do
recurso ordinário, afastar a deserção e determinar o retorno dos autos
ao Tribunal Regional do Trabalho de origem, a fim de que prossiga no
exame do recurso ordinário interposto pela reclamada, como entender
de direito.
ISTO POSTO
ACORDAM os Ministros da Oitava Turma do Tribunal
Superior do Trabalho, por unanimidade: a) conhecer do agravo de
instrumento e, no mérito, dar-lhe provimento para determinar o
processamento do recurso de revista, a ser julgado na primeira sessão
ordinária subsequente; e b) conhecer do recurso de revista, por
violação do art. 5º, LV, da CF, e, no mérito, dar-lhe provimento para,
reconhecendo o efetivo recolhimento do depósito recursal do recurso
ordinário, afastar a deserção e determinar o retorno dos autos ao
Tribunal Regional do Trabalho de origem, a fim de que prossiga no
exame do recurso ordinário interposto pela reclamada, como entender
de direito. Retifique-se a autuação para que conste a devida grafia
do nome da parte agravada,
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XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX.
Brasília, 9 de maio de 2018.
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DORA MARIA DA COSTA
Ministra Relatora