kaiporas na mídia - jornal amazônia, 01/04/2016

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GERAIS BELÉM, DOMINGO, 1 DE MAIO DE 2016 GERAIS BELÉM, DOMINGO, 1 DE MAIO DE 2016 m tempos de crise econômica no país e alta do desemprego, em centenas de ocupações há 5,95 milhões de brasileiros que saíram da informalidade para trabalhar por conta própria, ter um negócio, conquistar direitos e oportunidades ao se tornarem Microempreendedores Individu- ais (MEI). No Pará, atualmente eles são 150 mil. Os números aumentaram de forma conside- rável em relação a 2011, quando havia 1,8 milhão de MEI no país, sendo quase 50 mil no Estado. A principal atuação dos MEIs no Pará está no comércio varejista de artigos de vestuário e acessó- rios, seguida de minimercados, mercearias e armazéns e, em ter- ceiro, cabeleireiros. Graduado em produção multi- mídia pela Universidade Federal do Pará (UFPA), Heitor Rodrigues Ribeiro, 19 anos, há oito meses criou uma empresa de doces de chocolate em diversos sabores re- gionais, mas somente há um mês se tornou um MEI. “Começamos a galgar em ra- mos corporativos, em empresas que querem dar presentes regio- nais atrelando qualidade à sua marca e ao apelo regional. A de- manda tem aumentado e quere- mos exportar para fora do estado. Por isso, sentimos necessidade de emitir nota fiscal e resolvemos, então, formalizar como MEI. Exis- tem vários benefícios, mas ainda tem algumas questões burocráti- cas. Sou de uma geração que quer tudo informatizado, mais ágil, e o processo para MEI precisa ter uma pegada mais contemporâ- nea”, avalia Ribeiro. Gerente da unidade de aten- dimento individual do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Em- presas do Pará (Sebrae) no Pará, Marcus Tadeu explica que o MEI é a pessoa que trabalha por conta própria e se legaliza como peque- no empresário. “Para ser um MEI é necessário ter idade a partir de 18 anos, realizar uma das ativida- des permitidas para MEI, faturar no máximo até R$ 60 mil por ano e não ter participação em outra empresa como sócio ou titular, e, no máximo, um funcionário e este deve ter sua carteira assina- da”, detalha. Para se tornar um deles, o ge- rente do Sebrae orienta que, caso ainda não tenha um pequeno ne- gócio, “é importante escolher uma atividade na qual tenha afinidade ou alguma experiência anterior, munir-se do maior número de informações possíveis sobre a ati- vidade que pretende empreender e conhecer o seu público alvo, ou seja, seus clientes; isto ajuda no planejamento e aumenta as pos- sibilidades de sucesso”. Mas um MEI não pode abrir mão de buscar a orientação ade- quada e, principalmente, capa- citar-se. “Conhecimento e pla- nejamento são condições para qualquer negócio. Estas orien- tações servem tanto para aquele empreendedor que busca iniciar o seu negócio, quanto para aque- le que já tem uma atividade, mas pretende se formalizar para obter as vantagens de ser um MEI. An- tes de se formalizar, é importante, ainda, o empreendedor, com ou sem lugar fixo, verificar na prefei- tura de sua cidade se pode exercer sua atividade no local”, recomen- da Marcus Tadeu. O jovem empreendedor teve a ideia em agosto de 2015, depois de voltar de uma viagem de São Paulo, e já contava com algu- mas capacitações na área. Hoje ele produz doces de cachaça de jambu, de cupuaçu e de massa de cacau orgânico, este em parceria com uma cooperativa de mulhe- res de Barcarena. Agora trabalha em cima do doce de castanha do Pará caramelizada. “Os doces têm bom chocolate, mais recheio e trabalho inovação de sabores. Tive que aprender todo o tradicional para depois subverter ao tradicional. Agora trabalho em cima do que quero melhorar. Estou na fase de olhar para o que tem na região Ama- zônica e buscar escala, padroni- zação, aumentar a validade de 25 para 90 dias”, explica Ribeiro, que produz 700 unidades de do- ces por mês em embalagens que carregam um discurso artesanal, como a cerâmica marajoara, em parceria com artesãos do Paracu- ri, em Icoaraci, em Belém. “Estou absolutamente satis- NÚMERO DE MICROEMPREENDEDORES INDIVIDUAIS TRIPLICA DESDE 2011 NO PARÁ E feito. Trabalho na empresa que gosto de trabalhar, porque posso sustentar um discurso que gosto e me identifico, que é da bandeira da cultura amazônica, e a questão de valorizar o profissional regio- nal, a agricultura familiar. Fazer o consumidor criar questionamen- to sobre os hábitos de consumo. Uso uma marca para defender um discurso que eu concordo. As vendas são boas e aumentaram. Queremos expandir”, finaliza Heitor Ribeiro, que mora no Una, em Ananindeua. n Heitor, um dos 150 mil MEIs do Pará, aponta vários benefícios da formalização, como poder emitir nota fiscal OSWALDO FORTE/AMAZÔNIA DA REDAÇÃO Cleide Magalhães Registrar-se como Microem- preendedor Individual é gratuito, mas o MEI deve estar em dia com o pagamento do Documento de Arrecadação Simplificada do MEI (DAS-MEI), instrumento para fazer o pagamento mensal das obriga- ções tributárias do MEI. A emissão da guia de recolhimento mensal é feita no aplicativo PGMEI, no Portal do Simples Nacional. O custo é, no máximo, de R$ 45,40 mensal. Marcus Tadeu, do Sebrae-PA, defende que não há desvantagem de ser um MEI. “Os ganhos sociais e mercadológicos são inúmeros”, avalia. As vantagens ou benefícios mais importantes são: cobertura previdenciária; contratar funcioná- rio é mais barato para quem é MEI; para se formalizar não é preciso pa- gar nada mais que o boleto mensal; sem burocracia, rápido e de graça, além de acesso a serviços bancários, pois o MEI pode abrir conta empre- sarial e pedir financiamento. Também há vantagens como poder comprar e vender junta- mente com outras empresas, e por possuir o CNPJ poder comprar di- retamente do fabricante, reduzin- do custos de compra e frete; menos tributos; possibilidade de vender para o governo; e segurança jurí- dica, pois a lei protege seu negócio, entre outros. Mas há algumas dificuldades enfrentadas pelos MEIs no Pará. As principais foram citadas pelos MEIs na pesquisa: o acesso ao cré- dito, conquistar clientes, gestão do negócio, vendas e concorrência. “OS GANHOS SOCIAIS E MERCADOLÓGICOS SÃO INÚMEROS” Segundo pesquisa realizada pelo Sebrae, em 2015, no Pará, a fai- xa etária com maior concentração de MEIs é de 30 a 39 anos (32,9%), seguida pela que está entre 40 e 49 anos (23,7%). Quanto ao gênero, 57% são homens e 43% são mu- lheres. Ao analisar a escolaridade dos microempreendedores indi- viduais, o estudo constatou que a maioria tem nível médio ou técnico completo ou mais (62%). A pesquisa apontou ainda que 90,3% dos MEI são das classes mé- dias e altas. Mais detalhadamente: 4,7% são da alta classe alta, 25,3% da baixa classe alta, 27,2% da alta classe média, 18,2% da média classe média, 14,8% da baixa classe média, 8,8% da vulnerável, 0,9% pobre, mas não ex- tremamente pobre. Além disso, mostrou que 77% dos MEIsafirmaramnãoestarenvolvidos em atividades empreendedoras an- tes de se registrar. Esse dado mostra que mais de 3/4 dos MEI provavel- mente não tinham experiência pré- via à frente de um negócio. PREVALECE A FAIXA ETÁRIA DE 30 A 39 ANOS Marcus Tadeu, do Sebrae-PA, destaca ser importante que o MEI, todo mês, até dia 20, preencha o Rela- tório Mensal das Receitas que obteve no mês anterior. É preciso anexar ao relatório as notas fiscais de compras de produtos e de serviços, bem como das notas fiscais que emitir. “Anu- almente deverá fazer a sua Decla- ração Anual do Simples Nacional (Dasn-Sismei), que nada mais é que todo ano o MEI deve declarar o valor do faturamento do ano an- terior”. A entrega da Dasn-Sismei, do exercício 2015, termina em 31 de maio de 2016. O MEI também não deve deixar de pagar em dia o seu Documento de Arrecadação Simplificada (DAS), pois atrasos resultam em juros e mul- tas, além de poder ter benefícios sus- pensos. “Após o vencimento deve ser gerado novo DAS relativo ao mês em atraso, que virá com acréscimos dos juros e multa. A multa será de 0,33% por dia de atraso e está limitado a 20%, e os juros serão calculados com base na taxa Selic, sendo que para o primeiro mês de atraso os juros serão de 1%”, informa Marcus Tadeu. GERENTE DO SEBRAE ALERTA SOBRE OBRIGAÇÕES FORMALIZAÇÃO PARA ENFRENTAR A CRISE

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"Formalização para enfrentar a crise" Redação: Cleide Magalhães Fotografia: Oswaldo Forte

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BELÉM, doMingo, 1 dE Maio dE 2016

m tempos de crise econômica no país e alta do desemprego, em centenas de ocupações há

5,95 milhões de brasileiros que saíram da informalidade para trabalhar por conta própria, ter um negócio, conquistar direitos e oportunidades ao se tornarem Microempreendedores Individu-ais (MEI). No Pará, atualmente eles são 150 mil. Os números aumentaram de forma conside-rável em relação a 2011, quando havia 1,8 milhão de MEI no país, sendo quase 50 mil no Estado. A principal atuação dos MEIs no Pará está no comércio varejista de artigos de vestuário e acessó-rios, seguida de minimercados, mercearias e armazéns e, em ter-ceiro, cabeleireiros.

Graduado em produção multi-mídia pela Universidade Federal do Pará (UFPA), Heitor Rodrigues Ribeiro, 19 anos, há oito meses criou uma empresa de doces de chocolate em diversos sabores re-gionais, mas somente há um mês se tornou um MEI.

“Começamos a galgar em ra-mos corporativos, em empresas que querem dar presentes regio-nais atrelando qualidade à sua marca e ao apelo regional. A de-manda tem aumentado e quere-mos exportar para fora do estado. Por isso, sentimos necessidade de emitir nota fiscal e resolvemos, então, formalizar como MEI. Exis-tem vários benefícios, mas ainda tem algumas questões burocráti-cas. Sou de uma geração que quer tudo informatizado, mais ágil, e o processo para MEI precisa ter uma pegada mais contemporâ-nea”, avalia Ribeiro.

Gerente da unidade de aten-dimento individual do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Em-presas do Pará (Sebrae) no Pará, Marcus Tadeu explica que o MEI é a pessoa que trabalha por conta própria e se legaliza como peque-no empresário. “Para ser um MEI é necessário ter idade a partir de 18 anos, realizar uma das ativida-des permitidas para MEI, faturar no máximo até R$ 60 mil por ano e não ter participação em outra empresa como sócio ou titular, e, no máximo, um funcionário e

este deve ter sua carteira assina-da”, detalha.

Para se tornar um deles, o ge-rente do Sebrae orienta que, caso ainda não tenha um pequeno ne-gócio, “é importante escolher uma atividade na qual tenha afinidade ou alguma experiência anterior, munir-se do maior número de informações possíveis sobre a ati-vidade que pretende empreender e conhecer o seu público alvo, ou seja, seus clientes; isto ajuda no planejamento e aumenta as pos-sibilidades de sucesso”.

Mas um MEI não pode abrir mão de buscar a orientação ade-quada e, principalmente, capa-citar-se. “Conhecimento e pla-nejamento são condições para qualquer negócio. Estas orien-tações servem tanto para aquele empreendedor que busca iniciar o seu negócio, quanto para aque-le que já tem uma atividade, mas pretende se formalizar para obter as vantagens de ser um MEI. An-tes de se formalizar, é importante, ainda, o empreendedor, com ou sem lugar fixo, verificar na prefei-tura de sua cidade se pode exercer sua atividade no local”, recomen-da Marcus Tadeu.

O jovem empreendedor teve a ideia em agosto de 2015, depois de voltar de uma viagem de São Paulo, e já contava com algu-mas capacitações na área. Hoje ele produz doces de cachaça de jambu, de cupuaçu e de massa de cacau orgânico, este em parceria com uma cooperativa de mulhe-res de Barcarena. Agora trabalha em cima do doce de castanha do Pará caramelizada.

“Os doces têm bom chocolate, mais recheio e trabalho inovação de sabores. Tive que aprender todo o tradicional para depois subverter ao tradicional. Agora trabalho em cima do que quero melhorar. Estou na fase de olhar para o que tem na região Ama-zônica e buscar escala, padroni-zação, aumentar a validade de 25 para 90 dias”, explica Ribeiro, que produz 700 unidades de do-ces por mês em embalagens que carregam um discurso artesanal, como a cerâmica marajoara, em parceria com artesãos do Paracu-ri, em Icoaraci, em Belém.

“Estou absolutamente satis-

Número de microempreeNdedores iNdividuais triplica desde 2011 No pará

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feito. Trabalho na empresa que gosto de trabalhar, porque posso sustentar um discurso que gosto e me identifico, que é da bandeira da cultura amazônica, e a questão

de valorizar o profissional regio-nal, a agricultura familiar. Fazer o consumidor criar questionamen-to sobre os hábitos de consumo. Uso uma marca para defender

um discurso que eu concordo. As vendas são boas e aumentaram. Queremos expandir”, finaliza Heitor Ribeiro, que mora no Una, em Ananindeua.

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Registrar-se como Microem-preendedor Individual é gratuito, mas o MEI deve estar em dia com o pagamento do Documento de Arrecadação Simplificada do MEI (DAS-MEI), instrumento para fazer o pagamento mensal das obriga-ções tributárias do MEI. A emissão da guia de recolhimento mensal é feita no aplicativo PGMEI, no Portal do Simples Nacional. O custo é, no máximo, de R$ 45,40 mensal.

Marcus Tadeu, do Sebrae-PA, defende que não há desvantagem

de ser um MEI. “Os ganhos sociais e mercadológicos são inúmeros”, avalia. As vantagens ou benefícios mais importantes são: cobertura previdenciária; contratar funcioná-rio é mais barato para quem é MEI; para se formalizar não é preciso pa-gar nada mais que o boleto mensal; sem burocracia, rápido e de graça, além de acesso a serviços bancários, pois o MEI pode abrir conta empre-sarial e pedir financiamento.

Também há vantagens como poder comprar e vender junta-

mente com outras empresas, e por possuir o CNPJ poder comprar di-retamente do fabricante, reduzin-do custos de compra e frete; menos tributos; possibilidade de vender para o governo; e segurança jurí-dica, pois a lei protege seu negócio, entre outros.

Mas há algumas dificuldades enfrentadas pelos MEIs no Pará. As principais foram citadas pelos MEIs na pesquisa: o acesso ao cré-dito, conquistar clientes, gestão do negócio, vendas e concorrência.

“os gaNhos sociais e mercadológicos são iNúmeros”Segundo pesquisa realizada

pelo Sebrae, em 2015, no Pará, a fai-xa etária com maior concentração de MEIs é de 30 a 39 anos (32,9%), seguida pela que está entre 40 e 49 anos (23,7%). Quanto ao gênero, 57% são homens e 43% são mu-lheres. Ao analisar a escolaridade dos microempreendedores indi-viduais, o estudo constatou que a maioria tem nível médio ou técnico completo ou mais (62%).

A pesquisa apontou ainda que 90,3% dos MEI são das classes mé-

dias e altas. Mais detalhadamente: 4,7% são da alta classe alta, 25,3% da baixa classe alta, 27,2% da alta classe média, 18,2% da média classe média, 14,8% da baixa classe média, 8,8% da vulnerável, 0,9% pobre, mas não ex-tremamente pobre.

Além disso, mostrou que 77% dos MEIs afirmaram não estar envolvidos em atividades empreendedoras an-tes de se registrar. Esse dado mostra que mais de 3/4 dos MEI provavel-mente não tinham experiência pré-via à frente de um negócio.

prevalece a Faixa etária de 30 a 39 aNos

Marcus Tadeu, do Sebrae-PA, destaca ser importante que o MEI, todo mês, até dia 20, preencha o Rela-tório Mensal das Receitas que obteve no mês anterior. É preciso anexar ao relatório as notas fiscais de compras de produtos e de serviços, bem como das notas fiscais que emitir. “Anu-almente deverá fazer a sua Decla-ração Anual do Simples Nacional (Dasn-Sismei), que nada mais é que todo ano o MEI deve declarar o valor do faturamento do ano an-terior”. A entrega da Dasn-Sismei, do exercício 2015, termina em 31 de

maio de 2016.O MEI também não deve deixar

de pagar em dia o seu Documento de Arrecadação Simplificada (DAS), pois atrasos resultam em juros e mul-tas, além de poder ter benefícios sus-pensos. “Após o vencimento deve ser gerado novo DAS relativo ao mês em atraso, que virá com acréscimos dos juros e multa. A multa será de 0,33% por dia de atraso e está limitado a 20%, e os juros serão calculados com base na taxa Selic, sendo que para o primeiro mês de atraso os juros serão de 1%”, informa Marcus Tadeu.

gereNte do sebrae alerta sobre obrigações

Formalização para enFrentar a crise